Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SUMÁRIO CARTA AO FUTURO CUIDADOR E ALUNO POR QUE SER UM CUIDADOR CERTIFICADO? _Toc507393178 MÓDULO I–ASPECTOS BIOLÓGICOS, PSICOLÓGICOS E SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO ........................................ 8 OS 5 PILARES DO CUIDADOR DE IDOSO .................................................................................................................... 9 O QUE É GERIATRIA? .............................................................................................................................................. 11 O QUE É GERONTOLOGIA? ..................................................................................................................................... 11 ENVELHECIMENTO: O NOVO LADO DO ENVELHECIMENTO .................................................................................... 12 COMO SE ENVELHECE FISICAMENTE? .................................................................................................................... 16 ALTERAÇÕES BIOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS NO IDOSO ............................................................................................ 17 ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO E NA FORMA DO CORPO ..................................................................................... 17 ALTERAÇÃO NO SISTEMA ÓSSEO ................................................................................................................... 18 ALTERAÇÕES NO SISTEMA NERVOSO .............................................................................................................. 18 ALTERAÇÕES CARDIO-RESPIRATÓRIAS ............................................................................................................ 18 FATORES QUE MELHORAM O ENVELHECIMENTO .................................................................................................. 18 CAPACIDADE DE DESEMPENHO DA PESSOA IDOSA EM SUAS ATIVIDADES DO DIA A DIA ........................................ 20 O CUIDADOR DE IDOSOS ........................................................................................................................................ 21 HABILIDADES DO CUIDADOR DE IDOSOS ................................................................................................................ 23 HABILIDADES BÁSICAS ............................................................................................................................... 23 HABILIDADES ESPECÍFICAS DO CUIDADOR ....................................................................................................... 23 O QUE É RESPONSABILIDADE DO CUIDADOR? ........................................................................................................ 24 RESPONSABILIDADE DA FUNÇÃO ................................................................................................................... 24 CUIDAR DA PESSOA ................................................................................................................................... 24 PROMOVER O BEM-ESTAR DO IDOSO ............................................................................................................ 24 CUIDAR DA ALIMENTAÇÃO DO IDOSO ............................................................................................................ 25 CUIDAR DA SAÚDE DO IDOSO ...................................................................................................................... 25 CUIDAR DO AMBIENTE DOMICILIAR E INSTITUCIONAL ........................................................................................ 25 INCENTIVAR A CULTURA E A EDUCAÇÃO DO IDOSO ........................................................................................... 26 QUAIS AS COMPETENCIAS DO CUIDADOR? ............................................................................................................ 26 SAÚDE E HIGIENE PESSOAL DO CUIDADOR DE IDOSOS ........................................................................................... 27 SAÚDE ................................................................................................................................................... 27 IMUNIZAÇÃO ........................................................................................................................................... 27 HIGIENE PESSOAL ..................................................................................................................................... 28 COMO LIDAR COM O LADO PSICOLÓGICO E EMOCIONAL DO ENVELHECIMENTO .................................................. 28 COMO CONVIVER COM A FAMÍLIA DO IDOSO? ...................................................................................................... 31 CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA CONSTRUIR UMA RELAÇÃO DE AJUDA ....................................................... 33 CAPACIDADE DE ESCUTA ............................................................................................................................. 33 ESCUTAS QUE NÃO AJUDAM ........................................................................................................................ 34 CAPACIDADE DE CLARIFICAR ........................................................................................................................ 34 CAPACIDADE DE RESPEITAR-SE E DE RESPEITAR O IDOSO ..................................................................................... 35 CAPACIDADE DE SER CONGRUENTE ............................................................................................................... 37 CAPACIDADE DE SER EMPÁTICO .................................................................................................................... 37 CAPACIDADE DE CONFRONTAÇÃO ................................................................................................................. 38 QUANDO A RELAÇÃO NÃO É DE AJUDA ........................................................................................................... 39 MÓDULO II – CIDADANIA E ASPECTOS ÉTICOS ....................................................................................................... 41 ÉTICA E POSTURA PROFISSIONAL ........................................................................................................................... 42 O QUE É ÉTICA? .................................................................................................................................... 42 SOCIEDADE ............................................................................................................................................. 42 ÉTICA PROFISSIONAL .............................................................................................................................................. 43 O QUE É POSTURA PROFISSIONAL? ................................................................................................................ 44 ÉTICA NO CUIDAR HUMANIZADO ........................................................................................................................... 45 MAUS TRATOS – VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO ................................................................................................ 46 CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES – CBO ............................................................................................... 49 TÍTULO 5162-10 – CUIDADOR DE IDOSOS .............................................................................................................. 50 CONCEITUAÇÃO: ENTENDENDO MELHOR CADA TRABALHO .................................................................................. 50 LEGISLAÇÃO ........................................................................................................................................................... 52 MÓDULO III – DOENÇAS E DISTÚRBIOS MAIS FREQUENTES E CUIDADOS ESPECÍFICOS .......................................... 58 DOENÇAS NA TERCEIRA IDADE ...............................................................................................................................59 DOENÇA DE PARKISON ........................................................................................................................................... 59 OS SINTOMAS INCLUEM: ............................................................................................................................ 59 DOENÇA DE ALZHEIMER ......................................................................................................................................... 61 ARTROSE ................................................................................................................................................................ 63 SINTOMAS .............................................................................................................................................. 63 A PELE DO IDOSO ................................................................................................................................................... 64 DOENÇAS DA PELE DO IDOSO ...................................................................................................................... 64 CUIDADOS COM A PELE DO IDOSO ................................................................................................................ 64 DOENÇAS CARDIOVASCULARES .............................................................................................................................. 82 INFARTO ................................................................................................................................................................ 82 SINTOMAS DE INFARTO .............................................................................................................................. 82 ANGINA .................................................................................................................................................................. 83 FATORES DE RISCO .................................................................................................................................... 83 O QUE É ANGINA INSTÁVEL? ....................................................................................................................... 84 CAUSAS.................................................................................................................................................. 84 FATORES DE RISCO .................................................................................................................................... 85 OS DEMAIS SINTOMAS INCLUEM: ................................................................................................................. 85 CAUSAS.................................................................................................................................................. 86 SINTOMAS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ......................................................................................................... 86 DERRAMES (ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO – AVE E AVC ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL) ............................. 87 PNEUMONIA .......................................................................................................................................................... 89 ENFISEMA PULMONAR ........................................................................................................................................... 89 SINAIS E SINTOMAS DE ENFISEMA PULMONAR .................................................................................................. 90 BRONQUITE CRÔNICA ............................................................................................................................................ 90 O QUE É A NEBULIZAÇÃO? ..................................................................................................................................... 90 COMO FAZER ........................................................................................................................................... 91 INFECÇÃO URINÁRIA .............................................................................................................................................. 92 CAUSAS.................................................................................................................................................. 92 CUIDADOS QUE PODEMOS TER EM CASA ........................................................................................................ 97 RESPIRAÇÃO ........................................................................................................................................................... 97 FREQUÊNCIA ........................................................................................................................................... 98 ALTERAÇÕES DA RESPIRAÇÃO ...................................................................................................................... 98 MÓDULO IV – CUIDADOS GERAIS ........................................................................................................................... 99 CUIDADOS ESPECIAIS COM O IDOSO .................................................................................................................... 100 AGENDA DO IDOSO .............................................................................................................................................. 101 PASSAGEM DE PLANTÃO ...................................................................................................................................... 102 OBJETIVOS: ........................................................................................................................................... 103 PROBLEMAS DA PASSAGEM DE PLANTÃO: .................................................................................................... 103 COMO DEVE SER: ................................................................................................................................... 103 ATENTAR PARA VACINAÇÃO ................................................................................................................................. 104 SAÚDE BUCAL ...................................................................................................................................................... 106 COMO POSSO MANTER UMA BOA SAÚDE BUCAL NA TERCEIRA IDADE? ................................................................. 106 O CUIDADO COM A DENTADURA ................................................................................................................. 107 O QUE MUDA COM O ENVELHECIMENTO NA BOCA? ........................................................................................ 107 QUAIS OS PROBLEMAS MAIS COMUNS? ....................................................................................................... 108 ALIMENTAÇÃO ..................................................................................................................................................... 111 FUNÇÕES DOS ALIMENTOS .................................................................................................................................. 113 DIETAS: .............................................................................................................................................. 118 A NUTRIÇÃO POR GASTROSTOMIA OU SONDA NASOGÁTRICA ............................................................................. 120 LAVAGEM DAS MÃOS ........................................................................................................................................... 121 POR QUE LAVAR AS MÃOS? ....................................................................................................................... 121 QUANDO LAVAR AS MÃOS? .......................................................................................................................121 HIGIENE CORPORAL ............................................................................................................................................. 123 TIPOS DE BANHO .................................................................................................................................... 123 PREVENÇÃO DE ACIDENTES ................................................................................................................................. 124 ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ................................................................................................................. 129 COMO ADMINISTRAR CORRETAMENTE AS MEDICAÇÕES? ................................................................................ 129 COMO E QUANDO OS MEDICAMENTOS DEVEM SER TOMADOS? ......................................................................... 130 COMO TOMAR MEDICAMENTOS POR VIA ORAL .............................................................................................. 131 MÓDULO V – PRIMEIROS SOCORROS ................................................................................................................... 133 PREVENÇÃO DE BRONCO ASPIRAÇÃO .................................................................................................................. 134 DESMAIO ............................................................................................................................................................. 134 CARACTERÍSTICAS: .................................................................................................................................. 134 SOCORRO: ............................................................................................................................................ 134 HEMORRAGIAS ..................................................................................................................................................... 135 CARACTERÍSTICAS: .................................................................................................................................. 135 SOCORRO: ............................................................................................................................................ 135 CORPO ESTRANHO ............................................................................................................................................... 135 MOBILIDADE DO IDOSO ....................................................................................................................................... 137 DEFINIÇÃO BÁSICA DE MOBILIDADE ............................................................................................................. 137 MOBILIDADE É ESSENCIAL PARA A REALIZAÇÃO DAS AVDS ................................................................................ 137 A PERDA DA MOBILIDADE OCORRE DE FORMA GRADATIVA E DISCRETA ................................................................. 137 MOBILIDADE E ENVELHECIMENTO FISIOLÓGICO .............................................................................................. 138 TRANSFERÊNCIAS POSTURAIS NO IDOSO ....................................................................................................... 138 MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DO IDOSO .................................................................................................. 138 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 140 9 MÓDULO I–Aspectos Biológicos, Psicológicos e Sociais do Envelhecimento OS 5 PILARES DO CUIDADOR DE IDOSO 1º Pilar: Humanidade Para ser um bom profissional tem que primeiro conhecer a si mesmo, a sua história. É quando acessa o seu potencial infinito. Se conhecendo, você busca conhecer seu semelhante, sua personalidade, seu comportamento, suas limitações, enfim todo processo de mudança de cada pessoa. Agindo assim, você passa a fazer parte dos profissionais que buscam constantemente melhoria na aprendizagem, na autotransformação, se tornando exemplo e modelo de cuidador de idoso. 2º Pilar: Métodos Criar situações que lhe tragam feedback, lição de vida e valores como: • Estimular o gosto pela música, dança e esporte; • Selecionar jornais, livros e revistas, de acordo com a idade e interesse; 10 • Acompanhar e apoiar projetos de seu interesse; • Fazer jogos que estimulem a memória, como dominó, mímica, etc. 3º Pilar: Técnicas • Estimular a autoestima e autorrealização para se ter um envelhecimento bem-sucedido conservando-se íntegro física e psicologicamente; • Fazer com que se sinta bonito e que sua presença cause algum tipo de reação aos que o cercam, fazendo com que se sinta feliz; Um idoso, por ser mais seletivo em seus relacionamentos, procura ser por deveras mais amigo, demostrando confiança 4º Pilar: Competência Competência é um potencial disponível para enfrentar os desafios futuros. Competência é tomar a iniciativa e assumir a responsabilidade diante das situações profissionais com as quais nos deparamos. Consiste em um entendimento prático de situações, que se apoia em conhecimentos adquiridos e os transforma à medida que aumenta a diversidade de situações. Exemplos de competências do cuidador de idoso: manter capacidade e preparo físico, emocional e espiritual, cuidar da sua aparência e higiene pessoal, demonstrar educação e boas maneiras entre outras. 5º Pilar: Direitos e Deveres DIREITOS Trabalhar com dignidade sendo sempre respeitado, com direito a alimentação e ambiente de trabalho agradável. DEVERES Promover o bem-estar do idoso com prioridade zelando pelo seu processo de envelhecimento nos seus aspectos biopsíquico e social. 11 O QUE É GERIATRIA? É a especialidade médica que se integra na área da Gerontologia com o instrumental específico para atender aos objetivos da promoção da saúde, da prevenção e do tratamento das doenças, da reabilitação funcional e dos cuidados paliativos. Abrange desde a promoção de um envelhecer saudável até o tratamento e a reabilitação do idoso. Geriatra é o médico que se especializou no cuidado de pessoas idosas, eles lidam com doenças como as demências, a hipertensão arterial, o diabetes e a osteoporose, o geriatra também trata problemas com múltiplas causas, como tonturas, incontinência urinária e tendência a quedas. A Medicina Geriátrica é uma ciência que avança a cada dia, propiciando longevidade com melhor qualidade de vida para a população idosa. O QUE É GERONTOLOGIA? É o estudo do envelhecimento nos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e outros. O especialista em Gerontologia atua... 1. Na Prevenção: propõe intervenções que se antecipem aos problemas mais comuns que afetam os idosos e orienta a criação de condições adequadas para um envelhecimento com qualidade. 2. Na Ambientação: Orienta a criação de condições ambientais para uma vida com qualidade na velhice, focando os mais variados espaços por onde circulam ou vivem pessoas idosas. 3. Na Reabilitação: propõe intervenções quando ocorreram perdas que são resgatáveis e, quando irreversíveis, orienta a criação de condições individuais e ambientais para uma vida digna. 4. Nos cuidados paliativos: Propõe intervenções quando ocorrem doenças progressivas e irreversíveis, abrangendo aspectos físicos, psíquicos, sociais e espirituais, com atenção estendida aos familiares, visando o maior bem-estar possível e a dignidade do idoso até a sua morte. 12 Atuam nas seguintes áreas: • Ensino • Pesquisa • Educação comunitária • Promoção de saúde • Controle e tratamento de doenças • Reabilitação • Apoio psicológico • Manutenção e promoção da autonomia e independência • Adaptação ambiental • Reinserção no contextosocial • Atividades corporais e comportamentais • Segurança e defesa de direitos • Antropologia • Educação ENVELHECIMENTO: O NOVO LADO DO ENVELHECIMENTO POR CLARISSA CÔRTES PIRES O envelhecimento populacional resultado de um conjunto de fatores como o aumento da expectativa de vida da população e o declínio das taxas de fecundidade e mortalidade, é hoje um fenômeno mundial que modifica a estrutura etária da população. No caso brasileiro, o processo de envelhecimento pode ser constatado por um aumento de participação de idosos na população. Em 2005, os idosos no Brasil reuniam 9,9% da população, equivalente a um contingente de 18,2 milhões de pessoas, representando um crescimento de 25,2% em relação a 2000. Há previsão de que no ano de 2020, 14% da população seja formada por idosos, ou de acordo com a definição de idoso, por pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. 13 Idosos no Brasil – Dados Estatísticos no Brasil e no Mundo Em 1830, a espécie humana necessitou de milhões de anos para atingir um bilhão de pessoas. Em 1927 este número dobrou. Em 1960 chegou a três bilhões, foi atingida o quinto bilhão veio em 1987 e, 12 anos após em 1999, o sexto bilhão. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idoso no mundo. Em 1998 já alcançava 579 milhões. As projeções indicam que, em 2050 a população idosa será de 1.900 milhões de pessoas. Desde 1950, a esperança de vida ao nascer em todo o mundo aumentou em 19 anos. Hoje, uma em cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais; em 2050, estima-se que será de uma para cinco no mundo em seu conjunto, e de uma para três para o mundo desenvolvido. Conforme projeções, o número de centenários (pessoas com 100 anos idade ou mais), aumentará 15 vezes, de aproximadamente 145.000 para 2,2 milhões em 2050. 14 Um amplo estudo realizado nos Estados Unidos acompanhou por quase três décadas 6.505 homens. Entre os que completaram idades entre 71 e 95 anos, 40% se mantiveram livres de limitações públicas ou da mente. A fórmula do sucesso? Baixa pressão arterial, baixos níveis de açúcar no sangue, abstinência de tabaco e não ser obeso. No Brasil a população de idosos passou de 2 milhões em 1950, para próximo de 6 milhões em 1975. E para 1,4 milhões, em 2002, significando um aumento de 700%. Estima-se que para 2020 esta população alcance os 32 milhões. A expectativa de vida no Brasil saltou de 30 anos em 1990, para 70 anos em 2000. As mulheres oriundas do segmento de maior poder aquisitivo e elevado nível cultural ultrapassam a barreira dos 80 anos. Segundo a Secretaria do Estado da Saúde, nos últimos 10 anos, aumentou em 86,4% o número de idosos com AIDS. Cresce número de pessoas com Aids com mais de 50 anos no Brasil. Homens e mulheres na terceira idade estão fazendo sexo sem prevenção e se contaminando com o vírus. Dia 1º de dezembro é o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. A data foi criada pela Assembleia Mundial de Saúde, em outubro de 1987, com apoio da Organização das Nações 15 Unidas – ONU, para reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com as pessoas infectadas pelo HIV/AIDS. A escolha dessa data seguiu critérios próprios das Nações Unidas e no Brasil, a data passou a ser adotada a partir de 1988. A AIDS (na sigla em português: SIDA – Síndrome da Imunodeficiência* Adquirida) não atinge apenas os jovens, pois vem sendo registrado um aumento significativo da doença entre a população da terceira idade. Segundo dados do Ministério da Saúde, 0,04% da população acima de 65 anos são portadores do vírus HIV, o que significa que 5.500 idosos têm a doença no Brasil. Homens e mulheres na terceira idade estão fazendo sexo sem prevenção e se contaminando com o vírus da AIDS. E não é só isso, os números da doença em pessoas com mais de 50 anos crescem no país. A nova geração de idosos que hoje já têm recursos para prolongar a qualidade de vida, acaba por aumentar também sua sexualidade, pois as pílulas azuis (Viagra) fazem grande sucesso. Se estão ativos para dançar, passear e estudar, também estão para namorar, mas ninguém pensa na vovó e no vovô fazendo sexo. O homem mais velho tem mais dificuldade de aceitar o preservativo, porque ele associa isso à sua juventude, quando não se usava muito a camisinha e a AIDS ainda não existia. Outro fator importante é que ainda existe o tabu de se falar sobre sexo na terceira idade, seja pela mídia, pela família e até nos consultórios médicos, que devem estar atentos, pois uma das manifestações da AIDS na velhice é o quadro de Demência, ou postos de saúde onde uma orientação poderia ser feita sem preconceitos. Preocupados com os resultados dessa pesquisa o Programa Nacional de DST/ AIDS e a Coordenação de Saúde do Idoso, ambos ligados ao Ministério da Saúde, firmaram uma parceria e elaboram campanhas e ações que incentivam o uso do preservativo feminino e masculino, com distribuição gratuita em programas voltados para a terceira idade, bem como a inclusão do teste de HIV nos procedimentos feitos nessa faixa etária. De 1980 a junho de 2009, foram registrados 544.846 casos de AIDS no Brasil. Durante esse período, 217.091 mortes ocorreram em decorrência da doença. Por ano, são notificados entre 33 e 35 mil novos casos de AIDS. Em relação ao HIV, a estimativa é de que existam 630 mil pessoas infectadas no país. 16 Sexta causa de morte no idoso é a QUEDA. A maioria das quedas que provoca a morte ou leva a internações e incapacitações ocorrem em casa, no trajeto do quarto para a cozinha e do quarto para o banheiro. Geralmente piso escorregadio, móveis muito leves nos quais as pessoas tentam se apoiar e caem, a ausência de barras de apoio no banheiro, constituem riscos de acidentes que podem levar a fraturas dos membros superiores e inferiores e até o crânio, sobretudo nos casos de pessoas idosas com dificuldade de movimento e fragilidade visual. Seria muito importante que o Poder Público promovesse uma política social voltada para a reforma e adequação das residências onde residam pessoas idosas, de forma a torná-las um ambiente saudável e preventivo de acidente. COMO SE ENVELHECE FISICAMENTE? Nosso corpo vai envelhecendo dia a dia. O envelhecimento não chega de uma só vez nem o faz de repente; acompanha-nos a cada dia, lentamente, durante toda a nossa existência. Por essa razão, costuma-se dizer que ele é um processo natural. Cada um de nós, no entanto, faz uma trajetória durante a vida e, assim, envelheceremos de maneira única e individual, pois as experiências que vivenciamos dizem respeito a cada um de modo particular. O envelhecimento pode ser definido como um processo de desgaste gradativo de todas as partes de nosso corpo, diminuindo, com o passar do tempo, nossa capacidade de adaptação aos diferentes desafios ou situações. Tal diminuição está ligada a riscos progressivamente maiores de doença ou à incapacidade de viver de forma independente. Por isso, a morte é a consequência final do envelhecimento. Essas perdas, lentas e progressivas, são compatíveis com a vida saudável mesmo em idades muito avançadas (ex.: centenários), uma vez que, nas situações de rotina, não costumam provocar quaisquer problemas. A presença de doenças, especialmente as crônicas, e a existência de hábitos de vida considerados inadequados, como tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, entre outros, constituem as grandes vilãs para a saúde das pessoas idosas, pois contribuem para que essa perda se acelere. “O envelhecimento não chega de uma só vez nem o faz de repente acompanha-nos a cada dia, lentamente, durante toda a nossa existência”. 17 ALTERAÇÕES BIOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS NO IDOSO BIO = VIDA LOGIA OU LÓGICA = ESTUDO FISIOLÓGICAS = CONDIÇÕES NORMAIS NO ORGANISMO Vários fatores podem influenciar no processo do envelhecimento, desde fatores genéticos,presenças de radicais livres, imunidade até fatores externos, como poluição temperatura e alimentação. Há relatos de que as mulheres vivam mais que os homens, apresentando expectativa de vida média ao nascer de cinco a sete anos a mais. Há possibilidade de esse fato ser consequência da proteção de hormônios. O envelhecimento é um processo comum a todos os seres vivos. Sendo assim, o conhecimento de seus aspectos anatômicos e de sua fisiologia é fundamental para os profissionais que lidam com esse processo, particularmente em relação ao homem. Alterações na composição e na forma do corpo • Apresenta perda da estatura (essa perda é da ordem de 1cm por década começa aproximadamente aos 40 anos). • Aumento do tecido adiposo. • Apresenta algumas alterações no diâmetro da caixa torácica. 18 • Perda de massa corporal. Quanto aos pelos, há uma diminuição ao longo do corpo todo exceto nas narinas, na orelha e nas sobrancelhas. Alteração no sistema ósseo • Perda da massa óssea (osso fica fraco). • Alteração no sistema articular. Alterações no sistema nervoso • Vários psiquiatras relatam que o envelhecimento promove diminuição do peso e do volume cerebral, havendo atrofia cerebral. • Morte celular. • Como todas estas alterações no cérebro, é que acabam promovendo várias doenças no idoso como a demência, Alzheimer, depressão entre outras. Alterações cardio-respiratórias • Caixa toráxica fica com menor mobilidade. • Diminui a complacência pulmonar. • Mais facilidade para o infarto e AVE (Acidente Vascular Encefálico). FATORES QUE MELHORAM O ENVELHECIMENTO Independentemente da idade, uma boa autoestima favorece a saúde e a autor- realização, enquanto uma baixa autoestima pode causar fobias, medos, dificuldades interpessoais, aflição, insegurança, depressão, falta de realização das próprias potencialidades, exclusão, entre outros. Ter uma boa autoestima é fundamental para se desfrutar de um envelhecimento bem- sucedido. Conservar-se íntegro física e psicologicamente, assim como certificar-se da sua adequação do ponto de vista biopsicossocial, tem grande relevância para o idoso. 19 Os idosos parecem ser mais seletivos nos seus relacionamentos, escolhendo pessoas que confirmem a sua autoimagem, não lhes interessando fazer contato com qualquer pessoa. A rede de amizades do idoso pode ser menor em quantidade, porém é melhor do ponto de vista qualitativo, marcada por relações de real afinidade, sinceridade e companheirismo. Valores sociais sem bases na realidade ou preconceitos acerca do envelhecimento exercem um impacto negativo na autoestima. A nossa sociedade tem por hábito valorizar o que é jovem, bonito, novo, em detrimento do idoso, que muitas vezes chega a ser erroneamente considerado de velho, incapaz ou mesmo feio. Isto interfere na autoestima do idoso, já que as suas opiniões acerca de si mesmo podem ficar comprometidas. É importante estimularmos a autoestima dos idosos, independentemente se ele estar passando por um processo de envelhecimento saudável ou patológico. Independentemente de todos os seus problemas, ele consegue sentir-se bonito, sentir que a sua presença causa algum tipo de reação àqueles que o cercam e isto o faz sentir-se feliz. Um idoso com uma boa autoestima consegue passar melhor pelos declínios do processo de envelhecimento, encontrando em cada etapa do seu ciclo vital mais potencialidades que limitações. Um idoso saudável pode cuidar da sua aparência física, dedicar tempo para fazer coisas que gosta aprender coisas novas e para tirar partido de uma virtude atingida com o passar dos anos: a sabedoria. Está comprovada a influência de várias atividades na melhora da autoestima do idoso. A atividade física aparece com um fator favorável, pois propõe uma modificação no esquema corporal e, consequentemente, na autoimagem e na autoestima. Com o desempenho deste tipo de atividade idosos prostrados podem vir a tornarem-se mais ativos, voltam a andar mais, tornam-se mais flexíveis e voltam a conseguir realizar atividades de vida diária, podem também perder peso, o que contribui para melhorar sua autoestima. O convívio com a família e os amigos também pode proporcionar experiências enriquecedoras e contribui para uma boa autoestima no idoso. A música e a dança também são uma boa atividade para o idoso melhorar a autoestima e se sociabilizar. Os idosos que se aventuram numa relação amorosa só têm a ganhar. Há pesquisas que indicam que o amor é capaz até de melhorar o sistema imunológico do idoso, além de provocar um aumento do dinamismo e da autoestima. 20 Psicóloga Cristiana Alves CAPACIDADE DE DESEMPENHO DA PESSOA IDOSA EM SUAS ATIVIDADES DO DIA A DIA Muitos idosos são portadores de doenças como hipertensão, diabetes, artrose, entre outras, e, por fazerem acompanhamento médico regularmente, tomarem suas medicações de forma apropriada e seguirem todas as orientações do tratamento, encontram-se muito bem e fazem tudo o que necessitam sem precisar de qualquer ajuda. Outros têm os mesmos problemas, mas não conseguiram fazer o mesmo tipo de acompanhamento e, por essa razão, apresentaram complicações das doenças, como derrame, amputações etc. Essas pessoas podem encontrar-se bem mais limitadas em suas atividades e, para desempenhá-las, necessitam da presença de um cuidador. Apesar de apresentarem limitações que comprometem sua independência, elas mantêm suas capacidades mentais e são capazes de decidir como desejam que as coisas sejam feitas, isto é, preservam sua autonomia. “Uma boa época para se pensar sobre a velhice é a juventude, e a principal hora de se pensar sobre ela é certamente ao ficarmos velhos”. B.F.Skinner 21 Autonomia é o exercício do autogoverno, incluindo liberdade individual, privacidade, livre escolha e harmonia com os próprios sentimentos e necessidades. Preservá-la é sinônimo de respeito à dignidade humana. Qualquer cuidador tem por obrigação procurar preservar ou resgatar a autonomia da pessoa idosa de quem cuida. Por exemplo, o idoso que usa cadeira de rodas poderá exercer sua autonomia escolhendo as coisas que quer fazer e a maneira como gostaria que acontecessem, apesar de não ser totalmente independente. Independência é a capacidade de realizar algo com os próprios meios; significa poder sobreviver e desempenhar, sem ajuda, as chamadas atividades de vida diária (AVDs). Dependência é a incapacidade de sobreviver satisfatoriamente sem ajuda (por limitações físicas, funcionais e/ou mentais) de algo (bengala, andador) ou alguém (cuidador). A função básica do cuidador é auxiliar no desempenho das atividades de vida diária, tendo por princípio ajudar a pessoa idosa na medida de sua necessidade, nem mais nem menos. O CUIDADOR DE IDOSOS Entende-se por Cuidador, pessoa que cuida, a partir de objetivos estabelecidos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura e recreação da pessoa atendida. A atividade de cuidar de pessoas não é nova, sempre existiu e vem se desenvolvendo cada vez mais nos últimos tempos. A família passa a ser vista como “núcleo central” para o acolhimento e o cuidado de quem precisa de atenção. As estruturas familiares vêm sofrendo mudanças nas últimas décadas, contudo formas de organização e divisão de tarefas permanecem. 22 Na informalidade, dificilmente uma pessoa assume que é cuidador, pois acha que cuidar de alguém que se ama não é uma tarefa, mas sim, algo natural. Ser cuidador requer aprendizado e adaptação, todos nós somos um cuidador em potencial, no âmbito familiar. Embora legalmente esta “obrigação” seja dos filhos, cônjuge, familiares, isso nem sempre ocorre e ou é possível, face aos compromissos profissionais, familiares, sociais e até mesmo por vínculos afetivos inexistentes. Da falta de compreensão das alterações,tanto orgânicas quanto psicológicas, sofridas pelo idoso, surge um ambiente de estresse. Hoje vivemos na era do cuidar, seja este em que sentido for. A capacitação dos cuidadores de idosos tem papel fundamental quando se fala em promoção de saúde e ação preventiva, evitando-se internações e asilamento. O modelo de assistência à saúde, centrado em atitudes curativas, tende ao fracasso, pois hoje se trabalha na prevenção de doenças, na diminuição de riscos à saúde e, portanto, na melhora da qualidade de vida do ser humano. O idoso bem conduzido por cuidadores capacitados conseguirá uma melhor evolução clínica e qualidade de vida, evitando- se as complicações e, consequentemente, reduzindo-se a demanda pelos serviços de saúde de um modo geral, especialmente as internações. Cuidar é muito mais que um ato; cuidar é atitude! Requer conhecimento, responsabilidade, mas também afetividade, de ser humano entre ser humano. Assim entendendo, o cuidador deve antes de tudo saber e querer se cuidar para então cuidar de outro, semelhante, mas não igual, que temporariamente está incapacitado funcionalmente. Só o trabalho, só o ato de zelar, não faz um cuidador. É necessária a união do trabalho com a disponibilidade e capacidade de ouvir o outro, sentindo-o, sem possui-lo, sem tirar-lhe sua autonomia e independência. O cuidado verdadeiro é um trabalho prazeroso, sem sofrimento. Cuidador de Idosos é uma profissão reconhecida e inserida na Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego com o Código 5162-10 (Cuidador de pessoas idosas e dependentes e Cuidador de Idosos institucional). Esta capacitação é também exigida aos profissionais que trabalham em instituições de longa Permanência para idoso. 23 HABILIDADES DO CUIDADOR DE IDOSOS Habilidades voltadas para a competência do trabalhador devem buscar o aprender a aprender e aprender a pensar, que permite maior autonomia, capacidade de resolver problemas novos, de adaptação às mudanças, de comunicação, de trabalho em equipe, etc. Habilidade é o grau de competência de um sujeito concreto frente a um determinado objetivo. Refere-se à capacidade e à disposição para (fazer) algo. Exemplo: Falar de "habilidade mecânica" (a capacidade de colocar uma máquina em funcionamento), "habilidade verbal" (a capacidade de fazer uma apresentação discursiva), "habilidade matemática" etc. Habilidades Básicas São atributos que parte de habilidades essenciais, como ler, interpretar, calcular, ou até chegar ao desenvolvimento de raciocínios mais elaborados. Portanto, o saber-fazer, saber ser e saber-agir, são imprescindíveis na formação dos futuros profissionais. PARA SER COMPETITIVO NO MERCADO É IMPORTANTE QUE TODO TRABALHADOR BUSQUE: • Ter experiência em mais de uma área (ser polivalente); • Ter ampla cultura geral; • Estar atualizado com relação ao mundo; • Estar se atualizando constantemente na sua formação básica e específica; • Ser participativo e curioso; • Ser ambicioso, criativo e perspicaz; • Atualiza-se constantemente com novas linguagens de informática. Habilidades Específicas do Cuidador As Habilidades Específicas estão estreitamente relacionadas à função do cuidador e dizem respeito aos saberes, saber fazer e saber ser exigidos neste posto como: • Preparo da alimentação • Administração de medicamentos por via oral • Realizar atividades que envolvam estimulação, recreação, lazer com o idoso. 24 O QUE É RESPONSABILIDADE DO CUIDADOR? É o dever de arcar com as consequências do próprio comportamento ou do comportamento de outras pessoas. Responsabilidade da função • Higiene • Vestuário • Alimentação • Administração de medicamentos • Administração da casa e de todas as coisas que o idoso faz uso e que estiverem por acabar (Exemplo: fralda, material de uso pessoal do idoso, lista de compras de gêneros alimentícios e frutas, remédios.) • Lazer. Cuidar da Pessoa • Informar-se sobre o idoso; • Cuidar da aparência e da higiene pessoal; • Observar os horários das atividades diárias do idoso; • Ajudar o idoso no banho, na alimentação, no andar e nas necessidades fisiológicas; • Estar atento às ações do idoso; • Informar-se do dia-a-dia do idoso e relatar para o responsável; • Informa-se no retorno de sua folga; • Manter o lazer no dia-a-dia e desestimular a agressividade do idoso. Promover o Bem-Estar do Idoso • Ouvir o idoso respeitando sua necessidade individual de falar; • Dar apoio psicológico e emocional; • Ajudar a recuperação da autoestima, dos valores e da afetividade; • Promover momento de afetividade; 25 • Estimular autonomia • Orientar, acompanhar e respeitar o idoso na sua necessidade espiritual e religiosa. Cuidar da Alimentação do Idoso • Participar na elaboração do cardápio; • Verificar a despensa, observando a qualidade e a validade dos alimentos; • Fazer compras conforme lista e cardápios; • Preparar e servir a alimentação em ambientes e porções adequadas; • Estimular e controlar a ingestão de líquidos e de alimentos variados; • Reeducar os hábitos alimentares do idoso e respeita as dietas. Cuidar da Saúde do Idoso • Observar temperatura, urina, fezes e vômito; • Controlar e observar a qualidade do sono; • Manusear adequadamente o idoso, tendo o cuidado especial com deficiência e dependência física do idoso; • Observar as alterações do comportamento; • Lidar com comportamentos compulsivos e evitar ferimentos; • Ministrar medicamentos corretos e nos seus devidos horários, sem alterar a dosagem prescrita pelo médico; • Acompanhar o idoso nas consultas e atendimento médico e hospitalar. Cuidar do Ambiente Domiciliar e Institucional • Cuidar dos afazeres domésticos; • Manter o ambiente organizado; • Promover adequação ambiental; • Prevenir acidentes; • Fazer compras para casa e para idoso, quando necessário; 26 • Cuidar de roupa e objeto pessoais do idoso; • Preparar o leito de acordo com a necessidade do idoso. Incentivar a Cultura e a Educação do Idoso • Estimular o gosto pela música, dança e esporte; • Selecionar jornais, livros e revistas de acordo com a idade e interesse; • Ler histórias e textos para o idoso; • Acompanhar e apoiar projetos de interesses do idoso. QUAIS AS COMPETENCIAS DO CUIDADOR? É formada pelo conjunto de habilidade, atitude e conhecimento (é a capacidade de mobilizar conhecimentos, valores e decisões para agir de modo pertinente numa determinada situação.) A competência é formada ao longo da vida do trabalhador, exigindo um processo de educação contínua, as habilidades podem ser desenvolvidas em qualquer momento de vida de uma pessoa. Exemplo: quando um gerente diz que seu funcionário não tem competência, em geral está querendo dizer que ele não entrega o que se espera dele, o que se espera que uma pessoa em tal ou tal cargo realize. Competências do cuidador: • Manter capacidade e preparo físico, emocional e espiritual; • Cuidar da sua aparência e higiene pessoal; • Demonstrar educação e boas maneiras; • Adaptar-se a diferentes estruturas e padrões familiares e comunitários; • Respeitar a privacidade do idoso; • Demonstrar sensibilidade e o paciência; • Saber ouvir; • Perceber e suprir carências afetivas; • Demonstrar discrição; 27 • Observar e tomar resoluções; • Em situações especiais, superar seus limites físicos e emocionais; • Manter otimismo em situações adversas; • Reconhecer suas limitações e quando e onde procurar ajuda; • Aceitar as limitações e dependência do idoso; • Aceitar os valores religiosos do idoso; • Demostrar criatividade; • Lidar com seus sentimentos negativos e frustrações • Lidar com perdas e mortes; lidar com agressividade; • Buscar informações e orientações técnicas; • Obedecer às normas e estatutos; • Reciclar-se e atualizar-se por meiosde encontros, palestras, cursos e seminários; • Respeitar a disposição dos objetos dos idosos; • Dominar noções primárias de saúde; • Dominar técnicas de movimentação do idoso para não machucar; • Conciliar tempo de trabalho com o tempo de folga; • Doar-se; • Demonstrar honestidade; • Conduta Moral. SAÚDE E HIGIENE PESSOAL DO CUIDADOR DE IDOSOS Saúde A saúde física do cuidador deve ser boa e se não estiver, procurar médico, dentista, etc. Dor nas costas é sintoma mais comum de doença ocupacional em pessoas que cuidam de idosos. Imunização Recomendamos a todos os trabalhadores, as vacinas contra hepatite B, vacina tríplice viral e a vacina contra tétano e difteria (dupla adulto), estas vacinas estão disponíveis nos Centros de Saúde, gratuitamente. 28 Higiene Pessoal Cabelos: sempre presos com rabo de cavalo ou coque. Proibido: cabelos soltos, sujos ou desbotados. Unhas: devem ser curtas (proibido unha comprida, esmalte vermelho e unhas sujas). Banho: de preferência duas vezes ao dia. Ao acordar e ao deitar. Usar desodorante neutro (proibido cheiro de suor, não tomar banho e usar perfume forte). COMO LIDAR COM O LADO PSICOLÓGICO E EMOCIONAL DO ENVELHECIMENTO O estado emocional que apresentamos em determinado momento da vida é resultado de toda uma trajetória construída anteriormente. Para podermos entender por que o idoso reage desse ou daquele jeito em certas situações, é necessário que nós o conheçamos melhor, o que só será possível se conversarmos com ele, se ouvirmos sua história de vida e também o que a família e os amigos falam a seu respeito. Isso funciona como um grande “quebra-cabeça” no qual vamos unindo as peças, uma a uma, e, no final, temos o retrato real daquele de quem cuidamos. As reações emocionais diante da presença de doenças, de mudanças de papel e status social, de modificações em sua rede de suporte social (família, parentes, amigos, vizinhos etc.) podem diferir muito de uma pessoa para outra. Essas alterações são consequência do processo de envelhecimento e exigem que o idoso seja capaz de compreendê-las e se adaptar a elas, o que não quer dizer que esse seja um processo fácil e rápido. Cada pessoa tem um jeito de ser que lhe é próprio, e esse jeito de ser a acompanha desde a infância. Ela não será melhor ou pior quando ficar velha; somente acentuará suas características. Isso vale para todos nós. Assim, não existe o velho “chato”, e sim pessoas chatas que possivelmente foram “chatas” a vida inteira, mesmo quando eram, por exemplo, adolescentes. Só que, quando os adolescentes são “chatos”, dizemos que é por causa da idade, que é normal, já com os mais velhos... O mesmo vale para o idoso ranzinza, implicante etc., como se não existissem jovens que apresentassem essas características. À medida que envelhecemos, vamos deixando de fazer algumas coisas e começamos ou não a fazer outras. Por exemplo, uma pessoa trabalhou na agência de um banco por 35 anos todos os dias das 7h30min às 17h e se aposenta. No primeiro dia de aposentada, ao levantar – 29 no mesmo horário, é lógico –, percebe que não terá mais de se preparar para trabalhar e talvez ainda não tenha pensado em como vai preencher o espaço de tempo antes ocupado pelo trabalho, podendo sentir-se meio perdida. O “papel de trabalhador” tem de ser substituído pelo “de aposentado”, mas muitos não se preparam para esse momento, embora sempre tenham “sonhado” com ele. O fato é que assumimos diferentes papéis, que serão mais ou menos importantes em determinados momentos. Esses papéis vão mudando com o decorrer do tempo. É preciso que as pessoas compreendam isso e consigam se adaptar a tais mudanças para evitar maior sofrimento. Toda perda envolve um “luto”, ou seja, um processo de adaptação e transformação que resulta em benefícios após o enfrentamento da situação dolorosa, permitindo uma abertura para novos interesses, aprendizados, atividades e relacionamentos. Ficar mais tristonho, mostrar algum nível de ansiedade e mudanças de humor são esperados e não devem ser confundidos, necessariamente, com doenças. Ao cuidador cabe entender que isso ocorre também com a pessoa de quem ele cuida e que a vivência desse(s) luto(s) talvez lhe seja difícil, gerando muito sofrimento. Mostrar-se presente, disposto a ouvir e a acolher suas angústias pode contribuir para a formação de um vínculo importante entre os dois. O envelhecimento é uma experiência individual, a construção de um caminho que escolhemos traçar no transcorrer da vida. Em muitos momentos, vamos deparar com algumas “encruzilhadas” que nos obrigarão a optar por essa ou aquela direção. A opção que fizermos terá por base algumas certezas e experiências que carregamos até aquele momento. Pode ser que, depois, cheguemos à conclusão de que a escolha não foi a melhor, mas, com certeza, quando foi necessário optar, ela parecia ser a melhor. Quando estivermos mais velhos, poderemos olhar para trás e ver como foi desenhado esse traçado. Será esse o desenho de nossa história de vida. Isso também aconteceu com as pessoas idosas de quem cuidamos hoje. Assim, não há um “certo” ou “errado”, uma vida “boa” ou “ruim”; existem escolhas. A sabedoria do envelhecimento está em compreender essas escolhas e viver bem com elas. Ao cuidador não cabe julgamento, em instante algum, pois cada escolha é sempre feita dentro de um contexto de vida, e a vida das pessoas é única para cada um. É 30 preciso que ele conheça a trajetória para compreender por que, naquela hora, a pessoa idosa de quem ele cuida age dessa ou daquela maneira e está mais ou menos satisfeita com o resultado de seu traçado de vida. É esperado que, com o avançar da idade, a pessoa idosa pense na própria vida, a se autoquestionar e a refletir sobre seu presente. Esses momentos podem ser mais introspectivos (o idoso com ele mesmo) ou compartilhados (quando ele quer dividir sua experiência com o cuidador). De uma forma ou de outra, são momentos muito preciosos, aos quais o cuidador deve estar sempre atento e valorizar. Em outras ocasiões, a pessoa idosa talvez se mostre intransigente, irritada sem razão específica, queixando-se de quase tudo o que a cerca, o que pode incluir o cuidador e seu trabalho. Isso muitas vezes ocorre pela dificuldade de enfrentar uma situação específica (doença, limitação ou dependência). Essa é uma grande ilusão! Somos, de algum modo, interdependentes a vida toda, mas não admitimos isso. Quando ficamos velhos e, por problemas de doença, nossa dependência se acentua, percebemos nossa limitação como seres humanos e podemos não reagir bem a tal constatação. A maneira como esse fato será manifestado depende de cada um. Perceber isso fará a diferença na prestação de um cuidado personalizado, efetivo e adequado, que deve ser construído com o objetivo de acolher o idoso em suas angústias e estimulá-lo a enfrentar a realidade, valorizando os aspectos positivos de sua história de vida, que sempre existem. O cuidador é apenas a pessoa que está mais próxima e, como tal, será a primeira a escutar, sempre! Se a pessoa idosa ficar doente e dependente, ela poderá demonstrar preocupações, angústias e medos, sentindo-se, em alguns (ou muitos) momentos, impotente, incompetente, revoltada e intolerante, tudo pela dificuldade em lidar com a situação que ora se apresenta e também pela falta de perspectiva que pode acompanhar essa situação. O papel do cuidador é auxiliá-la a valorizar não as perdas, mas sua capacidade remanescente – que sempre existe – de enfrentar a situação utilizando toda a sua experiência de vida e conseguir “viver” apesar da(s) limitação(ões), e não simplesmente sobreviver. O cuidador é uma pessoa fundamental na manutenção do bem-estar psicológico do idoso que enfrenta sofrimentos emocionais. Suas ações positivas, nesse momento, serão 31 fundamentais para trazernovo colorido a uma vida cuja perspectiva pode estar muito sombria. Para que, de fato, seja capaz de ajudar, é necessário que ele tenha equilíbrio emocional, de modo a conseguir lidar com as manifestações de angústia do idoso, sem ser “contagiado” por elas. Só assim ele poderá evitar a adoção de atitudes inadequadas, como paternalismo, superproteção, condescendência, infantilização, impaciência e displicência, que comprometerão a qualidade do cuidado a ser prestado. COMO CONVIVER COM A FAMÍLIA DO IDOSO? Desde muito pequenos desenvolvemos contato com as pessoas, primeiro com nossos pais e irmãos, depois com outros parentes próximos. Durante a vida, cada um de nós constrói a própria rede de relações, que, dependendo do momento, será maior ou menor. Entretanto, não é seu tamanho que importa, mas sim sua qualidade, com laços ou vínculos mais ou menos fortes. São esses laços ou vínculos que, na velhice, configurarão o apoio que a pessoa realmente possui e com o qual pode ou não contar, caso seja necessário. As principais redes sociais dos idosos são representadas pela família, pelos amigos e por pessoas da comunidade (jornaleiro, balconista da farmácia, padre etc.). Facilitar reuniões entre os amigos ou levar a pessoa idosa a participar delas quando convidada é das funções do cuidador. Então, começamos a fazer amigos e a conviver com outras pessoas, (vizinhos, colegas de escola, de trabalho, membros da comunidade etc.). Essas pessoas mantêm contato conosco e, às vezes, entre si e, mesmo que isso não ocorra, também conhecem muitas outras. Os amigos da pessoa de quem cuidamos também são, geralmente, idosos e, às vezes, apresentam problemas ou limitações semelhantes às dela. Isso pode fazer com que o contato pessoal entre eles seja muito difícil, pelas limitações de locomoção, distância entre as residências etc. O cuidador deve entender, no entanto, que os amigos são muito importantes para a manutenção de um clima de bem-estar e de participação no mundo, diminuindo a solidão e o isolamento. Eles fazem companhia, compartilham confidências e histórias de vida. Além disso, ser muito positivo na manutenção da memória do idoso permite que ele reviva sentimentos e sua importância pessoal, o que, sozinho, torna-se difícil. 32 Facilitar reuniões entre os amigos ou levar a pessoa idosa a participar delas quando convidada é, também, uma das funções do cuidador. Sua participação nesses momentos permitirá que ele conheça uma parte da vida da pessoa de quem cuida que talvez esteja esquecida em seu cotidiano, e essa pode ser uma ferramenta importante para auxiliá-lo no planejamento de seu cuidado, pois passará a perceber, por exemplo, motivações e emoções até então desconhecidas. Quando a pessoa idosa está mais fragilizada, é comum que sua rede de relações fique restrita à família, porque é sobre ela que recai a maior carga de responsabilidade por seus cuidados. Atualmente, o núcleo familiar é cada vez menor e as mulheres trabalham fora; com isso, o idoso mais dependente, muitas vezes, permanece longos períodos sozinho, mesmo morando com outras pessoas. Quando ele fica doente e precisa de ajuda, nem sempre há um familiar disponível para ajudar e, para que seja cuidado adequadamente, a família necessita da ajuda de um cuidador de fora. Esse cuidador começa, então, a ter um contato muito próximo com o idoso e com sua família, reagindo de diferentes maneiras ao tipo de relações com que passa a conviver. No interior da família, cada um se mostra como realmente é e isso pode gerar situações agradáveis e descontraídas ou momentos tensos e constrangedores. Não há como evitar um envolvimento com essas relações, porém é necessário que o cuidador entenda que essa é a família do idoso e não a sua; ele participou e contribuiu de alguma forma para a construção dessas relações. A pessoa idosa, no interior de sua família, pode ser valorizada, respeitada, amada e auxiliada de forma adequada em suas necessidades ou, então, rejeitada, tratada com indiferença ou hostilidade e tida como um “peso”. Essas atitudes são em geral respostas à forma como as relações foram construídas ao longo da história da família. Não cabe ao cuidador “julgar” as atitudes do idoso ou de seus familiares, pois eles podem ter valores muito diferentes dos seus. Ele deve se esforçar para olhar para a situação da maneira mais neutra possível, tentando entender o que está acontecendo e por quê. Em suma, o ambiente domiciliar pode ser tanto harmonioso e tranquilo como conflituoso e desarmonioso. Em certas situações, o cuidador pode até fazer algumas sugestões ou solicitar colaboração, buscando melhorar a qualidade de vida da pessoa idosa, mas em nenhum 33 momento deve criar expectativas em relação ao que acredita ser adequado para a vida do idoso, esquecendo-se das reais possibilidades afetivas dele e das pessoas com quem convive. CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA CONSTRUIR UMA RELAÇÃO DE AJUDA Capacidade de escuta “Escutar” não é sinônimo de “ouvir”. Escutar é constatar por meio do estímulo do sistema auditivo; é um processo ativo e voluntário em que o indivíduo permite-se impregnar pelo conjunto de suas percepções externas e internas. Na relação de ajuda, escutar representa um instrumento para compreender a pessoa idosa de forma a poder determinar com precisão as intervenções necessárias. Ao escutar a pessoa idosa, o cuidador pretende: mostrar-lhe sua importância; permitir que o idoso identifique suas emoções; auxiliá-lo na identificação de suas necessidades e na elaboração de um planejamento objetivo e eficaz para atender a elas. Para escutar de modo eficiente, o cuidador deve: • Desejar estabelecer uma relação mais estreita com a pessoa idosa. • Escolher um local calmo que propicie a escuta. • Manter-se a uma distância confortável do idoso, mas que permita boa visualização de ambos. • Procurar compreender não só a linguagem verbal, mas principalmente a não verbal da pessoa idosa. • Evitar julgamentos com base em valores pessoais. • Reformular com o idoso, porém com as próprias palavras, o que ele lhe referiu, validando sua compreensão. • Respeitar, compreender e interpretar o silêncio da pessoa idosa. O silêncio pode traduzir a intensidade da procura da resposta considerando tudo o que a precedeu; pode significar o medo ou o sofrimento que impedem a elaboração de palavras ou, ao contrário, uma alegria tão intensa que também não pode ser traduzida por palavras. É a escuta do silêncio que exige a presença mais intensa e mais verdadeira do cuidador, pois isso pode levá-lo ao encontro real do que o outro vive de mais profundo. Silêncio não é sinônimo de vazio nem ausência de relação, costuma ser rico em significados. Para ser traduzido e 34 transformado em instrumento de ajuda, deve ser compreendido, respeitado, acolhido e nunca prematuramente interrompido. Escutar não é memorizar as palavras emitidas pela pessoa idosa, é compreendê-la, ver, apreender, é sentir o contexto e os sentimentos relacionados com o conteúdo das mensagens emitidas. Exige grande empenho, vigilância sensorial, intelectual e emocional, o que consome muita energia e requer preparo e amadurecimento. O cuidador que de fato escuta o idoso reflete atentamente sobre o significado de suas mensagens (verbais e não verbais), buscando o estabelecimento de intervenções apropriadas às necessidades identificadas Escutas que não ajudam Escuta inadequada – o cuidador está mais atento às próprias reflexões que as do idoso, está distraído, tem “pressa” em responder a ele ou identifica a situação descrita como familiar e faz um processo de transferência. Escuta apreciativa – o cuidador faz juízos de valor durante a escuta. Embora normal, essa atitude pode ser nociva. Para evitar isso, o cuidador precisa desenvolver a habilidade de aceitar os idosos e escutá-los objetivamente. Escuta filtrada – relaciona-se à nossa defesa pessoal, ou seja, selecionamos de modo inconsciente o que permitimos ou não entrar em contato conosco e criamos barreiras que, mesmo involuntariamente, deformam nossa capacidade de escutar. Isso pode ser evitado com o desenvolvimento de um profundo autoconhecimento. Escuta compassiva – refere-se ao sentimento de compaixão desenvolvido pelo cuidador em relação ao idoso que assiste. Tal atitude pode deturpar a percepção dos fatos, gerando ações inadequadas Capacidade de clarificar “Clarificar” quer dizer tornar claro, limpo ou puro. Na relação de ajuda, significa ser capaz de delimitar mais precisamente o problema em si e os envolvidos de maneira concreta e realista. Para tanto, o cuidador deve ser capaz de auxiliar o idoso a refletir sobre seus problemas e a descrevê-los em toda a sua extensão, intensidade e complexidade. Após escutá-lo, deve 35 repetir com suas palavras a mesma questão, permitindo, assim, sua reinterpretação às perguntas “quem? ”, “o quê? ”, “onde? ”, Como? ”e “Porquê?” auxiliam na clarificação. Mas o uso indiscriminado do “por quê? ”, pode despertar no idoso a necessidade de se justificar, geralmente defendendo-se. Cada pergunta deve ter por objetivo auxiliar o idoso a perceber com maior clareza o problema ou suas soluções. A utilização, pelo cuidador, de generalizações, abstrações ou termos imprecisos pode estar relacionada ao medo de enfrentar o problema. Agindo dessa forma, o problema se torna maior. O cuidador não deve usar linguagem intelectual, abstrata, impessoal e/ou vaga, pois isso não auxilia a pessoa idosa a clarificar e precisar seu pensamento. Capacidade de respeitar-se e de respeitar o idoso O respeito é uma necessidade humana, uma qualidade, um valor, uma atitude básica expressada pelo comportamento. Respeitar alguém significa acreditar em sua unicidade, em sua capacidade de viver de forma satisfatória. Respeitar-se significa ser verdadeiro consigo mesmo e com os outros. Respeitar o idoso significa comunicar-lhe que procuramos compreendê-lo como pessoa, com sua experiência, seus valores e a situação que está vivenciando de acordo com seu ponto de vista. Significa ainda identificar suas capacidades e seu potencial remanescente e auxiliá-lo a reconhecê-los e a utilizá-los para lidar com essas situações, dando-lhe condições de resgatar o máximo de autonomia. Será o idoso, no entanto, que decidirá utilizá-la ou não, quer dizer, a palavra final é dele, e respeitá-lo significa compreender e aceitar essa decisão mesmo que ela não corresponda à expectativa do cuidador. O respeito se manifesta por meio de atitudes e comportamentos, ativos ou passivos. Estar com o idoso, querer ajudá-lo e preocupar-se com seu bem-estar; considerá-lo como ser único, independentemente de suas doenças ou limitações; acreditar que ele é capaz de decidir sobre o próprio destino e acreditar em sua boa vontade são exemplos de atitudes. Os comportamentos expressam o significado e o valor do idoso para o cuidador. Ser capaz de estabelecer uma relação que envolva escuta e presença física atentas; aceitar o idoso incondicionalmente, evitando juízos críticos; demonstrar empatia, afeto e cordialidade; auxiliá- lo a desenvolver seus recursos pessoais, encorajando-o, motivando-o e apoiando-o e não 36 agindo por ele; manifestar compreensão e dedicação são exemplos de comportamentos respeitosos. Enumeramos, a seguir, alguns exemplos de como o cuidador pode demonstrar respeito pelo idoso: • Mostrar que o aprecia como pessoa, respeitando sua idade e sua personalidade. • Não utilizar linguagem infantilizante (vovozinha, vozinha, meu neném, minha gostosa) ou demasiadamente familiar. • Chamá-lo pelo nome (nome próprio ou apelido, desde que tenha autorização para tanto) e tratá-lo por senhor ou senhora. • Cumprimentá-lo ao chegar e sempre que ele adentrar o recinto em que o cuidador estiver. • Dedicar-se inteiramente a ele quando da execução de algum cuidado, procurando não se distrair com outros estímulos (celular, televisão, rádio etc.) e evitando interrupções por telefone. • Evitar demonstrar compaixão. A piedade não é sinal de respeito então ajuda, sobretudo os idosos. • Mostrar-se confiante no potencial e nas capacidades do idoso, valorizando-as de forma construtiva e realista. • Demonstrar apoio afetivo. • Respeitar a intimidade do idoso e a confidencialidade da conversa e compartilhar informações apenas com sua prévia autorização. • Aguardar as respostas e as decisões da pessoa, que podem ser mais demoradas, e não o apressar. • Planejar conjuntamente com o idoso as atividades de cuidado, perguntando sua opinião e buscando segui-la. • O respeito na relação de ajuda auxilia na elevação da autoestima e do autoconceito, que, em muitos idosos mais dependentes, podem estar rebaixados. 37 Capacidade de ser congruente “Congruência” significa harmonia, coerência de algo com o fim a que se destina. Possibilita ao idoso a existência de concordância entre seu ser e sua experiência e sua expressão em seu comportamento. É, em outras palavras, a capacidade de ser autêntico. A pessoa que não possui essa competência separa-se de seu verdadeiro “eu”, reduzindo sua identidade aos papéis que desempenha. Pode, assim, sentir-se insatisfeita e dividida. A autenticidade do cuidador pode se manifestar: por sua espontaneidade; valorização de seu papel; coerência e capacidade de compartilhar experiências. Estes são os obstáculos à autenticidade: atitude defensiva; não manifestação dos próprios sentimentos; ser inconveniente (a relação profissional exige tato e juízo crítico); atitudes pessimistas. Para desenvolver congruência e autenticidade, o cuidador deve aprimorar o autoconhecimento e o autorrespeito, obter segurança interior, evitando esconder-se atrás de um papel social, e observar atentamente seu comportamento não verbal, buscando a coerência entre o que diz e o que demonstra. Capacidade de ser empático “Empatia” é a capacidade de se colocar no lugar do outro e sentir como se estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por ele sem, no entanto, perder o próprio sistema de referência. É, portanto, a base de toda relação de ajuda. Para que o cuidador seja empático, ele deve ser capaz de: • Aproximar-se da situação que o idoso está vivenciando. • Desenvolver a capacidade de colocar-se no lugar dele, buscando ver o mundo como ele vê, o que não significa fazer suas as emoções e a vivência do outro, porque a diferenciação é fundamental na relação de ajuda. • Ter consciência de que o problema é do idoso. • Só assim o cuidador será capaz de identificar e compreender de forma verdadeira o conteúdo das mensagens da pessoa idosa, pois estará em posição de ver o mundo do mesmo prisma que ela o vê. 38 A empatia pode ser desenvolvida por uma personalidade afetuosa e flexível; pela capacidade de generalizações relativas às experiências de vida; pela capacidade de tolerar e utilizar o silêncio na relação; por semelhanças de experiências e vivências; pela disponibilidade e escuta atenta; pela tolerância ao estresse; por experiências de vida variadas, propiciando maior flexibilidade e espontaneidade; pela autoafirmação; pelo uso de linguagem apropriada e pela capacidade de compreender a linguagem simbólica utilizada pelo idoso. A empatia, por si só, não soluciona os problemas do idoso como se fosse um passe de mágica; constitui-se em um meio para fazer com que ele não se sinta solitário diante deles. Ao perceber que alguém entende a dimensão que os problemas tomam em sua vida, sente-se mais confortável e, assim, pode canalizar sua energia na resolução deles com o apoio daquele com quem mantém uma relação de ajuda. Capacidade de confrontação Confrontar” significa colocar frente a frente, defrontar, comparar; não envolve disputacomo “afrontar”. A confrontação origina-se na empatia e no respeito ao idoso e é uma manifestação suplementar à congruência do cuidador. A confrontação permite ao idoso estabelecer um contato mais profundo com seu interior, com aquilo que ele de fato é, com suas forças e seus recursos, assim como com suas fraquezas e comportamentos prejudiciais. Na relação de ajuda, a confrontação só deve ser utilizada quando existe entre cuidador e idoso um verdadeiro clima de confiança. O cuidador que pretende utilizá-la deve fazer uma avaliação acurada do estado geral do idoso A confrontação exige do cuidador habilidade e tato. Ele vai confrontar não o idoso, mas seu comportamento, descrevendo-o sem emissão de julgamentos, pois isso, nesse momento poderia representar demonstração de desrespeito, levando a pessoa idosa a assumir uma postura defensiva. No entanto, nem sempre a confrontação é reconhecida como instrumento de ajuda pelo idoso. Caso ele resista a essa forma de intervenção, convém não insistir, aguardando ocasião mais oportuna para fazê-lo. 39 Quando a relação não é de ajuda Muitas vezes, os cuidadores querem estabelecer uma relação de ajuda adequada, mas se frustram com seus resultados. Listaremos, a seguir, algumas intervenções que costumam ser muito utilizadas, mas que normalmente não respondem às necessidades de ajuda dos indivíduos. • Dar ordens sem avaliar o contexto que envolve as situações (pode levar o idoso a ter de negar suas emoções traduzidas por seu comportamento). • Fazer ameaças (“Se não cumprir as orientações, não viremos mais visitá-lo...”). Em geral esse comportamento acrescenta mais um elemento, o medo, à problemática apresentada pela pessoa. • Censurar o idoso, adverti-lo de forma contundente (representa uma afirmação de sua incapacidade de discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, colocando-o como incapaz de resolver seus problemas). • Dar soluções (não permite ao idoso refletir sobre seu problema e sobre sua potencialidade de ação). • Argumentar logicamente (“o problema voltou, obviamente, porque o(a) senhor(a) não seguiu as orientações que dei...”), pois pode colocar o idoso em uma situação desconfortável, fazendo-o sentir-se um tolo, incapaz de seguir recomendações. • Julgar e criticar (utilizando o próprio sistema de valores), porque pode levar o idoso a não mais confiar no cuidador por não se sentir compreendido por ele. • Aprovar, lisonjear (“Desta vez tomou a decisão correta...”). Isso pode desenvolver no idoso o receio de não ser aprovado em outras situações pelo julgamento do cuidador e, caso se arrependa da decisão tomada, não se sentirá confortável em compartilhar tal sentimento com ele. • Analisar e interpretar (“Cada vez que o(a) senhor(a) quer a atenção de seus filhos, comporta-se como se estivesse muito doente...”). Se a interpretação for verdadeira, o idoso pode sentir-se “apanhado”, o que será insustentável; se não for correta, pode sentir-se acusado ou incompreendido. 40 • Consolá-lo (“Não se preocupe, isso vai passar...”) o idoso pode interpretar que o cuidador minimiza a importância de seu problema e, portanto, não haverá solução para isso. • Fazer muitas perguntas fechadas (“onde? ”, “Quando? ”, “Como? ”, “Por quê? ”). O idoso pode sentir-se interrogado. • Gracejar. O gracejo muitas vezes é colocado para minimizar uma situação tensa, ao criar um clima mais agradável. No entanto, a utilização deve ser bem estudada pelo cuidador, pois sua inadequação pode levar o idoso a pensar que o cuidador não leva a sério seu problema ou suas necessidades ou ainda que não o respeita. • Ridicularizar (“assim o(a) senhor(a) está agindo como uma criancinha...”). Pode levar o idoso a sentir-se desvalorizado ou desrespeitado e gerar respostas agressivas. • A relação de ajuda, quando adequadamente estabelecida, permitirá ao idoso e a seus familiares a identificação de recursos próprios disponíveis para superar os problemas que estão vivenciando, fortalecendo-os para situações futuras. Esse tipo de intervenção está diretamente associado à qualidade do cuidado prestado, uma vez que procura auxiliar o idoso em todas as suas dimensões de ser humano. • Direitos o Trabalhar com dignidade sendo sempre respeitado, com direito a alimentação e ambiente de trabalho agradável. • Deveres o Promover o bem-estar do idoso com prioridade zelando pelo seu processo de envelhecimento nos seus aspectos biopsíquico e social. o Estimular o gosto pela música, dança e esporte; o Selecionar jornais, livros e revistas, de acordo com a idade e interesse; o Acompanhar e apoiar projetos de seu interesse; o Fazer jogos que estimulem a memória, como dominó, mímica, etc. 41 42 MÓDULO II – CIDADANIA E ASPECTOS ÉTICOS ÉTICA E POSTURA PROFISSIONAL O QUE É ÉTICA? Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Sociedade Conjunto de pessoas que vivem em determinada faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns e que são unidas pelo sentimento de consciência de grupo. É a reunião de seres que vivem em grupo como: a família, o trabalho, a igreja, a escola. Para se viver em SOCIEDADE é necessário que existam regras, leis e normas para que a convivência dos homens aconteça dentro de uma certa ORDEM. As NORMAS são baseadas em: • Respeito ao próximo • Fazer com as pessoas o que gostaria que fizessem com você • Solidariedade • Amor ao próximo • Profissionalismo • Dedicação em tudo que fizer na vida • Responsabilidade nos seus atos • Cuidado com as palavras, que podem magoar muito mais que os atos. MORAL - É o comportamento real dos indivíduos em relação às regras e aos valores que lhe são propostos. O ser humano não nasce MORAL, ele se torna através da educação. O que é permitido ou não. A ÉTICA surge através da MORAL. ÉTICA - É o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. 43 A palavra ÉTICA é derivada do grego e pertence ao caráter (significa aquilo que). É impossível falarmos em ÉTICA se não pensarmos em convivência. ÉTICA é o que marca a fronteira da nossa convivência, seja com outras pessoas, seja no mercado ou com indivíduos. ÉTICA é aquela perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos valores, para existimos juntos. Aquilo que representa sua capacidade de julgar, decidir e avaliar com autonomia, ou seja, isso pressupõe liberdade. Quando se fala em ÉTICA, se fala num conjunto de princípios e valores que você usa para responder grandes três perguntas da vida humana: QUERO? DEVO? POSSO? A questão ÉTICA apresenta-se assim como um conflito entre o que quero fazer, o que devo fazer e se posso fazer. ÉTICA e MORAL têm significados bem próximos e em geral, referem-se ao conjunto de princípios ou padrões de conduta que regulam as relações dos seres humanos com o mundo em que vivem. Embora ÉTICA e MORAL se relacionam, são temas diferentes já que ter VALORES é diferente de refletir como agir em relação a esses VALORES (Ética). O trabalho fundamental da ÉTICA é lidar com os valores para, por meio da reflexão sobre eles, e das situações práticas que eles envolvem, decidir qual melhor ação a ser realizada, ou seja, onde entra a minha responsabilidade ou meu desejo, nasce o direito do próximo. O comportamento MORAL e ÉTICO consiste em reconhecer o outro como sujeito de direitos iguais e dessa forma, as obrigações que temos em relação ao outro, correspondem-se, por sua vez, a direitos. ÉTICA PROFISSIONAL Ética profissional é o conjunto de normas morais pelas quais um indivíduo deve orientar seu comportamento profissional. A Ética é importante em todas as profissões, e para todo ser humano, para que todos possam
Compartilhar