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Periodo Pre-Colonial (1500-1530) Primeiras expedições ⇾ Com a descoberta do novo caminho para as Índias, o comércio de especiarias passou a ser uma das fontes de riqueza de Portugal. ⇾ Nas primeiras expedições às novas terras, os enviados da Coroa encontraram grande quantidade de pau-brasil no litoral. Mas não descobriram o desejado ouro. Com isso, o governo português percebeu que não seria possível obter lucros fáceis e imediatos na região, pois o lucro gerado pela exploração da madeira seria menor do que o então vantajoso comércio de produtos africanos e asiáticos. ⇾ Por esse motivo, durante 30 anos (1500- 1530), o governo português limitou-se a enviar para o Brasil algumas expedições marítimas destinadas principalmente ao reconhecimento da terra e à preservação de sua posse. O efetivo processo de colonização só ocorreu posteriormente. Expedições exploradoras Tinham o objetivo de explorar geograficamente o território e procurar metais preciosos. 1º expedição (1501): Comandada por Gaspar de Lemos, confirmou a presença de pau-brasil no território e deu nome aos principais acidentes geográficos então encontrados (ilhas, cabos, rios, baías). 2º expedição (1503): comandada por Gonçalo Coelho, trouxe o geografo Américo Vespúcio, que constatou que o Brasil fazia parte de um continente, e não era uma ilha, como imaginavam os portugueses. Expedições guarda-costas ⇾ Eram expedições comandadas por Cristóvão Jacques (1516 e 1520). Foram organizadas para deter o contrabando de pau-brasil realizado por outros comerciantes europeus. ⇾ Na segunda expedição, Cristóvão Jacques aprisionou 3 navios franceses carregados de pau-brasil, prendeu cerca de 300 tripulantes, massacrou outros e entregou os que restaram para índios antropófagos. ⇾ Apesar disso, essas expedições não conseguiam policiar o imenso litoral da colônia, o que deixava Portugal preocupado com a sua possível perda. Extrativismo do pau-brasil ⇾ O pau Brasil foi a única forma de exploração econômica do Brasil, durante 30 anos. Dele podia ser extraído corante vermelho, que era utilizado na tintura de tecidos, além da produção de embarcações. ⇾ Ao ser informado sobre a existência de pau-brasil nestas terras, o rei de Portugal declarou que a exploração dessa árvore era monopólio da Coroa (estanco régio), ou seja, ninguém poderia retirá-la das matas brasileiras sem permissão do governo português e sem pagamento do tributo correspondente. No entanto, isso não foi respeitado por ingleses, espanhóis e, principalmente, franceses. ⇾ A primeira concessão da Coroa para a exploração do pau-brasil foi dada ao comerciante português Fernão de Noronha, em 1503. Seus navios foram os primeiros a chegar à ilha que mais tarde recebeu seu nome. Trabalho indígena ⇾ A extração de pau-brasil nesse período era realizada pelos índios. Eles derrubavam as árvores, cortavam em toras e as carregavam até os locais de armazenamento (feitorias), de onde eram levadas para os navios. ⇾ O trabalho era realizado de forma amigável, por meio do escambo, uma forma de negócio na qual os índios davam a mão de obra, em troca de mercadorias (como roupas, canivetes, facas, espelhos) concedidas pelos portugueses. A decisão de ocupar a terra ⇾ A partir de 1530, o comércio português com as Índias entrava em declínio. Ao mesmo tempo, existiam as ameaças de invasões estrangeiras (franceses, holandeses e ingleses). Nesse contexto, o governo português receava perder as terras americanas. Além disso, as expedições que tinha enviado até então não conseguiam deter a atuação clandestina de outros europeus, principalmente dos franceses, que haviam estabelecido alianças com os indígenas tupinambás para a extração do pau-brasil. ⇾ Assim, para acabar com esse contrabando e evitar as invasões, a Coroa portuguesa decidiu colonizar efetivamente o Brasil. A colonização da América também começou a ser vista pelos portugueses como uma alternativa para buscar novos lucros comerciais. Periodo Colonial (1530-1822) ⇾ A colonização do Brasil foi a posse efetiva da terra por parte de Portugal, com os colonos se fixando nas terras, criando povoados e fortificações que se estenderiam por toda a costa. A expedição de Martim Afonso de Souza ⇾ Em 1530, Martim Afonso de Souza comandou a primeira expedição colonizadora. Os objetivos da expedição eram: • iniciar a ocupação da terra e sua exploração econômica por colonos portugueses; • combater corsários estrangeiros; • procurar metais preciosos; • fazer melhor reconhecimento geográfico do litoral. ⇾ Em janeiro de 1532, foi criada a Vila de São Vicente, primeiro núcleo que deu origem à cidade de São Paulo. Cultivo da cana-de-açúcar ⇾ Para colonizar o Brasil, os portugueses implantaram a produção açucareira em certos trechos do litoral, uma vez que o açúcar era um produto que tinha grande procura na Europa. Por meio da cultura da cana, seria possível promover a ocupação sistemática da colônia. ⇾ Com isso, Portugal deixou de lado a exploração de pau-brasil e iniciou a montagem de uma organização produtiva dentro das diretrizes do sistema colonial. ⇾ No Brasil, o primeiro estabelecimento de produção de açúcar (engenho) foi instalado na região de São Vicente. Monopólio Português ⇾ No início do século XVI, época da instalação dos primeiros engenhos e núcleos de povoamento, o comércio do açúcar era relativamente livre. A Coroa concedia terras a portugueses que tivessem recursos para a instalação de engenhos. Entre 1560 e 1570, a economia açucareira apresentou crescimento expressivo e o governo de Portugal decidiu estabelecer normas mais rígidas para a concessão de terras. ⇾ Em 1571, decretou que o comércio colonial com o Brasil deveria ser feito exclusivamente por navios portugueses. O governo pretendia implantar o monopólio comercial nas transações do açúcar. Com o monopólio, os produtos coloniais eram comprados pelos preços mais baixos do mercado, enquanto os artigos metropolitanos eram vendidos para os colonos do Brasil pelos preços mais altos. Escravização dos indígenas ⇾ O relacionamento entre os colonos portugueses e os vários povos indígenas foi se tornando conflituoso à medida que os nativos resistiam ao processo de colonização. Os colonos, no entanto, para satisfazer suas necessidades, usaram violência contra os indígenas e passaram a escravizá-los. ⇾ A escravização indígena estabeleceu-se a partir da década de 1530, principalmente quando os colonos portugueses necessitaram de mão de obra para a produção açucareira. Os portugueses e alguns aliados nativos guerreavam contra os “indígenas inimigos”, e os prisioneiros eram distribuídos ou vendidos como escravos. ⇾ No século XVII, a escravização indígena continuou ligada à expansão açucareira pelo litoral, mas se estendeu também para as áreas dos atuais estados de São Paulo, Maranhão, Pará, entre outros. Nessas regiões, os nativos trabalhavam em atividades como o cultivo de milho, feijão, arroz e mandioca e a extração das chamadas “drogas do sertão” (guaraná, cravo, castanha, baunilha, plantas aromáticas e medicinais). ⇾ Além disso, o escravo indígena foi utilizado para o transporte de mercadorias. De São Paulo a Santos, por exemplo, o carregador nativo descia a Serra do Mar transportando nos ombros cargas de aproximadamente 30 quilos. “Guerras justas” ⇾ Apesar de o governo português ter defendido, em princípio, a liberdade indígena, os colonos recorreram por diversas vezes à “guerra justa” contra os indígenas, que era autorizada pelo governo português ou seus representantes, para conseguir escravos. ⇾ As “guerras justas” podiam ocorrer quando os indígenas não se convertiam à fé cristã (imposta pelos colonizadores)ou impediam a divulgação dessa religião; quebravam acordos ou agiam com hostilidade em relação aos portugueses. No entanto, os colonos burlavam as normas oficiais sobre a “guerra justa”, alegando, por exemplo, que eram atacados ou ameaçados pelos indígenas. ⇾ Sucessivas guerras contra povos indígenas marcaram a conquista das regiões litorâneas pelos europeus no século XVI. Foi o caso, por exemplo, das guerras contra os indígenas caetés, tupinambás, carijós, tupiniquins, guaranis, tabajaras e potiguares. Capitanias hereditárias ⇾ Como o governo português não tinha recursos suficientes para investir na colonização do Brasil, em 1534 o rei português, João III, decidiu dividir o Brasil em quinze grandes faixas de terra que abrangiam desde o litoral brasileiro até o limite estipulado pelo Tratado de Tordesilhas, e entregou para a administração dos donatários, geralmente pessoas da pequena nobreza lusitana. A função deles era desenvolver economicamente a região e promover o desenvolvimento populacional. No total, existiram 14 Capitanias Hereditárias com 12 donatários. Principais documentos: Carta de Doação – concessão dos direitos administrativos; os donatários não eram proprietários das capitanias, apenas de uma parcela das terras. A eles eram transferidos, entretanto, o direito de administrar toda a capitania e explorá-la economicamente, sendo proibido vendê-la, pois continuavam pertencendo à Coroa Portuguesa. Carta Foral: estabelecia os direitos e os deveres dos donatários, relativos à exploração da terra. direitos • Criar vilas e distribuir terras (sesmarias) a quem desejasse e pudesse cultivá-las. • Exercer plena autoridade judicial e administrativa, com plenos poderes até mesmo autorizar a pena de morte, caso necessário. • Por meio da chamada “guerra justa”, escravizar os índios considerados inimigos, obrigando-os a trabalhar na lavoura, podendo inclusive enviar cerca de 30 índios, anualmente como escravos para Portugal. • Receber 5% dos lucros sobre o comércio do pau-brasil. deveres Assegurar ao rei de Portugal: • 10% dos lucros sobre todos os produtos da terra; • 25% dos lucros sobre os metais e as pedras preciosas que fossem encontrados; • o monopólio da exploração do pau- brasil. Crise das capitanias hereditárias ⇾ Economicamente, o sistema de capitanias não alcançou os resultados esperados pelo governo português. Entre as poucas capitanias que progrediram e obtiveram lucros, principalmente com a produção de açúcar, estavam a de Pernambuco e a de São Vicente. O fracasso ocorreu pelos seguintes motivos: • As capitanias eram muito extensas, e os donatários geralmente não tinham recursos suficientes para explorá-las. • A falta interesse dos donatários pelas capitanias, acreditando que o retorno financeiro não compensaria o trabalho empenhado e o capital investido na produção. Alguns nem chegaram a tomar posse de suas terras. • Existia a hostilidade dos grupos indígenas que resistiam à dominação portuguesa. • Havia problemas de comunicação entre as capitanias, devido as distâncias e as precárias condições dos meios de transporte da época. Assim, ficavam isoladas umas das outras e em relação a Portugal. • A falta de solo propício ao cultivo de cana-de-açúcar, produção que mais interessava. Com isso, restava aos donatários a exploração do pau-brasil, atividade que gerava pouco lucro. ⇾ Apesar das dificuldades, o sistema de capitanias criou as bases da colonização da América portuguesa, estimulando a formação e o desenvolvimento dos primeiros núcleos de povoamento, como São Vicente (1532), Porto Seguro (1535), Ilhéus (1536), Olinda (1537) e Santos (1545). ⇾ Contribuiu, também, em relação aos colonizadores lusos, para preservar a posse das terras e revelar as possibilidades de exploração econômica da colônia. Governo Geral ⇾ Os problemas das capitanias hereditárias levaram a Coroa portuguesa, em1548, ainda no reinado de D. João III, a instituir o governo-geral, conduzido por um governador-geral (funcionário do governo português), que ajudaria os donatários e interferiria mais diretamente no processo de colonização do Brasil. Objetivos • Corrigir as falhas das capitanias hereditárias, e não as extinguir. • Centralizar a administração colonial, sendo o Governador-Geral a maior autoridade da Colônia e representante direto do rei. • Os capitães-donatários perderiam parte de sua autoridade, o que explica certa resistência deles ao Governo Geral. • Viabilizar lucros para Portugal ⇾ A sede do governo-geral escolhida foi a capitania da Bahia, por localizar-se em um ponto central da costa, facilitando a comunicação com as demais capitanias. Ali foi erguida Salvador, a primeira capital do Brasil, construída em um terreno elevado e de frente para o mar, o que facilitava a defesa militar da cidade. ⇾ O governo-geral coexistiu com o sistema das capitanias hereditárias até 1759, quando as mesmas foram extintas e o Brasil passou a ser efetivamente administrado pelos representantes da Coroa portuguesa, e não mais por particulares. Regimento do governo-geral ⇾ Era o documento que determinava as principais funções do Governador Geral: • Militares: comando e defesa militar da colônia; • Administrativas: relacionamento com os governadores das capitanias e controle dos assuntos ligados às finanças; • Judiciárias: direito de nomear funcionários da Justiça e alterar penas; • eclesiásticas: indicação de sacerdotes para as paróquias. ⇾ Para o desempenho de suas funções, o governador-geral contava com três auxiliares principais: • o ouvidor-mor, responsável pelos assuntos de justiça e pela imposição das leis na colônia; • o provedor-mor; responsável pela arrecadação e administração das finanças; • o capitão-mor, encarregado da defesa do litoral. ⇾ O governador geral e seus auxiliares encontraram vários problemas no cumprimento de suas funções, principalmente por causa das distâncias entre as Capitanias, o que dificultavam as Comunicações e pela oposição de poderes e interesses locais, especificamente dos “Homens Bons” (Homens de posses, proprietários de terra, de gado e de escravos). Nas vilas e cidades eram eles que exerciam o Poder Político, participando das Câmaras Municipais, que eram encarregadas da Administração Local. Câmaras municipais ⇾ Eram encarregadas da administração das vilas e cidades coloniais, sendo os principais órgãos de poder local. ⇾ Sua atuação abrangia setores como o abastecimento, a tributação e a execução das leis. Além disso, organizavam expedições contra os indígenas, determinavam a construção de povoados e estabeleciam os preços das mercadorias. ⇾ O Regimento de 1506 determinava a eleição de três a quatro vereadores, conhecidos por “homens bons”, um escrivão, um procurador e um tesoureiro, membros da elite que detinham projeção social. A Câmara Municipal era renovada a cada três anos. Primeiro governo-geral Tomé de Sousa (1549-1553) ⇾ Realizações durante o seu governo: • a fundação de Salvador, primeira cidade e capital do Brasil em 1549; • criação do primeiro Bispado do Brasil, em 1551, chefiado pelo bispo D. Pero Fernandes Sardinha; • implantação da pecuária e o incentivo ao cultivo da Cana-de-açúcar; • a organização de expedições para explorar o território à procura de metais preciosos (as chamadas Entradas), porém em primeiro momento sem sucesso. Aculturação dos indígenas: ⇾ Com Tomé de Souza vieram os primeiro Jesuítas, chefiados pelo padre português Manoel da Nóbrega, com a missão de Catequizar os indígenas. ⇾ Os jesuítas faziam parte de um mundo regulado pelas normas e pelos costumes das sociedades católicas europeias e não aceitavam ou compreendiam diversos aspectos das culturas indígenas como a nudez, a poligamia, a antropofagia e as crenças próprias. ⇾ Iniciou-se,assim, um processo de modificação da cultura dos indígenas (aculturação). Para transmitir-lhes os valores europeus e do cristianismo, os jesuítas reuniram as populações indígenas em aldeias ou aldeamentos. Segundo governo-geral Duarte da Costa (1553-1558) ⇾ Trouxe mais jesuítas para a colônia, se destacando o Padre José de Anchieta. ⇾ Em1554, Anchieta e Manuel da Nóbrega fundaram o Colégio de São Paulo, junto ao qual surgiu a vila que deu origem à cidade de São Paulo, no planalto de Piratininga. ⇾ Em 1555 ocorreu a Invasão Francesa na Baía de Guanabara, que com o apoio de grupos indígenas, fundaram uma colônia francesa: a França Antártica. Terceiro governo-geral Mem de Sá (1558-1572) ⇾ Expulsou os franceses, com a ajuda do chefe militar Estácio de Sá (seu sobrinho). Fundou assim, a cidade do Rio de Janeiro em março de 1565. ⇾ Luta contra os indígenas que resistiam à dominação portuguesa, levando à destruição de centenas de aldeias do litoral brasileiro. ⇾ Fim da Confederação dos tamoios (união de tupinambá, guaianazes e aimorés, inimigos dos portugueses que haviam se aliado aos franceses) por interferência direta de Nóbrega e Anchieta, através do tratado Paz de Iperoig. ⇾ Fundação das primeiras missões jesuíticas - aldeias indígenas criadas por jesuítas para promover a catequização dos nativos. Confederação dos Tamoios (1562 – 1567) ⇾ Para combater a escravização dos indígenas, feita em grande escala pela família de João Ramalho que vivia no planalto de Piratininga, e como protesto contra as aldeias dos padres jesuítas, várias nações indígenas resolveram se unir. ⇾ Assim, os tupinambás, parte dos tupiniquins, os carijós e os guayanás das regiões de São Paulo e Rio de Janeiro, com o apoio dos franceses, fizeram uma grande aliança de guerra, que recebeu o nome de Confederação dos Tamoios. Era, portanto, uma guerra dos antigos do lugar, isto é, dos donos da terra, contra os portugueses, os invasores e inimigos dos indígenas. ⇾ Vários líderes tupinambás se destacaram, principalmente Cunhambebe e Aimberê. Os ataques tiveram altos e baixos e o grande aliado dos portugueses foi certamente a varíola, forte epidemia que matou centenas de indígenas, inclusive o grande Cunhambebe. ⇾ Com a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, a Confederação dos Tamuya foi enfraquecendo, pois já não tinha de quem receber armas de fogo. Os portugueses jogaram pesado, não só enviando de Portugal um grande reforço militar como também envolvendo os jesuítas nessa guerra violenta. ⇾ A participação do padre Manuel da Nóbrega e do padre José de Anchieta foi decisiva para a vitória lusitana. Através deles aconteceu o Tratado de Paz de Iperoig, que na realidade tornou-se um tratado de morte para os tupinambás. ⇾ O final da guerra foi desigual e violento. Três mil sobreviventes desta campanha militar foram levados para algumas aldeias dirigidas pelos jesuítas, no Rio de Janeiro e na Bahia. Divisão e reunificação do Brasil ⇾ Com os governos-gerais, a administração do Brasil Colônia foi centralizada. Porém, no final do governo de Mem de Sá, o rei de Portugal resolveu dividir a administração da colônia entre os governos do Norte e do Sul. • O governo do Norte: com sede na cidade de Salvador, era chefiado pelo conselheiro Luís de Brito de Almeida (1573-1578). • O governo do Sul: com sede na cidade do Rio de Janeiro, era chefiado pelo desembargador Antônio Salema (1574-1578). ⇾ Entretanto, em 1578, insatisfeito com os resultados práticos da experiência, o rei de Portugal decidiu reunificar novamente a administração no Brasil, com sede em Salvador. Vínculos entre governo e Igreja Católica ⇾ Na época da colonização, a lei determinava o Catolicismo como Religião Oficial e obrigatória em Portugal. Assim, os súditos portugueses deveriam ser católicos, caso contrário estariam sujeitos a perseguição. ⇾ Além disso, diversos religiosos católicos participaram do processo de colonização, junto com representantes da Coroa portuguesa, por estarem ligados pelo regime do padroado. Padroado ⇾ Era um acordo entre o papa e o rei que estabelecia uma série de deveres e direitos da Coroa portuguesa em relação à Igreja. • Deveres: garantir a expansão do catolicismo em todas as terras conquistadas pelos portugueses; construir igrejas e cuidar de sua conservação; e remunerar os sacerdotes por seu trabalho religioso. • Direitos: nomear bispos e criar dioceses (regiões eclesiásticas administradas pelos bispos); e recolher o dízimo (a décima parte dos ganhos) ofertado pelos fiéis à Igreja. ⇾ A Igreja e o Estado português atuavam em relativa harmonia. As autoridades políticas deveriam administrar a colônia, decidindo, por exemplo, sobre as formas de ocupação do território, povoamento e produção econômica. Os religiosos eram responsáveis pela tarefa de ensinar a obediência a Deus e ao rei, defendendo o trono por meio do altar. ⇾ Houve, no entanto, vários momentos de conflito entre sacerdotes católicos e autoridades da Coroa. Nesse sentido, podemos dizer que se tornou frequente, por exemplo, a participação de padres em rebeliões coloniais. Inquisição no Brasil ⇾ Nem tudo estava sob o domínio do catolicismo oficial na América portuguesa. No cotidiano, parte da população colonial resistia ou escapava à obrigação de seguir a religião católica, praticando outras formas de religiosidade, nascidas do sincretismo de crenças e ritos provenientes de tradições culturais indígenas, africanas e europeias. Catimbós, calundus, candomblé, benzimentos e simpatias são exemplos dessas manifestações religiosas que, mesmo condenadas pela Igreja, eram praticadas na vida privada por diversos grupos sociais. ⇾ Para combater essas práticas chamadas “crimes contra as verdades da fé cristã”, as autoridades da Igreja Católica e da Coroa portuguesa enviaram para o Brasil representantes do Tribunal da Inquisição (reativado na Europa em meados do século XVI). Eram as chamadas visitações, em que o sacerdote representante da Inquisição (visitador) abria processo punitivo contra as pessoas acusadas de crime contra a fé católica. Muitos acusados foram levados para Portugal para julgamento. ⇾ Nas visitações realizadas em Pernambuco e na Bahia (1591, 1618 e 1627), no sul da colônia (1605 e 1627) e no Pará (1763 a 1769), a Inquisição perseguiu grande número de cristãos-novos que tinham vindo de Portugal para a colônia. ⇾ Eles eram acusados de praticar, em segredo, a religião judaica. A Inquisição também perseguiu muitas outras pessoas, acusadas, por exemplo, de feitiçaria, blasfêmia e práticas sexuais então proibidas (prostituição, homossexualidade).
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