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Psicologia da Educação 2 de 4

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Unidade 2 - O desenvolvimento
humano e o processo de
aprendizagem
Ana Cristina Bassler
Iniciar
Introdução
Vamos dar início a mais uma unidade de aprendizagem. Teremos a oportunidade de
conhecer e ampliar o conhecimento sobre quatro estudiosos que contribuíram de
maneira relevante com a Psicologia da Educação e que trouxeram uma nova
perspectiva sobre o desenvolvimento humano, divergindo da ideia do behaviorismo.
Em sua teoria, Jean Piaget fala sobre o desenvolvimento do sujeito em função da sua
interação com o contexto de vida nas diferentes etapas do desenvolvimento. Vigotsky
traz em sua teoria postulados sobre o funcionamento intelectual. Wallon aponta os
estágios do desenvolvimento.
Carl Rogers, em sua teoria do desenvolvimento do sujeito, nos faz re�etir sobre a
saúde e o bem estar como centro das nossas relações, diferente dos demais
estudiosos que focavam na doença.
Preparado para conhecer novas teorias relacionadas à evolução do aprendizado?
1. Piaget: psicogênese do
desenvolvimento humano
Jean Piaget foi um estudioso que trouxe à luz a psicologia cognitiva, que tem como
base os processos mentais superiores como a percepção, formação de conceitos,
solução de problemas e tomada de decisão.
Diferente do behaviorismo, no qual os estudos se baseiam na observação do
comportamento, a psicologia cognitiva estudou como a energia dos acontecimentos
transforma as experiências em algo signi�cativo para o indivíduo. Muitas
experiências com animais foram feitas também, mas tópicos de aprendizagem como
a leitura e a linguagem foram investigados em seres humanos, visto que não haveria
como investigar tais assuntos em ratos ou pombos.
A teoria cognitiva demonstra como processos mentais trazem entradas e saídas para
nosso desenvolvimento, de que forma a mente entende as situações que lhe são
apresentadas e quais suas consequências.
Um dos pontos que representa esta teoria é a do processamento da informação
como se fosse um computador. Uma informação é recebida e transformada em
outra de acordo com quem a está recebendo e da forma como ele percebe e
processa tal informação.
Figura1. O Cérebro não é um computador Fonte: Mediu, 2019 
Outros pontos que são fortemente considerados na teoria cognitiva são:
a aprendizagem atual se baseia na aprendizagem anterior, ou seja, o que foi
aprendido anteriormente tem relevância na maneira como os conhecimentos
adquiridos posteriormente são interiorizados, diferenciando desta forma o
aprendizado para cada pessoa;
como cada pessoa é única e possui características inatas, crenças, interesses e
experiências de vida singulares, em uma mesma situação cada um aprende
coisas diferentes.
Como participante ativo no processo de aprendizagem, o indivíduo deve se esforçar
para descobrir e analisar novos conceitos e utilizar estratégias para absorver o
aprendizado.
Você quer ver?
Ao assistir o vídeo em espanhol “Cómo aprende nuestro cérebro” você terá uma
visão dos principais conceitos da teoria cognitiva. Acesse
https://vimeo.com/80351334
https://vimeo.com/80351334
Piaget teve uma fantástica contribuição e in�uência na psicologia da educação. Seus
estudos estavam baseados na representação mental e no desenvolvimento
intelectual da criança. Mediante observações sistemáticas ele realizou pesquisas de
como as crianças elaboram seu processo de conhecimento para a construção da
inteligência e sua adaptação ao meio.
Lakomy (2012) aborda quatro fatores que Piaget considerou como responsáveis pelo
desenvolvimento cognitivo do aprendiz. O primeiro deles é o fator biológico que faz
referência à maturidade do intelecto para poder receber determinado conhecimento.
Por exemplo, uma criança só consegue desenhar uma letra se apresentar prontidão
para esta atividade.
O segundo aspecto é a vivência de exercícios e atividades que contribuem para a
ação da criança sobre os objetos. O terceiro aspecto relevante são as relações sociais
que acontecem por meio da linguagem e educação.  Por �m, o equilíbrio necessário
para encontrar respostas para novos desa�os. No processo de assimilação, há
primeiro um desequilíbrio para depois integrar o novo conhecimento.
Mas como acontece o desenvolvimento da inteligência, segundo Piaget?
Quando a criança começa a se relacionar com as pessoas e cenários à sua volta, ela
começa a agir efetivamente na realidade que a envolve. Este agir não signi�ca
somente uma ação externa. O pensamento e as conexões feitas mentalmente fazem
parte deste aspecto também.
Para agir é necessário o que Lakomy (2012) chamou de esquema de ação. Isto
signi�ca que é necessário elucidar e organizar seus comportamentos para que,
repetidamente, coloque-os em prática em diferentes situações. Vamos imaginar a
cena do bebê jogando um objeto no chão quando a mãe, o pai ou a avó está por
perto. Cada um pode ter uma reação diferente e a mesma pessoa também pode
apresentar reações diferentes dependendo do dia. Ao realizar estas conexões o bebê
começa a mobilizar seus esquemas de ação e vai modi�cando-a.
Esta troca com o meio gera o desenvolvimento da inteligência  por meio das
adaptações que vão sendo geradas. Quando a criança se depara com uma nova
situação há um desequilíbrio, pois ela não sabe como lidar. Então ela procura dentro
dos seus aprendizados anteriores de que maneira ela pode lidar com aquela
situação, adequando seu comportamento e voltando ao estado de equilíbrio.
Esta estabilidade depende de dois mecanismos – a assimilação e a acomodação. Por
assimilação podemos compreender a introjeção de novos conhecimentos gerados
pelas experiências vividas. A acomodação é uma reorganização daquilo que já foi
incorporado como aprendizado. Podemos fazer uma analogia como uma caixa que
contém vários brinquedos e é necessário guardar mais um, sendo necessário
reorganizar aqueles que já estão lá.
Figura 2 - Desenvolvimento infantil Fonte: Mundo Desa�a, 2019 
A cada etapa, a criança desenvolve uma série de habilidades e conexões mentais que
vão se somando até que sua estrutura cognitiva esteja completa.
1.1. Estágios do Desenvolvimento Infantil
Piaget de�niu quatro estágios do desenvolvimento cognitivo, conforme descrito
abaixo:
Estágio Sensório-Motor: etapa que vai de 0 aos 2 anos. Aqui as ações representam
re�exos básicos já que não há estrutura para ligar a ação e as sensações a uma
representatividade mental. Importante porém ressaltar que é uma fase essencial
para o desenvolvimento das próximas.
Estágio Pré-Operatório: etapa que vai dos 2 aos 7 anos. A criança consegue
estabelecer a diferença entre o signi�cante e seu signi�cado. Por exemplo, ao ouvir o
latido de um cachorro ela pensa no animal e o imita.
Estágio das Operações Concretas: etapa que vai dos 7 aos 13 anos. A criança já é
capaz de  realizar uma ação de maneira lógica que foi interiorizada em algum
momento. Já consegue ter um pensamento reversível como em contas matemáticas (
2 x 3 = 6 ou 6 ÷ 2 = 6) mesmo que ainda seja necessário o concreto. Já consegue
coordenar esta possibilidade com outras ações, pois admite a possibilidade de uma
inversão e coordenação com outras intrínsecas. Mas ainda precisa do concreto para
realizar essas operações, embora já esteja apta a considerar o ponto de vista do
outro, sendo que está saindo do egocentrismo.
Estágio Operatório – Formal: etapa que vai dos 13 anos em diante. Nesta fase  vivida
pelo adolescente já é possível pensar de maneira lógica, mesmo quando a realidade
não é compatível com o pensamento. Funções como proporções, probabilidades,
hipóteses e deduções complexas e abstratas acontecem de maneira natural.
Por meio da construção e passagem por estes quatro estágios, a cognição é
desenvolvida e passa a ser utilizada em toda a vida adulta, desde que existam
estímulos que fortaleçam os ap
1.2. Reflexos da concepção construtivista
no processo ensino-aprendizagem
Para o construtivismo o conhecimento é edi�cado pelo resultado das experiências do
aluno. No aprendizado da língua portuguesa,Piaget foi claro ao dizer que a origem
do pensamento é anterior à linguagem. Sendo assim, somente a linguagem não é
su�ciente para explicar o que se passa em nossa mente.
Durante o desenvolvimento da linguagem, cabe ao educador compreender o
material produzido e respeitar as ideias, estejam elas certas ou erradas,
compreendendo que é desta forma que se gera o progresso. Ler e propor atividades
que estimulem a escrita deve fazer parte deste cenário. A alfabetização não ocorre
2. Vigotsky: o aprendizado
como um processo social
Para Vygotsky, teórico contemporâneo de Piaget, o contexto social e o
desenvolvimento cognitivo caminham juntos.  Dentre os vários conceitos e estudos, o
ponto alto foi demonstrar a importância da fala no desenvolvimento do indivíduo.
Durante todo seu estudo, ele busca compreender a maneira como os processos
psicológicos acontecem e de que forma a genética in�uencia no desenvolvimento
humano.
Ao longo do desenvolvimento da criança, a assimilação de novos conceitos é
transformada quando há uma interação com outras pessoas. Mas esta relação se
diferencia de acordo com o ambiente e cultura em que a criança está inserida.
isolada da escrita, portanto, introduzir a leitura de palavras sem a escrita não gera
aprendizado.
Figura 3. Fonte: Nova Escola, 2019 
Cabe ao professor, como mediador do processo ensino-aprendizagem levar o aluno
na busca pessoal de novos conhecimentos, busca da solução de problemas e a
discussão das suas ideias em grupo, defendendo seu ponto de vista.
Outro ponto elencado por Vygotsky é que a cognição está vinculada à maturidade
orgânica representada por instrumentos de origem física e de origem simbólica. Seus
experimentos demonstram que a fala é tão necessária quanto as outras formas de
expressão e de ação.
Por meio de experimentos, ele concluiu que “os homens precisam de signos para
aprender” (Lakomy, 2012, pg 40). Símbolos ou sinais contribuem para um
aprendizado mais efetivo e são utilizados para lembrar o que é dito. Ao realizar
estudos com crianças a partir de �guras, a associação da linguagem com o objeto
acontecia de forma mais efetiva.
Figura 4.Alfabetização por associação Fonte: Ideia Criativa, 2019 
Além disto, a linguagem orienta o comportamento social das crianças, ou seja, a
partir do momento em que há a correlação de um objeto à percepção do que este
objeto representa, ela começa a compreender a realidade à sua volta.
O desenvolvimento da fala ocorre em três fases:
Fase da fala social (até os 3 anos):
Fase da fala egocêntrica ( dos 3 aos 6 anos):
Fase da fala interior (após os 6 anos):
Outro conceito que veio por meio dos estudos de Vygotsky é a zona de
desenvolvimento proximal – espaço que existe entre o que a criança sabe e o que ela
precisa saber para se chegar naquele ponto do seu desenvolvimento. Neste contexto,
existe um espaço entre o real e o potencial, que deve ser trabalhado e estimulado
pelo professor.
Vamos pensar no exemplo de uma criança amarrando os sapatos. De acordo com
sua idade, ela precisará de ajuda para realizar esta atividade. Mas por volta dos 8 ou
9 anos ela já deverá ter habilidade su�ciente para amarrar seus sapatos sozinha.
De acordo com Oliveira (2010), Vygotsky denomina esta capacidade de realizar
tarefas de maneira independente de desenvolvimento real, que tem como
característica principal aquilo que já foi conquistado pela criança. O desenvolvimento
potencial representa a capacidade de realizar tarefas com ajuda dos mais velhos.
Existem crianças que não têm condições de realizar determinada tarefa sem a
supervisão e auxílio de um adulto, com dicas ou exemplos.
2.1. Pensamento e linguagem:
contribuições para a compreensãde
sentidos e significados
Vygotsky deixou o legado de que a linguagem é o principal meio das relações sociais,
uma vez que é por meio das palavras que nosso pensamento se torna explícito.  A
linguagem tem, além da função de contribuir para o convívio com outras pessoas, o
poder de compartilhar o pensamento, tornando-o geral e comum àqueles que estão
à nossa volta.
Ao longo da construção da história do indivíduo, por meio do desenvolvimento de
funções psicológicas superiores, como por exemplo pensar e ponderar sobre o que o
pensamento representa, cada ser vai sendo formado.
De maneira oposta à teoria de Piaget,  para Vygotsky o desenvolvimento –
principalmente o psicológico e mental – depende da aprendizagem, na medida em
que se dá por processos de internalização de conceitos, que são promovidos pela
aprendizagem social, principalmente aquela planejada no meio escolar.
Vamos voltar ao exemplo do amarrar os sapatos. Ensinar para uma criança que já
sabe como fazer não traz efeitos, assim como também não é efetivo ensinar esta
ação para uma criança de 6 meses, pois esta habilidade está muito distante do
desenvolvimento de suas funções psicológicas. Porém uma criança de 5 ou 6 anos
será bene�ciada com este aprendizado, pois o processo de desenvolvimento deste
processo já se iniciou.
Você quer ver?
O filme “Escola da Vida” demonstra como a relação entre professor e aluno
pode ser eficaz na construção do conhecimento individual. Assista o vídeo
acessando https://www.youtube.com/watch?v=KktwsRIT-Ls
Dentro do ambiente escolar este exemplo é fácil de ser observado, já que o
aprendizado é o impulsionador do desenvolvimento. Quando o professor conhece o
nível de desenvolvimento individual dos seus alunos, as atividades devem ser
direcionadas não para o que já foi alcançado, mas sim para o que ainda não foi.
Tomando como ponto inicial o desenvolvimento real do indivíduo, devem ser
determinados conhecimentos e habilidades para aquela faixa etária e apresentados
em forma de atividades individuais e em equipe. Deve-se levar em consideração
também o ambiente em que a criança está inserida. Se ela vive em um ambiente
rural e tem contato com diversos animais como vacas e galinhas, é mais fácil ensinar
conteúdos referentes a estes animais do que para crianças que ainda não tiveram a
oportunidade de ver um desses bichos “ao vivo”.
Embora Vygotsky enfatize o papel da intervenção no desenvolvimento, seu objetivo é trabalhar
com a importância do meio cultural e das relações entre indivíduos na de�nição de um
percurso de desenvolvimento da pessoa humana, e não propor uma pedagogia diretiva,
autoritária. ( OLIVEIRA, 2011, pg 64 )
O brincar de faz de conta é outra atividade que contribui para o desenvolvimento do
pensamento e da linguagem infantil. Este momento de entrar em contato com o
imaginário desperta a relação do objeto com o que ele signi�ca naquele momento, e
não necessariamente com o objeto em si. Se a criança tem uma tampa de panela em
mãos e na brincadeira ela representa um volante de carro, é assim que a criança fará
a relação do signi�cado do objeto com seu pensamento.
Assim, promover atividades dentro do ambiente escolar que favoreçam o
envolvimento da criança em brincadeiras de “faz de conta” contribui de maneira
efetiva para a evolução dos processos psicológicos superiores.
Veremos no próximo tópico as contribuições de Henry Wallon para a psicologia da
educação.
3. A afetividade de Henry
Wallon: desenvolvimento
intelectual pelo corpo e pelas
emoções
Wallon desenvolveu a teoria da afetividade, trazendo esta dimensão ao lugar central
do processo de aprendizagem. Sua cooperação foi no sentido de entender como a
afeição contribui para o desenvolvimento pessoal e cognitivo do indivíduo,
fornecendo o primeiro e mais importante vínculo entre as pessoas. É por meio da
afetividade que a pouca habilidade cognitiva no início da vida provê a sobrevivência
dos bebês. Nesta teoria, afetividade e inteligência se desenvolvem juntas desde o
primeiro ano de vida.
Wallon focaliza a afetividade em sua totalidade, considerando sua relação com a
emoção, o sentimento e a paixão, bem como o papel determinante no
desenvolvimento da personalidade.
Mas como a afetividade se manifesta?
O bebê, quando vem ao mundo,só consegue se comunicar pelo choro. O choro pode
ser interpretado de diferentes maneiras. Para Freud, o choro representa a angústia
da separação da mãe; já o �siologista entende o choro como uma ação física que
acompanha os re�exos respiratórios. Mais tarde pode representar dor ou fome.
A in�uência que o choro provoca no ambiente em que o bebê vive acaba por de�nir
as ligações afetivas que são estabelecidas. Existe uma diversidade de emoções que
vão sendo demonstradas a partir da maturação funcional do ser. Justamente pela
etapa da maturação física, algumas manifestações como a agressão, a ameaça ou o
medo aparecem, mesmo em crianças que nunca foram agredidas ou ameaçadas.
A constituição da emoção é uma função arcaica e interna. Efeitos externos podem
sim despertar emoções reais e mobilizam reações que estão relacionadas à situação
que a gerou. É inevitável que as in�uências afetivas que rodeiam a criança desde o
berço tenham sobre sua evolução mental uma ação determinante, despertando o
desenvolvimento espontâneo das estruturas nervosas, gerando a fusão do biológico
com o social.
Um bom exemplo é o sorriso. No início, o sorriso nada mais é do que um estímulo
dos músculos faciais, que aos poucos vai passando a exprimir uma reação de alegria
e felicidade ao ver ou ouvir uma voz conhecida. Este ato aproxima as pessoas do
bebê, que aos poucos vai percebendo o efeito que o sorrir gera.
3.1. Estágios do desenvolvimento
A partir de estudos, Wallon de�niu estágios do desenvolvimento infantil baseados na
interação e não especi�camente na cronologia.
1. Estágio impulsivo-emocional: estágio predominantemente afetivo, no qual a
criança está imersa no mundo e não consegue se distinguir dele. Apresenta
movimentos descoordenados, pois sua coordenação motora não está bem
desenvolvida. O ambiente facilita para que a mesma desenvolva suas
habilidades funcionais, passando da desordem gestual às emoções
diferenciadas.
2. Estágio sensório-motor e projetivo: estágio predominantemente cercado dos
fenômenos cognitivos, no qual os pensamentos são demonstrados por atos
motores. A inteligência se apresenta de duas formas – a prática, obtida pela
interação de objetos com o próprio corpo, e a discursiva, que ocorre pela
imitação e apropriação da linguagem.
3. Estágio do personalismo: marcado pela constituição da autoconsciência e de
situações de oposição ao adulto. Nesta fase é comum surgirem crises negativas,
como “não quero”, “não vou”, “não faço”.
4. Estágio Categorial: período no qual se evidencia a abstração de conceitos
concretos e categorização dos processos mentais. Percebe-se que há mais razão
do que emoção nas ações.
5. Estágio da Adolescência: época das transformações físicas e psicológicas, na
qual a afetividade se torna mais ampla. Busca pela autoa�rmação e
desenvolvimento sexual. Há muitos con�itos, sejam eles internos ou externos.
Você quer ler?
A leitura do livro Evolução psicológica da criança escrita por Henry Wallon em
1941 vai ampliar o entendimento das particularidades do seu raciocínio e estilo
de seus textos.  É um livro que apresenta de forma resumida os aspectos
centrais da sua teoria do conhecimento. Dividido em três partes, aborda sobre a
infância e seu estudo, as atividades da criança e sua evolução mental e os
níveis funcionais (afetividade, ato motor, inteligência, pessoa).
De acordo com Lakomi (2012, pg 65) “a afetividade dá lugar ao desenvolvimento
cognitivo quando a criança começa a construir sua realidade pela inteligência prática
os das situações”. Ou seja, há momentos totalmente afetivos e outros totalmente
cognitivos. Como precisa existir uma integração entre ambos para que o
desenvolvimento aconteça, pode haver momentos em que a afetividade se
racionalize, diferenciando sua forma de se manifestar.
A afetividade então passa a ser manifestada de forma oral e depois escrita. Na
adolescência, em que se exige respeito e igualdade de direitos, o jovem pode se
sentir não amado, se estas exigências não forem satisfeitas. Ao se de�nir como
sujeito da sua história e capaz de assumir diferentes papéis sociais a inteligência
afetiva deve direcionar suas escolhas.
3.2 Teoria da Afetividade na educação
Wallon entendia que a educação deveria considerar a criança como um ser completo,
trabalhando a parte motora, afetiva e cognitiva de forma conjunta. Quando um dos
campos não se desenvolve adequadamente, os demais sofrem o impacto.
Ao professor cabe a responsabilidade de observar e trabalhar com o
desenvolvimento da criança como a criança que é, e não sob o ponto de vista do
adulto. Autonomia, curiosidade, expressão de ideias são ações que devem permear
as atividades educativas. A transformação do que se aprendeu e sua
representatividade deve ser sempre valorizada.
Outro ponto de atenção é lembrar que a criança se espelha em quem faz parte da
sua convivência, por meio da imitação e de referenciais. Portanto, é relevante que o
adulto observe se o comportamento da criança não é um re�exo do seu próprio
comportamento.  A oposição às regras e situações impostas ao grupo podem surgir
como uma maneira de buscar a diferenciação baseada em suas próprias opiniões.
 Assim, o adulto que conduz o processo de aprendizagem deverá estar atento e
consciente desta forma de agir do aprendiz.
Como mediador da educação, cabe ao professor conhecer e saber como agir junto
aos alunos e principalmente respeitar as características e peculiaridades das
mesmas, tendo-se também como referência seus estágios de desenvolvimento.
Veremos no próximo tópico mais uma teoria relacionada ao desenvolvimento e a
aprendizagem - a teoria humanista de Carl Rogers.
4. O humanismo de Carl
Rogers: uma psicologia voltada
para o desenvolvimento da
pessoa.
Uma nova teoria nascia em meados do século XX em contraposição às teorias da
aprendizagem que pregavam o determinismo ambiental ou os instintos mais
primitivos.
Carl Rogers trouxe à luz a teoria humanista que estava alicerçada na �loso�a
existencialista, que tem como direcionador a busca individual para encontrar as
razões e motivos da existência pessoal, além de exercer liberdade com
responsabilidade.  Os humanistas entendem que cada indivíduo tem capacidade e
discernimento para fazer as melhores escolhas para seu desenvolvimento pessoal.
Para a teoria rogeriana a força motriz está na capacidade constante de atualização e
a busca pela autonomia. Comunidades se desenvolvem justamente pelas forças
independentes e do desejo de cada integrante se tornar cada dia melhor. Viver em
harmonia consigo mesmo, encontrando aquilo que necessita para seu bem estar e
com o entorno social, passa a ser o objetivo de vida, segundo este autor.
Porém, o ambiente tem a tendência de valorizar e atender as demandas se o
indivíduo provar que merece. Receber um abraço e um carinho pelo bom
comportamento é um exemplo desta consideração positiva condicional e gera um
parâmetro individual de valoração de si. Ao se sentir ameaçado e pressionada no
con�ito “o que sou” versus “o que devo ser”, nascem a incongruência e as defesas
psicológicas do indivíduo.
Você quer ver?
O desenho animado A Família do Futuro (2007) nos apresenta Lewis, um jovem
com muitas ideias à frente do seu tempo. Durante o filme fica evidente a
maneira como ele demonstra a capacidade de buscar de maneira criativa e
inovadora uma solução para seu problema, vivenciando os acertos e erros.
Considerando que todo indivíduo é bom, tem potencial para crescer e está em busca
do seu melhor sempre, Carl Rogers gerou um novo olhar sobre as teorias do
desenvolvimento, entregando a cada um a tarefa de buscar a evolução constante.
4.1 Método não diretivo
O método não diretivo representa o papel do professor como um facilitador e com
poucas interferências no processo de aprendizagem. Para que ele seja capaz de
assumir esta postura são necessários três requisitos, conforme Tavares (2007). Estes
requisitos são congruência, empatia e respeito.
Estar em consonânciacom o aprendiz, compreender que ele possui sentimentos,
desejos e crenças diferentes dos demais e considerar estas diferenças de maneira
positiva são ações fundamentais para que o educador possa permitir ao aluno se
tornar uma pessoa que efetivamente possa exercer de maneira útil seu papel na
sociedade.
A valorização acontece pelo indivíduo, considerando o que ele faz, como ele constrói
os pensamentos e não apenas pela sua inteligência.
4.2 Educação formal
No contexto educacional, Rogers não determinou regras ou práticas de ensino. O
papel do educador é o de oportunizar novas experiências, gerar um ambiente onde o
aprendiz sinta-se seguro para viver e expressar seus desejos e intuições e
compreender a importância de viver o aqui e agora.
E como se processa o aprendizado nesta teoria? Cada um aprende o que entende
que deve aprender – seja por necessidade ou por desejo pessoal. Mais do que
acumular conhecimentos, o aprender gera mudanças no comportamento atual e na
direção de futuro.
A forma de avaliação, diferente das metodologias tradicionais, é a auto avaliação,
onde cada um faz uma análise pessoal e quanti�ca se o seu desenvolvimento foi
satisfatório ou não.
Por apresentar a característica não diretiva, algumas objeções foram levantadas,
como por exemplo :se o aluno é o responsável por determinar o que quer aprender,
poderá ser criado um ambiente com um limiar de liberdade muito amplo, gerando
indisciplina e desinteresse pelas aulas.
Síntese
Chegamos ao �m de mais uma unidade de ensino. Diferentes pontos de vista foram
apresentados e pudemos entender um pouco mais sobre  os conceitos e
contribuições das teorias construtivista, da afetividade e humanista para o
desenvolvimento e aprendizado. 
Quanto aprendizado não é mesmo? Mas você consegue diferenciar cada uma das
teorias? Qual a importância de cada uma para o contexto escolar? Diante das teorias
apresentadas, qual delas é mais signi�cativa para você? 
No quadro abaixo vamos veri�car os pontos principais de cada teoria, levando em
consideração o indivíduo, sua relação com o aprendizado e o papel do educador
neste cenário.
Quadro 1 - Pontos principais de cada teoria 
Fonte: produzido pela autora (2019) 
O papel desempenhado pelo professor nos dias de hoje pode e deve se utilizar de
todos os estudos apresentados, trazendo para a sala de aula uma combinação das
teorias. Pesquisas mostram que o aprendiz do futuro deve ter 3 competências
desenvolvidas: 
1. Competência Cognitiva: relacionada às estratégias e processos de aprendizado que
levem à utilização da criatividade, memória e pensamento crítico. 
2. Relações intrapessoais: relação com a capacidade de lidar com emoções e moldar
comportamentos para atingir objetivos. 
3. Relações interpessoais: envolve a habilidade de expressar ideias, interpretar e
responder aos estímulos de outras pessoas. 
Sendo assim, cabe ao professor buscar constante aperfeiçoamento e
desenvolvimento para contribuir com a formação do sujeito. 
Na próxima unidade vamos conhecer os desa�os da aprendizagem signi�cativa de
David Ausubel e o ensino centrado no aprendiz. Veremos de forma bem detalhada
como a passagem pela fase da infância é determinante para a construção do futuro
do indivíduo. Te espero lá!
Download do PDF da unidade
Bibliografia
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento
infantil/Izabel Galvão. - Petrópolis, RJ ; Vozes, 1995. - (Educação e conhecimento) 
LAKOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem. Curitiba: Intersaberes,
2014. 
OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-
histórico. 5ª ed. São Paulo: Scipione, 2010. 
TAVARES, José at all. Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem.
Porto, Portugal: Porto Editora, 2007

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