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104-Texto do Artigo-308-1-10-20200619 (2)

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Sumário - V.1, N.1 (2015) 
CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
CARACTERIZAÇÃO AGROMOFOLOGICA DE VARIEDADES DE MILHO CRIOULO (Zea mays L.) NA 
REGIÃO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 
Diógenes Cecchin Silveira, Vitor Belzarena Monteiro, José Luiz Tragnago, Luiz Pedro Bonetti 1-11 
INTOXICAÇÃO POR ACETURATO DE DIMINAZENO EM CÃES: O QUE É PRECISO SABER? 
Danieli Brolo Martins, Amanda Bisso Sampaio, Ricardo Krammes, Cristina Krauspenhar Rossato, 
Aline Alves da Silva 29-39 
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM SERRAS E FACAS EM UM FRIGORÍFICO DA REGIÃO NORTE 
DO RIO GRANDE DO SUL 
Ludmila Noskoski, Lunara Luisa Sulzbach Secchi, Raquel Wendt 40-43 
CONCEITOS E CONSIDERAÇÕES SOBRE O BEM ESTAR ANIMAL NA PRODUÇÃO DE BOVINOS – 
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
Aline Alves da Silva, Luiz Felipe Kruel Borges 44-51 
MULTIDISCIPLINAR 
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO PARTO NATURAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA 
Any Alice Silva Porto, Lucília Pereira da Costa, Nádia Aléssio Velloso 12-19 
IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO AMBIENTE HOSPITALAR 
Mônica Pelentir, Viviane Cecília Kessler Nunes Deuschle, Regis Augusto Norbert Deuschle 20-28 
 
Caracterização agromofologica de variedades de milho crioulo (Zea 
mays l.) Na região noroeste do Rio Grande do Sul 
 
Agromorphologic characterization of mayze land varieties in the northwest region of Rio Grande do 
Sul. 
 
 
SILVEIRA, Diógenes Cecchin²; BONETTI, Luiz Pedro¹; TRAGNAGO, José Luiz¹; NETO, 
Nelson¹; MONTEIRO, Vitor³; 
¹
 Eng. Agr. Msc. Professores - Curso de Agronomia – Unicruz 
² Acadêmico – Curso de Agronomia – Unicruz – gaspar_silveira@hotmail.com 
 ³ Acadêmico – Curso de Agronomia- Unicruz 
 
 
 
Resumo 
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho agronômico e a variabilidade morfológica de 16 variedades que integram 
o processo de resgate e multiplicação de sementes de milho crioulo, realizado por produtores que praticam a agricultura 
familiar no Rio Grande do Sul. Para a avaliação das características agromorfológicasas variedades foram cultivadas em 
experimento inteiramente casualizado, instalado na Área Experimental do Curso de Agronomia da Universidade de Cruz 
Alta, no ano agrícola de 2012/2013, em Cruz Alta, Estado do Rio Grande do Sul. Houve diferença estatística significativa 
para os seguintes descritores avaliados:altura de planta, altura de espiga, diâmetro do colmo, número total de folhas, 
comprimento de espiga, diâmetro de espiga, número de fileiras de grãos por espiga, número de grãos por fileira e peso de 
1000 grãos. A avaliação de rendimento de grãos mostrou-se prejudicada e, portanto, desconsiderada, em razão da ocorrência 
de um período de carência hídrica de 40 dias, ocorrido logo após o florescimento e em boa parte do período de enchimento de 
grãos da maioria das variedades avaliadas. Os dados obtidos permitem concluir que o trabalho de resgate, manutenção e 
multiplicação de sementes de variedades de milho crioulo, realizado por agricultores que desenvolvem atividades 
agroecológicas no Rio Grande do Sul, tem sido eficiente na fixação das principais características morfológicas que 
diferenciam os genótipos avaliados no presente estudo. 
 
Palavras-Chave: Fenótipo. Variabilidade morfológica. Agroecologia. 
 
Abstract 
The aim of this study was to evaluate the agronomic performance and morphological variability of 16 varieties originated 
from the landrace maize rescue process, as well as the multiplication of these seeds, made by family farmers in Rio Grande 
do Sul State. For the evaluation of morpho-agronomic characteristics, the varieties were cultivated in a completely 
randomized experiment, located at the experimental field of the Agronomy Course of the University of Cruz Alta, in the 
2012/2013 crop season. There were statistically significant differences for the following characters: plant and spike height, 
diameter of the rachis, total number of leaves per plant, number of leaves above the spike; length and diameter of spike; 
number of row of grains per spike; number of kernels per row and the average 1000 grain weight. Grain yield evaluation was 
not considered due to a 40-day period of water stress during the grain filling stage of the genotypes under study. Data 
obtained led to the conclusion that the work of rescue, maintenance and multiplication of landrace maize seeds, made by 
farmers that practice the agroecological activities in Rio Grande do Sul, have been efficient for fixing the main morphological 
characteristics that differentiate the genotypes under study. 
 
Key-words: Zea mays L. Landraces varieties. Morphological characterization. 
Introdução 
 
O milho (Zea mays L.) pertence à 
família Poaceae e é uma espécie 
originária da América do Norte, com 
centro de origem genética no México, 
sendo destinada ao consumo in natura 
para alimentação animal e humano, 
tendo ainda utilização industrial 
 
Correspondência para: 
 
Diógenes Cecchin Silveira 
E-mail 
gaspar_silveira@hotmail.com 
Rua Venâncio Aires, nº 1774 
Centro 
CEP 98005-096 
Cruz Alta - RS 
 
mailto:gaspar_silveira@hotmail.com
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
diversificada. Seu grão, entre outras 
finalidades, é transformado em óleo, 
farinha, amido, margarina, xarope de 
glicose e flocos para cereais matinais. 
A produção global de milho foi de 
957,1 milhões de toneladas na safra 
2012/13, sendo a mais expressiva entre os 
principais cultivos agrícolas no mundo 
(USDA, 2013). Os Estados Unidos é o 
país que mais cultiva milho na agricultura 
mundial, com mais de 30 milhões de 
hectares a cada ano, seguido da China. 
Aliás, essa expressiva performance da 
agricultura dos Estados Unidos deveu-se à 
exploração da heterose no melhoramento 
de plantas, através do cultivo de plantas 
híbridas, certamente um dos mais 
significativos triunfos da genética vegetal. 
Há estimativas que indicam que nos 
anos 1941-1944 os produtores de milho 
dos Estados Unidos tenham colhido acima 
de 50 milhões de toneladas a mais, por 
terem utilizado híbridos em vez de 
variedades de polinização livre. Por volta 
de 1950, a maior parte da produção de 
milho nos Estados Unidos já era de 
híbridos. Hoje, é híbrido praticamente 
todo o milho cultivado na agricultura 
desse país (BONETTI, 2008). Na safra 
2013/14, a estimativa é de que os 
produtores norte-americanos irão colher 
349,60 milhões de toneladas de milho 
(USDA, 2013), mais que o dobro da 
produção de todos os grãos juntos do 
Brasil, portanto. 
A expansão e adoção desse novo tipo 
de uma milenar planta, originária do 
México, que inclusive criou uma 
expressão que identifica toda uma região 
produtora de grãos nos Estados Unidos – 
corn belt, (cinturão do milho, em 
português) – foi devida substancialmente 
à melhor produtividade que apresentava, 
mas havia outros fatores. Dentre eles, 
destacava-se a grande uniformidade dos 
híbridos que os tornavam mais úteis para a 
colheita mecânica; a aparência estética de 
uma lavoura de milho, na qual a alta 
similaridade das plantas, cada qual com 
uma só espiga na mesma altura do colmo, 
era um atrativo para os produtores de 
milho; e os híbridos podiam também 
incorporar características qualitativas 
favoráveis e serem adaptados para 
diferentes ambientes, especialmente 
ampliando a faixa de plantio e o tempo de 
cultivo. 
A partir do advento do milho híbrido e 
evidentemente com o avanço do 
melhoramento genético de outras espécies 
vegetais de importância econômica, como 
trigo, arroz, soja, cevada e sorgo, entre 
outras, houve significativa modificação no 
sistema produtivo agrícolamundial na 
segunda metade do século 20. Segundo 
Meneguetti et al., (2002), a partir dos anos 
50, ocorreu uma série de transformações 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
na agricultura, entre as quais as alterações 
genéticas foram, talvez, as que mais 
afetaram a vida dos agricultores, com a 
utilização de fertilizantes, agroquímicos, e 
máquinas e equipamentos capazes de 
sustentá-las. Segundo esses autores, até 
então, as unidades de produção gozavam 
de um grau relativamente elevado de 
autonomia, produzindo suas sementes, 
fazendo a reciclagem de nutrientes para 
seus cultivos e procurando garantir a 
produção de subsistência. 
Nessa nova realidade agrícola, e 
segundo dados coletados pela Embrapa 
(2012), o Brasil tornou-se o terceiro maior 
produtor mundial de milho. Na safra 
2012/13, como exemplo disso, a produção 
nacional desse cereal atingiu 78 milhões e 
468 mil toneladas (CONAB, 2013). A 
primeira ideia é o cultivo do grão para 
atender ao consumo na mesa dos 
brasileiros, mas essa é a parte menor da 
produção. O principal destino da safra são 
as indústrias de rações para animais. 
Cultivado em diferentes sistemas 
produtivos, o milho é plantado 
principalmente nas regiões Centro-Oeste, 
Sudeste e Sul. O grão é transformado em 
óleo, farinha, amido, margarina, xarope de 
glicose e flocos para cereais matinais. O 
estudo das projeções de produção do 
cereal, realizado pela Assessoria de 
Gestão Estratégica do Mapa, indica 
aumento de 19,11 milhões de toneladas 
entre a safra de 2008/2009 e 2019/2020. 
Em 2019/2020, a produção deverá ficar 
em 70,12 milhões de toneladas e o 
consumo em 56,20 milhões de toneladas. 
Esses resultados indicam que o Brasil 
deverá fazer ajustes no seu quadro de 
suprimentos para garantir o abastecimento 
do mercado interno e obter excedente para 
exportação, estimado em 12,6 milhões de 
toneladas em 2019/2020. Número que 
poderá chegar a 19,2 milhões de 
toneladas. 
Para se consolidar esse alto potencial 
de produção, principalmente em se 
tratando do cultivo de milho, é necessário 
disponibilizar-se de cultivares híbridas, 
resultantes de apurada metodologia de 
melhoramento genético, com um potencial 
produtivo elevado, mas certamente mais 
dependentes de insumos externos e fatores 
tecnológicos de uso intensivo, só possíveis 
de serem praticados em lavouras de médio 
a grande porte. Na safra 2011/12, foram 
disponibilizadas 489 cultivares de milho 
(sendo 316 cultivares convencionais e 173 
cultivares transgênicas), portanto verifica-
se uma redução em relação à safra 
anterior. A dinâmica de renovação das 
cultivares foi mantida, sendo que 72 novas 
cultivares foram acrescentadas e 81 
cultivares deixaram de ser 
comercializadas. Entretanto, o perfil das 
cultivares que entraram e saíram do 
mercado foi bastante diferente quando se 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
compara as convencionais e as 
transgênicas (CRUZ et al., 2012). 
Segundo esses mesmos autores, houve 
um significativo aumento do número de 
cultivares transgênicas disponíveis no 
mercado (57 novas foram disponibilizadas 
no mercado, substituindo 20 cultivares 
transgênicas que deixaram de ser 
comercializadas). Por outro lado, entre as 
cultivares convencionais apenas 15 novas 
entraram no mercado, enquanto 61 
deixaram de ser comercializadas. 
No entanto, quando se aborda a questão 
do uso de sementes híbridas, sejam elas 
convencionais ou transgênicas, juntamente 
com os adubos formulados e demais 
insumos modernos, tem que se levar em 
conta a estratificação ou estamento do uso 
da terra para o cultivo de milho na 
agricultura nacional. No Brasil, das áreas 
das lavouras de milho 94,3% são menores 
que 10 ha e produzem 30% do total com 
produtividade de 1,58 t ha-1; 5,3% estão 
compreendidas entre 10 e menos que 100 
ha e produzem 31% do total, com 
produtividade de 2,64 t ha-1; 0,35% entre 
100 e menos que 500 ha e produzem 
23,5% do total, com produtividade de 3,55 
t ha-1 e 0,03% têm 500 ou mais hectares, 
produzem 14,8% do total com 
produtividade de 3,71 t ha-1 (IBGE, 
1998). Portanto, neste particular, os dados 
estatísticos disponíveis indicam que é 
muito baixo o percentual de lavouras 
brasileiras que se adequariam ao uso de 
genótipos híbridos de milho de última 
geração, entre os quais os híbridos 
transgênicos de recente liberação e que se 
constituem em inegável avanço da ciência 
agronômica global. 
Em razão disso é necessário 
implementar cada vez mais a busca de 
alternativas dentro do germoplasma de 
milho disponível no país e entre as 
populações de plantas tradicionalmente 
utilizadas na agricultura de baixo ou 
pouco emprego de fatores tecnológicos 
modernos. Atualmente, são mantidos na 
coleção de germoplasma de milho da 
Embrapa quase 4.000 acessos que são, em 
sua maioria (82,1%), variedades crioulas 
obtidas por coletas ou doações. Os acessos 
também são agrupados em compostos 
raciais formados por coleta nacional 
(3,9%), acessos melhorados (6,0%), 
acessos introduzidos (7,8%) e parentes 
silvestres com menos de 0,2% do total da 
coleção (TEIXEIRA & COSTA, 2010). 
As populações crioulas de milho, 
também conhecidas como raças locais ou 
landraces, são materiais importantes para 
o melhoramento pelo elevado potencial de 
adaptação que apresentam para condições 
ambientais específicas (PATERNIANI et 
al., 2000). Essas variedades crioulas de 
milho, também denominadas variedades 
locais ou tradicionais, são variedades 
cultivadas por comunidades, como povos 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
indígenas e agricultores familiares, as 
quais normalmente são submetidas à 
seleção para características relacionadas à 
produção a cada safra, proporcionando 
bom desempenho nas condições 
ambientais em que são cultivadas 
(TEIXEIRA et al., 2005). De um modo 
geral, segundo Araujo & Nass (2002), as 
populações crioulas são menos produtivas 
que as cultivares comerciais, mas são 
importantes por constituírem fonte de 
variabilidade genética que podem ser 
utilizadas em programas de melhoramento 
e na busca por genes tolerantes e/ou 
resistentes aos fatores bióticos e abióticos. 
No entanto, as empresas produtoras de 
sementes desenvolvem e indicam 
cultivares de milho para amplas regiões, 
não havendo disponibilidade de cultivares 
desenvolvidos especificamente para as 
regiões marginais ou de interesse 
secundário para o agronegócio de 
sementes, como a agricultura familiar em 
sistemas produtivos com baixa quantidade 
de insumos. 
Na opinião de Carpentieri-Pípolo et al., 
(2010), em condições que se empregam 
baixas tecnologias de cultivo, as 
variedades comerciais podem apresentar 
desempenho próximo ou mesmo inferior 
às variedades crioulas. Ademais, o uso 
de variedades locais possui diversas outras 
vantagens ligadas à sustentabilidade da 
produção como resistência a doenças, 
pragas e desequilíbrios climáticos, e pode 
ter as sementes armazenadas para as safras 
seguintes, o que diminui o custo de 
produção. Segundo Cecarelli et al. (1994), 
o ganho ambiental também é superior, 
uma vez que o uso de variedades crioulas, 
adaptadas localmente, mantém a 
diversidade genética das espécies, 
podendo servir de fonte para o 
melhoramento. Abreu et al. (2007), 
atestam que o uso das variedades crioulas, 
o que confere baixo custo, constitui uma 
alternativa para a sustentabilidade dos 
pequenos agricultores, sendo que o 
melhoramento destas variedades pode ser 
feito nas propriedades pelos próprios 
agricultores que detém melhor 
conhecimento destes materiais crioulos. 
Miranda et al., (2007) postulam que o 
reaproveitamento, safra após safra, de 
sementes colhidas em plantas selecionadas 
nas condições ambientais e nutricionais 
impostaspelo nível socioeconômico do 
agricultor proporciona o desenvolvimento 
de populações de milho adaptadas a 
diferentes situações. A variação genética 
entre as populações origina um conjunto 
genético adaptado que pode ser utilizado 
em programa de melhoramento regional 
para otimizar a interação de cultivares 
com o ambiente. 
Em razão do até aqui exposto, 
atividades de pesquisa que visem à 
caracterização morfológica e a avaliação 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
agronômica de variedades crioulas de 
milho disponíveis para a agricultura 
familiar ou para sistemas produtivos com 
baixa utilização de insumos são 
justificadamente necessárias, e constituem 
o objetivo principal deste projeto. 
Assim sendo, e de uma forma geral, 
este projeto visou a avaliação do 
comportamento e caracterização de alguns 
descritores de genótipos de milho crioulo 
resultantes de processos de resgate e 
multiplicação de sementes realizadas por 
agricultores, que desenvolvem atividades 
agroecológicas no Rio Grande do Sul. 
Além disso, como objetivos específicos 
buscou-se identificar genótipos de milho 
crioulo com performance produtiva 
superior e melhor adaptação para cultivo 
na região do Alto Jacuí, no Rio Grande do 
Sul; avaliar caracteres relacionados ao 
desempenho agronômico das variedades 
em estudo nas condições ambientais da 
região, através de metodologia de 
pesquisa apropriada; realizar a 
caracterização de variedades crioulas de 
milho, utilizando descritores que abordam 
diversos caracteres referentes à 
morfologia e ao ciclo; ampliar o 
conhecimento das variedades constantes 
do estudo para viabilizar sua utilização em 
programas de pesquisa; proporcionar 
alternativa de produção de materiais 
genéticos apropriados a pequenos 
produtores, que cultivam de forma 
agroecológica e participam da agricultura 
familiar na região; e possibilitar o fomento 
de atividades de conservação, 
multiplicação e disponibilização de 
recursos genéticos de milho crioulo para 
as famílias rurais da região de abrangência 
do projeto. 
 
Material e Métodos 
 
Dezesseis variedades de milho crioulo 
(Tabela 1) originadas no processo de 
resgate e multiplicação de sementes de 
milho crioulo, realizado por produtores 
que praticam a agricultura familiar no Rio 
Grande do Sul foram avaliadas em 
experimento instalado na Área 
Experimental do Curso de Agronomia da 
Universidade de Cruz Alta, no ano 
agrícola de 2012/2013, situada nas 
coordenadas geográficas de 28°33’47,09’’ 
de latitude Sul e longitude de 
53°37’22,49’’W, com uma altitude de 
450m, em Cruz Alta, Estado do Rio 
Grande do Sul. 
Para a caracterização morfológica e 
avaliação agronômica das variedades, o 
delineamento utilizado foi o de 
experimento inteiramente casualizado, 
com quatro repetições. As parcelas foram 
constituídas de três linhas de 4 m de 
comprimento, com espaçamento de 0,90 
m entre as linhas e 0,20 m entre plantas. A 
semeadura foi realizada manualmente e, 
após o desbaste, foram deixadas cinco 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
plantas por metro linear, totalizando uma 
densidade aproximada de 55.555 plantas 
ha-1. O experimento foi conduzido nas 
condições usualmente adotadas pelos 
agricultores na atividade agroecológica, 
ou seja, sem realização de controle 
fitossanitário e sem aplicação de 
fertilizantes minerais na semeadura e 
cobertura. O controle de plantas daninhas 
foi realizado por meio de duas capinas 
manuais. Para a caracterização das 
variedades em estudo, os principais 
descritores avaliados, conforme propostos 
por Teixeira & Costa (2010), foram: 
emergência, floração masculina, floração 
feminina, altura da planta, altura da 1ª 
espiga, diâmetro do colmo, nº de folhas 
acima da 1ª espiga, nº total de folhas, 
plantas quebradas, plantas acamadas, 
comprimento da espiga, nº de fileiras de 
grãos, nº de grãos por fileiras, arranjo das 
sementes, diâmetro da espiga, peso de 
1000 sementes, e cor e tipo de grão. Os 
dados obtidos foram submetidos a análise 
de variância e as suas médias comparadas 
pelo Teste de Duncan ao nível de 5% de 
probabilidade. 
 
Resultados e Discussão 
 
Os resultados obtidos encontram-se 
sumarizados nas Tabelas 1,2 3 e 4, os 
quais evidenciaram grande variabilidade 
nas características estudadas, condição 
esperada uma vez que participaram da 
avaliação diferentes populações de milho 
crioulo (Figura 1). Entre as 
determinações agronômicas previstas no 
projeto, a de rendimento de grãos 
mostrou-se prejudicada e, portanto, 
desconsiderada, em razão da ocorrência de 
um período de carência hídrica de 40 dias, 
ocorrido logo após o florescimento e em 
boa parte do período de enchimento de 
grãos da maioria das variedades avaliadas. 
Os dados médios das características de 
plantas indicaram que para florescimento 
masculino a variedade Cinquentinha foi a 
que se apresentou com maior precocidade 
(61 dias), enquanto que a variedade Mato 
Grosso mostrou-se a mais tardia, tanto 
para florescimento masculino quanto 
feminino (Tabela 1). A variedade Mato 
Grosso também apresentou a mais alta 
estatura de planta, com 261 cm, assim 
como a maior altura de inserção de espiga 
(138cm) entre todos os genótipos 
estudados. Valores elevados de altura de 
planta e de inserção de espigas no colmo 
têm sido encontrados por outros autores 
(ARAUJO e NASS, 2002) e caracterizam 
variedades crioulas de milho. 
Os dados médios das características de 
plantas indicaram que para florescimento 
masculino a variedade Cinquentinha foi a 
que se apresentou com maior precocidade 
(61 dias), enquanto que a variedade Mato 
Grosso mostrou-se a mais tardia, tanto 
para florescimento masculino quanto 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
feminino (Tabela 1). A variedade Mato 
Grosso também apresentou a mais alta 
estatura de planta, com 261 cm, assim 
como a maior altura de inserção de espiga 
(138cm) entre todos os genótipos 
estudados. Valores elevados de altura de 
planta e de inserção de espigas no colmo 
têm sido encontrados por outros autores 
(ARAUJO e NASS, 2002) e caracterizam 
variedades crioulas de milho. 
Os dados sobre número de 
folhas/planta e número de folhas acima da 
primeira espiga apresentados na Tabela 2 
permitem observar que as variedades 
Cabo Roxo e Pintado, que apresentaram o 
maior número médio de folhas por planta, 
também se caracterizaram por ter maior 
número de folhas acima da espiga. Essas 
variedades, Cabo Roxo e Pintado, 
mostraram crescimento vegetativo 
vigoroso, uma vez que, além do maior 
número de folhas por planta e folhas 
acima da espiga, também apresentaram 
dados médios de estatura de plantas dos 
mais elevados. 
Quanto aos dados de quebramento e 
acamamento das plantas, também 
apresentados na Tabela 2, as variedades 
Branco, Ferro e Cateto Amarelo detiveram 
os valores médios mais elevados.
 
 
Figura 1- Variabilidade de características morfológicas nas espigas das variedades de milho crioulo estudadas 
Foto: Bonetti, 2013 
 
A Tabela 3 contém os dados médios 
para comprimento e diâmetro de espiga, 
assim como a caracterização dos tipos de 
espigas das variedades estudadas. No que 
se refere a comprimento de espiga, as 
variedades Carreira Branco e Ferro 
apresentaram espigas significativamente 
maiores que as dos demais genótipos. 
 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
Quanto ao tipo de espigas, cinco 
variedades foram caracterizadas como 
portadoras de espigas cônicas, cinco como 
cônica-cilíndricas, quatro com espigas 
cilíndricas e apenas um genótipo, a 
variedade Cunha, apresentou espigas 
tipificadas como redondas, sendo esta 
variedade também portadora de maior 
valor médio de diâmetro de espiga, 
diferindo estatisticamentedas demais 
(Tabela 3). 
 
Tabela 1. Dados médios das características de plantas de 16 variedades de milho crioulo na Região do Alto Jacuí, 
safra 2012/2013. Curso de Agronomia, Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, Cruz Alta, RS, 2013. 
 
Variedade 
Floração 
masculina 
(dias) 
Floração 
feminina 
(dias) 
Altura de 
planta* (cm) 
Altura 1ª espiga 
(cm) 
Diâmetro 
médio do colmo 
(mm) 
Amarelão 63 71 232 bc 96 cd 1,58 ab 
Brancão 69 79 228 bc 114 b 2,1 a 
Branco 68 84 180 fg 131 b 1,98 a 
Cabo Roxo 73 82 247 ab 126 ab 1,82 ab 
Carreira Branco 67 75 201 fg 78 de 1,44 b 
Cateto Amarelo 72 76 224 bc 96 cd 1,8 ab 
Cinquentinha 61 73 191 hi 83 cd 1,62 ab 
Cunha 67 72 220 cd 95 cd 1,84 ab 
Ferro 67 76 206 ef 92 cd 1,98 a 
Mato Grosso 73 84 261 a 138 a 1,44 b 
Palha Roxa 63 74 194 hi 76 e 2,08 a 
Pintado 67 73 211 de 91 cd 1,9 ab 
Pipoca Roxa 66 76 196 gh 91 cd 1,62 ab 
Pururuca Branco 66 73 211 de 85 cd 2,04 a 
Vermelho 69 84 244 ab 117 b 2,06 a 
Pipoca Branco 67 76 185 i 98 c 1,72 ab 
Médias 67,4 76,8 214 100,4 1,8 
*Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de 
probabilidade 
 
 
Tabela 2. Dados médios das características de plantas de 16 variedades de milho crioulo na Região do Alto Jacuí, 
safra 2012/2013. Curso de Agronomia, Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, Cruz Alta, RS 2013 
 
Variedade 
Nº folhas acima 1ª 
espiga 
Nº total folhas/ 
planta* 
Nº plantas 
quebradas 
Nº plantas 
acamadas 
Amarelão 5,4 14,6ab 1,0 3,0 
Brancão 5,6 14,8ab 0,0 0,0 
Branco 4,8 12,4de 11,0 5,0 
Cabo Roxo 6,2 15,8a 3,0 2,0 
Carreira Branco 5,6 14,2ab 2,0 10,0 
Cateto Amarelo 5,2 14,2ab 5,0 17,0 
Cinquentinha 4,8 11,6e 4,0 1,0 
Cunha 5,4 14,6ab 2,0 8,0 
Ferro 5,6 13,6bc 6,0 10,0 
Mato Grosso 5,4 15,0ab 0,0 1,0 
Palha Roxa 5,2 13,0cd 0,0 10,0 
Pintado 6,2 15,0ab 2,0 0,0 
Pipoca Roxa 5,0 15,0ab 3,0 5,0 
Pururuca Branco 5,0 13,4bc 1,0 2,0 
Vermelho 5,4 14,0bc 1,0 8,0 
Pipoca Branco 5,0 13,8bc 2,0 9,0 
Médias 5,4 ns 14,1 2,7 5,7 
*Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de 
probabilidade. 
 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
 
Tabela 3. Dados médios das características de espigas de 16 variedades de milho crioulo avaliadas na Região do Alto 
Jacuí, safra 2012/2013. Curso de Agronomia, UNICRUZ, Cruz Alta, RS, 2013. 
 
Variedades 
 
Comprimento espiga 
(cm)* 
 
Diâmetro de espiga 
(mm) 
 
Tipo de espiga 
Amarelão 12,10 ab 47,20 b Cônica 
Brancão 11,00 ab 48,20 b Cônica-Cilíndrica 
Branco 10,00 c 45,20 b Cilíndrica 
Cabo Roxo 12,90 ab 46,20 b Redonda 
Carreira Branco 13,80 a 45,80 b Cilíndrica 
Cateto Amarelo 12,25 ab 47,00 b Cônica 
Cinquentinha 13,00 ab 43,80 b Cilíndrica 
Cunha 13,20 ab 59,20 a Redonda 
Ferro 13,70 a 36,60 c Cônica 
Mato Grosso 13,62 ab 42,50 b Cônica-Cilíndrica 
Palha Roxa 10,40 ab 43,80 b Cônica-Cilíndrica 
Pintado 12,90 ab 44,80 b Cilíndrica 
Pipoca Roxa 10,20 bc 34,60 c Cônica 
Pururuca Branco 12,66 ab 44,30 b Cônica-Cilíndrica 
Vermelho 13,20 ab 46,00 b Cônica-Cilíndrica 
Pipoca Branco 11,70 ab 32,60 c Cônica 
Médias 12,3 44,4 
*Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de 
probabilidade 
 
Tabela 4. Dados médios das características de grãos de 16 variedades de milho crioulo avaliadas na Região do Alto 
Jacuí, safra 2012/2013. Curso de Agronomia, UNICRUZ, Cruz Alta, RS, 2013. 
Variedades Nº fileiras 
* de grãos 
Nº grãos por 
fileira 
Peso de 1000 
grãos (g) 
Arranjo dos 
grãos 
Cor dos 
grãos 
Amarelão 11,50c 29,00de 44,75b Reto Amarelo 
Brancão 11,50c 24,25e 34,47e Em espiral Branco 
Branco 16,00b 30,00cd 29,80gh Em espiral Branco 
Cabo Roxo 13,33c 34,00ab 36,52d Em espiral Púrpura 
Carreira Branco 11,00c 32,75bc 46,50a Reto Branco 
Cateto Amarelo 10,66c 24,66e 41,39c Entrelaçado Amarelo 
Cinquentinha 11,00c 32,25bc 30,61fg Em espiral Branco 
Cunha 23,75a 33,75ab 24,62i Entrelaçado Amarelo 
Ferro 10,50c 36,25ab 33,51e Reto Alaranjado 
Mato Grosso 11,00c 40,25a 31,50f Em espiral Amarelo 
Palha Roxa 10,50c 33,00bc 37,90d Em espiral Púrpura 
Pintado 11,33c 39,33ab 41,61c Em espiral Cinza 
Pipoca Roxa 18,33b 36,66ab 12,05j Reto Púrpura 
Pururuca Branco 11,00c 32,50bc 34,40e Reto Branco 
Vermelho 11,50c 33,50ab 29,27gh Em espiral Vermelho 
Pipoca Branco 15,75b 34,50ab 28,99h Reto Branco 
Médias 13,0 17,9 33,6 
*Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de 
probabilidade 
 
Em relação às características 
quantitativas de espigas (Tabela 4), as 
variedades Pipoca Roxa, Branco e Pipoca 
Branca formaram o grupo estatístico 
superior no que se refere a número de 
fileiras de grãos. 
Para número de grãos por fileira, a 
variedade Mato Grosso destacou-se com o 
 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 01-11, 2015 
maior valor médio, 40,25 grãos, diferindo 
estatisticamente de outras oito variedades, 
sem, entretanto, diferenciar-se de outras 
sete. 
Os resultados obtidos para peso de 
1000 grãos revelaram as variedades 
Carreira Branco, Pintado e Cateto 
Amarelo como a que produziram grãos 
mais pesados, enquanto que a variedade 
Cunha, a única do grupo de variedades 
avaliadas a apresentar arranjo dos grãos 
entrelaçado, produziu os grãos de menor 
peso do experimento. 
Conclusões 
 
Nas condições de execução do presente 
estudo, os dados obtidos permitem 
concluir que o trabalho de resgate, 
manutenção e multiplicação de sementes 
de variedades de milho crioulo, realizado 
por agricultores que desenvolvem 
atividades agroecológicas no Rio Grande 
do Sul, tem sido eficiente na fixação das 
principais características morfológicas que 
diferenciam os genótipos resgatados. 
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http://www.cnpms.embrapa.br/milho/cultivares/index
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 
Intoxicação por aceturato de diminazeno em cães: O que é preciso 
saber? 
 
Toxicity of diminazene aceturate to dogs: what do you need to know? 
 
 
MARTINS, Danieli Brolo¹; SAMPAIO, Amanda Bisso²; ROSSATO, Cristina Krauspenha³; 
SILVA, Aline Alves da
4
; KRAMMES, Ricardo
5 
 
1
Docente, Setor de Clínica e Cirurgia, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO. 
Email: d.b.martins@hotmail.com 
2
Médica veterinária autônoma 
3
Docente, Centro de Ciências da Saúde, Universidade de Cruz Alta (Unicruz), Cruz Alta, RS. 
4
Docente, Centro de Ciências da Saúde, Unicruz, Cruz Alta, RS. 
5
Aluno do curso de Medicina Veterinária, Unicruz, Cruz Alta, RS.
 
 
 
 
Resumo 
 
As intoxicações medicamentosas são muito comuns na rotina das Clínicas Veterinárias. A causa mais frequente é a 
administração de medicamentos de forma errônea sem respeitar a posologia e a fisiologia animal. O aceturado de 
diminazeno é uma droga comumente utilizada em animais e, devido ao seu baixo índice terapêutico, apresenta um alto 
potencial para intoxicações, principalmente em pequenos animais. Trata-se de um derivado diamidínico com efeito 
babesicida e tripanosomicida, onde efeitos adversos a sua administração incluem dor no local da aplicação, hepatotoxicidade 
e, em casos mais graves, até morte do animal devido à lesões neurológicas. Desta forma, este trabalho tem como objetivo 
revisar aspectos importantes sobre a intoxicação pelo aceturato de diminazeno em caninos. O reconhecimento precoce e a 
terapêutica adequada podem ser decisivos para salvar a vida do paciente. 
 
Palavras-chave: Toxicologia. Diaminas. Canino. Dose. Efeitos colaterais. 
 
Abstract 
Drug intoxication are very common in the routine of Veterinary Clinics. The most frequent cause is the administration of 
medications erratically without complying with the dosage and animal physiology. The aceturado of diminazene is a drug 
commonly used in animals and, because of its low therapeutic index, has a high potential for poisoning, particularly in small 
animals. It is a derivative diamidínico babesicida and trypanocidal where its administration adverse effects include pain at 
the injection site, hepatotoxicity and, in severe cases, even death of the animal due to neurological damage effect. Thus, this 
paper 
aims to review important aspects of intoxication aceturato of diminazene in dogs. Early recognition and appropriate 
treatment can be crucial to save the patient's life. 
 
Key words: Toxicology. Diamines. Canine. Dose. Side effects. 
 
 
 
Introdução 
 
Uma das principais causas de 
intoxicação nos animais domésticos 
pode ser considerada o uso 
inadequado de substâncias no 
ambiente em que vivem. Muitas 
vezes, essas substâncias são 
administradas ou utilizadas sem 
Correspondência para: 
Danieli Brolo Martins 
E-mail: d.b.martins@hotmail.com 
Setor de Clínica e Cirurgia, 
Hospital Veterinário, Escola de 
Veterinária e Zootecnia, 
Universidade Federal de Goiás 
(UFG), Rod. Goiânia - Nova 
Veneza (GO 462), Km 0, Campus 
Samambaia, CEP 74001-970 
Goiânia - GO. 
 
mailto:d.b.martins@hotmail.com
mailto:d.b.martins@hotmail.com
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 
orientação ou acompanhamento de 
profissional qualificado. Portanto, a 
desinformação da população quanto ao 
uso de determinados fármacos pode 
aumentar o risco de intoxicações nos 
animais (Kennel et al., 1996). 
Xavier et al. (2002) atribui o aumento 
do risco de intoxicações ao uso 
inadequado dos medicamentos em 
animais, sem respeitar as individualidades 
de cada espécies e principalmente as 
diferenças de metabolização das 
substâncias. Esse fato está relacionado, na 
maioria das vezes, a desinformações dos 
proprietários que não procuram a 
orientação de um médico veterinário e 
realizam, assim como a automedicação, a 
administração arbitrária de medicamentos 
aos animais. Em um estudo realizado por 
Medeiros et al. (2009), onde foram 
avaliados diferentes relatos de 
intoxicação, os casos de intoxicação 
medicamentosa corresponderam ao maior 
percentual dos relatos analisados. 
O aceturato de diminazeno (diaceturato 
tetraidrato de 4,4'- 
diamidinodiazoaminobenzeno), é uma 
diamidina aromática, um produto 
comumente utilizado no controle dos 
hemocitozoários e protozoários dos 
animais domésticos (Mammam, 1993). 
Casos de intoxicação por aceturato de 
diminazeno em cães, usualmente fatais, 
têm sido descritos, inclusive no estado do 
Rio Grande do Sul (RS) (Loretti, 2012; 
Flores et al., 2014). 
Flores et al (2004), relata que, embora 
a intoxicação por aceturato de diminazeno 
tenha sido descrita em cães desde a 
década de 1970, existem apenas cinco 
citações sobre essa toxicose na literatura 
internacional, a saber: 1) um resumo em 
anais de congresso (Boyt et al. 1968), 2) 
um relato curto de alguns casos (Losos & 
Crockett 1969), 3) um trabalho científico 
experimental (Naudé et al. 1970), 4) um 
relato de um caso (van Heerden 1981) e 5) 
uma descrição acerca de um caso 
submetido ao seminário semanal 
(Wednesday Slide Conference) da AFIP 
(Armed Forces Institute of Pathology) em 
2000 (AFIP 2000). No Brasil foram 
descritos casos na forma de resumos em 
anais de congressos (Loretti 2002, 
Pescador et al. 2003, Ferreira et al. 2007, 
Masuda et al. 2009). 
No RS, o aceturato de diminazeno vem 
sendo recomendado para o tratamento da 
"doença do carrapato dos cães" 
principalmente nas agropecuárias. Nesses 
estabelecimentos, os clientes têm livre 
acesso à compra dessa droga 
protozoocida. Quando seus cães de 
guarda, caça, trabalho no meio rural ou 
companhia são acometidos pela "peste de 
sangue" ou "nambiuvú" (Rangelia vitalli), 
esses proprietários lançam mão do 
medicamento anti-protozoário aplicando-o 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 
a sua maneira nesses animais que estão 
doentes, tristes, fracos, febris, sem apetite 
e sangrando profusamente pelas orelhas 
(Loretti; Barros, 2004). 
O aceturato de diminazeno é uma 
substância de baixo índice terapêutico, ou 
seja, a dose terapêutica desse 
medicamento é próxima da dose que 
intoxica. Ela pode ter efeito neurotóxico 
muitas vezes fatal em caninos (Gehring; 
Naidoo, 2002; Naudé et al., 1970). Os 
fabricantes indicam uma dose única de 3,5 
mg/kg para equinos, bovinos, ovinos e 
caninos, ocorrendo desaparecimento dos 
sinais clínicos em 24 horas (Brander et al., 
1991). A dose tóxica varia entre 
indivíduos e doses únicas de 4,2 mg/kg já 
foram relatadas como causadoras de sinais 
clínicos de toxicidade pela droga no 
mesencéfalo (Mamman; Peregrine, 1994; 
Ribbing; Jonsson, 2004). De acordo com 
Brandão e Hagiwara (2002) para evitar 
efeitos colinérgicos indesejados, 
recomenda-se o uso do sulfato de 
atropina, na dosagem de 0,04 mg/kg, dez 
minutos antes da aplicação do aceturato de 
diminazeno. 
A descrição desses casos de 
intoxicação são raros e há uma escassez 
de relatos semelhantes na literatura 
(Ribbing; Jonsson, 2004). Desta forma, 
esse trabalho tem como objetivo revisar os 
diferentes aspectos que compõe a 
intoxicação por aceturato de diminazeno 
no cão. Por isso, o conhecimentodo 
potencial tóxico da droga, bem como, da 
sintomatologia clínica e possível 
terapêutica aplicada a ela é de 
fundamental importância para o clínico 
veterinário, afim de que esse possa 
intervir de forma precoce e correta frente 
ao cão intoxicado por aceturato de 
diminazeno. 
 
Epidemiologia 
 
No Brasil, Xavier et al. (2002) 
observaram que os cães foram 
responsáveis por 81,2% e os gatos por 
18,8% dos casos de intoxicação 
analisados. 
Os animais jovens por possuírem um 
metabolismo imaturo e uma eliminação 
deficiente e os idosos devido a reações 
metabólicas prejudicadas são 
potencialmente mais sensíveis a 
intoxicações medicamentosas (Volmer; 
Meerdink, 2002). Susceptibilidade racial, 
sendo que uma das raças que possui mais 
relatos de intoxicação por esse 
medicamento na literatura é a Samoieda, e 
susceptibilidade individual a esse 
medicamento, também têm sido relatadas 
(Gehring; Naidoo, 2002). 
 
O que é o aceturato de diminazeno? 
 
O composto foi introduzido para o 
mercado para o gado doméstico em 1955 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 
(Jensch, 1955). Hoje, mais de 50 anos 
depois de seu desenvolvimento, o 
mecanismo exato de ação e 
comportamento in vivo do aceturato de 
diminazeno ainda é pouco compreendido 
(Barcelo et al., 2001). Acredita-se que as 
diamidinas interferem na glicólise 
aeróbica e também com a síntese do DNA 
do parasita, ocasionando dilatação da 
membrana de organelas, dissolução do 
citoplasma e destruição do núcleo 
(Brandão; Hagiwara, 2002; Antonio, et 
al., 2009). 
Em um estudo realizado por Miller et 
al. (2005) descobriu-se que a 
farmacocinética do aceturato de 
diminazeno caracteriza-se por uma taxa 
muito rápida de absorção e eliminação 
total de meia vida curta (t ½ β, 5,31 ± 3,89 
h). A queda vertiginosa das concentrações 
de diminazeno no plasma de cães foi 
atribuída a sua distribuição rápida, sendo 
que, provavelmente, o fígado sirva como 
um depósito inicial para a droga. Esses 
resultados estão de acordo com Onyeyili e 
Anika (1991), que em um estudo 
utilizando cães com 7 kg, descobriram que 
os que receberam 3,5 mg/kg de 
diminazeno, apresentaram 81 μg/g da 
droga no fígado 48 horas após a sua 
administração. 
De acordo com Gilbert (1983); Kellner 
et al. (1985); Murilla e Kratzer (1989) e 
Onyeyili e Anika (1991) o diminazeno é 
amplamente distribuída no organismo dos 
animais tratados. Resíduos do composto 
podem persistir durante várias semanas, 
principalmente no fígado e nos rins, e 
também, em menor grau, no trato 
gastrointestinal, pulmão, músculo, cérebro 
e gordura. De acordo com Andrade e 
Santarém (2002) os resíduos metabólicos 
deste fármaco depositados no fígado e no 
rim por um longo período, podem resultar 
em necrose desses órgãos. 
Em cães, a análise farmacocinética 
revelou que o diminazeno é rapidamente 
distribuído e biotransformado no fígado, 
sendo em seguida redistribuído mais 
lentamente para os tecidos periféricos e/ou 
eliminado por via renal (Miller et al., 
2005). No entanto, parece haver uma 
ampla variação interindividual para a 
farmacocinética de diminazeno em cães, o 
que pode explicar por que alguns animais 
têm efeitos colaterais tóxicos em doses 
terapêuticas publicadas (Miller et al., 
2005; Naidoo et al., 2009). Em todos os 
animais onde o percurso de eliminação foi 
caracterizado, tanto a excreção fecal 
quanto urinária são vias de eliminação 
(Peregrine; Mamman, 1993). 
Já Lewis et al., (2011) descobriram que 
a meia-vida do fármaco em gatos 
saudáveis que receberam a medicação por 
via intramuscular (IM) é bastante curta se 
comparada a de cães, em torno de 1,7 
horas, em comparação com uma 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 
eliminação de meia-vida de 5,31 horas em 
cães que receberam administração de 
diminazeno via IM. Muito pouca 
informação tem sido publicada a respeito 
da toxicidade do diminazeno em gatos, já 
que o uso dessa medicação é menos 
frequente na espécie felina se comparada à 
canina devido ao déficit que apresentam 
em metabolizar algumas drogas, o que 
pode resultar mais facilmente em quadros 
de intoxicação medicamentosa. 
 
Sinais clínicos relacionados à 
intoxicação por aceturato de 
diminazeno 
 
Em caninos, a intoxicação por 
aceturato de diminazeno provoca ataxia 
com incoordenação do trem posterior, 
fraqueza, incapacidade de permanecer em 
estação, sinais de dor manifestados pela 
emissão continuada de ganidos, rigidez 
extensora dos membros, nistagmo, 
convulsões, cegueira e coma. Cães 
intoxicados com essa diamidina podem 
morrer até sete dias após os primeiros 
sinais clínicos da toxicose. Em geral, o 
curso clínico dessa toxicose é mais rápido 
(48-72 horas) e, na maior parte dos casos, 
o animal intoxicado morre 
espontaneamente ou é eutanasiado devido 
ao prognóstico desfavorável da toxicose. 
A recuperação dessa intoxicação é rara 
(Naudé et al., 1970). Os sinais clínicos de 
hepatoxicidade incluem anorexia e 
vômito, letargia, diarreia, poliúria, 
polidipsia e hematúria. Também pode 
haver icterícia e ascite (Macphail et al; 
1998). 
Outros sinais clínicos de intoxicação 
incluem quadros de agitação 
(movimentação compulsiva com ou sem 
interação com o meio ambiente), 
evoluindo para hipoexcitabilidade (estado 
de prostração e apatia, mesmo perante a 
estímulos externos) ou hiperexcitabilidade 
(estado geral de excitação excessiva, 
inclusive frente a estímulos externos). É 
comum a ocorrência de sialorreia e 
tremores musculares. Observa-se também 
miose, micção frequente e bradicardia. A 
ocorrência de bradicardia é mais comum, 
mas pode haver taquicardia pela liberação 
de catecolaminas pelas adrenais. Em casos 
severos, observa-se cianose e dispneia, em 
virtude do acúmulo de secreções 
respiratórias e de broncoconstrição, além 
de depressão acentuada do SNC (Mcentee 
et al., 1994; Norsworthy, 2004). Vômitos 
e diarreia, aumento da atividade 
espontânea, tátil, hiperestesia e marcha 
descoordenada também podem ser 
observados (Muller, 1988). 
O diminazeno possui efeito 
neurotóxico para caninos nas seguintes 
situações: (1) quando é administrada uma 
dose acima daquela recomendada pelo 
fabricante; (2) quando doses terapêuticas 
repetidas da medicação são dadas em um 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 
intervalo de tempo inferior a 6 semanas; 
(3) quando uma única dose terapêutica é 
administrada em cães afetados por 
doenças causadas por hematozoários ou 
(4) quando utilizada de forma profilática 
em animais saudáveis na dose 
recomendada para a prevenção de 
enfermidades causadas por hematozoários 
(Gehring; Naidoo, 2002). 
Cães hígidos que receberam 
diminazeno em regime de dosagem 
múltipla mostraram graves sinais clínicos 
associados com a lesão do SNC, seguido 
de óbito (Naidoo et al., 2009). Fussganger 
e Bauer (1962) relataram que os principais 
sinais de toxicidade aguda por diminazeno 
no sistema nervoso central (SNC) foram 
nistagmo, tremores e ataxia foram 
observados com doses mais baixas, 
enquanto que doses mais elevadas 
resultaram em espasmos, movimentos 
descoordenados, vômitos e, 
eventualmente, a morte dos cães a partir 
de 2-3 dias após a aplicação de 
diminazeno na dose de 30-35 mg/kg, por 
via intramuscular (IM). 
 
Alterações patológicas 
 
Casos fatais de intoxicação por 
aceturato de diminazeno em cães têm sido 
diagnosticados à necropsia e através da 
histopatologia na Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul (UFRGS, Porto 
Alegre/ RS), Universidade Federal do 
Mato Grosso (UFMT, Cuiabá/MT) e na 
Universidade Federal de Santa Maria 
(UFSM, Santa Maria/ RS). Trabalhos 
sobre esses casos têm sido apresentados 
em congressos científicos (Masuda et al., 
2009; Ferreira, 2007; Pescador et al., 
2007; Loretti,2002). Essa droga pode 
causar lesões cerebrais graves (necrose e 
hemorragia ao longo do tronco 
encefálico), assim como lesões hepáticas, 
quando uma dose acima daquela 
recomendada pelo fabricante é 
administrada ou quando doses terapêuticas 
repetidas da medicação são dadas num 
intervalo inferior a seis semanas (Gehring; 
Naidoo, 2002; Naudé, et al., 1970). 
À necropsia, observa-se, na superfície 
de cortes seriados do encéfalo, 
encefalomalácia hemorrágica simétrica 
focal bilateral afetando o mesencéfalo, 
tálamo e cerebelo e poupando o córtex 
cerebral. Essas lesões são avermelhadas, 
deprimidas e bem circunscritas e podem, 
em alguns casos, ser muito evidentes a 
olho nu e afetar de forma extensa o tronco 
encefálico. Em outros casos, essas lesões 
podem ser discretas e diminutas ocorrendo 
apenas em uma região restrita da base do 
cérebro ou cerebelo (Naudé et al., 1970). 
Em um estudo realizado por Miller et 
al. (2005) um cão foi, inicialmente, 
resistente aos efeitos tóxicos de 
diminazeno apesar de repetido, 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 
diariamente, tratamentos a 3,5 mg/kg, via 
IM, durante 15 e 30 doses, indo a 
contrapartida aos outros cães que 
apresentaram sinais clínicos típicos após 
duas doses. Porém, quando esse cão veio a 
óbito, na necropsia, o cérebro, encontrava-
se edematoso e com hemorragias 
simétricas e bilaterais em conjunto com 
malácia e lesões do cerebelo, mesencéfalo 
e tálamo (Miller et al., 2005; Naidoo et al., 
2009). 
Losos (1969) encontrou leve edema 
intramuscular no local de injeção de 1-3 
dias após a administração intramuscular 
de diminazeno em cães que morreram 
após a infecção natural com babesiose ou 
tripanossomíase. Sangramento e malácia 
no mesencéfalo e diencéfalo foram às 
lesões predominantes encontradas pós 
mortem. Ainda o mesmo autor, observou 
que cães saudáveis tratados com 15 mg/kg 
de diminazeno, por via IM, podem exibir 
lesões cerebrais similares às observadas 
nos cães naturalmente infectados com 
babesioses. 
O aceturato de diminazeno também foi 
hepatotóxico para camelos; resultando em 
hiperestesia, salivação, convulsões 
intermitentes, micção frequente, 
defecação e posteriormente morte dos 
mesmos. Na necropsia, assim como pode 
ser observado nos casos de intoxicações 
em cães, foi encontrado os pulmões 
congestionados e edematosos, enquanto o 
fígado estava congestionado e 
hemorrágico com evidência de alterações 
gordurosas. Congestão do cérebro e da 
bexiga urinária também foi observada, 
juntamente com alterações hemorrágicas e 
congestivas nos rins e no coração 
(Homeida et al., 1981). 
 
Tratamento 
 
 O cuidado ao paciente intoxicado, de 
modo geral, tem como metas prevenir 
futuras exposições, diminuir a absorção, 
apressar a eliminação e fornecer 
tratamento de suporte. É importante 
inspecionar a laringe procurando sinal de 
inchaço ou inflamação. Deve-se também, 
avaliar a respiração, sua frequência e 
qualidade. Caso haja qualquer tipo de 
dificuldade, é imprescindível que o 
oxigênio seja fornecido (Hackett, 2000). 
Caso o animal apresente infecções 
bacterianas secundárias, o uso de 
antibióticos é necessário. Em cães 
gravemente doentes pode ser necessário 
transfusões de sangue (Antonio et al., 
2009). 
Não há tratamento específico para 
intoxicação pelo aceturato de diminazeno, 
de modo que o veterinário deve optar pela 
terapia de suporte, sintomática ou, após 
prévia consulta ao cliente ou a pedido do 
proprietário, realizar a eutanásia do 
paciente em função do prognóstico 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 29-39, 2015 
reservado da toxicose (Gehring; Naidoo, 
2002). 
O tratamento da intoxicação envolve a 
suspensão do uso do fármaco e terapia de 
suporte (Caylor; Cassimatis, 2001), 
incluindo o controle das crises 
convulsivas (Chrisman et al., 2005) e a 
diurese induzida por fluidos intravenosos. 
(Kent et al., 2009; Olby, 2009). Em casos 
de intoxicação pelo diminazeno, o uso de 
fluidoterapia é fundamental para reidratar 
o animal e expandir o volume vascular, 
diminuindo a toxemia, corrigindo os 
desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos 
perdidos durante a diarreia e os episódios 
de vômitos oriundos da hepatotoxicidade 
(Antonio et al., 2009). 
 
Prognóstico 
 
O prognóstico nos casos de intoxicação 
pelo aceturato de diminazeno é reservado 
e está associado à dose recebida e ao 
tempo decorrido da intoxicação ao 
atendimento clínico do paciente. A taxa de 
mortalidade é elevada, porém o 
prognóstico melhora com uma boa 
terapêutica e ações que visam a 
desintoxicação precoce do animal (Sellon, 
2006). 
Informações acerca do prognóstico nos 
casos de intoxicação em cães pelo 
aceturato de diminazeno são limitados, 
porém acredita-se que melhore com uma 
precoce assistência veterinária em casos 
de intoxicação. 
Embora a maioria dos pacientes 
veterinários com intoxicação pelo 
diminazeno se recuperem após alguns 
dias, algumas vezes são necessários 
semanas a meses para a completa 
resolução dos sinais neurológicos. 
Portanto, o tempo de recuperação é 
variável e provavelmente multifatorial 
(Olson et al., 2005). 
 
Conclusão 
 
Como os quadros de intoxicação são 
cada vez mais comuns dentro da Medicina 
Veterinária, seu reconhecimento tornam-
se um desafio para o clínico de pequenos 
animais. Devido ao seu baixo índice 
terapêutico, doses errôneas do aceturato 
de diminazeno são potencialmente 
tóxicas, ocasionando sinais clínicos como 
sialorreia, dispneia, quadros 
gastrointestinais, podendo levar o paciente 
à morte. Portanto, o conhecimento sobre o 
aceturato de diminazeno, incluindo sua 
sintomatologia, ação terapêutica e 
possíveis efeitos colaterais são de suma 
importância para o clínico veterinário. 
 
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Avaliação microbiológica em serras e facas em um frigorífico 
da Região Norte do Rio Grande do Sul 
 
Microbiological evaluation in saws and knives in a refrigerator 
from Northern Rio Grande do Sul 
 
SECCHI, Lunara
1
; SALAZAR, Ludmila Noskoski
2
; WENDT, Raquel
3 
1 
Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária –Universidade de Cruz Alta 
2
 Professora Assistente, Centro de Ciências da Saúde e Agrárias(CCSA) – 
Universidade de Cruz Alta 
3
 Engenheira de Alimentos
 
 
 
Resumo 
A indústria alimentícia visa a produção de alimentos seguros. Para haver esta segurança existem os Procedimentos Padrões 
de Higiene Operacional (PPHO) em suas linhas de produções. O mercado consumidor esta cada vez mais exigindo a 
qualidade higiênico-sanitárias dos produtos finais. E com isso, a indústria realiza monitoramentos microbiológicos 
constantes de superfícies e utensílios. Portanto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência dos procedimentos de 
limpeza e sanitização de facas e serras utilizadas na desossa de suínos por uma indústria de produtos cárneos da região Norte 
do Rio Grande do Sul. Para isso, foram feitas 5 amostragens empregando swabs em facas e 6 amostragens de swabs em 
serras. Foram realizadas as contagens de Salmonella spp., micro-organismos Aeróbios Mesófilos (CPP) e 
Enterobacteriaceae. Os resultados das análises microbiológicas de todas as amostras, após a higienização, foram inferiores a 
1 UFC cm
-2
 de Enterobacteriaceae, encontrando-se dentro do permitido pela legislação vigente. Com base nos resultados 
obtidos verificou-se que os procedimentos de limpeza e sanitização adotados pela indústria são eficientes, dentro do tempo 
estabelecido para higienização dos materiais. 
 
Palavras-chave: PPHO. Suínos. Microbiologia. Utensílios. 
 
Abstract 
 
The food industry achive to produce food safety. Sanitation Standard Operating Procedures (SSOP) are required in the chain 
process in order to maintain the food security. At the same time, the demand for products with high quality and hygienic-
sanitary standards are increasingly day-by-day. Consequently, the foodstuff industries must achieve the microbiological 
monitoring of surfaces and utensils used for food processing. Therefore, the efficiency of procedures of cleaning and 
sanitization for utensils used in deboning pigs was to evaluate. Knives and saws used by an industry of meat products in the 
Northern region of Rio Grande do Sul were acquired for this study. Five sampling were collected using swabs in knives 
whilst samplings of saws employing swabs were made. Salmonella, aerobic mesophilic (CPP) and Enterobacteriaceae 
counts were performed. The results of the microbiological analysis of all samples, after cleaning, were less than 1 CFU cm
-2
 
Enterobacteriaceae, lying within permitted by law. Based on the results obtained it was found that the cleaning and 
sanitizing procedures adopted by the company are efficient within the set time for cleaning materials. 
 
Key-words: SSOP. Swine. Microbiology. Utensils. 
 
 
 
Introdução 
 
Por atender as exigências dos 
consumidores, a exportação da 
carne suína vem crescendo nos 
últimos anos. As exportações 
brasileiras de carne suína renderam 
US$ 1.364.679 milhões no ano de 
 
Correspondência para: 
Lunara Secchi 
E-mail: 
lunarasecchi@yahoo.com.br 
Rua Dr. Tranquilo Damo nº404 
Bairro Santo Antônio 
Frederico Westphalen/RS 
CEP: 98400-000 
 
 
 
Rev. Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul, v.1, n.1, p 40-43, 2015 
 
2013, sendo que o 374.888 foram de 
animais abatidos na região sul do Brasil 
representando 70,5% e toda a produção 
nacional., segundo a Associação Brasileira 
da Indústria Produtora e Exportadora de 
Carne Suína (ABIPECS, 2013). 
Os fatores de segurança dos alimentos 
são de extrema importância em toda 
cadeia de produção, para isso é necessário 
que as empresas sigam as legislações e 
descrevam seus programas de garantia de 
qualidade no processo de elaboração de 
cada produto. 
Na visão do consumidor, o conceito de 
qualidade dos alimentos, reflete a 
satisfação de características como sabor, 
aroma, aparência, embalagem, preço e 
disponibilidade. Sendo que o termo 
alimento seguro, significa a garantia de 
consumo alimentar seguro, produtos livres 
de contaminantes de natureza química, 
física e biológica que possam colocar em 
risco a saúde (SILVA, 2006). 
A validação microbiológica do tempo 
de uso dos utensílios na linha é uma 
ferramenta importante de análise de risco. 
A forma mais eficiente de reduzir a 
contaminação e o crescimento microbiano 
em carne consiste em estabelecer 
programas de controle da qualidade, tais 
como Boas Práticas de Fabricação (BPF), 
Análise de Perigos e Pontos Crítico de 
Controle (APPCC) e Boas Práticas de 
Fabricação (BPF) (JAY, 2005). 
Relato de Caso 
 
As coletas foram realizadas em um 
matadouro frigorífico de suínos localizado 
na região Norte do Rio Grande do Sul 
com Serviço de Inspeção Federal (SIF) do 
Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (MAPA). No teste com 
facas na sala da desossa, foram coletadas 
5 amostras de 5 facas logo após a sua 
esterilização. A coleta foi realizada por 
meio de um chiffonette (gaze úmida), este 
foi retirado da embalagem com uma luva 
estéril e com a ajuda de uma pinça de 
metal esterilizada e posteriormente foi 
friccionado na superfície das facas. Sendo 
que, em cada faca coletada foi utilizado 
um chiffonette esteril. Após este 
procedimento, as facas foram entregues 
identificadas de 1 a 5 para os 
colaboradores na linha da desossa para 1 
hora de uso, na realização dos cortes das 
carcaças. Após esse período foi realizado 
uma nova coleta. Novamente as facas 
foram devolvidas para os colaboradores, 
para mais uma hora de uso, totalizando 2 
horas do inicio do procedimento. 
Finalizando com mais uma coleta da 
superfície das facas. As amostras foram 
enviadas ao laboratório de microbiologia 
da empresa. Para determinação de 
Salmonella spp foi utilizado o Método 
Oficial AOAC 2011.03 ISSO 6579:2007 e 
para determinação de Enterobacteriaceae 
 
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e CPP foi de acordo com a AOAC 
International.Os resultados do primeiro 
teste encontram-se na tabela 1.
 
Tabela 1. Contagens de Micro-organismos Aeróbios Mesófilos (CPP), e Enterobacteriaceae (ENT) e pesquisa de 
Salmonella spp. na superfícies das facas 
Facas 
(Teste) 
Limpa-
CPP 
(ufc/cm²) 
Limpa- 
ENT 
(ufc/cm²) 
Após 1 
Hora de 
uso-CPP 
(ufc/cm²) 
Após 1 
hora de 
uso- ENT 
(ufc/cm²) 
Após 2 
Horas de 
uso-CPP 
(ufc/cm²) 
Após 2 
Horas de 
uso- ENT 
(ufc/cm²) 
Resultados 
Salmonella 
1 0 0 9 0 14 1 Negativo 
2 0 0 6 0 8 0 Negativo 
3 0 0 9 0 7 1 Negativo 
4 0 0 5 0 16 0 Negativo 
5 0 0 4 0 4 0 Negativo 
 
Os resultados para CPP 
demonstram a alta contaminação da faca 1 
(14 UFC/cm²) e faca 4 (16 UFC/cm²), 
após 2 horas de uso sendo inaceitável para 
a legislação vigente que é <4,0 log para 
suínos (CE, 2001). Por isso a importância 
de realizar a troca de facas a partir de 2 
horas de uso. Já os resultados para 
Enterobacteriaceae, demostram a 
contaminação na faca 1 (1 UFC/cm²) e na 
faca 3 (1 UFC/cm²), após 2 horas de uso, 
resultados que estão dentro dos padrões. 
O outro teste de validação foi 
realizado na serra das carcaças do abate. 
Foram utilizados 6 chiffonettes (gaze 
 
úmida), sendo que os pacotes foram 
identificados de zero a seis. Com a ajuda 
de uma pinça de metal esterilizada, 
retirou-se o chiffonette da embalagem 
plástica e o mesmo foi 
friccionado em cinco pontos na serra 
limpa e esterilizada (sendo essa a coleta 
0). Em seguida realizou-se o corte da 
primeira carcaça suína, e na sequencia 
coletou-se novamente uma amostra (coleta 
1). O mesmo procedimento ocorreu até o 
corte da 5º carcaça, ou seja, após cada 
corte da carcaça (carcaça 1, 2, 3, 4 e 5) 
foram realizadas as coletas com o 
chiffonete da serra. Os resultados 
encontram-se na tabela 2. 
 
 
Tabela 2. Resultados para Enterobacteriaceae, CPP e Salmonella spp. encontrados no 
teste de validação da serra 
Coleta da Serra Enterobacteriaceae(ufc/cm²) CPP (ufc/cm²) Salmonella spp. 
Coleta 0 0 1 Negativo 
Coleta 1 0 4 Negativo 
Coleta 2 0 2 Negativo 
Coleta 3 0 6 Negativo 
Coleta 4 0 4 Negativo 
Coleta 5 0 5 Negativo 
 
 
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Os resultados das contagens de 
Enterobacteriaceae demonstraram que 
após a realização dos cinco cortes das 
carcaças, sem esterilizar a serra após cada 
corte, não ocorreu contaminação 
significativa. Os resultados de CPP estão 
dentro do limite aceitável pela legislação 
(BRASIL, 2002) 
As coletas realizadas na desossa 
apresentaram resultados dentro dos 
padrões estipulados para as facas, e dessa 
forma, conclui-se que o tempo estabelecido 
de 2 horas para troca das facas e 
higienização da serra, após o corte de 5 
carcaças atende ao objetivo de não oferecer 
risco de contaminação cruzada e 
consequentemente risco ao produto. 
Referências 
ABIPECS. Exportação de carne suína. Disponível 
em: 
<http://www.abipecs.org.br/news/660/99/Exportaca
o-de-carne-suina-cai-17-9-emmarco-segundo-
Abipecs.html>. Acesso em: 22 set. 2013. 
 
BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento / Secretaria de Defesa 
Agropecuária/ Departamento de Inspeção de 
Produtos de Origem Animal/ Divisão de Controle 
do Comércio Internacional. Especificação da 
Decisão da Comissão n° 2001/471/CE. Brasília, 
27 de Maio de 2002. 
 
COMUNIDADE EUROPEIA (CE). Decisão da 
Comissão nº 2001/471/CE de 8 de Junho. Jornal 
das Comunidades nº L 165/48 de 21 de Junho de 
2001. 
 
JAY, J. M. Modern Food Microbiology. Berkely. 
Springer, 2005, pg. 387-409. 
 
SILVA, P. L. Segurança Alimentar e Legislação 
na Produção, Anais- Chapecó, SC, 2006, p. 34-40.
 
 
 
 
 
 
 
 
Conceitos e Considerações sobre o Bem Estar Animal na Produção 
de Bovinos – Revisão Bibliográfica 
 
 
- 
 
SILVA, Aline Alves da
1
; BORGES, Luiz Felipe Kruel
2
 
 Médica Veterinária, Doutora, Professora da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ. 
2 
Médico Veterinário, Mestre, Professor da UNICRUZ.
 
 
 
Resumo 
A valorização do bem estar em animais de produção é uma inquietação crescente da sociedade. Há preocupação ética em 
relação à forma como as espécies de produção são mantidas, em que diagnósticos específicos de bem estar tornam-se 
imprescindíveis. O objetivo dessa revisão é enfatizar os conceitos e principais indicadores de bem estar animal voltados para os 
animais de produção, dando ênfase à bovinocultura, evidenciando pontos críticos de bem estar animal na produção de leite e carne 
bovina, reconhecendo a necessidade de se melhorar as condições de bem-estar objetivando benefícios, tanto para os animais como 
para a produção. 
 
Palavras-chave: bem estar animal. Bovinos. 
 
Abstract 
 
The enhancement of welfare in farm animals is an emerging concern in the society. There are ethical concerns regarding 
how livestock specimens are held, where specific welfare diagnoses become essential. The objective of this review is to emphasize 
the concepts and the key indicators of animal welfare, mostly in the cattle, highlighting critical settings of animal welfare in dairy 
and beef cattle recognizing the need to improve the well-being with benefits to both, animals and production. 
 
Key-words: animal welfare, bovine. 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
O bem-estar animal é um dos principais 
tópicos de interesse na produção animal 
moderna. Do ponto de vista científico o bem 
estar das espécies animais de produção teve 
seu início como área de investigação em 
1965, com a publicação do relatório 
denominado Brambell Committee na Grã-
Bretanha (FITZPATRICK et al. 2006; 
VIEIRA et al. 2011) que deliberou os cinco 
fatores dos quais tais animais 
necessariamente precisam ser protegidos: (1) 
fome e sede; (2) desconforto; (3) dor, lesões 
e doenças; (4) impedindo de expressar o 
Correspondência para: 
Aline Alves da Silva 
E-mail: asilva14@unicruz.edu.br 
UNICRUZ – Universidade de 
Cruz Alta 
Campus Universitário Dr. Ulysses 
Guimarães - Rodovia Municipal 
Jacob Della Méa, km 5.6 – 
Parada Benito 
Cruz Alta/RS 
CEP 98.020-290 
 
 
 
 
 
comportamento normal da espécie; e (5) 
medo e estresse. 
Tal deliberação, após estendida e 
desenvolvida, tornou-se a base dos códigos 
de recomendação de bem estar animal em 
todo o mundo, como forma de resguardar as 
necessidades fisiológicas e psicológicas dos 
animais envolvidos (FITZPATRICK et al. 
2006). O tópico bem estar animal é um dos 
principais interesses da produção animal 
moderna, estando de forma consistente no 
topo das preocupações levantadas por 
consumidores e políticos da União Européia, 
visto que a sociedade passou a conhecer os 
sistemas de produção animal e a exigir a 
criação de animais de maneira humanitária 
(BOND et al. 2012). Em países 
desenvolvidos, cresce a preocupação com os 
maus tratos dos animais em áreas urbanas e 
com o bem estar dos animais utilizados na 
pesquisa e na produção (HÖTZEL & 
PINHEIRO MACHADO FILHO, 2004). 
Para MOLENTO (2005), o mercado europeu 
possui uma declarada preferência por padrões 
elevados de bem estar dos animais de 
produção. 
No Brasil a preocupação com o bem estar 
animal está limitada pelo pouco 
conhecimento da sociedade em relação aos 
sistemas produtivos. Adicionalmente, o 
Brasil vivencia uma fase de crescimento 
econômico, que propicia maior demanda por 
produtos de origem animal (MOLENTO, 
2005). Embora de forma menos articulada, a 
população brasileira também manifesta 
preocupação com o bem estar animal 
(HÖTZEL & PINHEIRO MACHADO 
FILHO, 2004). Segundo LUNA (2008) o 
avanço da ciência do bem estar animal 
aguçou o senso crítico da necessidade de 
prevenção do sofrimento em animais, 
adicionado ao olhar atento do consumidor, às 
boas práticas de produção e a preservação 
ambiental; dessa forma, o bem estar animal 
agrega valor ao produto e pode favorecer a 
produtividade.

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