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Resenha Quanto vale ou é por quilo

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Resenha do filme Quanto Vale ou é Por Quilo?
Vinicius G. Lirio
	O filme “Quanto vale ou é por quilo?” é uma obra brasileira de 2005 com direção e produção de Sérgio Bianchi, esse filme é uma adaptação da obra “Pai contra mãe” de Machado de Assis, e possui também influências de crônicas Nireu Cavalcanti extraídas dos Autos do Arquivo Nacional do Rio de janeiro. A longa busca fazer uma analogia entre o comércio de escravos no Brasil do século XVIII e as relações poder entre as camadas sociais que foram se estabelecendo no Brasil nos dias mais atuais. Essa produção que possui cerca de 1 h e 40 min, inicia já no Brasil escravista do século XVIII, fazendo duras críticas as injustiças daquele período, mas sem se limitar a esse recorte Histórico, as críticas se estendem até o século XXI.
Como metodologia de análise irei utilizar o método de análise discursiva abordado por Stuart Hall em “Análise do Discurso: Cultura e Representação” juntamente com a metodologia de análise semiótica também de Hall em “O Legado de Sausurre”. Primeiramente é importante destacarmos que qualquer objeto possui uma infinidade de significados dependendo do modelo de sociedade e seus valores. Ainda sim todo objeto é acompanhado de um discurso, ou seja, o objeto sempre irá representar ou remeter a algum discurso ou narração dele mesmo. Um dos grandes teóricos do cinema, Aumont no apresenta um problema, que é a imagem figurativa do cinema, que por estar sempre em movimento, passa por constantes transformações, podendo modificar constantemente os discursos e significados apresentados, seguindo nessa lógica a imagem cinematográfica é acompanhado de uma “história” que é sempre desenvolvida em transformações narrativas acompanhadas do início, meio e fim e seu significado pode se alterar dependendo das modificações sociais que ocorrem com o tempo.
A trama inicia com uma escrava que conseguiu comprar sua liberdade, Joana, que acaba de ter seu escravo levado por capitães do mato que estavam atuando na região. Joana considerou um crime, um roubo, e ao tentar recuperar seu escravo por meio da justiça, Joana agora é considerada culpada por perturbação da paz social e ofensas morais e raciais a um homem branco e casado. 
O corpo do filme é baseado em comparações do Brasil escravista do século XVIII e o Brasil livre do século XXI, o principal tema são as ONGs e o sistema corrupto que opera por traz delas, apresentando estratégias de Marketing usando imagens de pessoas necessitadas, com o objetivo de atrair investidores para projetos sociais, projetos esses que são acompanhados de caixa 2 e desvios de dinheiro. A trama acompanha então um homem branco rico, responsável por uma empresa que presta consultoria para ONGs além de fazer papel mediador entre os investidores e transações. Acompanha também uma mulher negra que faz serviços em prol da comunidade e precisa enfrentar todo o racismo e preconceito nesse meio, e ademais temos uma pequena trama pouco abordado que traz um personagem consciente do sistema, e tenta fazer justiça utilizando da própria “moeda”, e por último temos uma gama de personagens que são intercalados ao decorrer das tramas, eles apresentam a parte pobre, influenciável e injustiçada da sociedade, nesse grupo temos pessoas que acabam contribuindo para esse sistema muitas vezes sem ter a noção disso. É um filme que pode agradar um amplo público, pois traz reflexões de problemáticas atuais do Brasil.
Em destaque a longa traz suas duras críticas a questões raciais no Brasil, não somente se delimita a isso, trazendo críticas também ao capitalismo e a desumanização que o acompanha. O filme retrata muito bem o que se propõe, e a narrativa ocorre de maneira impactante desde os primeiros minutos. A atuação é mediana, mas aceitável por ser um filme de baixo orçamento, ademais ele consegue chegar ao seu objetivo sem muitas dificuldades. 
A discussão estabelecida na narrativa é extremamente importante e reflexiva, ela como dito traz comparações do mercado de escravos do século XVIII comparando com situações do século XXI, trazendo a impressão de que a sociedade brasileira está em um estado de inércia, questionando até que ponto essa estrutura social brasileira mudou após a abolição, além das questões como o homem branco sempre estar como prioridade diante da lei e do governo no geral, podemos ter um olhar ainda mais crítico, trazendo o capitalismo como o vilão de toda História, afinal não é apenas no Brasil que situações como essas ocorrem, aliás, a exploração de camadas sociais diferentes não se inicia apenas no Brasil e está longe de terminar em qualquer local do mundo. O filme do seu início ao fim apresenta o dinheiro como interesse principal de todos os personagens, como na “História de amizade” entre Maria Antônia e Lucrécia, onde Maria compra a alforria de Lucrécia, com objetivo de obter lucros. Essa obsessão por dinheiro chega ao nível da personagem Mônica sonhar em viver de solidariedade e essa mesma situação se expande, pode exemplo o Sr. Marco Aurélio, um empresário que vive dessa solidariedade, tendo sua riqueza ainda mais expandida através de desvio de dinheiro e superfaturamento. Praticamente todos os males apresentados na narrativa trazem o dinheiro como sua origem. O final do filme não traz um desfecho muito diferente dessa lógica, onde uma jovem da periferia aceita dinheiro para assassinar uma mulher negra e grávida, e sua decisão só é mudada por conta de uma oportunidade de ganhar ainda mais dinheiro. 
Em virtude dos aspectos abordados, o filme pode-se considerar um destaque e uma grande obra cultural, existem poucos filmes do gênero, e dos poucos existentes esse com certeza tem seu lugar como um dos melhores por conta de sua profundidade. A longa é fácil de entender, é muito bem claro com o que quer passar ao público, ainda sim é interessante cogitar a ideia de assistir mais de uma vez, pois existem detalhes que passam despercebidos, ademais, o seu primeiro contato é o suficiente para compreender o enredo.
REFERÊNCIAS
HALL, Stuart. O legado de Sausurre: Cultura e Representação. 1. ed. Idem: Idem, 2000. p. 57-77.
QUANTO VALE OU É POR QUILO?. Direção: Sérgio Bianchi. Produção: Sérgio Bianchi. Local: Brasi: Agravo Produções Cinematográficas S/C Ltda, 2005. 1 DVD.

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