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HABEAS CORPUS REPRESSIVO

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Processo: XXX
Paciente: Salomão
Autoridade Coatora: Magistrado da 1ª Vara Criminal de Ervália
 
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado X
 
Fulano, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na OAB/XX sob o nº 00.000, com endereço profissional situado à Av. X, Bairro X, CEP X, onde receberá notificações, vem, com respeito e acatamento à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 647 e 648, I do Código de Processo Penal e artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal, impetrar a presente ordem de;
HABEAS CORPUS REPRESSIVO
em favor de Salomão, brasileiro, solteiro, portador da cédula de identidade nº XXX, inscrito no CPF sob o nº XXX, profissão, residentes e domiciliados no endereço XXX, contra decisão do Douto Magistrado da 1ª Vara Criminal de Ervália, Fulano de Tal, Autoridade Coatora, sendo fato de total ilegalidade e evidente abuso de poder, devendo ser julgado pelo “remédio iure” que ora se interpõe.
EGRÉGIA CORTE CRIMINAL:
I- NARRATIVA FÁTICA:
Salomão, foi acusado de caluniar e injuriar Isaías por tê-lo chamado de “vagabundo” no dia 05.01.2021, na presença de funcionários e clientes de uma unidade das “Lojas Preço Bom”, na Comarca de Ervália/MG. Isaías tomou conhecimento das ofensas e de seu autor em 15.01.2021.
Em 04/03/2021, Isaías requereu a abertura de procedimento investigativo para oitiva das testemunhas do ocorrido, a investigação terminou em 10/06/2021, oportunidade em que obteve um traslado do procedimento. ISAÍAS, por meio de seu advogado, propôs uma Queixa-Crime contra SALOMÃO em 18/07/2021, juntando todas as provas colhidas no inquérito Policial. Com parecer favorável do Ministério Público, a Queixa-Crime foi recebida no dia 05/08/2021, pelo juiz da 1a Vara Criminal de Ervália.
II- FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A) ADMISSIBILIDADE DO HABBEAS CORPUS:
É cabível o presente HABEAS CORPUS, pelo constrangimento ilegal a que resta submetido, nos termos do artigo 5.º, inciso LXVIII da Constituição da República Federativa do Brasil, combinado com o artigo 648 I, do Código de Processo Penal.
No presente caso faltou justa causa para a ação penal tendo em vista que ocorreu a decadência do direito de queixa. Nesse caso, quando não houver justa causa é caso de admissibilidade da ação de Habbeas Corpus, conforme artigo 648, I, VII do CPP.
B) AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA
Conforme aduz a CR/88 o Habbeas Corpus é remédio constitucional cabível sempre que alguém sofrer restrição à sua liberdade, por ilegalidade ou abuso de poder. Veja-se:
	Art. 5º (...)
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
O Código Penal, no artigo 647 dispõe:
647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Ainda, conforme artigo 648, I, IV do Código Penal, a coação considerar-se-á ilegal:
I – quando não houver justa causa; (...)
VII - quando extinta a punibilidade.
A justa causa é existência de fundamento jurídico e suporte fáticos autorizadores do constrangimento à liberdade ambulatória no processo penal. No caso concreto há ausência de justa causa.
Fato atípico artigo 648, I do CP
O paciente está sendo processado, além do crime de injúria, pelo crime de calúnia, que não deve proceder, tendo em vista a inocorrência de crime pela atipicidade da conduta. O dispositivo tipificador da calúnia dispõe:
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Extinção da punibilidade pela decadência.
Como exposto, acima o elemento do crime de calúnia é imputar falsamente a alguém, fato definido como crime, no caso concreto o paciente não imputou falso crime a Isaías, apenas lhe proferiu um xingamento, qual seja “vagabundo”, a referida conduta não encontra-se tipificada na legislação brasileira.
Nesse sentido, entendimento jurisprudencial:
HABEAS CORPUS. FATO MANIFESTAMENTE ATÍPICO. SIGILO FISCAL. RESERVA DE JURISDIÇÃOIlegalidade da ordem de quebra do sigilo bancário vertida pelo Ministério Público diretamente às funcionárias do banco detentor das informações que arreda a configuração do delito tipificado no art. 100 , V , do Estatuto do Idoso . Poder de investigação que não autoriza a violação à reserva de jurisdição. Caso em que o atendimento à ordem emanada do Ministério Público poderia configurar, em tese, não apenas a violação ao sigilo fiscal, mas, também, o cometimento de infração penal tipificada na Lei Complementar n. 100 /01. Constrangimento ilegal que se afigura manifesto no caso em exame, autorizando a concessão da ordem.ORDEM CONCEDIDA PARA TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. Processo HC 0077988-43.2019.8.21.9000 RS. Órgão Julgador. Turma Recursal Criminal. Publicação. 22/01/2020. Julgamento. 9 de Dezembro de 2019 Relator. Luiz Antônio Alves Capra.
Sendo, portanto, fato atípico, não havendo justa causa para o oferecimento e recebimento da queixa-crime em desfavor do paciente, caracterizando coação ilegal da autoridade.
Extinção da punibilidade artigo 648, VI CP
Verificando o caso concreto, entende-se que o réu está sendo processado por um crime cujo já ocorreu a extinção da punibilidade pela decadência.
Isaías tomou conhecimento do autor da injúria em 15/01/2021, tendo proposto queixa-crime contra o paciente em 18/07/2021. Sabe-se que o prazo para o oferecimento da queixa-crime é de 06 (seis) meses a contar da data do conhecimento da autoria do crime pelo ofendido ou seu representante legal, conforme artigo 38 do Código de Processo Penal e 103 do Código Penal.
A decadência é a perda do direito do ofendido de oferecer queixa-crime no caso de ação penal privada, tendo em vista o decurso do tempo, consequentemente a extinção da punibilidade do agente ofensor. Neste sentido, Cezar Roberto BITENCOURT ensina que “Decadência é a perda do direito de ação a ser exercido pelo ofendido, em razão do decurso de tempo. A decadência pode atingir tanto a ação de exclusiva iniciativa privada como também a pública condicionada à representação. Constitui uma limitação temporal ao ius persequendi que não pode eternizar-se”. (p. 702/703).
Válido mencionar que o STJ já definiu em precedente que o trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é medida excepcional, admissível apenas quando demonstrada a falta de justa causa (materialidade do crime e indícios de autoria), a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade, e no presente caso há conduta atípica e extinção da punibilidade. Nesse sentido, jurisprudência:
HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A PERSECUÇÃO PENAL. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO À AMPLA DEFESA. O trancamento de ação penal, pela via do habeas corpus, exige prova clara do constrangimento ilegal, representada pela demonstração da ausência de justa causa, seja pela atipicidade da conduta, seja pela convergência de excludente de ilicitude ou de culpabildade, ou ainda, quando evidenciada causa extintiva da punibilidade. Precedentes. Processo HC 2150380-69.2021.8.26.0000 SP 2150380-69.2021.8.26.0000, Órgão Julgador. 16ª Câmara de Direito Criminal. Publicação. 24/08/2021. Julgamento. 24 de Agosto de 2021 Relator. Marcos Alexandre Coelho Zilli. Grifo nosso.
Dado o exposto o trancamento da ação penal é a medida que se impõe.
D) PEDIDOS
Ante o exposto, o impetrante requer a concessão do Habbeas Corpus para o fim de TRANCAR a ação penal privada por ausência de justa causa, em razão de fato atípico e da extinção da punibilidade pela decadência.
Nesses Termos,
Pede-se e espera Deferimento.
Local, data
ADVOGADO
OAB XXX

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