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x- sua concepção o espetáculo está presente em toda a sociedade: “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se representação”. Debord x- expõe uma forte crítica ao espetáculo como sendo um resultado dos modos de produção existente. Nesta passagem, o autor deixa claro que vê o espetáculo como um meio de dominação da sociedade e como uma forma de afirmação das escolhas já feitas na hora da produção. O espetáculo atua a favor do capitalismo e o consumo acaba sendo consequência. x- A partir dessa inferência, já fica claro no pensamento do autor a ideia de que o público é alienado e passivo frente às investidas do espetáculo e que só lhe resta consumir as imagens e os produtos que lhe são oferecidos. x- O espetáculo discutido por Debord vai muito além da presença dos meios de comunicação de massa no cotidiano das pessoas. Segundo o autor, o espetáculo é a própria sociedade e, por assim ser, torna-se o principal instrumento de unificação social, ou seja, por meio da imagem se cria a realidade e essa realidade construída realiza a unidade da vida. Isso fica evidenciado na seguinte afirmação: O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens. (Debord, 1997:14). x- Um exemplo, entre tantos presenciados por toda a humanidade no atual contexto de novas tecnologias de comunicação e informação, em que as mazelas sociais são vistas por todos em tempo real, diz respeito à guerra que os americanos estão fazendo no Iraque. É notório que o conjunto de imagens desse espetáculo bélico pauta as reflexões de muitos, seja em movimentos de apoio às ações do governo americano, seja nos diversos movimentos de protesto. De qualquer forma, o que fica é o espetáculo, pois são as inúmeras imagens dessa guerra que constroem a unidade social. x- Sobre isso, cabe resgatar a afirmação de Marx de que, Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência (Marx, 1997:24). Portanto, é correto afirmar que a sociedade espetacular guia o pensar e o agir das pessoas na vida cotidiana. As relações humanas não são mediadas apenas pelas coisas, pelas mercadorias, mas pelas imagens construídas pelo espetáculo. x- Na sociedade espetacular, conforme a visão do autor, o sistema econômico produz o isolamento de forma circular por meio da produção de bens. A televisão, o automóvel e outros são instrumentos que ocupam o lugar do diálogo, da convivência e reforçam a separação, o isolamento. Isso se exemplifica atualmente, pelo número de horas que muitas pessoas gastam da sua vida a contemplar os programas de televisão, bem como na alegria de adquirir um novo carro. Debord caracteriza isso como: A alienação do espectador em favor do objeto contemplado. x- se expressa assim: quanto mais contempla, menos vive, quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria existência e seu próprio desejo. (Debord, 1997:24). Desse modo, as pessoas tornam-se telespectadoras do mundo. Assistem ao mundo, em vez de agir, de buscar uma transformação social. x- Outro aspecto interessante apresentado por Debord sobre a Sociedade Espetacular diz respeito à oposição a essa mesma sociedade. O autor afirma que a oposição ao espetáculo se transformou em revoltas puramente espetaculares. Faz, assim, uma crítica contundente às correntes políticas: social-democracia, anarquismo, leninismo, trotskismo e outras. Essas correntes de oposição ao espetáculo, ao invés de construir uma outra sociedade, na realidade expressam o espetáculo moderno. x- Debord, em 1988, comentou a Sociedade do Espetáculo e afirmou que o espetáculo se aperfeiçoou, pois se realiza pela combinação de cinco aspectos: “a incessante renovação tecnológica, a fusão econômico- estatal, o segredo generalizado, a mentira sem contestação e o presente perpétuo (Idem, 175). Desse modo, o espetáculo fica cada vez mais “profissional” a medida que há uma busca incessante pela inovação tecnológica. x- A Sociedade Espetacular é uma sociedade de voyerismo. Por ser assim, cria sofrimentos Debord, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. Debord, Guy. Comentarios sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto,1997.
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