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Empreendedorismo Livro 2020

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Empreendedorismo
1ª edição
2017
Empreendedorismo
Presidente do Grupo Splice
Reitor
Diretor Administrativo Financeiro
Diretora da Educação a Distância
Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas 
Gestora do Instituto da Área da Saúde
Gestora do Instituto de Ciências Exatas
Autoria
Parecerista Validador
Antônio Roberto Beldi
João Paulo Barros Beldi
Claudio Geraldo Amorim de Souza 
Jucimara Roesler
Henry Julio Kupty
Marcela Unes Pereira Renno
Regiane Burger
Schirlei Mari Freder
Aécio Antônio de Oliveira
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte 
desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos 
direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
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Sumário
Unidade 1
Os diversos âmbitos do empreendedorismo ..............6
Unidade 2
Histórias inspiradoras .................................................23
Unidade 3
Empreendedorismo no Brasil e no mundo ...............41
Unidade 4
Comportamento empreendedor e 
intraempreendedor .....................................................58
Unidade 5
Intraempreendedorismo, desenvolvimento de um 
empreendimento .........................................................75
Unidade 6
Modelagem de Negócios .............................................91
Unidade 7
Startups ................................................................................ 107
Unidade 8
Incubadoras e aceleradoras de empresas ..............122
5
Palavras do professor
Caro aluno e cara aluna,
Bem-vindo(a) à disciplina de Empreendedorismo! A proposta principal 
deste estudo é contextualizar o tema, de maneira que você tenha condi-
ções de compreender do que se trata e de que modo utilizará o empreen-
dedorismo em sua prática e escolha profi ssional.
Abordaremos as perspectivas de conteúdos desde o empreendedorismo 
voltado aos negócios com fi ns lucrativos, que tem por objetivo principal 
o lucro para seus sócios, até o empreendedorismo voltado para a área 
social. Estes, também conhecidos como negócios sociais, apesar de apre-
sentarem fi nalidades lucrativas, têm como pano de fundo a necessidade 
de resolver um problema social.
Separamos algumas histórias inspiradoras e, também, conteúdos sobre 
o perfi l empreendedor e intraempreendedor. Nas últimas unidades, 
conversaremos sobre a aplicação de ferramentas para a modelagem de 
negócios, bem como sobre as inovadoras técnicas de fi nanciamento (com 
as aceleradoras e incubadoras de empresas) e a criação de empresas em 
um novo formato: as startups.
Em suma, ao fi nal desta disciplina, você terá compreendido os diferentes 
contextos nos quais se insere a geração de negócios e de que modo você 
poderá defi nir sua futura carreira profi ssional. Essa defi nição certamente 
envolverá a escolha entre seguir carreira dentro de uma empresa ou orga-
nização da sociedade civil, ou abrir seu próprio negócio, tanto na área eco-
nômica tradicional quanto na área dos negócios sociais. Bons estudos!
1
6
 Unidade 1
 Os diversos âmbitos 
do empreendedorismo
Para iniciar seus estudos
Olá! Nesta unidade, você compreenderá os diferentes contextos nos quais 
se insere o empreendedorismo. A geração de negócios ocorre tanto na 
área econômica tradicional, em que se encontra a maioria das empresas, 
quanto na área dos negócios sociais, que são aqueles voltados à transfor-
mação social. Vamos lá?
Objetivo de aprendizagem
• Contextualizar o empreendedorismo e as diversas maneiras de 
empreender, tanto no âmbito dos negócios quanto na perspec-
tiva da transformação social.
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
1.1 Contextualizando o tema do empreendedorismo
Quando um empreendimento é inaugurado, podemos dizer que ele cumpriu um ciclo composto por várias eta-
pas de um processo. Sim, são várias as etapas a serem cumpridas para que as iniciativas empreendedoras come-
cem a cumprir suas finalidades. E, mesmo antes dessas etapas, por menor que seja a iniciativa empreendedora, 
certamente ela precisou de um plano para existir.
Esse plano bem elaborado será capaz de responder à seguinte pergunta: a ideia realmente possui possibilidades 
e perspectivas, ou ainda são necessários esforços para amadurecer uma ou outra etapa do futuro empreendi-
mento? A construção de um planejamento empreendedor torna-se um desafio, exigindo persistência, compro-
metimento, criatividade, pesquisa e dedicação. Também representa uma etapa essencial para que as chances de 
sucesso aumentem.
No processo criativo, que envolve desde a fase de ideação de uma nova empresa ou negócio até a implementa-
ção dessa ideia, Drucker (2003, p. 25) destaca que alguns modos de pensar são fundamentais. Entre eles está o 
modo de pensar inovativo, pois a inovação “[...] é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual 
eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente”. Sendo 
assim, o processo de inovação é uma oportunidade de identificar e explorar novos negócios e, também, de rein-
ventar negócios que já estão atuando.
Dessa forma, Drucker apresenta a inovação como uma disciplina de diagnóstico: um exame sistemático das áreas 
de mudança, que tipicamente oferecem oportunidades ao empreendedor e são inspiradas pela inovação econô-
mica e social, a partir da busca por transformações e soluções de problemas.
Utiliza-se o monitoramento de sete fontes para identificar oportunidades de inovação em sua empresa e 
ambiente de trabalho.
Segundo Drucker (2003), as primeiras quatro fontes são aquelas que estão dentro da empresa ou do negócio. 
Normalmente são confiáveis e exige-se pequenos esforços para capturá-las:
• o inesperado: o sucesso, o fracasso e o evento externo;
• a incongruência: entre a realidade como ela é de fato e a realidade como se presume ser ou como deveria ser;
• a inovação baseada na necessidade do processo;
• mudanças na estrutura do setor em que o negócio está inserido ou na estrutura do mercado, que muitas 
vezes pegam todos desprevenidos.
Em seguida, Drucker (2003) apresenta as outras três fontes para oportunidades inovadoras, que implicam em 
mudanças fora da empresa ou do negócio em si:
• mudanças demográficas;
• mudanças de percepção, disposição e significado;
• conhecimento novo, tanto científico quanto não científico.
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Sendo assim, o empreendedor precisa ter sempre em mente o que pode ser explorado no mercado. É quase como 
se algumas perguntas perseguissem o empreendedor.
Figura 1.1 – Questões que acompanham o empreendedor.
Legenda: Perguntas para o empreendedor.
Fonte: Elaborada pela autora (2016).
Cabe destacar que algumas soluções ainda não são possíveis, pois dependem de tecnologia ainda não disponível 
ou porque não encontramos as técnicas para resolvê-las. Nesses casos, o conhecimento pessoal do empreende-
dor pode agregar valor, tornando possível a produção de algum produto ou a prestação de algum tipo de serviço.
Um exemplo simples: a Gillette inventou a lâmina de barbear, mas, na época em que isso 
ocorreu, não existiam máquinas para fazer uma lâmina de aço fi na, com a espessura que 
estavam idealizando. Então, foi necessário esperar o desenvolvimento de máquinas capazes 
de atender à proposta e, assim, tornar a ideia viável.
Algo interessante no perfi l do empreendedor é que esse conhecimento não vem só de um lugar ou de uma ciên-
cia única. Pelo contrário, advém de um conjunto multidisciplinar de saberes que envolve várias experiências 
vividas pelo empreendedor. Além disso, quando se busca a solução para um problema, geralmente na etapa de 
exploração da ideia, em muitos casos se recomenda a assessoria de especialistas – na agricultura, por exemplo, 
osadubos são resultado de pesquisas de várias áreas, como botânica, química, agronomia, engenharia de ali-
mentos, física etc.
Multidisciplinar: várias disciplinas dentro de uma mesma área do conhecimento.
Glossário
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Para que possamos avançar e compreender melhor o contexto em que se insere um empreendedor, no próximo 
item, abordaremos os “cinco pês” (5 Ps) do empreendedorismo. As características apresentadas em cada “P” 
podem ser aptidões já adquiridas pelo empreendedor que se aprimoram com as experiências profissionais e pes-
soais; em outros casos, elas podem ser desenvolvidas por meio de cursos e das diversas experiências pessoais e 
profissionais vivenciadas pelas pessoas.
1.1.1 Os 5 Ps do empreendedorismo
São diversas teorias e diversos autores que se dedicam a essa análise, sempre buscando compreender quais os 
conhecimentos e habilidades que um empreendedor precisa ter e saber, o que define o “ser empreendedor” e 
como modo ocorre o empreendedorismo.
Nessa análise, os 5 Ps do empreendedorismo são apresentados como um ciclo. Ressalta-se que eles nem sempre 
acontecerão na ordem aqui apontada – o que será exposto, no entanto, certamente fará você refletir em cada 
etapa dos processos de tomada de decisão e contribuir neles.
Em um estudo aplicado por Freder, Freitas e Minghini (2016), uma pergunta norteou as questões utilizadas na 
entrevista: “apesar das dificuldades, o que motiva o empreendedor brasileiro?” Os autores partiram então para 
uma comparação entre os 5 Ps de Gimenez (2015), adotados aqui, e os depoimentos de Ozires Silva (2007), fun-
dador da Embraer e importante empreendedor brasileiro, em seu livro “Cartas a um jovem empreendedor: realize 
seu sonho. Vale a pena”. 
Os autores notaram que os “[...] empreendedores brasileiros têm em comum os aspectos de liderança, protago-
nismo e o forte desejo de transformar suas realidades” (FREDER; FREITAS; MINGHINI, 2016, p. 104) e que essas 
são informações recorrentes em diversas pesquisas sobre o perfil do empreendedor. Para os autores:
Descrever] as características de cada “P” pode facilitar a análise e compreensão do modo como 
podemos verificar isso nas práticas empreendedoras, independente do porte ou tamanho da 
empresa. [...] são características que podem se tornar um padrão quando buscamos analisar o 
comportamento empreendedor. (FREDER; FREITAS; MINGHINI, 2016, p. 105)
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
A seguir, no Quadro 1, consta a descrição dessas cinco características empreendedoras apontadas por Gimenez 
(2015).
Quadro 1.1 – Descrição dos 5 Ps do Empreendedorismo
Os 5 Ps Descrição das características
Paixão • Relaciona-se com a dedicação que se devota a algo ou alguém.
• O empreendimento é um objeto de desejo.
• Sem a paixão pode ser difícil atender às demandas do objeto de desejo que é o 
empreendimento.
Propósito • O propósito é o guia da Paixão.
• Refere-se à motivação para empreender.
• Vincula-se com a razão da existência do empreendimento, que é o que se oferece 
ao mercado ou à sociedade.
Pessoas • Pessoas compõem o mercado.
• O empreendimento deve ter capacidade de atrair e ofertar algo para as pessoas.
• O empreendimento necessita das pessoas para existir: sócios, funcionários, 
fornecedores, parceiros etc.
Práticas • Saber fazer.
• Vincula-se aos três papeis do empreendedor: criador, organizador e condutor.
Produto • Todo empreendimento se constrói a partir de um produto (tangível ou intangível) 
ofertado para o mercado ou para a sociedade.
• Nesse quinto “P” são materializados os outros 4 “Ps”: Paixão, Propósito, Pessoas e 
Práticas.
Legenda: Características dos 5 Ps do empreendedorismo. 
Fonte: Adaptado de Gimenez (2015) apud Freder; Freitas; Minghini (2016, p. 104).
Quando nos lembramos dos empreendedores, podemos afirmar que essas “[...] características fazem com que 
tenham coragem de superar diariamente os desafios apresentados em suas práticas empreendedoras” (FREDER; 
FREITAS; MINGHINI, 2016, p. 104).
Vamos, agora, nos aprofundar nessas características, a partir das descrições dos 5 Ps de Fernando Gimenez (2015).
Gimenez constata que o “primeiro P”, a Paixão, “[...] está relacionado com a dedicação que devotamos a algo ou 
alguém que nos aproxima da felicidade” (2015, p. 13). De modo convergente, Silva descreve o “Sonho de Voar”, 
quando “o empreendedor imagina a obra que pretende construir, e se indaga sobre a capacidade dessa obra 
manter-se em pé no futuro” (2007, p. 8).
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
O “segundo P”, o Propósito, “[...] se refere à motivação para empreender. [...] tem a ver também com a razão da 
existência do empreendimento, o que é oferecido ao mercado se for uma empresa, ou a sociedade, se for outro 
tipo de organização” (GIMENEZ, 2015, p. 13). Nessa etapa, geralmente o empreendedor enxerga um propósito e 
cria métodos e processos que contribuirão para viabilizar sua ideia, seu produto ou serviço e, dessa forma, vemos 
o nascimento de um novo negócio.
O terceiro “P”, as Pessoas, mostra que o “[...] empreendimento, em geral, necessita de outras pessoas para exis-
tir: empregados, sócios, fornecedores, parceiros etc. Para cada tipo de público há interações que precisam ser 
estabelecidas” (GIMENEZ, 2015, p. 13-14). Notamos que, mesmo que no início do seu negócio ainda não haja 
funcionários contratados, desde sempre o empreendedor se relacionará com diversas pessoas; assim, saber fazer 
isso de forma efi ciente e garantindo bons resultados é uma importante habilidade a ser desenvolvida.
Após a formalização e com o negócio em funcionamento, as diversas relações e experiências do empreendedor 
serão as que contribuirão para as Práticas, o “quarto P”, afi nal empreender:
[...] requer um saber fazer que é direcionado por três eixos: imaginar uma nova organização, bus-
car e articular recursos e tecnologias em um modo de operação e estimular e conduzir pessoas 
visando atingir objetivos. [...] Em essência, dizem respeito ao exercício de três papéis empreende- 
dores: criador, organizador e condutor. (GIMENEZ, 2015, p. 14)
Até aqui, você deve ter percebido que, além dos “Ps”, uma série de outras habilidades vão somando-se à prática 
empreendedora. Entre elas, estão as citadas anteriormente: criação, organização e condução. 
Podemos dizer, até mesmo, que o empreendedor é como se fosse um compositor que faz 
uma música e que depois a ensaiará com uma grande orquestra, tornando-se o maestro. 
Para que o som seja perfeito, tudo deve estar em harmonia e equilíbrio, da mesma forma 
como ocorre nas empresas. 
Seguimos agora para o último “P”, o Produto. Gimenez (2015, p. 14) diz o seguinte:
Todo empreendimento se constrói em torno da capacidade de entregar um produto, tangível ou 
intangível, para a sociedade, de forma mais ampla, ou mercado, de forma mais estreita. É no pro- 
duto que surge o resultado de Paixão, Propósito, Pessoas e Práticas.
Diante disso, Freder, Freitas e Minghini (2016, p. 107) apresentam uma sugestão de ciclo, em que se pode visuali-
zar a criação e a realimentação de processos dentro de um empreendimento, pois é bem possível que os negócios 
de fato necessitem de “um ciclo que [...] se reinicia de tempos em tempos”, conforme apresentado na Figura 1.2.
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Figura 1.2 – Ciclo dos Cinco Ps do Empreendedorismo.
Legenda: Esquema com a imagem do Ciclo dos Cinco Ps do Empreendedorismo.
Fonte: Freder, Freitas e Minghini (2016, p. 107).
Por fi m, além os 5 Ps, Freder, Freitas e Minghini (2016, p. 107) apontam que “[...] tem um comportamento no 
empreendedor que chama a atenção em nossas pesquisas: a inquietação”. Ao trazerem essa questão, fi nalizam 
seu estudo dizendo que “[...] os 5 ‘Ps’ podem ser caracterizados até mesmo como um tipo de ciclo que se reinicia 
em um novo projeto na empresa, ou até mesmoem uma nova empresa” (p. 107).
Apresentar os 5 Ps teve como objetivo mostrar uma possibilidade de surgimento de iniciativas empreendedoras. 
Elas podem ocorrer com você, no seu negócio ou em suas atividades intraempreendedoras, e caso você identifi -
que uma dessas características poderá compreender a importância desses ciclos. 
Figura 1.3 – Empreendedores e indivíduo empreendedor.
Legenda: Profi ssionais empreendedores.
Fonte: Freepik.com
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Nos ciclos, temos a oportunidade de avaliar nossas ações e, desse modo, corrigir erros e realimentar os processos 
organizacionais. Essa orientação também vale para o processo contínuo de formação, pois será a partir dessas 
vivências que você alimentará suas ideias e sua motivação.
Todos esses temas, de maneira direta ou indireta, serão abordados em diversos conteúdos 
ao longo do curso. Note, então, que é possível aplicar diversas técnicas e métodos em seu dia 
a dia; dessa forma, você será o agente do sucesso de seus negócios.
Veja o portal da “Endeavor”, que aborda inúmeros assuntos voltados ao empreendedorismo, 
bem como a temas de interesse do próprio empreendedor, como o seu desenvolvimento 
pessoal, autoconhecimento etc. O site também disponibiliza uma série de materiais para 
download gratuito: https://endeavor.org.br/. 
1.2 Empreendedorismo: os negócios no campo econômico 
tradicional e os negócios sociais
A grande maioria das empresas que nos oferecem algum serviço ou produto no cotidiano estão no campo eco-
nômico dito tradicional. E são essas empresas, muitas delas de pequeno e médio porte, que movimentam a eco-
nomia das cidades e dos países. Podemos citar, por exemplo, alguns desses serviços e produtos que utilizamos 
em nosso dia a dia: padaria, serviço médico, escola, supermercado, construtoras e instituições bancárias.
Para compreender em qual categoria estão localizadas essas empresas, são utilizados os termos setor primário, 
setor secundário e setor terciário. As empresas vinculadas ao setor primário são as que exploram os recursos 
naturais, como mineração, agricultura, pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça.
No setor secundário, estão as empresas que transformam as matérias-primas advindas do setor primário em 
produtos, materiais tangíveis, dentro de processos industrializados, por exemplo: roupas, máquinas, automóveis, 
alimentos industrializados, eletrônicos, casas etc.
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Já as empresas vinculadas ao setor terciário são aquelas da área dos serviços. Estes são intangíveis, porém, atu-
almente, representam boa parte do PIB de muitas cidades no Brasil e no mundo. Podemos citar como exemplos 
empresas vinculadas ao comércio, à educação, à saúde, às telecomunicações, serviços de informática, seguros, 
transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos etc.
PIB – Produto Interno Bruto: representa o montante, em valores monetários, de todos os 
bens e serviços finais produzidos em determinada região, cidade ou país durante determi-
nado período. Geralmente, esse acompanhamento é feito mensalmente.
Glossário
Essa classificação em setores primário, secundário e terciário se refere às atividades empreendedoras voltadas 
aos negócios com fins lucrativos, ou seja, que têm como objetivo principal o lucro destinado aos seus sócios. 
Agora, abordaremos outra modalidade de empreendedorismo, que é aquele voltado à área social e é guiado pela 
necessidade de resolver um problema social. Esse tipo de atividade é dividido em duas modalidades: Organiza-
ções da Sociedade Civil sem fins lucrativos, mas com fins econômicos; e os negócios sociais, com fins econômicos 
e lucrativos.
1.2.1 Organizações da Sociedade Civil - OSCs
As Organizações da Sociedade Civil, em geral, são constituídas no formato jurídico – por exemplo, sociedades, 
clubes ou associações – e, desse modo, são Organizações Não Governamentais (ONGs) ou organizações do ter-
ceiro setor. 
Figura 1.4 – Organizações da Sociedade Civil.
Legenda: Organizações/entidades.
Fonte: Rosazza/123RF.
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Para contextualizar o surgimento dos termos “ONGs” e “organizações do terceiro setor”, trazemos algumas expli-
cações de Albuquerque (2006) que, de forma sistemática, apresenta essa abordagem em vários países. Os dois 
termos são recorrentemente utilizados no Brasil. 
Terceiro setor: para entender a separação dos setores, conceitua-se o primeiro setor para 
a área governamental, o segundo setor para a iniciativa privada (empresas, indústrias e o 
comércio em geral) e o terceiro setor para as organizações sociais sem fins lucrativos. 
Glossário
O termo “terceiro setor” vem da tradução de third sector, utilizado nos Estados Unidos junto de outras expres-
sões, como “organizações sem fins lucrativos” (nonprofit organizations) e “setor voluntário” (voluntary sector). 
Na Inglaterra, utilizam-se dois termos: “caridades” (charities), termo de origem medieval que ressalta o aspecto de 
obrigação religiosa; e “filantropia” (philantropy), que é um conceito mais moderno e humanista em relação ao anterior. 
Na Europa Continental, predomina o termo Non-governmental Organization (NGOs), ou, em português, Organiza-
ção Não Governamental (ONG), cuja origem são os projetos realizados por representações da Organização das 
Nações Unidas (ONU) em diversos países europeus. Ao estabelecerem cooperação internacional nos anos 1960 
e 70, surgem as ONGs, com o objetivo de desenvolver projetos e estabelecer parcerias no “Terceiro Mundo”.
No Brasil e na América Latina, utiliza-se o termo “sociedade civil”. Sua origem é do século XVIII, período no qual 
se desenvolvia uma espécie de plano governamental que incluía as organizações privadas que realizavam ativi-
dades de interação com a sociedade, ou ações sociais (ALBUQUERQUE, 2006).
O termo sociedade civil é também utilizado para descrever as associações e organizações que não fazem parte do 
Estado. Essas organizações são privadas, mas cumprem uma finalidade pública, ou seja, servem à comunidade – 
por isso elas se distinguem do Estado e promovem direitos coletivos e do mercado (ALBUQUERQUE, 2006).
Essas organizações da sociedade civil, de acordo com Albuquerque (2006), possuem características específicas 
que as diferenciam das organizações governamentais e empresas.
• Fazem contraponto às ações do governo: os bens e serviços públicos resultam da atuação do Estado e da 
multiplicação de várias iniciativas particulares.
• Fazem contraponto às ações do mercado: abrem o campo dos interesses coletivos para a iniciativa individual.
• Dão maior dimensão aos elementos que as compõem: realçam o valor tanto político quanto econômico 
das ações voluntárias sem fins lucrativos.
• Projetam uma visão integradora da vida pública: enfatizam a complementação entre ações públicas e 
privadas.
Note que, ao descrever as características dessas instituições, podemos visualizar diversas organizações que surgi-
ram em determinados contextos históricos para atender a determinados fins; em muitos casos, a área governa-
mental brasileira não atendia de modo satisfatório ou atendia de modo insuficiente às demandas apresentadas 
nos diversos segmentos da sociedade: social, educacional, esportivo, saúde, habitação etc.
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Na atualidade, um dos maiores desafios das instituições inseridas no terceiro setor é criar um conceito comum 
para a área, que está seguindo para uma nova nomenclatura: “Organizações da Sociedade Civil (OSCs)”. Essas 
organizações possuem interesses e necessidades compartilhados por outras organizações, incluindo as mais 
diversas áreas e setores, como cultura, educação, saúde, social, esportiva etc.
OSCs - as Organizações da Sociedade Civil: entidades privadas sem fins lucrativos, com per-
sonalidadejurídica própria e capazes de gerenciar suas atividades. Elas atuam na promoção e 
na defesa de direitos em áreas como saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia, desenvol-
vimento agrário, assistência social, moradia e direitos humanos, entre outras. Elas podem ser 
entidades privadas sem fins lucrativos, sociedades cooperativas, organizações religiosas etc. 
Glossário
 
Figura 1.5 – Planejando a gestão de voluntariado.
Legenda: Desafio.
Fonte: Kireeva/123RF.
Outro desafio para a gestão é planejamento das atividades dos voluntários, já que representam a maioria dos 
indivíduos dessas entidades. Um bom plano para treinar e capacitar voluntários atuantes pode facilitar e poten-
cializar as possíveis parcerias com o governo e empresas, pois ambos têm muito a contribuir para a garantia, no 
futuro, de maior autonomia para essas organizações da sociedade civil.
No Brasil, a Lei Federal n. 13.019, de 2014, vem sendo implementada para que se tenha mais regulação no ter-
ceiro setor e nas organizações da sociedade civil. Essa lei estabeleceu o Marco Regulatório das Organizações da 
Sociedade Civil (MROSC), um conjunto de estratégias que busca melhorar a relação das organizações da socie-
dade civil com o poder público, a sua sustentabilidade econômica e a obtenção de títulos e certificados.
Dentro dessa nova legislação, que pretende regular as ações das organizações da sociedade civil, estão ações 
como a unificação do conceito e da terminologia a ser utilizada por essas entidades. São OSCs: creches e institui-
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
ções para idosos; comunidades terapêuticas; cooperativas de produtores rurais, catadores/reciclagem, pessoas 
com deficiência, APAEs, esportivas, culturais etc. Para compreender suas características de acordo com esse novo 
marco legal, veja a Tabela 1.1.
Tabela 1.1 – Características das Organizações da Sociedade Civil.
Tipo de entidade Características
Entidade privada sem 
fins lucrativos
Não distribui resultado ou sobra de qualquer natureza e os aplica integralmente 
na consecução de seu objetivo social. Há duas formas:
• Associação (união de pessoas com objetivos para o bem social da 
coletividade, ou restritos a um público menor – como no caso de clubes); ou
• Fundação (formada a partir de um capital financeiro de empresas ou pessoas).
Sociedade cooperativa Está prevista na Lei Federal n. 9.867, de 1999.
É integrada por pessoa em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou 
social.
É alcançada por programas e ações de combate à pobreza e de geração 
trabalho/renda.
É voltada para:
• Fomento, educação, capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de 
agentes de assistência técnica e extensão rural; ou
• Execução de atividade ou projeto de interesse público.
Organização religiosa É disciplinada pela Lei Federal n. 10.825, de 2003.
Deve se dedicar a atividade ou projeto de interesse público e cunho social 
distintos de religiosos.
Legenda: Tipologia das Organizações da Sociedade Civil.
Fonte: Adaptado de Minas Gerais ([2016]).
Até aqui foi exposto o contexto atual dessas entidades. Vêm ocorrendo uma série de modificações nos marcos 
legais que regulamentam o funcionamento delas, que certamente impactarão na gestão.
Esse é um assunto que interessa aos empreendedores que pretendem envolver-se com essa área, tendo em vista 
o nível de importância dessas entidades para a sociedade brasileira.
1.2.1 Negócios sociais
Os negócios sociais possuem características diferentes das organizações da sociedade civil e das empresas do 
campo tradicional da economia. Além disso, podemos dizer que os negócios sociais são uma nova alternativa 
para solucionar problemas nas mais diversas áreas da sociedade, como preservação ambiental, habitação, edu-
cação, saúde etc.
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Portanto, os negócios sociais têm fi ns econômicos e lucrativos, com personalidade jurídica de empresas tradicio-
nais. Diferenciam-se, porém, por terem como objetivo principal solucionar um problema social. 
Negócios Sociais são empresas que têm a única missão de solucionar um problema social, são 
autossustentáveis fi nanceiramente e não distribuem dividendos. Como uma ONG, tem uma mis-
são social, mas como um negócio tradicional, geram receitas sufi cientes para cobrir seus custos. 
É uma empresa na qual o investidor recupera seu investimento inicial, mas o lucro gerado é rein-
vestido na própria empresa para ampliação do impacto social. (O QUE são [...], 2017)
Ao contrário das empresas tradicionais – cuja medição de sucesso é feita pela análise de percentual de lucro 
gerado – nos negócios sociais, a medição do sucesso é feita a partir do volume, quantitativo ou qualitativo, de 
impacto positivo gerado para pessoas ou para o meio ambiente.
Na Figura 1.6, constam informações que podem ajudar você a compreender o contexto no qual se inserem as 
empresas vinculadas aos negócios sociais.
Figura 1.6 – Diferenças entre ONGs, Negócios Sociais e Negócios Tradicionais.
Legenda: Apresentação das diferenças entre ONGs, Negócios Sociais e Negócios Tradicionais.
Fonte: (O QUE são [...], 2017).
A medição do sucesso dos negócios sociais é feita a partir do volume, quantitativo ou quali-
tativo, de impacto positivo gerado para as pessoas ou para o meio ambiente. 
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Empreendedorismo | Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
Esperamos ter contribuído para o seu aprendizado sobre o tema do empreendedorismo nessa abordagem que 
acabamos de percorrer. Vale destacar que as áreas do terceiro setor e negócios sociais sequer eram reconhecidas 
como setor econômico até poucas décadas atrás. Porém, pela relevância e pelo volume de empregos criados, 
vêm destacando-se, consolidando-se e gerando novas possibilidades de empreender nas mais diversas áreas.
20
Considerações fi nais
Chegamos ao fi m da Unidade de Estudo 1 e esperamos que você possa 
ter iniciado o seu processo de inspiração e motivação para compreender 
a área de empreendedorismo e, mais do que isso, escolher sua profi ssão a 
partir dessa abordagem.
De tudo que vimos, cabe destacar:
• perfi l empreendedor;
• os 5 Ps do Empreendedorismo;
• o empreendedorismo na área econômica tradicional;
• o empreendedorismo na área do terceiro setor;
• o empreendedorismo na área dos negócios sociais.
Diante disso tudo, você já escolheu o que quer seguir?
21
 Referências
ALBUQUERQUE, A. C. C. de. Terceiro setor: história e gestão de organiza-
ções. São Paulo: Summus, 2006.
BRASIL. Lei n. 9.867, de 10 de novembro de 1999. Dispõe sobre a criação 
e o funcionamento de Cooperativas Sociais, visando à integração social 
dos cidadãos, conforme especifi ca. Brasília, DF: Presidência da República, 
1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9867.
htm. Acesso em: 20 set. 2019.
______. Lei n. 10.825, de 22 de dezembro de 2003. Dá nova redação aos 
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Empreendedorismo| Unidade 1 – Os diversos âmbitos do empreendedorismo
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SILVA, O. Cartas a um jovem empreendedor: realize seu sonho, vale a pena. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
2
23
 Unidade 2
 Histórias inspiradoras
Para iniciar seus estudos
Olá! Nesta unidade, serão apresentadas diversas histórias inspiradoras de 
empresas brasileiras de sucesso, bem como algumas dicas de livros e fi l-
mes que contribuirão para que você assimile conhecimento e faça sua 
escolha profi ssional. Trazer estes casos também tem como objetivo fazer 
com que você perceba os diversos pontos em comum que existem nessas 
histórias e como podemos, por exemplo, identifi car as características dos 
5 Ps nelas. A partir destes casos, você também terá condições de encon-
trar a solução para o desafi o que proporemos ao fi m de nossos encontros. 
Vamos lá?
Objetivo de aprendizagem
• Apresentar casos de empreendedores brasileiros que atuam em 
diversos setores econômicos.
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
1.1 Empresas brasileiras de sucesso
Propomos apresentar casos de empresas brasileiras porque os índices de sobrevivência desafiam pesquisadores 
e especialistas já que, ao mesmo tempo em que ocorrem as dificuldades, as soluções encontradas também são 
incríveis, e fogem até mesmo das bases teóricas que guiam nossas pesquisas.
Figura 2.1 – Empresas.
Legenda: Representação de conjunto de empresas.
Fonte: hMasawat/123RF.
Outro ponto interessante que justifica apresentar os casos brasileiros é que nossa legislação e nossas realidades 
política e econômica são diferentes das de outros países; assim, não faria tanto sentido trazer outras situações. 
Porém, isso não quer dizer que você não possa inspirar-se em casos internacionais – você pode buscar exemplos 
de propostas e melhorias em seu negócio em outras empresas similares.
Uma das formas de analisar perfis das empresas e perfil dos empreendedores é por meio dos dados sobre o 
empreendedorismo publicados pelo projeto Global Entrepreneurship Monitor (GEM), iniciado em 1999 por meio 
de uma parceria entre a London Business School e o Babson College e abrangendo, no primeiro ano, 10 países. O 
objetivo principal do projeto é “[...] compreender o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico 
e social dos países” (GEM, 2015, p. 21).
Desde então, cerca de 100 países se vincularam ao projeto e liberam seus dados para as pesquisas. Por isso, na 
área do empreendedorismo, o projeto GEM tornou-se o maior estudo em andamento no mundo. O Brasil aderiu 
em 2010 e, desde então, diversas instituições brasileiras que possuem algum vínculo com o tema vêm se asso-
ciando e colaborando para as pesquisas. A seguir, destacaremos alguns pontos interessantes que constam na 
pesquisa mais recente, publicada em 2015.
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
A cada ciclo de pesquisa, o GEM utiliza metodologias de análise diferenciadas. Para o ano de 2015, a análise foi 
de acordo com as etapas do processo empreendedor:
[...] que começa com a intenção dos indivíduos em iniciar um negócio, prossegue até a criação do 
empreendimento, passa pelas fases iniciais de seu desenvolvimento (nascentes e novos) e ter- 
mina até o empreendimento ser considerado como estabelecido. (GEM 2015, p. 21)
Figura 2.2 – Processo empreendedor adotado nas análises GEM 2015.
Legenda: Processo empreendedor adotado nas análises GEM 2015.
Fonte: GEM (2015, p. 21-22).
A partir de dados estatísticos, é possível obter conclusões que vão desde a intensidade da atividade empreende-
dora em cada país até as características dos empreendedores e empreendimentos. Tudo isso tem o objetivo de 
fornecer dados que possam auxiliar na elaboração de políticas públicas de incentivo e fomento do empreende-
dorismo em cada país analisado.
Possivelmente por isso, a cada novo ciclo, novos países aderem ao projeto, pois os dados levantados são relevan-
tes e apresentam diversas informações, que poderão direcionar inúmeras estratégias de desenvolvimento local 
e regional.
Esse interesse justifica-se pela metodologia adotada pelo projeto GEM, pois ele considera o PIB dos países e pro- 
põe comparações entre aqueles que possuem os mesmos parâmetros. Veja, na figura a seguir, como acontece 
essa classificação, que ocorre conforme o nível de desenvolvimento econômico de cada país.
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
Figura 2.3 – Classificação dos países segundo seu desenvolvimento econômico.
Continente Países impulsionados 
por fatores (10)
Países impulsionados 
pela eficiência (29)
Países impulsionados 
pela inovação (23)
África Bostwana, Burkina Faso, 
Camarões, Egito, Senegal, 
Tunísia
África do Sul, Marrocos
Ásia & Oceania Filipinas, Índia, Irã, Vietnã China, Indonésia, 
Casaquistão, Líbano, 
Malásia, Tailândia, Turquia
Austrália, Coreia do Sul, 
Israel, Japão, Taiwan
América Latina & Caribe Argentina, Barbados, 
Brasil, Chile, Colômbia, 
Equador, Guatemala, 
México, Panamá, Peru, 
Porto Rico, Uruguai
Europa Bulgária, Croácia, 
Estônia, Hungria, Letônia, 
Macedônia, Polônia, 
Romênia
Alemanha, Bélgica, 
Eslováquia, Eslovênia, 
Espanha, Finlândia, 
Grécia, Holanda, Irlanda, 
Itália, Luxemburgo, 
Noruega, Portugal, Reino 
Unido, Suécia, Suíça
América do Norte Canadá, Estados Unidos
Legenda: Tabela do desenvolvimento econômico de cada país.
Fonte: Adaptada de GEM (2015, p. 23).
A classificação adotada pelo projeto GEM (2015, p. 22) é “[...] estabelecida pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) 
(Global Competitiveness Report), com base no tamanho do PIB, renda per capita e quota de exportação de pro- 
dutos primários, conforme a seguir”:
• países impulsionados por fatores: são caracterizados pela predominância de atividades com forte depen-
dência dos fatores trabalho e recursos naturais;
• países impulsionados pela eficiência: são caracterizados pelo avanço da industrialização e ganhos em 
escala, com predominância de organizações intensivas em capital;
• países impulsionados pela inovação: são caracterizados por empreendimentos intensivos em conheci- 
mento e pela expansão e modernização do setor de serviços.
O Brasil ficou classificado como sendo um dos países impulsionados pela eficiência e, para facilitar a comparação 
do Brasil com outros países, a equipe que coordenou os trabalhos do relatório escolheu seis países de referência, 
representativos desses três grupos. Entre os países impulsionados pela inovação, foram selecionados Estados 
Unidos e Alemanha; pela eficiência, a África do Sul, a China e o México; e, por fatores, a Índia.
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
Das informações apresentadas nesse relatório, há um gráfico que resume dados de 2002 até 2015, com o perfil 
dos empreendedores brasileiros. Algumas informações importantes podem ser verificadas na figura a seguir.Figura 2.4 – Proporção de empreendedorismo e PIB.
Legenda: Gráfico com a proporção de empreendedorismo x PIB. 
Fonte: GEM (2015, p. 33).
Dos dados dos empreendedores iniciais por oportunidade no Brasil, no período de 2002 a 2015, constata-se 
um aumento frequente até 2014. A queda inicia-se em 2015, período em que a crise econômica se acentuou no 
país. A proporção do número de empreendedores por oportunidade diminuiu de 70,6%, em 2014, para 56,5% 
em 2015. Notem que nesse mesmo período a taxa de crescimento do PIB também diminuiu.
Como consequência, percebe-se o aumento do desemprego e, paralelamente, o aumento dos empreendedores 
por necessidade, saindo de 29,1%, em 2014, para 43,5% em 2015.
Conforme dito anteriormente, o empreendedorismo contribui para o desenvolvimento dos países. Vamos ima-
ginar uma situação: quando a economia do Brasil se estabilizasse, se existissem políticas de estímulo para os 
empreendedores por oportunidade, será que eles continuariam empreendedores ou voltariam ao mercado com 
carteira assinada? E se, junto com essa política, houvesse incentivo para que os empreendedores por oportuni-
dade também mantivessem seus negócios ativos, gerando empregos, renda e o desenvolvimento dos bairros, 
por exemplo? Certamente esse tipo de estratégia pode contribuir, e muito, para que os países possam melhorar 
seus indicadores econômicos e de desenvolvimento social.
Mas nem sempre é desse modo que as coisas se organizam. Em dados momentos, as estratégicas econômicas 
visam trazer grandes empreendimentos para instalarem-se no país. Em outros, ocorre o incentivo da agricultura. 
Mesmo assim, no campo do empreendedorismo, o que se percebe é que tem havido mais incentivos para a cria-
ção e a manutenção de empresas.
Um dos grandes desafios do futuro para o Brasil é criar oportunidades e incentivos para que essas empresas se 
formalizem, já que boa parte delas ainda é informal. Esse tipo de situação prejudica toda a sociedade. Uma das 
justificativas para a não formalização é a grande carga tributária, que sobrecarrega as empresas. Esse tema vem 
sendo debatido em todo o país nos últimos cinco anos e existem projetos no legislativo federal para que a situa-
ção possa ser revisada.
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
Voltando ao relatório GEM 2015, nele constam alguns dados importantes sobre a formalização. Dos empreen-
dedores iniciais e dos empreendedores estabelecidos, aqueles que possuem CNPJ, ou seja, os formais, acabam 
diferenciando-se positivamente daqueles que não possuem a formalização. Os indicadores positivos concen-
tram-se nos itens novidade do produto ou serviço, geração de empregos e faturamento.
Para resolver a questão da formalização, na última década, algumas condições favoráveis, ainda que insuficien-
tes, foram e vêm sendo implantadas por meio de políticas governamentais. Para exemplificar, cita-se a criação 
do regime tributário Simples Nacional, que apresenta carga tributária menor; do MEI, categoria para o Microem-
preendedor Individual; e o mais recente, o Programa Bem Mais Simples.
Em geral, esses programas objetivam a redução da burocracia na gestão das empresas e nos processos de aber-
tura e fechamento delas; visam também simplificar o sistema de arrecadação de tributos, por isso o grande inte-
resse governamental em contribuir para esses processos de formalização.
Na avaliação dos especialistas do relatório GEM 2015, ainda há a ausência de políticas públicas “[...] adequadas 
às necessidades dos empreendedores e há excesso de burocracia para abertura, funcionamento e encerramento 
dos negócios” (GEM, 2015, p. 83). As empresas também “[...] enfrentam alta carga tributária e complexidade da 
legislação brasileira, que aumentam os custos de operação e tornam os negócios menos competitivos” (p. 89).
Por isso, em diversos estudos, vemos as discussões sobre a melhoria nos processos de competitividade das 
empresas brasileiras frente ao cenário internacional. Ressalta-se que os empreendimentos estão, sim, direta-
mente vinculados às estratégias de desenvolvimento local.
Na tabela a seguir, é possível verificar diversos fatores que estimulam e favorecem o empreendedorismo no Brasil. 
O fator favorável mais citado pelos especialistas refere-se à capacidade empreendedora dos brasileiros (54,1%). 
Entre os países selecionados, o Brasil é o que apresenta a maior taxa de empreendedorismo inicial (21,0%), equi-
valente à do México.
Tabela 2.1 – Fatores que favorecem o empreendedorismo.
Legenda: Principais fatores que favorecem o empreendedorismo em cada país selecionado. 
Fonte: GEM (2015, p. 86).
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
Na tabela a seguir, que traz os principais obstáculos para a abertura e a manutenção de novos negócios no Brasil, 
os elementos destacados pelos especialistas foram as políticas governamentais (54,1%), a educação e a capaci-
tação (48,6%), os custos do trabalho, o acesso e a regulamentação (33,8%). 
Tabela 2.2 – Obstáculos para o empreendedorismo.
Legenda: Principais obstáculos para o empreendedorismo em cada país selecionado. 
Fonte: GEM (2015, p. 87).
Com as informações constantes nessas duas últimas tabelas, podemos verificar que cada país tem tanto incenti-
vos quanto obstáculos específicos às suas realidades.
Por fim, cabe destacar as sugestões de melhoria para incentivar as políticas para o empreendedorismo no Brasil, 
apontadas pelos especialistas no relatório GEM 2015 (p. 15). Veja a tabela a seguir.
Tabela 2.3 – Sugestões de melhoria e incentivo ao empreendedorismo no Brasil.
Legenda: Recomendações de melhoria e incentivo ao empreendedorismo brasileiro. 
Fonte: Adaptado de GEM (2015, p. 15).
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
Perceba que políticas e programas governamentais aparecem nessas recomendações, porém, o que mais chama 
a atenção é a necessidade de educação e capacitação, representando 48,6% das orientações dos especialistas 
participantes da pesquisa.
Essa necessidade de capacitação vai desde os processos formais de escolarização até a especialização para 
gerir os negócios. No entanto, cabe destacar também as capacitações com temas específi cos para o dia a dia da 
empresa, pois vários empreendedores têm difi culdades em compreender, por exemplo, rotinas contábeis, altera-
ções tributárias e situações jurídicas. Essas capacitações concedem mínimas condições para que o empreende-
dor consiga gerenciar seu negócio com segurança.
Finalizamos essa introdução com informações relevantes sobre o cenário do empreendedorismo no Brasil. Agora, 
vamos iniciar um novo tópico, no qual serão apresentados alguns casos reais de empresas brasileiras.
2.1.1 Casos de empresas brasileiras
Diante do que foi tratado na primeira parte desta unidade, chega o momento de conhecer alguns casos de 
empresas brasileiras. Estes casos foram relatados pelos próprios fundadores de empresas estabelecidas em várias 
áreas, e são bem interessantes e inspiradores. Perceba que, na maioria dos depoimentos, aparecem os relatos 
de difi culdades e desafi os, porém, também se nota, em comum, o “brilho no olho”, a motivação que move todo 
empreendedor.
Os casos a seguir fazem parte de um levantamento feito por Malheiros (2014), do Portal Endeavor. Recomenda-
mos que assista a todos eles, pois agregarão na assimilação das diversas abordagens dessa disciplina.
 “Acredite em você, sempre!”, frase de Robinson Shiba, fundador da empresa “China in Box”. 
É preciso acreditar que vai dar certo. “Mas só acreditar, sem implantação, sem ação, não fun-
ciona”. Assista à inspiradora e bem-humorada história de Robinson Shiba e de como surgiu 
a ideia da comida chinesa em uma caixinha.
Para assistir ao depoimento dele, acesse o link: 
https://www.youtube.com/watch?v=POAfq1FyFBM.
31
Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
“As conexões que movem a vida” palavras de Marcelo Sales, fundador do portal “21212. 
com”. Marcelo Sales é um empreendedor e um nerd– e tem muito orgulho disso. O primeiro 
negócio dele foi vender suco de uva na rua, e foi aí que as conexões começaram a mover sua 
vida, até virar fundador da Movile, Empreendedor Endeavor e fundador da aceleradora de 
negócios 21212.com.
Para assistir ao depoimento dele, acesse o link: 
https://www.youtube.com/watch?v=JR7Omeoatek.
“A fórmula da autoestima”, palavras Leila Velez, atual presidente e cofundadora da marca 
“Beleza Natural”. “A gente não queria tratar só o fi o de cabelo, mas também a alma, o sen-
timento. Então criamos um lugar para a mulher de classe C viver a experiência de ser bem 
tratada”. Leila Velez e seus primeiros sócios viram potencial em uma parte invisível do Brasil, 
em uma época em que ninguém olhava para a base da pirâmide.
Para assistir ao depoimento dela, acesse o link: 
https://www.youtube.com/watch?v=yIm8ZpR9hxg.
E que tal pensarmos em algo diferente, por exemplo, não seguir os conselhos que você 
recebe ao longo da vida? Sim, alguns deles desmotivam o empreendedor. Para exemplifi car 
isso, apresenta-se o depoimento de Salim Mattar, fundador da Localiza Rent a Car, chamado 
“Os conselhos que não segui”.
“Quando um louco se junta com outros cinco para contar o momento de virada da sua jor-
nada empreendedora, o resultado só pode ser uma noite histórica”. Para assistir ao vídeo, 
acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=U0MrwFlLCCo.
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
2.2	 Dicas	de	filmes	para	empreendedores
Em diversas profissões, a utilização de recursos multimídia é muito indicada, pois possibilita desenvolver nossas 
habilidades de aprendizagem. Se eventualmente não conseguimos apreender algum conteúdo na leitura ou na 
explicação do professor, isso pode acontecer quando assistimos a um filme, por exemplo. Sem tomá-los como a 
realidade ou a verdade, mas sim como uma representação, ainda pode extrair ideias e conhecimentos dos filmes.
Você deve se lembrar que, na Unidade 1, abordamos as diversas experiências vivenciadas pelo empreendedor 
e a maneira como essas experiências influenciam a sua dinâmica profissional. Por isso, quando assistimos a um 
filme, podemos elaborar pequenas conexões cerebrais que irão se conectar a alguma ideia que estamos traba-
lhando, buscando por uma solução ou resposta. A seguir, apresenta-se sinopses de seis filmes que certamente 
poderão te inspirar.
Um ótimo filme para abordar noções de empreendedorismo, trabalho em equipe, competência e inovação é 
“Kinky Boots: fábrica de sonhos” (direção de Julian Jarrold, EUA/Reino Unido, 2005, Miramax Filmes, 107 min.). 
Para reagir diante de um quadro de falência, eles precisam criar alternativas de mercado, compreendendo novos 
segmentos e novas oportunidades.
Figura 2.5 – Dicas de filmes.
Legenda: Ícones representativos da arte cinematográfica.
Fonte: Sokolova/123RF
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
A seguir, são listados outros cinco filmes, a partir de sugestões feitas por Gomes (2015).
• “À Procura da Felicidade” (EUA, 2006, 117 min.) – Principal mensagem: persistência.
Sinopse: Baseado em uma história real, o filme mostra Chris em busca da carreira que acredita e do sus- 
tento da família. Ele enfrenta um difícil momento: desempregado, abandonado pela mulher e lutando 
para criar seu filho pequeno, acaba não tendo onde morar, mas persegue um sonho, que é o que o 
motiva. Esse filme é exatamente o que um empreendedor precisa assistir antes de começar um negócio 
(GOMES, 2015).
• “Chef” (EUA, 2014, 114 min.) – Principal mensagem: ter foco e estar aberto a aprender.
Sinopse: A obra mostra a história de Carl que, após perder o emprego em um restaurante, abre um trailer 
de comida – foodtruck. O objetivo é recuperar seu instinto criativo e, ao mesmo tempo, aproximar-se da 
família. O filme mostra um pouco esse lado de ter o foco em um negócio com o que você gosta de fazer, 
aprendendo sempre (GOMES, 2015).
• “Jobs” (EUA, 2013, 129 min.) – Principal mensagem: ter coragem para apostar em suas ideias, inovar e ter 
paixão pelo que faz.
Sinopse: O filme, estrelado por Ashton Kutcher, conta a trajetória de Steve Jobs, fundador de uma das 
maiores empresas de tecnologia do mundo. Jobs teve parte de sua vida revelada nesse filme. É interes-
sante ver como blefes podem gerar resultado, como ter ambição pode trazer lucro e que o lema “vendo, 
depois crio” é uma constante no universo dos magnatas da tecnologia (GOMES, 2015).
• Jerry Maguire - A Grande Virada” (EUA, 1996, 139 min.) – Principal mensagem: mantenha seus valores 
éticos e morais.
Sinopse: A Grande Virada é um filme estrelado por Tom Cruise, que interpreta um agente esportivo que é 
afastado dos negócios por acreditar que os agentes deveriam dar um tratamento mais humano aos atle-
tas. Ele é demitido e começa a perder seus clientes, tendo que recomeçar. O filme mostra a dificuldade 
de montar um negócio em um mercado competitivo, que é possível vencer depois de um fracasso e que, 
independentemente das consequências imediatas que isso possa acarretar, sempre deve-se manter seus 
valores éticos e morais (GOMES, 2015).
• “Decisões Extremas” (EUA, 2010, 106 min.) – Principal mensagem: a importância de um propósito para 
as empresas.
Sinopse: O filme Decisões Extremas (2010) é um exemplo de empreendedorismo. Os filhos do casal Aileen 
e John Crowley têm uma doença degenerativa. Marcados pela falta de esperança, suas trajetórias mudam 
quando descobrem um cientista que pode trazer a cura. Mas, para isso, John precisa abrir uma empresa 
para fabricar os remédios. O filme mostra que as empresas precisam ter um propósito para serem criadas 
e que o empresário tem que acreditar nela e no que produz. A partir de problemas pessoais, o persona-
gem encontra uma saída, que é a abertura de uma startup (GOMES, 2015).
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
2.3 Dicas de livros para empreendedores
Da mesma forma que os filmes, os livros podem ser uma ótima fonte de inspiração. Conforme citado no início do 
tópico anterior, algumas pessoas apreendem conteúdos por meio de filmes; outras, por meio de livros. 
Figura 2.6 – Dicas de livros.
Legenda: Biblioteca.
Fonte: olegdudko/123RF 
Sugere-se, nesse tópico sobre livros, uma lista com cinco obras, baseada nas indicações por Fernandes (2015), do 
website Jornal do Empreendedor:
• “Desperte seu gigante interior”, de Tony Hobbins (Rio de Janeiro: Best Seller, 2017) – Uma das frases 
inspiradoras do livro: “Se você não pode, você deve, se você deve, você pode”.
Sinopse: Anthony Robbins é diferente da maioria dos escritores motivacionais por dois motivos. Primeiro, 
ele trata o treinamento da mente e do corpo como um desafio tecnológico, e não moral. Em segundo 
lugar, de alguma forma, ele consegue ser um modelo inspirador e o cara mais chato do mundo (FERNAN-
DES, 2015).
• “Somos o que pensamos ser”, de James Allen (São Paulo: Universo dos Livros, 2008) – Uma das frases 
inspiradoras do livro: “Os sonhadores são os salvadores do mundo. Como o mundo visível e sustentado 
pelo invisível, homens assim, através de suas provações, pecados e tendências mesquinhas, são nutridos 
pelas belas visões de seus sonhadores solitários”.
Sinopse: Livros motivacionais são geralmente sobre a tomada de medidas imediatas. Ele explica como 
seus pensamentos moldam sua personalidade e como a sua personalidade leva você a agir e determina 
suas ações (FERNANDES, 2015).
• “Não faça tempestade em copo d’água”, de Richard Carlson (Rio de Janeiro: Rocco, 1998) – Uma das fra-
ses inspiradoras do livro: “O estresse nada mais é do que uma forma socialmente aceita de doença mental”.
Sinopse: Uma grande parte da motivação é limpar a sua mente da desordem que te coloca pra baixo. 
Richard Carlson ajuda a diferenciar entre o que é realmente importante – e merecedor da sua atenção – e 
o que é apenas ruído (FERNANDES, 2015).
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
• “Motivação 3.0”, de Daniel H. Pink (Rio deJaneiro: Sextante, 2019) – Uma das frases inspiradoras do livro: 
“Para os artistas, cientistas, inventores, estudantes e o resto de nós, a motivação intrínseca – é a unidade 
para realizar as coisas, porque é interessante, desafiador e essencial para os altos níveis da criatividade”.
Sinopse: Motivação vem do uso criterioso de oportunidades e desafios. Segundo Daniel Pink, não é bem 
assim. Seu livro ilustra o fato de que a motivação vem de várias fontes, e que no mais alto nível de desem-
penho, a motivação vem de seu sentido mais profundo, daquilo que você quer ser (FERNANDES, 2015).
• “Poder do pensamento positivo”, de Norman V. Peale (São Paulo: Cultrix, 2016) – Uma das frases inspi-
radoras do livro: “A ação é uma grande restau- radora e construtora da confiança. A inércia não é apenas 
o resultado, mas a causa do medo. Talvez a sua ação vai torná-lo bem-sucedido, ou talvez ela precise de 
ajuste. Mas qualquer ação é melhor do que não fazer nada”.
Sinopse: Quando foi publicado pela primeira vez, psicólogos e teólogos atacaram o livro como herege e 
acusaram o autor Norman Vicent Peale de ser um fantoche. Hoje, a ciência tem verificado que o conceito 
básico do livro – ser otimista – faz você mais feliz e saudável e, portanto, mais propenso a ter sucesso 
(FERNANDES, 2015).
2.4 Outras fontes de inspiração e motivação
Para fechar esta unidade, são apresentadas a seguir dicas complementares, que podem ser fontes de inspiração
e motivação para os empreendedores e intraempreendedores. Mas lembre-se que a lista não se esgota aqui!
Se todas as experiências vivenciadas podem contribuir para refinar nosso olhar nas experiências futuras que tere-
mos, por que não investir nelas? Uma dessas experiências pode vir a partir de algo muito pessoal, que são nossos 
hobbies. Sim, eles também podem ser fontes de inspiração. Inclusive, quantos desses hobbies acabam se transfor-
mando em empresas de sucesso? Várias delas surgiram a partir de um hobby.
Figura 2.7 – Hobby.
Legenda: Representação de alguns hobbies.
Fonte: lightvisionftb/123RF
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
Vamos falar sobre a importância de desenvolver hábitos que ajudem a trazer inspiração e motivação. Sabemos 
que todas as ideias que serão colocadas em prática surgem a partir das experiências que o empreendedor tem 
em seu dia a dia, não é mesmo?
Em muitos casos, a motivação pode vir de um hobby; em outros, pode surgir de um insight em um momento 
de lazer. É dessa forma que a inspiração e a motivação se tornam o combustível para gerar novas ideias e buscar 
soluções para o negócio.
Insight – iluminação; revelação ou visão inesperada e repentina de alguma coisa.
Glossário
Outra dica é visitar feiras e participar de eventos em áreas diferentes de seu ramo de atuação. Em uma sociedade 
cada vez mais interdisciplinar, é recomendado que possamos estar atentos a outros olhares, a outras formas de 
perceber o mundo dos negócios. É também uma oportunidade para observar de que modo outros empreende- 
dores têm buscado soluções para seus negócios, de que forma se relacionam com a tecnologia, o que utilizam para 
melhorar o relacionamento com o cliente, entre tantas outras questões que permeiam o dia a dia do empreendedor.
Por fi m, para manter-se atualizado, você pode utilizar as mais variadas fontes (impressas e eletrônicas) para con-
sultas e até mesmo para inspiração. Veja algumas dicas:
• acompanhar blogs e sites que tratam dos temas inovação, empreendedorismo e mercado;
• acompanhar canais do Youtube que abordam os temas do empreendedorismo;
• assinar revistas impressas sobre empreendedorismo e da área do seu negócio.
 Lista de sites: 
Sebrae. Disponível em: http://www.sebrae.com.br.
Prointec. Disponível em: http://www.prointec.com.br.
Inovação (Unicamp). Disponível em: http://www.inovacao.unicamp.br.
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
Outra dica valiosa é navegar nos sites de empresas reconhecidas como as mais inovadoras; vá até a aba 
“Institucional” ou “Sobre nós”, veja missão, visão, valores e entenda um pouco porque elas são o que são:
3M. Disponível em: http://www.3m.com.br/3M/pt_BR/3m-do-brasil/.
Pixar. Disponível em: http://www.pixar.com/.
Disneylândia. Disponível em: https://disneyland.disney.go.com/. 
Cirque du Soleil. Disponível em: https://www.cirquedusoleil.com/.
E você, já acessou alguma experiência multimídia, como um fi lme, que lhe trouxe alguma 
refl exão sobre o que você tem feito e, de repente, surgiu um insight que lhe deu uma res-
posta que há tanto tempo você buscava? 
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Considerações fi nais
Chegamos ao fi m da Unidade 2. Vimos muitos casos de sucesso de 
empresas brasileiras, de diversos setores econômicos e portes. Tudo isso é 
muito inspirador, não é mesmo?
Vamos relembrar alguns pontos principais:
• dados do relatório GEM;
• empresas brasileiras de sucesso;
• fi lmes e livros inspiradores;
• outras formas de buscar inspiração e motivação.
A proposta de trazer os casos de empresas brasileiras deu-se porque nossa 
legislação e nossas realidades política e econômica são diferentes das de 
outros países; assim, não faria tanto sentido apresentar outras situações. 
Porém, isso não quer dizer que você não possa se inspirar em casos inter-
nacionais – você pode buscar exemplos de propostas e melhorias para seu 
negócio em outros similares.
É isso! Até o próximo encontro.
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 Referências
FERNANDES, A. B. Os 10 maiores livros motivacionais de todos os tempos. 
Jornal do Empreendedor, [s. l.], 18 dez. 2015. Disponível em: https://jor-
naldoempreendedor.com.br/destaques/lideranca/os-10-maiores-livros-
-motivacionais-de-todos-os-tempos/. Acesso em: 20 set. 2019.
GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedorismo no Brasil: 
2015. Curitiba: GEM/IBQP, 2014.
GOMES, V. 20 fi lmes inspiradores que todo empreendedor deve assis-
tir. MKT News, [São Paulo], 6 jul. 2015. Disponível em: http://www.revista-
mktnews.com/2015/07/20-fi lmes-inspiradores-que-todo.html. Acesso 
em: 20 set. 2019.
LIGHTVISIONFTB. Vector icons forest [...]. 123RF, [s. l.], [201?]. 1 ilustração. 
Disponível em: https://pt.123rf.com/photo_39028856_vector-icons-
-forest-camping-set-with-compass-guitar-tent-fisherman-bonfire-
-knife-trailer.html. Acesso em: 20 set. 2019.
MALHEIROS, M. 7 Histórias de Empreendedores de Sucesso Brasileiros. 
Endeavor, [São Paulo], 2014. Disponível em: https://endeavor.org.br/
desenvolvimento-pessoal/empreendedores-de-sucesso/. Acesso em: 20 
set. 2019.
MASAWAT, T. Creative building design template [...]. 123RF, [s. l.], [201?]. 
1 ilustração. Disponível em: https://pt.123rf.com/photo_44865001_cria-
tivo-modelo-de-projeto-do-edif%C3%ADcio,-para-sua-empresa,-%20
-ilustra%C3%A7%C3%A3o-vetorial.html. Acesso em: 20 set. 2019.
SOKOLOVA, Y. Realistic cinema movie poster [...]. 123RF, [s. l.], [201?]. 
1 ilustração. Disponível em: https://pt.123rf.com/photo_39386245_
modelo-de-cartaz-filme-cinema-realista-com-rolo-de-filme,-%20
-v%C3%A1lvula,-pipoca,-%C3%B3culos-3d,-conceptbanners-com-.
html. Acesso em: 20 set. 2019.
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Empreendedorismo | Unidade 2 – Histórias inspiradoras
OLEGDUDKO. Book, reading glasses. 123RF, [s. l.], [201?]. 1 ilustração. Disponível em: https://pt.123rf.com/
photo_43200350_livro,-leitura,-%C3%B3culos..html. Acesso em: 20 set. 2019.
3
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 Unidade 3
 Empreendedorismo no Brasil 
e no mundo
Para iniciar seus estudos
Nesta unidade, conversaremos sobre o estado atual do empreendedo-
rismo no Brasil e no mundo. Estudaremos, em dois tópicos, a formação 
da cultura organizacional e sua importância. Por fi m, conheceremos as 
fontes de fi nanciamento e inovação no Brasil. Vamos lá? 
Objetivo de aprendizagem
• Contextualizar o processo histórico do tema do empreendedo-
rismo no Brasil e no mundo e discutir sobre as limitações e/ou 
difi culdades para empreender no Brasil.
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Empreendedorismo | Unidade 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
3.1 Contexto do empreendedorismo no Brasil e no mundo
Figura 3.1 –Aumento do número de empreendedores.
Legenda: Aumento do número de empreendedores.
Fonte: ponsuwan/123RF
Embora o empreendedorismo sempre tenha feito parte das políticas brasileiras, ele ganhou força a partir da 
década de 1990, com a abertura da economia. Na época, investidores estrangeiros voltaram a aplicar seu dinheiro 
no Brasil, fazendo com que as exportações aumentassem. Com essa retomada da economia, ocorreu um cresci-
mento no número de pessoas que viram a oportunidade de desenvolver seu próprio negócio.
 Nos últimos 10 anos, também é possível constatar as importantes políticas de incentivo para 
o empreendedor brasileiro. Os incentivos vão desde a diminuição no percentual de impostos 
até as melhorias nos processos burocráticos, facilitando a abertura e a gestão das empresas. 
É interessante notar que esses benefícios têm favorecido empresas de diversos portes. As principais políticas, 
porém, são para organizações de pequeno e médio porte, que representam quase 80% do montante das empre-
sas brasileiras.
No entanto, manter-se no mercado sempre foi um desafi o para os empreendedores no mundo todo. Ter ideias 
criativas não é sinônimo de sucesso para o negócio, também é necessário perceber as infl uências e os sinais que 
o mercado traz a cada momento para o processo de amadurecimento da ideia e do próprio negócio.
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Empreendedorismo | Unidade 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
De que modo é possível identifi car oportunidades para empreender e como escolher a área? Identifi car as opor-
tunidades de negócios representa tirar o sonho da mente, agindo para torná-lo real. Sampaio (2014) afi rma que 
o sonho é um combustível, mas somente a atitude empreendedora gera projetos pessoais e profi ssionais efeti-
vos. Sendo assim, percebe-se que após sonhar e idealizar o empreendimento, é chegada a hora de identifi car se 
o mercado tem a necessidade do negócio. Nesse processo, o Sebrae ([2017], p. 13-4) apresenta alguns pontos 
relevantes, vejamos:
Figura 3.2 – Pontos relevantes para novos empreendimentos.
Necessidades
identificadas
Busca de
informações
Escala Diferenciação
Observação
e análise
Legenda: Pontos relevantes para novos empreendimentos.
Fonte: Adaptado de Sebrae ([2017])
• Necessidades identifi cadas – a quais necessidades essa ideia atende? Quais problemas ela pode resol-
ver?
• Escala – qual é o público-alvo e o porte do mercado em questão? Busque sempre maior abrangência.
• Diferenciação – qual é o nível de inovação do seu negócio? Quão diferente esta oportunidade é em 
relação às demais?
• Observação e análise – buscar e utilizar ferramentas para analisar o fl uxo de pessoas e de seus hábitos 
e costumes.
• Busca de informações – que outros investimentos estruturantes que estão em andamento na sua 
região? Que formas de colaborações, fornecimento e distribuição de produtos ou serviços são possíveis? 
Também é importante lembrar de outras informações, tais como valor do investimento e retorno, análise da con-
corrência e, principalmente, mercado potencial, ou seja, o que o mundo diz sobre o seu ramo de atuação.
Outra questão imprescindível para as empresas é adotar processos de inovação que favore-
çam, também, uma cultura organizacional inovadora. 
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Empreendedorismo | Unidade 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
3.2 Estabelecendo a cultura organizacional
influencia o perfil o empreendedor? E a inovação?
Costumes, crenças e valores que identificam uma organização ou empresa são chamados de “cultura”. Para Mar-
ras (2000), cada empresa ou organização possui crenças e valores próprios que formam sua cultura interna.
Nesse sentido, cada organização possui suas próprias características e, influenciada pelas pessoas que a com-
põem, forma sua cultura. Essa cultura pode ser classificada como subjetiva dos traços de desenvolvimento cog-
nitivo das pessoas (conhecimento, inteligência etc.) e/ou objetiva, que são crenças, valores, a maneira de ser de 
cada indivíduo, que o difere dos demais (MARRAS, 2000).
Para entender melhor o assunto, são apresentados os componentes da cultura (MARRAS, 2000):
• valores – são crenças e conceitos que moldam o contorno cultural do grupo, estabelecendo padrões de 
comportamento, de avaliação e de imagem;
• ritos – são praticados com a finalidade de perpetuar, no dia a dia, os valores organizacionais, e tornar a 
cultura mais coesa. Por exemplo: café da manhã com o diretor.
• mitos – figuras imaginárias, geralmente oriundas da interpretação de fatos infundados, e que são utiliza-
das para reforçar crenças organizacionais com o intuito de manter certos valores históricos. Por exemplo: 
nossa empresa é uma grande família.
• tabus – no processo cultural, os tabus têm a função de orientar atitudes, com foco em assuntos, comporta-
mentos e métodos que não são bem-vindos ou permitidos. Por exemplo: prevalência de questões religiosas. 
Cabe ao gestor de pessoas guiar esse processo de identificação cultural. Nesse sentido, buscam-se valores com-
partilhados – tanto da organização como dos empregados – vistos como geradores dos comportamentos e ati-
tudes das pessoas envolvidas na organização (MARRAS, 2000).
De acordo com o tipo de gestão, a cultura pode ser determinante para o sucesso ou o fracasso da organização. 
Para Chiavenato (2010, p. 177), “[...] ela pode ser flexível e impulsionar a organização, como também pode ser 
rígida e travar o seu desenvolvimento”. Pessoas e organizações cada vez mais flexíveis são peças-chave para o 
sucesso. Integrar e absolver o melhor de cada pessoa, de cada organização, pode ser determinante para a exce-
lência nos relacionamentos e nos resultados organizacionais.
Nesse sentido, Chiavenato (2010) afirma que existem culturas adaptativas e não adaptativas. As organizações 
que adotam culturas adaptativas em geral promovem revisões e atualizações de suas culturas, e caracterizam-se 
pela criatividade, inovação e mudança, o que consequentemente gera um clima organizacional favorável para 
a geração de ideias, desafiando seus servidores a desenvolver novas formas de trabalho. Já as organizações que 
se caracterizam pela cultura não adaptativa são conservadoras, mantendo-se inalteradas, como se não tivessem 
sofrido nenhuma influência do mundo, continuando com seus valores e costumes arraigados.
Se uma empresa é composta por pessoas, então, a empresa possui uma cultura, e o grande desafio é a cultura 
para a inovação; a diversidade de ideias e visões pode ser benéfica porque a inovação exige essa variedade de 
saberes e beneficia-se ao desafiar e questionar as suposições dadas como certas. Já é possível perceber a existên-
cia de empresas que adotam métodos e processos para promover essa cultura para a inovação.
Porém, uma boa parte das empresas resiste em adotar a inovação em seus processos. Existe uma lista de des-
culpas: “nós tentamos isso antes”, “isso é muito louco para ser considerado”, “não precisamos mudar, está tudo 
certo”, “este não é o meu trabalho”, “em time que está ganhando não se mexe” etc. O pior de tudo é quando se 
ouve “nós não somos uma empresa inovadora, esse assunto é para Apple, Nike, 3M, Microsoft, e não para nossa 
fábrica de fundo de quintal”.
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Empreendedorismo | Unidade 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
E quando se diz “nós”, incluímos todos os atores envolvidos no processo, desde a concepção da ideia até a che-
gada do produto ao seu consumidor final. Veja, se a organização é formada por pessoas, todos os envolvidos 
devem ter em mente a cultura inovadora e o que a organização quer ofertar no mercado.
Além disso, para implementar a inovação, a organização precisa do aporte de seus fornecedores e parceiros, o 
que assegura a entrega de matérias-primas de acordo com a necessidade da empresa.
Um fator comum nas empresas que implementam uma cultura organizacional inovadora é o encorajamento 
para a geração de ideias, do novo, mostrando aos envolvidos a potencialidade do que se propõem a oferecer para 
o mercado. Dessa forma, é possívelfazer com que eles assimilem essa cultura e comprometam-se com novos 
processos.
Vamos adotar como exemplo a empresa 3M, tradicional e inovadora, que adota regras para uma cultura inova-
dora. Essas regras constam nos relatórios da companhia (MITCHELL, 1989).
• Defina metas para a inovação: por determinação corporativa, 25% a 30% das vendas anuais devem ser 
de novos produtos (com cinco anos ou menos).
• Compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento: a 3M investe em Planejamento e Desenvolvi- 
mento (P&D) quase que duas vezes mais que a média das companhias americanas. Uma das metas do 
planejamento é relacionada à redução de tempo pela metade para o lançamento de produtos.
• Inspirar o empreendedorismo interno: líderes inovadores são encorajados a trabalhar em novas ideias 
e têm a oportunidade de gerenciar seus produtos como se estivessem dirigindo seu próprio negócio. Aos 
funcionários da 3M, é permitido dedicar 15% do seu tempo em pesquisas de interesse pessoal, mesmo 
que não estejam relacionadas com os projetos atuais da companhia.
• Facilitar, não obstruir: as divisões são pequenas e é permitido operar com muita independência, além de 
os funcionários terem acesso constante a informações e recursos técnicos. Os pesquisadores com boas 
ideias são premiados com US$ 50 mil de subvenção para desenvolver seus brainstorms em novos produtos
• Foco no cliente: a definição de qualidade da 3M é demonstrar que o produto pode fazer aquilo que o 
cliente deseja e não atender à exigência de algum padrão arbitrário.
• Tolerar o fracasso: o pessoal da 3M sabe que se suas ideias fracassarem, ainda será possível encontrar 
outras ideias inovadoras. A administração sabe que erros serão cometidos e que a crítica destrutiva acaba 
com a iniciativa.
Enquanto a inovação está profundamente enraizada em comportamentos ligados à cultura da empresa, a licença 
e a autoridade para determinar o valor da inovação sempre se iniciam a partir da liderança.
De acordo com Koulopoulos (2011), os líderes que esperam que sua empresa alcance altos níveis de inovação 
sustentada precisam superar a inércia da empresa e concentrar-se em quatro objetivos:
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Empreendedorismo | Unidade 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Figura 3.3 – Objetivos para alcançar altos níveis de inovação.
OBJETIVO 1
Separar no que a 
empresa é boa, dos 
demais negócios, 
focando a inovação 
para o que seria sua 
maior competência.
OBJETIVO 4
Criar uma estrutura que 
favoreça a inovação, 
sem burocracia, 
interdepartamental, 
foco no cliente, flexível.
OBJETIVO 2
Os líderes devem criar uma 
cultura para a inovação, que 
inclua atitudes e os 
comportamentos necessários 
para a sustentação, reforçada 
constantemente por 
programas que desenvolvem 
uma visão compartilhada em 
toda a empresa.
OBJETIVO 3
O sucesso é importante, 
mas não podemos nos 
acomodar, isso pode 
interferir na capacidade 
de aceitar e de explorar 
novas ideias, assim 
como, reconhecer 
novas tendências.
Legenda: Objetivos para alcançar altos níveis de inovação.
Fonte: Adaptado de Koulopoulos (2011); Dubovitskiy/123RF.
Defender a liderança dentro de uma empresa é um assunto muito discutido e pesquisado na última década. 
Alguns especialistas defendem que para melhorar a competitividade das empresas brasileiras, além de todo o 
apoio que devem ter por meio de políticas e programas governamentais, é necessário valorizar e estimular a 
criação de lideranças empresariais.
Essas lideranças assumem riscos e são protagonistas na área empreendedora. Elas podem surgir em qualquer 
ambiente e porte de empresa, basta ter espaço para serem estimuladas e desenvolvidas.
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Empreendedorismo | Unidade 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
O papel do líder pode até ser comparado ao do intraempreendedor, pois muitas vezes esse papel não é do fun-
dador da empresa, mas de um gestor, diretor ou coordenador de área que acaba assumindo um papel de muita 
relevância dentro da organização e com os parceiros com os quais se relaciona: clientes, comunidade, governo e 
fornecedores.
Por fim, para ter condições de avaliar o seu negócio ou empresa quanto à capacidade de inovar, é só dirigir-se aos 
clientes e perguntar: “você acha que estamos sendo inovadores?”. E, se a resposta for afirmativa: “o que estamos 
fazendo de inovações que agregam valor ao cliente?”.
A partir dessas questões, dependendo das respostas que surgem, o empreendedor tem plenas condições de criar 
as estratégias e diretrizes necessárias para estimular a inovação em qualquer setor da empresa.
Dependendo do tipo de empresa, por exemplo, a inovação em um processo interno faz com que o atendimento 
ao cliente seja mais ágil e confiável, o que ajuda a conquistar a confiança dos clientes já existentes e a angariar 
novos clientes. Em outros casos, a empresa pode ter necessidade de inovar, por exemplo, em algum equipamento 
ou serviço que está vinculado diretamente ao atendimento do cliente. Sim, isso deve ser pensado o tempo todo, 
pois o resultado é a estabilização ou o aumento de faturamento, e na escala macroeconômica, esse resultado 
individual da empresa contribuirá para o desenvolvimento da cidade na qual ela está instalada
Mesmo com todo o esforço e as novidades na legislação e nas políticas para as empresas brasileiras, os desafios 
enfrentados ainda são grandes. Uma das formas de analisar perfis das empresas e perfis dos empreendedores é 
por meio dos dados sobre o empreendedorismo publicados pelo projeto Global Entrepreneurship Monitor (GEM), 
iniciado em 1999 por uma parceria entre a London Business School e o Babson College. O objetivo principal do 
projeto é “[...] compreender o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico e social dos países” 
(GEM, 2015, p. 21).
Como vimos na unidade anterior, o relatório GEM de 2015 traz, no item da pesquisa aplicada aos empreendedores 
brasileiros, diversas informações relevantes são destacadas. Quando esses dados são comparados com outros países, 
vemos a diferença interessante nas demandas, pois, conforme já conversamos, essas são específicas para cada país.
Na tabela a seguir, estão demonstrados os dados vinculados aos principais fatores favoráveis e aos obstáculos 
para a abertura e manutenção de novos negócios no Brasil. Esses dados foram obtidos em entrevistas a partir da 
avaliação dos empreendedores brasileiros.
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Empreendedorismo | Unidade 3 – Empreendedorismo no Brasil e no mundo
Tabela 3.1 – Fatores favoráveis e obstáculos para abertura e manutenção das empresas brasileiras
OBSTÁCULOS FAVORÁVEIS
Acesso a recursos financeiros ou financiamentos 
(empréstimos ou financiamentos)
49,1 19,3
Legislação e impostos (leis e carga tributária) 54,4 2,8
Programas de orientação para abrir ou manter um negócio 8,4 10,4
Educação fundamental, médio ou superior 2,8 5,9
Formação e capacidade de mão de obra 6,7 20,5
Serviços de apoio especializados (contador, consultor, 
advogado etc.)
4,1 3,3
Fornecimento de água e energia, rede de esgoto e coleta de 
resíduos sólidos
0,6 2,7
Sistema de transportes (estradas, rodovias, portos) 0,6 3,2
Estrutura tecnológica dos meios de comunicação (cobertura 
telefônica, acesso à internet)
1,3 3,6
Mercado dominado por grandes empresas 2,8 2,3
Entendimento da população brasileira sobre iniciativas 
empreendedoras
1,8 10,2
Legenda: Fatores favoráveis e obstáculos para abertura e manutenção das empresas brasileiras
Fonte: GEM (2015, p. 89).
A partir dos dados apresentados, boa parte dos empreendedores cita dois obstáculos principais:
• legislação e impostos (leis e carga tributária): 49,1%;
• acesso a recursos financeiros (empréstimos ou financiamentos): 54,4%.
Os fatores favoráveis citados pelos empreendedores entrevistados não são tão significativos quanto os obstácu-
los para abertura e manutenção de novos negócios:
• formação e capacidade de mão de obra: 20,5%;
• acesso a recursos financeiros (empréstimos ou financiamentos): 19,3%;
• entendimento da população brasileira sobre

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