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COSMETOLOGIA odt_0

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Esse é o segundo vídeo que converso 
com a farmacêutica Ariadne Tramontina Morais. 
Ariadne, alguns cosméticos são vendidos 
com embalagem primária e secundária, 
enquanto outros são vendidos apenas com embalagens primárias. 
O que é de fato obrigatório conter nas embalagens dos cosméticos? 
>> Essa é uma importante pergunta e vamos tentar esclarecer. 
Primeiramente é importante entender a diferença entre embalagem primária e 
secundária. 
Então primária é aquela embalagem que está contato direto com o cosmético e 
a secundária é a embalagem externa do produto que está contato com a embalagem 
primária e pode conter inclusive uma ou mais embalagens primárias, 
como é o caso, por exemplo, dos kits de alisantes capilares. 
Ele possui cartucho, uma embalagem secundária, 
com diversas embalagens primárias lá dentro. 
Ponto importante sobre rotulagem é que além da Anvisa, 
a nossa autoridade sanitária, o Inmetro e o Código de Defesa do Consumidor 
também possuem requisitos para que a rotulagem seja o mais acessível 
possível à toda a população sem sugestionar uma má interpretação. 
Então a Anvisa ou o Inmetro não determinam quais tipos 
de embalagem a indústria deve utilizar, por exemplo. 
Fica a critério dela utilizar apenas embalagem primária, 
ou então usar primária mais secundária. 
Eu vou me ater aqui apenas à Anvisa nesse momento, pois é a autoridade 
sanitária quem autoriza a comercialização ou não do produto. 
As informações mínimas e obrigatórias das embalagens 
podem variar conforme o tipo de produto. 
Pela Anvisa, a resolução principal e que apresenta os requisitos mínimos 
é a RDC 7 a mesma que nós comentamos na aula passada, na nossa conversa passada. 
Então o que a Anvisa prevê? 
Que na embalagem primária, que é aquela que está contato direto com produto, 
você deve possuir no mínimo: nome do produto, 
o grupo ou tipo a que ele pertence, 
no caso de não estar muito implícito no nome, a marca, 
o lote, o modo de uso, advertências, restrições de uso, 
se for algum caso específico e rotulagens específicas, 
que eu vou mencionar daqui a pouco para vocês. 
Já na embalagem secundária, que é aquela caixinha, o cartucho, aquela 
que é destinada a conter a embalagem primária, o que nós precisamos ter? 
O nome do produto e o grupo a que ele pertence, 
a marca, número do registro, prazo de validade, 
conteúdo, o país de origem deste cosmético, 
os dados do fabricante, razão social, endereço, 
como encontrar esse fabricante, o modo de uso, advertências e restrições, 
a rotulagem específica, ingredientes ou composição. 
Enquanto não existir uma embalagem secundária, toda informação requerida deve 
estar na embalagem primária e este é o grande desafio das nossas indústrias. 
Como colocar toda esta informação dentro de uma única embalagem. 
Uma exceção que também existe é para o modo de uso, uma vez que fique 
muito pequenininho, que não caiba, você pode jogar para folheto anexo. 
Então neste caso você precisa indicar ali na embalagem primária ver folheto anexo. 
E quando a embalagem for pequena e não permitir a inclusão, por exemplo, 
das advertências, das restrições, você também pode jogar neste folheto 
anexo desde que você tenha lá a inscrição ver folheto anexo na embalagem primária. 
Alguns produtos específicos a Anvisa obriga que algumas 
advertências também apareçam no rótulo e aí são então aquelas 
rotulagens específicas que eu mencionei pouquinho antes. 
Vou dar dois exemplos aqui para vocês, 
só para vocês entenderam o que seriam essas advertências específicas. 
No caso de aerossol, independente da formulação e independente do produto, 
se você tiver uma formulação apresentada numa embalagem aerossol 
você vai precisar apresentar algumas frases obrigatórias. 
Quais são? 
Inflamável. 
Não pulverizar perto do fogo. 
Não perfurar, nem incinerar. 
Não expor ao sol nem a temperaturas superiores a 50 graus. 
Proteger os olhos durante a aplicação e manter fora do alcance das crianças. 
Então além de todas aquelas inscrições mínimas obrigatórias 
da embalagem primária e secundária, 
se eu tiver uma embalagem aerossol eu preciso incluir todas estas outras. 
Outro exemplo. 
Produto antitranspirante. 
Além das mínimas obrigatórias eu preciso incluir: usar somente nas áreas indicadas, 
não usar se a pele estiver irritada ou lesionada e caso ocorra irritação 
e/ou prurido no local da aplicação suspender o uso imediatamente. 
Então estas frases são classificadas como rotulagem 
específica e dentro da resolução número 7 existem ali 
uma infinidade de outras ligações, frases a depender 
do tipo de produto ou embalagem que o seu cosmético será destinado. 
Então essas seriam as informações mínimas obrigatórias. 
Existem algumas outras que são praticadas, por exemplo, na Europa. 
E aí essas alegações elas não são obrigatórias aqui no Brasil. 
Exemplo para vocês. 
No caso de uma embalagem que apresenta potinho 
com uma tampinha aqui aberta e prazo de validade no meio. 
Este prazo de validade ele significa o "Period After Open", 
ou seja, o período que você vai poder utilizar 
o seu produto após a abertura do frasco, da embalagem. 
Aqui no Brasil esta inscrição ela não é obrigatória, 
porém não impede de você usá-la ou da indústria adotá-la. 
Como eu disse as informações que estão na RDC 7 são as mínimas obrigatórias. 
Existem outras que nós precisamos também nos atentar. 
Dependendo da alegação, do claim de segurança, 
do claim de eficácia, mas essas são as mínimas obrigatórias. 
E aí você pode sim manter inscrições que são 
exigidas por outras autoridades sanitárias, 
que a Anvisa não vai pedir para ser retirado. 
Desde que não não infrinja nenhum problema, 
nenhum requerimento, não cause nenhum problema, 
ou não infrinja requerimento da Anvisa você pode manter na sua rotulagem. 
>> Alguns rótulos de cosméticos trazem claims. 
Você pode definir o que são claims e como eles são obtidos? 
>> Claro. 
Os claims, eles são alegações, atribuições, 
atributos que as indústrias apresentam suas rotulagens. 
Desta forma, tudo o que se promete numa rotulagem ela 
vai precisar ser verificada, validada e principalmente 
esse produto precisa cumprir o que está sendo colocado ali. 
São informações complementares nas embalagens e que agregam valor ao produto. 
Normalmente os claims ele vem destaque para 
justamente reforçar benefício que foi estudado, 
que foi avaliado, que foi buscado pela empresa. 
A indústria ela é responsável pelo produto que está sendo colocado no mercado. 
Então todos os dados que você coloca ali na sua rotulagem, 
você precisa de alguma forma comprovar. 
Uma informação de segurança, de eficácia, ou marketing, 
você precisa de alguma forma comprovar com dados, com estudos, com referências. 
A RDC 7 ela estabelece que a rotulagem dos produtos de higiene pessoal, 
cosméticos e perfumes não pode conter indicações, menções terapêuticas, 
nem denominações ou indicações que possam induzir o consumidor a algum erro, 
ou engano, ou confusão quanto à origem, à composição, 
à finalidade, ou à segurança de uso daquele produto. 
Nesse contexto, os atributos, ou claims declarados na rotulagem 
do cosmético necessariamente precisa estar de acordo com as 
avaliações Que é seguro a sua eficácia ou a sua segurança. 
As alegações feitas pelo fabricante quanto aos 
benefícios que serão proporcionados pelo uso do produto 
precisam estar fundamentados, precisam ser claros. 
As informações que demonstram a correlação científica 
entre o que é apurado e o que é comunicado ao consumidor também 
fornecem respaldo para que as empresas afirmem, por exemplo, 
que seus produtos oferecem uma ação antiqueda, como o exemplo aqui. 
O fabricante ou o importador o dono daquele registro, o dono daquele produto, 
é responsável pela idoneidade, pela veracidade das informações. 
Ou seja, todo o produto que tem algum tipo de benefício declarado no rótulo, 
independentemente da sua classificação de risco, grau ou grau dois, 
como vimos anteriormente, deve apresentar essa comprovação de eficácia e segurança. 
Não basta apenas comunicar a ação antisinais, por exemplo, 
esse atributo precisa ser comprovado. 
>> Hum hum.. 
>> De acordo com a legislação vigente os dados de segurança e 
eficácia devem fazer parte do dossier de registro do 
produto no qual devem constar os relatórios de estudos, 
os testes realizados, comprovando, desta forma, 
todos os benefícios declarados no rótulo e também nos materiais de divulgação. 
>> O que diferencia claim de uma abordagem mercadológica, 
às vezes usadas pelas empresas cosméticas? 
>> Independentemente de ser claim ou uma abordagem 
mercadológica utilizada apenas para a divulgação de produto, 
seja congressos ou materiais, tudo, tudo o que é falado 
sobre produto precisa ser comprovado e justificado. 
Para a regularização do cosmético apenas a rotulagem é verificada pela Anvisa. 
Porém, existem auditorias periódicas que são realizadas para verificar se 
determinado produto está informando nestes materiais, 
nestas abordagens mercadológicas, 
se esses materiais possuem então comprovação, 
estão condizentes com os testes realizados para comprovar estes benefícios. 
Então, existem casos de denúncias, também, 
onde consumidores que se sentem lesados ou até a própria concorrência, 
os médicos, que podem solicitar a Anvisa que verifique se 
determinadas abordagens possuem comprovação científica ou não. 
Independentemente do formato, tudo precisa ser comprovado 
e justificado através de metodologias científica. 
>> E quando falamos de produtos de envelhecimento? 
Que tipo de claim é permitido nos produtos anti envelhecimento? 
>> A Anfisa não determina quais claims ou alegações de 
eficácia são permitidos, ela não define, 
não faz uma listagem positiva de quais 
seriam os claims de eficácia permitidos. 
[SOM] A Anvisa orienta que todas estas alegações 
sejam de alguma forma comprovadas e justificadas. 
Uma vez que essa alegação é colocada rotulagem, 
qualquer material de divulgação precisa ser comprovada. 
Desta forma, são permitidos claims diversos como antiidade antirrugas, 
antissinais, melhora do aspeto da pele, uniformização da pele, redensificação. 
Existe uma infinidade de alegações que vai realmente depender do tipo de fórmula, 
do tipo de ingrediente daquilo que a empresa, do que a indústria 
está se propondo a oferecer ao seu consumidor e obviamente a comprovar. 
>> Toda a vez que a gente tem creme, 
produto antirrugas é produto que promete uma eficácia, 
então, a gente tem produto grau de risco dois. 
Esses produtos antirrugas, por exemplo, 
grau de risco dois são registrados ou notificados? 
Qual a diferença desses processos? 
>> Produtos antirrugas sim, 
são classificados como produto grau dois, porquê? 
Eles possuem benefício que precisa ser comprovado. 
Mas independentemente da classificação de risco ser 
grau ou grau dois é importante relembrar que todos os 
produtos precisam de comprovação de segurança fundamentada. 
Então, a depender do claim que você vai explorar, você vai precisar 
desenvolver protocolo específico para justificar, embasar a alegação. 
A diferença, é importante trazer esse esclarecimento, 
porque traz bastante confusão o que é registrado e o que é notificado. 
Registro ou notificação são modalidades de 
regularização de produtos e não necessariamente 
está relacionado com o grau de risco do produto. 
Exemplo, produto infantil é produto grau dois, porém, 
passa pelo processo de notificação e não mais de registro. 
O produto antissinais, antirrugas é a mesma questão. 
Ele é classificado como produto graus dois, porém, 
é submetido a regularização através de processo de notificação. 
Então, para cada modalidade de regularização há 
diferente processo a ser realizado junto da Anvisa. 
A notificação é mais rápida, mais ágil, porquê? 
Ela entende que estes produtos possuem 
risco sanitário mínimo para o consumidor. 
Por exemplo, esmaltes, perfumes, todos eles são notificados também, 
conjunto com os produtos infantis, com os antissinais. 
Já o registro, eles exigem indicações específicas, 
necessita de apresentação de uma série de estudos 
de segurança e eficácia e a Anvisa vai fazer uma análise prévia desse dossier. 
Então, diferentemente do que é apresentado na notificação, 
que é processo mais ágil, feito eletronicamente, 
ele passa por filtro do sistema eletrônico da Anvisa. 
O produto registrado vai ter uma análise prévia por parte dos técnicos. 
Atualmente, apenas cinco categorias de produtos estão 
passando por esta análise prévia dos técnicos da Anvisa. 
São quais? 
Os protetores solares, os antisépticos, 
alisantes capilares, tinturas e os repelentes. 
Estes tipos de produtos, que nós mencionamos aqui agora, 
são aqueles que são grau dois e passam pelo 
processo de registro e análise prévia da Anvisa. 
Os demais, todos, independentemente se eles são classificados como 
produto grau ou como produto grau dois, são notificados, 
que é processo pouco mais simples, mais ágil, termos de processo de regularização. 
Não significa que as informações que você apresentará 
dentro do processo sejam diferentes. 
Não. A gente já viu aqui que as informações são 
iguais para ambos. 
Eu preciso comprovar. 
Tudo aquilo que eu estou falando eu preciso comprovar. 
O que vai diferenciar realmente é o processo burocrático, 
a forma de regularizar, que pode ser notificado ou registrado. 
Mas não tem a ligação necessária se é produto grau ou grau dois, 
são questões diferentes. 
>> Muitas pessoas fazem uso de cosméticos artesanais. 
Existe risco? 
Existe uma legislação para esse tipo de cosmético? 
>> No Brasil a fabricação de cosméticos artesanais é permitida, porém, 
para a comercialização destes produtos é obrigatória a regularização da 
empresa e do produto como qualquer outro coemético. 
Então, a gente pode dizer, de uma outra forma, 
que a Anvisa não reconhece o cosmético artesanal como a gente está acostumado, 
aqueles que são vendidos feiras, como a gente já está bem habituado a encontrar, 
porque ela entende que uma vez que esse produto está sendo 
produzido vai ser disponibilizado para o consumidor, 
precisa passar por todos os critérios. 
Então, você pode fabricar, mas você precisa regularizar sua 
empresa e o seu produto na Avisa antes de colocar o produto no mercado. 
Para a Anvisa, o ferramental, a forma como você vai 
produzir o cosmético, não é o fator mais importante. 
É indiferente se a sua escala é artesanal ou é industrial. 
O que conta é se a sua empresa é autorizada, 
se você segue as boas práticas de fabricação, 
se o seu produto está regularizado, independente se ele é grau grau dois. 
Então, como exemplo, o controle de qualidade físico-químico 
e microbiológico de matérias primas, e também das áreas, 
de onde você vai fabricar o seu produto, eles devem ser exatamente... 
devem passar pelos mesmos cuidados. 
Então, por isso que é tão difícil você encontrar 
produtos artesanais regularizados. 
Porque normalmente, os produtores são pequenos 
artesãos que estão fabricando ali no fundo da sua casa 
e não necessariamente têm ali todos os critérios 
e condições definidas e requeridas pela Anvisa. 
Como que consumidor sabe se aquele produto tem o respaldo da Anvisa? 
Alguma dica? 
Bom, primeiro de tudo, você precisa conhecer o 
produto que você está comprando e a origem desse produto. 
Então, a primeira recomendação para saber se o produto 
foi submetido ao registro ou à notificação da Anvisa 
é conferir se esta informação está presente ali na rotulagem. 
Então, como nós vimos anteriormente, dos dizeres mínimos obrigatórios 
é o número do processo, número da regularização deste produto. 
Então, são dados obrigatórios que devem constar no rótulo, 
na embalagem do cosmético. 
Além de buscar os dados no rótulo, é importante fazer uma checagem 
no site da Anvisa para ter certeza que esses produtos estão mesmo... 
estão ali regularizados. 
Então, a Anvisa, ela disponibiliza no seu site, 
serviço de consulta de produtos regularizados. 
Então, esse serviço oferece ao público dados sobre produtos 
das diferentes áreas sujeitas à vigilância sanitária, 
então não só cosméticos, mas medicamentos,produtos para a saúde. 
É uma ferramenta muito intuitiva. 
Você escolhe quais são os critérios de consulta no início da busca como, 
por exemplo, a marca, o nome do produto, 
ou ainda o número da regularização que consta na rotulagem. 
E aí, assim que você preenche esses campos, 
a página disponibiliza as informações que constam ali no sistema 
da Anvisa e se o produto questão está ou não regularizado. 
Então, seguindo as recomendações da própria agência, 
é importante você ter o nome do produto. 
Você também consegue fazer a pesquisa por meio do número de 
processo ou de notificação ou de registro e reforçando que 
esses números devem estar sempre presentes nas embalagens, 
nas rotulagens junto aos dados do fabricante. 
Depois disso, é importante comparar se os resultados exibidos ali no site da Anvisa 
também coincidem com as informações do seu produto, que estão ali na embalagem. 
Então, o mesmo produto, 
o mesmo nome que está na embalagem é aquilo que está notificado ou registrado? 
O nome da empresa, o nome do fabricante, tudo isso são dados importantes 
que vão garantir e fazer com que você se sinta mais segura ou seguro de 
que este produto está com o aval ou regularizado perante a Anvisa. 
Tem dado também que é importante, 
é verificar se esse registro ou notificação está dentro da validade. 
Eles possuem prazo de vigência. 
Então, quando você acessar ou fizer a busca, 
você vai encontrar ao lado do nome do seu produto, 
daquele que você está pesquisando, se aquele registro está válido ou não. 
Porque de tempos tempos você precisa ressubmeter todas as informações 
para que a Anvisa avalie se ele continua dentro dos requerimentos, 
de acordo com as exigências que foram apresentadas no início e 
aí a Anvisa avalia tudo isso e renova a sua notificação ou registro. 
Então, é uma outra dica importante. 
E farmácias de manipulação. 
Elas também fabricam e vendem cosméticos? 
Sim, também. 
O produto manipulado, ele tem como principal característica 
o caráter individualizado, a preparação personalizada. 
E ela é destinada a usuário, consumidor, paciente específico. 
O produto, ele vai atender necessidades específicas e, 
obviamente que ele pode vir ali nas mais variadas formas, 
tipos de formulações, A diferença é que a farmácia de manipulação, 
ela possui uma resolução específica e ela atribui ao responsável técnico, 
o farmacêutico responsável técnico, 
a necessidade de se avaliar todo o processo produtivo. 
Aquilo que está sendo realizado dentro do laboratório da farmácia de manipulação. 
Ponto importante é: a farmácia de manipulação, 
ela prepara produtos específicos, personalizados. 
Uma vez que ela passe a produzir grandes quantidades, 
como se fosse uma linha de produção, esse produto, 
necessariamente, precisa passar pela regularização da Anvisa. 
Porque ele já não é mais destinado a uma pessoa. 
Ele não é mais personalizado. 
Ele tá sendo fabricado de verdade como uma linha de produção e aí, 
necessariamente vai precisar ser regularizado. 
Ariadne, obrigada por tantos esclarecimentos embasados 
sua grande experiência na área. 
E logo mais voltaremos com mais entrevista. 
Muito obrigada pela oportunidade. 
[MÚSICA] [MÚSICA]
Cada vez mais a pesquisa no campo da Cosmetologia tem contribuído significativamente para desvendar e entender melhor o efeito dos produtos cosméticos.
Embora o veículo seja, na maioria das vezes, usado para carrear substâncias ativas, o mesmo pode ocasionar alguns efeitos benéficos na pele ou em seus anexos, como por exemplo pode proporcionar hidratação ao estrato córneo, assim como proporcionar maciez a pele.
Antigamente um produto cosmético era usado principalmente para um efeito decorativo, ou seja, para esconder alguma imperfeição na pele ou para realçar algo bonito, por exemplo um lábio sensual ou um olho atraente. Com o passar dos anos os produtos cosméticos foram adquirindo outras funções. 
Vários fatores têm contribuído para o desenvolvimento tecnológico e científico da área cosmética, como a evolução do conhecimento funcional e bioquímico da pele, sua interação com as substâncias ativas aplicadas topicamente, a conscientização do fotoenvelhecimento causado pelos raios solares, e a valorização da qualidade de vida. Nos últimos anos, esse desenvolvimento proporcionou o aparecimento de várias matérias-primas.
A indústria cosmética emprega nomenclatura peculiar para os seus ingredientes, também conhecidos como componentes (produtos químicos usados na fabricação de cosméticos).
A CTFA (The Cosmetic, Toiletry, and Fragrance Association), principal associação comercial e política da indústria cosmética dos Estados Unidos padronizou a rotulagem dos ingredientes. A CTFA compilou uma extensa lista de conhecidos ingredientes cosméticos e atribuiu nomes para serem adotados pela indústria.
Isso originou o The CTFA Cosmetics Ingredient Dictionary (Dicionário de Ingredientes Cosméticos da CTFA). Inicialmente publicado em 1973, o dicionário foi adotado pelo FDA (Food and Drug Administration) como a nomenclatura oficial de ingredientes cosméticos dos Estados Unidos. Em vista da adoção da nomenclatura para uso internacional, em 1994 o sistema foi renomeado de sistema INCI – International Nomenclature of Cosmetic Ingredient.
O sistema INCI usa nomes químicos. Ingredientes que sejam misturas de diferentes componentes são designados através da listagem de cada componente.
O grande número de substâncias ativas disponíveis no mercado, com diferentes propriedades físico-químicas e farmacodinâmicas faz com que necessitemos, cada vez mais, conhecer os veículos compatíveis com a manutenção da estabilidade da formulação final, para que não ocorra comprometimento da ação do produto. 
 Para a escolha correta do veículo é necessário ainda considerar as características de cada tipo de pele. 
Existem vários veículos que podem ser usados na preparação de formulações cosméticas, por exemplo: emulsões (popularmente conhecidas como cremes ou loções), géis, etc. Esses veículos podem ser acrescidos ou não de substâncias ativas (exs: vitaminas, antiperspirantes, despigmentantes, etc).
A escolha adequada do veículo à qual a substância ativa será incorporada é de fundamental importância para a estabilidade e absorção desta e, consequentemente, para a eficácia do produto final. Alguns veículos podem ser usados para obter as características físicas e químicas desejadas do produto ou para melhorar a aparência ou, ainda, para melhorar a sensação do produto quando aplicado na pele.
A sensação agradável promovida pelo uso do cosmético é fundamental para a aceitação da fórmula. Se o consumidor não sentir bem-estar ao aplicar o produto dificilmente o usará por vários dias consecutivos e, portanto, poderá não perceber os efeitos benéficos do mesmo.
Sugestão de leitura complementar:
Christian Surber,JanKottner. Skin care products: What do they promise, what do they deliver. Journal of Tissue Viability, Volume 26, Issue 1, February 2017, Pages 29-36. https://doi.org/10.1016/j.jtv.2016.03.006
Emulsão é uma dispersão cuja fase dispersa é composta por gotículas de um líquido, distribuídas num outro líquido, no qual são imiscíveis. Na terminologia das emulsões, a fase dispersa é conhecida como fase interna e o meio dispersante como fase externa ou contínua. As emulsões que têm fase interna oleosa e fase externa aquosa são conhecidas, geralmente, como emulsões óleo em água, que podem ser designadas “O/A”. As emulsões que têm fase interna aquosa e fase externa oleosa são conhecidas como emulsões água em óleo, que podem ser designadas “A/O” .
As emulsões mais adequadas para uso tópico, geralmente, são as do tipo O/A devido a seu aspecto menos oleoso e, portanto, mais agradável. Em cosméticos destinados ao uso em países que possuem temperatura muito fria ou em produtos para massagem, que requerem excelente espalhabilidade, as emulsões A/O geralmente são mais desejadas.
Portanto, emulsões são sistemas heterogêneos constituídos de um lado por água e por outro de óleo, ou seja, sistemas imiscíveis, e também um terceirocomponente que é o agente emulsificante (também chamado de tensoativo), o qual torna miscíveis dois sistemas imiscíveis, ou seja dispersa um no outro. Logo, são formas cosméticas emulsionadas de baixa (loção) ou alta (creme) viscosidade. As emulsões são preparações cosméticas termodinamicamente instáveis e, com o tempo apresentam sinais progressivos de instabilidade, com eventual separação de fases (desestabilização do produto, onde fase aquosa e fase oleosa se separam).
Uma emulsão permanece homogênea, sem apresentar separação das fases (aquosa e oleosa) por um tempo finito após sua preparação, mantendo suas características originais de forma aceitável. Este período é denominado de “prazo de validade”. Depois de um determinado tempo a tendência é ocorrer separação das fases aquosa e oleosa. Cabe ao formulador conseguir uma emulsão que se mantenha estável num prazo suficiente para o produto ser usado. 
Reações de hidrólise de tensoativos em valores de pH extremos, processos fotoquímicos, destruição microbiana de componentes da emulsão, eletrólitos, calor ou frio, embalagens não adequadas, são alguns dos fatores que podem acelerar a separação das emulsões, assim como a inversão de fases provocada pela perda de água do sistema com a conseqüente variação da relação fase dispersa e fase contínua.
Um teste simples bastante empregado para verificar a estabilidade da emulsão é o teste com centrífuga, onde uma amostra do produto (ex: 5 grama) é submetida a centrifugação durante 30 minutos a 3000 rpm. Após este teste a amostra não deve apresentar separação de fases, ou seja deve mostrar-se estável. Na separação de fases, as gotas da fase interna se coalescem, ou seja unem-se formando gotas maiores, até ocorrer um processo denominado coslescência, onde ocorre a “quebra” da emulsão, ou seja a formação de 2 camadas líquidas separadas. Antes da coalescência, a emulsão pode apresentar traços de instabilidade, como a floculação, que ocorre quando as gotas da fase interna começam a se aproximar uma das outras , e a sedimentação, quando as gotas da fase interna se separam da fase externa (devido a diferença de densidade dos líquidos), porém não se coalescem.
O aumento da viscosidade da emulsão pode torná-la mais estável. O tamanho das gotículas da fase interna (que podem ser vistas por um microscópio específico) também interfere na estabilidade da emulsão, sendo que a redução do tamanho destas melhora a estabilidade.
Os tensoativos, substâncias fundamentais para preparar uma emulsão estável, são compostos que contêm obrigatoriamente uma parte da molécula hidrofílica (que tem afinidade com a água) e a outra lipofílica (que tem afinidade com o óleo). Substâncias com estas características são denominadas anfifílicas.
Na presença de água e óleo, a porção hidrofílica do tensoativo é atraída pela água, enquanto a lipofílica é atraída pelo óleo. Assim, no sistema água/óleo o agente emulsificante ficará na interface com seus grupos orientados para as respectivas fases nas quais é solúvel.
Géis
A forma cosmética gel é um sistema semi-sólido, possui característica coloidal, aspecto gelatinoso, e é formada por uma dispersão de partículas pequenas em um veículo líquido, sendo que estas partículas coloidais não se sedimentam (ficam dispersas). Logo, a forma gel apresenta-se como uma suspensão estável, sendo bastante adequada para formulações de uso tópico.
Geralmente as substâncias formadoras de géis são polímeros que, quando dispersos em um meio aquoso doam viscosidade à preparação. 
O gel pode ser formado por material natural como a goma adraganta ou a pectina e por material sintético ou semi-sintético como os carbômeros, hidroxietilcelulose (HEC) e carboximetilcelulose, entre muitos outros que vêm surgindo nos últimos tempos. 
Existem vários tipos de carbômeros entre os quais podem-se citar o carbômeros 934, 940, 960 e o ultrez, entre outros. Sendo que o carbômero 940 é ainda um dos mais utilizados na formulação de géis para uso tópico. 
Os carbômeros são constituídos de polímeros de ácido acrílico de alto peso molecular e com ligação cruzada. 
Quando dispersos em água, seu poder espessante é bem limitado. Uma forma de desenvolver o completo potencial de viscosidade destes polímeros é pela adição de uma base orgância ou inorgânica, como trietanolamina ou hidróxido de sódio, à dispersão aquosa do polímero. Isto converte os grupos ácidos da cadeia polimérica em sua forma de sal, causando o desenrolar da cadeia e formando a estrutura extendida que fornece o máximo de eficiência como espessante. 
O gel de HEC (conhecido como natrosol), assim como a emulsão não iônica, é compatível com a maior parte das substâncias ativas usadas em cosméticos, como por exemplo o ácido glicólico, ácido fítico, que devido ao seu pH muito ácido é compatível com o gel de natrosol e incompatível com o gel de carbopol, pois o carbopol é fornecido na forma ácida e neutralizado durante a preparação com uma substância alcalina, gerando géis com maior viscosidade em pH entre 6,5 e 7,5. 
O sensorial promovido pelos diferentes polímeros é bastante variável, sendo que alguns géis apresentam toque mais seco enquanto outros são mais pegajosos. 
Os géis aquosos devem ser acrescidos de umectantes (como exemplos, propilenoglicol, glicerina) pois estes tendem à apresentar um ressecamento com o tempo, ou seja pode ocorrer evaporação da água presente no gel, ocasionando ressecamento do produto. Além disso é bastante importante a adição de conservantes compatíveis e eficazes, uma vez que o gel aquoso é bastante susceptível à contaminação microbiana. 
É ainda importante ressaltar que alguns géis possuem incompatibilidades com eletrólitos, como exemplo o cloreto de sódio. 
Os géis são indicados para veicular substâncias ativas hidrossolúveis e lipossomas. São mais usados em peles oleosas e mistas.

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