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MORFOLOGIA-DO-PORTUGUÊS-COMPLETA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5 
2 FONOLOGIA LEXICAL ........................................................................................ 6 
2.1 Surgimento da fonologia lexical ..................................................................... 6 
2.2 A estrutura do léxico na fonologia lexical ..................................................... 10 
2.3 Regras lexicais da fonologia lexical ............................................................. 12 
3 MORFEMAS ...................................................................................................... 18 
3.1 Unidades morfológicas e estrutura interna das palavras .............................. 18 
3.2 Morfemas da língua portuguesa ................................................................... 20 
3.3 Os tipos de morfema: radical e afixos .......................................................... 21 
3.4 Vogal temática: o tema ................................................................................. 22 
3.5 Morfemas livres e presos ............................................................................. 23 
3.6 Características dos morfemas e diferenças dos sintagmas ......................... 24 
4 PALAVRAS E SINTAGMAS ............................................................................... 26 
4.1 Itens lexicais na análise morfossintática ...................................................... 27 
4.2 Mecanismos mórficos ou sintáticos para a identificação das palavras em 
classes ................................................................................................................... 29 
4.3 Principais categorias lexicais ....................................................................... 31 
4.4 Sintagma nominal e sintagma verbal ........................................................... 32 
4.5 Sintagma nominal ........................................................................................ 32 
4.6 Sintagma verbal ........................................................................................... 34 
5 SUBSTANTIVOS ............................................................................................... 35 
5.1 Classificação dos substantivos .................................................................... 36 
5.1.1 Substantivos concretos ou abstratos ..................................................... 36 
5.1.2 Substantivos próprios, comuns e coletivos ............................................ 36 
5.1.3 Simples e Compostos ............................................................................ 41 
 
 
 
5.1.4 Primitivos e Derivados ........................................................................... 41 
5.2 Flexão dos substantivos ............................................................................... 42 
5.2.1 Flexão de gênero ................................................................................... 42 
5.2.2 Flexão de número .................................................................................. 46 
5.2.3 Flexão de grau ....................................................................................... 48 
5.3 Artigo ............................................................................................................ 50 
5.4 Adjetivo ........................................................................................................ 50 
5.4.1 Adjetivos primitivos ................................................................................ 50 
5.4.2 Adjetivos derivados ................................................................................ 51 
5.4.3 Adjetivos simples ................................................................................... 51 
5.4.4 Adjetivos compostos .............................................................................. 51 
6 CLASSES DE PALAVRAS: PRONOME, NUMERAL E VERBO ........................ 55 
6.1 Pronome ....................................................................................................... 55 
6.1.1 Classificação dos pronomes .................................................................. 56 
6.2 Numeral ........................................................................................................ 57 
6.2.1 Classificação dos numerais ................................................................... 57 
6.2.2 Flexões do numeral ............................................................................... 59 
6.3 Verbo ............................................................................................................ 60 
6.3.1 Classificação dos verbos ....................................................................... 62 
7 O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO................................................................. 63 
7.1 O novo acordo ortográfico da língua portuguesa: por quê e para quê? ....... 64 
7.2 Um pouco da história da construção do acordo ortográfico ......................... 68 
7.3 O novo acordo ortográfico: o que mudou, afinal? ........................................ 72 
7.4 Algumas regras ortográficas do novo acordo ............................................... 74 
7.4.1 Eixo I – Alfabeto ..................................................................................... 75 
7.4.2 Maiúsculas e minúsculas ....................................................................... 75 
7.4.3 Acentuação gráfica ................................................................................ 75 
 
 
 
7.4.4 O hífen ................................................................................................... 77 
7.5 As novas regras em uso: qual é a importância global de seu uso com 
proficiência? ........................................................................................................... 81 
8 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 84 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
6 
 
2 FONOLOGIA LEXICAL 
 
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br 
A fonologia lexical é uma teoria que aproxima morfologia e fonologia. Ela 
apresenta uma estrutura de léxico que se baseia em regras fonológicas, com uma 
concepção bidirecional entre morfologia–fonologia, uma vez que trata das relações 
entre os sistemas sonoro e lexical, devido à relação existente entre as regras 
fonológicas e a formação de palavras. Neste capítulo, você estudará sobre o 
surgimento da fonologia lexical, bem como identificará a estrutura do léxico na 
fonologia lexical. Além disso, conhecerá as regras da morfologia e da fonologia. 
(BIZEL, 2020) 
2.1 Surgimentoda fonologia lexical 
Na história de análise das línguas, sempre esteve presente a consciência de 
que existe uma conexão entre a fonologia e a morfologia. Os estruturalistas 
americanos viam essa relação de forma unidirecional, isto é, pressupunham que os 
resultados da análise fonêmica determinavam a maior parte da morfologia das línguas 
 
7 
 
naturais. Já os gerativistas acreditavam que eram muito relevantes as alterações 
morfofonêmicas no estabelecimento de regularidades fonológicas. A partir do 
desenvolvimento da gramática transformacional, a morfologia passou a ser 
considerada mais interessante à análise fonológica. Assim, surgiram formalizações 
das regras fonológicas que se aplicam a representações subjacentes abstratas, por 
meio de símbolos de fronteira, deixando, portanto, de existir um componente 
morfológico autônomo. (BIZEL, 2020) 
Nos anos 1970, surgiram vários modelos de fonologia (as fonologias não 
lineares) que valorizavam os traços suprassegmentais, mas que não resolviam os 
problemas de abstração encontrados na fonologia gerativista. Na mesma época, os 
estudos sobre o léxico, desenvolvidos principalmente por Chomsky (1975), estavam 
ganhando destaque. Esse contexto favoreceu o surgimento da fonologia lexical (FL). 
Kiparsky (1982) e Mohanan (1982) propuseram novos métodos de análise de 
alternâncias fonológicas. Dessa forma, transferiram parte das regras fonológicas para 
o léxico e integraram o componente fonológico ao componente morfológico. Com a 
fonologia lexical, aplica-se uma concepção bidirecional da interface morfologia-
fonologia (Figura 1). 
 
 
 
O funcionamento da FL pode ser resumido da seguinte forma: 
Na fonologia lexical a interação entre os componentes fonológico e 
morfológico dá-se por meio da inter-relação das regras de diferentes 
domínios (fonológico e morfológico). Regras fonológicas aplicam-se à saída 
de toda regra morfológica, criando uma nova forma que é então submetida a 
uma outra regra morfológica. No processo de formação de palavras, aplicam-
se no léxico as regras fonológicas (que podem ser aplicadas ciclicamente) 
(CRISTÓFARO, 2003, p. 214). 
 
8 
 
Os estudiosos costumam chamar a primeira fase dessa proposta de fonologia 
lexical clássica. Nessa fase, defendia-se um condicionamento fonológico ao léxico. A 
concepção básica considerava que a estrutura do léxico era composta de alguns 
níveis. Esses níveis são ordenados conforme o domínio de algumas regras 
fonológicas (Figura 2). 
 
 
 
Observe que os componentes de morfologia e fonologia se misturam, de modo 
que a estrutura do léxico admite a aplicação cíclica de regras. Essa estrutura 
demonstra a postulação de três representações: subjacente, lexical e fonética. 
Para a Fonologia lexical clássica, há a “[…] ideia de que são necessários 
diferentes níveis de representação e de que as regras se aplicam uma após a outra, 
numa ordem determinada (COLISCHONN, 2002, documento on-line). Além disso, 
sugere-se que o léxico tem dois componentes: um lexical e outro pós-lexical. Nesse 
modelo, as regras lexicais apresentam as propriedades listadas no Quadro 1. 
 
9 
 
 
 
 
De acordo com Cristófaro (2003, p. 214): 
No modelo da fonologia lexical, o componente fonológico tem acesso não 
apenas às formas superficiais da sintaxe (como previa o modelo gerativo 
Padrão) mas tem também um papel atuante no léxico. O léxico é 
compreendido como um conjunto de níveis ordenados. Estes níveis são 
domínios de algumas regras fonológicas. O componente fonológico opera 
não apenas na sintaxe mas também no léxico. 
Essas propriedades revelam que a fonologia lexical é uma teoria que trata do 
modo como a fonologia interage com outros componentes, ou seja, sobre como a 
gramática se organiza. Para tanto, reitera a existência de regras lexicais e pós-lexicais 
e o pensamento de que os limites fonológicos não necessariamente coincidem com 
os morfológicos e métricos. Aliás, é consenso entre os fonólogos que as regras pós-
lexicais não afetam a estrutura interna da palavra. (BIZEL, 2020) 
Entretanto, há estudiosos que criticam as postulações da fonologia lexical 
clássica: diversas pesquisas revelaram, inclusive, a falta de isomorfia entre as 
 
10 
 
estruturas fonológicas e as estruturas morfológicas. Essa descoberta levou à 
organização da fonologia prosódica, versão que surgiu com a proposta de Inkelas 
(1990) de inserção dos constituintes prosódicos ao léxico. 
Contudo, independentemente das vertentes teóricas surgidas a partir da 
fonologia lexical, sabe-se de sua grande contribuição de, formalmente, incorporar o 
nível morfológico à análise do componente fonológico. As próprias críticas são 
contribuições para questionamentos teóricos que podem favorecer os estudos da 
fonologia lexical, em particular e para a organização da gramática de forma geral. 
(BIZEL, 2020) 
2.2 A estrutura do léxico na fonologia lexical 
A fonologia lexical trata também das relações entre os sistemas sonoro e 
lexical, viso que existe uma relação entre as regras fonológicas e a formação de 
palavras. A partir dessa ideia, surgiram diversas propostas de organização do léxico. 
Lee (1995), em sua tese de doutorado, ao analisar dados do português brasileiro (PB), 
propôs um modelo em que o léxico é um componente da gramática que se estrutura 
em níveis e apresenta regras relacionadas ao componente morfológico e à sintaxe. 
De acordo com Kiparsky (1982 apud LEE, 1995), há quatro princípios básicos 
para a fonologia lexical: hipótese de domínio forte (HDF) (todas as regras fonológicas 
aplicam-se no nível mais alto do léxico); preservação da estrutura (SP, de structure-
preserving) (somente os segmentos contrastivos da representação subjacente 
[fonemas] de cada língua podem ocorrer durante as operações lexicais); condição de 
ciclo estrito (SCC, de strict cycle condition) (bloqueio na aplicação das regras: as 
regras fonológicas cíclicas aplicam-se somente em cada ciclo próprio); hipótese de 
referência indireta (HRI) (falta de isomorfia entre as estruturas morfológicas e 
fonológicas; noção de domínio prosódico). A Figura 3 apresenta o modelo de fonologia 
lexical proposto por Lee (1995). 
 
11 
 
 
 
A partir desses princípios, observam-se dois grandes níveis: o lexical e o pós-
lexical. No primeiro, há dois estratos: o derivacional e o flexional, em que estão as 
formas básicas dos morfemas. Nesse nível, ocorrem os fenômenos de derivação, um 
tipo especial de composição e flexões irregulares. Cagliari (2002) exemplifica o caso 
com a palavra felicidade: ela é derivada de feliz + idade e se forma nesse primeiro 
nível. Lee (1995, documento on-line) indica os seguintes exemplos: “[...] a. [feliz], 
[[felic]idade] b. [descobrir] [descoberta] c. [[rádio-tax]ista], [[puxa-saqu]ismo]”. Observe 
que, nesse nível, raízes morfofonêmicas tornam-se candidatas para receberem afixos. 
Os afixos podem entrar em algum estrato, conforme a ordenação dos processos 
morfológicos envolvidos. 
Já no segundo nível, ocorrem formações produtivas e flexões regulares. Esse 
é o caso das conjugações verbais (amo; amava), de número (pote; potes) e de grau 
(café; cafezinho). Lee (1995, documento on-line) indica os seguintes exemplos: “[...] 
a. falo, falava b. flor, flores c. cafezinho”. No português, a assibilização pode ser um 
exemplo de regra lexical. Em algumas formas derivadas, a oclusiva final passa a ser 
sibilante diante da vogal que inicia o sufixo, como em elétrico e eletricidade. 
No nível pós-lexical, terceiro estrato, estão representadas a saída do léxico e a 
entrada à sintaxe, e, no quarto estrato, ocorre um tipo especial de composição. 
 
12 
 
Cagliari (2002) exemplifica o caso com as seguintes palavras: homem-rã; garota 
propaganda; fim de semana. Observe que esses itens lexicais são formados por 
palavras independentes. 
No português, a vocalização da lateral palatal é um exemplode regra pós-
lexical, pois ela se aplica à palavra pronta e não opera em fronteiras morfológicas. 
Como a regra é categórica e não preserva a estrutura (p. ex., nas palavras pastel e 
pastelada, a estrutura silábica é outra), evidencia-se sua identificação com as regras 
pós-lexicais. (BIZEL, 2020) 
Nesses níveis, se acondicionam regras de formação de palavras e regras 
fonológicas. De acordo com Bisol e Hora (1993, documento on-line): 
A saída de cada regra de formação de palavra é submetida, em seu estrato, 
a regras fonológicas que podem ser reaplicadas, em outros estratos, ou seja, 
em outros níveis da formação da palavra, se suas condições estruturais forem 
preenchidas. 
As regras fonológicas que forem intrinsecamente cíclicas são aplicadas ao 
léxico, e as que se aplicam sobre o resultado da sintaxe são as não cíclicas. Nesse 
sentido, dividem-se as regras fonológicas em lexicais e pós-lexicais. (BIZEL, 2020) 
Segundo Bisol e Hora (1993, documento on-line), as lexicais são as regras “[...] 
que exigem informação morfêmica”, e as pós-lexicais são as que: 
[...] atravessam fronteiras de palavras e, ignorando a estrutura morfológica da 
palavra, dispensam a informação oferecida pelos colchetes. Regras que não 
atravessam fronteiras, mas não exigem informação morfêmica podem ser 
aplicadas em um e outro componente, preferentemente no último, o nível não 
marcado, desde que não haja evidência ao contrário. 
Portanto, as regras são a base da organização do léxico. A seção a seguir trata 
de como essas regras se organizam no português brasileiro. 
2.3 Regras lexicais da fonologia lexical 
A fonologia lexical concede um papel fundamental às regras lexicais, pois cuida 
da organização da gramática, observando como a fonologia interage, principalmente 
com a morfologia. Essas regras são aplicadas em uma sequência em que há 
restrições ao ordenamento extrínseco e a abstrações de formas intermediárias. 
(BIZEL, 2020) 
 
13 
 
 
 
Em resumo, as regras do componente lexical da fonologia se aplicam em 
palavras derivadas, podem apresentar exceções e preservam a estrutura, por isso não 
introduzem alofones. Já as regras aplicadas ao componente pós-lexical seguem um 
caminho contrário: podem se aplicar a outros ambientes — além do ambiente dos 
derivados —, não têm obrigação de preservar a estrutura e podem ser usadas em 
outros domínios prosódicos, como frases fonológicas e frases entoacionais. (BIZEL, 
2020) 
Como se observa, a FL defende a subespecificação, e, nesse sentido, algumas 
análises podem levar a paradoxos de ordenação. Assim, essa abordagem fonológica 
recebe muitas críticas. Outro problema no uso enfático das regras está no fato de 
haver uma defesa de que os alomorfes devem ser ignorados ou devem ter seu papel 
diminuído nas análises. Essa ação, evidentemente, gera um tipo de regularidade que 
se coloca sujeita a regras. Contudo, a realidade de uso da língua pelo falante pode 
não validar as formas subjacentes sugeridas nessas análises. Independentemente 
das críticas, as regras partem de princípios que norteiam as formações lexicais. 
Observe como, na língua portuguesa falada no Brasil, cada princípio dá suporte às 
regras. (BIZEL, 2020) 
O princípio da hipótese de domínio forte (HDF) indica que as regras fonológicas 
se aplicam ao nível mais alto do léxico e, depois, podem se apagar. Essa hipótese é 
justificada pelo fato de que algumas regras se aplicam a um nível, ao passo que outras 
se aplicam a vários níveis. No português brasileiro, isso se evidencia, segundo Lee 
(1995, documento on-line), em: 
 
14 
 
 
 
Observe que as regras se aplicam somente às palavras derivadas com os 
sufixos do primeiro nível. De acordo com Lee (1995), a aplicação dos exemplos (a) e 
(b) é apagada depois de operações do nível 1, pois as regras são inoperantes em 
outros níveis. Já no caso do exemplo (c), a HDF prevê que essa regra pode ser 
aplicada nos níveis anteriores, porém, nos níveis lexicais, é bloqueada pela SP. 
O princípio de SP indica que somente os segmentos contrastivos de 
representação subjacente podem ocorrer durante as operações lexicais. A condição 
do ciclo estrito é outro princípio importante da fonologia lexical. Segundo Lee (1995, 
documento on-line): 
Na FL as regras lexicais não se aplicam na saída da morfologia, mas podem-
se aplicar depois de cada operação morfológica, de tal maneira que a 
ciclicidade é simplesmente uma propriedade inerente das regras fonológicas 
lexicais – isso implica que as regras pós-lexicais sejam não cíclicas. 
Esse princípio, portanto, bloqueia regras, o que indica que as regras 
fonológicas cíclicas ocorrem somente em cada ciclo próprio, ou seja, no ambiente 
derivado. Há críticas também ao princípio da condição de ciclo estrito: na prática, a 
proibição de alternâncias não limita o grau de abstração. A explicação dos estudiosos 
da fonologia lexical para esse questionamento é que, embora todas as regras lexicais 
se sujeitem à condição do ciclo estrito, há aplicações não cíclicas lexicais que 
constroem as estruturas métricas que enchem os traços não especificados. Esse é o 
caso de aplicações como acento, silabificação e regras de redundância. (BIZEL, 2020) 
A hipótese de referência indireta (HRI) aborda a falta de isomorfia entre as 
estruturas morfológicas e fonológicas e a noção de domínio prosódico. Na teoria da 
fonologia gerativa, os domínios fonológicos são definidos pelas fronteiras fonológicas 
 
15 
 
(+, #) e pelos ciclos fonológicos. Na FL, as fronteiras são indicadas pelos colchetes 
morfológicos, os quais afirmam que o léxico é altamente ordenado. Segundo Lee 
(1995, documento on-line), no modelo da fonologia lexical, 
[...] a morfologia é distinta e separa da fonologia, mas as regras fonológicas 
aplicam-se nos objetos criados pela morfologia, a não ser que haja falta de 
isomorfia entre as estruturas fonológicas. Essa falta de isomorfia pode ser 
explicada pelo HRI, introduzindo a noção de domínio prosódico do léxico. 
Desse modo, as regras fonológicas aplicam-se nos contextos prosódicos, mas 
eles não implicam no isolamento do componente morfológico. 
Lee (1992) apresenta alguns exemplos de aplicação de regras da fonologia 
lexical na língua portuguesa. Como pode ser observado no Quadro 2, ele usa a 
palavra imoralidade para ilustrar o processo de derivação nos níveis lexical e pós-
lexical. 
 
 
 
Observe que, nessa derivação, as regras lexicais se aplicam depois de cada 
operação morfológica, e isso ocorre de forma cíclica. Assim, as regras fonológicas 
 
16 
 
aplicam-se em um novo ciclo no léxico. Para esse modelo de FL, são necessários 
quatro níveis: (1) afixação de classe I, flexão irregular; (2) afixação de classe II; (3) 
formação de composto; e (4) flexão regular. 
As principais regras lexicais do português são: supressão de nasal, 
abrandamento da velar e processo de assibilação. 
As palavras ilegível, imoral, irregular e irracional derivam, respectivamente, de 
legível, moral, regular e racional, visto que, quando formadas, houve supressão de 
nasal para a negação, pois não se usam as formas iNlegível, iNmoral, iNrregular e 
iNrracional. Contudo, a afixação eN-, -r não segue a aplicação dessa regra. Para a FL, 
o nível 1 é, portanto, o domínio de aplicação dessa regra. (BIZEL, 2020). Observe a 
seguir: 
 
 
 
A regra de abrandamento da velar ocorre no fonema /k/ que se transforma em 
/s/ ou /g/ quando os sufixos derivacionais começam por /i/ ou /e/. Observe: 
 
Elétri/k/o – eletri/k/idade – eletri/s/idade 
Históri/k/o – histori/k/idade – histori/s/idade 
Conju/g/al – conju/g/e – conju/z/e 
 
Contudo, há sufixos derivacionais que começam por /i/ ou /e/, mas que não 
seguem essa regra. Observe: 
 
Fra/k/o – fra/k/íssimo – fra/s/eza 
Fidal/g/o – fidal/g/inho – fidal/s/inho 
 
Assim, a regra de abrandamento da velar é representada da seguinte forma: 
 
 
17Na assibililação, o fonema /t/ se transforma em /s/. Observe: 
 
Democrá/t/ico – democra/t/ia – democra/s/ia 
Profé/t/ico – profe/t/ia – profe/s/ia 
 
A regra de assibilação é a que segue: 
 
 
 
Segundo Bizel (2020), em suma, para a fonologia lexical, as regras são 
fundamentais para explicar a estrutura do léxico e a formação de palavras. Portanto, 
é preciso conhecê-las e analisá-las para compreender as contribuições dessa teoria 
fonológica. 
 
 
18 
 
3 MORFEMAS 
 
Fonte: http://radames.manosso.nom.br/ 
Neste capítulo, você vai estudar alguns aspectos de aprofundamento em 
morfologia. Nesta etapa, você vai conhecer as unidades morfológicas e as estruturas 
internas das palavras, a partir do estudo dos morfemas em língua portuguesa. Além 
desses saberes, você também vai apropriar-se das características dos morfemas e da 
diferença entre eles e os sintagmas. (CASTRO, 2011) 
3.1 Unidades morfológicas e estrutura interna das palavras 
Em Castro, 2011, o primeiro aspecto que você precisa ter em mente está 
relacionado com o surgimento de novas palavras em língua portuguesa. Pense: 
quando se formam novas palavras? Como se formam novas palavras? Por que se 
formam novas palavras? 
Primeiro, novas palavras são formadas a todo momento. Isso considerando 
todas as suas modalidades. Mas, quais seriam essas modalidades? Podemos 
destacar as seguintes: coloquial, culta, literária, técnica, científica, de propaganda, 
entre outras. Dessa forma, a partir do uso e das necessidades dos falantes, e também 
 
19 
 
conforme o contexto e o período histórico, novos itens lexicais passam a fazer parte 
de uma comunidade linguística. As formações podem ser esporádicas ou 
institucionalizadas, conforme delimita Rocha (1998). As formações esporádicas são 
aquelas relacionadas com o momento. Por exemplo, desmorrer. Nesse caso, uma 
criança que brinca e diz que a formiga desmorreu. Ou seja, o contexto motiva a criação 
da palavra por associação a outras parecidas e já existentes. Mas não significa que 
ela venha a fazer parte do registro de palavras da língua. Esta e outras palavras são 
criadas por impulsos momentâneos. 
A forma institucionalizada de criar novas palavras é diferente e por este motivo 
é denominada desta forma. Pense na palavra imexível. Ela foi pronunciada em um 
contexto de publicidade de ato de um falante. Dessa forma, várias pessoas ouviram e 
passaram a repeti-la. A circunstância era especial e tornou o vocábulo familiar para 
os indivíduos. Por conseguinte, imexível passou a ser um vocábulo institucionalizado. 
No entanto, você precisa saber: um vocábulo pode ser institucionalizado dentro de um 
grupo de falantes de determinada língua. Por exemplo, indesmentível está 
institucionalizada em determinada família e determinada residência. Logo, esta 
formação é institucionalizada naquele grupo específico, mesmo que não seja 
conhecido de outros grupos de falantes. O que você precisa se perguntar é: mas por 
que alguns se tornam institucionalizados e outros não? (CASTRO, 2011) 
Conforme Rocha (1998), precisamos considerar a visibilidade do “criador” da 
palavra e, em seguida, o poder da mídia dessa palavra. Ou seja, em que proporção 
esse vocábulo vai ser disseminado. Um vocábulo criado em um contexto mais restrito 
e de forma esporádica, pode até ser institucionalizado, isso depende da dimensão que 
ele atinge. Mantendo-se restrito, não será institucionalizado, mas, caso contrário, 
passe a integrar a fala de um grupo maior de pessoas, ele poderá ser registrado. As 
redes sociais, atualmente, têm um papel importante para a fixação de novos 
vocábulos. Quando compatilhado por muitos, a palavra passa a ser conhecida e as 
pessoas a utilizam fora das redes sociais. O poder da mídia é evidente neste exemplo. 
Palavras como sextou e trolar saem das redes sociais e passam a fazer parte dos 
diálogos entre os falantes. 
Outra situação que mobiliza a formação de novos vocábulos tem relação com 
o fato de que certos processos são mais apelativos e enfáticos do que outros. Por 
exemplo, dizer fumódromo no lugar de sala de fumantes. Portanto, é importante você 
 
20 
 
saber que é difícil responder plenamente à pergunta: tal palavra existe? Pense nisso. 
No nível morfológico, no entanto, passamos a tentar compreender as unidades de 
sentido que compõem as palavras. No campo da análise linguística, estudamos 
diferentes níveis, desde aqueles mais amplos, ou seja, os que estudam as unidades 
mais amplas do discurso, até as unidades menores, como as sílabas e os sons. Entre 
eles há um nível intermediário que estuda as unidades da língua as quais apresentam 
certa autonomia formal. Essas unidades podem ser encontadas como entradas 
lexicais do dicionário. Estamos, portanto, falando das palavras. Inserido nisso, temos 
o estudo em nível morfológico. Ou seja, aquele que estuda as unidades de sentido 
que compõem as palavras. (CASTRO, 2011) 
Etimologicamente, a palavra morfologia se constitui de dois elementos: morfo 
e logia. Originária do grego, significam, respectivamente, forma e estudo. Por 
conseguinte, definido na gramática como o estudo que descreve as formas das 
palavras. Mais detalhadamente: o estudo que tem como objeto de investigação a 
estrutura interna das palavras. (CASTRO, 2011) 
 
 
3.2 Morfemas da língua portuguesa 
Conforme descrito nos parágrafos anteriores, compreender o que é morfologia 
pressupõe entender o que é forma, no sentido de sinônimo de estrutura, composta 
esta de partes denominadas morfemas. A primeira informação que você precisa 
internalizar é a de que toda estrutura é composta de elementos que estão 
relacionados. Ou seja, isso explica que: todas as palavras são formadas por unidades 
menores, as quais, quando combinadas, produzem significado. Essa combinação não 
é aleatória. Na verdade, as estruturas internas, quando combinadas de determinada 
forma, estabelecem relação e produzem significado. Assim, podemos afirmar que 
 
21 
 
determinadas palavras combinadas com outras exercem funções específicas nos 
enunciados. Conclui-se que forma, função e sentido são solidários entre si e, até 
mesmo, interdependentes (BECHARA, 2010). 
Pense: quando afirmamos que lindos é um adjetivo masculino plural ou que 
trabalhássemos é um verbo de 1ª conjugação que está no pretérito imperfeito do 
subjuntivo e na 1ª pessoa do plural, estamos indicando que há marcas formais e 
gramaticais, as quais delimitam esses enquadramentos, não é mesmo? Exatamente, 
essas marcas formais são chamadas de morfemas. (CASTRO, 2011) 
3.3 Os tipos de morfema: radical e afixos 
Conforme Castro (2011), no exemplo anterior — lindos — a marca do masculino 
está no final -o, e a demarcação de plural está em -s. Já no verbo citado, 
trabalhássemos, a marca do pretérito imperfeito do subjuntivo está em -ss e a marca 
da 3ª pessoa do singular está em -mos. 
Agora, lindos tem um significado diferente de ricos, pequenos ou lisos. O que 
há de comum entre eles, no entanto, são os morfemas - o e - s. Por esta similaridade 
identificamos que ricos, pequenos e lisos também são palavras masculinas compostas 
de plurais. O significado específico desses vocábulos está em lin-, ric-, pequen- e lis. 
O mesmo ocorre com o verbo trabalhássemos. Neste, a diferenciação está em trabalh. 
Na comparação com escrev- (escrevêssemos) e part- (partíssemos). Os responsáveis 
pelos significados lexicais, nos exemplos supracitados, são classificados como 
radicais (BECHARA, 2010). 
 
 
 
Com esta reflexão, podemos concluir que a palavra é constituída de dois tipos 
de morfema: 
 
22 
 
 
 Aquele que expressa os significados na noção de mundo: lexical ou 
externo (o radical). 
 Outro que expressa o significado gramatical ou interno (os afixos 
representados por morfemas de flexão e de derivação). (CASTRO, 
2011) 
3.4 Vogal temática: o tema 
Ainda, saiba que entre o radicale os afixos é permitido inserir uma vogal 
temática (BECHARA, 2010). A missão dela é de classificação, uma vez que ela 
diferencia os nomes e os verbos em grupos ou classes. Estes são conhecidos como 
grupos nominais (casa/livro/ponte, etc.) e grupos verbais (denominados conjugações). 
Por essa razão, podemos afirmar que o verbo trabalhássemos pertence à 
primeira conjugação: trabalh-á-sse-mos. O verbo escrevêssemos é de segunda 
(escrev-ê-sse-mos) e partíssemos (part-í-sse-mos) é de terceira conjugação. 
A união do radical com a vogal temática representa o tema (BECHARA, 2010). 
Este é a parte da palavra que está pronta para funcionar no discurso e também que 
está apta para receber os afixos: 
 
casa + s = casas 
linda + s = lindas 
livro + s = livros 
 
Em algumas ocorrências, ao receber determinados afixos, a vogal temática 
pode desaparecer — por exemplo em casinha [cas(a)inha]. 
Nos nomes, as vogais temáticas são representadas por -a e -o. Estes dois 
demarcam o grupo nominal e também indicam o gênero: a casa (feminino); o livro 
(masculino). Ainda nos nomes, as vogais temáticas -o e -e podem ser representadas 
por uma semivogal de um ditongo: pão/pães. Enquanto o -o pode passar para a 
variante -u: afeto/afetuoso (afeto + oso = afetuoso). (CASTRO, 2011) 
 
23 
 
 
 
No caso dos nomes terminados em consoante, a vogal temática -e, destacada 
no singular, reaparece quando a palavra estiver no plural: 
 
mar/mares (mar-e-s) 
paz/ pazes (paz-e-s) 
mal/ males (mal-e-s) 
 
Por fim, é importante reforçar que a vogal temática aparece tanto nos temas 
simples (livr-o) quanto nos derivados (livr-eir-o). 
3.5 Morfemas livres e presos 
O morfema será livre quando tiver uma forma que pode aparecer de forma 
autônoma no discurso. Caso contrário, será preso. No exemplo agricultura, agri- é um 
morfema preso, pois ele, sozinho, não tem sentido no discurso. Para significar campo, 
ele precisa combinar com outro morfema (agrimensor, agrícola, agricultor, etc.). 
Diferentemente de cultura, por exemplo, pois este tem vida independente no discurso 
(a cultura do campo). (CASTRO, 2011) 
O radical pode ter uma variante que só aparece como forma presa. Este é o 
caso, por exemplo, de caber, que tem variante presa -ceber. Aparecendo ela em: 
receber, perceber e conceber. A variante do morfema nesses caos é alomorfe 
(BECHARA, 2010). 
Os elementos, portanto, podem ser todos livres (compor, apor) ou todos presos 
(agrícola, perceber), ou, ainda, combinados (agricultura, gasoduto). Assim, uma só 
forma pode representar mais de um morfema. O -s, por exemplo, pode marcar plural 
 
24 
 
(casa/casas) e também 2ª pessoa do singular nos verbos (tu amas, escreves, partes). 
(CASTRO, 2011) 
3.6 Características dos morfemas e diferenças dos sintagmas 
Outra questão que precisa ser esclarecida está relacionada com a interpretação 
dos sintagmas. Você precisa saber que além dos processos de formação e flexão da 
palavra, à morfologia também cabe certa classificação das palavras. Ou seja, deste 
processo devem ser considerados, além dos critérios formais, alguns sintáticos e 
semânticos. Tudo isso pela possibilidade de classificação de uma palavra apenas pela 
sua forma. Isso mesmo! A forma canto, por exemplo, pode desempenhar papel de 
substantivo ou um verbo. Isso apenas depende da função e do sentido em que passa 
a ser empregada. (CASTRO, 2011). Observe: 
 
O canto dos pássaros. 
Eu canto como um pássaro. 
 
No primeiro exemplo, a palavra funciona como um substantivo. Diferentemente 
da segunda ocorrência, em que canto passa a funcionar como um verbo. Nesse caso, 
o que deve ser considerado é a relação sintagmática. Ou seja, a combinação com 
outros termos na frase ou no sintagma. Lembre-se de que qualquer forma pode 
desempenhar função substantiva. Por exemplo: não gosto do cantar acelerado que 
ela força. Nesse caso, cantar desempenha função de substantivo. Isso é possível de 
ser concluído pela relação sintagmática que a expressão expressa na aproximação 
com os outros sintagmas. (CASTRO, 2011) 
Para Saussure (2006), o sintagma se compõe sempre de duas ou mais 
unidades consecutivas: re-ler; contra todos; a vida humana. Ou seja, as relações 
sintagmáticas estão baseadas no caráter linear do signo linguístico. Nesse 
entendimento, excluímos a possibilidade de pronunciar dois elementos da frase ao 
mesmo tempo. Os termos se sucedem, um após o outro, de forma linear. Isso são os 
sintagmas. Na cadeia sintagmática, um termo passa a ter valor a partir do contraste 
com os outros; ou aqueles que antecedem ou aqueles precedem. Em alguns casos, 
ocorre com ambos. Tudo isso devido ao caráter linear dos sintagmas. Analise: 
 
25 
 
Hoje faz calor. 
 
Não é possível pronunciar jeho faz lorca. Não há sentido na inversão linear dos 
termos. Essa cadeia fônica faz com que se estabeleçam relações sintagmáticas entre 
os elementos que a compõem. A partir dessas análises, podemos concluir que 
morfemas são as menores unidades formais associadas e dotadas de significado. 
Enquanto os sintagmas são as sequências hierarquizadas de elementos linguísticos, 
os quais compõem uma unidade na sentença; linearmente e na cadeia da fala. Dessa 
forma, a noção de sintagma se aplica para além da palavra. A noção de sintagma se 
aplica aos grupos de palavras e também às unidades complexas (palavras compostas, 
derivadas, frases inteiras, etc). As relações sintagmáticas existem em todos os planos 
da língua: fônico, mórfico e sintático. (CASTRO, 2011) 
Portanto, tenha em mente: morfemas são apenas as menores unidades da 
forma das palavras; sintagmas, no entanto, são todas e quaisquer combinações de 
unidades linguísticas na sequência de sons da fala, a serviço da forma (rede de 
relações + componente semântico) de determinada língua. (CASTRO, 2011) 
Em Castro, 2011, os morfemas são caracterizados, então, por um ou mais 
fonemas, mas diferentemente destes últimos, apresentam significado. Os fonemas 
isolados não apresentam significado. Observe: 
 
/m/ /a/ /r/ /i/ /s/ 
 
Isolados, esses fonemas não fazem sentido. Mas, quando combinados, 
constituem unidades mínimas de significado. Veja: 
 
[mar] 
[mais] 
[mas] 
 
Por fim, podemos afirmar que os morfemas são caracterizados como: 
 
 elementos mínimos das emissões linguísticas com significado 
individual; 
 
26 
 
 unidade mínima em um sistema de expressões que pode ser 
correlacionada com alguma parte do conteúdo; 
 as menores unidades significativas que podem construir vocábulos ou 
parte deles; 
 a menor parte indivisível da palavra que tem uma relação direta ou 
indireta com a estrutura de significação. (CASTRO, 2011) 
 
4 PALAVRAS E SINTAGMAS 
 
Fonte: https://conceitos.com/ 
A partir da leitura deste capítulo, você compreenderá alguns aspectos da 
morfossintaxe. Vamos tratar do léxico da língua portuguesa, com o objetivo de ampliar 
os conhecimentos sobre as características e as propriedades de cada palavra. 
Observaremos o conjunto arbitrário de palavras e conheceremos a relação que se 
 
27 
 
estabelece entre palavras e sintagmas, analisando o que isso significa para o 
funcionamento da língua portuguesa. Os objetivos do capítulo estão centrados na 
descrição dos itens lexicais e nos aspectos que eles englobam na análise 
morfossintática; na demonstração dos mecanismos mórficos ou sintáticos para a 
identificação das palavras em classes; e, por último, no exame das características do 
sintagma nominal e do sintagma verbal. (CASTRO, 2007) 
4.1 Itens lexicais na análise morfossintática 
Segundo Basílio (2004), o léxico apresenta certo teor de regularidade e é 
elemento fundamental da organização linguística da língua, seja do ponto de vista 
semântico ou gramatical. O conhecimento lexical permite analisar certas estruturas da 
língua, seja em uma abordagem textual ou mesmo estilística. O que ocorre é que osdiferentes processos de derivação, de mudança e de extensão das classes das 
palavras são traduzidos em estruturas morfológicas lexicais. É por essa característica 
que se destaca a relevância do conhecimento dos itens lexicais e de seus aspectos 
no contexto da análise morfossintática. 
Primeiramente, é preciso saber que existe uma vasta possibilidade de 
nomenclatura. De acordo com diferentes estudiosos, é possível encontrar 
semelhanças e diferenças na classificação das palavras, dos vocábulos, dos lexemas, 
das unidades ou itens lexicais. Neste capítulo, o foco se manterá na compreensão da 
palavra, dos itens lexicais e dos sintagmas. (CASTRO, 2007) 
Vamos iniciar com os itens lexicais. Você sabe o que é um item lexical? 
A língua existe para que possamos nos comunicar. Logo, é necessário 
identificar as coisas sobre as quais queremos falar. Assim, é possível designar 
pessoas, lugares, objetos, etc. Identificamos a língua como um sistema de 
classificação e de comunicação. Nesse contexto, o papel do léxico apresenta dupla 
função para língua: ele é um banco de dados com uma classificação prévia que 
fornece unidades básicas para que o falante construa enunciados (BASÍLIO, 2004). 
Assim sendo, o léxico categoriza aquelas coisas sobre as quais falamos, fornecendo 
unidades de designação denominadas palavras. A palavra, portanto, desempenha 
papel fundamental no processo de comunicação, pois possibilita identificação, 
 
28 
 
categorização e nomeação da realidade que cerca os falantes. É assim que os 
indivíduos geram o léxico de sua língua. 
Consideremos, agora, a seguinte questão: o que é palavra e o que é léxico? 
Compreendemos a palavra como unidade de designação utilizada para a 
construção de enunciados. No entanto, um conjunto fechado dessas unidades não é 
suficiente para uma língua. Observe, por exemplo, as palavras que são incorporadas 
ao cotidiano de fala dos indivíduos de determinada língua. Esse sistema não é 
estático, ampliamos as unidades de designação, pois temos necessidade de 
classificar situações, objetos e pessoas de formas não antes feitas. Por esse motivo, 
produzimos (e reproduzimos) novas denominações. Precisamos de um sistema 
dinâmico, que seja capaz de se expandir e de se moldar conforme às necessidades 
dos falantes. Por exemplo, o léxico oferece as unidades de designação, como global; 
a partir delas, elaboramos novos itens lexicais, tal como globalização. (CASTRO, 
2007) 
O léxico não se limita a um conjunto fechado de palavras. Ele é dinâmico e 
apresenta estruturas que podem ser utilizadas para sua expansão. Dito de outro 
modo, o léxico é mais do que palavra. No léxico, estão as estruturas e os processos 
de formação de palavras que possibilitam a formação de novas unidades lexicais e, 
por conseguinte, permitem a aquisição de palavras novas para os falantes. (CASTRO, 
2007) 
Não devemos confundir item lexical com palavra: o primeiro faz referência aos 
itens que estão armazenados na memória do falante; o segundo nomeia o termo que 
é utilizado de acordo com a teoria gramatical. Assim sendo, existe o léxico externo e 
o interno, conforme delimita Basílio (2004). Como conjunto de palavras, temos o léxico 
externo, ou seja, aquele grupo que se verifica nos enunciados dos falantes. O conjunto 
interno, ou mental, corresponde às palavras conhecidas pelo falante e também aos 
padrões gerais de estruturação para interpretação e produção de novas formas. Para 
a análise morfossintática, essa diferenciação é importante. Interpretamos palavra 
como categoria mais genérica. Item lexical, no entanto, deve ser percebido como 
unidade de nomeação de verbos e substantivos e outros, ou seja, como unidade 
semanticamente registrada no léxico de uma língua, com potencial de combinação 
com outros elementos afixais para formação de outras unidades ou sintagmas. 
 
29 
 
 
 
Para a análise morfossintática, a normalização dos itens lexicais é 
imprescindível, pois esse é o processo que reduz as variações de uma palavra para 
sua forma única. Os componentes formadores de palavras são o radical e os afixos. 
O radical é o elemento básico, enquanto os afixos podem ser incorporados às palavras 
para formar outras. Esses processos afetam significativamente a palavra original; 
podem, inclusive, alterar a sua categoria morfológica. (CASTRO, 2007). Observe o 
exemplo a seguir: 
 
 Casa 
 Casebre 
 Casinha 
 Casarão 
 
Nestes exemplos, cas- (cas-a; cas-ebre; cas-inha e cas-arão) é o elemento que 
faz referência ao mundo extralinguístico. Esse é o radical que faz parte de todas as 
palavras e é a significação desse radical que é denominada de lexical. Ou seja, a 
formação de palavras, nesse caso, é chamada de formação lexical. (CASTRO, 2007) 
4.2 Mecanismos mórficos ou sintáticos para a identificação das palavras em 
classes 
Classes de palavras são conjuntos abertos de palavras, os quais podem ser 
definidos a partir das propriedades ou funções semânticas e gramaticais. Conhecer 
as classes de palavras é fundamental para a compreensão do funcionamento de uma 
língua, pois elas expressam as propriedades gerais das palavras. De fato, só é 
 
30 
 
possível descrever os mecanismos gramaticais mais óbvios, como a concordância de 
gênero e número do artigo com o substantivo, se soubermos determinar qual palavra 
pertence a cada classe. (CASTRO, 2007) 
De acordo com a gramática tradicional, podemos classificar as palavras de 
diversas maneiras. É possível indicar uma classificação conforme acentuação (átonas 
ou tônicas) por exemplo. Entretanto, o que está convencionado como classe de 
palavras (ou categorias lexicais) corresponde a uma classificação mais específica, a 
qual está relacionada com critérios semânticos ou gramaticais de análise. (CASTRO, 
2007) 
 
 
 
Existe um critério ou um conjunto de critérios de classificação de palavras? 
Existem divergências quanto a isso, mas, neste momento, é relevante pensar nos 
critérios, uma vez que as classes de palavras são importantes para a descrição 
gramatical. Dessa forma, pense na definição apenas semântica do substantivo, sobre 
como ele se comportam nos enunciados. Esse critério daria conta da explicação? Não. 
A posição de ocorrência das palavras na elaboração dos enunciados é essencial para 
descrição gramatical. Desse modo, apenas o critério semântico não basta para a 
descrição gramatical. (CASTRO, 2007) 
A definição sintática do substantivo como núcleo do sujeito, agente da passiva 
ou objeto indica posições estruturais, mas não evidencia as propriedades de 
concordância do substantivo em relação ao adjetivo, por exemplo. Do mesmo modo, 
a definição sintática ou semântica do verbo não evidencia as necessidades das várias 
formas verbais que expressam tempo, modo, número e pessoa. Portanto, conclui-se 
que os propósitos de descrição gramatical exigem das classes de palavras uma 
definição com diversos critérios. Assim sendo, para efeitos da descrição gramatical, 
as classes de palavras devem ser definidas simultaneamente por critérios 
morfológicos, sintáticos e semânticos. (CASTRO, 2007) 
 
31 
 
4.3 Principais categorias lexicais 
Como elementos do léxico, as classes de palavras podem ser denominadas 
categorias lexicais. Segundo Basílio (2006), as classes de palavras que estão 
envolvidas em processos de formação de palavras são as seguintes: 
 
 Substantivos 
 Adjetivos 
 Verbos 
 Advérbios 
 
A primeira classe de palavras, substantivos, é definida pela propriedade 
semântica de designação de seres ou entidades; pela propriedade morfológica de 
determinação de gênero e número; e, por fim, pela propriedade sintática de ocupar a 
posição de núcleo do sujeito ou complemento. (CASTRO, 2007) 
A classe dos adjetivos é definida pela propriedade de caracterização ou 
qualificação, sobretudo dos seres designados pelos substantivos. Os verbos, como 
classe de palavras, representamrelações no tempo e têm a função de predicação 
com flexões de tempo e modo. Por último, a classe dos advérbios representa aquela 
composta de palavras invariáveis com função de modificar os verbos, os adjetivos e 
outros advérbios e enunciados. (CASTRO, 2007) 
As classes de palavras (ou categoria lexicais) são a base para a descrição dos 
processos de formação de palavras. Por exemplo, a adição do sufixo -dade a um 
adjetivo forma um substantivo: no caso do adjetivo leal, por meio da adição do sufixo 
-dade, temos o substantivo lealdade. Assim, podemos constatar que a definição de 
classes de palavras deve seguir os requisitos da descrição gramatical, bem como 
aqueles requisitos relacionados ao processo de formação de palavras. (CASTRO, 
2007) 
Quando afirmamos que o sufixo -ção é adicionado aos verbos para a formação 
de substantivos, não se afirma apenas que ele se acrescenta a palavras que ocupam 
o núcleo do predicado para formação de palavras que ocupam o núcleo do sintagma 
nominal; na verdade, consideramos que palavras a que -ção é aplicável designam 
eventos e situações que estão representadas no tempo e apresentam flexão de 
 
32 
 
tempo/modo/aspecto e número-pessoa. Portanto, as palavras produzidas designam 
eventos e situações sem a marca de represen tação no tempo, sem flexão e com a 
propriedade de acionar os mecanismos de concordância tanto de gênero quanto de 
número. (CASTRO, 2007) 
4.4 Sintagma nominal e sintagma verbal 
Sintagma é um termo utilizado para designar dois elementos consecutivos. Um 
deles é o determinado (principal) e o outro é o determinante (subordinado). Quem 
introduziu este termo foi Ferdinand de Saussure (2006). Por exemplo, em um sintagma 
básico, composto de sujeito e predicado, o elemento determinado é o verbo; o 
determinante, o sujeito. 
O que o sintagma identifica é a impossibilidade de dois termos serem 
pronunciados ao mesmo tempo, ou seja, existe linearidade na expressão do signo. 
Além disso, um termo apenas passa a ter valor depois de ser contrastado com outro. 
(CASTRO, 2007) 
O sintagma, portanto, trata da combinação de formas mínimas em unidades 
linguísticas superiores. O que existe, em essência, é reciprocidade, coexistência e 
solidariedade entre os elementos presentes na fala. Essa relação é sintagmática e 
concebe o sintagma no plano mórfico e sintático. Dentro desse contexto, identifica-se 
uma subdivisão dos sintagmas, de acordo com o núcleo que os compõem. Os tipos 
de sintagma são: nominal, verbal, adjetival, adverbial e preposicional. (CASTRO, 
2007) 
Neste momento, vamos centralizar nosso estudo em apenas dois tipos: nominal 
e verbal. 
4.5 Sintagma nominal 
De acordo com Mioto, Silva e Lopes (2005), o sintagma nominal é composto, 
obrigatoriamente, por um nome, seguido de seus determinantes. Esses determinantes 
podem ser pronomes ou palavras que, em suas origens, pertenciam a determinadas 
classes lexicais, mas que, a partir da recategorização, passaram a desempenhar o 
papel de nomes. 
 
33 
 
O núcleo, portanto, pode ser combinado com outros elementos, como 
complementos (a conquista da batalha), modificadores (o vestido azul) e também 
especificadores, que podem ser definidos pelos determinantes e pelos quantificadores 
(muitas balas). Portanto, as funções sintáticas que o sintagma nominal pode 
representar são: sujeito, predicativo, objeto direto, indireto e oblíquo (nominal e 
verbal), aposto, adjunto adverbial e vocativo. (CASTRO, 2007) 
No caso de o sintagma nominal apresentar apenas um especificador, este 
ocorrerá na posição inicial do sintagma (esta aluna, muitos estudantes, etc.). Por outro 
lado, quando o especificador for um quantificador não determinante, este pode acorrer 
entre um determinante definido e o nome. Por exemplo: as várias amigas da Luiza. 
Neste caso, a posição é intermediária. (CASTRO, 2007) 
Assim sendo, os quantificadores todos e ambos, quando iniciando sintagma 
nominal, não podem preceder diretamente um nome sem a presença de um 
determinante. Por exemplo: todas as ruas, ambas as ruas. Para confirmar essa 
afirmação, pense na possibilidade da estrutura: todas casas e ambas casas. Essas 
duas construções são agramaticais. No entanto, estes quantificadores podem ocorrer 
na posição pós-verbal. (CASTRO, 2007). Observe os exemplos de substituição: 
 
Todos os carros eram vermelhos → Os carros eram todos vermelhos. 
Ambas as meninas comeram doces → As meninas comeram ambas os doces. 
 
Com relação à função sintática exercida pelo sintagma nominal, no contexto da 
oração, temos, na maioria dos casos, sujeito e complementos verbais da oração. 
Analise o exemplo e as funções desempenhadas pelos sintagmas nominais: 
 
Os estudantes escreveram um texto. 
 
Neste exemplo, são registrados dois sintagmas nominais: um na função de 
sujeito e outro na função de objeto (complemento direto). Primeiramente, na função 
de sujeito temos os estudantes como núcleo; sendo que o núcleo está em estudantes, 
acompanhado do especificador os. Na função de objeto (complemento) direto, temos 
um texto. Nesse segundo sintagma nominal, o núcleo é texto, e o especificador 
determinante, um. (CASTRO, 2007) 
 
34 
 
4.6 Sintagma verbal 
O segundo tipo de sintagma é o verbal, conforme apresenta Mioto, Silva e 
Lopes (2005). Como o nome enuncia, o sintagma verbal é constituído pelo predicado 
da oração. Nesse caso, o núcleo é o próprio verbo. Observe o exemplo a seguir: 
 
As colegas chegaram. 
 
Nesse exemplo, o predicado é o verbo chegaram. Este representa o sintagma 
em evidência. Nesse tipo de sintagma, os elementos relacionados a ele são 
denominados argumentos do verbo, os quais podem ocorrer inclusive na forma de 
sintagma nominal, adjetival, adverbial ou preposicional. Desempenhando funções de 
predicativo (predicação secundária), de objeto (complemento) direto, indireto ou 
oblíquo (adverbial e nominal), os constituintes são exigidos pelo verbo. Sem esses 
determinantes, não há oração com sentido completo; tanto sintaticamente quanto 
semanticamente, são necessários para organização coerente das orações. (CASTRO, 
2007) 
Com relação aos argumentos dos verbos, eles podem ser externos (o sujeito) 
ou internos (os complementos). No entanto, nem todos os sintagmas verbais 
apresentam complemento. Os verbos intransitivos, por exemplo, são exemplos de 
sintagmas verbais desse tipo. (CASTRO, 2007). Observe: 
 
Chove 
Nevou 
 
Nesses exemplos, as frases são compostas de apenas um membro: o verbo. 
Desse modo, este é autossuficiente e não precisa de complemento para dar sentido. 
Esse tipo de sintagma verbal é denominado sintagma verbal reduzido. (CASTRO, 
2007) 
 
 
35 
 
5 SUBSTANTIVOS 
 
Fonte: https://www.todamateria.com.br/substantivos/ 
Substantivos são palavras que usamos para designar ou nomear seres em 
geral, sejam eles reais ou imaginários. Formalmente falando, pode-se dizer que os 
substantivos são palavras que podem apresentar flexões de gênero, número e grau, 
que podem ou não vir precedidas de artigos ou pronomes. (AZEVEDO, 2015) 
Conforme Azevedo (2015) ao se observar os substantivos do ponto de vista 
funcional, pode-se dizer que eles caracterizam-se por serem núcleos dos sintagmas 
nominais de nossa língua. Assim, os substantivos são as palavras que constituem: 
 
 Sujeitos (A festa estava ótima.) 
 Objetos diretos (Peguei o bolo da festa.) 
 Objetos indiretos (Dei o presente à criança.) 
 Predicativos do sujeito (Você parecia criança ao ver a festa.) 
 Predicativos do objeto (Considero você uma criança.) 
 Complementos nominais (O choro do menino era horrível.) 
 Adjuntos adnominais (Isto é choro de criança.) 
 Adjuntos adverbiais (Saí com o rapaz.) 
 Agentes da passiva (O vidro da janela foi quebrado pela criança.) 
 
36 
 
 Apostos (Minha vida, uma longa história, passou devagar.) 
 Vocativos (Filho, arrume a cama!) 
5.1 Classificaçãodos substantivos 
5.1.1 Substantivos concretos ou abstratos 
Os substantivos concretos designam seres que têm existência independente 
de outros seres, podendo ser reais ou imaginários. 
Ex.: livro, Deus, ar, Roberta, vela, etc. (AZEVEDO, 2015) 
 
Já os substantivos abstratos estabelecem a designação de seres que possuem 
existência dependente de outro. Ou seja, sua ocorrência sempre está vinculada à 
existência de um outro ser, sendo portanto, abstrações. 
Ex.: amor, ódio, limpeza, doença, colheita, etc. (AZEVEDO, 2015) 
 
5.1.2 Substantivos próprios, comuns e coletivos 
 
Os substantivos próprios nomeiam seres específicos dentro de uma 
determinada espécie, tornando esses seres únicos dentro de um grupo maior 
(espécie). 
Ex.: Roberta, Bom Despacho, Minas Gerais, Brasil. (AZEVEDO, 2015) 
 
Os substantivos comuns estabelecem referência a seres em geral, ou seja, 
todos de uma mesma espécie, não havendo, portanto, especificações. 
Ex.: mulher, cidade, estado, país, lápis, flor. (AZEVEDO, 2015) 
 
De cordo com Azevedo, 2015, os substantivos coletivos são aqueles que, 
embora estejam na forma singular, designam um conjunto de seres/elementos da 
mesma espécie. A seguir veja uma lista de substantivos coletivos. 
Substantivos coletivos usuais: 
 
 
37 
 
álbum de selos, de fotografias 
alcateia de feras (lobos, javalis, panteras, hienas etc.) 
armada de navios de guerra 
arquipélago de ilhas 
arsenal de armas e munições 
arvoredo de árvores 
assembleia de pessoas reunidas 
atlas de mapas reunidos em livro 
baixela de utensílios de mesa 
banca de examinadores 
bando de pessoas em geral, de aves, de bandidos 
batalhão de soldados 
biblioteca de livros catalogados 
boiada de bois 
bosque de árvores 
buquê de flores 
cacho de bananas, de uvas, de cabelos 
cáfila de camelos em comboio 
cambada de vadios ou malandros 
cancioneiro de canções ou cantigas 
 
38 
 
caravana de viajantes 
cardume de peixes 
casario de casas 
claque de pessoas pagas para aplaudir 
clero de sacerdotes ou religiosos em geral 
código de leis 
colégio de eleitores, de cardeais 
coletânea de textos escolhidos 
colmeia de abelhas 
concílio de bispos em assembleia 
conclave 
de cientistas, de cardeais reunidos para eleger o 
papa 
congregação de religiosos, de professores 
congresso 
de deputados, de senadores, de estudiosos de 
determinado tema 
constelação de astros, de estrelas 
cordilheira de montanhas 
corja 
de bandidos, de desordeiros, de malandros, de 
assassinos 
coro de anjos, de cantores 
corpo de alunos, de professores, de jurados 
 
39 
 
discoteca de discos ordenados 
elenco de artistas, de profissionais 
enxame de abelhas, de insetos 
enxoval de roupas 
esquadra de navios de guerra 
esquadrilha de aviões 
fauna de animais de uma região 
feixe de lenha, de raios luminosos 
flora de plantas de uma região 
fornada 
de pães, de coisas assadas ou cozidas no forno, 
ao mesmo tempo 
frota 
de navios, de veículos pertencentes à mesma 
empresa 
gado 
de animais criados em fazendas (bois, vacas, 
novilhos) 
galeria 
de objetos de arte em geral (esculturas, 
quadros etc.) 
grupo de pessoas, de coisas em geral 
hemeroteca de periódicos (jornais, revistas etc.) 
horda de selvagens, de invasores 
junta 
de dois bois, de médicos, de examinadores, de 
governantes 
júri de pessoas que têm a função de julgar 
 
40 
 
legião de soldados, de anjos, de demônios 
leva de presos, de recrutas, de pessoas em geral 
malta de ladrões, de desordeiros 
manada 
de bois, de burros, de cavalos, de búfalos, de 
elefantes 
matilha de cães de caça 
molho de chaves, de verdura 
multidão de pessoas, de animais, de coisas 
ninhada de animais (aves ou mamíferos) 
nuvem de gafanhotos, de mosquitos, de pernilongos 
pelotão de soldados 
pinacoteca de quadros de pintura 
plantel de animais de raça, de atletas 
plateia de espectadores 
plêiade de artistas, de pessoas ilustres 
pomar de árvores frutíferas 
prole de filhos de um casal, humano ou não 
quadrilha de ladrões, de bandidos 
ramalhete de flores 
rebanho de bois, de ovelhas, de carneiros, de cabras 
 
41 
 
réstia de alhos, de cebolas 
revoada de aves voando 
ronda de policiais ou vigias em patrulha 
seleta de trechos literários selecionados 
tripulação de pessoas que trabalham num navio ou num avião 
tropa de soldados, de pessoas, de animais 
turma de estudantes, de trabalhadores 
vara de porcos 
vocabulário de palavras 
 
Fonte: https://michaelis.uol.com.br/ 
5.1.3 Simples e Compostos 
 
Os substantivos simples constituem-se de um único radical. 
Ex.: cama, roupa, menino. 
 
Já os substantivos compostos são formados por mais de um radical. 
Ex.: guarda-roupa, pé-de-meia, limpa-vidro. (AZEVEDO, 2015) 
 
5.1.4 Primitivos e Derivados 
 
São chamados de substantivos primitivos aqueles que não se originam de 
nenhum outro radical de nossa língua, ao contrário, eles é que dão origem a novas 
palavras. 
Ex.: pedra, bola, flor, cabeça. 
 
42 
 
Os substantivos derivados são aqueles que têm sua origem ligada a algum 
outro radical de nossa língua. 
Ex.: pedregulho, bolota, florista, cabeçote. (AZEVEDO, 2015) 
5.2 Flexão dos substantivos 
Segundo Azevedo (2015), a flexão é a modificação do substantivo de acordo 
com o gênero (masculino ou feminino), número (singular ou plural) ou grau 
(aumentativo ou diminutivo). 
 
5.2.1 Flexão de gênero 
 
A língua portuguesa apresenta dois gêneros: masculino e feminino. 
Pertencem ao gênero masculino os substantivos que podem ser antecedidos 
pelo artigo masculino. Veja o uso dos substantivos masculinos na fábula transcrita a 
seguir. (AZEVEDO, 2015) 
 
 
FÁBULA: O LOBO E O CORDEIRO 
Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por 
isso havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça avistou um lobo, 
também bebendo da água. 
– Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo - disse o lobo, 
que estava há alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar 
a fome. 
– Senhor - respondeu o cordeiro - não precisa fi car com raiva porque eu não 
estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer 
o que o senhor está falando. 
– Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou 
falando mal de mim no ano passado. 
– Não pode - respondeu o cordeiro - no ano passado eu ainda não tinha 
nascido. O lobo pensou um pouco e disse: 
 
43 
 
– Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo. 
– Eu não tenho irmão - disse o cordeiro - sou fi lho único. 
– Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães 
que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no 
fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, agarrou-o com os dentes e o levou 
para comer num lugar mais sossegado. 
MORAL: A razão do mais forte é sempre a melhor. 
 
Fonte: La Fontaine (c2005-2015). 
Observe que os substantivos masculinos geralmente estão antecedidos por um 
artigo defi nido ou indefinido “o cordeiro”, “o lobo”, “um pastor”, “um dos cães”. 
Entretanto, nem sempre a presença do artigo está explícita no texto, cabendo ao leitor 
sua pressuposição. (AZEVEDO, 2015) 
Existem, ainda, alguns substantivos que podem suscitar dúvidas com relação 
ao gênero gramatical a que pertencem. É o caso dos seguintes substantivos 
masculinos (AZEVEDO, 2015): 
 o aneurisma, 
 o champanha, 
 o clã, 
 o contralto, 
 o diabete, 
 o dó (compaixão), 
 o eclipse, 
 o eczema, 
 o formicida, 
 o gengibre, 
 o grama (peso), 
 o guaraná, 
 o lança-perfume, 
 o soprano, 
 o telefonema. 
 
44 
 
 
 Formação do feminino 
A formação do gênero gramatical feminino na língua portuguesa ocorre de duas 
formas: por meio de processos centrados nos radicais e pela flexão. 
 
 Processo centradonos radicais 
A diferenciação entre masculino ou feminino é clara, visto que a distinção é feita 
através dos radicais. Isso acontece com os substantivos chamados “heterônimos”, ou 
seja, apresentam uma forma para o masculino e outra forma para o feminino. Observe: 
 
boi – vaca 
homem – mulher 
cavalo – égua 
 
Há também a formação do feminino através do acréscimo das palavras “macho” 
e “fêmea” após o radical. Esses são os chamados substantivos epicenos. 
 
a borboleta macho – a borboleta fêmea 
o besouro macho – o besouro fêmea 
a cobra macho – a cobra fêmea 
 
É possível, ainda, a indicação do gênero de determinado substantivo através 
da anteposição de determinantes aos radicais. Nesse caso, os substantivos recebem 
o nome de “comuns de dois gêneros”. 
 
o dentista – a dentista 
o artista – a artista 
o selvagem – a selvagem 
 
Há também aqueles substantivos que a partir do seu gênero gramatical 
específico podem designar indivíduos de ambos os sexos. Veja: 
 
 
 
45 
 
a criança 
o cônjuge 
a vítima 
 
 Formação do feminino pela flexão (mudança na terminação da palavra) 
Nos casos em que ocorre a formação do feminino pela mudança na terminação 
da palavra, diz-se que o masculino é o termo não marcado e que o feminino é o termo 
marcado. O morfema específico para determinar nomes femininos na língua 
portuguesa é o sufixo –a. (AZEVEDO, 2015) Observe como ocorre a formação do 
feminino na língua através do acréscimo do sufixo –a: 
 
Suprime-se a vogal temática –o e acrescenta-se o morfema feminino –a. 
 
menino – menina 
aluno – aluna 
gato – gata 
 
Acrescenta-se o morfema –a àqueles substantivos sem vogal temática na 
forma masculina e com o radical terminado em consoante. 
 
professor – professora 
doutor – doutora 
chinês – chinesa 
 
Substantivos terminados em –ão formam o substantivo feminino quando 
terminados em –oa, –ã ou –ona: 
 
leão – leoa 
patrão – patroa 
irmão – irmã 
comilão – comilona 
 
 
46 
 
5.2.2 Flexão de número 
 
A flexão de número ocorre quando há manifestação do substantivo sobre a 
forma singular ou plural. As formas marcadas, em termos e flexão de número, pelo 
morfema –s são as do plural, e as não marcadas, as do singular. (AZEVEDO, 2015) 
Vejamos as regras de formação do plural: 
 
1. Substantivos terminados em vogal ou ditongo. 
Regra geral: acrescenta-se o morfema –s. 
 
bola – bolas 
carro – carros 
boi – bois 
 
A mesma regra deve ser seguida quando o substantivo terminar com a letra 
“m”. Neste caso, troca-se o “m” pelo “n” e acrescenta-se o morfema –s. 
 
atum – atuns 
álbum – álbuns 
som – sons 
 
2. Substantivos terminados em –ão. 
Os substantivos terminados em –ão fazem o plural de três maneiras: troca-se 
o –ão por –ões, troca-se o –ão por –ães ou acrescenta-se o morfema –s à forma 
singular do substantivo. 
 
balão – balões 
caminhão – caminhões 
pão – pães 
alemão – alemães 
cidadão – cidadãos 
mão – mãos 
 
 
47 
 
3. Substantivos terminados em consoante 
Acrescenta-se –es à forma singular dos substantivos terminados em –r, –z ou 
–n. 
 
açúcar = açúcares 
xadrez = xadrezes 
 
Substantivos oxítonos terminados em –s recebem a terminação –es, mas se 
forem paroxítonos ou proparoxítonos são invariáveis. 
 
freguês = fregueses 
português = portugueses 
lápis = os lápis 
ônibus = os ônibus 
 
Substantivos terminados em –al, –el, –ol, –ul troca-se –l por –is. 
 
jornal = jornais 
papel = papéis 
álcool = álcoois 
azul = azuis 
 
Substantivos terminados em –il troca-se –l por –s, se oxítonos, e quando 
terminados em –el troca-se –l por –is, se paroxítonos. 
 
fuzil = fuzis 
projétil = projéteis 
 
Substantivos que fazem o diminutivo em –zinho e aumentativo em –zão exigem 
marcação de plural não somente do sufi xo, mas também no radical (perde-se o –s do 
plural no radical): 
 
 
 
48 
 
papelzinho = papeizinhos (papéi (s)+ zinhos) 
barzinho = barezinhos (bare (s) + zinhos) 
Substantivos compostos 
 
Nos substantivos compostos não ligados por hífen apenas o segundo radical 
vai para o plural. 
aguardente = aguardentes 
lobisomem = lobisomens 
 
Nos substantivos compostos ligados por hífen há três possibilidades de 
realização do plural: 
 
Apenas o primeiro radical vai para o plural (quando os radicais são ligados por 
preposição ou quando o segundo elemento especifica o primeiro). 
 
pé-de-cabra = pés-de-cabra 
pimenta-do-reino = pimentas-do-reino 
 
Apenas o segundo radical vai para o plural (quando o primeiro radical é verbo 
ou palavra invariável). 
 
guarda-chuva = guarda-chuvas 
vice-presidente = vice-presidentes 
 
Ambos os radicais vão para o plural (compostos formados por palavras 
variáveis). 
 
cartão-postal = cartões-postais 
amor-perfeito = amores-perfeitos 
 
5.2.3 Flexão de grau 
 
 
49 
 
Na língua portuguesa os substantivos podem ser utilizados no grau normal, 
aumentativo ou diminutivo. Para marcar a variação de grau são utilizados dois 
processos: 
 
 Sintético: a partir do uso de sufixos aumentativos ou diminutivos 
acrescentados ao radical da palavra. 
 
menino = menininho = meninão 
boneca= bonequinha= bonecona 
 
 Analítico: através do acréscimo de um adjetivo que indique aumento ou 
redução da ideia de tamanho. 
 
menino = menino pequeno = menino grande 
boneca= boneca minúscula= boneca grande 
 
O uso do aumentativo e diminutivo podem indicar, além da redução ou aumento 
de tamanho, alterações no valor semântico do substantivo, manifestando assim a 
subjetividade da linguagem através de conotações afetivas ou depreciativas. 
(AZEVEDO, 2015) 
Veja: 
 
 Amorzinho = conotação afetiva 
 Amigão= conotação afetiva 
 Jornaleco = conotação depreciativa 
 Mulherzinha = conotação depreciativa 
 
É preciso esclarecer que o valor semântico do aumentativo ou diminutivo está 
intimamente ligado ao contexto de uso, portanto, é necessário estar atento ao contexto 
no qual estão sendo utilizadas as formas diminutiva e aumentativa. 
 
50 
 
5.3 Artigo 
Azevedo (2015) afirma que o Artigo é a palavra que, vindo antes de um 
substantivo, indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida, 
indicando ao mesmo tempo, o gênero e o número dos substantivos. O artigo definido 
indica um ser determinado no interior de uma espécie. São artigos definidos: o, a, os, 
as. 
Exemplo: 
A lâmpada acabou de queimar. 
 
O artigo indefinido indica um sentido genérico, apresentando um ser/elemento 
de forma indefinida e muitas vezes vaga. São artigos indefinidos: um, uma, uns, umas. 
Exemplo: 
Uma lâmpada acabou de queimar. 
5.4 Adjetivo 
Adjetivos são palavras que caracterizam os substantivos. Assim, pode-se dizer 
que ele é o elemento determinante e o substantivo é o elemento determinado, pois, 
ao adjetivo dá-se a função de ampliar ou limitar o sentido de um substantivo 
(AZEVEDO, 2015). Por exemplo: homem honesto, mulher esperta, criança chorona. 
Quanto à formação, os adjetivos dividem-se em primitivos ou derivados, 
simples ou compostos. 
 
5.4.1 Adjetivos primitivos 
 
São aqueles que possuem radicais indicadores de características, 
independente de seres ou ações que os representem. Por exemplo: Azul, pequeno, 
triste, escuro, vermelho. 
 
 
 
 
51 
 
5.4.2 Adjetivos derivados 
 
São aqueles formados a partir de outros radicais. Por exemplo: Azulado, 
entristecido, desconfortável, apavorado. 
Ainda dentro dos adjetivos derivados é preciso mencionar a existência dos 
adjetivos pátrios, que são substantivos derivados que se referem ao local de origem 
de determinado elemento. Por exemplo: brasileiro, mineiro, paulista, belo-horizontino, 
catarinense. 
 
5.4.3 Adjetivos simples 
 
Apresentam um único radical. Por exemplo: grande, especial, branco, infeliz, 
amedrontado. 
 
5.4.4 Adjetivos compostos 
 
Formados por mais de um radical. Por exemplo: vermelho-sangue,socioeconômico, luso-brasileiro. 
 
5.4.4.1 Flexão dos adjetivos 
 
Assim como os substantivos, os adjetivos também flexionam-se em gênero, 
número e grau, pois os adjetivos devem acompanhar e concordar com os substantivos 
que determinam. Logo, se o adjetivo determina um substantivo feminino no plural, ele 
também deve estar na forma feminina e no plural (AZEVEDO, 2015). Por exemplo: as 
meninas bonitas. 
 
5.4.4.2 Flexão de gênero 
 
Os adjetivos não possuem gênero definido, eles adquirem o gênero do 
substantivo que determinam. Assim, quanto ao gênero, podemos dizer que eles 
classificam-se como biforme ou uniforme. 
 
52 
 
Biformes são os adjetivos que apresentam duas formas: uma para o masculino 
e outra para o feminino. Observe: 
Bonito = bonita 
magro = magra 
alto = alta 
 
Para a formação do feminino dos adjetivos veremos agora algumas regras: 
 Adjetivos terminados em –o fazem o feminino trocando essa terminação por 
–a: 
Menino esperto = menina esperta 
 
 Adjetivos terminados em –u , -ês ou –or recebem o acréscimo do sufixo –a: 
Arroz cru = carne crua 
homem português = mulher portuguesa 
 
 Alguns adjetivos terminados em –dor e –tor trocam essa terminação por –
triz, ou substituem –or por –eira: 
Impulso motor = força motriz 
homem trabalhador = mulher trabalhadeira 
 
 Adjetivos terminados em –ão fazem o feminino com –ã ou –ona: 
Homem cristão = mulher cristã 
menino comilão = menina comilona 
 
 Os adjetivos que têm terminação em ditongo –eu fazem o feminino em –eia: 
Ator europeu = atriz europeia 
 
 Os terminados em –éu formam o feminino em –ao: 
Ilhéu = ilhoa 
 
É preciso mencionar também a exceção do adjetivo mau, que forma o feminino 
com a forma má. 
 
53 
 
Quanto aos adjetivos compostos biformes, a maioria flexiona no gênero 
feminino apenas o segundo elemento: 
Consultório médico-dentário = clínica médico-dentária 
 
 ▶ Azul-marinho (que é uniforme) e surdo-mudo, cujos dois elementos 
flexionam-se no gênero feminino (surda-muda). 
 ▶ Os adjetivos uniformes são aqueles que apresentam uma forma única, tanto 
para o masculino como para o feminino. Ex.: especial, forte, insuportável, difícil. 
 
5.4.4.3 Flexão de número 
 
Os adjetivos estabelecem a concordância com os substantivos que 
determinam; assim, se o adjetivo acompanhar um substantivo no singular, ele 
permanecerá no singular e se acompanhar um substantivo no plural, será flexionado 
no plural (AZEVEDO, 2015). 
A formação do plural dos adjetivos simples ocorre da mesma maneira que se 
forma o plural dos substantivos simples. Já nos adjetivos compostos formados por 
dois adjetivos somente o segundo elemento flexiona-se no plural: 
Clínica médico-dentária = clínicas medico-dentárias 
acordo luso-brasileiro = acordos luso-brasileiros 
 
▶ Azul-marinho e azul-celeste (invariáveis) e surdo-mudo, cujos dois elementos 
pluralizam-se (surdos-mudos). 
 ▶ Adjetivos compostos referentes a cores, cujo segundo elemento é um 
substantivo, também são invariáveis: Tinta amarelo-ouro = tintas amarelo-ouro; blusa 
verde-água = blusas verde-água. 
 
5.4.4.4 Flexão de grau 
 
Quanto à variação de grau, os adjetivos modificam-se de acordo com os graus 
em que se encontram, comparativo ou superlativo, e variam através das formas 
sintéticas ou analíticas. 
 
 
54 
 
Grau comparativo 
Há comparação entre características de dois ou mais seres. Essa comparação 
pode ressaltar igualdade, superioridade ou inferioridade, ocorrendo na maioria das 
vezes na forma analítica. Veja: 
 
O meu vizinho é tão rico quanto o seu. (comparativo de igualdade) 
O pai de josué é mais alto que o de Camila. (comparativo de superioridade) 
O carro de márcio é menos rápido que o de Marcus.(comparativo de 
inferioridade) 
 
Alguns poucos adjetivos apresentam forma sintética para exprimir o 
comparativo de superioridade: bom e mau (melhor e pior), grande e pequeno (maior 
e menor). 
 
Grau superlativo 
No grau superlativo, uma característica é intensificada de forma relativa ou 
absoluta, dessa forma, o superlativo divide-se em superlativo relativo ou superlativo 
absoluto. 
Com a utilização do grau superlativo relativo pretende-se destacar uma 
característica de um ser, em maior ou menor grau, dentro de um conjunto de seres. 
Por exemplo: 
 
Ele é o menos esperto da sua turma. 
Andréia é a mais alta da escola. 
 
Com a forma absoluta do superlativo pretende-se transmitir a ideia de que 
determinado ser/elemento possui uma característica em alto grau. O grau superlativo 
absoluto pode ser expresso na forma sintética ou analítica, observe: 
O menino é muito esperto/ o menino é espertíssimo. 
O brinquedo é muito caro/ o brinquedo é caríssimo. 
 
 
55 
 
6 CLASSES DE PALAVRAS: PRONOME, NUMERAL E VERBO 
 
Fonte: https://querobolsa.com.br/ 
O estudo das classes de palavras é marcado pela vontade do homem de 
compreender a realidade na qual está inserido e de tentar, de alguma maneira, 
controlá-la. Compreender a linguagem, em seus imbricados processos, sempre foi 
uma preocupação do ser humano. Analisar e categorizar foram os primeiros caminhos 
encontrados para compreender os mecanismos da fala e da escrita. Organizar as 
palavras em classes, mediante suas características, é uma evidência desse ímpeto 
humano (CUNHA; ALTGOTT, 2004). 
Neste capítulo, você estudará algumas importantes classes de palavras das 
quais se ocupa o estudo da morfologia, conhecendo, então, um pouco mais sobre os 
pronomes, os numerais e os verbos. 
6.1 Pronome 
A classe dos pronomes é aquela que agrupa palavras cuja função é substituir 
ou acompanhar o substantivo (nome) em uma oração (AZEVEDO, 2015). 
Primeiramente, é possível distinguir dois tipos principais de pronomes: os pronomes 
 
56 
 
substantivos e os pronomes adjetivos. Enquanto os pronomes substantivos exercem 
papel similar ao do substantivo, substituindo-o, os pronomes adjetivos acompanham 
ou modificam um substantivo ou um pronome substantivo. Os pronomes são 
flexionáveis em gênero, em número e de acordo com a pessoa do discurso. 
Exemplos: 
 
Ele era meu padrinho. (pronome substantivo) Minha caneta é azul, aquelas 
canetas são azuis. (pronome adjetivo) 
 
6.1.1 Classificação dos pronomes 
 
Os pronomes podem ser classificados de acordo com a função que exercem. 
Segundo Gonçalves (2016): 
 
 Pronomes pessoais — Esse tipo de pronome é utilizado para representar 
as pessoas do discurso (1ª, 2ª ou 3ª, tanto do singular quanto do plural). Há 
os pronomes pessoais do caso reto e os pronomes pessoais do caso 
oblíquo. Os primeiros podem exercer função sintática de sujeito; são eles: 
eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas. Já os pronomes pessoais do caso oblíquo 
são aqueles que, numa oração, podem complementar os verbos: me, mim, 
comigo, nos, conosco; te, ti, contigo, vos, convosco; o, a, lhe, se, si, consigo, 
os, as, lhes, etc. 
 Pronomes de tratamento — São pronomes que indicam o tratamento formal 
ou informal que é dado a um indivíduo (você, Vossa Excelência, Vossa 
Majestade, Eminência, Vossa Magnificência, etc.). 
 Pronomes relativos — São aqueles usados para referir-se a um termo 
anteriormente mencionado, sem precisar repeti-lo (que, cuja, cujo, o qual, 
as quais, quem, etc.). Flexionam-se em gênero e número, de acordo com o 
substantivo. 
 Pronomes demonstrativos — Pronomes utilizados para situar algo no tempo 
e no espaço (este, isto, isso, aquilo, etc.). 
 
57 
 
 Pronomes possessivos — São aqueles que expressam uma relação de 
posse (meu, minha, teu, sua, nosso, vosso, etc.). Flexionam-se de acordo 
com o gênero, o número e a pessoa do discurso a que se referem. 
 Pronomes indefinidos — São aqueles que substituem ou acompanham um 
nome, expressando de modo vago ou impreciso, a quantidade daquilo que 
representam (alguém, ninguém, qualquer, quaisquer, etc.). 
 Pronomes interrogativos

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