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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO DIREITO TRIBUTÁRIO 2 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MiSSÃo Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. ViSÃo Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO bibLioteCA MuLtiViX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Diniz, Fernanda Paula; Moraes, Vivian Lacerda. Direito Tributário / Fernanda Paula Diniz; Vivian Lacerda Moraes. – Serra: Multivix, 2019. FACuLDADe CAPiXAbA DA SerrA • MuLtiViX eDitoriAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Diretor executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da educação a Distância Flávio Janones Coordenadora Acadêmica da eaD Carina Sabadim Veloso Conselho editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima revisão técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO LiStA De FiGurAS > FIGURA 1 - Pré-compreensão 20 > FIGURA 2 - Atividade financeira 22 6 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO LiStA De GráFiCoS 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO LiStA De QuADroS 8 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO LiStA De tAbeLAS 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO SuMário 1 Direito FiNANCeiro e FiNANÇAS PÚbLiCAS 19 iNtroDuÇÃo 19 1.1 DIREITO FINANCEIRO E FINANÇAS PÚBLICAS: NOÇÕES INICIAIS 20 1.1.1 AS NECESSIDADES PÚBLICAS E A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 22 1.1.2 BREVE HISTÓRICO DOS TRIBUTOS E DAS FINANÇAS PÚBLICAS 26 1.2 DESPESA PÚBLICA, A EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO E A RESPONSABILIDADE FISCAL 27 1.2.1 CASO GERADOR 27 1.2.2 ETAPAS DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA 29 1.2.3 AS DIVERSAS CLASSIFICAÇÕES DA DESPESA PÚBLICA 34 CoNCLuSÃo 37 2 o PoDer e o Direito De tributAr 40 iNtroDuÇÃo DA uNiDADe 40 2.1 PODER DE TRIBUTAR: NOÇÕES INICIAIS 41 2.2 O PODER DE TRIBUTAR X O PODER ESTATAL 44 2.3 CAPACIDADE DE TRIBUTAR E SUJEIÇÃO ATIVA 48 2.4 FISCALIDADE, EXTRAFISCALIDADE E PARAFISCALIDADE 50 bibLioGrAFiA CoMeNtADA 54 CoNCLuSÃo 55 UNIDADE 1 UNIDADE 2 10 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SuMário 3 FoNteS Do Direito tributário: ASPeCtoS GerAiS DA tributAÇÃo 57 iNtroDuÇÃo 57 3.1 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO 58 3.1.1 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 61 3.1.2 EMENDAS CONSTITUCIONAIS 62 3.1.3 LEIS COMPLEMENTARES 64 3.1.4 LEIS ORDINÁRIAS 66 3.1.5 LEIS DELEGADAS 67 3.1.6 DECRETOS 67 3.1.7 NORMAS COMPLEMENTARES 68 3.1.8 ATOS NORMATIVOS EXPEDIDOS POR AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS 69 3.1.9 DECISÕES COM EFICÁCIA NORMATIVA 69 3.1.10 PRÁTICAS REITERADAS DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS 70 3.1.11 CONVÊNIOS CELEBRADOS PELAS ENTIDADES IMPOSITORAS 71 3.2 APLICAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA NORMA TRIBUTÁRIA 72 3.3 ISONOMIA E CAPACIDADE ECONÔMICA DO CONTRIBUINTE 75 3.4 IRRETROATIVIDADE, ANTERIORIDADE E LIBERDADE DE TRÁFEGO 78 3.5 A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA 82 3.5.1 IMUNIDADE RECÍPROCA 83 3.5.2 IMUNIDADE PARA TEMPLOS DE QUALQUER CULTO 833.5.3 IMUNIDADES PARA PARTIDOS POLÍTICOS, ENTIDADES SINDICAIS DE TRABALHADORES, INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 84 3.5.4 IMUNIDADES PARA LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO À SUA IMPRESSÃO 86 3.5.5 IMUNIDADES PARA FONOGRAMAS E VIDEOFONOGRAMAS MUSICAIS PRODUZIDOS NO BRASIL E PARA SEUS SUPORTES MATERIAIS OU ARQUIVOS DIGITAIS 87 bibLioGrAFiA CoMeNtADA 88 CoNCLuSÃo 89 UNIDADE 3 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO SuMário 4 reLAÇÃo JurÍDiCo-tributáriA, obriGAÇÃo e FAto GerADor 91 iNtroDuÇÃo 91 4.1 ASPECTOS GERAIS DA RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA 92 4.2 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 93 4.3 FATO GERADOR 95 4.3.1 DIFERENCIAÇÃO ENTRE HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA E FATO GERADOR 97 4.4 CAPACIDADE TRIBUTÁRIA 99 4.4.1 SUJEITO ATIVO 99 4.4.2 SUJEITO PASSIVO 101 bibLioGrAFiA CoMeNtADA 105 CoNCLuSÃo 105 5 CrÉDito tributário: LANÇAMeNto, MoDALiDADeS, SuSPeNSÃo, eXtiNÇÃo e iSeNÇÃo 107 iNtroDuÇÃo 107 5.1 CRÉDITO TRIBUTÁRIO: NATUREZA JURÍDICA 108 5.1.1 CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 110 5.2 LANÇAMENTO 110 5.2.1 LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO 111 5.2.2 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO 112 5.2.3 LANÇAMENTO DE OFÍCIO 113 5.3 SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 113 5.3.1 MORATÓRIA 117 5.3.2 RECURSOS E RECLAMAÇÕES ADMINISTRATIVAS 118 5.3.3 DEPÓSITO 120 UNIDADE 4 UNIDADE 5 12 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 5.3.4 LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA, CAUTELARES E ANTECIPAÇÃO DE TUTELA EM OUTRAS AÇÕES 121 5.3.5 PARCELAMENTO 121 5.4 EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 122 5.4.1 PAGAMENTO 122 5.4.2 COMPENSAÇÃO 125 5.4.3 TRANSAÇÃO 127 5.4.4 REMISSÃO 128 5.4.5 CONVERSÃO DO DEPÓSITO EM RENDA 129 5.4.6 PAGAMENTO ANTECIPADO E HOMOLOGAÇÃO DO LANÇAMENTO 130 5.4.7 CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO JULGADA PELA PROCEDÊNCIA 130 5.4.8 DECISÃO ADMINISTRATIVA IRREFORMÁVEL 131 5.4.9 DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO 132 5.4.10 DAÇÃO EM PAGAMENTO EM BENS IMÓVEIS 132 5.5 EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 132 bibLioGrAFiA CoMeNtADA 134 CoNCLuSÃo 135 6 ADMiNiStrAÇÃo tributáriA 137 iNtroDuÇÃo 137 6.1 A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA: DEFINIÇÃO E PRINCIPAIS FUNÇÕES 138 6.1.1 FISCALIZAÇÃO 139 6.1.2 DÍVIDA ATIVA 142 6.1.3 CERTIDÃO NEGATIVA 146 bibLioGrAFiA CoMeNtADA 148 SuMário UNIDADE 6 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO SuMário CoNCLuSÃo 149 reFerÊNCiAS 150 14 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO iCoNoGrAFiA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO BIODATA DAS AUTORAS Fernanda Paula Diniz Doutora e Mestra em Direito Privado. Professora do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Autora de artigos e livros jurídicos. Advogada. Vivian Lacerda Moraes Mestra em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Pós-graduada em Direi- to Processual Civil. Autora de artigos e livros jurídicos. Advogada. JUSTIFICATIVA Quando se fala em Direito Tributário, em Fazenda Pública, muitas vezes enxergamos este assunto como algo distante de nós e de nossa realidade, próprio dos poderes do Estado. Todavia, o Direito Tributário está mais próximo de nós, de nosso dia a dia do que podemos pensar. Quando falamos em Direito Tributário, estamos falando da disciplina de todo e qualquer tributo instituído no país, seja federal, estadual, distrital ou municipal. Ao ganhamos um certo valor bruto anual, nos enquadramos ou não para pagar o Imposto de Renda – Tributo Federal –, e quem recebe e promove a fiscalização dessa arrecadação é a Fazenda Pública Nacional. Quando exercemos qualquer atividade econômica formal, estamos sujeitos à cobrança de diversos tributos, alguns de natu- reza municipal, outros estaduais ou federais. Quando pagamos taxas como para a coleta de lixo ou esgoto, estamos pagando tributos municipais; se compramos algum produto ou adquirimos um serviço, nos valores pagos há a incidência de tributos. Assim, compreender o Direito Tributário, as diversas formas de tributos existentes no país – em qualquer das esferas estatais –, a forma como se dá a sua arrecadação, fisca- lização e, principalmente, o emprego das receitas obtidas pela arrecadação fazendá- ria é de grande importância para que se compreendam seus impactos em nossa vida pessoal, bem como na vida profissional de cada um. 16 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ENGAJAMENTO Nesta disciplina, o assunto em pauta são os tributos, a fiscalização da arrecadação tributária e as contas atinentes ao Poder Público. Você sabe dizer o que são Direito Tributário e Direito Financeiro? Consegue dizer quais são as semelhanças e diferenças entre eles? Você sabe como são consideradas as necessidades estatais que geram as despesas? Sabe o que são tributos ou desde quando começaram a ser cobrados? Se todas as receitas fiscais devem ter seu cumprimento obrigatório ou se isso é a exce- ção? E sabe nos dizer o que faz as despesas estatais crescerem? Essas e outras perguntas poderão ser respondidas após o estudo desta disciplina! APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Seja bem-vindo à disciplina de Direito Tributário! Esta disciplina será centrada na análi- se e no conhecimento dos ditames presentes na relação entre a Fazenda Pública e nós, os contribuintes do Estado. Tem como objetivo principal a análise e a compreen- são do que vem a ser receita fiscal, em especial as chamadas receitas compulsórias – aquelas que todos nós somos obrigados a pagar como cidadãos contribuintes do Estado brasileiro. Além disso, a compreensão sobre a forma como se dá a fiscaliza- ção por parte da Fazenda Pública das arrecadações tributárias, bem como a manei- ra com que as atividades da Fazenda Pública se relacionam com a situação de nós, contribuintes, é de suma importância para a disciplina. Vale frisar que o Direito Tributário é matéria de Direito Público, que, por sua vez, está naturalmente vinculado ao Direito Financeiro, visto que este é a disciplina jurídica que tem como principal objeto a compreensão das formas como o Estado obtém suas receitas, bem como a relação entre essas receitas e as despesas necessárias para a plena execução das atividades do Estado. Portanto, é importante ter o entendimento do que vem a ser o Direito Financeiro, o sistema de princípios e normas que regem o Estado Fiscal (Fazenda Pública), a 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO relação entre as receitas e despesas estatais – essencial para que o Estado exerça suas atividades e cumpra com sua finalidade – e sua relação com os contribuintes. Você estudará também nesta disciplina a dimensão que tem o Direito Tributário e porque a fim de salvaguardar os direitos individuais, perante o poder estatal, a Cons- tituição da República estabelece normas gerais em matéria tributária, definindo os tributos e suas espécies, relacionando os impostos nela discriminados com os respec- tivos fatos geradores, com outras cautelas destinadas a legitimar as imposições do Fisco no Estado. Bons estudos! OBJETIVOS DA DISCIPLINA Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: • Definir as noções fundamentaisdo Direito Tributário. • Definir as noções básicas de Finanças Públicas. • Identificar as formas de financiamento dos gastos estatais. • Explicar como se dá a partilha das receitas tributárias. • Definir as diversas espécies de receitas públicas. • Definir os princípios tributários. • Identificar as fontes do Direito Tributário. • Definir as regras de aplicação, arrecadação e fiscalização dos tributos. 18 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir o que são finanças públicas. > Definir o que são necessidades públicas. > Definir como se dá a atividade financeira do Estado. > Definir a perspectiva histórica dos tributos e das finanças públicas. > Identificar as despesas públicas e como se dá a execução do orçamento. > Definir o que é responsabilidade fiscal. UNIDADE 1 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO 1 DIREITO FINANCEIRO E FINANÇAS PÚBLICAS Esta unidade tem como objetivo apresentar a você como funciona a interação entre Estado e a administração de suas contas, para que haja um maior entendimento acerca do que pode ou não dentro do contexto das finanças públicas. Nesta parte dos estudos, será dado enfoque nas finanças governamentais como base para uma estrutura maior, que será o dito Direito Tributário. Portanto, nesta etapa, haverá um breve resumo sobre as necessidades públicas e financeiras do Estado, bem como um pequeno histórico acerca dos tributos e das finanças públicas, para que você entenda os principais conceitos pertinentes à área. Também serão estudadas a execução orçamentária e a responsabilidade fiscal com seus principais pontos, tais como: caso gerador, etapas da despesa orçamentária, juntamente com o estudo das suas classificações mais importantes. Bons estudos! INTRODUÇÃO O crescimento econômico inclusivo e sustentável sempre dependeu e dependerá da gestão das finanças públicas do Estado, com o propósito de retomar a confiança dos agentes econômicos para, assim, permitir o financiamento condizente das políticas públicas nacionais. A dívida pública associada ao aumento de despesas e à queda de arrecadação, bem como as restrições orçamentárias, limita a quantidade de recursos disponíveis para a aplicação em programas públicos, fazendo com que se torne necessária a melhoria dos organismos de planejamento e principalmente de um maior monitoramento dos programas públicos. 20 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Essas medidas, associadas à estabilização das despesas públicas e à melhoria da arre- cadação, podem propiciar condições para o decréscimo relevante dos juros básicos sem descontrole inflacionário, reduzindo as despesas financeiras e a dívida pública. A constituição de um ambiente de transparência, planejamento e principalmente equilíbrio fiscal trata de fundamentos seguros para a ascensão da competitividade nacional, da atração de novos e crescentes investimentos internos e estrangeiros e da sustentabilidade das políticas econômicas e sociais necessárias ao desenvolvimento do país. Nesse sentido, a presente unidade pretende trazer as compreensões iniciais sobre o que vem a ser o Direito Financeiro, bem como as noções básicas de finanças públicas. Da mesma forma, pretende trazer a percepção sobre necessidades públicas e ativida- de financeira estatal. Para melhor entendimento sobre o tema, será apresentada uma perspectiva histórica sobre os tributos e finanças públicas. E, por fim, serão expostas as noções de despesas públicas, execução do orçamento e responsabilidade fiscal. Bons estudos! 1.1 DIREITO FINANCEIRO E FINANÇAS PÚBLICAS: NOÇÕES INICIAIS FIGURA 1 - PRÉ-COMPREENSÃO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO Nesta unidade, teremos como objeto de estudo a atividade financeira do Estado, vulgarmente chamada de AFE, que compreende os orçamentos, que são destinados ao planejamento do Estado, as despesas, a dívida pública, bem como as diferentes formas dos gastos públicos de forma geral. É necessária uma melhor compreensão do objeto de estudo desta atividade, bem como a interação de seu conjunto com a realidade social, o que acaba por pressu- por o entendimento de elementos essenciais que fazem parte da natureza estrutu- rante da atividade financeira do Estado, assim como do caráter multifacetado dos orçamentos, das despesas públicas, dos tributos e das demais receitas públicas não tributárias. Como já é sabido por todos, os direitos do indivíduo e os bens adquiridos por ele são os meios necessários para a satisfação dos mais diversos desejos e, por que não, dos objetivos de cada um. Cada indivíduo poderá dispor de seus bens da forma que mais lhe convier, ou seja, em moeda corrente nacional ou estrangeira, exigências legais, dentre outros. Venda de imóvel do proprietário para terceiro. Aluguel de veículos a terceiros. Doação. É evidente, então, que o sistema adotado para corroborar as finanças, sejam elas públicas ou privadas, deve compreender os grupos de contas que expressem a reali- dade da atividade da organização, contabilizando os fatos mais importantes para que hajam demonstrativos financeiros que sejam eficientes no controle, bem como na gestão da atividade financeira, de forma a trazer informações plenas e eficientes de acordo com a situação patrimonial e financeira que gerencia a liquidez a curto prazo e o fluxo de caixa necessário ao financiamento das atividades. 22 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Portanto, em termos gerais, visando à compreensão dos elementos constitutivos básicos da análise patrimonial e financeira de determinada organização, pode-se representar o que se deseja alcançar no momento, e por isso passaremos ao entendi- mento das necessidades públicas e da atividade financeira do Estado. Veja, a seguir. 1.1.1 AS NECESSIDADES PÚBLICAS E A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO FIGURA 2 - ATIVIDADE FINANCEIRA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Todo e qualquer indivíduo possui interesses diversos, o que em conjunto passa a ser chamado de necessidades sociais. Nesse sentido, o que resulta da soma das necessi- dades individuais pode ser chamado de demandas coletivas. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO Como exemplo tem-se a necessidade de mais centros de hidratação nos perío- dos em que há grande número de casos de dengue no país. Neste caso, ultra- passada a necessidade individual, gera-se uma demanda coletiva enorme. Sempre haverá necessidades individuais e coletivas. No entanto, o Estado tem limi- tação de recursos para o atendimento das demandas e por isso elege, por meio de processos políticos, quais demandas deverão ser atendidas, quais serão priorizadas, sendo chamadas de necessidade pública. Dessa forma, o Estado tem o dever de realizar algumas demandas coletivas, que ocor- rerão por meio de orçamentos, licitações que satisfarão as necessidades públicas e acabarão, por sua vez, a classificar conjunto de bens e pessoas sob a responsabilidade do Estado. Os serviços públicos, que são instrumentos do Estado para o alcance dos fins a que se propõe, se realizam, atualmente, quase que exclusivamente, por meio da utilização da atividade financeira do Estado. Nesse sentido, ensina Aliomar Baleeiro que: [...] se, em tempos remotos, foi usual, ehoje, excepcionalmente, ainda se verifi- ca a requisição pura e simples daquelas coisas e serviços dos súditos, ou a cola- boração gratuita e honorífica destes nas funções governamentais em verdade, na fase contemporânea, o Estado costuma pagar com dinheiro os bens e o trabalho necessários ao desempenho da sua missão. É o processo da despe- sa pública, que substitui, com vantagem, o da requisição, o da gratuidade de cargos, o do apossamento dos cabedais dos inimigos vencidos, embora de tudo isso ainda perdurem resquícios, notadamente em tempo de guerra. A regra, hoje, é o pagamento em moeda e, por isso, constitui atividade financeira a que o Estado, as províncias e municípios exercem para obter dinheiro e apli- cá-lo ao pagamento de indivíduos e coisas utilizadas na criação e manutenção de vários serviços públicos (BALEEIRO, 2006, p. 3-4). 24 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO No Brasil, o que determina o tipo de necessidade pública que será atendida pela atividade financeira estatal é o processo político democrático. É importante destacar que o Poder Constituinte Originário – aquele que tem o poder de criar ou estabelecer um novo Estado por meio de regras estruturantes e a criação de um novo sistema jurídico constitucional – definiu na Constituição da República do Brasil um objetivo fundamental que é: Art. 3º: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1988). No entanto, para se alcançar tais preceitos, o Poder Público disciplina as relações econômicas e sociais, planeja e executa ações, cujos objetivos, são correspondentes àqueles que foram qualificados como fundamentais pela Constituição da República, que, dentre tantos outros, pode-se destacar: Alto nível de emprego. Estabilidade de preços. Distribuição equitativa da renda. Crescimento econômico. Sendo os principais instrumentos para tal processo político “as políticas fiscal, mone- tária, cambial e comercial, e de rendas” (VASCONCELLOS, 2006, p. 91), todas inte- grantes daquilo que chamamos de atividade financeira do Estado. É inquestionável a relevância de cada um desses tipos de políticas econômicas. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO Dessa forma, a atividade financeira do Estado pode ser definida “como sendo a atua- ção estatal voltada para obter, gerir e aplicar os recursos necessários à consecução das finalidades do Estado que, em última análise, se resumem na realização do bem comum” (HARADA, 2008, p. 4). Já Aliomar Baleeiro adota conceito mais amplo e defi- ne que a “atividade financeira consiste em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu àque- loutras pessoas de direito público” (BALEEIRO, 2006, p. 4). A Constituição da República de 1988 estabelece que compete à União emitir moeda que circulará nacionalmente, através do Banco Central, incluindo a polí- tica monetária dentro da atividade financeira do Estado, ficando claro que a atividade financeira é principalmente instrumental, a qual viabiliza o sucesso das políticas públicas. As atividades financeiras do Estado incluem, em sua maioria, investimentos em seto- res específicos da sociedade que são considerados de suma importância para a plena realização da vida em sociedade e a promoção da dignidade humana de toda a população indistintamente. Dentre os exemplos de atividades financeiras voltadas para a melhoria das condições sociais, têm-se os investimentos em educação, como a melhoria das escolas, universidades, aprimoramento de professores e manutenção das estru- turas físicas das instituições de ensino. Diante do que foi estudado até o momento, deve ter ficado claro que a atividade financeira, a arrecadação de tributos, não constitui a principal e única atividade do 26 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Estado, sendo apenas um meio para que o Poder Público possa exercer suas ativida- des garantindo a plena execução da melhoria das condições de vida da população. A seguir, você estudará a noção das Constituições Tributárias. 1.1.2 BREVE HISTÓRICO DOS TRIBUTOS E DAS FINANÇAS PÚBLICAS Sempre que estudamos história geral, é inquestionável, independentemente do lugar em que se estuda, que os tributos e as finanças públicas sempre tiveram, têm, e muito provavelmente terão influência nas civilizações. Nas descobertas que denotam as primeiras civilizações, os hieróglifos já demonstram acontecimentos que revelam a grande influência dos tributos na época, afinal, atra- vés deles tomamos conhecimento de que os reis teriam trabalhadores que se deti- nham a cobrar tributos dos comerciantes, bem como dos moradores de determina- das terras, para que houvesse segurança territorial, para que não houvesse invasores. Isso reflete um problema crucial, que é a necessidade de recursos para implemen- tação de uma organização mínima e de proteção contra invasores, questão essa que até os dias de hoje nos aflige. Sem ser necessário pensar em civilizações que rodeavam o rio Tigre, e as esfinges, pode-se pensar nos feudos, onde eram cobradas taxas para que o indivíduo se manti- vesse em determinadas terras, cultivando e criando animais para o escambo e a própria subsistência. Visualizando dessa forma, fica claro que a atividade financeira estatal era exercida única e exclusivamente com o intuito de obtenção de numerário para execução das despesas públicas, ou seja, sua finalidade era somente fiscal. Ainda nos dias atuais, deve ficar claro que os tributos, em regra, mesmo quando há intenção exclusiva de obtenção de recursos para os cofres públicos, vão afetar de forma direta os preços de bens e serviços, modificando a alocação dos recursos pelos agentes econômicos. Nesse sentido, o simples fato de os tributos existirem impacta no comportamento individual e coletivo (família) das pessoas, bem como das empre- sas e da sociedade como um todo, motivo pelo qual é inerente à tributação redefinir 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO a alocação dos recursos socialmente disponíveis. É importante salientar que as características da receita do Estado e o perfil atual desta foram delineados de formas diversas no decorrer dos séculos, destacando-se como principais características as extorsões; doações; recolhimento das rendas produzidas; exigência coativa de tributos ou penalidades; empréstimos forçados; e fabricação de dinheiro. 1.2 DESPESA PÚBLICA, A EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO E A RESPONSABILIDADE FISCAL O Estado moderno, a fim de facilitar a forma como exerce suas atividades, gere a arre- cadação, e o uso de seus recursos financeiros instituiu o sistema de despesas públicas – que nada mais é do que o pagamento em espécie – dinheiro – de quaisquer bens ou serviços necessários para a realização das atividades estatais e a promoção do bem comum. Portanto, pode-se dizer que a execução do orçamento público e a responsa- bilidade fiscal são sistemas instituídos para fiscalizar a atividade, as despesas públicas e garantir o bom uso dos recursos financeiros estatais. E, para melhor compreender o que vem a ser a despesa pública, a execução do orçamento público e a responsabili- dade fiscal, serão trabalhados alguns conceitos importantes, tais como: caso gerador, etapas da despesa orçamentária,e a classificação das despesas públicas. 1.2.1 CASO GERADOR Conforme artigo 2º, IV, e parágrafos 1º, 2º e 3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal nº 100, de 2000, pode-se dizer que a receita corrente líquida é o “somatório das recei- tas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos” (BRASIL, 2000), ou seja, é a receita a ser destinada ao pagamento de pessoal. É importante salientar que a influência mútua da despesa com a Receita Pública poderá ser analisada em dois momentos distintos: o primeiro, quando houver elabo- ração do orçamento anual; e o segundo quando da execução orçamentária. 28 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Desde a promulgação da Emenda Constitucional nº 1, de 1969, tanto as Receitas Públicas, que têm seu cumprimento obrigatório e coercitivo, quanto as que são de cumprimento condicionado a determinado fato ou situação (contratação de um serviço ou compra de um bem) não têm como requisito necessário para sua existên- cia – para serem arrecadadas pela Fazenda Pública – a prévia autorização orçamentá- ria, ao contrário das despesas públicas, que estão vinculadas à autorização orçamen- tária – o Estado só pode gastar o que foi autorizado pelo orçamento. Ou seja, o Estado não precisa receber autorização do orçamento público previamente aprovado para que receba toda e qualquer receita tributária que possa vir a surgir, basta que o fato gerador da receita seja cumprido, e surgirá o dever de recolhimento dos valores que formarão a receita pública. Como exemplos de receitas com cumprimento coercitivo, ou seja, de recolhi- mento obrigatório, têm-se os tributos (impostos, taxas, contribuições de melho- ria e empréstimos compulsórios), as multas, as penas de perdimento (confis- co) decorrentes de crime de contrabando, apreensão de armas de criminosos, dentre outros. Já as despesas decorrem de autorização legislativa que deve ser renovada uma vez ao ano, a qual deve fixar o limite de crédito conferido aos executores orçamentários, ou seja, a definição do quanto se gasta decorre de decisão política que deve considerar diversos fatores econômicos, sociais, culturais e históricos que determinam o modelo de atuação do Estado. Portanto, pode-se dizer que as despesas públicas são o instrumento que o Poder Público utiliza para a realização dos serviços que satisfazem as necessidades coletivas que são de responsabilidade do Estado, tais como: saúde, segurança e educação. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO Vale destacar que a realização da despesa do Estado não é um mero procedi- mento parlamentar, pois é importante que tais despesas gerem em torno de si diversos procedimentos legais e complexos, como a licitação de determina- do serviço e/ou produto, o que será classificado dependendo do fundamen- to econômico, como, por exemplo: despesa com salário, despesa com serviço, constituição de provisão, despesa com depreciação, dentre outras. O que se percebe no Brasil e em vários países desenvolvidos é que as despesas esta- tais têm crescido de forma exacerbada com relação ao Produto Interno Bruto, tendo em vista as falhas de mercado que envolvem bens públicos. Nesse caso, demonstrar as diversas classificações que englobam a despesa pública orçamentária é relevante para a explicação das etapas necessárias à sua efetivação. Entenda, a seguir, como se dão essas etapas. 1.2.2 ETAPAS DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA A despesa orçamentária é composta por etapas: empenho, liquidação, pagamento. O empenho é o “ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição” (artigo 58 da Lei nº 4.320/64). No entanto, o artigo 60 da mesma lei veda a efetivação de despe- sa sem prévio empenho, que não pode exceder o limite disponível, porém, em casos de urgência, a possibilidade pode ser corrente à realização da despesa. Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. § 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será dispensada a emissão da nota de empenho. § 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar. § 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento (BRASIL, 1964). 30 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Nos casos em que houver calamidade pública, enquanto esta perdurar, poderá o empenho ter dispensada sua limitação. Para a realização do empenho, é necessária a nota de empenho, que deverá indicar as qualificações do credor, o valor concernente à despesa, a dedução do gasto do saldo existente do limite. Ou seja, ao realizar-se o empenho, já deverá ser desconta- do o saldo da despesa do limite orçamentário, para que o saldo já utilizado não seja novamente empregado em outra despesa: pode-se dizer que o valor em questão torna-se indisponível para nova utilização. No caso de uma instituição pública, o Ministério da Educação, por exemplo, decidir inscrever seus colaboradores em um evento particular voltado para a apresentação de novas tecnologias empregadas na alfabetização de pessoas com deficiência, a Secretaria não pode usar os meios normais de pagamento das inscrições, tais como cartão de crédito, boleto ou dinheiro. Então, para que a empresa que promove o evento possa receber os valores correspondentes às inscrições dos membros da Secretaria de Educação, será emitida uma nota de empenho. Ou seja, uma promessa de pagamento feita pelo órgão público à instituição que promove o evento, e essa nota é emitida como uma forma de garantia para o particular de que o MEC está reservando o dinheiro para ser pago em um momento futuro. Deve ficar claro que, no caso de insuficiência, o saldo em questão pode ser comple- mentado, bem como pode ser anulado de forma parcial ou total, tornando aquele valor novamente disponível. Essa anulação total do empenho pode se dar nos casos em que o evento que deu origem aos valores seja cancelado. Já a anulação parcial se daria quando os valores reservados na nota de empenho excedam os valores das 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO despesas efetivadas; assim, anula-se parcialmente o empenho, de forma que sejam devolvidos aos cofres públicos aqueles valores não utilizados no pagamento das ativi- dades realizadas. Em casos especiais, como as despesas continuadas, que são as despesas de pessoal, sentenças judiciais, juros, encargos sociais, a nota de empenho pode ser dispensada, mas não o empenho em si. Em resumo, quando realizado o empenho da despesa, de forma a reservar e deduzir tal valor, se faz necessária a dotação (quantia) orçamentária assumida como obriga- ção por parte da União. Assim, podemos dizer que: Para que o Ministério da Educação possa pagar a ida de alguns de seus membros a seminários e congressos, é preciso que o empenho esteja discriminado no orçamento do Ministério, a ser aprovado de forma a garantir que a União assu- ma tais valores como obrigação a ser paga no próximo exercício fiscal. Já a liquidação é a entrega do bem e/ou serviço que foi contratado, anteriormente, pelo Estado. Na liquidação ocorre a averiguação do direito que foi adquirido, ou não, através do empenho junto ao Estado. Como exemplos de liquidação têm-se a aferição de contrato, o ajuste ou acor- do respectivo, nota de empenho, comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço, ou seja, títulos e os documentoscomprobatórios do respectivo crédito. Portanto, deve-se entender que essa é a fase em que o Poder Público compara o que 32 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO foi contratado com o que foi realmente entregue, para que haja a regulação da liqui- dação e o crédito seja satisfeito com o pagamento da despesa. Importante ressaltar que, conforme definido na Constituição da República, em seu artigo 70, é exigido mais que a verificação pura e simples das formalidades por parte do credor. Afinal, há imposições contratuais – tais como a conferência detalhada do produto ou serviço fornecido – que devem ser analisadas pela autoridade responsável. Ou seja, é dever daquele que realiza e afere a liquidação identificar se houve, ou não, o cumpri- mento das condições que foram previamente fixadas, determinando se o credor real- mente faz jus ao pagamento. A conferência detalhada e formal do produto e/ou serviço trata-se de algo de extrema importância, pois é através dela que se realiza o correto pagamento às entidades realmente existentes, e é através dela que se evitam fraudes e, conse- quentemente, o pagamento a entes inexistentes. Como exemplo de imposição contratual, podemos citar a verificação na área (in loco) da obra/serviço realizado para a Administração Pública, além do forneci- mento de bens e insumos para órgãos da Administração Pública. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO E é com o estudo desse assunto que entendemos que, se esse tipo de conferência fosse realizado em 100% do empenho, haveria redução do desperdício de recursos públicos. O pagamento versa sobre a entrega dos valores referentes à dívida ao credor, que deve ser realizado através de instituição credenciada, como bancos, podendo ser através de cheque, ordem de pagamento ou crédito em conta, desde que sempre haja documentos processados pela contabilidade. O pagamento pode ser realizado dentro ou fora de determinado exercício financeiro, que são as chamadas dívidas flutuantes, que podem estar divididas em dois grandes grupos: I. Dívidas flutuantes não liquidadas, não processadas, que são caracterizadas pelo inadimplemento da obrigação assumida pelo credor ou pelo não reco- nhecimento da mesma pelo Poder Público, devido ao não cumprimento das condições pré-estabelecidas. II. Despesas empenhadas e liquidadas, que são qualificadas como “processa- das”, ou seja, há o cumprimento da obrigação pelo credor que serão registra- das ao final do exercício. Esses grupos tornam-se importantes para que a administração responsável realize a previsão dos recursos que serão destinados ao pagamento durante um ou outro exercício financeiro. No entanto, aquelas dívidas que já passaram por todo o trâmite da liquidação têm preferência na programação do pagamento no exercício vigente. Caso não haja empenho em época própria, existe a possibilidade de a despesa do exercício ser conhecida somente após o encerramento do ano financeiro, não caben- do denominação de processados ou não processados, mas sim “despesa de exercício anterior”. 34 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO breve resumo até aqui: Quando a despesa é fixada no orçamento, poderá ela ser empenhada até o limi- te máximo da quantia estabelecida, e, uma vez realizado o empenho, podem ocorrer: complementação no caso de insuficiência; anulação no caso de não ser necessário tal gasto ou o excesso dele; liquidação quando forem aprovados os implementos de todas as condições pré-estabelecidas, podendo ou não ocorrer dentro de um mesmo exercício financeiro. E em casos atípicos pode ocorrer o encerramento do exercício sem que a despesa tenha sido devidamente empe- nhada e liquidada. Ocorre que, quando o pagamento é efetuado em exercício financeiro próprio do empenho e da liquidação, não há impacto no exercício financeiro. No entan- to, em sentido inverso, caso não haja pagamento no exercício em questão, esse deverá ser inscrito como “restos a pagar para o período seguinte”, sendo desig- nado como “processado”, caso já liquidado, e “não processado”, na hipótese contrária, alterando o exercício financeiro em vigência. Ainda discutindo sobre os “restos a pagar” não liquidados no exercício anterior, os que são já considerados processados, ou seja, que foram liquidados e entregues, não poderá haver cancelamento, pois há direito adquirido do credor. Por outro lado, o que é considerado não processado, ou seja, não liquidado, pode ser objeto de cance- lamento. 1.2.3 AS DIVERSAS CLASSIFICAÇÕES DA DESPESA PÚBLICA As despesas públicas podem ser classificadas por diversos critérios, visto que a execu- ção da despesa nem sempre causará impacto patrimonial, podendo se falar, então, em despesa com enfoque patrimonial distinto do ponto de vista orçamentário. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO As despesas públicas podem ser classificadas: I. Quanto à sua natureza em face do orçamento. II. Quanto à sua categorização sob o ponto de vista econômico-orçamentário, geralmente denominada de classificação “por natureza”. A despesa quanto à sua natureza em face do orçamento se subdivide em: • Despesas orçamentárias: previstas na LOA – lei elaborada pelo Poder Executi- vo, que estabelece as despesas e as receitas que serão realizadas no próximo ano –, se referem, normalmente, àqueles gastos ocorridos no exercício vigente. • Despesas de caráter extraorçamentário: aquelas que não constam expres- samente no orçamento inicial, mas que de alguma forma devem ocorrer, podendo ser aquelas despesas saídas dos recursos que ingressam de forma transitória nos cofres públicos, sem que haja necessidade de autorização orça- mentária. São os casos das devoluções dos ingressos extraorçamentários. Como exemplos de despesas não orçamentárias, podemos citar os depósitos, fianças e cauções, ou seja, as garantias em geral, que acabam retornando aos cofres públicos. Essas despesas podem também ser aquelas que não necessitam de autorização orça- mentária e são autorizadas de forma genérica nas leis específicas, mas sem previsão de montante específico. Exemplos: pagamento de pessoal, material de consumo. A despesa orçamentária quanto à sua categorização, levando-se em consideração o ponto de vista econômico, pode ser classificada como corrente: destina à manu- tenção dos serviços públicos prestados indireta ou diretamente pela Administração Pública, não alterando, portanto, o patrimônio a que esta vinculada. 36 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Como exemplos de despesas correntes, podemos citar as despesas com inati- vos, pensões, transferências intergovernamentais e os juros da dívida contratada, despesas de custeio da máquina administrativa destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. Já as despesas de capital são aquelas ligadas diretamente ao investimento do setor público e geram uma pequena mutação patrimonial, pois não reduzem o patrimô- nio líquido estipulado. Como exemplos de despesas de capital, podemos citar a aquisição ou consti- tuição de bens de capital, que contribuirão para a produção de novos bens e serviço, obras públicas, serviços em regime de programação especial, equipa- mentos e instalações, material permanente, aquisições de títulos representati- vos e participação em constituição ou aumento de capital de empresas, inver- sões financeiras (despesas de capital capazes de produzir renda para o Estado).37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO CONCLUSÃO As finanças públicas são um fator de extrema importância para o exercício da sobera- nia nacional e para uma boa gestão de Estados que buscam independência financei- ra em relação ao ambiente político e econômico, com o intuito de criar boas condi- ções de vida para os cidadãos que ali vivem. Com esta unidade você entendeu que o Estado, diferentemente dos cidadãos comuns, não tem como obter recursos financeiros em qualquer lugar, na verdade o Estado possui limitações quanto aos seus recursos e, assim, acaba por escolher a quais demandas atender e as que podem ser deixadas para um momento poste- rior. A priorização de determinadas demandas em detrimento de outras configura a necessidade pública. Compreendeu-se que, para atender às necessidades públicas, o Estado se vale de políticas fiscais, monetárias, cambiais, comerciais e de renda, bem como investimen- tos em diversos setores da economia pátria, configurando a chamada atividade finan- ceira do Estado. Você compreendeu que as atividades financeiras do Estado têm raízes nas primeiras civilizações. Todavia, a finalidade dessas atividades alterou-se ao longo dos séculos. As atividades financeiras do Estado deixaram der ser fonte exclusiva de aumento do numerário estatal para se tornarem uma forma de o Estado garantir a execução do bem comum. Ficou claro também que as despesas públicas, o orçamento público e a responsa- bilidade fiscal formam um sistema para a devida execução das atividades estatais visando à garantira do bem comum, e, para tanto, diversos componentes são neces- sários para sua execução, tais como a existência de um caso gerador, o seguimento da ordem das etapas das despesas orçamentárias e quais são os tipos de despesas orçamentárias. Deve ficar claro que tais boas condições são aquelas em que as necessidades indi- viduais e coletivas importam para aquele Estado, permitindo que se estabeleça o desejo de prosseguir com a aventura de se ter necessidades coletivas. Os desa- fios do futuro que se exprimem com algum acerto com a ideia de discrepâncias 38 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO econômico-financeiras impõem às finanças públicas a exigência da sua sustentabili- dade, a qual, além do regresso a finanças públicas de teor clássico, expressas por uma relativa rigidez para garantir a sua própria viabilidade, nos propõe a busca da eficiên- cia institucional bastante para gerar crescimento econômico após o tempo da crise. Para essa tarefa ter algumas perspectivas de êxito, deve ter início agora. Amanhã pode ser tarde. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Explicar o conceito de tributo. > Apontar as noções básicas acerca do poder de tributar. > Definir as noções iniciais sobre a capacidade de tributar do Estado. > Identificar as diferenças entre poder de tributar e capacidade de tributar. > Definir o conceito de sujeição ativa. > Definir as noções de fiscalidade, extrafiscalidade e parafiscalidade. UNIDADE 2 40 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 O PODER E O DIREITO DE TRIBUTAR Esta unidade tem como objetivo apresentar a você como funciona a interação entre o poder estatal e o poder de tributar e, para que tal interação seja mais bem compreen- dida, daremos ênfase no conceito de tributo e nos principais motivos legais e admi- nistrativos para a criação e instituição dos tributos. Passaremos, então, a determinar como o Estado exerce seu poder de tributar, assim como seu poder estatal – o seu poder de gestão – destacando as diferenças entre ambos. Apresentaremos também as noções básicas sobre o que vem a ser a capacidade de tributar, um elemento fundamental para a gestão pública e que se mostra algo dife- rente do chamado poder de tributar. Abordaremos também o conceito de sujeição ativa, situação ligada diretamente à capacidade que os entes políticos têm de impor tributos à sociedade. Também, serão estudados os principais pontos sobre a fiscalidade, extrafiscalida- de e a parafiscalidade que são institutos diferentes e de grande importância para a compreensão do Direito Tributário. Bons estudos! INTRODUÇÃO DA UNIDADE O Estado tem o direito de cobrar tributos daqueles que nele vivem; no entanto, você entenderá quais são as limitações quanto a este direito. O poder que o Estado tem de tributar deve se dar a partir do respeito aos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, para assim constituir uma vida digna a todos. O Estado tem como principal objetivo atender às necessidades coletivas e individuais dos cidadãos, mas, para o cumprimento do exercício de garantir o bem comum, ele deve arrecadar tributos e, para isso, é necessária a instituição de destes para a obten- ção dos meios para este fim. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO Deve-se salientar que os tributos não foram criados pela Constituição da República, pois esta somente distribui competências para que a União, Estados, Distrito Fede- ral e municípios. Estes criam seus tributos por meio de leis que deverão descrever os elementos essenciais de cada tributo. Como dito anteriormente, a Constituição da República não define os tributos; no entanto, os limitam proibindo os entes políticos de praticarem determinados atos com o intuito de evitar que os cidadãos sejam lesados de alguma maneira. Assim sendo, nesta unidade você entenderá melhor sobre o poder estatal e o poder de tributar. Bons estudos! 2.1 PODER DE TRIBUTAR: NOÇÕES INICIAIS Antes de entender o que vem a ser o poder de tributar do Estado, é necessário que se conheça o que vem a ser um tributo. Pode-se dizer que o tributo é um instituto jurídico, pois é algo que foi criado e necessita do Direito – leis e decretos legais – para ser criado, para continuar existindo e para ser extinto. O nosso Código Tributário Nacional, em seu artigo terceiro, define tributo como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966). Desse modo, do texto do CTN, extrai-se o conceito de tributo como sendo um insti- tuto jurídico que se configura como uma obrigação que deve ser paga em dinheiro ou bens, tendo sua obrigatoriedade instituída por lei, que não tem como finalidade punir a população ou as empresas, mas um dever que surge da necessidade de se 42 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO viver em uma sociedade organizada e cuja cobrança está diretamente vinculada à atuação dos agentes públicos. Agora que esclarecemos o que vem a ser tributo e, antes de falarmos sobre o que vem a ser o poder de tributar, uma importante pergunta deve ser feita: você sabe o que é poder? No Direito, pode-se dizer que poder e força são a mesma coisa? Pode-se dizer que o poder se originou com o surgimento da família como instituição, antes mesmo do surgimento das primeiras noções de Estado, e, nas palavras do filó- sofo suíço Jean-Jacques Rousseau, “a mais antiga de todas as sociedades e a única natural é a da família” (ROUSSEAU, 2001, p. 11), sendo esta uma forma de poder predominante até mesmo depois do surgimento do Estado. Deve ser relembradoque, nos primórdios familiares, como no Direito Romano, o homem só tinha direitos quando era cidadão romano, livre e independente de poder familiar de outrem e, diante dessa teoria, Rousseau afirmava que “como os homens não podem engendrar novas forças, eles não têm outro meio para se manter, senão formando uma associação, por agregação de uma somatória de forças” (AMENDOLA- RA, 2012, p.25). Diante disso, começou a haver transferência de forças, ou seja, começaram a surgir poderes soberanos, como de reis, príncipes, porém estes não podiam agir da forma que melhor entendessem, tendo em vista as normas de conduta específicas que eram conhecidas e aceitas pela sociedade em geral e foi, a partir desse contexto, que surgiram as leis. No entanto, deve ficar claro que força e poder são institutos diferentes, pois a força está ligada ao elemento coercitivo do poder, pois os quem têm poder são capazes de impor sua vontade a terceiros. Porém, o simples uso da força não deve ser confundido com o exercício do poder, na medida em que pode se tratar apenas de puro ato de violência. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO Um assaltante que ameaça sua vítima com uma arma de fogo e ordena que ela lhe entregue seu celular pratica um ato coativo, mediante a utilização de sua força. Porém, esse ato não é um exercício de poder propriamente dito, pois ele pode gerar obediência, mas não gera dever. Já o poder gera obrigação exatamente porque envolve um artefato além da pura força, que nada mais é que a autoridade, que é um elemento normativo, que deriva de uma regra que confere a uma determinada pessoa a possibilidade de impor deve- res a outras pessoas. Assim, o exercício do poder é o exercício de uma autoridade constituída normativamente. Quando um gerente de uma empresa delega funções a outro funcionário, mas sem que este tenha que ter medo pelo outro, tem-se o exercício da autoridade. Voltando ao assunto da evolução de regras das sociedades para as leis, deve ficar claro que essas regras não mudaram da noite para o dia, mas vêm de um longo cami- nho até chegarmos onde estamos hoje, o que é muito, mas não é tudo, quanto mais perfeito. Afinal, o poder dos reis e príncipes, bem como de todas as classes soberanas, era conferido de forma tirana, ou seja, chegava à beira da crueldade e, por isso, foi neces- sário que os mais sábios e poderosos controlassem o poder, e a melhor forma de se fazer tal controle era dividindo-o para depois somar, ou seja, o poder seria dividido para que não houvesse detenção de poder sob uma única pessoa de forma abso- luta, mas ao mesmo tempo, deveriam ser somados os esforços para que as forças 44 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO individuais prevalecessem e consequentemente obtivessem uma maior abrangência de poder, bem como de direito. Montesquieu foi o precursor da doutrina que definiu os controles de poder, pois, para ele, o poder deveria ser tripartido entre os seguintes poderes: Assembleia, Poder Executivo e o terceiro controle de poder, que hoje é denominado como Judiciário. A Assembleia deveria ser eleita pelo povo, sendo o local onde as leis são elabora- das; o Poder Executivo, onde as leis elaboradas pela Assembleia são executadas; e o terceiro controle de poder, que julga os conflitos das sociedades de forma a seguir as leis. Dessa forma, cabe ressaltar que os três Poderes deveriam ser harmônicos e independentes entre si, ou seja, apesar do caráter independente, eles não seriam completamente distintos uns dos outros, tendo em vista que eles são correlaciona- dos. Entende-se que um começa onde o outro termina, como se fossem uma única linha, portanto um poder depende diretamente do outro. Passada a fase das noções iniciais, passaremos ao entendimento da relação entre o poder de tributar e o poder estatal. 2.2 O PODER DE TRIBUTAR X O PODER ESTATAL O poder estatal se dá das mais diversas formas, podendo ser: • Poder judicante. • Poder legiferante. • Poder de polícia (por meio do qual se manifesta o intervencionismo na ordem econômico-social e na propriedade). • Poder de punir e • Poder tributário. Entenda cada um dos poderes a seguir. I. O poder judicante refere-se à assistência jurisdicional aos litigantes, no meio Judiciário, para que as partes tenham real acesso a seus direitos. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO É o caso de uma pessoa que em sua defesa acusa um terceiro de má-fé, quando este terceiro já havia solicitado defesa judicial, para se proteger de uma ofensa moral realizada pelo autor. Já o poder de polícia diz respeito à faculdade que o Estado tem de limitar, o exercício dos direitos individuais, ou seja, é conferido ao Estado o poder de controle para que os interesses coletivos se sobreponham aos interesses individuais. Como, por exem- plo, o direito à propriedade e até mesmo à liberdade. Quando você entra no seu carro para dirigir, uma norma o obriga a colocar o cinto de segurança, outra a dirigir devagar perto das escolas, uma terceira a parar no sinal vermelho. Quando você quer abrir uma loja, precisa antes de um alvará em que a Prefei- tura de sua cidade lhe permite exercer o comércio. Há também que se falar no poder legiferante que é a capacidade que o Poder Legis- lativo detém para a criação de leis, ou seja, nada mais é que a função adquirida para criar leis. 46 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO As pessoas tendem a pensar que em uma cidade somente o prefeito é quem trabalha e quem faz tudo. Entretanto, o prefeito na verdade somente execu- ta o que a Câmara de Vereadores “ordena”, ou autoriza, ou seja, a prefeitura, por exemplo, deve sempre pedir autorizações à Câmara da cidade, ficando em sua maioria à mercê de uma aprovação ou não para execução dos seus projetos. O poder de punir pode ser definido como: O crime é a violação de um bem juridicamente tutelado que afeta as condi- ções da vida social, pelo que é imperativo do bem comum a restauração da ordem jurídica que com o delito foi atingida. Se o Estado tutela um bem jurí- dico em função do interesse social, cumpre-lhe reagir contra quem viola esse bem que a ordem jurídica ampara. [...] Surge assim o direito de punir, o qual nada mais traduz que o direito que tem o Estado de aplicar a pena comi- nada no preceito secundário da norma penal incriminadora, contra quem praticou a ação ou omissão descrita no preceito primário, causando um dano ou lesão jurídica, de maneira reprovável. Abolida que está a vingança privada, a sanção penal é hoje monopólio do Estado, pois o Direito Penal tem uma função pública, achando-se fora de seu âmbito qualquer forma de repressão privada. Só o Estado, portanto, tem o poder de punir. O particular pode vingar- -se de seu ofensor, reagir contra ele, nunca, porém, exercer a sanctio juris. Nem na legítima defesa (na qual é legalmente autorizado a defender-se, e não a aplicar sanções), nem nos crimes de queixa privada (em que apenas existe um fenômeno de substituição processual), pode encontrar-se exceção ao princí- pio enunciado (MARQUES, 1997, p. 23-24). Portanto, deve ficar claro que o Estado é a única entidade que realmente tem poder soberano, sendo então o titular exclusivo do direito de punir. No entanto, este é um poder genérico, pois não é dirigido especificamente contra determinada pessoa, mas sim à coletividade como um todo. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIOQuando se presta queixa quanto ao crime de calúnia (CP, art. 140) estaria o particular exercendo seu direito de punir? A resposta é não. Tendo em vista que a queixa é apenas a petição inicial do processo penal, isto é, apenas o inicia: o julgamento e a eventual punição são sempre dados pelo estado. Agora, o poder que mais tem a ver com o estudo da presente unidade que é o poder de tributar que é exercido pelo Estado, tendo em vista que a Constituição da Repúbli- ca cria juridicamente o Estado, determinando assim sua estrutura básica e instituin- do a ele poderes, competências, bem como direitos e garantias aos indivíduos, seja de forma coletiva ou até mesmo individual. A tributação é essencial aos interesses Estatais, para que haja aferimento de receitas que são necessárias à realização de seus fins. No entanto, resta salientar que o poder Estatal é tão grande que deve ser disciplinado e contido em prol da segurança dos cidadãos. A Constituição da República institui o poder de tributar, mas também o reparte entre as pessoas políticas que coexistem dentro do estado brasileiro. Pode-se entender um pouco melhor ao analisar o artigo 25 da carta maior: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os servi- ços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metro- politanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupa- mentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum (BRASIL, 1988). 48 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Tal artigo deixa claro a essência do Estado Federal, assim como determina a forma de distribuição de competências entre os entes estatais que o compõem. No Direi- to Tributário, a União, os Estados e municípios serão autônomos para instituir suas próprias regras de tributação, tendo em vista que cada qual tem regras próprias para a constituição de suas leis complementares. Dessa forma, a autonomia do Estado é inerente à forma federal e deve ser expressa da seguinte maneira: a) a ordem jurídica interna, que somente vale nos limites territoriais de cada Estado, nasce e decorre da vontade do povo membro da comunidade esta- dual; b) os limites e a extensão dessa autonomia materializam-se nas competências reservadas, que não sejam expressamente vedadas na Constituição Federal ou não contrariem os princípios nela dispostos (NUNES, 2019, p.1). O poder de tributar é executado de forma rigorosa, pois há o seu caráter impositivo em contraposição à liberdade individual dos cidadãos. No entanto, o Estado tem o dever de impor determinadas normas para que seja garantido o bem comum. Em contrapartida, o Estado não pode cometer atos de forma arbitrária, bem como desvios, tendo em vista que o patrimônio do contribuinte deve ser protegido contra os excessos estatais, tendo este que quitar os tributos de acordo com a sua real capa- cidade econômica, sem a utilização de planejamentos tributários abusivos, ou seja, a relação jurídica tributária compila muitos direitos e deveres para as partes envolvidas Estado e cidadãos. Já estudados esses conceitos iniciais, entenda um pouco mais sobre o poder estatal de tributar. 2.3 CAPACIDADE DE TRIBUTAR E SUJEIÇÃO ATIVA O artigo 119 do Código Tributário Nacional, vulgarmente chamado de CTN, dispõe sobre a sujeição ativa, aduzindo que “sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento”; portanto, o que se entende com o referido artigo é que a competência e a capacidade de tribu- tar devem ser formadoras de um mesmo núcleo, fazendo com que o órgão cobrador 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO que institui tal tributo exerça todas as funções provenientes daquele tributo, como execução das leis, serviços atos administrativos, fiscalização e arrecadação. O CTN em seu parágrafo 2º, artigo 7º, nos diz que Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. (BRASIL, 1996). Esse artigo, de maneira geral, vem afirmar que a capacidade tributária ativa pode ser revogada, desde que de forma expressa, podendo ocorrer de forma unilateral e a qualquer tempo. Doutrinariamente falando, a tese mais utilizada é de que somente os entes políticos que têm competência para instituir tributos são também os que têm capacidade tributária ativa. No entanto, apesar de a doutrina concordar que quem tem capacidade ativa é quem tem competência para instituir os tributos, há correntes que defendem que “somen- te as entidades públicas, dotadas de Poder Legislativo [...] é que podem ser sujeitos ativos de obrigações tributárias”, conforme defendido por Rubens Gomes de Souza (1975, p. 89). Porém, entre tantas outras teorias, Hugo de Brito Machado (2012, p. 122-123) aduz que “só as pessoas jurídicas de direito público podem ser sujeitos ativos da obrigação tributária”, ou seja, ele amplia a capacidade tributária ativa, pois em sua explanação deixa claro que todas as entidades políticas de direito público, além das autarquias e das fundações públicas, têm capacidade para tributar. Além das citadas doutrinas, há uma que abrange melhor o que prevê o inciso IV do artigo 8º da Constituição da República: 50 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederati- vo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei (BRASIL, 1988). Segundo Luciano Amaro (2005, p.292-293), o ente público que institui o tributo é o sujeito ativo da relação tributária; no entanto, o autor admite exceções como as chamadas contribuições parafiscais. Portanto, “uma coisa é a competência tributária (aptidão para instituir o tributo) e a outra é a capacidade tributária (aptidão para ser titular do polo ativo da obrigação)”. O autor também, afirma que a assimilação do sujeito ativo da obrigação tributária “deve ser buscada no liame jurídico em que a obrigação se traduz, e não na titularida- de da competência para instituir o tributo” (AMARO, 2005, p.292-293); portanto, essa é a teoria que mais abrange o que é a Constituição da República nos ensina. Apresentados os conceitos iniciais veja um pouco mais no Direito Tributário estudan- do os conceitos de fiscalidade, extrafiscalidade e a parafiscalidade. 2.4 FISCALIDADE, EXTRAFISCALIDADE E PARAFISCALIDADE Importante frisar que a fiscalidade, a extrafiscalidade e a parafiscalidade muitas vezes são confundidas; no entanto, é de suma importância compreender que a fiscalidade e extrafiscalidade são relativos à competência tributária, que é o poder de tributar do ente federativo; já a parafiscalidade incide sobre a capacidade tributáriaativa, que é a atividade de arrecadar e fiscalizar tributos. Veja os conceitos de cada uma das espé- cies em questão. Para o conceito de fiscalidade, Regina Helena Costa (2012, p.53), em seus ensinamen- tos aduz que a “fiscalidade traduz a exigência de tributos com o objetivo de abasteci- mento dos cofres públicos, sem que outros interesses interfiram no direcionamento da atividade impositiva”, ou seja, é a ferramenta onde os tributos têm como principal função arrecadar subsídios para os cofres públicos, pois o Estado visa à obtenção de dinheiro com o objetivo de cumprir seus deveres legais, sejam eles constitucionais ou contratuais. 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO Imposto fiscais ou de finalidades fiscais, quando visam apenas a obten- ção de receitas públicas para fazer face as despesas do Estado. Tais impos- tos possuem uma função meramente fiscal. Exclusivamente financeira. Qual seja, a de possibilitar receitas. A primeira razão de todo sistema tributário é a finalidade fiscal dos tributos, ou melhor, é proporcionar ao Estado os recursos financeiros indispensáveis para o cumprimento de suas atividades (MORAES, 1993, p. 441-442). Diante dos conceitos elucidados, pode-se, então, dizer que a fiscalidade significa enxergar o tributo, pura e simplesmente, como instrumento de arrecadação, gera- ção de receita. Como exemplos de fiscalidade, temos: Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ). Já a extrafiscalidade, é o instrumento tributário utilizado para que o órgão responsá- vel possa de forma não arrecadatória, mas, sim, de forma incentivadora ou até mesmo inibitória de comportamentos, arrecade para os cofres públicos. Da mesma maneira, pode-se dizer que Extrafiscalidade é o emprego dos meios tributários para fins não fiscais, mas ordinatórios. Disciplina comportamentos de contribuintes quando a estrutura do tributo visa a situações sociais, políticas ou econômicas, objetivos alheios aos meramente arrecadatório (SABBAG, 2012, p.276). Assim sendo, o tributo extrafiscal visa diretamente à sociedade e à economia em geral. Portanto, não quer dizer que o estado não irá arrecadar, mas que a principal função daquele tributo é social e/ou econômica. 52 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Alíquota zero de IPI para o carro, para a linha branca, por exemplo, quer dizer que a não utilização de tal tributo intervenha diretamente na econo- mia, fazendo com que o repasse da União aos municípios caia. Assim como o aumento dos tributos sobre o cigarro, tendo em vista que o cigarro é preju- dicial à saúde. Nesse caso, a visão do órgão cobrador é a sociedade, fazendo com que as pessoas parem de fumar. Portanto, percebe-se que, em nenhum momento, o Estado fica sem arrecadar tribu- tos, mas entende-se que há determinados objetivos além da arrecadação em si. Dessa forma, fica claro que os tributos extrafiscais têm características pareci- das com o poder de polícia, pois visam limitar o exercício dos direitos indivi- duais em prol do coletivo, tentando, dessa forma, fazer com que as condutas particulares se regulem com o interesse público. A parafiscalidade diferentemente dos dois conceitos anteriores não tem relação com a competência tributária, que é o poder conferido pela Constituição da República aos entes políticos para a instituição de tributos, mas sim com a capacidade tributária ativa que é atividade de arrecadar e fiscalizar tributos. Tem como principais carac- terísticas o fato de ser delegável a outras pessoas jurídicas de Direito Público (autar- quias profissionais), transferível para outra entidade política e frágil, pois sua delega- ção pode ser revogada a qualquer tempo. Dessa forma, pode-se dizer que o tributo parafiscal é aquele direcionado para forne- cer contribuições às entidades específicas que, na maioria das vezes, são entidades privadas, mas com conotação social ou de interesse público. 53 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO As contribuições, dependendo de suas particularidades, podem estar inseri- das no âmbito da parafiscalidade. A contribuição será parafiscal se for devida a entidades paraestatais, em função de atividades especiais por elas desem- penhadas. Nota-se, todavia, que as contribuições, hodiernamente, revestem- -se de características peculiares, o que torna difícil o enquadramento preciso na rubrica “parafiscais”. Daí se utilizar, em alguns casos, o vocábulo “especiais”, que determina abrangência mais expressiva (SABBAG, 2017, p. 67). Diante de tais conceitos, fica claro que a parafiscalidade é um importante mecanis- mo de controle da economia do país, pois visa ajudar as entidades paraestatais na arrecadação de recursos para o custeio de atividades. Dessa forma, temos como exemplos de tributos para fiscais: Contribuição de Anuidade - CREA, OAB, CRM, CRO, CRF, etc. Contribuição Sindical. Tributos estes que criam finanças paralelas, pois a arrecadação é destinada para o orçamento delas próprias. Ultrapassadas essas noções importantes para a compreensão do Direito Tributário, se é sabido que a complementação do tema é de grande importância para um melhor entendimento do assunto tão vasto dentro dos ramos do Direito, assim, extrapolar estas linhas, buscar novas informações, explicações mais detalhadas e pormenoriza- das é de fundamental importância. 54 Direito tributário FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO BIBLIOGRAFIA COMENTADA No Direito Tributário, assim como em quaisquer outros ramos do Direito, temos autores consagrados que devem ser estudados, e, por isso, nesta unidade sugerimos o estudo da obra de Vasconcellos e Garcia Fundamentos de economia. O livro aborda uma expla- nação, com grande riqueza de detalhes, nos capítulos 2 e 3, sobre economia e finanças públicas, bem como a relação entre a Economia e o Direito. Com o estudo dos capítulos citados, você terá um conhecimento mais amplo e mais conceituado acerca do assunto abordado nos tópicos desta unidade. Veja a seguir algumas indicações de obras que complementarão seu conhecimento sobre os assuntos abordados na disciplina. • SABBAG, Eduardo de Moraes, com o livro Direito Tributário Essencial. 5. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. O livro aborda, com grande riqueza de detalhes, os conceitos acerca do assunto tribu- tação. No capítulo 1 do livro, principalmente o tópico 1.1 e 1.2, tem-se uma breve introdução sobre o tema, bem como uma apresentação das limitações constitucio- nais ao poder de tributar. No capítulo 4, tópico 4.5 e seus subtópicos, abordam-se as contribuições com maior profundidade agregando maior conhecimento. 55 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Direito tributário SUMÁRIO CONCLUSÃO Após tudo que foi discutido na presente unidade e, considerando que os tributos visam à forma com que os entes políticos possuam para arrecadar recursos para que o Estado possa pagar as despesas necessárias à realização das suas finalidades, pode- -se dizer que a competência tributária só é atribuída aos entes federados, uma vez que os tributos devem ser destinados, exclusivamente para fins públicos, tendo em vista que o Estado deve manter a sociedade de forma digna. Nesta unidade, foram apresentados os diversos conceitos iniciais do Direito Tributá- rio que são de grande importância a presente disciplina. Você estudou o poder de tributar com suas noções iniciais, para posteriormente contrastar com a atuação
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