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9043-Livro autoral-51623-1-10-20201218 (2)

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Patrimônio cultural
 no Estado do Tocantins:
materialidade e imaterialidade
Rosane Balsan
Núbia Nogueira do Nascimento
PALMAS - TO
2020
Patrimônio cultural
no Estado do Tocantins:
materialidade e imaterialidade
Rosane Balsan
Núbia Nogueira do Nascimento
(Organizadoras)
Diagramação e capa: Grá�ca Movimento
Arte de capa: Grá�ca Movimento
O padrão ortográ�co e o sistema de citações e referências bibliográ�cas são prerrogativas de cada autor. 
Da mesma forma, o conteúdo de cada capítulo é de inteira e exclusiva responsabilidade de seu respectivo autor.
http://www.abecbrasil.org.br
Reitor
Luis Eduardo Bovolato
Vice-reitora
Ana Lúcia de Medeiros
Pró-Reitor de Administração e Finanças (PROAD)
Jaasiel Nascimento Lima
Pró-Reitor de Assuntos Estudantis (PROEST)
Kherlley Caxias Batista Barbosa
Pró-Reitora de Extensão, Cultura e Assuntos 
Comunitários (PROEX)
Maria Santana Ferreira Milhomem
Pró-Reitora de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas 
(PROGEDEP)
Vânia Maria de Araújo Passos
Pró-Reitor de Graduação (PROGRAD)
Eduardo José Cezari
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ)
Raphael Sanzio Pimenta
Conselho Editorial 
EDUFT
Presidente
Francisco Gilson Rebouças Porto Junior
Membros por área:
Liliam Deisy Ghizoni
Eder Ahmad Charaf Eddine
(Ciências Biológicas e da Saúde)
João Nunes da Silva 
Ana Roseli Paes dos Santos
Lidianne Salvatierra
Wilson Rogério dos Santos
(Interdisciplinar)
Alexandre Tadeu Rossini da Silva 
Maxwell Diógenes Bandeira de Melo
(Engenharias, Ciências Exatas e da Terra)
Francisco Gilson Rebouças Porto Junior
Thays Assunção Reis
Vinicius Pinheiro Marques
(Ciências Sociais Aplicadas)
Marcos Alexandre de Melo Santiago
Tiago Groh de Mello Cesar
William Douglas Guilherme
Gustavo Cunha Araújo
(Ciências Humanas, Letras e Artes)
Universidade Federal do Tocantins
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP
 B196p
 Balsan, Rosane. 
 Patrimônio cultural no Estado do Tocantins: materialidade e 
imaterialidade / Rosane Balsan; Núbia Nogueira do Nascimento – 
Palmas, TO: EDUFT, 2020.
141 p. il. ; 21 x 29,7 cm.
 ISBN: 978-65-89119-21-0 
 Inclui referências ao final.
1. Patrimônio, Tocantins. 2. Patrimonialização, Tocantins. 3. 
Natividade. 4. Porto Nacional. 5. Capim dourado, artesanato. 6. 
Filigrana. 7. Movimento junino, Palmas I. Núbia Nogueira do 
Nascimento. II. Título. III. Subtítulo.
CDD – 720
SUMÁRIO
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Edith Lotufo
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Rosane Balsan e Núbia Nogueira do Nascimento
Percursos da patrimonialização no Tocantins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Antonio Miranda dos Santos
Natividade e Porto Nacional: cidades patrimonializadas no Tocantins . . . . . . . . . 20
Núbia Nogueira do Nascimento
Patrimônio arquitetônico moderno no Tocantins. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Marianna Cardoso
Tempo de Pentecostes na cidade patrimônio cultural: Natividade/TO . . . . . . . . . 41
Noeci Carvalho Messias
Artesanato de capim dourado: Comunidade Indígena Xerente - 
saberes e fazeres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Roseli Bodnar, Ricardo Ribeiro Malveira e Thainá de Brito Paiva
Movimento junino em Palmas: memória, tradição e patrimônio . . . . . . . . . . . . . . 66
Diego Weverton Andrade Neves, Claúdio Maranhão, Karylleila dos Santos Andrade e 
Roseli Bodnar 
As joias em filigrana nas Festas Religiosas de Natividade, Tocantins: 
patrimônio cultural e lugar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Watila Misla Fernandes Bonfim e Rosane Balsan
O rio e as ruas: lugares de memória em Porto 
Nacional/TO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Juliana Ricarte Ferraro e Ariel Elias do Nascimento 
Lugares de memória, espaços sagrados e símbolos de identidades: 
o patrimônio cultural, religioso e educacional de Porto Nacional. . . . . . . . . . . . .100
César Evangelista Fernandes Bressanin e Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida
A taipa de mão na Comunidade Quilombola Barra da Aroeira/TO: 
o saber vernacular como patrimônio imaterial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .114
Marcos Antonio dos Santos e Olivia de Campos Maia Pereira 
Memórias: o professor Napoleão e o Curso de História em 
Porto Nacional (1985-1992). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .123
Benvinda Barros Dourado e Dâmbria Muriel Elias Ferreira 
Posfácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134
Marília Luiza Peluso
Sobre os autores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .136
8
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
PREFÁCIO
Edith Lotufo1
Ao ser convidada pelas organizadoras a escrever o presente prefácio refleti muito ‘se’ e 
‘como’ eu poderia contribuir na publicação de um livro sobre patrimônio cultural do Estado do 
Tocantins, não sendo especialista na área. Após ler os artigos aceitei o desafio por perceber que 
minha história pessoal e de pesquisadora está entremeada com a maioria dos temas abordados. 
Entendo que socializar e tornar público os resultados de pesquisas são atitudes generosas e 
necessárias. Ao mesmo tempo em que o pesquisador se expõe a revisões e críticas, ele contribui 
para a construção coletiva do conhecimento sobre a cultura de um território. O tão novo Estado 
do Tocantins, enquanto unidade administrativa, possui uma história antiga, que ainda está longe 
de estar registrada, interpretada e amplamente disponibilizada. Este livro enriquece as produções 
existentes, já publicadas, com novos aspectos para quem quer aprofundar seus estudos. 
Vivi com minha família em Porto Nacional, então Norte Goiano, entre 1975 e 1985, onde 
participamos da elaboração e execução de projetos como colaboradores da COMSAÚDE - Co-
munidade de Saúde, Desenvolvimento e Educação.
Mudamos no final do ano de 1985 para Goiânia, principalmente pela necessidade de 
uma formação profissional continuada, condição que Porto Nacional não nos oferecia naquele 
momento. Não tínhamos interlocutores da nossa área de trabalho e percebíamos que, o que 
aprendemos na faculdade, eram conhecimentos que precisavam ser ampliados e aprofundados. 
Se existisse o grande número de faculdades e universidades de hoje, naquele tempo, nossas 
escolhas de vida poderiam ter sido outras. 
Entre 2012 e 2015, após ter sido professora dos cursos de arquitetura e de design da PUC 
Goiás por mais de vinte anos, resolvi retomar a experiência vivida em Porto Nacional, analisan-
do-a a partir dos nossos arquivos pessoais e da minha memória. Ingressei no Mestrado em Arte e 
Cultura Visual da UFG de Goiânia, onde pude adquirir a necessária fundamentação teórica para 
ressignificar o período vivenciado. Esse período de estudo e pesquisa resultou numa dissertação 
sobre o artesanato de Porto Nacional. 
Posso dizer que a decisão de transformar arquivos e memória em um estudo sistemático, 
submetido a discussões acadêmicas de diversas áreas de conhecimento me aproxima, depois de 
mais de quarenta anos passados da minha vivência em Porto Nacional, do grupo de pesquisado-
res que reuniram seus textos e apresentam suas pesquisas no presente livro.
Os diferentes textos fizeram com que eu voltasse no tempo mais uma vez. Tanto nossa 
atuação em Porto Nacional, quanto meus estudos recentes, poderiam ter outras abordagens 
se fôssemos ligados ou tivéssemos nos direcionado para o estudo da história,da geografia ou 
da antropologia. Em muitos momentos prevaleceu nossa intuição, nosso olhar formado pelas 
1 Graduada em Educação Artística, pela Universidade de Kassel, Alemanha (1975), Licenciatura para o Ma-
gistério em Escolas Secundárias em Artes e Ofícios, pelo Seminário de Estudos I de Kassel (1983) e Espe-
cialização em Educação/Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás (1997). Desde 1989 é 
professora da PUC Goiás.
9
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
propostas de educação popular de Paulo Freire e nossa percepção relacionada à história da arte 
e dos ofícios.
Realizamos, naquela época, com o apoio de moradores locais e, em especial, de estudantes 
universitários portuenses, eventos que valorizavam a cultura popular, além do artesanato, prin-
cipalmente a poesia e a música. Cito, em especial, o arquiteto Bey Ayres e o jornalista João Luiz 
Neiva, na época estudantes universitários em Brasília e Goiânia. Nosso olhar era de fora, como 
não poderia ser diferente, mas encontrava correspondência em um novo olhar adquirido pelos 
estudantes portuenses nos respectivos cursos e com o distanciamento encontrado na convivência 
com outras realidades.
Morávamos numa casa centenária, ao lado do prédio da Comsaúde, antigo Colégio das 
Irmãs Dominicanas. O fato de termos preservado o estilo original dos dois casarões, mudou a 
relação de diversas famílias quanto aos seus próprios casarões. Mesmo não declarando nossas 
atitudes e ações de preservação de patrimônio no sentido oficial, estas constituíam práticas 
concretas.
No contexto das pesquisas ora apresentadas sinto-me, em muitos momentos, como teste-
munho vivo dos aspectos abordados. 
Durante a leitura lembrei-me de uma analogia para a atividade do pesquisador, feita por 
José Carlos Paiva, da Universidade de Porto (Portugal). Em 2014 participou de um seminário, 
realizado pela UFG, trazendo o tema Geografias Interculturais como Espaços de Aprendizagem. 
Em um encontro paralelo o pesquisador traçou uma linha em uma folha de papel, como um corte 
em um espelho d’água, com um barco no meio. Em volta da água, naquilo que poderia ser a 
margem de um lago ou de uma praia, ele desenhou algumas referências de paisagem e presença 
humana. Fiz logo uma associação com o lago formado em Porto Nacional pelo represamento 
do rio Tocantins. Professor Paiva dizia que a pesquisa corresponde a uma linha de anzol jogada 
nesse lago a partir do barco, que é o pesquisador e se encontra na superfície imensa de água. 
O que a investigação busca está lá embaixo da superfície, numa linha vertical. Mas a linha de 
pescar não está imóvel na água, ela faz buscas nas proximidades em forma de círculos, expan-
dindo a área até aonde a linha o permite. Ao mesmo tempo em que o anzol está direcionado 
para o fundo da água, a vida na superfície não está parada e existem, em cada direção, inúmeras 
visões de horizonte. 
 Vejo no presente livro a reunião de muitas pessoas buscando aquilo que está sob a su-
perfície de uma água turva e que só um olhar instigado em busca de significados pode perceber. 
O tempo disponível, os conhecimentos acumulados e o envolvimento pessoal trazem resultados 
diferentes desta pescaria, mas se tornam um alimento indispensável para a cultura e memória 
da região independendo da quantidade e tamanho do pescado. Vejo na complementariedade 
dos textos, aqui apresentados, a riqueza do conjunto. Eles reúnem as diversas perspectivas dos 
nascidos no Tocantins e de outros, que escolheram este lugar para viver e trabalhar. 
Os nascidos no lugar trazem em sua forma de interpretar o patrimônio material e imaterial 
uma emoção e poesia que nós, vindos de fora, jamais poderíamos alcançar. Por outro lado, 
diferentemente dos antigos viajantes, que deixaram seus registros e suas impressões de pouco 
tempo de estadia, nós que permanecemos por períodos mais longos, podemos ter uma vivência 
que também nos permite um conhecimento profundo, mediado por pessoas do lugar com sua 
hospitalidade, empatia e abertura para interagir conosco. 
10
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Projetos de pesquisa nunca se encerram, eles são convites para novas perguntas, ques-
tionar origens e buscar significados sobre tudo aquilo que podemos ver e ouvir nas cidades e 
vilarejos. O “povo tocantinense” é hoje multicultural. As culturas e as identidades de grupos 
populacionais vão se mesclando, o que faz com que patrimônio e tradições se tornem ressignifi-
cados e reinterpretados, num processo dinâmico de entrelaçamentos e trocas mútuas.
11
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
APRESENTAÇÃO
Rosane Balsan 
Núbia Nogueira do Nascimento
Esta coletânea compõe estudos desenvolvidos e/ou concluídos sobre memória, patrimônio 
material e imaterial do estado do Tocantins. No início, pensamos em trabalhos defendidos no 
Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGG-UFT) que abordassem a temática do patri-
mônio cultural dessa unidade federativa. Para uma ampla abrangência, buscamos uma interdis-
ciplinaridade com autores em diversas áreas do conhecimento para múltiplos olhares sobre o 
patrimônio.
Tocantins, Unidade da Federação, é nosso recorte territorial sobre leituras patrimoniais 
com aspectos da geografia, história e arquitetura. É o Estado mais jovem do Brasil, mas com 
sua territorialidade arraigada no antigo com nuances no moderno. Ao se discutir o patrimônio 
cultural e a história do Tocantins, imprescindível que se mencione o estado de Goiás, pois os 
registros documentais sobre Tocantins ainda estão armazenados, em sua maioria, neste Estado, 
antes do desmembramento em 1988 denominado antigo norte goiano.
Foram, então, convidados membros do Grupo de Pesquisas do Núcleo de Estudos Urbanos 
e das Cidades (NEUCIDADES) para que os professores pudessem participar com a escrita de um 
capítulo no e-book. Havíamos publicado uma coletânea pela Editora da Universidade Federal 
do Tocantins (EDUFT, 2015), intitulada “Porto Nacional, Patrimônio do Brasil: histórias e 
memórias” com artigos diversos, mas não específicos sobre o patrimônio cultural do Estado. 
A composição desta atual coletânea retrata, nos onze capítulos, a história e o rememora-
mento dos tocantinenses sobre sua cultura, tradição e identidade como forma de expressão e 
registros que constituem ferramentas de apoio à preservação do patrimônio nacional.
A temática do livro nos remete ao patrimônio cultural e imaterial não apenas a um passado 
distante e nem tão pouco arcaico, mas também ao patrimônio moderno. É um convite à leitura de 
diferentes temporalidades vivenciadas em diferentes espaços geográficos do antigo norte goiano 
e atual estado do Tocantins, com vários olhares nos diálogos interdisciplinares.
Diversos conceitos dão visibilidade e apresentam à sociedade tocantinense e aos demais 
interessados na temática por meio de uma amostra de estudos realizados por esses pesquisado-
res. Parte dos capítulos são relatos de estudo feitos bem como de experiências vividas expressas 
pela cultura e memória por meio das pesquisas concluídas, desde cidades consideradas cente-
nárias, como Natividade e Porto Nacional, bem como a modernidade estampada pela capital 
Palmas/TO. 
Outros elementos são destacados nos capítulos, que vão desde arquitetura, patrimônio 
cultural, educacional e religioso até impactos socioeconômicos ambientais que marcaram a trans-
formação da paisagem, descaracterizando o antigo, refuncionalizando e construindo o moderno. 
Assim, ressignifica o passado por meio dos monumentos e reconstitui um novo presente por 
meio das construções e peças como símbolos de identidade local.
12
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Na imaterialidade, destacamos as festas populares e o saber fazer, como técnicas artesa-
nais, danças, músicas, tradição, promovendo a valorização, a preservação e a fruição do patri-
mônio cultural brasileiro.
Esta obra, enquanto referência, objetiva trazer em cada capítulo um mosaico de história, 
costumes e hábitos da populaçãotocantinense. As releituras se tornam um olhar atento das lem-
branças que possam ser vivenciadas por meio das fontes documentais.As organizadoras.
13
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
PERCURSOS DA 
PATRIMONIALIZAÇÃO NO 
TOCANTINS
Antonio Miranda dos Santos2
1. INTRODUÇÃO
Neste artigo apresento, de forma sintética, a trajetória e os caminhos percorridos, tanto 
pela esfera federal, quanto pela esfera estadual no processo de patrimonialização dos bens 
culturais no estado do Tocantins. As políticas, os instrumentos de proteção, bem como as ações 
de preservação do patrimônio cultural são fatos discorridos e analisados neste texto. Para isso, 
foi necessária uma análise bibliográfica e documental das práticas desenvolvidas e de projetos 
executados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, bem como pelo 
o Órgão de cultura do Estado no que tange à preservação e proteção do patrimônio material e 
imaterial do Tocantins.
2. TOMBAMENTOS NA ESFERA FEDERAL
Pelo art. 13 das Transições Constitucionais e Transitórias da Constituição Federal de 1988, 
é criado o estado do Tocantins:
Art.13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita 
neste artigo, dando-se sua instalação no quadragésimo sexto dia após a eleição 
prevista no § 3º, mas não antes de 1º de janeiro de1989.
§ 1º O Estado do Tocantins integra a Região Norte e limita-se com o Estado de 
Goiás pelas divisas norte dos municípios de São Miguel do Araguaia, Porangatu, 
Formoso, Minaçu, Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Campos Belos, con-
servando a leste, norte e oeste as divisas atuais de Goiás com os Estados da 
Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Mato Grosso (BRASIL, 1988, p. 151).
O Tocantins é o estado mais novo da federação, porém, conforme afirma Parente (1999, p. 
58), o seu povoamento teve início na primeira metade do século XVIII:
Nas décadas de 1730 e 1740 ocorreram as descobertas auríferas no norte de 
Goiás e, por causa delas, a formação dos primeiros arraiais no território onde 
hoje se situa o Estado do Tocantins. Natividade e Almas (1734), Arraias e 
Chapada (1736), Pontal e Porto Real (1738). Nos anos 40 surgiram Conceição, 
Carmo e Taboca, e mais tarde Príncipe (1770). Alguns foram extintos, como 
14
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Pontal, Taboca e Príncipe. Outros resistiram à decadência da mineração e no 
século XIX se transformaram em vilas e posteriormente em cidades.
No entanto, o processo de patrimonialização na região que compreende hoje o atual estado 
do Tocantins só teve início no final da década de 1980, com o tombamento do centro histórico 
de Natividade, ocorrido no ano de 1987, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico 
Nacional, IPHAN.
Segundo Oliveira (2016 apud SANT’ANNA, 1995, p. 58-59), o conceito de centro histórico 
configurou-se pela primeira vez em Viena, Áustria, no século XIX, por ocasião da construção 
de um anel viário. A referida obra dividia o núcleo antigo das áreas da cidade que atenderiam à 
nova dinâmica industrial, pois era impossível adaptar as áreas antigas às novas exigências sem 
que houvesse destruição.
Para Queirós (2007), com o passar do tempo, o conceito de centro histórico tem sofrido 
alterações. Porém, para a autora, há uma regra para o conceito de centro histórico: “(...) é visto 
como um livro de memórias materiais e imateriais, que possui importantes referências e indica-
ções de identidade dos povos que aí habitam e habitaram ao longo do tempo” (QUEIRÓS, 2007, 
p. 3).
Messias (2010, p.188) afirma que “o Centro Histórico de Natividade foi inscrito nos 
seguintes livros de tombo: livro de tombo histórico, livro de tombo arqueológico, livro de tombo 
etnográfico e paisagístico”. Nesse período, conforme informações coletadas no sítio digital do 
IPHAN, o estado de Goiás pertencia a 8º DR (Diretoria Regional do SPHAN), que compreendia 
os estados do Centro-Oeste e o Distrito Federal. Nesse período, a área geográfica que compreen-
de o estado do Tocantins ainda pertencia a Goiás, portanto, localizava-se na região Centro-Oeste 
do Brasil.
Messias (2010, p. 187) destaca que “o despacho do Ministro da Cultura sobre o ato de 
homologação desse tombamento foi publicizado no Diário Oficial de 14 de julho de 1987”.
Originada da mineração de ouro, que deixou fortes marcas na cidade e arredores, locali-
zada a 226 km da capital Palmas, Natividade tem em seus casarios e no traçado das ruas carac-
terísticas do estilo colonial. Santos (2009, p. 5) descreve algumas características sobre o centro 
histórico de Natividade/TO:
Seu centro histórico (18 alqueires), tombado como Patrimônio Histórico e 
Artístico Nacional desde 1987, abriga a Igreja de Nossa Senhora da Natividade, 
Igreja de São Benedito e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que 
acreditam ter sido inacabada ou que seu teto e parte das paredes ruíram.
Na primeira década deste século, a preservação do patrimônio cultural de Natividade 
recebeu um grande impulso por meio do Programa Monumenta. Conforme o sítio do Iphan, o 
referido programa, que tinha a proposta de conjugar recuperação e preservação do patrimônio 
cultural com o desenvolvimento econômico e social, atendeu 27 cidades brasileiras.
Segundo o parecer do Conselho Consultivo do Iphan (2012), eram metas do Programa 
Monumenta promover obras de restauração e recuperação de bens tombados e edificações lo-
calizadas na poligonal de tombamento, além de capacitação de mão de obra especializada em 
restauro, formação de agentes locais de cultura e turismo, promoção de atividades econômicas e 
programas educativos (IPHAN, 2012).
15
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
De acordo com o Parecer supracitado, o Monumenta contou com financiamento do Banco 
Interamericano de Desenvolvimento, BID, e o apoio da UNESCO, além de uma contrapartida 
dos municípios contemplados pelo programa.
Sobre as ações de preservação do Programa Monumenta em Natividade/TO, Picanço 
(2009, p. 107) afirma que “[...] o Monumenta em Natividade conseguiu preservar a arquitetura 
dos bens, resgatando o estilo colonial, observando os valores históricos e estéticos [...]”.
No ano de 2018, foi a vez do centro histórico da cidade de Porto Nacional. Conforme a 
Ata da 59ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, Iphan, o tombamento do 
centro histórico de Porto Nacional foi aprovado no dia 27 de novembro de 2008, por ocasião da 
referida reunião.
Segundo informações do Parecer Técnico 003/2008DEPAM/IPHAN, o Dossiê de Tom-
bamento de Porto Nacional, aberto sob o número 01450.005680/2008-88, e que, além dessa 
numeração, recebeu também o número 1.553-T-08 para continuidade da Série Histórica 
“Processos”, do Arquivo Central do Iphan, foi elaborado em novembro de 2007 em parceria 
entre a 14a Superintendência Regional/Iphan/GO, a Fundação Cultural do Estado do Tocantins e 
a Prefeitura Municipal de Porto Nacional (IPHAN, 2008b).
De acordo com Documento de Certificação do DAF/IPHAN, o centro histórico de Porto 
Nacional foi inscrito no Livro de Tombo Histórico, Volume 3, do Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional, no dia dezessete de novembro de 2011 (IPHAN, 2007).
A área tombada de Porto Nacional já passou por revisões na sua poligonal. Em 2012, ocorreu 
a rerratificação da poligonal de tombamento, publicada no Diário Oficial da União, no dia 15 de 
outubro de 2012 (Figura 1). A homologação se deu por meio da Portaria nº 111, de 15 de outubro 
de 2014, publicada no Diário Oficial da União, Seção – 1, nº 200, em 16 de outubro de 2014.
Figura 1 – Rerratificação do Tombamento de Porto Nacional-TO
Fonte: Superintendência do IPHAN/TO, 2012.
16
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
3. OUTRAS AÇÕES DO IPHAN NO TOCANTINS
Conforme Portal Iphan (1980) a Portaria 230/1976 aprova o Regimento Interno do órgão, 
que passou a se organizar em Diretorias Regionais, sendo nove diretorias ao todo. A região do 
então norte de Goiás, hoje estado do Tocantins, fez parte da 7ªDiretoria Regional, com sede em 
Brasília, que compreendia o Distrito Federal, os estados de Goiás e Mato Grosso e mais o terri-
tório de Rondônia. Já em 1990, essa Diretoria Regional se transformou na 14ª Superintendência 
Regional, compreendendo os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
O ano de 2009 é um marco histórico para o Iphan. Naquele ano, o Governo Federal, por 
meio do Decreto, n. 6.844, de 7 de maio de 2009, aprova a Estrutura Regimental da autarquia 
e define cargos e funções (BRASIL, 2009). Para alguns Estados, como é o caso do Tocantins, 
esse marco é ainda mais significante, pois o referido decreto acaba com as superintendências 
regionais e cria as superintendências estaduais. A Superintendência do Iphan no Tocantins foi 
instalada apenas no ano de 2010.
Conforme o portal do Iphan, em 2007, especificamente no dia 10 de novembro, a 14ª Su-
perintendência do Iphan (SR) fez a entrega da restauração da Igreja Nossa Senhora do Carmo 
para os moradores da cidade de Monte do Carmo/TO. Segundo o referido portal, a recuperação 
da igreja, no valor de R$ 258 mil, foi executada por meio de um convênio com o Fundo Nacional 
de Cultura (FNC). Lembramos que, naquela época, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo ainda 
não era tombada pela esfera estadual, fato que só ocorreu em 2012 (SECOM, 2012).
Ainda em 2007, de acordo Cavalcante e Kimura (2008), a então 14º SR, que tinha sob sua 
jurisdição os estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins, com sede em Goiânia/GO, em parceria 
com a Fundação Cultural do Tocantins (FCT), iniciou um projeto de reconhecimento das re-
ferências culturais do Estado, com a denominação de Mapeamento do Patrimônio Cultural do 
Tocantins. Técnicos do Iphan e FCT percorreram grande parte do território tocantinense, regis-
trando e coletando dados que dessem subsídios para o Iphan, bem como para a FCT, delinearem 
futuras ações de preservação do patrimônio. O referido projeto resultou na publicação de um 
livro intitulado “Vivências e Sentidos: o patrimônio cultural do Tocantins”, publicado em 2008.
No mesmo ano de 2008, conforme portal do Iphan, a autarquia, em parceria com a Prefei-
tura Municipal de Porto Nacional e o Governo do Estado do Tocantins, por meio da FCT, conclui 
e entrega para os moradores da cidade o projeto de modernização do Museu Histórico de Porto 
Nacional. Conforme o órgão, o referido projeto recebeu recursos no valor de R$ 133.900,00 do 
Programa Museu, Memória e Cidadania do Iphan. Além do projeto de modernização, segundo 
informações do Iphan (2008b), foi executada pela entidade a obra de restauração do edifício que 
sedia o museu. De acordo com informações do portal Iphan, a execução do projeto custou R$ 
399.600, 00.
Para Santos (2018), no que tange às ações de proteção do Iphan ao patrimônio imaterial em 
Tocantins, destaca-se o registro das bonecas karajá. Conforme IPHAN (2012), as bonecas foram 
registradas em dois livros: no livro dos Saberes, com a denominação “Saberes e Práticas Asso-
ciados ao modo de fazer Bonécas Karajá”, e no livro de “Formas de Expressão como Ritxòxò: 
Expressão Artística e Cosmopológica do povo Karajá”. O referido registro abrange as aldeias 
Karajá nos estados de Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins. Destacamos que o processo para o 
registro das bonecas Karajá teve início em 2010 e, segundo Iphan (2012), foi coordenado pela 
17
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
14ª Superintendência, com sede em Goiás, com a supervisão do Departamento do Patrimônio 
Imaterial (DPI). 
Além das bonecas Karajá, Santos (2018) lembra que o Ofício dos Mestres de Capoeira e 
a Roda dos Mestres de Capoeira foram registrados como Forma de Expressão ainda em 2008. 
De acordo com Iphan (2012), o registro abrange todo Território Nacional. Dessa forma, é res-
ponsabilidade de cada Superintendência estadual a salvaguarda desse bem nos seus respectivos 
estados.
4. INICIATIVAS NA ESFERA ESTADUAL
Conforme Santos (2018), na década de 1990, após a criação do estado do Tocantins, 
ocorrida em 1988, por meio da Constituição Federal promulgada em 5 de outubro do mesmo ano, 
algumas ações de preservação do patrimônio cultural foram desenvolvidas pela esfera estadual. 
Um exemplo dessas ações foi o projeto denominado “conhecer para preservar”, que consistia em 
um inventário prévio das manifestações culturais e monumentos históricos e arquitetônicos do 
Tocantins. Sobre esse projeto, Santos, Barbosa e Silva (2008, p. 69) descrevem:
[...] foi dividido em cinco etapas: (1ª) abrangeu as cidades da região sudeste; 
(2ª) contemplou as cidades da região norte; (3ª) intitulada “conhecendo e pre-
servando as culturas indígenas do Tocantins”, esta etapa englobou todos os 
povos que vivem no estado; (4ª) esta etapa que não foi realizada, tinha como 
objetivo a região sul e (5ª), etapa que também não foi realizada, pressupunha 
um mapeamento arqueológico. 
A Lei n. 431, de 28 de julho de 1992, promoveu os primeiros atos de tombamento na esfera 
estadual. Conforme o texto do art. 1º da referida Lei:
Art. 1º Ficam tombados e integrados ao Patrimônio Histórico e Cultural do 
Estado do Tocantins, os prédios públicos que sediaram os Poderes Legislati-
vo, Executivo e Judiciário do primeiro governo do Estado do Tocantins, com 
sede na cidade de Miracema do Tocantins, sua primeira capital, e em Palmas: 
-I.prédio que sediou o Palácio Araguaia - Sede do Poder Executivo: Rua 
Osvaldo Vasconcelos, s/nº - Miracema do Tocantins; II- prédio que sediou a 
Assembléia Legislativa do Estado do Tocantins; Rua Hosana Cavalcante, s/nº - 
Miracema do Tocantins;I II- prédio que sediou o Tribunal de Justiça do Estado 
do Tocantins: Praça Mariano Cavalcante, S/N - Miracema do Tocantins;IV- 
prédio que primeiro sediou a Assembléia Legislativa em Palmas;V- prédio que 
primeiro sediou o Poder Executivo “ O Palacinho” em Palmas. 
Os referidos bens foram tombados antes da instituição de uma Lei de proteção do pa-
trimônio cultural do Tocantins. Somente em 1993 foi publicada a Lei Estadual 577/93, que 
dispõe sobre a proteção e preservação do patrimônio histórico e artístico cultural do estado do 
Tocantins.
De acordo com Santos (2018), nos seus mais de trinta anos de criação, o estado do 
Tocantins não consolidou uma política de preservação e proteção para o patrimônio cultural. 
Nesse período, ocorreram várias mudanças nas estruturas do órgão de cultura do Estado, alter-
18
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
nando entre Secretaria de Cultura e Fundação Cultural. Nos organogramas dos referidos órgãos, 
as denominações dos setores responsáveis pelo patrimônio cultural também alternaram entre 
Coordenação, Diretoria e Superintendência de Patrimônio Cultural.
Atualmente, conforme o portal Tocantins, o Estado não tem um órgão próprio para ações 
relacionadas à cultura. Há apenas uma Agência de Desenvolvimento do Turismo, Cultura e 
Economia Criativa (AGETUC). No organograma da referida Agência, consta uma Superinten-
dência de Cultura, com as seguintes gerências: Gerência de Fomento e Promoção da Cultura e 
Gerência de Acervo e Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (TOCANTINS, 2018).
Porém, conforme Secretaria de Comunicação do Governo do (SECOM), desde a criação 
do Tocantins, foram desenvolvidas várias ações de preservação e proteção do patrimônio cultural 
do Estado. Segundo sitio www.secom.to.gov.br, foram ações relacionadas aos inventários com 
metodologia do próprio órgão de cultura do estado e inventários com metodologias do Iphan, 
sendo:
a) Inventários desenvolvidos com metodologias próprias: conhecer para 
preservar, inventário da sússia, inventário do capim dourado e o inventário das 
referências culturais de Monte do Carmo. b) Inventários com metodologia do 
Iphan: Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) – e o Inventário 
Nacional de Bens Imóveis em Sítios Urbanos (INBI-SU), ambos realizados em 
Porto Nacional.
Além dos referidos inventários, de acordo com a SECOM (2011), duas igrejas foram 
inscritas emlivros de tombos, são elas: Igreja Nossa Senhora da Consolação (Tocantinópolis) 
e Igreja Nossa Senhora do Carmo (Monte do Carmo). Ocorreram também naquele período, 
conforme notícias do órgão de Comunicação do estado do Tocantins, alguns mapeamentos 
de comunidades quilombolas, tais como: Comunidade Cocalinho (município de Santa Fé do 
Araguaia), Comunidade Malhadinha (município de Brejinho de Nazaré), Comunidade Barra da 
Aroeira (município de Santa Tereza do Tocantins) e Comunidade Lagoa da Pedra (município de 
Arraias).
No entanto, não conseguimos identificar nenhuma ação de preservação e ou proteção do 
patrimônio cultural, desenvolvidas pelo estado do Tocantins desde o ano de 2013.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Tocantins tem um patrimônio cultural secular, fruto do seu longo processo de formação. 
Uma tradição que se reflete nas danças, nos cânticos, nas manifestações populares e religiosas, 
nas pinturas rupestres, bem como em alguns casarios que resistiram e ainda resistem ao tempo 
aos descasos das políticas públicas. Uma identidade com fortes traços dos negros que aportaram 
na região ainda como escravos para trabalhar nas minas de ouro e por aqui permaneceram, dos 
indígenas que migraram de forma compulsória fugindo dos colonizadores, bem como de nordes-
tinos que vieram em busca de um novo lugar. 
Porém percebemos que nos últimos anos o Estado regrediu de forma acelerada em relação 
às políticas de preservação, proteção e valoração do seu patrimônio cultural. O que antes era 
uma política instável, constitui-se hoje em ausência de políticas voltadas para a cultura em todas 
19
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
as suas vertentes. Essa falta de políticas se traduz na ausência de ações que visam ao fomento, à 
permanência e ao fortalecimento da identidade cultural do Tocantins.
É sabido que a cultura é a principal identidade de um povo, assim como é consenso para 
os estudiosos desse tema que quem não preserva as suas tradições se torna um povo sem jugo.
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OLIVEIRA, Fernanda Rocha de. Novos olhares e antigas práticas no tombamento de centros 
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2016.
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PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
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2009. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Programa de Pesquisa e Pós-Gra-
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Acesso em: 17 mar. 2020.
21
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
NATIVIDADE E PORTO NACIONAL: 
CIDADES PATRIMONIALIZADAS 
NO TOCANTINS
Núbia Nogueira do Nascimento3
1. INTRODUÇÃO
Com advento da modernização ao longo dos anos e o aprimoramento das novas tecnolo-
gias, o patrimônio tem sido cada vez mais popularizado ou mesmo comercializado. Em algumas 
localidades, podemos perceber essa comercialização com mais evidência principalmente em 
cidades que atribuem ao turismo uma rentabilidade como consequência do uso do patrimônio. 
Para que a manutenção do patrimônio atinja a posteridade, conta-se com instituições mantene-
doras para sua preservação e ou restauração, por exemplo, o Instituto do Patrimônio Histórico 
e Artístico Nacional (IPHAN), em nível nacional, e a Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em nível internacional. São organismos preocupa-
dos com a permanência dos bem patrimoniais para geração futura. 
O estudo trata de verificar a gênese bem como a dinamicidade de como o patrimônio 
é lembrado pelos citadinos nas cidades históricas no estado do Tocantins. Abordaremos duas 
cidades patrimonializadas, Natividade e Porto Nacional como objeto de estudo com destaque 
às cidades resistentes. Teremos de forma estrutural o sítio de tombamento do perímetro da área 
tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) das duas cidades 
tocantinenses como metodologia de análise.
O artigo visa em primeiro momento a uma discussão teórica sobre as cidades históricas no 
estado do Tocantins, as quais denominamos cidades resistentes. Não aprofundaremos, mas é um 
conceito em desenvolvimento e que está sendo aprimorado com algumas definições.
O estado do Tocantins foi criado no ano de 1988, concomitante à última reforma da Cons-
tituição Federal Brasileira. Tocantins passou a ser um estado autônomo desvinculado de Goiás. 
De acordo com Rodrigues e Santos (2015), o estado do Tocantins, conhecido como antigo norte 
goiano, foi constituído por 79 municípios, com uma área de 277.321,9 km², integrando a região 
Norte. Rodrigues (2008, p. 42) diz que “essa dualidade recriada pelo discurso da invençãodo 
Estado do Tocantins entre jesuítas e bandeirantes [...] enquanto os primeiros, no Norte, defendiam 
a terra e os indígenas, os segundos, no Sul, eram marcados pelo estigma da exploração da terra 
e de seus habitantes”. 
Um ano antes da divisão territorial entre os estados de Tocantins e Goiás, houve o tom-
bamento da primeira cidade no norte goiano no ano de 1987, Natividade. Após vinte anos, a 
segunda cidade, Porto Nacional, foi tombada em nível nacional no ano de 2007, agora em terri-
22
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
tório tocantinense. O tombamento de Porto Nacional veio com o propósito de afirmar a identi-
dade, memória e história da população tocantinense (NASCIMENTO, 2014). 
As cidades históricas do Estado do Tocantins, Natividade e Porto Nacional, desde sua 
gênese, tiveram algumas transformações no sítio histórico, principalmente no que se refere aos 
imóveis patrimonializados em ambas cidades. Assim, surge o questionamento da investigação: 
com advento da modernização e a especulação imobiliária, as cidades históricas do estado do 
Tocantins ainda se mantêm resistentes em preservar a memória do lugar?
O estudo tem como objetivo a discussão sobre a manutenção do patrimônio por meio das 
cidades históricas, identificando os elementos que fazem as cidades resistentes. Denominamos 
cidade resistente aquela que passou por um processo de modernização, intempéries antrópicas 
e mesmo assim tende a manter sua estrutura originária, em que os sujeitos presentes no local se 
tornam os principais atores para resistir ao lugar. 
Mais adiante, citaremos as cidades históricas não patrimonializadas e as cidades resisten-
tes do estado do Tocantins, lembrando que esse conceito é uma teoria que está sendo desenvol-
vida com mais detalhes pela autora.
2. REVISÃO TEÓRICA 
A cidade de Natividade foi evidenciada pelas atividades extrativas do ouro, originalmen-
te geradoras de riqueza e motivo da ocupação da região no século XVIII. Retomada por mais 
de duas centenas de anos, seguiu-se a economia agropastoril de subsistência, a qual, por sua 
vez, vem sendo substituída paulatinamente, nos últimos anos, pela pecuária bovina empresarial 
(RADAELLI, 2000). Natividade foi fundada no ano de 1734, por Antônio Ferraz de Araújo, 
sobrinho de Bartolomeu Bueno da Silva, bandeirante conhecido como segundo Anhanguera, 
superintendente e guarda-mor das minas de Goiás, atual Tocantins (VAZ, 1985). 
Ainda conforme Vaz (1985), gradativamente, Natividade teve destaque no norte goiano, 
atual Tocantins, chegando inclusive a ser sede do Governo Provisório da Comarca no Norte e 
o Sul da então Província de Goiás. Com o passar dos anos, Natividade passou por um período 
de estagnação pela escassez da atividade mineradora e a dificuldade de substituição por outra 
atividade como forma de subsistência e renda para os nativitanos. Segundo dados do IBGE 
(2018), o município de Natividade conta com uma população estimada de 9.312 habitantes, di-
ferentemente da população predominante no ciclo do ouro em meados do século XVIII, em que 
a cidade era uma das mais populosas do norte goiano, atual Tocantins.
Semelhante à Natividade, Porto Nacional também teve suas origens no período aurífero, 
iniciado na primeira metade do século XVII, cujo auge se deu por volta de 1750. Em meados 
do século XVIII, na Província de Goiás, destacou-se com a exploração do ouro. Assim, trouxe 
muitos mineradores para o norte goiano, hoje território do Tocantins. A exploração do ouro 
naquela época foi responsável pela maioria dos pequenos núcleos que se estabeleceram na 
região, tornando-se cidades futuramente. A cidade de Porto Nacional é um exemplo dessa 
evolução urbana. 
A gênese da cidade de Porto Nacional foi baseada em três marcos: a imprensa, a chegada 
dos padres dominicanos com a intensificação da religião e educação e, por fim, a instalação de 
23
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
um médico na cidade, entre os anos de 1891 e 1905 (OLIVEIRA, 2010). Esses acontecimentos 
fizeram com que Porto Nacional se desenvolvesse economicamente e politicamente, atraindo 
pessoas das redondezas e de outros estados. Segundo Nascimento (2014), são esses motivos que 
levam Porto Nacional a ser considerada uma das cidades mais representativas do Estado, pois 
conta com uma forte tendência à religião e à cultura.
Para realização deste estudo, teremos como referência alguns autores que discutem patri-
mônio, memória e lugar. Velho (2001, p. 10) afirma que “não existe vida social sem memória”. 
A possibilidade de interação depende de experiências e expectativas culturalmente comparti-
lhadas. Assim, “sociedades podem desaparecer por catástrofes naturais, guerras ou conflitos 
internos desagregadores. Suas realizações materiais e imateriais, sua cultura, poderão ser par-
cialmente assimiladas por outras sociedades” (VELHO, 2001, p. 10). 
Segundo Canclini (1994), nas ciências sociais, há uma recontextualização sobre o patri-
mônio cultural caracterizado em três afirmativas: a) o patrimônio não inclui apenas a herança de 
um povo, mas também os bens culturais visíveis e invisíveis; b) há também uma administração 
da política patrimonial e a conservação dos bens produzidos no passado, relacionando-os com 
o presente; c) por último, o autor cita uma seletividade produzida pelas classes hegemônicas 
ligadas à nobreza, como palacetes, pirâmides e outros objetos. O autor reconhece que “o pa-
trimônio de uma nação também se compõe dos produtos da cultura popular: música indígena, 
textos de camponeses e operários, sistemas de autoconstrução e preservação dos bens materiais 
e simbólicos elaborados por todos os grupos sociais” (CANCLINI, 1994, p. 96). 
Tudo aquilo que é lembrado por meio de hábitos, ritos, costumes e valores passando de 
gerações a gerações configura o que Milton Santos (2011) chamou de rugosidade da paisagem, 
são os vestígios passados agregados no presente. Assim, podemos perceber que tudo o que 
usamos, todas as obras modificadas, constituem as rugosidades no espaço e tempo. Costa (2014, 
p. 249) assevera que “a busca da totalidade, na dinâmica territorial, pressupõe a análise dos 
lugares patrimonializados em sua amplitude, pois o real é o processo de cissiparidade, subdivi-
são e esfacelamento”. A ideia de totalidade está nos objetos e nas ações, seus sistemas são novas 
totalidades que compõem a totalidade em contínuo movimento. Ainda conforme Santos (2012, 
p. 72), a ideia de totalidade é “tudo o que existe na superfície da terra, toda herança da história 
natural e todo resultado da ação humana que se objetivou. Os objetos são esse extenso, essa ob-
jetividade, isso que se cria fora do homem e se torna instrumento material de sua vida”. 
Os lugares patrimonializados podem-se universalizar e se transformar, pois os mecanis-
mos que servem a sua universalização, os que desencadeiam o processo de patrimonialização, 
são os mesmos que podem conduzi-los à fragmentação (COSTA; SCARLATO, 2012). Segundo 
Castriota (2009), o patrimônio possui, portanto, a qualidade de configurar aquilo que chamamos 
de memória ou imaginários coletivos. Para Flores (1998), isso difere de “monumento histórico”, 
que é selecionado por uma sociedade entre uma malha de obras arquitetônicas e se faz represen-
tar por identidade própria de um determinado lugar, uma identidade vista pela totalidade. Em 
outras palavras, traduz-se aqui a existência de monumentos e patrimônios em algumas cidades 
resistentes no estado do Tocantins. A autora Cruz explica que “[...] a patrimonialização do pa-
trimônio é a institucionalização de mecanismos de proteção do chamado patrimônio cultural, 
material e imaterial” (CRUZ, 2012, p. 96). 
Podemos citar as cidades patrimonializadas Porto Nacional e Natividade, e as cidades 
resistentes Arraias, Paranã, Conceição do Norte, Almas, Dianópolis, Monte do Carmo, Pedro 
24
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Afonso e Tocantinópolis. As cidades patrimonializadas são aquelas que possuem alguma carac-terística marcante, tanto na sua estrutura ou mesmo no modo de fazer e existir, tendo o mérito 
de serem reconhecidas nacionalmente pelos órgãos de proteção do patrimônio, IPHAN. Já as 
resistentes são aquelas cidades históricas do Estado que são tão importantes para a memória 
e história da população tocantinense quanto as cidades patrimonializadas, mas que ainda não 
há visibilidade da sociedade externa quanto aos recursos inesgotáveis de riquezas naturais e 
culturais, mas que existe o reconhecimento da população local. Essas características é um fator 
crucial para a manutenção do patrimônio e o fortalecimento das cidades resistentes visto pelos 
citadinos. 
Denominamos cidades resistentes aquelas em que, mesmo com os processos de moderni-
zação, especulação imobiliária e/ou transformações na paisagem, podemos notar sua tenacidade 
de permanência em um determinado local. São cidades que possuem uma fragilidade por contar 
com poucos recursos para manutenção e seu desenvolvimento.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A cidade de Porto Nacional e de Natividade constituem a memória e a história dos res-
pectivos tocantinenses. Assim, como as duas cidades patrimonializadas, outras cidades também 
possuem seu valor mesmo não sendo nacionalmente reconhecida pelos órgãos de proteção. 
Podemos citar as cidades resistentes do Tocantins: Arraias, Paranã, Conceição do Norte, Nativi-
dade, Almas, Dianópolis, Monte do Carmo, Pedro Afonso e Tocantinópolis. (Quadro 1, terceira 
coluna).
Conforme um estudo sistemático e classificatório detalhados na obra de Palacin e Borges 
(1987), podemos verificar as cidades consideradas históricas pertencentes ao Estado de Goiás 
e Tocantins antes do desmembramento dos estados, visto na primeira coluna do quadro 1. A 
segunda e terceira colunas são as cidades históricas presentes nos territórios nos dias atuais de 
acordo com os autores Palacin e Borges (1987). Por meio de análises desses autores, podemos 
dizer que a história e memória das cidades presentes em território tocantinense supera as do 
território goiano, de acordo com o quadro a seguir.
Quadro 1- Relação das cidades históricas do antigo 
Norte Goiano (Tocantins) e Goiás na década de 80
Norte Goiano (Tocantins) Goiás Tocantins
Crixás Crixás Arraias
Pilar de Goiás Pilar de Goiás Paranã
Niquelândia Niquelândia Conceição do Norte
Traíras Traíras Natividade
Flores de Goiás Flores de Goiás Almas
Posse Posse Dianópolis
Cavalcante Cavalcante Porto Nacional
25
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Norte Goiano (Tocantins) Goiás Tocantins
Monte Alegre de Goiás Monte Alegre de Goiás Monte do Carmo
Arraias Pedro Afonso
Paranã Tocantinópolis
Conceição do Norte
Natividade
Almas
Dianópolis
Porto Nacional
Monte do Carmo
Pedro Afonso
Tocantinópolis
Fonte: Borges e Palacin (1987), adaptado pela autora.
Ao observar detalhadamente o quadro anterior, terceira coluna, podemos verificar que o 
estado do Tocantins (antigo norte goiano), em termos quantitativos, apresenta um maior número 
de cidades históricas. Nesse sentido, Santos (2008, p. 173) assevera que “o lugar torna-se a tes-
temunha da memória das coisas fixadas na paisagem criada, o que possibilita a consolidação e a 
produção de um espaço simbólico que reorganiza a cada instante os sentidos de objetos, lugares, 
pessoas e discursos”. Quando Santos (2008) menciona “coisas fixadas”, podemos associar as 
estruturas físicas presentes no território, ou seja, os bens materiais e monumentos que ainda 
resistem nas cidades históricas.
Neste estudo, trataremos o patrimônio como categoria de estudo, e a relação entre os 
perímetros delimitados pelo IPHAN como forma de interação entre a sociedade nativitana e a 
portuense. Para realização da pesquisa nas duas cidades tombadas do Tocantins, temos como 
referência a Poligonal de tombamento e seu entorno das cidades de Natividade e Porto Nacional, 
que consiste em uma delimitação no perímetro urbano, baseado em vários critérios como ar-
quitetura, construções mais antigas, entre outras características mencionadas pelo Instituto de 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2007).
O entorno da poligonal de tombamento trata-se de um traçado um pouco maior da poligonal 
de tombamento, apresentando algumas semelhanças na arquitetura. Ocupa-se de uma área que 
sofre uma descaracterização maior em virtude das políticas de preservação e conservação não 
serem efetivas. 
Nesse sentido, trata-se de entender um pouco mais sobre os bens arquitetônicos existentes 
no centro histórico em Porto Nacional e Natividade. Conforme Gomes (2013, p. 31-32),
Imagens sempre operam simultaneamente mostrando e escondendo coisas. Há, 
irremediavelmente, uma desigual atitude face ao fenômeno visual [...] o olhar 
percorre e não se fixa. Por isso, ver algo significa extraí-lo dessa homogenei-
dade indistinta do olhar [...] a diferença entre olhar e ver consiste, portanto, 
no fato de que o olhar dirige o foco e os ângulos de visão, constrói um campo 
26
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
visual; ver significa conferir atenção, notar, perceber, individualizar coisas 
dentro desse grande campo visual constituído pelo olhar.
Na citação anterior, o autor Gomes (2013) nos faz compreender a importância de se 
observar atentamente um fenômeno visual. Assim, na imagem seguinte, podemos realizar o 
exercício em observar com mais detalhes a área tombada do centro histórico de Natividade, 
assim como extrair algumas informações relevantes no que se refere às alterações sofridas ao 
longo dos anos nas duas cidades, Natividade (Figura 1) e Porto Nacional (Figura 2).
Figura 1 - Área de tombamento de Natividade/TO
Fonte: IPHAN, 2012. Editado por Ana Karoline Brito, 2019.
A figura anterior se refere ao perímetro tombado na cidade de Natividade e nos traz uma 
visão metodológica da área delimitada pelo IPHAN com a área de preservação e a área de 
entorno. Na Figura 1, podemos perceber no mapa a área destacada em rosa, que delimita o 
espaço tombado na cidade de Natividade. Nessa Planta do Sítio histórico da cidade de Nati-
vidade, podemos notar ausência de detalhes, tais como os nomes das ruas e a definição dos 
imóveis. A única informação legível está representada pelas quadras separadas pelo delineamen-
to vermelho, mas não consta a quantidade de imóveis disponíveis em cada quadra. Assim, torna 
mais difícil a contabilização dos imóveis na área preservada e na área de entorno, sendo possível 
a identificação da área de entorno apenas pelo traçado verde disponível na legenda como meio 
de informação.
As definições quanto a poligonal de tombamento e a poligonal de entorno e suas dife-
renças podem ser vista com mais detalhes no material elaborado pelo Iphan (2010) intitulado 
a “normatização de cidades históricas: orientações para a elaboração de diretrizes e normas de 
preservação para áreas urbanas tombadas”.
27
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 2 - Área de tombamento de Porto Nacional/TO
Fonte: IPHAN, 2011. 
A Figura 2 representa o perímetro tombado no Centro Histórico de Porto Nacional, des-
tacando-se a poligonal de tombamento. Nessa figura representativa, podemos ver com mais 
detalhes as áreas correspondentes aos lotes de cada morador, a delimitação se torna transpa-
rente com a área de entorno e a área de tombamento (área preservada), demarcado pelo traçado 
vermelho.
Para identificação do imóvel e a possível preservação do patrimônio, torna-se primordial 
a riqueza de detalhes quanto a sua individualização, sendo um dos pré-requisitos para uma clas-
sificação de suas características e o possível controle dos órgãos de proteção local, caso haja 
algum tipo de alteração antrópica ou por ação do tempo.
Entende-se por espacialidade “um conjunto formado pela disposição física sobre este 
plano de tudo que ele contém. Corresponde, assim, ao resultado de um jogo de posições relativas 
de coisas e ou fenômenos que se situam, ao mesmo tempo, sobre este mesmo espaço” (GOMES, 
2013, p. 17). Nessesentido, Massey (2008, p. 97-98) afirma que,
Se o tempo se revela como mudança, então o espaço se revela como interação. 
Neste sentido, o espaço é a dimensão social não no sentido da sociabilida-
de exclusivamente humana, mas no sentido do envolvimento dentro de uma 
multiplicidade. Trata-se da esfera da produção contínua e da reconfiguração 
da heterogeneidade, sob todas as suas formas – diversidade, subordinação, in-
teresses conflitantes. A medida que o debate se desenvolve, o que começa a 
ser focalizado é o que isso deve trazer à tona: uma política relacional para um 
espaço relacional.
Conforme a citação da autora Massey (2008), as duas cidades tocantinenses, com o 
decorrer dos anos, tiveram várias mudanças na paisagem e no espaço, em vários aspectos, como 
demolições, grandes construções em áreas de preservação ou até mesmo a descaracterização da 
arquitetura originária, resultando em uma interação entre o homem e a cidade. Nesse sentido, 
o tempo trouxe inovações para o futuro, notadas hoje em um espaço chamado presente, cheio 
de simulacros, evidenciando um patrimônio camuflado de novos instrumentos e de tecnologia.
28
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa breve descrição teve como pretensão a apresentação do objeto de estudo: as cidades 
históricas do Tocantins Natividade e Porto Nacional. Apresentamos um pouco da sua formação 
enquanto cidade, bem como o processo de povoamento e urbanização. Visto como a grande 
maioria das cidades do Tocantins, o processo migratório se deu pela exploração do ouro em 
meados do século XVIII.
As duas cidades patrimonializadas do Tocantins, Natividade e Porto Nacional, e as cidades 
resistentes Arraias, Paranã, Conceição do Norte, Natividade, Almas, Dianópolis, Monte do 
Carmo, Pedro Afonso e Tocantinópolis, foram denominadas para esta discussão, mas não apro-
fundamos. Com o decorrer dos anos, há várias transformações na paisagem, em vários aspectos, 
como demolições, grandes construções em áreas de preservação ou até mesmo a descaracteriza-
ção da arquitetura originária.
Delimitar e discutir o patrimônio nas cidades patrimonializadas e cidades resistentes nos 
traz um desafio extremo em entender a dinâmica estabelecida em uma determinada época em 
que a cidade possuía atrativos para uma sociedade praticamente agrícola, e ao longo do tempo 
essa sociedade modernizou. Com essa modernização, os valores considerados antes estão se 
perdendo nos dias atuais, em virtude de uma demanda urbana que pouco conhece sua história e 
suas raízes. O estudo comparativo tem como objetivo final a manutenção e preservação do patri-
mônio nas cidades patrimonializadas e nas cidades resistentes do estado do Tocantins.
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PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
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31
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO 
MODERNO NO TOCANTINS
Marianna Cardoso4
1. INTRODUÇÃO
Ainda que o processo de patrimonialização dos bens materiais imóveis no âmbito federal 
seja estruturalmente moderno em suas concepções originárias, como estuda Cavalcanti (2000), 
a realidade dos tombamentos das edificações construídas após os anos 1940 destoa do ideário 
inicial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN5. As políticas 
nacionais voltadas à preservação da arquitetura moderna são incipientes quando comparadas aos 
conjuntos da colonização, do Império e da República Velha. Rocha (2011) mostra que apenas 
catorze projetos modernos foram tombados pelo IPHAN por volta da virada do milênio, contra 
dezenas de obras sacras, fortificações, residências e outros programas até era Vargas. 
Se a proteção da herança moderna é escassa em nível territorial, na região Norte a situação 
é mais dramática. Em um cálculo feito com dados fornecidos pela Lista dos Bens Tombados 
e Processos em Andamento (1938 - 2019)do IPHAN, é possível notar que apenas 2,5% dos 
conjuntos arquitetônicos e edificações tombados na atualidade estão nos estados nortistas. Desse 
universo, não há nenhum edifício considerado moderno. 
Nas esferas estadual e municipal, o cenário não é muito diferente. No Tocantins, há apenas 
duas edificações consideradas modernas tombadas pelo governo estadual. Elas estão inscritas 
na Lei n. 431, de 28 de julho de 1992, que protege, entre outros prédios, as primeiras sedes dos 
poderes executivo e legislativo do novo Estado, popularmente conhecidas como “Antiga As-
sembleia” e “Palacinho”, respectivamente. Em relação à prefeitura da capital, os instrumentos 
de preservação e de tombamento não foram até o momento aplicados aos bens modernos em 
Palmas. 
Em termos simplificados, memorando Riegl (2016), pode-se interpretar que a complexida-
de da proteção da arquitetura moderna gira principalmente em torno da tensão do valor histórico 
e do valor estético das referidas obras. As construções recentes padecem de uma falsa impressão 
de ausência de historicidade complementada pela expressividade artística do presente banaliza-
da pelo cotidiano. De forma que proteger o que foi produzido há pouco tempo, “o quase con-
temporâneo”, é um ato desprovido de sentido com nuances de irresponsabilidade tecnocrática. 
32
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
A questão não é culpabilizar o modelo preservacionista vigente e malquistar os atores 
envolvidos do desenvolvimento dessas políticas. Trata-se de resignificar o sistema. E, nesse 
sentido, é preciso expor a importância de se proteger essa produção, seja pela ótica do histórico, 
do estético, da singularidade, ou entre outras lentes. 
Para tanto, como em todo estudo patrimonial, a primeira etapa metodológica é o inventá-
rio. Conhecer a história edificada é fundamental para a preservação não somente da arquitetura 
moderna como também da memória e da cultura material de um povo. O presente artigo visa a 
expor alguns resultados da pesquisa sobre as obras advindas dos processos de modernização no 
Tocantins, almejando responder essencialmente o seguinte questionamento: temos uma arquite-
tura moderna “tocantinense”? 
2. MODERNIDADES ARQUITETÔNICAS PLURAIS 
2.1. ARQUITETURAS DA MODERNIZAÇÃO (1958 - 1989)
Considerando que o território do antigo norte goiano corresponde ao atual estado do 
Tocantins, parte-se do pressuposto de que não é anacrônico nem indulgente afirmar que os 
edifícios presentes na atual circunscrição federativa se renovam em naturalidade e possessão. 
Isto posto, o processo efetivo de ocupação da antiga capitania de Goiás a partir do século XVIII, 
Boaventura (2007), lega para os dias atuais reconhecidos conjuntos urbanos e arquitetônicos 
estilísticos aos moldes coloniais. As primeiras cidades no norte goiano, como Arraias, Dianó-
polis, Monte do Carmo, Natividade, Paranã, Porto Nacional, Tocantínia, Tocantinópolis, entre 
outras, possuem inquestionáveis resquícios da riqueza arquitetônica de um passado de possessão 
portuguesa. Nesse contexto, destacam-se especialmente o conjunto arquitetônico/urbanístico/
paisagístico de Natividade, a Igreja Nossa Senhora dos Remédios em Arraias, o núcleo histórico 
de Porto Nacional e o conjunto de casas pertencentes ao Instituto Federal do Tocantins – IFTO 
em Dianópolis. 
A arquitetura após esse período contudo não é reconhecida como histórica. Os edifícios 
erguidos após a campanha Marcha para Oeste (1938) e da construção da BR-153 por Juscelino 
Kubitschek (1958) são desconhecidos pela historiografia da arquitetura. Apesar dos impulsos 
de modernização na década de 1940, é somente depois da fundação da rodovia BR-153 que as 
construções tipicamente modernas aparecem no atual Tocantins. A intensa urbanização em torno 
da estrada provoca o desenvolvimento e a fundação de novos núcleos de povoamento, tais como 
Araguaína, Gurupi, Paraíso do Tocantins, Colinas do Tocantins, Guaraí, entre outros. As novas 
dinâmicas urbanas transformam radicalmente as formas de construção e os padrões estéticos 
vigentes. 
A taipa e o adobe cedem lugar ao concreto armado e às estruturas metálicas. O racionalis-
mo estrutural substitui gradualmente as estruturas portantes habituais. Programas de edifícios 
inéditos – rodoviárias, aeroportos, hospitais, grupos escolares, estádios, ginásios, mercados, 
agências bancárias etc. – passam a ser implantados nas cidades recém-inauguradas e substituem 
aos poucos os prédios das vilas tradicionais. Cobogó, brise-soleil e linhas ortogonais moduladas 
precisamente criam composições que complementam a aparência das volumetrias emergentes. 
A modernidade arquitetônica chega ao território setentrional do antigo Goiás com a mesma ve-
locidade dos carros na estrada que a impulsionaram.
33
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Uma das primeiras e singulares experiências modernas é a construção do Hotel JK na 
Ilha do Bananal. Em razão da construção de Brasília em 1960, Juscelino Kubitschek decide 
construir um balneário para lazer próximo a nova capital federal voltado à elite brasiliense. A 
região do Bananal é escolhida para a implantação do complexo, atualmente nas proximidades do 
município de São Félix do Araguaia. Segundo Trevisan e outros (2014), o plano do balneário um 
projeto atribuído à Oscar Niemeyer, tem como programa uma residência oficial da presidência 
um hotel de nível internacional (fig. 1), um hospital, uma pista de pouso e até mesmo um projeto 
urbano para uma área residencial. 
Figura 1 – Hotel JK
Fonte: Museu da Fotografia Documental – MDF
Entretanto problemas de gestão do empreendimento ocasionam o encerramento das ativi-
dades hoteleiras, e os edifícios foram abandonados lentamente após o Golpe Militar em 1964. As 
estruturas se degradam com o passar do tempo, e um incêndio nos anos 1990 arruína os poucos 
prédios restantes. Ainda que falte sua natureza material, o Hotel do Bananal é, sem dúvida, um 
importante patrimônio urbano-arquitetônico moderno na região. 
Se nos anos 1960 temos o início das primeiras construções modernas, é a partir da década 
seguinte que se registram as inaugurações em massa. Entre 1970 e 1990, podemos constatar 
um número expressivo de prédios recentemente erguidos em diversas cidades. O mapeamento 
da pesquisa, que está em sua fase inicial, baseou-se em publicações da mídia local. Em uma 
primeira análise, pode-se perceber que muitos desses edifícios não existem mais, ou sofreram 
significativas modificações estruturais. Outros, no entanto, permanecem conservados. Seja qual 
for o caso, um inventário mais específico espera para ser realizado.
34
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Apontam-se, assim, alguns resultados preliminares da pesquisa com menção a alguns 
exemplos. Em Araguaína, tem-se o maior conjunto de obras levantadas. Para citar apenas 
algumas, o estádio municipal, as unidades escolares Marechal Rondon e Setor Anhanguera, 
e a rodoviária datam de 1979. O aeroporto do mesmo ano é a fusão da modernização com as 
técnicas tradicionais, expressas principalmente na cobertura de duas águas em telhas de barro. O 
mercado de 1980, “o maior de todo norte goiano, quiçá do Estado” (JORNAL DO TOCANTINS, 
1980, p.7), revela um programa moderno. O Ginásio em construção em 1982, com capacida-
de para 3.500 pessoas, é feito com estruturas metálicas (fig. 2). O fórum é anunciado como 
“moderno e funcional” (JORNAL DO TOCANTINS, 1979, p.7) (fig. 3). O posto da Telegoiás 
(fig. 4) mostra conexões ligadas ao brutalismo, com destaque aos brise-soleils amarelos. A sede 
do SENAI integra o conjunto, em que suas proteções solares horizontais compõem a fachada do 
bloco administrativo.
Figura 2 –Sistema estrutural de vigas metálicas no Ginásio de Araguaína
Fonte: Jornal do Tocantins, 1979.
35
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 3 – Fórum de Araguaína
Fonte: Jornal do Tocantins, 1979.
Figura 4 –Telegoiás em Araguaína
Fonte: IBGE, 1983.
Em outros municípios, embora haja pouca documentação,os novos edifícios são também 
concretizados. Em Gurupi, o mercado e ginásio são destaques nos jornais, ao mesmo tempo que 
a sede da Antárctica prova que as empresas privadas adotam igualmente a linguagem moderna. 
Esse é o caso da TOBASA em Tocantinópolis, com seu inovador complexo industrial de benefi-
ciamento do babaçu dos anos 1970. O Banco da Amazônica – BASA simboliza a modernidade 
em suas agências, como em Guaraí. Em Porto Nacional, a antiga Organização de Saúde de Goiás 
(OSEGO) opta pela arquitetura modular, pelos elementos vazados e por um funcionalismo pro-
gramático no projeto do hospital. Existente também em Araguaína, os exemplares hospitalares 
são a expressão na nova estética (fig. 5). Seguindo o mesmo padrão, uma outra unidade de saúde 
datando de 1978 é construída em Peixe. 
36
PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
Figura 5 – Montagem com os Hospitais da Osego de Porto Nacional e Araguaína
Fonte: Jornal do Tocantins, 1980.
Esses são alguns poucos exemplos arquitetônicos de um período que não reconhece sua 
própria modernidade edificada: plural e múltipla como no restante do País, conforme expõe 
Segawa (2002). Com a nova etapa da modernização do território no fim dos anos 1980 em razão 
da institucionalização do estado do Tocantins, uma outra arquitetura moderna é instaurada. As 
construções não são agora somente novas, mas se tornam verdadeiros símbolos políticos da 
unidade federativa nascente.
2.2. ARQUITETURAS DA NOVA CAPITAL (1989 - 2001)
Em seu amplo espectro, a arquitetura em Palmas pode ser classificada em dois grandes 
grupos: os edifícios institucionais da fundação da cidade e as experimentações formais que 
ocorreram paralelamente ao primeiro conjunto.
O plano da capital e as construções institucionais iniciais são projetadas pelo escritó-
rio goiano GrupoQuatro. A empresa é fundada em 1974 por Luiz Fernando Cruvinel Teixeira, 
Solimar Neiva Damasceno, Walfredo Antunes de Oliveira Filho e Walmir Santos Aguiar, como 
detalha Rezende (2019). As obras feitas pela firma primam pelo uso de diretrizes projetuais e 
construtivas elementares, dada a necessidade de responder aos inúmeros desafios postos pelo 
clima quente do local, trabalhadores pouco especializados e os apertados prazos para entrega 
das obras.
O primeiro prédio inaugurado é o Palacinho, em 1989 (fig. 6). O pavilhão rústico sobre 
pilotis com generosa varanda é implantado no alto de uma colina e vira a sede provisória do 
Estado. A edificação possui dois pavimentos em madeira e assemelha-se ao Catetinho (1956) 
de Oscar Niemeyer. Mas, diferentemente da primeira residência do presidente Juscelino Kubits-
chek, em Brasília, o Palacinho tem a área do térreo mais ocupada. Ele também não é tão longilí-
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PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
neo como o prédio candango, e sua cobertura em quatro águas remete à arquitetura vernacular. 
Uma unidade semelhante é construída nas proximidades para abrigar a Assembleia Legislativa. 
As duas edificações foram restauradas e tombadas pela Lei n. 431 de 1992. Atualmente a antiga 
Assembleia está em ruínas.
Figura 6 – Palacinho (1989), Palmas.
Fonte: Thenes Pinto, 1989.
No início dos anos 1990, enquanto os servidores do novo governo trabalhavam em estru-
turas provisórias em madeira, o escritório GrupoQuatro projeta todo conjunto institucional. Os 
prédios são desenhados por diferentes arquitetos que se associam e ou que já compõem a firma 
goiana. Ernani Vilela, Maria Luci da Costa, Manoel Balbino de Carvalho Neto, Luiz Fernando 
Cruvinel Teixeira, uma massa de desenhistas e outros profissionais correm contra o tempo para 
garantir o desenvolvimento dos projetos no curto prazo estipulado. As obras mais importantes 
se localizam na Praça dos Girassóis, no coração do plano urbanístico. Nesse local, o Palácio 
Araguaia (sede do executivo), a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça fazem a triangu-
lação perimetral dos três poderes do Estado. Doze secretarias iguais se distribuem paralelas no 
entorno da praça. Um museu e uma catedral previstos na ideia original não são excetuados. Por 
fim, todo o complexo é abraçado por um projeto paisagístico inovador vencedor de um concurso 
nacional lançado em 1992 assinado pelo escritório carioca Arqplant.
O GrupoQuatro também se ocupa da sede municipal, de escolas modelos, de centro de 
saúde e até de um ginásio de esporte em Taquaralto. Enquanto alguns projetos não são execu-
tados, como o campus universitário e as secretarias do município no Paço, outros marcam a 
paisagem do cerrado desnudo, a citar o Tribunal de Contas e a Delegacia Fiscal. 
Mesmo sendo tipologias distintas, o GrupoQuatro define que todos os edifícios institu-
cionais do Estado adotem os ladrilhos cerâmicos para o revestimento das fachadas. O uso dos 
“tijolinhos”, que sempre fez parte da arquitetura moderna desde os anos 1930, também participa 
da realidade arquitetural brasileira, especialmente nos anos 1980, como expõe Segawa (1988). 
As cerâmicas são elementos constante nas produções arquitetônicas como alternativa à estética 
dominante do concreto armado, conforme nos lembram Bastos e Zein (2011). No início da 
“década perdida”, a adoção do tijolo na arquitetura em nada remetia às ações de protesto em 
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PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
defesa do canteiro, uma vez que “as motivações eram outras, mais pragmáticas e circunstan-
ciadas: alternativas para habitação popular; pesquisas em torno da identidade, tanto para de-
terminado programa quanto para determinado lugar” (BASTOS E ZEIN, 2011, p. 212). Nessa 
perspectiva, em Palmas, a utilização das cerâmicas nos revestimentos dos edifícios intentava 
uma identidade para um lugar (fig. 7).
Figura 7 – Palácio sede do executivo em construção; os revestimentos cerâmicos cobrem todos os 
edifícios institucionais proporcionando sentimento de identidade e simbolismo no novo estado
Fonte: Revista Manchete, Bianchi, 1991.
Seguindo essa identidade “tocantinense”, outros prédios adotam o padrão das cerâmicas. 
A Escola de Ensino Médio, projeto de Edison Eloy de Souza e Pedro Lopes Jr (1993), é um dos 
maiores complexos escolares da capital. Os pavilhões possuem coberturas com beirais e primam 
pela ventilação cruzada e conforto ambiental. O Hospital Geral de Palmas de Jarbas Karman e 
Domingos Fiorentini repetem, em 1997, o padrão das cerâmicas nas fachadas, bem como inclui 
coberturas inclinadas em telhas de duas águas. 
Enquanto a estética institucional do “tijolo” é posta em cena, outras experiências marcam 
um momento de inflexão na trajetória da arquitetura identitária. O Laboratório Central de Saúde 
Pública do Tocantins (Lacen-TO), de autor desconhecido, construído em 1994, mostra o bru-
talismo do concreto aparente. O Tribunal Regional Eleitoral (1997) de Edison Eloy de Souza 
e Pedro Lopes Jr e a Delegacia da Receita Federal (1998) de Sergio Teperman oferecem uma 
solução estética alternativa para os prédios governamentais. O Terminal Rodoviário de Edison 
Eloy de Souza com uma estrutura de cobertura de 30m de vão central e 15m de balanços laterais 
em formas elípticas é um marco técnico projetado em 1992. 
Em 1996, o Espaço Cultural de Paulo Henrique Paranhos marca a paisagem com um edifício 
sob uma cobertura distribuída em quatro apoios que sustentam uma extensa estrutura metálica 
de treliças espaciais (fig. 8). No nascer do novo milênio, é inaugurado o Memorial Coluna 
Prestes, de Oscar Niemeyer. O edifício de 2001, projetado nos anos 1990, é uma adequação de 
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PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DO TOCANTINS
um outro projeto destinado para a Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. Em forma de abóboda de 
berço monocromático (fig. 9), o bloco é inserido no conjunto da Praça dos Girassóis. O pequeno 
museu, ao mesmo tempo que cria uma oposição estética com os prédios circundantes, se destaca 
pela assinatura de seu autor, considerado o mais importante arquiteto brasileiro. 
Figura 8 – Espaço Cultural de Palmas - 1995
Fonte: Arquivo pessoal do Escritório

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