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Padrões de qualidade e classificação das águas APRESENTAÇÃO Esta Unidade de Aprendizagem apresenta reflexões relacionadas a um importante recurso natural: a água. Esse recurso, de fundamental importância para a existência da biodiversidade na Terra, está cada vez mais escasso e ameaçado. A fim de entender melhor esse cenário negativo e promover ações que o minimizem, torna-se fundamental que um gestor ambiental compreenda os padrões de qualidade e a classificação das águas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar características, padrões de qualidade e classificação das águas.• Reconhecer os indicadores de qualidade física, química e biológica da água.• Diferenciar as classes de água doce, segundo as diretrizes da Resolução no 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). • DESAFIO Você é o gestor ambiental em uma indústria. Ao lado desse local, há um arroio com água de cor esverdeada e cheiro desagradável. Alguns moradores do entorno lhe informaram que tiveram contato com a água e se sentiram mal, com náuseas e vômitos. Por essa razão, seu diretor contatou um laboratório especialista na realização de análise da qualidade da água. A partir de suas respostas, o técnico terá condições de separar os materiais adequados para realizar a coleta das amostras de água e efetuar as análises laboratoriais? INFOGRÁFICO O infográfico mostra os principais pontos relacionados aos padrões de qualidade e à classificação das águas, foco desta Unidade de Aprendizagem. CONTEÚDO DO LIVRO O trecho selecionado é do livro Meio ambiente e sustentabilidade. Nele, há uma interessante abordagem sobre características, padrões de qualidade e classificação das águas. Boa leitura! André Henrique Rosa Leonardo Fernandes Fraceto Viviane Moschini-Carlos Organizadores M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] / Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-407-0197-7 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini- Carlos, Viviane. CDU 502-022.316 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 INTRODUÇÃO Nos últimos 50 anos, devido ao elevado crescimento populacional associado à busca por melhor qualidade de vida, ocorreu um aumento na produção industrial e agrícola caracterizada pela intensa fabricação e utili- zação de compostos químicos sintéticos (inseticidas, herbicidas, plásticos, entre ou- tros). Seja de maneira natural ou antrópica, os resíduos gerados por esses compostos aportam aos recursos hídricos com conse- quente alteração da qualidade da água. Por ser um recurso natural de fonte esgotável, a Organização Mundial da Saúde estima que a água se tornará cada vez mais uma fonte de tensão e competição por parte de diversas nações, fazendo com que os pro- blemas referentes à deterioração da quali- dade da água se tornem objeto de preocu- pação. O conhecimento e a compreensão das fontes de poluição, interações e efeitos dos poluentes aquáticos são essenciais para o controle destes em um ambiente seguro e economicamente sustentável. O planeta Terra é o único do nosso sistema solar que apresenta moléculas de água na forma líquida, na maior parte da superfície, sendo 97,5% da água existente no planeta, marinha, enquanto apenas 2,5% restantes são de água doce. Ressalta-se que a maior parcela dessa água doce (68,9%) forma as calotas polares, geleiras e neves. Os 29,9% restantes constituem as águas sub- terrâneas. A umidade dos solos e as águas dos pântanos representam cerca de 0,9% do total, e a água de rios e lagos aproximada- mente 0,3% (Rebouças et al., 2006). De acordo com relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (UNESCO), du- rante a terceira edição do Fórum Mundial da Água ocorrido em Kyoto em 2003, o Brasil é o país mais rico do mundo em recursos hí- 1 Poluição aquática SONIA DOS SANTOS, LUCIANA CAMARGO DE OLIVEIRA, ADEMIR DOS SANTOS, JULIO CÉSAR ROCHA e ANDRÉ HENRIQUE ROSA Objetivos do capítulo Neste capítulo são abordadas as principais fontes e tipos de poluição em sistemas aquáticos, destacando as características e propriedades dos principais contaminan- tes orgânicos, inorgânicos e emergentes em águas superficiais e subterrâneas. Os aspectos gerais relacionados ao transporte, à reatividade e aos processos que os poluentes podem sofrer no corpo hídrico são discutidos, assim como a preocupa- ção atual em relação à contaminação de águas subterrâneas. 18 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) dricos, com 6,2 bilhões de m3 de água doce (17% do total disponível no planeta) (Água: Fórum Econômico Mundial, 2008). Sabe-se, porém, que a distribuição de água em nosso país é bastante desigual, pois a maior parte desse recurso está disponível em regiões com baixa densidade populacional (região norte), sendo frequentes os problemas de abastecimento nas regiões mais populosas (grandes capitais da região sudeste). A água própria para o consumo huma- no se chama água potável e, para ser conside- rada como tal, ela deve obedecer a certos pa- drões de potabilidade necessitando muitas vezes de tratamento para se adequar ao con- sumo. Os métodos vão desde a simples fer- vura até operações mais complexas. A água potável e de boa qualidade é fundamental para a saúde dos seres huma- nos (o corpo humano é constituído por 70 a 75% de água e, na ausência dela, alguns órgãos vitais deixam de funcionar), entre- tanto, a maioria da população mundial não tem acesso a esse bem precioso. Apesar da importância da água para os seres humanos, ela também é considera- da um dos meios mais comuns de transmis- são de doenças. Se a água que utilizamos, seja para aliviar a sede ou para regar os ali- mentos, não apresentar a qualidade neces- sária, estes serão igualmente infectados e, consequentemente, o corpo que os ingere será alvo de inúmeras doenças. O Quadro 1.1 apresenta algumas doenças infecciosas de veiculação hídrica. Muitas das doenças transmitidas por veiculação hídrica podem ser prevenidas por um tratamento adequado da água antes de seu uso. As estações de tratamento de água se utilizam de vários procedimentos como a decantação, a filtração, além da clo- ração para eliminar os microrganismos causadores de doenças. DEFINIÇÃO, FONTES E TIPOS DE POLUIÇÃO A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei No 6.938, de 31 de agosto de 1981) defi- ne como poluição: (...) a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indi- retamente: a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população. QUADRO 1.1 Doenças de veiculação hídrica DOENÇAS TRANSMISSÃO PREVENÇÃO Cólera, febre tifoide Contaminação no Desinfecção adequada sistema de distribuição Sarna, infecções Falta de água suficiente para Provisão de quantidades suficientes para oculares, diarreia um consumo adequado banhos e limpezas gerais Esquistossomose Invertebrados aquáticos Distribuição de água potável, e educação sanitária Malária, febre Organismos patogênicos Aplicação de inseticidas, evitar acúmulo amarela, dengue de água em recipientes abertos, drenar áreas inundadas e evitar saturação de áreas agrícolas Meio ambiente e sustentabilidade 323 mos cem anos, o aumento na demanda por água foi duas vezes maior que o percentual de crescimento populacional. A contaminação dos recursos hídricos ocorre por meio da drenagem das pasta- gens, da adubação na agricultura, pelo des- pejo de efluentes industriais e, principal- mente, pela descarga de esgoto doméstico sem tratamento, sendo esta última a princi- pal fonte de contaminação dos corpos d’água. A lista de agentes patogênicos(mi- crorganismos como vírus, bactérias, fungos, protozoários e até helmintos) que podem ser veiculados pela água é grande, os quais são capazes de causar doenças nos organis- mos hospedeiros. Segundo a Organização Mundial de Saúde, doenças de veiculação hídrica são a principal causa de mortalida- de no mundo. As Estações de Tratamento de Água (ETA) são responsáveis por transformarem a água bruta captada de um corpo aquático em uma água potável (pronta para ser con- sumida pelo homem), enquanto as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) tratam os efluentes domésticos de forma que os mes- mos possam ser descartados nos corpos re- ceptores, não provocando impactos am- bientais severos. O tratamento da água é re- alizado por meio de diferentes etapas, tais como gradeamento, coagulação/floculação, decantação, filtração e desinfecção. Para o tratamento de esgotos e efluentes, normal- mente são empregados processos físico- -químicos e biológicos. PARÂMETROS DE QUALIDADE E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS Os componentes que alteram o grau de pu- reza da água podem ser definidos por suas características físicas, químicas e biológicas, conhecidos como parâmetros de qualidade de água. As características físicas, químicas e biológicas das águas naturais decorrem de uma série de processos que ocorrem no corpo hídrico. Indicadores de qualidade física Os principais indicadores de qualidade físi- ca da água são: cor, temperatura, turbidez, sabor e odor. A cor resulta da existência de substân- cias em solução, como ferro, manganês, co- rantes, matéria orgânica e algas. Esse parâ- metro de qualidade da água adquiriu maior importância no início da década de 1970, devido à confirmação da formação de pro- dutos potencialmente cancerígenos (trialo- metanos) como consequência da cloração de águas coloridas. A temperatura tem importância, uma vez que influi nas propriedades da água (so- lubilidade de substâncias e gases), nas velo- cidades das reações químicas e bioquímicas e, principalmente, no metabolismo dos mi- crorganismos presentes na mesma. A turbidez da água está relacionada com a atenuação de intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessá-la devido à presença de sólidos em suspensão. É um pa- râmetro que indica a qualidade estética das águas. Um dos problemas associados à tur- bidez é a queda na eficiência de agentes de- sinfetantes, como o cloro, por exemplo, uma vez que pode servir de suporte para microrganismos patogênicos, protegendo- -os da ação dos desinfetantes. O sabor e odor das águas naturais se originam da presença de diversas substâncias químicas (provenientes de esgotos domésti- cos e efluentes industriais), gases dissolvidos e microrganismos (principalmente algas e cianobactérias). O sabor e odor das águas podem não representar riscos à saúde huma- na, mas a importância da suas remoções se deve à possível rejeição da água com essas ca- racterísticas pela população consumidora. 324 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) Indicadores de qualidade química Os principais indicadores de qualidade quí- mica da água são: pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, fluoretos, oxigênio dissolvido (OD), demanda quí mica de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), carbono orgânico total (COT), nitrogênio, fósforo e elementos po- tencialmente tóxicos. O potencial hidrogeniônico (pH) con- siste na concentração dos íons H+ presentes nas águas. Valores muito diferentes da neu- tralidade conferem um caráter agressivo à água, podendo causar prejuízos à vida dos organismos e provocar corrosão ou incrus- tação em tubulações. A alcalinidade pode ser definida como a capacidade que um sistema aquoso tem para neutralizar ácidos, sendo devida prin- cipalmente aos íons carbonatos e bicarbo- natos. Cabe ressaltar que a alcalinidade é um fator de capacidade e não de intensida- de (como é o caso do pH). Diante disso, uma solução aquosa com valor de pH abai- xo de 7 pode apresentar uma alcalinidade considerável. A acidez é definida como a capacidade que um sistema tem para neutralizar bases. Do mesmo modo que para a alcalinidade, uma acidez elevada não resulta, necessaria- mente, em pH baixo. Ambos os parâmetros estão relacionados com a capacidade tam- pão do meio. A dureza é a propriedade relacionada com a concentração de íons de determina- dos minerais dissolvidos na água, principal- mente cálcio e magnésio. A presença desses íons na água pode reduzir a formação de es- pumas de sabões e provocar incrustações em tubulações de água quente. O ferro e o manganês presentes nas águas naturais são oriundos, principalmen- te, de rochas e solos. A oxidação dessas substâncias confere cor marrom ou aver- melhada à água, podendo resultar em man- chas em roupas. A presença de ferro nas águas pode desencadear o desenvolvimento de ferrobactérias, podendo provocar o apa- recimento de odor e sabor à água e levar à formação de incrustações em tubulações. A presença de cloretos em águas pode ser atribuída à dissolução de sais, à introdu- ção de águas salgadas e ao lançamento de efluentes domésticos e industriais nas mes- mas. Quando presentes em maiores con- centrações, esses íons conferem sabor, re- sultando em maiores índices de rejeição desta pela população. O flúor, quando aplicado em concen- tração adequada, é benéfico no combate às cáries. Entretanto, em maiores concentra- ções (superior a 2 mg/L), podem desenca- dear a fluorose dentária, que é o escureci- mento e a deterioração dos dentes. A presença de oxigênio dissolvido (OD) nas águas é fundamental para a ma- nutenção de uma grande parte dos seres vivos. A redução do oxigênio dissolvido nas águas pode ocorrer pela respiração dos or- ganismos presentes no ambiente aquático, por perdas para a atmosfera e devido à mi- neralização da matéria orgânica e oxidação de íons. A determinação da concentração de OD é de fundamental importância na ava- liação da qualidade das águas, uma vez que o oxigênio está envolvido praticamente em todos os processos químicos e biológicos. O nível de OD na água, além de depender da temperatura e da pressão, é profundamente afetado quando poluentes orgânicos biode- gradáveis são lançados no curso receptor. As bactérias aeróbias originalmente presentes consomem o OD da água durante a degra- dação dos compostos biodegradáveis. O nível de oxigênio dissolvido pode atingir va- lores bastante baixos, prejudicando a fauna aquática (peixes) e provocando alterações marcantes na biodiversidade. A DBO expressa a quantidade de oxi- gênio consumida durante a degradação da Meio ambiente e sustentabilidade 325 matéria orgânica por microrganismos, en- quanto a DQO se refere à quantidade de oxigênio para a degradação química da ma- téria orgânica, apresentando, portanto, va- lores sempre superiores ao da DBO. A DBO está relacionada com a matéria orgânica biodegradável, ou seja, passível de ser oxi- dada bioquimicamente, e a DQO está rela- cionada com a matéria orgânica total (bio- degradável e não biodegradável). Ambos os parâmetros inferem a concentração de ma- téria orgânica no meio. A presença de diversos contaminantes orgânicos na água é resultante do lança- mento de esgotos e efluentes industriais, da percolação de poluentes presentes em solos contaminados, bem como de compostos naturais. A avaliação da matéria orgânica presente no efluente pode ser obtida por um analisador de carbono orgânico total (COT). Esse equipamento fornece o teor exato de carbono em uma amostra. O desenvolvimento de organismos aquáticos é estimulado principalmente por nutrientes limitantes, como fósforo e nitro- gênio. Nos ambientes aquáticos, é necessá- ria uma concentração muito baixa desses compostos, de forma que pequena altera- ção em seus teores pode desencadear uma série de eventos não desejáveis, como, por exemplo, o crescimento excessivo de plantas aquáticas, principalmente de algas, fenôme- no conhecido como eutrofização.A eutrofi- zação pode resultar em diminuição do uso da água para recreação e balneabilidade (devido a aspectos estéticos e maus odores), mortandade de peixes, maior dificuldade e elevação dos custos para o tratamento des- sas águas e rejeição da água para abasteci- mento humano e animal devido à presença de substâncias tóxicas excretadas pelas algas. A presença de metais e metaloides po- tencialmente tóxicos em águas é resultado do lançamento de efluentes industriais e da lixiviação de áreas de garimpo e mineração. Indicadores de qualidade biológica Dejetos urbanos e esgoto doméstico são amplamente descarregados em corpos d’água, principalmente em rios. Esse fato, além de gerar um impacto negativo à biota presente no corpo d’água, afeta alguns usos preponderantes a ele destinados, tais como, abastecimento de água potável e balneabili- dade, pois a presença de bactérias, vírus e protozoários em águas representa riscos para a população. Esses microrganismos podem ser responsáveis pelo desencadea- mento de doenças de veiculação hídrica. A avaliação da qualidade da água por meio da utilização de indicadores biológi- cos possibilita complementar as limitações impostas pelas análises físico-químicas. Vá- rios tipos de organismos têm sido utilizados como indicadores da qualidade das águas, com vantagens e desvantagens para cada grupo, e de acordo com as características par- ticulares do sistema aquático que se queira avaliar. O monitoramento da presença de bactérias patogênicas é essencial no contro- le da qualidade de água, quando o uso, dire- ta ou indiretamente, leva ao consumo hu- mano. Tais usos incluem água para consu- mo, higiene pessoal, recreacional, irrigação de alimentos vegetais e lavagem e processa- mento desses alimentos. A contaminação fecal é utilizada como indicador da presença de poluentes orgâni- cos de origem humana. Membros de dois grupos de bactérias, coliformes e estrepto- coccus fecais, são usados como indicadores de uma possível contaminação por esgoto, uma vez que são comumente encontrados em fezes humanas e de animais. Embora a maioria delas não seja propriamente pato- gênica, servem como indicadoras de uma potencial contaminação por bactérias pato- gênicas, vírus e protozoários, os quais tam- bém vivem no sistema digestivo. 326 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) Uma vez descarregados em corpos d’água, a sobrevivência dos patógenos é al- tamente dependente da qualidade da água, particularmente em relação à turbidez, nível de oxigênio, nutrientes e temperatura. Po- dem também, com frequência, ficar adsor- vidos nas partículas de areia, argila e sedi- mento, com consequente acumulação des- ses organismos em rios e lagos. As algas têm grande importância para o equilíbrio do meio aquático e são respon- sáveis pela geração de parte do oxigênio presente neste devido à fotossíntese. Entre- tanto, podem também acarretar problemas, tais como, formação de grande quantidade de massa orgânica; liberação de compostos tóxicos, os quais podem resultar em sabor e odor desagradáveis nas águas; e prolifera- ção exagerada de algas nas superfícies, au- mentando a turbidez da água e impedindo a penetração de luz solar. O tempo útil dos filtros (carreira) nas ETA é seriamente com- prometido quando há presença de algas. Classificação das águas naturais Segundo a resolução CONAMA no 357 (2005), as águas doces (águas com salinida- de igual ou inferior a 0,5 ‰) do Território Nacional são classificadas, segundo a quali- dade requerida para os seus usos preponde- rantes, em cinco classes: I. classe especial: águas destinadas: a) ao abastecimento para consumo hu- mano, com desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e c) à preservação dos ambientes aquáti- cos em unidades de conservação de proteção integral. II. classe 1: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo hu- mano, após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mer- gulho, conforme Resolução CONA- MA no 274 (2000); d) à irrigação de hortaliças que são con- sumidas cruas e de frutas que se de- senvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de pelí- cula; e e) à proteção das comunidades aquáti- cas em terras indígenas. III. classe 2: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo hu- mano, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mer- gulho, conforme Resolução CONA- MA no 274 (2000); d) à irrigação de hortaliças, plantas fru- tíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o pú- blico possa vir a ter contato direto; e e) à aquicultura e à atividade de pesca. IV. classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo hu- mano, após tratamento convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas, cere- alíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de contato secundário; e e) à dessedentação de animais. V. classe 4: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; e b) à harmonia paisagística. Os padrões de qualidade das águas de- terminados nessa Resolução (CONAMA no 357, 2005) estabelecem limites individuais para cada substância em cada classe. Salien- ta-se que as águas de melhor qualidade po- Meio ambiente e sustentabilidade 327 dem ser aproveitadas em uso menos exigen- te, desde que este não prejudique a qualida- de da água, atendidos outros requisitos pertinentes. Padrão de potabilidade O controle da qualidade da água de consu- mo humano se tornou uma ação de saúde pública a partir da década de 1970, com o advento da Portaria no 56/Bsb do Ministé- rio da Saúde (1977), que instituiu a norma de potabilidade em todo o território nacio- nal. Entretanto, somente após a criação do Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde, em 1999, e da publicação da Por- taria no 1.469, em 2000, foi implementado um programa de vigilância da qualidade da água. Os valores máximos permitidos (ou os limites máximos de contaminação – MCL) foram definidos com base em bioensaios to- xicológicos e em componentes químicos e fí- sico-químicos capazes de alterar as proprie- dades organolépticas da água, os quais, além de causarem rejeição de consumo, podem diminuir a vida útil de toda a infraestrutura utilizada para a distribuição desta, acarretan- do grandes prejuízos econômicos. A água potável é definida como a água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioa- tivos atendam ao padrão de potabilidade e não ofereçam riscos à saúde. No Brasil, desde 25 de março de 2004, o padrão de potabili- dade é estabelecido pela Portaria no 518 do Ministério da Saúde. Essa Portaria estabele- ce os procedimentos e responsabilidades re- lativas ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu pa- drão de potabilidade. Após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L em qualquer ponto da rede de distribuição. Recomenda- -se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5 e que o teor máximo de cloro residual livre, em qualquer ponto do sistema de abastecimen- to, seja de 2,0 mg/L. A água tratada presente no sistema de distribuição (reservatórios e rede) deve ser ausente de Escherichia coli ou coliformes termotolerantes (em 100 mL de água), en- quanto coliformes totais podem ser detec- tados em 5 % das amostras examinadas no mês (em sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês). Na Tabela 14.1, é apre- sentado o padrão de radioatividade para a água potável, enquanto na Tabela 14.2 são apresentados os valores máximos permiti- dos dos principais parâmetros para água própria ai consumo humano.O Ministério da Saúde e as autorida- des de saúde pública dos Estados, do Distri- to Federal e dos Municípios são responsá- veis pela fiscalização do fiel cumprimento da Portaria no 518 de 2004. TABELA 14.1 Padrão de radioatividade para água potável PARÂMETRO UNIDADE1 VMP2 Radioatividade alfa global Bq/L 0,1 Radioatividade beta global Bq/L 1,0 1 Bq (Becquerel) = uma desintegração por segundo. 2 Valor máximo permitido. Fonte: Portaria no 518 (2004). DICA DO PROFESSOR O vídeo traz uma breve apresentação desta Unidade de Aprendizagem: características, padrões de qualidade e classificação das águas de acordo com a Resolução no 357/2005 do CONAMA. Confira! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Os indicadores físicos de qualidade da água incluem: A) a) Cor, turbidez e pH. B) b) Turbidez, odor e algas. C) c) Turbidez, odor e cor. D) d) pH, algas e bactérias patogênicas. E) e) pH, ferro e fósforo. 2) Os indicadores químicos de qualidade da água incluem: A) a) Cor, temperatura e algas. B) b) pH, temperatura e oxigênio dissolvido (OD). C) c) Bactérias, sabor e oxigênio dissolvido (OD). pleite Highlight D) d) pH, oxigênio dissolvido (OD) e demanda química de oxigênio (DQO). E) e) Bactérias, turbidez e pH. 3) Os indicadores biológicos de qualidade da água incluem: A) a) Algas, bactérias e contaminação fecal. B) b) pH, temperatura e algas. C) c) Cor, dureza e sabor. D) d) pH, odor e oxigênio dissolvido (OD). E) e) Bactérias, algas e oxigênio dissolvido (OD). 4) De acordo com a Resolução no 357/2005 do CONAMA, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, a classe de água que permite a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral é a: A) a) Classe 4. B) b) Classe 2. C) c) Classe 3. D) d) Classe Especial. pleite Highlight pleite Highlight pleite Highlight E) e) Classe 1. 5) De acordo com a Resolução no 357/2005 do CONAMA, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, a classe de água que somente permite a navegação e a harmonia paisagística é: A) a) Classe Especial. B) b) Classe 2. C) c) Classe 1. D) d) Classe 3. E) e) Classe 4. NA PRÁTICA Indústrias, colégios e condomínios devem passar por análise referente à água. Nesse sentido, alguns cuidados são fundamentais para que se complete uma análise adequada da água. pleite Highlight SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Meio Ambiente e Sustentabilidade Rosa, André Henrique; Fraceto, Leonardo Fernandes; Moschini-Carlos, Viviane
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