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ECONOMIA POLÍTICA

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04/10/2021 12:59 Economia Política
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ECONOMIA POLÍTICA
CAPÍTULO 1 - COMO SE FORMOU O
PENSAMENTO ECONÔMICO?
André Abdala
 
INICIAR
Introdução
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Você já ouviu falar dos pensadores econômicos? Provavelmente já deve ter
escutado que Adam Smith é o “pai” da economia ou do liberalismo econômico,
não é? Mas não é bem assim. Apesar de suas importantes contribuições, Smith
sofreu influência de outros pensadores favoráveis às liberdades comerciais. Além
disso, somente depois dele, durante a revolução marginalista, surgiu uma
preocupação em quantificar a economia para melhor alocar os recursos
produtivos. Aliás, você sabia que o comunismo e o socialismo são conceitos
distintos? O segundo conceito não prescinde o primeiro. Neste primeiro capítulo,
veremos a distinção quanto aos dois termos, assim como a explicação do
pensamento de Smith, seus antecedentes e sucessores. Mas e quanto a
interligação entre o mercado, a política e a sociedade na dinâmica dos sistemas
econômicos? Foi a partir disso que se solidificou as nações hegemônicas ao longo
da história, bem como o atraso industrial brasileiro. Para compreender essas e
outras informações, a partir de agora, veremos sobre a interação entre o
mercado, a política e a sociedade, assim como a formação das nações
hegemônicas ao longo da história. Na sequência, também estudaremos as
relações entre os regimes políticos e o mercado e as políticas econômicas;
aprenderemos sobre os pensadores que influenciaram na formação do
pensamento econômico, como Smith; e veremos as diferenças entre socialismo,
capitalismo e fundamentos da teoria econômica. Vamos aos estudos!
1.1 Sociedade, estudo da política e da
política econômica
Você sabia que há uma relação dinâmica entre Estado, mercado e sociedade? E
que é sob essa relação dinâmica que a economia se molda, sendo que um é
interconectado ao outro? A partir disso, vamos procurar entender a abordagem
da escola de Sistemas-Mundo, que, como fator principal, encontra-se uma relação
totalizante na análise da economia e, assim, da política econômica ocorrida no
mundo. Além disso, vale ressaltar que os atores da política, da economia ou do
mercado e da sociedade estão em constante ligação, cujas ações ensejam
encadeamentos entre os fatos.
Com base nessa análise, você compreenderá melhor o desenvolvimento da
história mundial até os dias atuais, em que o capitalismo, sob a ótica do livre-
mercado, prepondera sobre outros caminhos.
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Vamos em frente?!
1.1.1 Economia Política dos Sistemas-Mundo (EPSM)
A EPSM surgiu na década de 1970, sob a influência de Immanuel Wallerstein e
Giovanni Arrighi, entre outros pensadores menos conhecidos. Essa escola de
pensamento possui uma visão holística da análise de mundo, por isso, não divide
Estado, mercado e sociedade, mas os conjuga para efeitos de interdependência
na dinâmica de um elemento em relação ao outro. Consequentemente, os
sistemas são totalidades integradas. Dessa forma, cada unidade (Estado, mercado
e sociedade) está interconectada a outra (ROEPER, 2007).
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Com base em Wallerstein (2002 apud ROEPER, 2007), no mundo capitalista — em
que a propriedade privada e a geração de excedentes produtivos imperam —,
temos os sistemas históricos, nos quais há uma determinada divisão internacional
do trabalho em cada época. Nessa divisão, as nações (ou Estados) dominantes
fabricam mais produtos industrializados, enquanto que as nações periféricas
pendem para os produtos primários, a exemplo de minérios e agrícolas; e outros
Figura 1 - O Sistemas-Mundo é uma dinâmica dos movimentos históricos, sendo que eles estão
interligados as variáveis do meio social. Fonte: cidepix, Shutterstock, 2018.
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de baixo valor, como bebidas e calçados. Com essa relação, há uma grande cadeia
mercantil internacional hierarquizada, cujas produções estão interconectadas,
sendo que em cada época temos novos produtos.
Agora, a partir da EPSM, vamos entender os períodos hegemônicos na história
mundial. Acompanhe!
1.1.2 Estado e poder econômico
A história mundial demonstra que o vigor da influência da estrutura econômica
nacional sobre outras regiões no mundo não dispensa de um complexo
bancário/financeiro desenvolvido. Sendo assim, a influência ultramarina
holandesa, no século XVI, sobrepôs o poder das Cidades-Estados italianas, como
Gênova e Veneza, dada a sua estrutura financeira mais aprimorada em relação as
demais regiões (ARRIGUI, 1996).
VOCÊ SABIA?
Cidades-Estados eram cidades providas de governos autônomos e independentes,
ou seja, não havia uma unidade federativa, como temos os Estados (Bahia, Pará
etc.) no Brasil ou as províncias na Argentina. Assim, Gênova, Veneza e outras
Cidades-Estados italianas viriam, mais tarde, a se juntar (ARRIGUI, 1996).
Na história mundial, a Inglaterra supera a Holanda, uma vez que a nação
controladora de crédito tem maiores chances de desenvolver a sua economia,
além de exercer determinada intervenção sobre outras economias nacionais.
Assim, entre meados do século XVIII e fim do século XIX, quando a Inglaterra passa
a ser a nação hegemônica no mundo, a doutrina do livre-comércio entra em voga
na compreensão de que as nações se enriqueceriam sob a ótica de vantagens
comparativas, na qual cada país se preocupa em produzir aquilo que é mais
competitivo em relação aos outros países, justamente para ser transacionado no
comércio internacional (ARRIGUI, 1996).
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Apesar do poder industrial britânico, a hegemonia inglesa entra em declínio a
partir do século XIX, posto que a Alemanha e os Estados Unidos assumem a
dianteira da economia internacional. A Inglaterra, durante seu período
hegemônico, acumula capital por meio da colonização, enquanto que os Estados
Unidos realizam um territorialismo interno ao ampliar suas fronteiras (ARRIGUI,
1996).
Já a Alemanha encontra dificuldades para expandir seu território, principalmente
após a perda da posição hegemônica inglesa, embora participe das negociações
da partilha da África. Contudo, a busca alemã por um territorialismo para a
acumulação de capital — aliada as pressões internas por maiores condições
socioeconômicas — enseja sua entrada nas duas guerras mundiais, sendo que, na
segunda, assume uma posição de maior protagonismo.
Figura 2 - O poder inglês é considerado uma estrutura hegemônica, em que a doutrina do livre-
comércio é imposta aos povos. Fonte: Sergey Mikhaylov, Shutterstock, 2018.
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Porém, com a derrota germânica e a Europa destruída após 1945, os Estados
Unidos assume de vez uma posição de liderança, já no início do primeiro decênio
do século XX (ARRIGUI, 1996).
Entre 1917 e 1989, em especial após 1945, os Estados Unidos e a União Soviética
se rivalizam para impor suas respectivas doutrinas liberal e comunista nos demais
países (WALLERSTEIN, 2002). A doutrina liberal está assentada na defesa do livre-
comércio e das iniciativas privadas, enquanto que a doutrina comunista defende a
predominânciada intervenção estatal e o controle sobre a propriedade privada,
de modo a ser tratada como economia planificada.
A maior influência que os Estados Unidos exercem no mundo ocidental permite
difundir melhor os valores do liberalismo em relação ao receituário da economia
planificada, tanto nas Américas quanto em outras partes do mundo
(WALLERSTEIN, 2002). Assim, também se difunde um modo de vida livre, em que
as pessoas podem investir a sua riqueza material como lhe apetecem. Dessa
maneira, o mercado financeiro passa a permitir o acesso do grande público.
Em razão do bom momento econômico, muitos cidadãos adquirem, inclusive por
meio de empréstimos, ações na bolsa de valores. No entanto, em 1929, com a
superprodução do café e de produtos industrializados nos Estados Unidos, cujas
empresas realizam emissão acionária na bolsa, há uma queda generalizada nos
preços das ações — em consequência da crise de confiança dos agentes
econômicos —, e, com isso, nos preços de mercado em geral (ARRIGUI, 1996).
Por outro lado, a União Soviética pouco sofre com a Crise de 1929, já que possui
uma economia planificada e intervencionista, ou seja, oposta à doutrina de livre-
comércio. Entretanto, a intensa fragmentação étnica dentro do círculo soviético
ocasiona sobreposição de uma etnia à outra, além das intensas intervenções de
Krelim (central militar e política russa) sobre outras regiões soviéticas, o que
causa uma quebra de identidade, e, assim, a dissolução da União Soviética em
1991 (ARRIGUI, 1996).
VOCÊ O CONHECE?
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Lenin foi uma proeminente liderança russa para a queda do governo imperial e fundação da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (União Soviética) em 1922, perante à dominância da Rússia sob
alguns territórios ou nações, em oposição ao modo de produção capitalista no ocidente
(WALLERSTEIN, 2002).
Com a dissolução da União Soviética, as novas nações, antes soviéticas, inclusive a
Rússia, inserem-se no modelo de mercado capitalista aos moldes dos preceitos
estadunidenses, apesar das relativas intervenções estatais, como ocorre em
qualquer economia.
Em especial, após 1945, os Estados Unidos expandem sua influência por
intermédio da doutrina do livre-comércio, mas de forma diferente dos moldes
ingleses, posto que o livre-comércio estadunidense compreende tratativas
bilaterais e multilaterais (ARRIGUI, 1996). Além disso, essa influência se amplifica
com a constituição de organismos financeiros internacionais, como o Fundo
Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Eximbank; bem como por
meio de investimento estrangeiro direto e instituições bancárias estadunidenses
em países europeus para a reconstrução europeia no pós-Segunda Guerra
Mundial.
A partir de 1970, entra em voga a doutrina neoliberal, em que se defende não
somente o liberalismo comercial inglês, mas também a livre mobilidade de
capitais (livre movimentação ou fluxo financeiro entre países), além da adoção de
um modelo de privatização, em que posteriormente as ações são ofertadas nas
bolsas de valores (ARRIGUI, 1996).
Esses valores se intensificam sob às diretrizes de liberalização dos mercados e
privatizações, sendo que muitas economias, sob a influência russa, são cooptadas
pelo novo modelo. Como resultado, as economias nacionais e as grandes
empresas se tornam cada vez mais interligadas, já que os acontecimentos em um
país influem nos outros, muitas vezes, de forma direta.
O sistêmico apresenta, por exemplo, a crise econômica de 2008, mais conhecida
como Crise do Subprime, quando o valor de certos títulos financeiros perde seu
posto, e, com isso, desvalorizam outros títulos atrelados a eles. Isso gera riscos de
falências no sistema bancário estadunidense, visto que se principia na esfera
financeira da nação hegemônica vigente (Estados Unidos) e que apresenta efeitos
mais duradouros do que as crises financeiras internacionais ocorridas na década
de 1990. Uma delas, de acordo com Chesnais (1996), é a crise mexicana de 1994.
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Sendo assim, as crises mundiais têm como característica o caos sistêmico com o
início da esfera financeira da nação hegemônica, e, igualmente, procedem de
uma política internacional sob o manto de uma doutrina liberal.
Uma vez visto os períodos hegemônicos, vamos, agora, analisar os aspectos que
fundamentam o Estado.
1.2 Economista como articulador de
política econômica
Outro fato de bastante importância é a relação entre a economia, o direito e a
política, tendo em vista que as normatizações ou regulações jurídicas definem ou
cerceiam o comportamento do indivíduo.
Assim, quanto maior o grau de liberdade, sem privar as pessoas de segurança,
espera-se, também, maior liberdade de atuação econômica. No entanto, nesse
caso, a atuação governamental se faz necessária, já que o governo tem como
função controlar a economia, seja regulando-a, seja alocando os recursos públicos
ou mantendo-a estável. É por meio de políticas econômicas que ações como essas
são tomadas.
Dessa forma, com a atuação do governo, espera-se que políticas voltadas para a
produção, como as industriais praticadas no Brasil e nos Estados Unidos, gerem
progresso.
Vamos entender melhor sobre o assunto com os itens a seguir.
1.2.1 Economia, direito e política
A formação estatal, ou os Estados, são unidades políticas e territoriais em que
cada indivíduo cede parte da sua liberdade em troca de proteção. Essa cessão
parcial significa que o cidadão (indivíduo provido de direito civis) renuncia uma
porção de sua liberdade, uma vez que está sujeito a normas e leis, as quais
implicam em punições caso eles as transgridam.
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No entanto, em troca, o cidadão adquire proteção estatal. Assim, ao formar sua
família e realizar seu trabalho, ele não fica à mercê de outros que queiram praticar
violência ou tomar seu patrimônio à força.
Os Estados podem ser regidos por governos autoritários ou democráticos. No caso
dos governos autoritários, as ditaduras são aplicadas, quando, por exemplo, os
reinados impunham a palavra do rei ou da rainha como a única palavra
inquestionável.
 Figura 3 - O direito, as
normas e as regulamentações jurídicas são instituições que moldam o Estado e a sociedade.
Fonte: Broker, Dreamstime, 2018.
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Já os respeitos às liberdades civis ganharam amplitude com a discussão da
democracia hodierna. Entre as pautas dos regimes democráticos, temos o
pluralismo partidário e o respeito à diversidade religiosa e étnica. Inclusive, pelo
seu sentido de liberdade civil ou individual, a democracia é associada à diferentes
liberdades econômicas, tendo em vista que o empresariado fica reticente a uma
economia cujo governo interfere na atividade econômica quando bem entende,
dificultando sua dinâmica.
Na sequência, estudaremos um pouco mais sobre o Estado e sua relação com o
mercado. Acompanhe!
1.2.2 Estado e mercado
Quando o governo toma medidas econômicas para reduzir o nível de desemprego
ou, até mesmo, elevar o crescimento econômico, ele se baseia em suas políticas
econômicas. Elas, por sua vez, podem ser de cunho fiscal, monetário, cambial,
comercial e de rendas.
Na política fiscal, o governo trabalha com os gastos públicos e com os tributos.
Dessa forma, a ação estatal pode estimular o crescimento econômico e, com isso,
elevar o nível de emprego ao majorar o nível de gasto público e/ou reduzir o peso
dos tributos na sociedade.Mas por que o crescimento econômico gera emprego? Analisaremos o caso a
seguir para melhor compreensão.
CASO
Quando o governo eleva os dispêndios públicos, como investimento em
infraestrutura (portos, rodovias etc.), ele realiza um procedimento
licitatório, que é conhecida como uma seleção pública para contratar a
empresa que realizará a obra. A empresa vencedora da licitação, por sua
vez, contrata trabalhadores, os quais receberão seus salários.
Com os salários recebidos, as pessoas consomem calçados, alimentos e se
divertem. Enquanto isso, outras empresas que ofertam produtos (como
calçados e alimentos) e serviços (como diversão e internet) também
obtêm lucros e pagam salários para seus funcionários.
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Um efeito semelhante ocorre quando o governo alivia o peso dos tributos,
uma vez que a tributação eleva os preços dos bens e serviços e, por
consequência, reduz o consumo e, também, os investimentos. Dessa
maneira, a política fiscal pode elevar o crescimento da economia e, assim,
gerar emprego.
Também podemos analisar que a política monetária eleva a renda e o emprego
pela redução da taxa de juros, a qual encarece o crédito, os financiamentos e os
empréstimos. Isso ocorre porque, quanto menos custoso for o crédito, mais
consumo e investimentos acontecem.
Já por meio da política comercial e cambial, o governo controla a entrada de
produtos importados. Estes, por sua vez, em grande parte, são concorrentes do
produto interno ou doméstico. Por meio dessa política, o governo também
fomenta a venda de produtos domésticos para outros países (MATIAS-FERREIRA;
FERREIRA, 2015).
VOCÊ SABIA?
Que o governo avalia o crescimento econômico por meio do Produto Interno Bruto
(PIB)? O PIB, também podendo ser chamado de produto ou renda, representa o
somatório de todos os bens e serviços produzidos em um país ou região. Quanto o
produto aumenta, há crescimento, mas, no sentido inverso, chama-se recessão.
Para entender melhor sobre o assunto, você pode acessar o link:
<http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-
medido-o-produto-interno-bruto-pib (http://www.brasil.gov.br/economia-e-
emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib)>.
Quanto as políticas de rendas, a ação governamental busca reduzir as
desigualdades de renda, como as transferências diretas que o governo faz às
famílias carentes, a exemplo do Bolsa Família que é praticado no Brasil e outros
programas assemelhados realizados nos Estados Unidos e na Europa.
Além disso, temos, também, as políticas de preços mínimos, em que o governo
garante um preço mínimo aos produtores de certos alimentos — como arroz e
feijão — ao comprar seus produtos e estocá-los em um silo público ou arrendado.
http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib
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Visto os meios de ação governamental, vamos estudar, a seguir, como o governo
atuou no desenvolvimento da indústria brasileira.
1.2.3 Aspectos ensejadores para o desenvolvimento da indústria
estadunidense e brasileira
A economia brasileira começa a desenvolver a sua produção a partir do século
XVIII, sob a influência da produção do café — cuja produção foi iniciada em São
Paulo e se expandiu para o Rio de Janeiro e Minas Gerais —, que era o núcleo do
ciclo da renda em toda a economia nacional.
A partir do Governo Vargas (1930-1945), inicia-se uma preocupação maior em
fomentar a indústria. Contudo, o capital industrial brasileiro só passa a obter
maior dinâmica a partir do Governo de Kubitschek (1956-1961), quando o capital
estrangeiro ganha maior peso na economia (ABREU, 2014).
Enquanto que a indústria brasileira careceu de maior suporte governamental, a
exemplos de investimentos em infraestrutura, a produção estadunidense logrou
de sorte maior. Durante a formação econômica brasileira, o processo de plena
ocupação e integração do espaço nacional ficou por conta da rede unificada de
transporte — atualmente predominada pelo sistema rodoviário, que é o mais caro
do ponto de vista social — como forma de garantir a integridade do território
(GALVÃO, 1996).
Ao depender amplamente do sistema rodoviário, o isolamento produtivo entre
regiões, por outros modais, encarece e torna menos flexível a produção do país.
Isso impede o desenvolvimento econômico, uma vez que o desenvolvimento do
sistema de transporte constitui um fator importante para o alargamento da
estrutura produtiva nacional.
Como consequência, a ferrovia, que é positiva ao progresso da indústria, passou a
ser vista como um modal de enorme impacto desenvolvimentista em muitos
países, como nos Estados Unidos (GALVÃO, 1996).
Em trajetos de longa distância, os modais ferroviários e de cabotagem são menos
custosos e permitem uma produção mais eficiente, flexível e, consequentemente,
mais competitiva no mercado internacional.
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No decorrer da história econômica brasileira, o desenvolvimento ferroviário
sofreu muitos obstáculos, como o temor dos grandes proprietários de terras na
perda de poder local (VELHO, 1976 apud GALVÃO, 1996), ou, até mesmo, com as
críticas em diferentes segmentos na sociedade referentes aos altos gastos
públicos com a sua manutenção e implementação. Diferentemente do Brasil, nos
Estados Unidos, o setor ferroviário gozou de apoio político (GALVÃO, 1996).
Galvão (1996) cita alguns pontos desfavoráveis ao desenvolvimento das ferrovias e
hidrovias, como determinadas características naturais do território brasileiro e
orientação histórica do crescimento econômico do país para a exportação de
alguns produtos primários, a exemplo do café e da soja.
No primeiro ponto, quanto as características do território brasileiro, algumas
condições que dificultam a construção de ferrovias no Brasil são a topografia
ondulada, o clima tropical com alta pluviosidade, a densa floresta atlântica e a
localização geográfica dos principais rios. Todavia, vale lembrar que, em
condições semelhantes, a economia estadunidense desenvolveu esses modais.
Figura 4 - A cabotagem é considerada uma opção de navegação de longa distância, trazendo
eficiência no transporte de mercadorias. Fonte: Shutterstock, 2018.
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Já no que diz respeito a orientação história do país, a cultura exportadora de
poucos produtos primários limitou a dinâmica econômica e, consequentemente,
o mercado interno, o que também restringiu as ferrovias e as hidrovias a algumas
regiões do Brasil (GALVÃO, 1996).
Países que desenvolveram o transporte não rodoviário, por exemplo, sempre
foram o suporte econômico do mercado interno, o que ocasionou esse progresso
econômico. Ou seja, a densidade do mercado interno dita o desenvolvimento das
ferrovias e hidrovias.
De modo oposto à economia estadunidense, a excessiva concentração da
produção em poucas regiões (eixo Rio/São Paulo/Minas Gerais), como a produção
do café e outros agrícolas para a exportação (produtos então dominantes na
exportação brasileira), ensejou na economia brasileira um baixo nível de renda,
assim como a concentração de renda e da riqueza nacional em poucas regiões,
limitando o tamanho do mercado interno (GALVÃO, 1996).
Agora que vimos os entraves do desenvolvimento industrial brasileiro, vamos
estudar algumas escolas essenciais do pensamento econômico.
1.3 Escola clássica e neoclássica da
economia
A evolução do pensamento econômico apresentaalguns períodos bastantes
notáveis, como as ideias do livre-comércio. Essa ideia se coloca em oposição à
intervenção estatal na economia, como ocorrera no mercantilismo; ou à
intelectualidade de Karl Marx, que sobreviveu em um período de pauperismo
crônico na classe trabalhadora. Se pensado com cuidado, ela também se opõe à
compreensão de que a satisfação dos indivíduos, em relação à certa mercadoria,
pode gerar um valor, o qual difere da quantidade de trabalho empregada na
produção.
Contudo, Keynes traz um novo olhar para a economia ao observá-la sob a
natureza de que o sistema apresenta desequilíbrios e que o investimento
determina a produção. Na sequência, vamos estudar melhor sobre o assunto!
1.3.1 O pensamento clássico
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Anteriormente às ideias do fisiocrata escocês Adam Smith (1723-1790), mais
especificamente entre os séculos XV e XVIII, o mercantilismo predominava como
política de Estado. Essas políticas eram tratadas sob a noção de intervenção
estatal nas relações econômicas, e sob a compreensão de que a acumulação de
riquezas se mensurava pela acumulação de metais preciosos (ouro e prata), em
vez da geração da produção. Mas isso só vem a ser compreendido plenamente
durante a hegemonia britânica ou inglesa, em meados do século XVIII (HUNT;
LAUTZENHEISER, 2013).
Já entre os séculos XVII e XVIII, difundiu-se com mais intensidade as ideias de que
as restrições ao comércio e à produção, assim como a proteção ou favoritismo à
determinadas firmas, são prejudiciais aos interesses da nação. Entre os
pensadores que influenciaram esses preceitos e o pensamento liberal clássico, o
qual já vamos ver com mais detalhes, temos Gerard de Malynes (1586-1641),
William Petty (1623-1687) e Dudley North (1641-1691) (HUNT; LAUTZENHEISER,
2013).
Dudley North, por exemplo, entendia que os homens são motivados por
interesses individuais, e que, diante da liberalidade de atuação econômica, a
soma dos interesses individuais será benéfica para a sociedade (HUNT;
LAUTZENHEISER, 2013).
De acordo com Hunt e Lautzenheiser (2013), Mendeville, em 1714, ao contrapor o
código moral dominante, afirma que comportamento egoísta dos homens
permitirá o progresso econômico.
Nessa luta por sistema econômico livre, surgem os fisiocratas, pensadores
defensores de um sistema tributário menos desordenado, ineficiente e opressivo.
Tendo como base a França, temos François Quesnay (1694-1774), que defendia a
remoção de tarifas, subsídios (auxílio financeiro às firmas), regulamentações
nocivas à produção e ao comércio na economia francesa. Ele acreditava que a
sociedade deveria ser moldada pelas leis naturais, sem a interferência estatal.
Uma vez que compreendiam que a riqueza de uma nação provinha da terra, os
fisiocratas defenderam a substituição da pequena produção agrícola pela
produção do campo em larga escala (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013).
Adam Smith, durante a sua vida acadêmica, teve contato com diversos
intelectuais fisiocratas franceses, como Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781) e
o próprio Quesnay. Entretanto, as ideias de Smith se distinguiu das dos demais
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por ele ter sido o primeiro a elaborar um modelo completo e relativamente
coerente do sistema capitalista, ao tratar de sua natureza, estrutura e
funcionamento (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013).
Hunt e Lautzenheiser (2013) também mencionam que Smith, em 1776, aborda
sobre os benefícios do livre comércio para a sociedade e os aspectos da divisão
social do trabalho, a qual permite que cada trabalhador se especialize em uma
 Figura 5 - Adam Smith foi
defensor do livre-comércio, política da nação hegemônica nos séculos XVIII e XIX na Inglaterra.
Fonte: Shutterstock, 2018.
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função de produção, elevando a produtividade. Contudo, quando o filósofo fez
suas análises, a economia inglesa já estava bastante desenvolvida, com um modo
de produção capitalista consolidado.
A ótica de Smith, assim como a dos demais intelectuais do pensamento clássico —
inclusive David Ricardo e Karl Marx —, compreende que o valor de uma
mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho produzida. Essa teoria do
valor ficou conhecida como valor-trabalho (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013).
Ainda de acordo com Smith, o trabalho produtivo era aquele que gerasse a
acumulação de capital, ou seja, quando a renda obtida na produção supera os
custos de produção (salários, aluguel, insumo etc.) (HUNT; LAUTZENHEISER,
2013). Portanto, os trabalhos realizados pelas faxineiras ou copeiros, por exemplo,
seriam classificados como trabalhos improdutivos, pois não geram renda, apesar
de tais profissionais obterem salários.
David Ricardo (1772-1823) foi outro importante pensador clássico inglês, porém
não fisiocrata, que viria a influenciar, em grande parcela, a compreensão do
pensador alemão Karl Marx (1818-1883) sobre o sistema capitalista. Ainda que
ambos assumissem direções opostas — enquanto o primeiro defendia o
capitalismo, o segundo buscava introduzir ideias de como rompê-lo —,
cooperaram com o pensamento um do outro.
De acordo com Vasconcellos (2011), a abordagem de Ricardo compreende que a
introdução das máquinas e o progresso tecnológico, a despeito de elevarem a
produção, aumentaram o nível de desemprego, uma vez que a produção de uma
máquina corresponde à produção de diversos trabalhadores. Por consequência,
em virtude de a máquina ser mais produtiva do que o Homem, ela substitui a mão
de obra.
Marx, por sua vez, demonstra a mesma compreensão, mas como forma de
difundir a ideia da exploração do capitalista sobre o proletariado. Vale ressaltar
que Marx viveu um momento histórico, quando o trabalhador não tinha
quaisquer direitos, atuando sob uma jornada de trabalho que chegava, em muitos
casos, a 16 horas diárias, sem dias de folga ou férias (VASCONCELLOS, 2011).
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O pensador alemão denominou de mais-valia o excedente ou a diferença entre o
valor que o trabalhador produz e o que, de fato, recebe do empregador. Isso era
explicado pelos salários miseráveis. Dessa forma, a mais-valia era a ensejadora de
lucro. Por consequência, sem a mais-valia, não havia produção capitalista, tendo
em vista que esse sistema sobrevive graças à acumulação de capital, ou seja, à
geração de excedentes produtivos.
 Figura 6 - Karl Marx
foi defensor do comunismo, em que não haviam mais proprietários e despossuídos,
diferentemente do socialismo. Fonte: Elena Blokhina, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Com isso, Marx tutelou a ideia do comunismo, justamente por considerar que a
propriedade privada era a razão da exploração e, por efeito, o capital deveria ser
extinto. Assim, a classe trabalhadora deveria tomar o poder, em que, nessa fase
transitória que levaria ao comunismo, compreendida de socialismo, expropria-se
os excedentes de riqueza das classes mais abastadas para contemplar as carências
dos despossuídos.
Contudo, o pensador alemão previa a queda do sistema capitalista em função de
sua própria natureza, uma vez que o capitalismo precisa gerar excedentes e
explorar a mão de obra, gerando uma crise de superprodução, em que há uma
massa explorada incapaz de assumir esse consumo. Consequentemente, o capital
se desvaloriza.
Ofilme O jovem Karl Marx, de 2016, demonstra como o filósofo alemão tenta se inserir nos grupos dos
trabalhadores comunistas para exercer sua posição, contando com a ajuda de Friedrich Engels (1820-
1895), um jovem filho de industrial que discorda do conceito moral do sistema de produção vigente.
Vale a pena assistir e agregar conhecimentos sobre o assunto!
Temos como exemplo da desvalorização do capital a Crise de 1929, que ocorreu
nos Estados Unidos quando a queda nos preços das mercadorias gerou um efeito
deflacionário, ou seja, o declínio generalizado no nível de preços, que, por sua vez,
exacerbou-se, mesmo com a falência das empresas, ante um alto nível de
desemprego e pobreza (VASCONCELLOS, 2011; HUNT; LAUTZENHEISER, 2013;
IZIDORO, 2014). 
Fechamos a compreensão da escola clássica. Vejamos, agora, outras escolas que
vieram posteriormente.
1.3.2 Revolução marginalista e pensamento keynesiano
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Na segunda metade do século XIX, começa a haver uma preocupação em como
alocar os fatores produtivos (matérias-primas, máquinas e mão de obra) com
mais eficiência, em vista da escassez de recursos (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013).
O filósofo inglês Jeremy Bentham (1748-1832) compreendia a noção de valor-
utilidade, já que uma mercadoria receberá seu devido valor consoante o nível de
satisfação que ela gera. Assim, sob tal ótica, a Escola Austríaca inseriu autores
proeminentes em suas aulas, como Carl Menger (1840-1921), Stanley Jevons
(1835-1882) e Léon Walras (1834-1910), que compreendiam a utilidade marginal, a
qual avaliava o grau de satisfação adicional ao consumir mais de uma unidade de
certo produto. Essa satisfação ou valor-utilidade sofrem influência do grau de
escassez. Sua análise, portanto, leva ao encontro da utilidade marginal
decrescente, quando, depois de certa quantidade, a satisfação ou utilidade
declina.
Ao longo desse desenvolvimento da análise econômica, surge a teoria do
equilíbrio geral, fundada por Walras e seguida por Vilfredo Pareto (1848-1923). De
acordo com seu preceito, é quando toda a quantidade produzida no mercado se
iguala à quantidade que os consumidores estão dispostos a demandar.
Por outro lado, Alfred Marshall (1842-1924) direciona a análise da utilidade
marginal para a teoria da firma, na qual emprega os conceitos de produtividade
marginal, por exemplo, que seria o aumento adicional da produção ao aplicar
mais fatores de produção (VASCONCELLOS, 2011; HUNT; LAUTZENHEISER, 2013).
Keynes (2007), por sua vez, principia aquilo que é chamado de “revolução
keynesiana”, rompendo com os preceitos clássicos, como a Lei de Say, a qual
afirma que a oferta cria a demanda. Para ele, a demanda por consumo e
investimento gera ou estimula a produção.
O economista ainda pondera que o sistema não apresenta tendência ao equilíbrio
de mercado, sendo que os atores de mercado têm incertezas quanto ao futuro.
Isto é, a economia apresenta desequilíbrios, e, em um cenário de dúvidas sobre o
que virá, os empresários tendem a poupar. Isso significa que ocorre uma
preferência pela liquidez (moeda) em vez de bens ilíquidos (bens de capital), já
que não é incerto se vale a pena investir e se haverá obtenção de lucros com o
investimento. Por consequência, a redução do investimento gera queda na oferta
e no emprego, fazendo com que a renda do país caia (KEYNES, 2007).
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No entanto, o governo pode elevar o investimento reduzindo a taxa juros. Isso
ocorre ao se elevar a oferta da moeda. Keynes (2007) também propõe o aumento
dos gastos públicos para expandir o investimento e, com isso, a renda, em
especial, nos momentos de crise.
1.4 O pensamento liberal e o
pensamento socialista
A análise microeconômica observa as firmas e os consumidores individualmente.
Já a análise macroeconômica avalia os dados agregados, ou seja, o consumo de
todos os consumidores e a renda de toda sociedade. Assim, espera-se que, em
convergência com o pensamento liberal, os regimes democráticos, por
permitirem a liberdade civil, melhorem o ambiente de investimentos.
Enquanto isso, o pensamento socialista refuta a acumulação de riqueza sob a
ótica da propriedade privada por considerar a propriedade pública como única
benéfica para a sociedade.
Veremos, nos próximos itens, a resposta para diversas perguntas que podem estar
relacionadas a esse tema tão emergente no desenvolvimento das sociedades.
1.4.1 Fundamentos microeconômicos
A microeconomia aborda os aspectos individuais. Isso significa que ela analisa o
comportamento dos indivíduos e das empresas. Afinal, cada indivíduo possui um
comportamento de consumo, o qual é estudado na teoria do consumidor; assim
como o desempenho da empresa é explorada na teoria da firma.
A teoria do consumidor compreende que os indivíduos sofrem de escassez. Ou
seja, em razão da restrição orçamentária que atinge a sociedade, o consumidor
sofre um trade off (um dilema). Por exemplo, se você dispõe de R$ 200,00 e deseja
comprar um computador ao preço de R$ 150,00 e um tênis que custa R$ 180,00,
sua escolha terá que pender para um dos lados.
A teoria da firma, por outro lado, avalia a melhor combinação entre fatores de
produção (ferramentas, matéria-prima, mão de obra etc.) para gerar determinada
quantidade de mercadorias. Em virtude disso, ela precisa analisar o nível de custo,
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considerando que a empresa visa maximizar os lucros, uma vez que quanto maior
a receita em comparação aos custos, maior será o nível de lucro.
Dessa forma, ao avaliar a relação entre firmas e consumidores, observa-se que,
quando os preços estão abaixo do nível de equilíbrio, a demanda aumenta e a
oferta fica desestimulada. Então, passa a haver um excesso de demanda e,
portanto, uma escassez de oferta, que faz com que os preços subam até o nível de
equilíbrio ou de igualação entre oferta e demanda. E se os preços estão acima do
nível de equilíbrio, haverá escassez de demanda e excesso de oferta, até que os
preços baixem em direção ao nível de equilíbrio (VASCONCELLOS, 2011; FERREIRA,
2015).
Além disso, também temos os fundamentos macroeconômicos, os quais
estudaremos na sequência.
1.4.2 Fundamentos macroeconômicos
A macroeconomia não analisa as firmas ou os consumidores individualmente,
como faz a microeconomia. Com ela, analisa-se o conjunto desses elementos. Por
isso o termo “macro”, já que ela estuda as variáveis econômicas de modo amplo,
ou seja, observa os agregados da economia.
Dessa forma, a análise macroeconômica não estuda os preços, mas o nível geral
de preços, cuja variação positiva (quando o nível geral de preços atual está maior
do que o anterior) faz com que ocorra o fenômeno que chamamos de inflação.
A teoria macroeconômica estuda as políticas econômicas (fiscal, monetária,
cambial e comercial e de rendas); as ações do governo, como quando deseja
reduzir a inflação, elevando a taxa de juros ou reduzindo o gasto público; ou,
também, quando objetiva elevar a renda, diminuindo a taxa de juros ou
aumentando os gastos governamentais.
Assim, ao estimular o consumo, isto é, a demanda das pessoas pelo consumo —
ou das firmas por investimentos —, o governo pode aumentar o salário mínimo,
no primeiro caso; e reduzir a taxa de juros, no segundo caso. Dessa forma, tornará
menos custosos os financiamentos e os empréstimos (VASCONCELLOS, 2011;
FERREIRA, 2015).
Agora que vimos os aspectos micro e macroeconômicos, vejamos como se
diferenciam no capitalismo e socialismo.
1.4.3 Capitalismo e socialismo: aspectos micro e macroeconômicos
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O capitalismo — igualmente chamado de economia de mercado, uma vez que
permite que os preços sejam formados pela dinâmica do mercado, sem
tabelamentos ou mecanismos de fixação de preços pela ação estatal — advoga
pelas liberdades econômicas, perante à livre atuação profissional e direito à
propriedade.
Dessa forma, na economia de mercado, a propriedade é privada, a qual está em
posse do capitalista, ou seja, do produtor que emprega mão de obra. Assim, ainda
que a compreensão da economia de mercado tome a direção do liberalismo
econômico, que significa a menor participação possível do Estado na economia,
considera-se a atuação governamental como forma de regulação da economia.
Com isso, há a possibilidade de uma grande empresa não sucumbir a
concorrência e, assim, monopolizar o mercado, impedindo a dinâmica dos preços
sob uma concorrência mais equilibrada (VASCONCELLOS, 2011).
Em sentido inverso, o socialismo, dito também como economia planificada,
permite o maior peso da propriedade pública. Aliás, o regime socialista mira
aniquilar a propriedade privada, a qual é vista como um meio de opressão do
capitalista sobre o trabalhador.
Consequentemente, de acordo com a dinâmica do mercado, os preços não
flutuam (VASCONCELLOS, 2011). Inclusive, no comunismo, que é a fase final (após
o socialismo), a moeda é extinta, o que torna aniquilado o mecanismo de preços,
tendo em vista que a acumulação do capital passa a inexistir.
Entre as diversas críticas dos regimes capitalista e socialista, temos que o primeiro
é excludente, ou seja, a liberdade econômica alcança somente os possuidores de
capital, enquanto os demais atores na sociedade são oprimidos. Já o segundo
regime é classificado como ineficiente produtivamente, pois a produção estatal
tende a ser mais custosa, já que visa atender ao público por completo, em vez de
racionalizar a lógica do lucro, desestimulando, assim, a inovação.
Por exemplo, um banco público pode ser obrigado pelo governo a manter
agências deficitárias financeiramente em municípios mais carentes, além de
manter as taxas de juros menores. Já os bancos privados colocam agências
apenas onde têm lucros, além de poder aplicar taxas de juros maiores. Portanto, a
lógica do lucro tende a ser mais eficiente, por ser permissível a eliminação de
prejuízos e a maximização dos ganhos.
1.4.4 Padrões políticos e econômicos no Brasil e na China
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A China é uma nação sob um regime ditatorial e de ideologia socialista, porém
pratica a economia de mercado. No território chinês, devido ao grande peso do
Estado na economia, muitas das grandes empresas são estatais. Isso significa que
elas estão sob a orientação governamental, mas aceitam a participação do capital
privado, sendo que, inclusive, estão listadas nas bolsas de valores, como o Banco
da China e da PetroChina.
A democracia, por ensejar liberdades individuais, vai de encontro às liberdades
econômicas, ainda que esses sentidos não sejam os mesmos. Por exemplo, um
governo pode permitir a opinião política dos cidadãos, mas criar restrições ao
fluxo comercial. Todavia, as exigências dos atores da sociedade, em um regime
democrático, ensejam maior pressão de diversos atores sociais pelas aberturas
econômicas. 
O artigo “Democracia e Desenvolvimento Econômico: relação de identidade, instrumentalidade ou
contradição?” cita com maiores detalhes o que estudamos sobre a democracia, a qual permite o
controle sobre o governo. No entanto, por ela não ser suficiente a ponto de gerar riquezas, há a
necessidade de liberdades econômicas. Leia o texto completo no link:
<http://www.abdconst.com.br/revista/ARTIGO%205.pdf
(http://www.abdconst.com.br/revista/ARTIGO%205.pdf)>. 
Na economia chinesa, a despeito da censura política, foram criadas as Zonas
Econômicas Especiais (ZEE) durante as reformas econômicas de Deng Xiaoping na
década de 1970, para a abertura econômica e atração de capital estrangeiro na
sua estrutura produtiva (NONNENBERG, 2010). Além disso, os investimentos
públicos em infraestrutura se tornaram vultosos. 
VOCÊ QUER LER?
http://www.abdconst.com.br/revista/ARTIGO%205.pdf
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Já a estrutura política brasileira oportuniza a participação dos cidadãos e a
pluralidade dos partidos políticos, enquanto que as liberdades civis e as políticas
são amplas. Entretanto, o país não consegue a mesma dinâmica econômica
chinesa.
Os investimentos em infraestrutura, ciência e tecnologia no Brasil são bastante
retardatários com relação aos aplicados na China, faltando recursos para o
desenvolvimento das ferrovias e da pesquisa em tecnologias de alta intensidade
nos diversos segmentos econômicos.
Figura 7 - Na produção chinesa, os altos investimentos em ciência e tecnologia garantiram um
desenvolvimento econômico sob a forte participação do Estado. Fonte: BartlomiejMagierowski,
Shutterstock, 2018.
VOCÊ QUER LER?
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Para compreender melhor como a China pratica uma economia de mercado — na qual se busca a
abertura econômica, por exemplo —, que substanciou no crescimento elevado, leia o artigo “China:
estabilidade e crescimento econômico”, de Marcelo José Braga Nonnenberg. O texto está disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572010000200002
(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572010000200002)>.
Por consequência, temos que não necessariamente o regime democrático é
suficiente para a geração de riquezas, visto que falta, possivelmente, maior
integração do mercado brasileiro a outros mercados no mundo, além de
investimentos em setores essenciais para o desenvolvimento da estrutura
produtiva.
Síntese
Concluímos a unidade relativa à formação do pensamento econômico. Agora,
você já conhece os períodos hegemônicos, os fundamentos da micro e
macroeconomia, entre outros pontos relevantes da economia.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
entender que a EPSM integra em sua análise o Estado, o mercado e
sociedade;
analisar que a ótica neoliberal exerce dominância, em especial após a queda
da União Soviética, em 1991;
compreender que os fisiocratas defendiam que o livre-comércio era
benéfico para a sociedade;
perceber que a revolução marginalista aplica a utilidade marginal;
entender que Keynes afirma que investimento determina a oferta;
absorver que o capitalismo é a economia de mercado, enquanto que o
socialismo corresponde à economia planificada;
compreender que a democracia enseja o progresso econômico, mas não
necessariamente como demonstra a China.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572010000200002
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