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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ - FIC Comunicação Social - Publicidade e Propaganda História da Mídia O Impacto Social da Era Digital Luiz Ernandes da Silva Ribeiro Matrícula: 201808343468 FORTALEZA - CE 2019 1. Introdução As mídias são as grandes difusoras e responsáveis por transformações ao longo da história da sociedade. Desde a prensa móvel à concepção da internet em 1969 no Estados Unidos, se evoluiu consideravelmente os meios de comunicação e disseminação de informação. É possível difundir qualquer tipo de informação em tempo recorde e se alcançar um maior número de pessoas ao redor do globo em questão de segundos. A ascensão dos navegadores, meios de massa, dispositivos móveis e aplicações, evidenciam o poder que as mídias possuem tanto hoje quanto anteriormente na história. A era digital dá poder ao indivíduo social sobre o tipo de informação que ele consome, e liberdade de difundir suas ideias, que até então não era possível em outros períodos da informação. Sua maior vantagem é a capacidade de interligação e formar redes no que se chama de espaço cibernético. A evolução dos meios de comunicação está relacionada com o avanço tecnológico das mídias, se caracterizando por grandes impactos na sociedade. 2. O impacto das Mídias Sociais Eventos posteriores a Prensa de Gutenberg no século XV evidenciam o quão revolucionária a evolução dos meios de comunicação e mídia são para a sociedade. A prensa gráfica foi o pontapé para a democratização da informação, tornando o conhecimento acessível, onde se pode difundir críticas, ideias e pensamentos, que foi de suma importância para a Reforma Protestante em 1517, por Martinho Lutero, assim como para a alfabetização do povo, que era privilégio apenas das elites na época (FERNANDES; OLIVEIRA, 2019). Entende-se, então, que as transformações sociais estão diretamente ligadas às transformações tecnológicas da qual a sociedade se apropria para se desenvolver e se manter” (KOHN; MORAES, UFSM, 2007). Novas concepções surgiram, novas práticas, ocupações, tudo mudou em tão pouco tempo. Fala-se em Sociedade Midiática, em Era Digital, Era do 2 Computador; a sociedade passou a ser denominada não por aquilo que é ou pelos seus feitos, mas a partir dos instrumentos que passou a utilizar para evoluir” (KOHN; MORAES, UFSM, 2007). Kohn e Moraes (2007 apud Galarça) afirmam que a informação é para a sociedade contemporânea uma transversal que cruza as linhas do conhecimento, política, economia e principalmente as relações sociais. A era digital proporciona um modelo descentralizado informacional onde o próprio sujeito difunde a informação, é assistido e influência massas através dos diferentes canais, atentando também ao cuidado com o que se consome nessas redes. Podemos ver como exemplo a polarização das massas em meio ao cenário político mundial por meio de debates ideológicos e críticas sociais proporcionado pelas novas tecnologias de acesso à informação. A Sociedade da Informação estrutura-se, em primeiro lugar, a partir de um contexto de aceitação global, na qual o desenvolvimento tecnológico reconfigurou o modo de ser, agir, se relacionar e existir dos indivíduos e, principalmente, propôs os modelos comunicacionais vigentes.” (Kohn; Moraes apud Webster. 1995). Outra característica da Era digital, é não precisar estar presente, todo usuário encontra em seu poder criar um Eu Virtual, capaz de se apresentar ao mundo cibernético indiferente das barreiras físicas de tempo e espaço, modificando as relações sociais entre os indivíduos de forma a que facilitam as interações internacionalmente, contam Kohn e Moraes (2007 p.4). Loader (1997) já explica o ser humano como dependente desse “Eu Virtual”, passivo aos meios comunicacionais em um aspecto que aproxima e ao mesmo tempo o distancia dos indivíduos. A professora Schawartz (2015) chama o momento que vivemos de hipermodernidade, conceituado por ela com um valor de sociabilidades líquidas, diferentes dos períodos anteriores a internet, onde havia mais interações pessoalmente. Os jovens, segundo a educadora, pensam de forma mais criativa e enfrentam novas necessidades de aprendizado, e contam com as mídias digitais para auxiliar em muitas frentes, como também uma necessidade de acompanhar o ritmo veloz que a sociedade se movimenta no ciberespaço. Após a juventude conectada, está evidente também a existência de um novo protagonista dessa era, o Nativo Digital, sujeitos que já nascem em meio às novas tecnologias e crescem 3 com experiências digitais já consagradas, dando também às mídias o papel como auxiliadoras na formação dessa geração. 3.Desigualdade Social no Meio Digital Ao mesmo tempo que democratiza os meios de comunicação ao proporcionar uma maior rede e a convergência de diferentes mídias, a Era digital ainda tem um déficit gigantesco no que se entende de acesso à comunicação. Uma grande parcela da população no Brasil ainda não tem acesso a internet. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no censo feito em 2018, cerca de 69,8% da população brasileira conta com algum tipo de acesso a internet, onde 30,2% ainda não usufruem desse direito. Segundo Kohn e Moraes (2007) o meio virtual pode vir a ser uma ferramenta verdadeiramente democrática se assim for compreendida e trabalhada nessa premissa. A desigualdade na comunicação digital é compreendida pelos dois autores como um sintoma da raíz de uma sociedade já desigual, seja pela dificuldade do acesso aos meios comunicacionais antes citados, ou por problemas ainda mais graves como por exemplo: extrema pobreza, déficit educacional e isolamento social. Na sociedade onde os meios de comunicação são referenciados como ferramentas de extrema importância, não ter acesso a elas é estar excluído de uma parcela da informação e por sua vez da sociedade digital. Não ter rede social, não possuir internet ou mesmo não ter conta no banco, já se enquadra como uma espécie de exclusão. A essa altura as pessoas se encontram frente a vulnerabilidade informacional. 4 4. O Papel das Mídias nas Manifestações e Movimentos Sociais A era digital também possibilitou maiores articulações e alcance aos movimentos e suas pautas. Através das mídias sociais um grande número de pessoas pode ser atingido a fim de um desejo em comum, formando uma rede com maior força, com grandes proporções e legitimidade democrática. Fernandes e Oliveira (2007 apud Gadoti) falam que uso das mídias modificou os métodos de mobilização de manifestações e atos políticos, assim como a apropriação de tais assuntos por uma grande parte da população. As manifestações que ocorreram em 11 capitais do Brasil em 17 Junho de 2013 sobre a premissa dos 20 centavos, que logo ganhou novas proporções de direitos civis, desmilitarização das polícias, dentre outros, reforça a ideia do poder que as mídias sociais possuem, onde toda articulação da mesma foi feita através de redes sociais, tanto em questão organizacional como em divulgação. A hashtag #VerásQueOFilhoTeuNãoFogeALuta foi um dos tópicos mais comentados no Twitter em todo o mundo por muitas horas, mais de 280 mil pessoas confirmaram presença no evento que aconteceria na cidade de São Paulo (TECTRIADE, 2013). A militância online é outra vertente de mudança de extrema importância, como para as mulheres com a disseminação do feminismo e empoderamento feminino através das redes sociais. Os novos meios de comunicação da era digital permitiram o movimento ter um alcance nacional e mundial, sendo as brasileiras o topo do ranking mundial onde 65% se consideram feministas de acordo com a Wakefield Research. As pesquisas feitas no Brasil sobre o tema subiram 200% entre os anos de 2016 e 2017 segundo o Google BrandLab (FREITAS, 2017). Segundo Seabra (2017), foi a compreensão de que os meios de comunicação mostravam uma imagem estereotipada da mulher na sociedade, que possibilitou a desconstrução desse estereótipo. Problematizar as ideias patriarcais,papéis sociais, culturais e políticos em meio ao debate nos meios de comunicação em diferentes formatos de mídia, contribuiu para a criação de uma consciência coletiva sobre a importância do movimento para outras mulheres, o seu espaço nas redes e na sociedade. 5 5.Conclusão As características da nossa sociedade intrinsecamente estão ligadas ao avanço das mídias. É preciso observar as transições dos meios de comunicação e de que maneira estão relacionados com a mudança social. Se observa que Era Digital é composta por uma sinergia de diferentes tipo de mídia, onde o papel do comunicador se descentraliza em meio a outros indivíduos sociais, uma vez que todos os usuários detêm poder sobre a informação. O avanço tecnológico é a transversal que gera mudança, e as novas mídias são significativas para esse processo, de modo que, para entender esses eventos é preciso contextualizar como estão conectadas, como influenciam o sujeito em sociedade e mudam seus comportamentos através do espaço cibernético. A Era Digital dá voz, abre portas, cria os meios pelos quais conectam as pessoas para se mobilizarem e reivindicarem seus direitos, abre espaços para se discutir entre o povo seus questionamentos. Porém, ainda que seja um espaço de pleno exercício da democracia e liberdade de expressão, pode ser excludente, manipulador e dificultar as relações humanas, atentando às novas gerações que cada vez mais estão conectadas e mais cedo o fazem. 6. Referências bibliográficas KOHN, Karen; MORAES, Cláudia Herte de. O impacto das Novas Tecnologias na Sociedade: Conceitos e Características da Sociedade da Informação e da Sociedade Digital. 2007. UFSM. Acesso em: 18 de Abril de 2019. SEABRA, Ana Caroline de Castro Morais. Feminismo e Redes Sociais: Um estudo sobre Empoderamento pela Internet. 2017. CEFET - MG. Acesso em: 22 de Abril de 2019. FERNANDES, Gilberto Pereira; OLIVEIRA, Maria Olivia Matos. Os Movimentos Sociais na Era Digital. 2015. UNEB. Acesso em: 22 de Abril de 2019. 6 LOADER, B. (Org). A política do ciberespaço: política, tecnologia, reestruturação global. Lisboa: Instituto Piaget, 1997. ACESSO a internet chega a 70% dos brasileiros, diz IBGE. Portal T5. 2018. Disponível em: <https://www.portalt5.com.br/noticias/brasil/2018/12/170181-acesso-a-internet-chega-a-70-d os-brasileiros-diz-ibge> Acesso em: 21 de Abril de 2019. O PODER das redes sociais nas manifestações populares. TecTriadeBrasil. 2013. Disponível em:<http://tectriadebrasil.com.br/blog/2013/06/18/o-poder-das-midias-sociais-nas-manifestac oes-populares/> Acesso em: 21 de Abril de 2019. PESQUISA realizada com mulheres de nove países diferentes mostra que as brasileiras são as mais feministas, Revista Marie Claire Globo. 2015. Disponível em: <https://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mundo/noticia/2015/02/pesquisa-realizad a-com-mulheres-de-nove-paises-diferentes-mostra-que-brasileiras-sao-mais-feministas.html> Acesso em: 21 de Abril de 2019. FREITAS, Hyndara. Buscas no Google sobre feminismo crescem 200% em dois anos no Brasil. ESTADÃO. 2017. Acesso em: 25 de Abril de 2019. YouTube. Os efeitos da tecnologia nas relações humanas e novas gerações. Canal Futura. 12 de Maio de 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DLwmdfvC_cs> Acesso em 25 de Abril de 2019. 7 https://www.portalt5.com.br/noticias/brasil/2018/12/170181-acesso-a-internet-chega-a-70-dos-brasileiros-diz-ibge https://www.portalt5.com.br/noticias/brasil/2018/12/170181-acesso-a-internet-chega-a-70-dos-brasileiros-diz-ibge http://tectriadebrasil.com.br/blog/2013/06/18/o-poder-das-midias-sociais-nas-manifestacoes-populares/ http://tectriadebrasil.com.br/blog/2013/06/18/o-poder-das-midias-sociais-nas-manifestacoes-populares/ https://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mundo/noticia/2015/02/pesquisa-realizada-com-mulheres-de-nove-paises-diferentes-mostra-que-brasileiras-sao-mais-feministas.html https://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mundo/noticia/2015/02/pesquisa-realizada-com-mulheres-de-nove-paises-diferentes-mostra-que-brasileiras-sao-mais-feministas.html https://www.youtube.com/watch?v=DLwmdfvC_cs
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