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Política portuária brasileira APRESENTAÇÃO O Brasil indica uma determinada carência de princípios norteadores para acelerar o seu processo de ampliação e modernização dos portos brasileiros, visto que a adoção de uma Política Portuária Nacional bem definida e alinhada aos principais setores econômicos do país pode ser uma estratégia ou válvula de escape imprescindível para o fomento do setor portuário, visando a facilitar o desenvolvimento deste, de forma equilibrada e efetiva, tornando o país mais competitivo perante os países desenvolvidos. Além disso, é fundamental que essa política vise à eliminação de barreiras desfavoráveis à entrada de mercadorias estrangeiras e favoreça a saída de produtos brasileiros para o exterior, mantendo o ritmo dos terminais portuários, os quais batem seguidamente recordes de movimentação de mercadorias, e os portos, de uma forma geral, apresentam movimentação de tonelagem de cargas, cada vez maior. Neste Unidade de Aprendizagem, você estudará assuntos pertinentes à adoção de uma política portuária que seja favorável ao setor logístico do Brasil, podendo avaliar essa necessidade de acordo com as carências do sistema portuário atual. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Revisar a estrutura da Política Portuária Nacional adotada pelo Brasil, de acordo com as demandas do setor da logística portuária. • Discutir o planejamento portuário brasileiro.• Interpretar o Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP).• DESAFIO A obtenção de estimativas da capacidade de movimentação da instalação portuária é um processo que implica no planejamento dos carregamentos e descargas de mercadorias, demandando uma metodologia básica de análise. O porto de Santos necessita verificar a capacidade de movimentação de uma de suas instalações e, de acordo com o estipulado no PNPL, é importante que a metodologia a ser utilizada na identificação dessas necessidades seja padronizada e apoiada em hipóteses uniformes. Você foi designado pelo seu gestor para realizar essa estimativa, verificando essa capacidade de movimentação, sem deixar de levar em consideração tanto as características físicas quanto as operacionais do terminal, a fim de melhorar o planejamento de carga e descarga desse ponto. Baseado em uma metodologia básica de verificação, defina a decomposição desse terminal por meio de dois tipos de componentes. INFOGRÁFICO O novo marco do setor portuário está sendo um fator fundamental para a reorganização institucional dos órgãos responsáveis pelos portos. No infográfico, você verá como era essa organização em 1993, conforme determinado pela Lei no 8.630/1993, além disso, poderá verificar como ficou o novo modelo depois de reorganizado, de acordo com a Lei no 12.815/2013: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Será apresentado, neste momento de reflexão, informações voltadas à política portuária brasileira, sobre a qual sabemos que é uma ferramenta fundamental para a tomada de decisões por parte dos setores de planejamento. É por meio dela que se estuda e analisa os principais fatores que devem ser inseridos ou eliminados de um sistema, explora sobre esse assunto e reflita sobre a importância de se ter uma política adequada que preze pelo desenvolvimento e crescimento da economia do país. Leia o capítulo Política portuária brasileira, da obra Logística portuária. LOGÍSTICA PORTUÁRIA Elionai José dos Santos Política portuária brasileira Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Revisar a estrutura da política portuária nacional adotada pelo Brasil de acordo com as demandas do setor da logística portuária. Discutir o planejamento portuário brasileiro. Interpretar o Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP). Introdução O Brasil indica uma determinada carência de princípios norteadores para acelerar o seu processo de ampliação e modernização dos portos brasileiros. A adoção de uma política portuária nacional bem definida e alinhada aos principais setores econômicos do país pode ser uma estratégia (ou válvula de escape) imprescindível para o fomento do setor portuário, visando facilitar o seu desenvolvimento de forma equilibrada e efetiva, tornando o país mais competitivo perante os países desenvolvidos. Além disso, é fundamental que essa política vise a eliminação de barreiras desfavoráveis à entrada de mercadorias estrangeiras e favoreça a saída de produtos brasileiros para o exterior, mantendo o ritmo dos terminais portuários, os quais batem seguidamente recordes de movimentação de mercadorias, e os portos que, de uma forma geral, apresentam mo- vimentação de tonelagem de cargas cada vez maior. Neste capítulo, você estudará assuntos pertinentes à adoção de uma política portuária que seja favorável ao setor logístico do Brasil, po- dendo avaliar essa necessidade de acordo com as carências do sistema portuário atual. Esse material também tem como objetivo lhe conduzir a discussões coesas sobre o planejamento portuário brasileiro. Você poderá investigar e explorar planos de ações que foram elaborados a fim de cumprir com a política preestabelecida pelo país. Esse estudo também poderá lhe facilitar a interpretação das diretrizes estudadas e estipuladas pelo Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) (ASSES- SORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2018). Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 1 27/02/2018 11:55:54 Estrutura da política portuária nacional adotada pelo Brasil Toda política visa providenciar o fomento necessário para um determinado setor. Sabemos que os portos brasileiros são constituídos por instrumentos cruciais para o desenvolvimento socioeconômico de uma país, o que indica que eles requerem medidas permanentes de aperfeiçoamento e melhorias estruturais para eliminar qualquer distorção que venha a prejudicar a efi ciência na minimização dos altos custos logísticos, os quais são gerados por práticas e operações inadequadas. Sob a ótica empresarial, para trabalhar no combate do excesso de burocracia, além intervir na política intervencionista. O Brasil é provido de uma natureza privilegiada. Estudos mostram que o país possui cerca de 9 mil km de costa navegável, um vasto território carente de uma integração produtiva, de investimentos, de geração de empregos e de uma distribuição de renda melhor, sedento pela ampliação das exportações de mercadorias ou serviços. Precisamos reconhecer a importância da implantação de uma política estratégica para o setor portuário, que atue no sentido de solucionar seus principais problemas e alavancar o crescimento da economia brasileira. De acordo com a Proposta da Comissão Portos (2011), é imprescindível que o país tenha uma política portuária nacional com fundamento nos se- guintes princípios: 1. a defesa da Lei dos Portos e dos princípios nela inscritos; 2. primazia e importância dos Conselhos de Autoridade Portuária (CAPs) no planejamento, administração e coordenação dos assuntos que en- volvam a administração do porto; 3. redução de custos e melhoria da competitividade nos quesitos: a) desburocratização/minimização da interferência estatal; b) desoneração dos investimentos; c) estímulo permanente à participação da iniciativa privada nos inves- timentos e na atividade portuária; d) alteração do atual sistema de arrendamento de áreas e instalações, dando maior ênfase aos critérios de menores tarifas e maior pro- dutividade e menos destaque ao valor financeiro ofertado pelos interessados na outorga; e) investimento em tecnologia e na formação de mão de obra; f) melhoria da produtividade; g) melhoria da logística de acesso; h) administração do porto autônoma, ágil e com foco no mercado. Política portuária brasileira2 Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 2 27/02/2018 11:55:54 Para um maior entendimento da estrutura portuária do Brasil,é importante sabermos quem são os órgãos que formam o sistema de controle dos portos, sendo as entidades signatárias do País. São elas: Associação Brasileira das Empresas Operadoras de Regimes Aduaneiros (Abepra); Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec); Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP); Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra); Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB); Associação Nacional das Empresas Permissionárias de Portos Secos (ANPS); Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Cargas (Anut); Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave); Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC); Confederação Nacional da Indústria (CNI); Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop); Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan); Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram); Instituto Aço Brasil; Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco (Sindalúcar); Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma). Além dos princípios e entidades signatárias, cabe aos profissionais da logística portuária investigar o Novo Marco do Setor Portuário: lançamento da MP dos Portos em 6 de dezembro de 2012; aprovação pelo Congresso Nacional em 16 de maio de 2013; sanção da Lei nº 12.815 em 5 de junho de 2013 e Publicação do Decreto nº 8.033 em 28 de junho de 2013. O setor portuário vem passando por momentos favoráveis ultimamente, nos quais alguns objetivos vêm sendo trabalhados para fortalecer essas melhorias vividas pelo setor, de acordo como a Lei nº 12.815/13 (BRASIL, 3Política portuária brasileira Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 3 27/02/2018 11:55:54 2013b) e o Decreto nº 8.033/13 (BRASIL, 2013a). Os principais objetivos estão listados a seguir (SILVEIRA, 2014). Eliminar barreiras à entrada: ■ aumentar a oferta de instalações portuárias; ■ licitações de arrendamentos em portos organizados e autorizações de Terminais de Uso Privado; ■ fim da diferenciação entre carga própria e de terceiros. Eliminar custos: ■ fim da outorga como critério de licitação. Agilizar procedimentos: ■ leilão para licitação de concessões e arrendamentos; ■ processo de autorização de Terminais de Uso Privado. Aprimorar a gestão portuária: ■ regulamento simplificado para contratação de bens e serviços; ■ compromissos de metas e desempenho empresarial. Demanda da logística portuária brasileira Sabemos que o transporte marítimo pode ser visto como o “maestro” da logística internacional. Ainda que o modal aeroviário tenha um bom fl uxo, são os portos a grande porta de entrada e de saída para o comércio exterior em nosso país. O equilíbrio entre a capacidade de produção e a demanda deve ser a principal diretriz para qualquer sistema que queira ser competitivo neste mercado globalizado. Cabe ressaltar que essa é uma tendência mundial. Afinal, aproximada- mente 80% de todo o transporte de cargas no mundo é realizado por via marítima, que é utilizada por mais de 150 países espalhados pelo globo. Infelizmente, esse setor da economia brasileira passa por diversos desafios quando se trata da logística portuária nacional. Apesar disso, a grande de- manda por movimentações de cargas alavanca a economia do país e fortalece a necessidade de ampliação e de crescimento desse canal de circulação de riquezas. Os principais desafios logísticos são: ineficiência portuária, alto custo de embarque, burocracia acentuada, dificuldades de interligação com outros modais de transporte, etc. Vamos verificar agora esses desafios e as demandas desse setor. Ineficiência portuária: responsável por causar filas e congestionamentos nos portos. Sem esquecer, é claro, que milhares de produtos são perdidos devido à demora da alfândega para liberação das cargas. Sabemos que todo meio de Política portuária brasileira4 Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 4 27/02/2018 11:55:55 transporte que circule com mercadorias deve ser fiscalizado, principalmente nos portos, por onde entra a maioria das mercadorias estrangeiras. Porém, há muita coisa a ser aperfeiçoada, e um sistema de segurança não pode inviabilizar toda a cadeia logística de um país. Alto custo de embarque: outro fator fundamental na formação da cadeia logística do país, que vem sendo um grande obstáculo para o sistema portuário. Mesmo apresentando algumas melhorias atualmente, ainda estamos em posição desprivilegiada perante os outros países, deixando-nos em desvantagem a nível internacional. Burocracia acentuada: temos a fama de um país burocrático, e diversos setores, incluindo a logística portuária, enfrentam procedimentos extremamente burocráticos, tornando os nossos processos onerosos e lentos e provocando perdas significativas para a economia e a sociedade brasileira. A soma de toda essa burocracia e da falta de investimentos em infraestruturas portuárias, além do despreparo em relação aos países europeus e asiáticos, pode agravar ainda mais a situação, transformando essas dificuldades em um tremendo gargalo em busca de melhores resultados. Dificuldades de interligação com outros modais de transporte: quando se fala em eficiência, esse desafio se torna o mais problemático para um sistema logístico que precisa crescer e reduzir custos. Obter um nível ade- quado de integração e comunicação entre portos e os demais meios de transporte exige um alto índice de investimentos e manutenção do sistema. O retorno desse investimento, em se tratando de um mundo globalizado, pode ser revertido em lucro em curto a médio prazo. A consequência dessa integração seria: maior circulação de mercadorias e capital no país, redução do índice de ocupação dos galpões e centros de armazenamentos, menor emissão de gases poluentes do meio ambiente, maior incentivo à importação e exportação de materiais, fortalecimento da malha logística do país, etc. Tudo favorecendo a logística portuária. A demanda portuária implora por melhorias. No entanto, medidas a curto prazo precisam ser adotadas, das quais podemos citar: identificar vocações dos portos brasileiros conforme áreas de influência; realizar intervenções na estrutura e nos sistemas de gestão; dar prioridades para novos investimentos; autorizar que novos portos sejam criados e destinados à exploração portuária; criar políticas de desenvolvimento urbano nas cidades em que estão localizados portos e áreas estratégicas. 5Política portuária brasileira Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 5 27/02/2018 11:55:55 Planejamento portuário brasileiro Com o objetivo de atingir um modelo de gestão efi ciente e capaz de tornar os portos cada vez mais rentáveis, competitivos, autossustentáveis e autônomos, o Governo Federal vem aperfeiçoando de forma contínua o planejamento do setor portuário nacional. Podemos verifi car essa atitude por meio do conjunto de ações institucionais e de gestão com o objetivo de dotar o setor portuário nacional de condições para o seu crescimento e desenvolvimento, ambos associados à expansão da economia brasileira — iniciativa da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR), atualmente sob a gestão do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA). Outro marco importante para o sistema portuário foi a publicação da nova Lei dos Portos (nº 12.815/13), que teve um papel fundamental na or- ganização das atribuições e reponsabilidades, determinado as funções do governo e da iniciativa privada nos diversos níveis. Também acabou com a individualidade e promoveu a garantia de um planejamento integrado. A partir desse novo marco regulatório, coube à Secretaria de Portos a missão de elaborar o planejamento setorial em conformidade com as políticas e diretrizes de logística integrada, abrangendo tanto acessos portuários quanto infraestrutura e desenvolvimento urbano (MESQUITA, 2016). Conjuntode instrumentos de planejamento para o setor portuário nacional De acordo com a Secretaria Nacional de Portos (MESQUITA, 2016), para estimular a melhoria na gestão dos portos, no dia 7 de janeiro de 2014 foi publicada, no Diário Ofi cial da União, a Portaria SEP/PR nº 03, a institu- cionalização do PNLP e, além dele, os demais instrumentos que passaram a formar o conjunto do planejamento do setor portuário nacional: o Plano Mestre, o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) e o Plano Geral de Outorgas (PGO). A referida portaria (BRASIL, 2014) também regula- mentou a compatibilização entre o planejamento portuário nacional, de competência da SEP/PR — por meio do PNLP, dos Planos Mestres e do PGO — e o planejamento local, de responsabilidade das autoridades portuárias (realizado via PDZ). A preocupação do governo em estimular essas melhorias dos planos deve ser vista como um grande passo para termos um sistema portuário mais eficiente e integrado com os demais meios de transporte, alavancando a economia e estimulando o investimento no setor logístico. Dessa forma, Política portuária brasileira6 Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 6 27/02/2018 11:55:55 vejamos como ficam definidos os respectivos planos segundo a Secretaria de Portos (MESQUITA, 2016): I — O Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) ficou definido como um instrumento de Estado de planejamento estratégico do setor portuário nacional, que visa identificar vocações dos diversos portos, conforme o con- junto de suas respectivas áreas de influência, definindo cenários de curto, médio e longo prazo com alternativas de intervenção na infraestrutura e nos sistemas de gestão, garantindo a eficiente alocação de recursos a partir da priorização de investimentos, evitando a superposição de esforços e consi- derando as disposições do Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (Conit). II — O Plano Mestre é o instrumento de planejamento de Estado voltado à unidade portuária, considerando as perspectivas do planejamento estratégico do setor portuário nacional constante do PNLP, que visa direcionar as ações, as melhorias e os investimentos de curto, médio e longo prazo no porto e em seus acessos. III — O Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) refere-se ao instru- mento de planejamento operacional da administração portuária, que compa- tibiliza as políticas de desenvolvimento urbano dos municípios, do Estado e da região onde se localiza o porto. Por meio do PDZ, visa-se, no horizonte temporal, o estabelecimento de ações e de metas para a expansão racional e a otimização do uso de áreas e instalações do portuárias, com aderência ao PNLP e respectivo Plano Mestre. IV — O Plano Geral de Outorgas (PGO), consolidado como um instrumento de planejamento de Estado, consiste em um plano de ação para a execução das outorgas de novos portos ou terminais públicos e privados, sendo este respon- sável por reunir a relação de áreas a serem destinadas à exploração portuária nas modalidades de arrendamento, concessão, autorização e delegação, com respectivos horizontes de implantação, tomando como base o planejamento do poder concedente, das administrações portuárias e da iniciativa privada. Outro ponto de evolução do planejamento portuário foi consolidado pelo Novo Marco do Setor Portuário, redigido pelo Ministro-Chefe da Secretaria de Portos e a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (SILVEIRA, 2014). Nele ficaram definidas diretrizes que visam a retomada do planejamento no setor portuário: planejamento portuário na Secretaria de Portos; planejamento logístico integrado de transporte terrestre e aquaviário; Plano Nacional de Dragagem II; integração das autoridades nos portos — fazendária, policial, de saúde, sanitária e marítima — e criação da Comissão Nacional das Autoridades nos Portos (Conaportos). 7Política portuária brasileira Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 7 27/02/2018 11:55:55 O principal objetivo desses planejamentos é conectar todos os instrumentos, deixando-os configurados de maneira que formem um conjunto funcional, conforme ilustrado na Figura 1. Figura 1. Instrumentos conectados, formando um sistema funcional. Fonte: Mesquita (2016). Ressaltamos que essas configurações renderam um ganho importante para as autoridades portuárias, proporcionando que elas passassem a registrar suas demandas nos planos estratégicos do governo. Com isso, foi criada uma agenda de compromissos, tendo o desenvolvimento de cada porto em conformidade com as ações das diversas outras áreas de governo. Antes desses acontecimentos, o governo já vinha se valendo da utilização desses instrumentos por meio da elaboração do PNLP, o qual servia como suporte para a definição do novo marco legal e, mais recentemente, para a elaboração dos estudos referenciais de novos arrendamentos nos portos nacionais. É importante salientar que, para o setor portuário, a Portaria SEP/PR nº 03 (BRASIL, 2014) significa a formalização do resgate do planejamento portuário nacional, passando a ser um indicador para atração de novos investimentos, identificação de oportunidades, participação da sociedade no desenvolvimento Política portuária brasileira8 Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 8 27/02/2018 11:55:55 dos portos e da sua relação com as cidades e com o meio ambiente. Além disso, representa a integração com as políticas de expansão da infraestrutura nacional de transportes e a racionalização da utilização de recursos públicos. Investigue e se aprofunde nesse assunto dos planos explorando os sumários executivos dos Planos Mestres, a versão completa desses Planos, a sua atualização e o PDZ no site de Planejamento Portuário Nacional (MESQUITA, 2016). https://goo.gl/6bfAFa Plano Nacional de Logística Portuária Conforme discriminado pela Secretaria Nacional de Portos (MESQUITA, 2016), o já citado Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) faz parte de um conjunto de instrumentos previstos pela Portaria da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) nº 03/14 (BRASIL, 2014), que também traz orientações para os estudos dos Planos Mestres, do PDZ e do PGO anteriormente referidos. O passo inicial para a sua formação foi o planejamento setorial. O início formal do processo de planejamento setorial de longo prazo tem, como base, a construção do primeiro PNLP, ainda durante o período de for- mulação da Lei nº 12.815/13. O PNLP foi elaborado com o objetivo de ser uma ferramenta de apoio na tomada de decisões e na busca de resultados para os problemas provocados pela falta de uma estrutura uniforme na divisão clara de tarefas e responsabilidades entre entidades públicas e privadas, informa a Secretaria de Portos (MESQUITA, 2016). O PNPL é a principal ferramenta utilizada pelo país, numa reação do Governo frente aos desafios enfrentados pelo setor portuário do Brasil. Sabe- mos que algumas medidas estão sendo elaboradas pelo plano, a fim de criar melhores condições de crescimento e desenvolvimento do setor portuário e da economia brasileira. Dentre as medidas em andamento, podemos destacar: 9Política portuária brasileira Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 9 27/02/2018 11:55:55 melhoria das vias de acesso rodoferroviário ao porto e da integração porto–ferrovia; implantação do projeto “Porto sem Papel” e redução do número de órgãos intervenientes na atividade portuária; adoção de licitações na modalidade de projetos e menores tarifas básicas, com a eliminação das onerosas licitações financeiras; fortalecimento dos Conselhos de Autoridade Portuária (CAPs), empe- nhando esforços para a participação das Federações da Agricultura, Comércio e Indústria no bloco dos usuários; política permanente de estímulo aos investimentos para a construção, modernização e ampliação das instalações portuárias, inclusive da rede de portos secos, com vistas a atender ao crescimento do comércio; redefinição do sistema tributário e de taxações nos setores portuárioe marítimo (para eliminar, entre outras, as taxas a título de presença de carga, de emissão de papéis, de certificações, de registro e de visita a navios); continuação da atual política de dragagem; extinção da cobrança da tarifa de dragagem de manutenção; estímulo à criação de Portos Concentradores de Cargas (Hub Ports), em condições de operar os maxinavios de granéis e de carga geral; adequação e modernização das relações trabalhistas portuárias, aten- dendo às recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT); fortalecimento das navegações de cabotagem e fluvial; criação e implantação de medidas para diminuição do tempo de trânsito de cargas nos portos; revisão do atual modelo de prestação de serviços de praticagem nos portos brasileiros, visando a redução de preços e aumento da eficiência e competitividade; implementação de um sistema de gestão operacional para racionalização e controle do tráfego marítimo (VTMS); efetivação do conceito “porto 24 horas”, disponibilizando ininterrupta e eficientemente os serviços essenciais; Política portuária brasileira10 Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 10 27/02/2018 11:55:56 modernização e uniformização dos procedimentos e da interpretação da legislação por parte das autoridades intervenientes — Receita Federal do Brasil, Alfândega, Anvisa, etc. (COMISSÃO PORTOS, 2011). A partir do PNLP, o Ministério elabora os diagnósticos e prognósticos do setor portuário para a avaliação de cenários e a proposição de ações de médio e longo prazo que permitem a tomada de decisões em seis principais áreas temáticas: infraestrutura, operações, capacidade, logística e acessos, gestão e meio ambiente (MESQUITA, 2016). Vamos nos inteirar da projeção de demanda e carregamento da malha, de acordo com o PNPL (MESQUITA, 2016). Referente à projeção, é importante sabermos que, no Brasil, a movi- mentação portuária é predominantemente de cargas da navegação de longo curso, que representa 74% do total movimentado, seguida pela navegação de cabotagem, com participação relativa de 21%. A Figura 2 apresenta a participação de cada tipo de navegação no total da movimentação portuária do Brasil em 2016. Figura 2. Participação relativa dos tipos de navegação no total da movimentação portuária brasileira (2016). Fonte: Assessoria de Comunicação Social (2018). 11Política portuária brasileira Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 11 27/02/2018 11:55:56 Também é importante interpretarmos a projeção de demanda (longo curso e cabotagem) em relação ao tempo: para os portos brasileiros, no período 2016–2060, há previsão de um crescimento de movimentação em 103%, atingindo um patamar de 1,75 bilhão de toneladas, de acordo com o ilustrado na Figura 3. Figura 3. Gráfico da projeção de demanda para os portos brasileiros: observado (2016) e projetado (2017–2060). Fonte: Assessoria de Comunicação Social (2018). Do PNPL, cabe destacarmos que os objetivos estipulados para cada área foram elaborados tomando por base workshops e reuniões realizadas com as diferentes diretorias da SEP/PR e entidades convidadas. Além disso, foram elencados possíveis indicadores e ações relacionadas a cada objetivo. A Figura 4 aponta os objetivos de cada área, de acordo com o diagnóstico do PNPL. Política portuária brasileira12 Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 12 27/02/2018 11:55:56 Figura 4. Visão geral dos objetivos 2015–2018. Fonte: Assessoria de Comunicação Social (2018). Dos planos existentes no planejamento portuário do Brasil, o PNLP tem seu foco voltado ao planejamento do setor portuário marítimo, considerando navegação de longo curso (exportação e importação) e de cabotagem. Para exemplificarmos uma aplicação desse planejamento estratégico, vamos abordar um assunto de extrema importância para a movimentação e a capacidade de armazenamento de um terminal portuário. 13Política portuária brasileira Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 13 27/02/2018 11:55:57 As companhias públicas e privadas são responsáveis em estimativas de capacidade e de movimentação de suas instalações. Para isso, é essencial que uma metodologia básica seja utilizada, a fim de ilustrar a configuração de um determinado ponto. No entanto, no PNLP, desejamos que essa metodo- logia seja padronizada e apoiada em hipóteses uniformes, com o objetivo de analisar todos os terminais de maneira similar. Vejamos na Figura 5 os dois componentes capazes de ilustrar essa capacidade de movimentação de um cais. Figura 5. Componentes do terminal. Fonte: Assessoria de Comunicação Social (2018). Política portuária brasileira14 Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 14 27/02/2018 11:55:57 ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. Plano Nacional de Logística Portuária - PNLP. Brasília, DF: Secretaria Nacional de Portos, 2018. Disponível em: <http://www.por- tosdobrasil.gov.br/assuntos-1/pnpl/plano-nacional-de-logistica-portuaria>. Acesso em: 26 jan. 2018. BRASIL. Decreto nº 8.033, de 27 de junho de 2013. Brasília, DF, 2013a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/D8033.htm>. Acesso em: 20 fev. 2018. BRASIL. Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013. Brasília, DF, 2013b. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12815.htm>. Acesso em: 20 fev. 2018. BRASIL. Secretaria de Portos. Portaria nº 3, de 7 de janeiro de 2014. Brasília, DF, 2014. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=0 8/01/2014&jornal=1&pagina=1&totalArquivos=84>. Acesso em: 20 fev. 2018. COMISSÃO PORTOS. Política portuária para o crescimento econômico. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <https://issuu.com/prodweb/docs/politica-portuaria-comport>. Acesso em: 25 jan. 2018. MESQUITA, P. L. Planejamento portuário nacional. Brasília, DF: Secretaria Nacional de Portos, 2016. Disponível em: <http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos-1/pnpl>. Acesso em: 25 jan. 2018. SILVEIRA, A. H. P. Política portuária nacional e programa de arrendamentos. Brasília, DF: Secretaria de Portos, 2014. Disponível em: <http://www.portosdobrasil.gov.br/ home-1/apresentacoes/10062014-comissao_de_fiscalizacao-limpa.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2018. Leituras recomendadas CIDESPORT. Políticas públicas para desenvolvimento portuário. Florianópolis, 2015. Disponível em: <http://www.cidesport.com.br/sites/default/files/36862.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2018. MENDONÇA, C. Logística portuária e sua atual situação no Brasil. [S.l.]: LPartner, 2017. Disponível em: <https://www.lpartner.com.br/logistica-portuaria-e-sua-atual-situa- cao-no-brasil/>. Acesso em: 25 jan. 2018. 15Política portuária brasileira Cap_3_Logistica_Portuaria.indd 15 27/02/2018 11:55:57 DICA DO PROFESSOR A política portuária brasileira é uma ferramenta estratégica para a elaboração de planos que visam à constituição de um sistema portuário sólido e em condições de atender às necessidades logísticas de um país. Dessa forma, desafios necessitam ser enfrentados para uma melhor configuração desse sistema. Assista ao vídeo e reflita sobre o papel da política portuária do Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) É imprescindível que um país tenha a sua Política Portuária Nacional fundamentada em princípios. Sobre esses princípios, é correto afirmar: A) Eliminar barreiras à entrada; eliminar custos; e agilizar procedimentos e aprimoramento da gestão portuária. B) Reconhecer a importância da implantação de uma política estratégica para o setor portuário que atue no sentido de solucionar seus principais problemas e alavancar o crescimento da economia brasileira. C) São os órgãos que formam o sistema de controle dos portos, sendo as entidades signatárias do país. D) Visam à defesa da Lei dos Portos e dos princípios nela inscritos; primazia e importância dos Conselhos de Autoridade Portuária (CAPs); e redução de custos e melhoria da competitividade. E) Reforçam a ineficiência portuária;alto custo de embarque; burocracia acentuada; e dificuldades de interligação com outros modais de transporte. 2) Quando falamos em dificuldades de interligação com outros modais de transporte, assinale a alternativa que indica a correlação desse desafio. A) Obter um nível adequado de integração e comunicação entre portos e os demais meios de transporte exige um alto índice de investimentos e manutenção do sistema. B) Enfrentar procedimentos extremamente burocráticos, tornando os nossos processos onerosos e lentos. C) Reduzir custos, fator fundamental na formação da cadeia logística do país, vem sendo ainda um grande obstáculo para o sistema portuário. D) Fator responsável por causar filas e congestionamentos nos portos. Sem se esquecer, é claro, que milhares de produtos são perdidos. E) Ressaltar que essa é uma tendência mundial, afinal, aproximadamente 80% de todo o transporte de cargas no mundo é realizado por meio da via marítima. 3) É definido como um instrumento de estado de planejamento estratégico do setor portuário nacional, que visa a identificar vocações dos diversos portos, conforme o conjunto de suas respectivas áreas de influência. Sob essa perspectiva, é correto afirmar. A) O Plano Geral de Outorgas (PGO). B) O Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ). C) O Plano Mestre. D) O Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP). E) Secretaria Nacional de Portos/ Ministério dos Transportes, Portos e Avaiação Civil. 4) São diretrizes que visam à retomada do planejamento no setor portuário. Sobre a retomada do planejamento portuário, assinale a alternativa correta. A) SYNDARMA: Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima. B) Autoridades portuárias, proporcionando que estas passassem a registrar suas demandas nos planos estratégicos do governo. C) Planejamento portuário na Secretaria de Portos; planejamento logístico integrado — transporte terrestre e aquaviário; e Plano Nacional de Dragagem II. D) O Brasil é provido de uma natureza privilegiada. Estudos mostram que o país possui cerca de 9.000 km de costa navegável. E) Conforme a Proposta da Comissão Portos (2011), é imprescindível que o país tenha uma Política Portuária Nacional. 5) - Continuação da atual política de dragagem; - Extinção da cobrança da tarifa de dragagem de manutenção; - Melhoria das vias de acesso rodoferroviário ao porto e da integração porto-ferrovia. Quanto a essas perspectivas, é correto afirmar: A) São princípios imprescindíveis para que o país tenha uma Política Portuária Nacional de portos marítimos. B) São objetivos que vêm sendo trabalhados para fortalecer essas melhorias vividas pelo setor. C) São medidas a curto prazo que precisam ser adotadas. D) É o conjunto de instrumentos de planejamento para o setor portuário nacional. E) São medidas que estão sendo elaboradas pelo plano PNLP, a fim de criar melhores condições de crescimento e desenvolvimento do setor portuário e da economia brasileira. NA PRÁTICA O PNLP — Plano Nacional de Logística Portuária — tem como sua principal diretriz o planejamento do setor portuário marítimo. Para este planejamento, alguns direcionadores foram seguidos: a navegação de longo curso (exportação e importação) e de cabotagem. Já, para a elaboração do plano, a SEP/PR teve que seguir de forma direta e indireta um conjunto de atividades, a fim de realizar um estudo do planejamento de transportes. Algumas delas não necessitam de metodologias complexas por serem simples; outras precisam de um ferramental específico e avançado, sendo necessário o cálculo da capacidade portuária por meio das teorias de filas. Veja como ficou o fluxograma de estudo para planejamento de transportes, com atividades seguidas de forma direta e indireta. Desse fluxograma, foi possível a definição do Modelo 4 Etapas, amplamente conhecido e utilizado nos estudos de transportes, com seu nome relacionado ao método em discussão. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Plano Nacional de Logística Portuária – PNLP. Amplie seu conhecimento sobre esse assunto por meio das dicas sugeridas pelo professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! POLÍTICAS PÚBLICAS PARA DESENVOLVIMENTO PORTUÁRIO. Conheça mais sobre a política portuária brasileira e verifique, também, a revisão documental que foi realizada, baseada na evolução dos regulamentos. Disponível em: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Sistema portuário brasileiro está entre os piores do mundo. Reportagem sobre a defasagem do sistema portuário do Brasil, em Santos. Assista aqui: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Planejamento Portuário Com o objetivo de atingir um modelo de gestão capaz de tornar os portos cada vez mais rentáveis, competitivos, autossustentáveis e autônomos, o Governo Federal vem aperfeiçoando de forma contínua o planejamento do setor portuário nacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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