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IDEALISMO ALEMAO - Crédito Digital

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DEFINIÇÃO
Idealismo alemão. A escola alemã filosófica do século XIX. A crítica ao concreto e o niilismo de
Nietzsche e Schopenhauer. A resposta da intelectualidade alemã aos desafios lançados pela
modernidade cartesiana/iluminista. Os desdobramentos do idealismo alemão no pensamento do
século XX.
PROPÓSITO
Abordar o idealismo alemão a partir de uma perspectiva menos rígida do ponto de vista
cronológico e menos dependente das biografias dos “grandes autores”, buscando compreender
como o pensamento idealista alemão respondeu aos desafios lançados pela modernidade
cartesiana/iluminista.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Categorizar o idealismo alemão a partir de seu diálogo com a tradição iluminista.
MÓDULO 2
Expressar as teses do idealismo alemão no niilismo de Schopenhauer e Nietzsche.
MÓDULO 3
Reconhecer os desdobramentos do idealismo alemão no século XX
INTRODUÇÃO
Geralmente, as famílias intelectuais são construções feitas a posteriori pelos estudiosos
interessados em entender determinada forma de pensamento, que atribuem a escritores do
passado identidades intelectuais manifestadas na forma de “ismos”. Essas identidades intelectuais
não estavam disponíveis na época em que os autores estudados viveram. Tal procedimento é
muito comum nos estudos em história da filosofia. Assim, Marx e Engels se tornam autores do
marxismo, Francis Bacon é vinculado ao racionalismo, e Platão e Aristóteles são fundadores do
classicismo. Mais interessante seria tentar entender como esses autores responderam aos
dilemas de seus respectivos tempos, reconstruindo, na medida do possível, as questões que
provocaram seus esforços de pensamento. Todo pensamento é um ato social em diálogo com
outros atos sociais, e, como tal, deve ser tratado para que não caiamos na tentação de cultuar
autores, endossando a máxima: “Fulano estava à frente do seu tempo”. Todos estamos dentro do
nosso tempo, que sempre é plural, heterogêneo e permite diversas manifestações do
pensamento. É a partir dessa perspectiva que estudaremos o “idealismo alemão”, fazendo o
esforço de tratá-lo mais como um conjunto de respostas aos dilemas da modernidade
ocidental do que como uma corrente filosófica rígida, claramente delimitada.
Fonte: Edvard Munch / Wikipédia
 O grito de Edvard Munch
Nossa discussão está dividida em quatro partes: em primeiro lugar, nós nos esforçamos em traçar
um panorama do idealismo alemão, reconstruindo seus conceitos fundamentais e entendendo
suas respostas aos dilemas colocados pela modernidade cartesiana/iluminista. Depois,
verificamos como Arthur Schopenhauer (1788-1860) e Friedrich Nietzsche (1844-1900)
mobilizaram as ideias-chave do idealismo alemão em função de uma apreciação filosófica niilista.
Fonte: Wikipédia
 Arthur Schopenhauer (1788-1860)
Fonte: Sofia Bertolini / Pinterest
 Franz Kafka (1882-1924)
Em seguida, debruçamo-nos sobre o trabalho de Franz Kafka (1882-1924), tentando entender a
presença dos conceitos idealistas na sua obra literária. Por último, abordamos a atualização do
pensamento idealista na contemporaneidade, dando especial atenção aos escritos de Freud
(1856-1939) e ao ambiente intelectual que alguns chamam de “pós-modernidade”.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais as principais críticas ao idealismo alemão.
MÓDULO 1
 Categorizar o idealismo alemão a partir de seu diálogo com a tradição iluminista.
A MODERNIDADE ILUMINISTA E O
IDEALISMO ALEMÃO: NOTAS
PRELIMINARES
O filósofo norte-americano Josiah Royce é autor de um estudo considerado incontornável sobre o
idealismo alemão. Para Royce, ele se constitui como corrente de pensamento entre a publicação
do livro, em 1781, Crítica à razão pura, texto mais conhecido da obra de Kant, e a morte de Hegel,
em 1831.
NESSE PERÍODO DE 50 ANOS, SEGUNDO ROYCE:
[...] “PRODUZIU-SE UM PENSAMENTO
REVOLUCIONÁRIO QUE IMPACTOU TODO O
FUTURO DA FILOSOFIA, PAVIMENTANDO O
CAMINHO PARA MARX E KIERKEGAARD, ASSIM
COMO PARA O EXISTENCIALISMO, PARA A
TEORIA CRÍTICA E PARA O PÓS-
ESTRUTURALISMO” .
(ROYCE, 1967, p. 32)
Royce argumenta que quatro autores podem ser definidos como os representantes do idealismo
alemão: Kant, Johann Fichte (1762-1814), Hegel e Friedrich Schelling (1755-1854). Para
compreender melhor as teses do idealismo alemão, é importante entender a utopia iluminista,
que prometeu que a razão seria o motor do progresso humano.
 Um experimento científico realizado durante o Iluminismo.
AS PROMESSAS ILUMINISTAS
No livro A modernização dos sentidos, o historiador alemão Hans Ulrich Gumbrecht se debruça
sobre a experiência histórico-cultural da modernidade.
SEGUNDO O AUTOR, O TERMO MODERNO DERIVA DO
LATIM HODIERNUS, QUE É USADO DESDE A
ANTIGUIDADE PARA DESIGNAR UM TEMPO PRESENTE
QUE SE ENTENDE COMO DIFERENTE DO PASSADO. A
GRANDE NOVIDADE EXISTENCIAL TRAZIDA PELA
HISTÓRIA EUROPEIA FOI A RADICALIZAÇÃO DESSE
SENTIMENTO DE RUPTURA COM O PASSADO.
A partir do século XVI, cada vez mais, o presente não se reconhecia como continuidade do
passado. O acúmulo das experiências humanas no tempo não servia mais como fonte de exemplo
para a ação contemporânea. No século XIX, o político e escritor francês Alexis de Tocqueville
testemunhou com precisão esse sentimento moderno de ruptura. Embora a revolução que se
opera no estado social, nas leis, nas ideias e nos sentimentos dos homens esteja bem longe de
terminar, já não se poderia comparar suas obras com nada do que foi visto anteriormente no
mundo.
 Alexis de Tocqueville
“REMONTO DE SÉCULO EM SÉCULO ATÉ A
ANTIGUIDADE MAIS REMOTA: NÃO PERCEBO
NADA QUE SE PAREÇA COM O QUE ESTÁ DIANTE
DOS MEUS OLHOS. COMO O PASSADO NÃO
ILUMINA MAIS O FUTURO, O ESPÍRITO CAMINHA
EM MEIO ÀS TREVAS”.
(TOCQUEVILLE; 2005. p. 399)
 Marquês de Condorcet
Podemos perceber um tom melancólico nas palavras de Tocqueville, que se manifestou em sua
crítica às democracias de massa criadas na modernidade. A melancolia tocquevilliana, no entanto,
é exceção na conjuntura mais ampla do pensamento moderno, que, geralmente, era bastante
otimista em relação às transformações modernas. Aquilo que hoje chamamos de Iluminismo
reuniu todo esse otimismo moderno entre os séculos XVIII e XIX, depositando as esperanças de
realização do progresso da humanidade na razão e na ciência (CASSIRER, 1997). Mais do que
ninguém, Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat, o marquês de Condorcet, manifestou essa
perspectiva otimista da História, que pode ser encontrada, em alguma medida, nos textos da
maioria dos “escritores iluministas”, como Voltaire, D’Alembert, Diderot.
MARQUÊS DE CONDORCET (1743-1794)
Um dos iluministas a destacar mais fortemente o papel da educação e sua organização,
Condorcet defende que, para o Estado funcionar plenamente, necessita que a educação e o
conhecimento histórico sejam disseminados.
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VOLTAIRE (1694-1778)
Autor iluminista, polemista, um dos mais ferrenhos defensores dos princípios do Iluminismo, como
a valorização da razão, a negação das bases religiosas e o contratualismo.
D’ALEMBERT (1717-1783)
Enciclopedista, defensor do conhecimento como forma de libertação do sujeito e crítico ferrenho
dos valores tradicionais, como o Rei e a Igreja.
DIDEROT (1713-1784)
Enciclopedista, parceiro de D´Alembert no movimento, seguia uma perspectiva mais filosófica.
Vivemos uma era única na história humana, uma era de progresso, de avanço, de império da
razão. As nossas esperanças quanto à condição futura da espécie humana podem se reduzir a
estes três pontos importantes: a destruição da desigualdade entre as nações; os progressos da
igualdade num mesmo povo; e, finalmente, o aperfeiçoamento real do homem. (CONDORCET,
1995. p. 12)
Aquele era um momento de intensodesenvolvimento científico. A Revolução Industrial trouxe
novidades técnicas que potencializaram a capacidade de produção a níveis nunca vistos. Novas
tecnologias de transporte e comunicação encurtaram a distância. A colonização da América dava
aos europeus a certeza de que estavam universalizando as luzes da razão. A revolução médica
aumentou a expectativa e a qualidade de vida, pelo menos para as elites, aqueles setores da
sociedade onde a intelectualidade é recrutada. Entretanto, esse ambiente cultural otimista
encontrou também seus críticos, que desconfiavam do potencial emancipatório da razão. Entre
esses, destaca-se o filósofo britânico David Hume (1711-1786). Em grande medida, o idealismo
alemão foi inspirado no ceticismo de Hume (DUDLEY, 2007).
 David Hume (1711-1786)
 Revolução industrial
O CETICISMO DE HUME
Os escritos de Hume são interpretados por diversos estudiosos desde o século XIX, com a maioria
destacando a importância do ceticismo na compreensão filosófica desenvolvida pelo autor. Robert
Fogelin define dessa forma o ceticismo de Hume:
[...] UM CÉTICO FILOSÓFICO LIDA COM
ARGUMENTOS E, EM PARTICULAR, OS
ARGUMENTOS QUE PÕEM EM QUESTÃO OS
SUPOSTOS FUNDAMENTOS PARA ALGUM
SISTEMA DE CRENÇAS. O SISTEMA DE CRENÇAS
PODE SER MAIS OU MENOS AMPLO, E A FORMA
DO DESAFIO CÉTICO PODE VARIAR DE ACORDO
COM O ASSUNTO.
(FOGELIN, 2007, p. 21)
O ceticismo de Hume tem como objeto o sistema de crenças iluminista, baseado, como já
sabemos, no culto à razão. Nesse sentido, o grande projeto filosófico de Hume consiste em
denunciar a ausência de fundamentos racionais na crença iluminista, defendendo que essa crença
não deve ser seguida. A crítica de Hume não se limita ao plano da filosofia pura, mas tem
pretensões políticas de enfraquecer o pensamento iluminista junto ao senso comum.
[...] TANTO NA VIDA COMUM COMO NA PRÁTICA
CIENTÍFICA, É PRECISO LIMITAR NOSSAS
INVESTIGAÇÕES A NOSSAS FACULDADES
LIMITADAS E, NESSAS INVESTIGAÇÕES
MODESTAS, SEMPRE SE DEVEM AJUDAR NOSSAS
CRENÇAS E PROBABILIDADES COM BASES NA
EXPERIÊNCIA.
(HUME, 2013, p. 21)
Desde o século XVI, vinha se processando na Europa uma mudança epistemológica estrutural
que alguns autores costumam chamar de “revolução cartesiana”.
CONHEÇA ALGUNS ASPECTOS DESSA
REVOLUÇÃO:
COGNIÇÃO HUMANA
Essa mudança implodiu o preceito epistemológico medieval segundo o qual o conhecimento
humano era sempre incompleto e lacunar, cabendo apenas a Deus o conhecimento total e
perfeito. A modernidade cartesiana/iluminista acabou com a limitação preliminar que a episteme
medieval impunha à cognição humana.
INSUFICIÊNCIA METODOLÓGICA
A partir de agora, qualquer eventual incapacidade de conhecimento se justifica pela insuficiência
metodológica, e não pelo mistério divino. Hume confronta exatamente essa ambição cognitiva
iluminista. Seu ceticismo, portanto, assume a forma de uma advertência que destaca os limites
cognitivos humanos.
CETICISMO HUMANO
Ao negar a certeza iluminista, Hume não está negando completamente toda possibilidade de
conhecimento. Ele chama a atenção para o fato de que todo conhecimento possui uma dimensão
de probabilidade, pois a própria inteligência humana é incapaz de alcançar o conhecimento
perfeitamente verdadeiro. Kant se apropriou do ceticismo humano para formular as bases da
corrente de pensamento que seria conhecida como idealismo alemão.
A CRÍTICA À RAZÃO PURA DE KANT: O
EVENTO FILOSÓFICO FUNDADOR DO
IDEALISMO ALEMÃO
Uma das principais características do pensamento filosófico é a abstração, o que, muitas vezes,
dificulta nossa compreensão. Uma solução para tornar o texto filosófico mais compreensível é
reconstruir a concretude das experiências que lhe deram vida em seu contexto social original. No
que se refere ao pensamento de Kant, foi fundamental a leitura dos textos de Hume. Foi no ato de
leitura e apropriação do ceticismo de Hume que Kant construiu as formulações que, mais tarde,
inspirariam outros autores que passariam a ser reconhecidos como representantes do idealismo
alemão. No tratado Os prolegômenos a toda metafísica futura, publicado em 1883, Kant vê o
conceito humano de “causa” como um “bastardo da imaginação”, como filho ilegítimo da cognição
moderna, que, na contramão das inclinações metafísicas, tão caras ao Iluminismo, apelou para a
experiência como instância mediadora do conhecimento. Ao fazê-lo, Hume, segundo Kant,
apresentou colaboração imprescindível para o mesmo pensamento moderno, apresentando uma
espécie de regulação capaz de mitigar os exageros da imaginação metafísica, demonstrando que
a razão não pode pensar a priori a partir de conceitos de relação causa e efeito (MONTEIRO,
1993).
 Immanuel Kant
NAS PALAVRAS DO PRÓPRIO KANT:
HUME DEMONSTROU DE FORMA IRREFUTÁVEL, E
OUSADA, QUE A RAZÃO NÃO OPERA DE MANEIRA
COMPLETAMENTE INDEPENDENTE DAS
CIRCUNSTÂNCIAS, INTERROMPENDO, ASSIM, O
DOGMATISMO INERTE E DANDO UMA DIREÇÃO
COMPLETAMENTE DIFERENTE ÀS MINHAS
PESQUISAS NO CAMPO DA FILOSOFIA
ESPECULATIVA.
(KANT, 2012, p. 56)
Ao questionar o procedimento dedutivo do Iluminismo francês, Hume abriu caminhos para a
legitimação de um procedimento indutivo que, ressonado por Kant, iria tornar-se fundamental para
o pensamento moderno. Dedução significa elaborar uma teoria do plano da imaginação, ou da
“metafísica pura”, como diria Kant, e aplicá-la ao “mundo fenomênico”, ao plano das coisas
concretas. Na avaliação de Hume, endossada por Kant, o Iluminismo francês é exclusivamente
dedutivo e, por isso, frágil. Já o procedimento indutivo opera pela via contrária. O plano
fenomênico é tratado como a base apriorística incontornável para a elaboração metafísica. Em
termos mais simples e diretos: somente é possível teorizar depois de um cuidadoso exame da
realidade concreta. Não se trata de negar a elaboração metafísica, mas condicioná-la à
experiência, não a considerando um fim em si, como exercício de pura especulação. Esse é o fio
central da filosofia de Kant, sendo o fundamento argumentativo das suas principais obras, A crítica
à razão pura e a Metafísica dos costumes, publicadas, respectivamente, em 1781 e 1785. Nos
dois textos, fica bem clara a impossibilidade, para Kant, de um conhecimento a priori¸ produzido
pela pura razão, uma metafísica completamente independente dos costumes.
COSTUMES
Não possuímos o mínimo conceito a priori de como algo possa ser mudado, de como seja
possível que um estado, num dado momento do tempo, possa suceder outro estado num outro
momento do tempo. Para tanto, é necessário o conhecimento de forças reais, que só podem ser
dadas empiricamente, por exemplo; das forças motrizes, ou, o que é indiferente, de certos
fenômenos sucessivos (enquanto movimentos) que tais forças indicam. (...) Não há dúvida de que
todo nosso conhecimento se inicia com a experiência (....), nenhum conhecimento precede a
experiência e todo conhecimento começa por ela.
(KANT, 2011, p. 65)
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REFLITA!
SE NÃO HÁ DÚVIDAS DE QUE O EMPIRISMO
DE HUME É MATRIZ FILOSÓFICA
IMPORTANTE PARA KANT E PARA O
IDEALISMO ALEMÃO, ESTARÍAMOS
EQUIVOCADOS SE ACREDITÁSSEMOS QUE
A APROPRIAÇÃO KANTIANA DE HUME FOI
APENAS ELOGIOSA?
Diante dessa reflexão, pode-se dizer que as críticas de Kant a Hume são tão
importantes para o posterior desenvolvimento do idealismo alemão quanto os
elogios (DUDLEY, 2007). O núcleo da discordância está no conceito humeniano
de “causa”. Levando o empirismo às últimas consequências, Hume, na
percepção de Kant, possui uma relação um tanto ingênua e de fetiche com a
experiência, como se ela pudesse se dar em estado puro, involuntariamente de
qualquer elaboração conceitual prévia.
[...] PERDER-SE-IA COMPLETAMENTE O TAL
CONCEITO DE CAUSA, SE QUISESSE DERIVÁ-LO,
COMO HUME O FEZ, DE UMA FREQUENTE
ASSOCIAÇÃO DAQUILO QUE ACONTECE COM
AQUILO QUE O ANTECEDE E DO HÁBITO DAÍ
DECORRENTE DE CONECTAR REPRESENTAÇÕES.
AO INVÉS DISSO,O MAIS CORRETO SERIA
FORMULAR UM CONCEITO A PRIORI CAPAZ DE
ILUMINAR AS EXPERIÊNCIAS, NÃO
NECESSARIAMENTE ENQUADRANDO-AS EM UMA
RIGIDEZ CONCEITUAL METAFISICA, MAS, CIENTE
DA ARTIFICIALIDADE COGNITIVA DA
ELABORAÇÃO INTELECTUAL, TRATA O
CONCEITO COM VIA ESSENCIAL, E
IRREMEDIÁVEL, DE ACESSO À EXPERIÊNCIA.
(KANT, 2011, p. 43)
Kant se apropria do empirismo humeano, pois vê um caminho crítico ideal para
confrontar a “metafísica pura” do Iluminismo francês, que “trata a realidade
como se fosse mera equação matemática, matéria a ser enquadrada, e violada,
pela razão” (KANT, 2011, p. 42). É exatamente esse esforço de Kant em
encontrar um meio-termo entre a “razão pura” do Iluminismo francês e a
ortodoxia empirista humeana, entre a pura abstração e a total rejeição da
teorização, que se tornou o fio condutor da tradição de pensamento que hoje
chamamos de “idealismo alemão”, podendo ser encontrado também nos textos
de outros de seus principais representantes: Fichte, Hegel e Schelling. É sobre
esses autores que nos debruçamos a seguir.
 Local de nascimento de Fichte em Rammenau
FICHTE, LEITOR DE KANT
 Johann Fichte
Trinta anos mais jovem que Kant, Johann Fichte tinha à sua disposição a obra
daquele que é considerado o pai do idealismo alemão. É importante analisar
com atenção a leitura que Fichte fez de Kant, para que consigamos entender os
desdobramentos do idealismo alemão para além da crítica kantiana.
O problema da subjetividade cognoscente é central no pensamento filosófico
moderno, que está fundamentado no esforço de compreender as condições
humanas, da subjetividade humana, de conhecimento da realidade. A filosofia
moderna, portanto, não trata a subjetividade como mero ponto de partida para
o conhecimento, mas está preocupada com seus dispositivos próprios, com
suas estruturas internas.
COMO SE CONSTRÓI O SUJEITO DO
CONHECIMENTO? COMO O SUJEITO DO
CONHECIMENTO TENTA CONHECER A
REALIDADE?
Os filósofos modernos apresentaram diversas possibilidades de solução para o
problema, e é aqui que podemos identificar o diálogo de Fichte com a obra de
Kant (ROCKMORE, 2013).
Como já sabemos, Kant se apropriou parcialmente do ceticismo de Hume ao
afirmar que a experiência é o ponto de partida para a produção de todo
conhecimento. Não existiria, então, segundo Kant, um estado racional puro,
imune a qualquer influência ordinária, no qual o sujeito cognoscente pudesse
se inserir para pensar a realidade idealmente. O que existe, para Kant, são
homens no mundo, representando a si mesmos nos seus esforços de
representação da realidade.
O conceito de estado de ação é fundamental na teoria fichteana, que é, ao
mesmo tempo, tributária e crítica à discussão kantiana. É tributária porque
Fichte também nega o idealismo puro do Iluminismo francês, que supõe a
existência de ideias desencarnadas, sem sujeitos.
CONHEÇA A DIFERENÇA ENTRE O SUJEITO
NA TEORIA DESSES FILÓSOFOS:
KANT
O sujeito kantiano é resultado do acúmulo de experiências.
FICHTE
Já o sujeito fichteano é o resultado da ação epistemológica original, do
momento em que o sujeito, conscientemente, transforma-se em sujeito de
conhecimento.
PENSEMOS EM UM FILÓSOFO IMAGINÁRIO
DE 30 ANOS, FILHO DE UMA FAMÍLIA RICA
E EDUCADO NAS MELHORES ESCOLAS E
UNIVERSIDADES.
Para Kant, todas as experiências desse filósofo são determinantes para o tipo
de filosofia que ele produz: sua infância, os professores que teve, suas
frustrações afetivas que se mantêm ativas no plano da inconsciência. Ao
produzir sua filosofia, o filósofo representa a si mesmo, entendido como o
conjunto de suas experiências. O conhecimento produzido, portanto, é
duplamente representacional: representa a realidade analisada e o sujeito,
entendido como subjetividade formada por um amplo repertório de
experiências. São essas experiências que formam a ideia através da qual o
sujeito se debruça sobre a realidade.
Já para Fichte, o conhecimento que o filósofo hipotético produz somente é
afetado pelas experiências vividas durante a racionalização epistêmica. Ou
seja, não importam as escolas onde o filósofo estudou, seu ambiente familiar,
suas viagens, suas emoções de infância e sua juventude. Importa apenas o
momento em que ele, descobrindo-se como filósofo, debruça-se sobre
determinada realidade. É esse momento que Fichte chama de “estado de
ação”, quando o sujeito toma conhecimento de sua tomada de posição como
sujeito do conhecimento.
Como podemos perceber, Kant e Fichte rejeitam a metafísica pura, que supõe a
possibilidade de ideias autônomas, desencarnadas. Ambos chamam atenção
para o fato de que as ideias só existem a partir da ação subjetiva.
 Foto de 1910 do seminário Stift, onde Schelling estudou com Hegel
A FILOSOFIA DA NATUREZA E DA RELIGIÃO
DE SCHELLING
Vamos entender o que é chamado de natureza. Se Fichte e Kant estavam
especialmente preocupados com a subjetividade cognoscente, Schelling está
preocupado com o objeto dessa subjetividade, aquilo que ele chama de
natureza. O projeto da filosofia de Schelling era corrigir a dicotomia entre
natureza e espírito, o que teria sido o principal erro da modernidade filosófica
inaugurada por Descartes. O pensamento cartesiano partia da premissa de que
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o conhecimento era construído a partir de um corte vertical que separava
sujeito e objeto, espírito e natureza.
A partir daí, o sujeito faria uma intervenção metodológica sobre o objeto, sendo
conhecimento produzido derivado do método. O objeto, a natureza, não faz
outra coisa a não ser se deixar explorar, sendo que Descartes não reconhecia a
possibilidade de a natureza não se deixar explorar. Na episteme cartesiana, a
natureza, o objeto, é sempre passivo. É isso que Schelling critica. Nessa crítica,
está a originalidade de sua obra. (COELHO, 2018)
 F. W. J. Schelling
NATUREZA
Descartes e sua filosofia a partir do Cogito ergo sum – Penso, logo existo – são
base para essa separação, a ação no mundo e a ação pessoal, a capacidade do
sujeito de construir seu pensamento.
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ESPÍRITO
Definição recorrente de Aristóteles que divide o conhecimento entre Física
(natureza) e Metafísica (pensamento). Espírito no alemão se aproxima de
Kultur, nem é a ideia de algo espectral nem tão pouco cultura, como falamos
ocidentalmente.
Para Schelling, o significado de natureza não consiste, necessariamente, em
florestas, mares, fauna e flora. Natureza é toda a realidade que se torna algo da
intervenção filosófica. Esse foi o argumento que Schelling desenvolveu nos
livros Ideias para a filosofia da natureza e Da alma e do mundo, publicados, em 1797 e
1798.
A PARTIR DO MOMENTO EM QUE O SER HUMANO
COLOCA A SI MESMO EM OPOSIÇÃO COM O
MUNDO EXTERIOR, É DADO O PRIMEIRO PASSO
PARA A FILOSOFIA. COM ESTA SEPARAÇÃO,
COMEÇA PELA PRIMEIRA VEZ A
RACIONALIZAÇÃO; A PARTIR DAÍ, O SER
HUMANO SEPARA AQUILO QUE A NATUREZA
UNIU PARA SEMPRE, ELE SEPARA O OBJETO DA
INTUIÇÃO, OS CONCEITOS DA IMAGEM, E, POR
FIM, ELE MESMO DE SI MESMO. ESSE FOI O
PRIMEIRO ATO DE DECADÊNCIA MORAL DA
HUMANIDADE, IMPULSIONADA PELA TENTATIVA
PRETENCIOSA DE DOMESTICAR A NATUREZA,
COMO SE HOUVESSE NELA RAZÃO PRÓPRIA E
INDOMESTICÁVEL. A NATUREZA NÃO É UM
MERO PRODUTO DE UMA CRIAÇÃO
INCONCEBÍVEL, ELA É, AO CONTRÁRIO, ESTA
PRÓPRIA CRIAÇÃO. NÃO É UMA APARIÇÃO OU
REVELAÇÃO DO ETERNO. ELA É, AO MESMO
TEMPO, ESSE PRÓPRIO ETERNO. (SCHELLING,
2010, P. 48)
Jaeger, 1995.
Para Schelling, o pensamento cartesiano é o responsável pela “primeira
decadência moral” da humanidade, pois acreditou ser possível separar
radicalmente espírito (sujeito cognoscente) e natureza (objeto), tornando a
natureza objeto a ser livremente manipulado pelo espírito. A natureza seria a
não razão, a total ausência de sentido, enquanto o espírito seria o
monopolizador da razão. Schelling questiona o argumento cartesiano em dois
aspectos: primeiro, no que se refere à real possibilidadede separar o espírito e
natureza, sujeito e objeto. Depois, em relação à premissa de que a natureza,
objeto, é passiva e não interfere no conhecimento produzido sobre ela mesma.
Segundo Schelling, a natureza e o espírito, sujeito e objeto, são inseparáveis.
Ao tentar entender a realidade, o sujeito já está sob a ação da própria
realidade. A realidade, para ele, é a potência organizadora da vida, autoridade
reguladora de toda possibilidade de conhecimento. Por isso, a pretensão
cartesiana de um sujeito cognoscente descolado da natureza seria não apenas
pretensiosa, mas tola.
VALE RESSALTAR QUE HÁ CERTA
DIMENSÃO TEOLÓGICA NA FILOSOFIA DA
NATUREZA DE SCHELLING, POIS
“NATUREZA”, NO LIMITE, É DEUS. PORÉM,
SCHELLING TEM CONCEPÇÃO DE
DIVINDADE BASTANTE DIFERENTE DO
MONOTEÍSMO CARACTERÍSTICO, POR
EXEMPLO, DO CRISTIANISMO (COELHO,
2018). TRATA-SE DE UMA DIVINDADE
PANTEÍSTA, SEGUNDO A QUAL DEUS ESTÁ
PRESENTE EM TODAS AS COISAS.
A forma “inata” da manifestação de Deus no mundo é a natureza, que é
independente da consciência humana. A inteligência humana fica plenamente
livre quando toma consciência da presença de Deus em todas as coisas. É
exatamente a comunhão com a presença divina que permite ao homem,
segundo Schelling, conhecer as coisas do mundo. As religiões seriam as formas
através das quais os homens tentam tomar consciência da presença de Deus
em todas as coisas. É assim que a filosofia da natureza toca na filosofia da
religião (COELHO, 2018).
Podemos perceber, nos escritos de Schelling, a preocupação em demonstrar
que o processo de construção de conhecimento não é ideal, ou seja, não se dá
através da manifestação de uma metafísica pura e desencarnada. Kant e Fichte
apresentaram esse argumento priorizando a análise do sujeito (espírito).
Schelling tomou outro caminho, destacando a racionalidade intrínseca ao
objeto (natureza). Vejamos, a seguir, como Hegel se inseriu nessa discussão.
 Batalha de Jena - O filósofo alemão Hegel, que viveu nesta época, afirmou, a
respeito da batalha de Jena, que a humanidade havia chegado "ao último
estágio da história, de nosso mundo, de nossa época".
HEGEL, A FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO E
A FILOSOFIA DO DIREITO
Há relativo consenso nos manuais de história da filosofia a afirmação de que
Hegel é o grande representante do idealismo alemão, o autor que melhor teria
sistematizado as diretrizes gerais dessa forma de pensamento. Entre tantos
outros, por que Hegel é visto como o principal idealista alemão? A resposta
pode estar no hercúleo esforço de Hegel em ler e se apropriar daquilo que os
outros idealistas escreveram. Entre os idealistas alemães, nenhum foi tão
disciplinado na leitura e na interlocução com seus pares como Hegel
(KERVERGAN, 2007).
A interlocução de Hegel com os outros idealistas fica muito clara, por exemplo,
no seu conceito de “realidade como espírito”, desenvolvido a partir da leitura
dos textos de Fichte e Schelling. Na esteira dos outros, Hegel também criticou
a dicotomia cartesiana espírito versus natureza/sujeito versus objeto, atribuindo
racionalidade própria à natureza e capacidade de agência sobre o
conhecimento produzido sobre ela.
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 Friedrich Hegel
HEGEL
Essa é a tese central de sua principal obra, a Fenomenologia do espírito,
publicada em 1807.
A natureza pensada, conquanto ficando a mesma em si, encontra-se em dois
estados diferentes e opostos: no estado de natureza concreta no real
individual, por exemplo, a natureza animal neste cão; - e no estado de natureza
abstrata na ideia universal, por exemplo, no conceito de animalidade. Assim, a
natureza de ser, ficando o que é (notando que aqui o conteúdo da ideia é uma
natureza abstrata imperfeitamente que se realiza de um modo análogo somente
nos seus inferiores, e não univocamente, como a natureza animal), pode
identificar-se efetivamente com os modos de ser os mais diversos e os mais
exclusivos, e isso ao mesmo tempo e sem contradição, porque de si ela é
indiferente: indiferente, por exemplo, ao infinito e ao finito, à vida e à morte;
para ser, não é necessário ter a vida nem excluí-la, mas pode exigir-se (se se é
árvore, por exemplo) ou excluí-la (se se é pedra). O estado ideal ou abstrato
desta natureza de ser, isto é, o que lhe convém como pensada por nós, permite-
lhe esta indiferença, que não pode ter se a tomamos no seu estado real, no ser
atualmente existente. Tudo na natureza é inteligível para o ser que, idêntico no
seu fundo com o Espírito ou a Ideia infinita, manifesta-se no universo concreto
graças ao movimento dialético: tese, antítese, síntese.
(HEGEL, 2010, p. 71)
Tal como Schelling, Hegel define a natureza em perspectiva panteísta. A
natureza está em todos os lugares, até mesmo no espírito, entranhada na
subjetividade cognoscente. Entender a realidade como espírito, de acordo com
a filosofia de Hegel, é entendê-la não apenas como substância, mas também
como sujeito. Isso significa pensar a realidade como processo, como
movimento, não somente como coisa (substância). Como já sabemos, essa é a
contribuição de Schelling. Hegel dá um passo adiante ao elaborar
metodologicamente como deveria se dar essa relação do espírito com a
natureza.
TESE
A tese, em que o sujeito cognoscente experimenta a natureza e faz uma
afirmação (não apenas observa, como reza a cartilha cartesiana).
ANTÍTESE
A própria realidade reage, pois, no processo epistemológico hegeliano
(diferente do processo cartesiano), ela não é passiva naquilo que Hegel chama
de antítese.
SÍNTESE
No terceiro momento, o espírito, o sujeito cognoscente, responde à reação,
adaptando sua tese ao contraditório natural, criando, assim, a sítese.
Dessa forma, processo cognitivo, portanto, na perspectiva hegeliana, é
marcado pela relação tensa e complementar entre sujeito e objeto, entre
espírito e natureza, concluindo a crítica ao cogito cartesiano e à metafísica
pura do Iluminismo francês, que caracterizam o idealismo alemão
(KERVERGAN, 2007).
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A partir da próxima seção, começaremos a estudar os desdobramentos das
teses do idealismo alemão nas gerações posteriores aos primeiros idealistas. É
na recepção dessas teses que essa tradição foi sendo criada, a ponto de, hoje,
ser lição obrigatória em todo o estudo sobre a história da filosofia moderna.
Veremos como Arthur Schopenhauer (1788-1860) e Friedrich Nietzsche
(1844-1900) se apropriaram do núcleo duro do pensamento idealista alemão
para desenvolverem uma abordagem filosófica que, posteriormente, seria
conhecida como “niilista”.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Expressar as teses do idealismo alemão
no niilismo de Schopenhauer e Nietzsche.
TESES DO IDEALISMO ALEMÃO E O
NIILISMO
Como vimos, na sua origem, com Kant, Fichte, Schelling e Hegel, o idealismo
alemão não era exatamente uma corrente de pensamento, mas um conjunto de
respostas às questões postas pela modernidade cartesiana/iluminista,
especialmente a dicotomia cartesiana sujeito versus objeto e a crença
iluminista na possibilidade de uma racionalidade pura e emancipatória.
Enquanto ali, por meados do século XVIII, a modernidade hegemônica francesa
prometia progresso e o império da razão, alguns alemães desconfiavam e
formulavam um idealismo alternativo. Essa crítica chegou ao século XIX, sendo
radicalizada por escritores como Schopenhauer e Nietzsche.
 ATENÇÃO
Vale a pena pensar sobre o termo niilismo e justificarmos sua escolha. Sua
definição em dicionários diversos, de língua a filosóficos, sempre trata da ideia
de aniquilar, destruir, apagar. Niilismo é um conceito filosófico que remete à
formulação do mundo contemporâneo, que buscou intensamente romper com a
naturalização de valores tidos como componentes do ser (valores morais), das
verdades do mundo, dos exercícios de verdade.
Niilismo é o exercício do nada, da marcha para o abismo, não à toa vinculado
ao pessimismo. Falarde niilismo é falar em Nietzsche e Schopenhauer, e
passamos agora a conhecê-los.
SCHOPENHAUER E O MUNDO COMO
REPRESENTAÇÃO
Poucos autores desconfiaram mais da crença francesa no potencial
emancipatório da razão que Arthur Schopenhauer, autor do livro O mundo como
vontade e representação, publicado pela primeira vez em 1818. As categorias
vontade e representação são centrais na sua filosofia e é a partir delas que o
autor nega a promessa iluminista de que a razão seria o vetor do progresso e
da felicidade humana.
 Schopenhauer
VONTADE
Imaginemos, por um instante, que a humanidade fosse transportada a um país
utópico, onde os pombos voem já assados, onde todo o alimento cresça do solo
espontaneamente, onde cada homem encontre sua amada ideal e a conquiste
sem qualquer dificuldade. Ora, nesse país, muitos homens morreriam de tédio
ou se enforcariam nos galhos das árvores, enquanto outros se dedicariam a
lutar entre si e a se estrangular, a se assassinar uns aos outros. Para a maioria
dos homens, a vida não é outra coisa senão um combate perpétuo pela própria
existência, que ao final será derrotada. Definitivamente, o homem não está
programado para ser feliz.
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(SCHOPENHAUER, 2013, p. 88)
REPRESENTAÇÃO
Todo objeto, seja qual for a sua origem, é, enquanto objeto, sempre
condicionado pelo sujeito e, assim, essencialmente, apenas uma representação
do sujeito.” Em outras palavras, tudo o que existe para mim é o que eu percebo
a partir de formas a priori de consciência (tempo, espaço etc.). O real,
enquanto coisa em si, é impenetrável a nosso conhecimento, que atinge apenas
as representações. Essas representações se interpõem entre nós e o real como
um véu que o encobre. Qualquer pretensão do espírito em se distanciar da
natureza para visualizá-la em perspectiva não passa de um ato de ingenuidade
arrogante elaborado pelos modernos na sua vã pretensão de serem melhores
que os antigos.
(SCHOPENHAUER, 2013. P. 57)
TODO OBJETO, SEJA QUAL FOR A SUA ORIGEM,
É, ENQUANTO OBJETO, SEMPRE CONDICIONADO
PELO SUJEITO E, ASSIM, ESSENCIALMENTE,
APENAS UMA REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO”.
EM OUTRAS PALAVRAS, TUDO O QUE EXISTE
PARA MIM É O QUE EU PERCEBO A PARTIR DE
FORMAS A PRIORI DE CONSCIÊNCIA (TEMPO,
ESPAÇO ETC.). O REAL, ENQUANTO COISA EM SI,
É IMPENETRÁVEL A NOSSO CONHECIMENTO,
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QUE ATINGE APENAS AS REPRESENTAÇÕES.
ESSAS REPRESENTAÇÕES SE INTERPÕEM ENTRE
NÓS E O REAL COMO UM VÉU QUE O ENCOBRE.
QUALQUER PRETENSÃO DO ESPÍRITO EM SE
DISTANCIAR DA NATUREZA PARA VISUALIZÁ-LA
EM PERSPECTIVA NÃO PASSA DE UM ATO DE
INGENUIDADE ARROGANTE ELABORADO PELOS
MODERNOS NA SUA VÃ PRETENSÃO DE SEREM
MELHORES QUE OS ANTIGOS.
(SCHOPENHAUER, 2013. P. 57)
Partindo do ceticismo de Hume, Schopenhauer nega a possibilidade de o
espírito (o sujeito cognoscente) se relacionar com a natureza (realidade) sem a
mediação de seus próprios sentidos. Ou seja, ao tentar conhecer qualquer
aspecto da realidade, o sujeito do conhecimento sempre leva consigo suas
próprias representações. Não existe, então, na filosofia de Schopenhauer, o
sujeito cognoscente universal cartesiano, que, destituído de qualquer
subjetividade, apenas opera um procedimento metodológico (ROCHAMONTE,
2010). Todo conhecimento, portanto, é o resultado das representações
internalizadas no sujeito, representações que traduzem, antes de qualquer
coisa, suas vontades inconscientes. A ciência e a razão, tão louvadas no
pensamento iluminista, nada mais seriam que projeções de vontade, dos
desejos humanos mais instintivos.
Há na filosofia de Schopenhauer um projeto ontológico que confronta
diretamente a ontologia iluminista. Tanto Schopenhauer quanto os iluministas
atribuíram uma essência imutável ao humano. Os iluministas defendem que o
humano é essencialmente racional, o que deu origem ao termo homo sapiens,
que somente passou a integrar o vocabulário biológico a partir do século XVIII.
Já Schopenhauer defende que o humano é naturalmente um ser desejante,
movido por vontades pré-racionais. A humanidade teria sua essência suspensa,
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segundo Schopenhauer, se fosse possível um mundo ideal, onde todas as
necessidades humanas fossem atendidas sem nenhum esforço, sem nenhum
trabalho. Nesse mundo hipotético, o humano não desejaria, pois só desejamos
aquilo que não temos, e, quanto mais longe de nós está o objeto de desejo,
mais desejado ele é. Uma vez conquistado o objeto de desejo, a vontade não é
saciada, pois o desejo já produz outro objeto para si.
ONTOLOGIA
Ontologia tem a ver com a definição de uma essência imutável ao ser.
O DESEJO, POR SUA NATUREZA, É DOR: SUA
REALIZAÇÃO TRAZ RAPIDAMENTE A SACIEDADE;
A POSSE MATA TODO O ENCANTO; O DESEJO OU
A NECESSIDADE DE NOVO SE APRESENTAM SOB
NOVA FORMA: SENÃO, É O NADA, É O VAZIO, É O
TÉDIO QUE CHEGA”. SE NÓS MATÁSSEMOS TODA
A NOSSA VONTADE, NOSSO DESTINO SERIA
INEVITAVELMENTE O TÉDIO. EIS A CONDIÇÃO
TRÁGICA DA VIDA HUMANA.
(SCHOPENHAUER, 2013, p. 102)
Se o humano é movido irracionalmente pela vontade e quando conquista o
objeto de desejo passa a desejar o que não tem, Schopenhauer conclui que a
humanidade não é vocacionada para a felicidade, afastando-se, assim, do
otimismo iluminista. Porém, o niilismo do autor admite a possibilidade de
compensação para o dilema humano da felicidade impossível. A compensação
está na arte, na experiência estética, especialmente na música. A arte, então,
amenizaria o sofrimento, que, para Schopenhauer, é a condição humana
resultante de outra condição humana ainda mais humana: a eterna busca pela
satisfação da vontade, que no limite é insaciável.
Ao defender a ideia de que o humano não é um ser unificado e racional, mas
fragmentado, passional e movido pelos instintos pré-racionais da vontade, a
filosofia de Schopenhauer lançou uma pista que seria seguida pelos fundadores
da psicológica clínica, sendo fundamental, por exemplo, para os estudos
psicanalíticos de Freud.
NIETZSCHE E A VONTADE DE POTÊNCIA
Nietzsche talvez seja um dos autores mais traduzidos e publicados na
atualidade, o que diz muito sobre como nosso tempo acolhe bem um tipo de
pensamento filosófico que destoa da lógica racional que fundou a modernidade.
Hoje, Nietzsche goza da fama de ser um pensador revolucionário, um crítico
contundente da tradição filosófica anterior. No entanto, se formos examinar os
textos de Nietzsche com mais cuidado, perceberemos diálogos e apropriações
com outras formas de pensamento (BONACCINI, 2011), incluindo aí o idealismo
alemão, apesar de o autor não ter poupado críticas a Kant e Hegel. Nenhuma
contradição, pois como já sabemos, o idealismo alemão, antes de ser uma
corrente de pensamento filosófico, é um conjunto de respostas aos dilemas
postos pela modernidade. Nietzsche se afasta de alguns desses argumentos e
se aproxima de outros. Podemos dizer, portanto, que Nietzsche digeriu a
atmosfera do idealismo alemão, apesar de suas críticas a alguns autores
representantes dessa forma de pensamento (COLLARES, 2012).
 Nietzsche
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre o pensamento de Friedrich
Nietzsche e a sua corrente de pensamento filosófica.
A NOVIDADE DE NOSSA POSIÇÃO ATUAL EM
FILOSOFIA É UMA CONVICÇÃO QUE NENHUMA
ÉPOCA TEVE ANTES: QUE NÓS NÃO POSSUÍMOS
A VERDADE. TODOS OS HOMENS DE OUTRORA
ERAM CRENTES DE QUE POSSUÍAM A VERDADE,
ATÉ MESMO OS CÉTICOS. TODOS NÃO
PASSAVAM DE CRENTES. ATÉ MESMO OS
CÉTICOS ERAM CRENTES, AFINAL QUEM NEGA
POSSIBILIDADE DE UM CONHECIMENTO
VERDADEIRO, INTRÍNSECO DA NATUREZA DAS
COISAS, PRECISA SUPOR QUE TEM RAZÃO AO
DIZER ISSO; ISSO, QUE DEVE SER SUPOSTO DE
ALGUM MODO COMO SENDO “VERDADEIRO”.
(NIETZSCHE, 2006, p. 32)
Os modernos, então, para Nietzsche têm o privilégio de saber que nãohá uma
verdade intrínseca às coisas e que toda ambição de conhecer essa verdade não
passa de uma crença similar a qualquer crença religiosa, pois a verdade seria
tão fantasiosa como qualquer divindade.
SE O CONHECIMENTO CONSTRUÍDO PELA
INTELIGÊNCIA HUMANA, ESPÍRITO, NÃO É A
VERDADE SUBSTANCIAL DAS COISAS, O
QUE SERIA?
A resposta a esse questionamento é relatada pelo próprio Nietzsche no livro
Vontade de poder, publicado em 1901.
TODA VONTADE DE SABER É IMPULSIONADA POR
UMA VONTADE DE PODER SOBRE A QUAL O
ESPÍRITO NÃO TEM CONTROLE, NÃO TENDO
SEQUER CIÊNCIA. O ESPÍRITO DESEJA SABER
PORQUE DESEJA PODER, A PULSÃO DEMIÚRGICA
DO CONHECIMENTO NÃO TEM NENHUMA
RELAÇÃO COM A CURIOSIDADE, OU COM O
MÉTODO, TAL COMO PROMETERAM OS
PRIMEIROS MODERNOS. TEM RELAÇÃO COM
VONTADE DE DOMINAÇÃO. TODO
CONHECIMENTO É TAMBÉM ATO DE VIOLÊNCIA.
(NIETZSCHE, 2005, p. 21)
Nietzsche não tinha o hábito de citar os autores que lhe serviam como
referência. A citação quase sempre foi mobilizada por Nietzsche para criticar
autores canonizados na tradição ocidental. De Platão e Montesquieu, passando
por Descartes e pelo próprio Kant. Todos, em algum momento, estiveram na
alça de mira da metralhadora nietzscheana. Porém, é possível ler o texto pelas
franjas e encontrar Nietzsche digerindo teses do idealismo alemão (COLLARES,
2012). A negação da possibilidade de conhecimento de uma verdade
substancial a partir da afirmação de presença de um filtro cognitivo que
transforma todo conhecimento em manifestação de conceitos previamente
elaborados pelo sujeito cognoscente, por exemplo, já pode ser encontrada na
leitura que Kant fez de Hume.
ELA TAMBÉM PODE SER ENCONTRADA EM
FICHTE. COMO JÁ SABEMOS, A IDEIA DE
QUE O GESTO COGNITIVO É MOVIDO POR
UMA PULSÃO PRÉ-RACIONAL DE
DOMINAÇÃO JÁ TINHA SIDO ELABORADA,
DE ALGUMA FORMA, POR SCHOPENHAUER.
Em toda a evolução do espírito, não se trata, talvez, de outra coisa a não ser do
corpo: é a história se tornando sensível a que um corpo superior esteja sendo
formado. O orgânico passa a níveis superiores. Nossa avidez de conhecimento
da natureza é um meio através do qual o corpo quer se aperfeiçoar.
OU MELHOR: CENTENAS DE MILHARES DE
EXPERIÊNCIAS SÃO FEITAS PARA MODIFICAR A
ALIMENTAÇÃO, O MODO DE MORAR E DE VIVER
DO CORPO: NELE, A CONSCIÊNCIA E AS
APRECIAÇÕES DE VALORES, TODOS OS TIPOS DE
PRAZER E DESPRAZER, SÃO INDÍCIOS DESSAS
MODIFICAÇÕES E DESSAS EXPERIÊNCIAS.
(NIETZSCHE, 2006, p. 72)
Na citação, Nietzsche aciona alguns dos argumentos que são constitutivos do
repertório do idealismo alemão. Na perspectiva nietzscheana, a história do
conhecimento é a história da pulsão do corpo em busca de sobrevivência, no
desejo incansável de dominar a natureza. Todo conhecimento é mediado por
experiências que se materializam na carne, no corpo. Esse chamado ao corpo
aponta para o projeto nietzscheano de negação do observador cartesiano
universal, incorpóreo.
Nietzsche não somente replica o idealismo alemão; ele radicaliza a tal ponto
que se torna um crítico desse mesmo idealismo alemão. Ao criticarem a
metafísica idealista, os idealistas alemães não negaram a possibilidade do
conhecimento em dar conta de uma realidade substantiva. O binômio razão
versus verdade que funda o racionalismo ocidental foi resguardado.
ENTENDA O PENSAMENTO DE KANT E
NIETZSCHE SOBRE O CONCEITO DE RAZÃO E
VERDADE:
KANT
Kant, como já estudamos, criticou a ortodoxia
empirista de Hume ao defender a capacidade da
razão subjetiva em conhecer a verdade substantiva
através da mediação conceitual.
NIETZSCHE
Nietzsche critica Kant exatamente porque nega a
existência de uma verdade substantiva. Ao
radicalizar a crítica dos idealistas alemães ao
pensamento cartesiano/iluminista, Nietzsche acaba
se voltando contra o próprio idealismo alemão,
estabelecendo com essa tradição uma relação
ambígua: ao mesmo tempo herdeiro e crítico.
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Nesse sentido, engana-se quem pensa que os argumentos do idealismo alemão
se manifestaram apenas na filosofia. Também a literatura ecoou essas ideias,
como veremos na próxima seção.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Reconhecer os desdobramentos do idealismo alemão no século XX
ECOS DO IDEALISMO ALEMÃO NA
LITERATURA DE FRANZ KAFKA
Desde o início de nossos estudos, estamos nos esforçando para pensar o
idealismo alemão não como uma corrente rígida de pensamento filosófico, que
poderia ser claramente identificada nos escritos de alguns autores, mas como
um conjunto de respostas aos desafios concretos. Nesse sentido, o idealismo
alemão se caracteriza pelo pessimismo com o qual encara as promessas
epistemológicas e políticas feitas pela modernidade cartesiana/iluminista:
conhecimento puro e regrado metodologicamente, a afirmação da ciência e da
razão como vetores do progresso e da felicidade humana.
 Franz Kafka
Os idealistas alemães encaram toda essa euforia com algum ceticismo, ainda
que o nível desse ceticismo varie de autor para autor. Foi esse ceticismo, algo
melancólico, que caracterizou a cena intelectual alemã ao longo dos séculos
XIX e XX, sendo caracterizado como “idealismo pós-kantiano”. Esse ambiente
intelectual inspirou não apenas filósofos, mas também literatos alemães, como
é o caso de Franz Kafka, autor de alguns dos romances mais importantes do
século XX, como A metamorfose (1915), O processo (1925) e O castelo (1935).
Apesar de ter vivido e produzido no início do século XX, Kafka somente ganhou
notoriedade intelectual postumamente, após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Não à toa, pois a primeira metade do século XX, marcada por guerras mundiais,
pelo nazifascismo e pelo amplo uso da tecnologia para práticas de genocídio,
levou ao descrédito a promessa iluminista de que a razão e a ciência seriam
vetores do progresso. O desencantamento e o senso trágicos cultivados na
primeira metade do século XX, portanto, criaram o ambiente propício para a
recepção do ceticismo e da melancolia kafkaniana, inspirados pelo idealismo
alemão (WAGENBACH, 2001). Um resumo dos principais romances de Kafka,
em combinação com as análises desenvolvidas por Klaus Wagenbach,
especialista na prosa kafkaniana, ajuda-nos a identificar alguns dos
argumentos do idealismo alemão na obra do escritor.
A METAMORFOSE
O caixeiro viajante, Gregor Samsa, provedor de sua família e amado por seus
pais e por sua irmã, é o protagonista de A metamorfose. Gregor é o que podemos
chamar de homem comum, como outro qualquer, levando uma vida comum,
como outra qualquer. Tudo estava normal até o dia em que ele se transforma
em um inseto nojento. Se antes era o arrimo amado, Gregor se torna objeto de
vergonha e da rejeição de sua família. Lá pelas tantas no enredo, os familiares
de Gregor também se transformam em insetos, e sua casa se modifica
radicalmente.
 Livro "A metamorfose" de franz-kafka.
A METAMORFOSE É UMA ALEGORIA DA
TEMPORALIDADE MODERNA, CARACTERIZADA
PELA ACELERAÇÃO E PELAS CONSTANTES
TRANSFORMAÇÕES. NO MUNDO MODERNO, NO
MUNDO DA TÉCNICA, TUDO ESTÁ
CONSTANTEMENTE SE TRANSFORMANDO E, TAL
COMO GREGOR, MUDANDO PARA PIOR. SE A
VIDA PREGRESSA DE GREGOR JÁ NÃO ERA
PERFEITA, SE ELE JÁ ERA UM HOMEM INFELIZ
COM SEU OFÍCIO E SUFOCADO PELAS
NECESSIDADES MATERIAIS DE SUA FAMÍLIA, A
METAMORFOSE EM INSETO TORNOU AS COISAS
AINDA PIORES.
(WAGENBACH, 2001, p. 32)
Formulando o ceticismo do idealismo alemão em relação às promessas da
modernidade cartesiana/iluminista de maneira ainda mais melancólica, no livro
A metamorfose, Kafka não apenas questiona a busca pela felicidade, mas sugere
que o próprio movimento, entendido como transformação, caminha sempre no
sentido da tragédia, do exato oposto à felicidade. A melancolia da prosa
kafkaniana não deixa nada a dever à filosofia de Schopenhauer.
 A Metamorfose de Franz Kafka
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre a obra A metamorfose e como
ela representa ideias do idealismo alemão
O PROCESSO
O protagonista deO processo é outro homem comum, um bancário chamado
Josef K, que é processado sem saber o motivo. Na manhã de seu aniversário,
Josef K. foi detido sem que tivesse cometido crime algum. O enredo do livro é a
saga do personagem em busca de informações sobre o processo no qual era
réu. Josef K. se debate contra a complexa burocracia do Estado moderno.
 Livro "O processo" de franz-kafka.
O ENREDO DE O PROCESSO TRAZ A BUROCRACIA
DO ESTADO MODERNO PARA O CENTRO DA
CRÍTICA DE KAFKA. POR MAIS QUE TENTE,
JOSEF K. NÃO CONSEGUE DESCOBRIR QUEM O
ESTÁ ACUSANDO E QUAL O MOTIVO DA
ACUSAÇÃO. AS INSTITUIÇÕES DO ESTADO
MODERNO, CRIADAS PARA SEREM A
MANIFESTAÇÃO DA RACIONALIDADE NA ESFERA
PÚBLICA, EM CONTRAPONTO AO ESTADO DO
ANTIGO REGIME, REGIDO PELA LÓGICA DO
PRIVILÉGIO, SÃO CARICATURADAS POR KAFKA
COMO MANIFESTAÇÃO PREDATÓRIA DO PODER
CONTRA OS DIREITOS INDIVIDUAIS. (...) O
ESTADO ILUSTRADO, QUE PROMETIA SER O
GERENCIADOR DO PROGRESSO, É PINTADO POR
KAFKA COMO A MORADA DE BUROCRATAS
PREGUIÇOSOS, INCOMPETENTES E
AUTORITÁRIOS.
(WAGENBACH, 2001, p. 64)
O CASTELO
Em O castelo, Kafka alegoriza e critica a burocracia moderna. O protagonista é
K, tão somente K. O indivíduo moderno é reduzido a uma letra, diante dos
aparelhos do Estado que a ilustração prometeu que seriam movidos pela razão
e pelos instrumentos de libertação. K é um agrimensor contratado pelo dono de
um castelo para medir suas terras. O enredo consiste no périplo de K pelos
corredores do castelo, em busca de seu contratante e de informações sobre o
trabalho. Vários departamentos. Diversos funcionários. Desencontros,
informações truncadas. Angústia.
 Livro "O castelo" de franz-kafka.
KAFKA É UM HOMEM DESTITUÍDO DE SUA
HUMANIDADE, QUASE SEM IDENTIDADE,
EMBRUTECIDO POR UMA BUSCA ETERNA PELA
VERDADE, BUSCA QUE É IMPOSSIBILITADA
PELAS ESTRUTURAS BUROCRÁTICAS QUE, AO
INVÉS DE PAVIMENTAR O PROGRESSO E O
DESENVOLVIMENTO DA RAZÃO, CRIAM
CONFUSÃO, ERRO E DESINFORMAÇÃO.
(WAGENBACH, 2001, p. 73)
Kafka não era um filósofo, seu procedimento de trabalho não é o filosófico. O
filósofo especula sobre a realidade, cita outros filósofos para confrontá-los ou
seguir seus legados. Já o literato não tem nenhum compromisso com a
realidade. O literato imagina, cria personagens que não existem, enredos
ficcionais e situações fantasiosas. Porém, isso não quer dizer que ficção seja
simplesmente mentira. Ao imaginar a fantasia, o literato sempre alegoriza a
realidade, manifestada na sua própria forma de ver o mundo, nos conceitos que
mediam sua percepção de mundo.
KAFKA FOI FORMADO NO AMBIENTE
CULTURAL DO IDEALISMO ALEMÃO,
MARCADO PELA DESCONFIANÇA EM
RELAÇÃO À EUFORIA ILUMINISTA, PELA
MELANCOLIA E PELA DESCRENÇA DE QUE
A CIÊNCIA CARTESIANA SERIA A
PROVEDORA DA FELICIDADE HUMANA.
ESSAS PERCEPÇÕES TRANSBORDAM PARA
A PROSA DE KAFKA, PREFIGURAM A
FORMA COMO O AUTOR ELABORA SEUS
ENREDOS E CONSTRÓI A PERSONALIDADE
DE SEUS PERSONAGENS.
O idealismo alemão, como já vimos, não é somente uma corrente de
pensamento compartilhada por filósofos eruditos. É uma certa forma de ver a
realidade, de interpretar a modernidade que começou a ganhar corpo na cena
intelectual germânica no final do século XVIII, sobreviveu ao século XIX e se
fortaleceu ao longo do século XX.
 Freud
DESDOBRAMENTOS CONTEMPORÂNEOS
DO IDEALISMO ALEMÃO
No futuro imaginado pelo Iluminismo no século XVIII, o século XX seria o
momento da apoteose, da realização da utopia possibilitada pela razão e pelo
desenvolvimento científico. Porém, a História, no século XX, contrariou a
previsão otimista feita pelos iluministas, trazendo à luz o espetáculo da
destruição em massa, da engenharia do genocídio, sofisticada racionalmente e
impulsionada pela tecnologia. O clima geral foi de decepção, o que fez com que
a segunda metade do século XX se transformasse em terreno fértil para o
ceticismo e a melancolia do idealismo alemão. Freud costuma ser tratado como
o médico que inventou a psicanálise. Ele é muito mais que isso.
 Sigmund Freud
Em sua vasta obra, Freud apresentou uma interpretação da tradição ocidental
que, em diversos aspectos, foi influenciada pelo idealismo alemão.
Confrontando a ontologia cartesiana/iluminista, que, como já sabemos, define a
existência humana a partir de uma capacidade racional intrínseca (homo
sapiens), Freud definiu o humano a partir de sua irracionalidade, de sua
inconsciência, e podemos ouvir claramente o eco das vozes de Schopenhauer e
Nietzsche (ASSOU, 1983). Portanto, racionalismo define o humano por aquilo
que o humano é e sabe que é. Freud define o humano por aquilo que é, mas não
tem consciências, por suas pulsões desejosas (id), disciplinados reprimidos
pela consciência, pelo superego.
Essa é a premissa existencial que Freud busca nas críticas que os idealistas
alemães faziam ao racionalismo desde o final do século XVIII ao fundar a
psicanálise. Em linhas gerais, a psicanálise defende que as doenças mentais
não são patologias exclusivamente físicas, mas o resultado da repressão de
desejos e afetos. A terapia consiste na tomada de consciência daquilo que até
então era inconsciente, pois, assim, o analisado teria mais condições de lidar
com seus desejos, traumas e suas frustrações.
No livro O mal estar da civilização, publicado em 1930, momento em que começa a
escalada nazista na Alemanha, Freud combina com clareza sua interpretação
da modernidade com suas discussões médicas sobre a psicanálise.
PSICANÁLISE
O avanço técnico até tem a sua importância para a economia da nossa
felicidade, mas, por si só, não aumentou a quantidade de satisfação dos
modernos, nem os tornou mais felizes por não ser nem a única pré-condição da
felicidade humana, nem o único objetivo do esforço cultural. [...] A Revolução
Industrial e o progresso tecnológico, o progresso quantitativo (técnico)
desacompanhado do progresso qualitativo (humanitário), não tornaram o
homem mais feliz. Esse progresso não diminuiu nosso mal-estar e essa
frustração cultural e fará exigências severas à nossa obra científica e nos
alerta que, se todas essas perdas não forem compensadas, “sérios distúrbios
podem surgir.
(FREUD, 2011, p. 118)
O avanço técnico, o desenvolvimento industrial que a ilustração
monumentalizou como molas propulsoras do desenvolvimento humano, para
Freud, eram incapazes de cumprir sua promessa. Ecoando Schopenhauer, Freud
denuncia que a Revolução Industrial não tornou o homem mais feliz. Pelo
contrário, fomentou frustração e mal-estar, pois a civilização industrial
aprimorou as práticas de controle do pensamento e do desejo, transformando o
superego em potência ainda mais censora e geradora de neurose. Freud já
tinha explorado os desdobramentos psicanalíticos da frustração com as
promessas emancipatórias do Iluminismo no livro sugestivamente intitulado O
futuro de uma ilusão, de 1927.
O FUTURO DE UMA ILUSÃO
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Na modernidade, teria havido um recrudescimento tanto das medidas
repressoras contra a sexualidade polimorfa proscrita e até repudiada quanto
das restrições até para a sexualidade genital heterossexual, apenas tolerada e
confinada ao casamento monogâmico. Essa super-repressão sexual gerou
neurose, revolta e hipocrisia. A culpa é o mais importante problema no
desenvolvimento da civilização, na medida em que um superego muito rígido
produzirá revolta, neurose ou infelicidade. A troca de “uma parcela de suas
possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança, realizada pelo
“homem civilizado” em geral, tornou-se ainda mais problemática e dolorosa na
modernidade porque o sofrimento do sujeito moderno provavelmente poderia
ser evitado.
(FREUD, 1974, p. 125)
Para Freud, a culpa, entendida como resultado da superação do superego, da
potência racional/moral,cuja função é reprimir os desejos primários, pré-
racionais, é o resultado da vida social. A partir do momento em que os
primeiros homens se organizaram em sociedade e passaram a dividir um
espaço social comum, o superego já começou a desempenhar seu papel,
funcionando como uma espécie de polícia internalizada, cuja função é não
permitir que as pessoas façam o que querem, que deem livre vazão aos seus
desejos, o que fatalmente inviabilizaria a vida social. Com o desenvolvimento
das sociedades modernas de massa, a moral se tornou tribunal ainda mais
poderoso e vigilante. O superego em Freud, como já vimos, é a razão, entendida
como consciência.
Para a tradição racionalista, que deita suas raízes nos gregos, a razão é a
natureza humana. Para a modernidade cartesiana/iluminista, a razão é natureza
humana e vocação para o progresso e para a felicidade. Para Freud, a razão é
uma invenção da civilização. Mais do que isso: é o preço a ser pago pela
civilização, fardo pesado, causa primeira de doenças da mente.
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O homem moderno pintado por Freud está longe de ser aquele projetado pela
imaginação iluminista. É melancólico, angustiado, carrega sobre os ombros o
fardo de uma racionalidade que, ao invés de ser emancipatória, é policialesca.
Porém, Freud não abre mão totalmente da possibilidade de emancipação pela
razão, não chegando ao limite de um niilismo radical. Freud quis fazer da
psicanálise uma ciência natural.
O homem moderno freudiano, angustiado, tem uma chance de libertação: a
terapia, a intervenção psicanalítica, em que o médico o ajuda a tomar
consciência do recalque, a lançar luz sobre aquilo que estava nas sombras,
perdido no id, no mundo da inconsciência. Essa é a felicidade possível para
Freud: a libertação terapêutica, que é bastante diferente da apoteose coletiva
tão alardeada pelo pensamento iluminista.
A segunda metade do século XX transformou a dúvida metodológica e a
descrença com as promessas da ilustração no fundamento da filosofia
contemporânea. Isso não quer dizer exatamente que o idealismo alemão tenha
influenciado a contemporaneidade, mas que a história do século XX confirmou
o ceticismo e as dúvidas que os idealismos alemães colocaram na
modernidade lá no século XVIII. Vários autores, não exatamente tributários do
idealismo alemão, produziram um pensamento cético e crítico à imaginação
iluminista.
De Ludwig Wittgenstein a Jean-Paul Sartre, passando pela Escola de Frankfurt,
várias correntes de pensamento apontaram para a falência das promessas
iluministas, desenharam um ambiente intelectual marcado pela dúvida e pela
desconfiança, como o proposto no movimento filosófico conhecido como
Existencialismo e que tem como Sartre um de seus grandes nomes. É a era da
derrocada das metanarrativas universalizantes, como disse François Lyotard.
Pós-modernidade é o termo comumente evocado para definir os nossos tempos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, conhecemos melhor aquele que é um dos mais importantes
capítulos da história da filosofia moderna. Nós nos esforçamos para estudar
filosofia em perspectiva um tanto diferente da usual, mais interessada na
concretude das ideias do que na resenha de filósofos eruditos e herméticos.
Assim, aprendemos que aquilo que chamamos de modernidade foi, antes de
qualquer coisa, um ambicioso projeto de futuro, que prometia a felicidade e a
redenção para a humanidade, através do desenvolvimento tecnológico e
científico. A razão, portanto, seria, ao mesmo tempo, a característica
intrínseca aos humanos e o motor do progresso e da felicidade. Já no século
XVIII, algumas vozes começaram a desconfiar dessa promessa, sem
necessariamente negá-la por completo.
O idealismo alemão foi o resultado dessa desconfiança. Conforme o tempo
passava e o século XX avançava, a realidade histórica solapava ainda mais a
promessa iluminista, fertilizando o terreno para o fortalecimento da melancolia
e da desconfiança, que também podem ser encontradas no idealismo alemão.
Seria um exagero dizer que foi “o idealismo alemão” quem veio do século XVIII
para influenciar a segunda metade do século XX e o início do século XXI, como
se a filosofia contemporânea fosse tábula rasa a ser simplesmente
influenciada. Mais adequado seria afirmar que a realidade histórica
contemporânea fortaleceu os sentimentos de desesperança e dúvida, fazendo
com que o pensamento contemporâneo, de forma ativa, fosse buscar soluções
no repertório disponível. Entre as diversas tradições de pensamento
disponíveis, o idealismo alemão vai ao encontro da atmosfera contemporânea,
o que nos ajuda a entender sua importância em nossos dias.
 PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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WAGENBACH, K. A Praga de Franz Kafka. Lisboa: Fenda Edições, 2001.
EXPLORE+
Para se aprofundar no conceito de ceticismo de Hume, leia o artigo do
Estadão O ceticismo esquecido deDavid Hume: antídoto ao fanatismo.
Para conhecer um pouco mais sobre Franz Kafka, leia os artigos
disponíveis no site da revista Cult.
Conheça um pouco mais sobre Sigmund Freud assistindo ao vídeo
disponível no Canal Saúde, da Fiocruz.
Leia os livros:
O mal-estar na civilização; Assim Falava Zaratustra; O lobo da estepe e A
Metamorfose para construir suas próprias relações com os autores
abordados.
CONTEUDISTA
RODRIGO PEREZ OLIVEIRA
 CURRÍCULO LATTES
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