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PRODUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO AGRÁRIO E URBANO

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PRODUÇÃO E 
ORGANIZAÇÃO 
DO ESPAÇO 
BRASILEIRO:
AGRÁRIO E 
URBANO
Professora Me. Juliana Paula Ramos
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; RAMOS, Juliana Paula.
Produção e Organização do Espaço Brasileiro: Agrário 
e Urbano. Juliana Paula Ramos. 
Reimpressão, 2021.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018.
203 p.
“Graduação - EaD”.
1. Produção. 2. Organização. 3. Espaço Brasileiro. 4. Agrário. 5. Urbano. 
I.Título.
ISBN 978-85-8084-976-9
CDD - 22 ed. 910
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza – CRB-9 - 1807
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Supervisão de Produção de Conteúdo
Nádila Toledo
Coordenador de conteúdo
Priscilla Campiolo Manesco
Qualidade Editorial e Textual
Daniel F. Hey, Hellyery Agda
Design Educacional
Rossana Costa Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Robson Yuiti Saito
Revisão Textual
Keren Pardini
Nayara Valenciano
Ilustração
Rafael Szpaki Sangueza
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Professora Me. Juliana Paula Ramos
Graduada em Geografia (licenciatura) pela Universidade Estadual de Maringá 
- UEM, Maringá-PR (2009). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em 
Geografia da Universidade Estadual de Maringá - UEM (2011-2013) na área 
de Organização do Espaço Habitado. Atua como professora no ensino 
superior no estado do Paraná. Experiência em Geografia Humana, atuando 
principalmente nos seguintes temas: Geografia Agrária, Epistemologia da 
Geografia e Ensino de Geografia.
A
U
TO
R
A
SEJA BEM-VINDO(A)!
É com grande satisfação que apresentamos a você, caro(a) aluno(a), do curso de Licen-
ciatura em Geografia, uma disciplina de grande importância para compreensão do fun-
cionamento do espaço brasileiro, tanto agrário quanto urbano.
O território pertencente ao Brasil, desde a chegada dos portugueses, passou por diver-
sas transformações tanto em sua extensão como em sua forma de organização. As áreas 
rural e urbana do país foram importantes para a consolidação da economia brasileira e 
apresentaram grandes modificações, o que veremos no decorrer de nosso material de 
estudo.
Em linhas gerais, em nossa primeira unidade: “Espaço Brasileiro”, traremos uma discus-
são geral sobre a importância da agricultura na formação do território brasileiro, a ne-
cessidade e o surgimento das primeiras cidades e a relação existente entre a área rural 
e a área urbana.
Na segunda unidade, “Espaço Agrário I”, começaremos a discutir especificamente o es-
paço agrário brasileiro, iniciando com a apresentação de conceitos básicos da Geogra-
fia Agrária para, posteriormente, tratarmos da formação da atual estrutura fundiária do 
país. Nesse contexto, entenderemos desde as formas de aquisição de terras (como as 
capitanias hereditárias, sesmarias e livre apossamento de terras) até a Lei de Terras, cria-
da em 1850 para organizar o acesso à terra no Brasil. Por fim, discutiremos o processo de 
modernização da agricultura e a produção agrícola nas regiões do país. 
Na terceira unidade, “Espaço Agrário II”, continuaremos a tratar do meio rural brasileiro, des-
tacando a questão das fronteiras agrícolas e sua importância com relação à ampliação de 
áreas agricultáveis no país, as relações de trabalho existentes no campo e a concentração 
fundiária (existente nos dias atuais, mas originada da forma como o Brasil foi ocupado). 
Nesse aspecto, estudaremosa falta de terra, um processo que gera uma série de necessida-
des, como a Reforma Agrária, os movimentos sociais e a criação de assentamentos rurais. 
Finalizaremos a Unidade III com a apresentação de problemas ambientais no campo.
Na quarta unidade, “Espaço Urbano I”, iniciaremos nossa discussão referente ao espaço 
urbano brasileiro, identificando os processos que o originaram. Estudaremos a urbani-
zação, processo que merece ser discutido também em nível mundial, além de apresen-
tarmos os fatores históricos no surgimento das cidades e suas formas de organização, 
como a rede urbana.
Na quinta e última unidade, “Espaço Urbano II”, finalizaremos a discussão sobre a área 
urbana no Brasil, destacando as formas de utilização do solo urbano, os agentes que in-
terferem em sua organização espacial, a relação das cidades com o meio ambiente e os 
problemas urbanos. Para finalizar, identificaremos como o planejamento urbano pode 
ser executado, a fim de implantar o Estatuto das Cidades nos municípios.
Esperamos que este material contribua em sua formação.
Boa leitura!
Professora Juliana.
APRESENTAÇÃO
PRODUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO 
BRASILEIRO: AGRÁRIO E URBANO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
ESPAÇO BRASILEIRO
15 Introdução
16 Agricultura no Contexto de Formação do Brasil 
24 Primeiras Cidades Brasileiras 
33 Interação Campo-Cidade 
35 Considerações Finais 
UNIDADE II
ESPAÇO AGRÁRIO
45 Introdução
46 Definições Básicas 
53 Formação da Estrutura Fundiária do Brasil 
63 Modernização da Agricultura 
68 Agricultura nas Regiões do Brasil 
74 Considerações Finais 
SUMÁRIO
UNIDADE III
ESPAÇO AGRÁRIO II
83 Introdução
84 Expansão e Consolidação das Fronteiras Agrícolas no Brasil 
99 Concentração de Terras 
104 Reforma Agrária, Movimentos Sociais e Criação de Assentamentos 
115 Problemas Ambientais 
117 Considerações Finais 
UNIDADE IV
ESPAÇO URBANO
125 Introdução
126 Conceitos Básicos 
134 Fatores Históricos e Culturais na Formação das Cidades 
141 Urbanização Mundial 
145 Urbanização Brasileira 
152 Organização Interna das Cidades 
154 Rede Urbana 
155 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
ESPAÇO URBANO II
163 Introdução
164 Agentes Produtores do Espaço Urbano 
172 O Solo Urbano e Seus Múltiplos Usos 
176 Cidade e Meio Ambiente 
178 Problemas Urbanos 
188 Considerações Finais 
195 CONCLUSÃO
197 REFERÊNCIAS
201 GABARITO
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Professora Me Juliana Paula Ramos
ESPAÇO BRASILEIRO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Identificar de que forma a agricultura influenciou o processo de 
formação do Brasil a fim de compreender sua origem.
 ■ Apresentar o processo de formação das primeiras cidades brasileiras, 
destacando suas contribuições na formação do território brasileiro.
 ■ Analisar as interações existentes entre o campo e a cidade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Agricultura no contexto de formação do Brasil
 ■ Primeiras cidades brasileiras
 ■ Interação campo-cidade
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta primeira unidade, faremos uma introdução dos 
temas que serão tratados no decorrer de nosso material. Dessa forma, será apre-
sentada a você uma discussão referente à importância da agricultura no processo 
de formação e consolidação do território brasileiro, o histórico de formação das 
primeiras cidades brasileiras e também as formas de interação que ocorreram 
entre o campo e a cidade.
A agricultura foi a primeira forma utilizada para promover o desenvolvimento 
econômico do Brasil. Para tanto, nosso território passou por diversos ciclos eco-
nômicos, ou seja, diferentes produtos da agricultura tiveram importância para a 
economia no decorrer da história. O primeiro ciclo foi o do pau-brasil, primeiro 
produto a ser explorado pelos portugueses na terra recém-descoberta. Com o 
declínio da exploração desse produto, a produção de cana-de-açúcar começou 
a ganhar força, proporcionando, além do aumento das áreas exploradas, a cria-
ção de cidades. Tiveram importância também os ciclos das drogas do sertão, do 
algodão e da borracha, ocorridos no norte e nordeste do Brasil, além da mine-
ração e o café, muito importantes para as regiões sudeste e sul.
As cidades desempenharam papel fundamental no processo de formação do 
Brasil. A primeira a ser criada foi Salvador (a primeira capital do país), constru-
ída nos moldes das cidades portuguesas no auge do Ciclo da Cana-de-Açúcar. 
Nesse contexto, faz-se necessário discutirmos o conceito de cidade, já que essa 
temática permite várias interpretações, que variam de autor para autor, tanto 
dentro da Geografia quanto em outras áreas do saber.
Para finalizar, discutiremos a relação que existe entre campo e cidade, ou 
seja, essas áreas são dependentes uma da outra ou apresentam autossuficiência?
Esperamos que você perceba, caro(a) aluno(a), que tanto o espaço rural 
quanto o espaço urbano são importantes na produção e organização do espaço 
brasileiro.
Introdução
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ESPAÇO BRASILEIRO
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AGRICULTURA NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO DO 
BRASIL
Inicialmente, o que viria a ser o território brasileiro, foi dividido em grandes 
faixas de terras, denominadas de Capitanias Hereditárias. Tal sistema era carac-
terizado por dividir o território em faixas de terras que eram entregues a nobres 
portugueses. Criadas por D. João III, as Capitanias tinham por objetivo adminis-
trar a área recém-ocupada e colonizar o Brasil, evitando invasões estrangeiras. 
As capitanias receberam esse nome por serem transmitidas de pai para filho. 
Aqueles que recebiam a concessão de uma capitania eram chamados de donatá-
rios e tinham o direito de explorar os recursos naturais existentes em suas terras.
Figura 1: Capitanias Hereditárias
Fonte: Brasil (1977)
Com exceção das capitanias de São Vicente e Pernambuco, as demais capitanias 
não deram certo. Esse fato pode ser explicado pela grande extensão territorial 
das mesmas, que dificultava a administração. A falta de recursos econômicos e 
os ataques indígenas foram também determinantes para o declínio desse sistema. 
Agricultura no Contexto de Formação do Brasil
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 A princípio, os indígenas foram usados como mão de obra nas grandes exten-
sões de terras, mas aos poucos perdiam o interesse pela forma de pagamento e 
pelo ritmo da jornada diária e abandonavam ou fugiam do trabalho.
Durante o período colonial e posteriormente o império, a formação da economia 
brasileira se desenvolveu por meio de ciclos. Primeiro foi o “ciclo do pau-bra-
sil”, que inclusive deu nome ao país. A exploração da colônia, denominada por 
Portugal (a Metrópole) de Brasil, teve sua economia direcionada ao fornecimento 
de gêneros tropicais ou minerais de grande importância, como o açúcar, o ouro, 
o café, o algodão, dentre outros, para o mercado europeu (PRADO JR, 1983).
Escravidão Indígena
Com o início da colonização brasileira, os portugueses necessitavam de mão 
de obra para auxiliar, inicialmente, na extração do pau-brasil. Nesse sentido, 
o contato com os índios fez com que os mesmos passassem a ser escraviza-
dos, recebendo por seu trabalho produtos trazidos da Europa, na chamada 
prática do escambo.
A escravidão indígena, porém, não foi bem sucedida devido a uma série de 
fatores, como as mortes causadas pelo trabalho forçado, as doenças contra-
ídas pelos índios, a rotina de trabalho, que era muito distinta do cotidiano 
indígena e também a dificuldade de vigilância, já que os índios conheciam 
muito bem o território e facilmente fugiam. Além dos pontos citados, havia 
também a influência dos jesuítas,que eram contra a escravidão. Tal proces-
so só teve fim no século XVIII, quando o marquês de Pombal formulou uma 
série de mudanças na administração da colônia.
Fonte: RAMOS, J.P.
ESPAÇO BRASILEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Com a decadência do pau-brasil, não havia na 
colônia outro produto de extração pura que 
pudesse sustentar o comércio estabelecido com 
a Europa, restando como alternativa a produ-
ção de algum gênero agrícola que pudesse ser 
bem aceito.
A melhor opção seria o açúcar, 
produto raro e escasso e de grande 
aceitação entre os europeus, ad-
quirido a peso de ouro na época. 
Com a implantação da economia 
açucareira no Brasil, é lançada a 
pedra inaugural de nossa agricul-
tura. As regiões produtoras, Bahia 
e Pernambuco principalmente, 
com o ciclo do açúcar passam por 
um processo de desbravamento 
pioneiro em nosso país (GRAZIA-
NO NETO, 1982, p. 18-19).
Pau-Brasil
Nome Científico: Caesalpinia echinata
Família: Leguminosae-caesalpinoideae
Origem: Mata Atlântica
O pau-brasil, árvore símbolo do nosso país, foi utilizado para vários fins. Os 
índios aproveitavam a madeira para produzir seus arcos e flechas e a bra-
sileína, essência corante extraída da madeira, como corante na pintura de 
seus enfeites. A extração ocorria de forma bastante simples, já que havia 
grande quantidade da espécie nas florestas próximas ao litoral e os índios 
realizavam a extração da mesma em troca de mercadorias trazidas da Euro-
pa, como espelhos, tecidos, facões etc.
Fonte: RAMOS, J.P.
Agricultura no Contexto de Formação do Brasil
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A produção dos alimentos necessários ao consumo da massa trabalhadora era 
realizada no próprio latifúndio1 açucareiro quando estava na época da colheita, 
ou nas áreas marginais a estes, quando estava na época do plantio. Nesta época, 
o latifundiário liberava a mão de obra escrava para que produzissem nos lotes às 
margens de suas terras enquanto não começava o período de colheita.
Se no ciclo econômico do pau-brasil a ocupação se restringiu às costas lito-
râneas e à Mata Atlântica, no ciclo econômico da cana-de-açúcar, a ocupação do 
território foi mais intensa. Segundo Graziano Neto (1982), a colônia começou 
a ser efetivamente ocupada a partir da produção açucareira, caracterizada por 
ser realizada em grandes propriedades e por contar com mão de obra escrava, 
proveniente do tráfico de escravos trazidos da África. 
No século XVII, com a construção do forte de Belém, para evitar invasões 
inglesas, holandesas e hispânicas na região Norte, uma série de expedições come-
çaram a ser realizadas na Amazônia. A princípio, os portugueses buscavam índios 
para serem utilizados no trabalho escravo, porém, foram descobertos diversos 
produtos passíveis de serem vendidos no mercado europeu. Tais produtos, como 
a baunilha, o cacau, a castanha-do-pará, a salsa, o urucum, a canela, as ervas 
aromáticas, as plantas medicinais e outros, ficaram conhecidos como Drogas do 
Sertão. Devido à decadência da busca por especiarias no oriente, a região Norte 
começou a se desenvolver, assumindo o papel econômico que antes era realizado 
por outros países. A fim de evitar o contrabando nessa área, Portugal optou por 
deixar a exploração de tais drogas sob a responsabilidade das missões jesuíticas.
 Caro(a) aluno(a), trabalharemos tal conceito na unidade II do nosso material de estudo.
ESPAÇO BRASILEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
Até o fim do século XVII, o açúcar foi a base da economia colonial. No início 
do século XVIII, a mineração ganhou destaque entre as atividades da colônia. 
As primeiras descobertas de metais preciosos aconteceram na região de Minas 
Gerais, provocando um deslocamento de população e de “capital” para as zonas 
auríferas. Por um período de aproximadamente 80 anos, essa atividade polari-
zaria todas as atenções da colônia, causando o desestímulo ou a decadência das 
demais atividades econômicas (GRAZIANO NETO, 1982).
Planalto
Central
Cana-de-açúcar
Pecuária
Mineração
Drogas do sertão
Pau-Brasil
Importação/Exportação
Figura 2: Brasil: ciclos econômicos.
Fonte: Nizza da Silva (1986)
Missões Jesuíticas
Ainda no século XVI, chegaram ao Brasil os primeiros padres jesuítas para dar 
início à catequização dos índios. Com o objetivo de unificar o território bra-
sileiro na religião católica, foi dado início ao processo de catequização, que 
contou com a construção da primeira escola elementar, baseada nos modelos 
europeus de ensino, necessária para que os índios aprendessem a ler e a es-
crever para, então, compreenderem o ensinamento religioso. Além da ques-
tão religiosa, os índios aprenderam também os costumes e crenças europeias.
Fonte: RAMOS, J. P.
Agricultura no Contexto de Formação do Brasil
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Com a Revolução Industrial em curso na Europa, a demanda pelo consumo de 
algodão se intensificou e a procura pelo produto foi cada vez maior. Tal pro-
duto, sob uma ótica global, foi mais uma produção agrícola caracterizada pela 
utilização de trabalho escravo e voltada para o mercado externo. No Brasil, ao 
final do século XVIII, o algodão voltou a ser produzido no Nordeste do país. 
Em meados de 1760, tivemos a primeira remessa de algodão para o mercado 
externo, sendo produzida inicialmente no Maranhão e depois nos estados de 
Pernambuco e Bahia.
Cabe destacar que o aumento na produção de algodão é justificado devido 
à Guerra de Independência dos Estados Unidos e à Revolução Industrial ocor-
rida na Inglaterra. Na lavoura algodoeira, inicialmente foi utilizada a mão de 
obra indígena, que foi substituída pelos negros, a fim de atender aos interesses 
do tráfico negreiro. Paralelos à produção do algodão, estavam o açúcar, o arroz e 
a pecuária, atividades que voltavam a ter força com a decadência da mineração.
A partir do século XIX, o Brasil, mais precisamente a região Norte, come-
çou a desenvolver o ciclo da borracha. Quando, por meio de estudos científicos, 
a borracha teve suas aplicações ampliadas, o norte do país, grande produtor de 
látex, começou a aproveitar tal situação. Em menos de trinta anos, a exportação 
do látex amazônico subiu de 150 toneladas para mais de 2000. Nos seringais, a 
mão de obra era constituída por trabalhadores provenientes, principalmente, 
da região nordeste. A exploração da borracha fez com que a região amazônica 
muito se desenvolvesse, com destaque para a cidade de Belém, que se tornou um 
centro urbano com projetos arquitetônicos bastante suntuosos, representativos 
da riqueza adquirida com a exploração da borracha. Nesse contexto, destacou-
-se também a cidade de Manaus.
ESPAÇO BRASILEIRO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E22
A partir do século XX, a supremacia da borracha sofreu um forte declínio, oriundo 
de diversos fatores como: a concorrência com o látex explorado na Ásia, a falta 
de estímulo por parte do governo, que estava mais atento ao interesse dos cafei-
cultores e também o surgimento de uma borracha sintética, que era produzida 
de forma mais rápida. 
Em meados do século XIX, o café se destacou como gênero de grande impor-
tância comercial e foi explorado até 1930, como principal produto econômico. 
O Brasil era o maior produtor mundial de café, sendo os Estados Unidos um 
dos principais consumidores. 
A heroica e desprezada batalha da borracha
De repente, em plena Segunda Guerra, os japoneses cortaram o forneci-
mento de borracha para os Estados Unidos. Como resultado, milhares de 
brasileiros do Nordeste foram enviados para os seringais amazônicos, emnome da luta contra o nazismo. Essa foi a Batalha da Borracha, um capí-
tulo obscuro e sem glória do nosso passado, ainda vivo na memória dos 
últimos e ainda abandonados sobreviventes. No final de 1941, os países 
aliados viam o esforço de guerra consumir rapidamente seus estoques 
de matérias-primas estratégicas. E nenhum caso era mais alarmante do 
que o da borracha. A entrada do Japão no conflito determinou o blo-
queio definitivo dos produtores asiáticos de borracha. Já no princípio de 
1942, o Japão controlava mais de 97% das regiões produtoras do Pacífi-
co, tornando crítica a disponibilidade do produto para a indústria bélica 
dos aliados. 
A conjunção desses acontecimentos deu origem no Brasil a quase des-
conhecida Batalha da Borracha. Uma história de imensos sacrifícios para 
milhares de trabalhadores que foram para a Amazônia e que, em fun-
ção do estado de guerra, receberam inicialmente um tratamento seme-
lhante ao dos soldados. Mas, ao final, o saldo foi muito diferente: dos 20 
mil combatentes na Itália, morreram apenas 454. Entre os quase 60 mil 
soldados da borracha, porém, cerca da metade desapareceu na selva 
amazônica.
Leia o texto completo em:http://www2.uol.com.br/historiaviva/reporta-
gens/a_heroica_e_desprezada_batalha_da_borracha.html>.
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Agricultura no Contexto de Formação do Brasil
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O cultivo do café no Brasil 
foi introduzido por Francisco de 
Melo Palheta, militar luso-bra-
sileiro que trouxe as primeiras 
mudas da Guiana Francesa. No 
século XIX, as plantações come-
çaram a se espalhar pelo interior 
de São Paulo e Rio de Janeiro, pri-
meiramente na região do Vale do 
Paraíba, localizado entre as cida-
des de São Paulo e Rio de Janeiro. 
Essa região apresentava ótimas condições para o cultivo da planta, como regula-
ridade de chuvas e clima adequado. No lado paulista, as cidades mais importantes 
eram São José dos Campos, Taubaté, Jacareí, Pindamonhangaba, Guaratinguetá, 
Cruzeiro e Lorena. Já no lado fluminense destacaram-se: Volta Redonda, Resende, 
Barra Mansa e Barra do Piraí. 
A cafeicultura sustentava-se sobre a grande propriedade monocultora, explo-
rada pela mão de obra imigrante. Nesta conjuntura, a utilização de mão de 
obra escrava já não era mais permitida, sendo o colonato, formado pela intensa 
imigração europeia, a força de trabalho empregada. A crise mundial que se 
desencadeou em 1929 fez com que a cafeicultura sofresse um período recessivo 
Mais de 125 anos após a abolição da escravatura, o Brasil ainda combate 
uma versão moderna do tipo de trabalho forçado. Mais de 2 mil pessoas são 
libertadas todos os anos no país em condições análogas à de escravos. 
Tenha acesso à leitura completa pelo link:
 <http://g1.globo.com/economia/trabalho-escravo-2014/platb>. Acesso 
em: 20 out. 2014>.
ESPAÇO BRASILEIRO
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na área explorada no Vale do Paraíba e no Oeste do Estado de São Paulo, como 
afirma Cancian (1981, p.29):
O período compreendido entre 1929 e 1945 é marcado, quanto aos pre-
ços do café, por profunda depressão ocasionada pela superprodução, 
derrocada do sistema implantado pela defesa permanente, coincidindo 
com a crise que se seguiu ao “crack” da Bolsa de Nova York, e posterior-
mente, pelas dificuldades surgidas durante a Segunda Guerra Mundial.
Como principais consequências da fase de ouro do café no Brasil, pode-se destacar: 
a economia brasileira muito dependente das exportações de café, concentração 
do poder político e econômico na região sudeste, imigração europeia e constru-
ção de ferrovias para escoar a produção do interior de São Paulo para o porto 
de Santos.
Em 1930, o Brasil adotou o modelo econômico agroindustrial, iniciando um 
processo de industrialização nos grandes centros urbanos localizados principal-
mente nos estados das regiões Sul e Sudeste. A partir de então, desencadeou-se 
uma intensa urbanização, provocada pelo êxodo rural derivado da moderniza-
ção que aconteceu na agricultura brasileira.
PRIMEIRAS CIDADES BRASILEIRAS
Caro(a) aluno (a), antes de iniciarmos a discussão a respeito do surgimento das 
primeiras cidades brasileiras, é necessário definirmos o conceito de cidade. A 
cidade pode ser definida de diferentes formas, que variam de acordo com os auto-
res que tratam dessa temática. Cabe destacar que por mais que haja diferenças 
nas definições, todas apresentam pontos em comum. Neste sentido, para o nosso 
material de estudo, será utilizado o conceito de cidade elaborado pela arquiteta 
e urbanista Raquel Rolnik, em seu livro “O que é cidade”, de 1988.
Para Rolnik (1988), o termo cidade significa, de maneira mais ampla, a predo-
minância do espaço urbano sobre o campo, já que ocorrem diferentes fenômenos 
nas cidades antigas e nas metrópoles contemporâneas. Para facilitar a definição 
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do termo, a autora compreende a cidade como um ímã, como escrita e como 
mercado. Vejamos como:
A cidade é, antes de qualquer coisa, um ímã, antes mesmo de se tornar um 
local permanente de trabalho e moradia. De acordo com Rolnik (1988, p. 13), 
“assim foram os primeiros embriões de cidades que temos notícia, os zigurates, 
templos que apareceram nas planícies da Mesopotâmia em torno do terceiro 
milênio antes da era cristã”. A construção do local cerimonial correspondeu a 
uma transformação na maneira de os homens ocuparem o espaço. O templo era 
um ímã que reunia um determinado grupo, consolidando a forma de aliança 
celebrada no cerimonial periódico ali realizado. Dessa forma, temos a cidade 
dos deuses e dos mortos precedendo a dos vivos e causando a sedentarizarão.
A construção das cidades significou também uma forma de escrita, já que 
existe o paralelo entre empilhar tijolos, definindo formas geométricas, e agru-
par letras, formando palavras. “Na história, os dois fenômenos – escrita e cidade 
- ocorreram quase que simultaneamente, impulsionados pela necessidade de 
memorização, medida e gestão de trabalho coletivo” (ROLNIK, 1988, p. 16).
Ao se formarem as cidades, intensificaram-se as possibilidades de troca e 
colaboração entre os homens, potencializando sua capacidade produtiva. Isso 
ocorreu por meio da divisão do trabalho. Isolado, cada indivíduo precisa pro-
duzir tudo aquilo que necessita para sobreviver. Quando há possibilidade de 
comercializar o excedente, instaura-se o mercado. A cidade, ao aglomerar num 
espaço limitado uma numerosa população, cria o mercado (ROLNIK, 1988).
Registros arqueológicos apontam que as cidades surgiram por volta de 4.000 
a 3.000 a.C., sendo que sua formação, como já apresentado, objetivava o comér-
cio. Inicialmente, as cidades eram constituídas por aldeias próximas a rios e que 
passaram a ser mais complexas de acordo com o aumento da população. 
Conforme as cidades se desenvolviam, foram sendo criadas mais obras, como 
igrejas, espaços de convivência e outras, para atender os habitantes e também 
foram estabelecidos os Estados para a defesa militar, surgindo então as civiliza-
ções, termo ligado aos povos que vivem em cidades. Nesse sentido, podem-se 
destacar as civilizações grega e romana.
Após a queda do Império Romano e constituição do feudalismo, as cidades 
começaram a perder sua importância, visto que os feudos eram auto- subsistentes 
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e não necessitavam do comércio. As cidades voltaram a ganhar força no final 
da Idade Média, quando o feudalismo foi substituído pelo capitalismo, sistema 
econômico pautado no comércio.
Nas primeiras décadas da colonização portuguesa no Brasil(a partir de 1530) 
foram, fundadas diversas vilas como: Igaraçu e Olinda (Pernambuco), Vila do 
Pereira, Ilhéus, Santa Cruz e Porto Seguro (Bahia) e São Vicente, Cananeia e Santos 
(São Paulo). Os primeiros núcleos urbanos se formaram nas regiões litorâneas, 
pois facilitavam o escoamento dos produtos e recursos naturais para a Europa.
SALVADOR - BAHIA
A primeira cidade planejada a ser construída foi Salvador, em 1549. Foi con-
cebida, no alto de uma escarpa, entre a Baía de Todos os Santos e os morros, 
seguindo os moldes das cidades portuguesas, com ruas curvas, estreitas e dis-
postas perpendicularmente. Em seus primeiros anos de existência, contava com 
a presença de muralhas construídas, a fim de evitar invasões. Cabe destacar que 
Salvador estava em uma posição estratégica, já que a Baía de Todos os Santos 
criava ligações entre Portugal, Brasil e África. 
Diferença entre povoado, vila e cidade
Um povoado começava com um número reduzido de pessoas, que se fixa 
em um determinado local, como às margens de um rio, por exemplo. Com o 
decorrer das transformações que vão ocorrendo no povoado, devido à mos-
tra de condições favoráveis à vida humana e à chegada de novos habitantes, 
o povoado cresce e se torna uma vila. Quanto mais modificações ocorrem, 
como corte de de árvore, construção de escola, igreja, hospitais e indústrias, 
de maneira mais rápida surgem as cidades.
Fonte: RAMOS, J. P.
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Salvador foi a capital do Brasil de 
1549 a 1763, tendo sido escolhida por 
apresentar condições naturais favorá-
veis, que permitiam a parada segura das 
embarcações portuguesas. Seu desen-
volvimento esteve, inicialmente, ligado 
ao ciclo da cana-de açúcar.
SÃO PAULO – SÃO PAULO
A cidade de São Paulo, fundada em 1554, tem sua história se consolidando 
juntamente com a do Brasil. Em 1532, teve início a colonização da área que se 
transformaria na cidade. Inicialmente, por meio da colonização oficial, realizada 
por Martim de Souza, foi fundada a vila de São Vicente. Em 1553, os jesuítas, 
após subirem a serra, estavam à procura de um local para construir um colégio 
de alfabetização e catequização. Foi construído, então, o colégio em uma colina 
próxima aos rios Tamanduateí e Anhangabaú, no planalto de Piratininga, e inau-
gurado em 25 de janeiro de 1554. Passaram 157 anos até que o rei de Portugal 
decidiu pela criação da cidade de São Paulo. Nessa época, a área servia como 
ponto de partida das bandeiras - expedições que objetivavam a captura de índios 
e expansão territorial. Em 1815, a cidade se transformou na capital da Província 
de São Paulo.
RIO DE JANEIRO – RIO DE JANEIRO
A área que ocupa a cidade do Rio de Janeiro atualmente foi descoberta em pri-
meiro de janeiro de 1502, por uma expedição portuguesa. Porém, os primeiros 
a se estabelecerem na região foram os franceses, que começaram a habitar a área 
para não a perderem para os portugueses. Somente após anos de luta os portu-
gueses conseguiram expulsar os franceses da área.
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Em primeiro de março de 1565, foi fundada, por Estácio de Sá, a cidade de 
São Sebastião do Rio de Janeiro, que possuía estilo português da Idade Média. 
Por estar localizada em uma área estratégica, na Baía de Guanabara, foi desen-
volvida nessa área uma zona portuária e comercial. Com o início das atividades 
na cidade, logo houve aumento no número de habitantes.
Com a descoberta de metais preciosos em Minas Gerais, no final do século 
XVII, a cidade do Rio de Janeiro se transformou em uma ponte entre as minas 
de exploração e o continente europeu. Em 1763, tornou-se a capital do Brasil, já 
que os metais eram escoados por seu porto e para não haver riscos de contra-
bandos o governo optou por uma capital mais próxima dos locais de mineração. 
Franceses no Brasil
Os franceses, assim como os portugueses e os espanhóis, também tinham 
interesse em conquistar as terras americanas. Buscavam no Brasil principal-
mente o pau-brasil. Para tanto, apoiaram as ações aventureiras de corsários 
(piratas) que assolaram as costas brasileiras desde a foz do Rio Amazonas até 
o Rio de Janeiro.
Em 1504, alcançaram o litoral de Santa Catarina e em 1555 invadiram o ter-
ritório onde hoje fica o Rio de Janeiro. Construíram um forte na Baía de Gua-
nabara e fundaram uma colônia à qual deram o nome de França Antártica, 
que permaneceu dois anos.
Os franceses que estiveram no Brasil nesse período deixaram relatos signifi-
cativos em que descreviam o modo de vida indígena, segundo o ponto de 
vista europeu. Em 1560, as forças militares lideradas por Mem de Sá conse-
guiram expulsar definitivamente os franceses do Rio de Janeiro.
Fonte: Cabrine (2009).
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JOÃO PESSOA - PARAÍBA
Em 1574, a jovem filha de Iniguaçu, chefe potiguara, foi aprisionada pelo pro-
prietário do engenho Tracunhaém na capitania de Itamaracá, hoje pertencente 
ao município de Goiana, em Pernambuco. Os potiguaras, por vingança e insu-
flados pelos franceses, atacaram e incendiaram o engenho, matando todos os 
moradores, ato que ficou conhecido como “a chacina de Tracunhaém”. O inci-
dente fez com que Portugal atentasse para a necessidade de maior controle da 
região, visando extinguir a presença de franceses no nosso litoral e evitar, no 
futuro, qualquer possibilidade de ataque indígena à Vila de Olinda e engenhos 
da região. Em resumo, tornou-se urgente garantir o monopólio do açúcar e o 
poder econômico da Capitania de Pernambuco, principal centro produtivo da 
colônia, como também iniciar o avanço sobre as terras ao norte (PORTAL DA 
CIDADE DE JOÃO PESSOA, 2014, online).
Ainda em 1574, o Rei D. Sebastião resolveu desmembrar a Capitania de 
Itamaracá, criando a Capitania Real da Paraíba. Parte da área era habitada por 
índios potiguaras, fato que atrasou em 11 anos a conquista do território. Após 
cinco expedições, os portugueses conseguiram derrotar os potiguaras, expul-
sar os franceses e fundar a Cidade Real de Nossa Senhora das Neves, atual João 
Pessoa, no dia 05 de agosto de 1585. Apesar de derrotados, os potiguaras con-
tinuaram a infernizar a vida dos habitantes da cidade até 1599, quando, já sem 
apoio dos franceses e sob uma epidemia de varíola, foram pressionados a assi-
nar a paz com o governador Feliciano Coelho de Carvalho e se retiraram para o 
norte (PORTAL DA CIDADE DE JOÃO PESSOA, 2014, online).
SÃO CRISTÓVÃO - SERGIPE
É a quarta cidade mais antiga do Brasil, fundada por Cristovão de Barros em 1º 
de janeiro de 1590, após o conquistador vencer uma batalha contra piratas fran-
ceses. A cidade foi a primeira capital do estado de Sergipe, assumindo o posto 
até 1855, quando foi fundada a cidade de Aracaju, construída para ser a nova 
capital do estado.
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São Cristóvão sofreu diversas mudanças até se firmar no local em que se 
encontra atualmente. Entre 1595 e 1596, ocorreu a primeira mudança, realizada 
para evitar possíveis ataques de franceses. Já em 1607 uma nova transferência ocor-
reu, desta vez para a margem do rio Paramopama, bem distante do local inicial.
Em sua história, o município contou com diversas invasões que duraram até 
meados de 1647, quando a capitania se reintegrou ao domínio de Portugal. Em 
1539, foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Sua configuração segue 
os padrões portugueses, sendo a cidade dividida em alta e baixa. Na cidade alta 
se localiza a sede do poder civil e religioso e na cidade baixa, o porto, fábricas e 
a populaçãode renda inferior.
NATAL – RIO GRANDE DO NORTE
A primeira tentativa de colonização da capitania que deu origem ao estado 
do Rio Grande do Norte foi fracassada, fato este ligado à presença de france-
ses, que contavam com o auxílio indígena na área. Passados 62 anos, em 25 de 
dezembro de 1597, uma nova expedição portuguesa, desta vez comandada por 
Mascarenhas Homem e Jerônimo de Albuquerque, chegou para expulsar os 
franceses e reconquistar a capitania. Como estratégia de defesa, contra o ataque 
dos índios e dos corsários franceses, doze dias depois, os portugueses começa-
ram a construir um forte que foi chamado de Fortaleza dos Reis Magos, por ter 
sido iniciado no dia dos Santos Reis. O forte foi projetado pelo Padre Gaspar 
de Samperes, o mesmo arquiteto que projetou a Igreja Matriz de Nossa Senhora 
da Apresentação. Concluído o forte, logo se formou um povoado que, segundo 
alguns historiadores, foi chamado de Cidade dos Reis e depois de Cidade do 
Natal. O nome da cidade é explicado em duas versões: refere-se ao dia em que 
a esquadra entrou na barra do Potengi ou a data da demarcação do sítio, reali-
zada por Jerônimo de Albuquerque no dia 25 de dezembro de 1599 (PORTAL 
DA CIDADE DE NATAL, 2014, online).
Sob o domínio holandês, a partir de 1633, o povoado sofreu diversas mudan-
ças, como o forte, que passou a se chamar Castelo de Keulen, e ao invés de Natal, 
Nova Amsterdã. Somente com a saída dos invasores, em 1654, é que a cidade 
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voltou à normalidade, apresentando, no final do século XIX, uma população de 
cerca de dezesseis mil habitantes.
SÃO LUÍS – MARANHÃO
Fundada em 8 de setembro de 1612, é a única cidade brasileira que foi fundada por 
franceses, além de ter sido invadida também por holandeses. O nome da cidade 
foi criado em homenagem ao rei da França, Luís XIII. Em 1850, na área onde 
hoje se localiza São Luís, foi fundada a cidade de Nazaré, que acabou sendo aban-
donada devido à dificuldade de acesso ao local e também à resistência indígena.
Em 1612, chegou à região uma tropa francesa que tinha por objetivo realizar 
a vontade da França de se instalar na região dos trópicos. Os índios se aliaram 
aos franceses, auxiliando-os inclusive na batalha contra os portugueses, que que-
riam reconquistar tal território. Em 1614, os franceses perderam a área para os 
portugueses e foram expulsos.
Em meados de 1641, a cidade foi invadida por holandeses que objetivavam 
a expansão da cana-de-açúcar na região. Nesse período, a mesma foi saqueada 
e quase totalmente destruída, chegando a ficar praticamente deserta. Em 1642, 
os portugueses começaram a lutar pelo território ocupado em uma batalha que 
durou cerca de três anos. Em 1644, os invasores desocuparam a região, após a 
morte de muitas pessoas e a destruição da cidade.
BELÉM DO PARÁ – PARÁ
A fundação da cidade ocorreu em 12 de janeiro de 1616, quando Portugal cons-
truiu o forte do Castelo, a fim de defender a Amazônia de possíveis invasões. Ao 
redor do forte se formou um povoado chamado, a princípio, de Feliz Lusitânia. 
Depois foi chamado também de Santa Maria do Grão Pará e Santa Maria de 
Belém do Grão Pará, até ser finalmente chamado de Belém do Pará.
No período compreendido entre 1835 e 1840, ocorreu na cidade um movi-
mento popular que buscava a independência, conhecido como Cabanagem, e 
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gerado pelo descontentamento da população que se julgava muito distante das 
decisões do país, que ocorriam no sul. A independência do Brasil só foi reco-
nhecida pela cidade em 1823, visto que estava fortemente ligada a Portugal, 
que inclusive continuou mandando na região mesmo após ser proclamada a 
Independência do Brasil.
 Belém do Pará chegou a ficar conhecida como Paris N’América, devido à 
sua importância no ciclo da borracha. Data deste período, entre o fim do século 
XIX e início do século XX, os mais importantes prédios da cidade.
Rtkogktcu"Ekfcfgu"fq"Dtcukn
São Luís
1612
Natal 1597
São Cristóvão 1590
Salvador 1549
Sã L í
Belém
1616
Rio de Janeiro 1565
São Paulo 1554
30ºS
60ºW 45ºW
15ºS
0º
João Pessoa 1585
Fonte: Eciclopédia dos municípios
brasileiros - IBGE (1964)
Elaboração: Ramos, J.P. - 2014
N
0 500 Km
Figura 3: Primeiras cidades do Brasil
Fonte: Enciclopédia dos municípios brasileiros – IBGE (1964)
Elaboração: RAMOS, J.P.
Como você deve ter percebido, caro(a) aluno(a), as primeiras cidades brasileiras 
tiveram tanto a influência portuguesa como de outras nações em sua formação. 
Mesmo que a maioria delas tenha sido constituída por meio da ação do governo 
de Portugal, todas sofreram com as invasões de outros países, que em alguns casos, 
trouxeram graves consequências, como a destruição de áreas construídas, às cidades 
que estavam recém-formadas. Este levantamento é importante para compreender-
mos como se deu o processo de formação e consolidação do território brasileiro.
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Interação Campo-Cidade
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INTERAÇÃO CAMPO-CIDADE
Nesse tópico, caro(a) aluno(a), trataremos das relações existentes entre o campo 
e a cidade. Antes de iniciarmos, convém discutirmos a diferença existente entre 
os termos campo/rural e cidade/urbano2. Para alguns autores da Geografia, como 
Milton Santos e Henry Lefebvre, os conceitos de cidade e campo se referem a 
espaços. Já o urbano e o rural fazem referência ao conteúdo social das formas 
espaciais. Dessa forma, podemos utilizar as expressões espaço urbano e espaço 
rural para nos referirmos à cidade e ao campo. Vejamos algumas características 
básicas dos espaços rural e urbano:
Espaço rural: área que 
não apresenta urbanização e 
que possui densidade popu-
lacional baixa. As paisagens 
apresentam o predomínio 
de vegetações e de ativida-
des agropecuárias.
Espaço urbano: área urbanizada, com alta 
densidade populacional. A paisagem é for-
mada, predominantemente, por elementos 
construídos pelo homem, que se sobrepõem 
ao espaço natural. 
Primeiramente, podemos destacar na 
relação campo-cidade a dinâmica de tec-
nologias que o campo tem utilizado e que 
surgiram nas cidades. Temos, atualmente, 
na área rural dos municípios uma intensa 
2 Trataremos, de forma mais ampla, os conceitos relativos ao rural e ao urbano no decorrer do livro.
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utilização de equipamentos e serviços que são desenvolvidos nas grandes metró-
poles. Vale destacar que até a década de 1960 o campo ainda não contava com 
a utilização de maquinários e produtos que eram fabricados na cidade. Quando 
este processo passou a ocorrer, tivemos a chamada Modernização da Agricultura.
Durante o decorrer do século XX, o campo passou, cada vez mais, a depender 
da cidade. Para efetivarem suas safras, muitas vezes, os agricultores dependem 
de financiamentos públicos ou da iniciativa privada. No caso de pequenos agri-
cultores, muitos dependem das sementes distribuídas pelo Estado. As sementes 
utilizadas no campo estão ligadas a pesquisas realizadas em centros universitários 
ou em grandes empresas químicas, que visam ao beneficiamento das mesmas. 
Mas, e a cidade, não depende do campo em nenhum aspecto?
Claro que depende! Vejamos como:
O campo possui grande importância com relação às cidades, pois é nessa 
área que são produzidos os alimentos essenciais à sobrevivência humana. Dessa 
forma, quando a produção de alimentos não é suficiente, surge a necessidade 
de importação dos mesmos, fato muito comum em países desenvolvidos, onde 
a produção agrícola é relativamente baixa. Nesse caso,na maioria das vezes a 
importação é realizada por países subdesenvolvidos, que mantêm sua economia 
baseada, principalmente, no setor primário da economia.
O campo é responsável também pelo fornecimento de matérias-primas para 
as indústrias localizadas na cidade. Nesse caso temos uma divisão de tarefas, onde 
o campo é responsável pelo fornecimento da matéria-prima e a cidade a trans-
forma em um produto acabado, preparando-o para venda. 
Quando o campo realiza as funções citadas anteriormente, ou seja, fornece 
alimentos e matérias-primas, dizemos que a terra está cumprindo sua função 
social, sendo utilizada para benefício da população.
A cidade depende do campo ou é o campo que depende da cidade?
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), destacamos nesta primeira unidade a importância que os 
espaços rural e urbano possuem no processo de formação e consolidação do 
território brasileiro.
A partir da análise dos ciclos econômicos pelos quais o Brasil passou, pudemos 
perceber que a agricultura foi a primeira forma de proporcionar o desenvolvi-
mento econômico do nosso país, mesmo quando Portugal ainda não objetivava 
a colonização do território.
Com o desenvolvimento da agricultura e também da exportação de produ-
tos oriundos dessa área, foi necessária a organização do território. Dessa forma, 
temos o surgimento das primeiras cidades. Salvador, a primeira a ser constru-
ída, surgiu no auge da cana-de-açúcar, com o objetivo de facilitar a saída da 
produção canavieira. Sua importância fez com que fosse nomeada a primeira 
capital do Brasil, assumindo esse posto até 1763, quando a capital passou a ser 
Rio de Janeiro.
Cabe destacar que o surgimento das primeiras cidades do Brasil foi mar-
cado por invasões de outros países, principalmente França e Holanda, que no 
primeiro caso chegou a fundar uma das primeiras cidades. Tais invasões cau-
saram grandes prejuízos. Muitas vezes, após as batalhas travadas por Portugal 
para reaver o território invadido, as cidades ficavam completamente destruídas.
Por fim, discutimos a relação existente entre o campo e a cidade, destacando 
também as diferenças existentes entre os termos campo/rural e cidade/urbano.
Nas próximas unidades, daremos início à discussão referente ao espaço rural 
brasileiro e também ao espaço urbano. Você está pronto(a)?
A RELAÇÃO CIDADE/CAMPO NO CONTEXTO DE UMA SOCIEDADE GLOBAL: 
ALGUNS LIMITES E HORIZONTES
Quando se propõe discutir o desenvolvimento das relações geoeconômicas e sociais 
nas sociedades contemporâneas, nos deparamos com novos fatores que estabeleceram 
importantes transformações no mundo do trabalho, tanto na cidade como no campo. 
Como sabemos, conforme o capitalismo penetrou no campo, imprimiu uma reconfigu-
ração do processo de produção. 
Uma pergunta se impõe. Qual é efetivamente a contribuição da geografia e sua perspec-
tiva neste processo? Poderíamos começar pensando a partir da relação cidade/campo 
no contexto da globalização, pautando a problemática da globalização pela revolução 
informacional, pela conectividade dos indivíduos em redes virtuais e pela consolida-
ção e construção das redes como base norteadora de todo este processo, analisando-as 
como redes materiais e imateriais que imprimem na vida do homem transformações 
significativas no trabalho, no lazer, no afeto... Isso efetivamente irá impactar uma mu-
dança da relação cidade/campo, a mobilidade dos homens e das mercadorias, aumen-
tam em velocidade e capilaridade nos dias de hoje, ocorrendo a integração dos espaços 
pelas redes materiais e pelas infovias. Cada vez mais, temos um perfil do campo próximo 
do perfil da cidade e vice versa. A cidade se apropria de algumas ações e atividades 
tradicionalmente desenvolvidas no campo, como a otimização das lajes de prédios para 
a produção agrícola e mesmo edifícios inteiros produzindo horti/fruti. São as fazendas 
verticais que estão sendo hoje apresentadas como solução para os problemas da fome 
e da sustentabilidade do mundo.
Fonte: ROCHA, M. M. Dossiê: Relações campo-cidade. Temas & matizes - nº 16 - segundo semes-
tre de 2009. pp.52-64.
Leia o artigo completo em: 
<http://www.nemo.uem.br/artigos/a_relacao_cidade_campo_marcio_rocha.pdf>
37 
1. O território brasileiro, desde a chegada dos portugueses até os dias atuais, passou 
por diversos ciclos econômicos que foram muito importantes para o desenvolvi-
mento do país. Explique cada um dos ciclos apresentados neste material.
2. No tópico referente às primeiras cidades brasileiras, foi utilizado o conceito de 
cidade elaborado por Rolnik (1988). Apresente como a autora entende a cidade.
3. Finalizada a fase em que o açúcar era tido como base da economia colonial, a 
mineração passa a ganhar destaque. Dentre as características de tal ciclo econô-
mico, pode-se destacar que:
I. Provocou deslocamento de população e capital para as zonas de exploração.
II. Fez com que a capital do país fosse transferida para o Rio de Janeiro, para que 
o governo estivesse mais próximo às áreas de mineração.
III. Causou decadência nas demais atividades econômicas exercidas até então.
IV. Foi a atividade de maior importância até o século XX, quando o café começa 
a se destacar.
a. ( ) Somente I e II estão corretas.
b. ( ) Somente I, II e III estão corretas.
c. ( ) Somente I, II e IV estão corretas.
d. ( ) Somente I, III e IV estão corretas.
e. ( ) Todas estão corretas.
4. No que se refere às características gerais do processo de formação das primeiras 
cidades brasileiras, pode-se afirmar:
I. Em sua formação, apresentaram tanto a influência portuguesa quanto de ou-
tras nações.
II. Foram construídas no litoral do país, a fim de facilitar o comércio com o con-
tinente europeu.
III. A primeira e, portanto, mais antiga cidade brasileira é o Rio de Janeiro.
IV. Belém do Pará foi a única cidade brasileira fundada por franceses.
a. ( ) Somente I e II estão corretas.
b. ( ) Somente I, II e III estão corretas.
c. ( ) Somente I, II e IV estão corretas.
d. ( ) Somente I, III e IV estão corretas.
e. ( ) Todas estão corretas.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
História do Café
Ana Luiza Martins
Editora: Contexto
Sinopse: O livro narra a trajetória de aventura e ousadia 
da mais saborosa e conhecida bebida em todo o mundo 
- o café. Desde sua descoberta, a Coffea arabica (nome 
científico do café) traçou novas rotas comerciais, criou 
espaços de sociabilidades até então inexistentes, 
estimulou movimentos revolucionários, inspirou a literatura 
e a música, desafiou monopólios consagrados e tornou-se o elixir do mundo moderno, 
consolidando as cafeterias como referência de convívio, debate e lazer. A historiadora 
Ana Luiza Martins conta a trajetória do café, das origens como planta exótica no Oriente 
à transformação em produto de consumo internacional. A autora analisa também como 
o café transformou-se, no Brasil, na semente que veio para ficar e marcar a nossa história.
O que é cidade
Raquel Rolnik
Editora: Brasiliense
Sinopse: Pare, olhe e pense. Esse conjunto de 
casas, prédios e vias de tráfego, povoado por 
milhares, às vezes milhões de pessoas, são como 
você sabe – uma cidade. E não faz muito tempo 
que elas existem. As primeiras surgiram há apenas 
5.000 anos, nos vales da Mesopotâmia. De lá para 
cá, muita coisa mudou… Este livro parte da referência a cidades as mais diversas, para 
chegar ao que elas têm de mais essencial e comum. Mais do que isso, mergulha nas 
metrópoles capitalistas, suas origens e contradições. De Babel a Brasília, o lugar onde a 
gente vive, estuda, trabalha e procura ser feliz. 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para saber mais sobre as invasões francesa e holandesa no Brasil, acesse:
<http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/franca-holanda-brasil-
colonia-invasoes-621818.shtml>.
Nesseartigo, a autora trata da relação campo-cidade tomando como exemplo o 
distrito de Martinésia e a cidade de Uberlândia.
<http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/11844/6932>.
Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e 
Minas.
Andre João Antonil, 1837. 
O livro descreve a produção de açúcar, tabaco, 
mineração e criação de gado, o autor mostra a 
consolidação da economia colonial e sua enorme 
potencialidade. Italiano, veio para o Brasil em 1681 disposto a conhecer e avaliar como 
se vivia aqui e quais riquezas este vasto território poderia oferecer a Portugal. Sua obra 
foi escrita depois de 25 anos no Brasil e foi em grande parte destruída - e proibida 
pelo governo de El Rei D. João V - para não aguçar a cobiça de franceses, holandeses e 
ingleses diante das potencialidades da colônia portuguesa.
Disponível para download em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=1737>.
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
No documentário “Borracha para a Vitória” é tratada a migração de nordestinos para o 
Acre no período da Segunda Guerra Mundial. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=Lw4uK5bienI>.
Hans Staden 
Lançamento: 1999
Dirigido por: Luis Alberto Pereira
Gênero: Aventura
Nacionalidade: brasileira
Sinopse: Hans Staden foi um imigrante alemão 
que naufragou no litoral de Santa Catarina. Dois 
anos depois, chegou a São Vicente, concentração 
da colônia portuguesa no Brasil, onde trabalhou 
por mais dois anos, visando juntar dinheiro para 
retornar a Europa. Neste tempo em que viveu em 
São Vicente, Staden passou a ter um escravo da 
tribo Carijó, que o ajudava. Preocupado com seu sumiço repentino após ter ido pescar, 
Staden parte em sua procura, sendo encontrado por sete índios Tupinambás, inimigos 
dos portugueses, que o prendem no intuito de matá-lo e devorá-lo. A partir de então 
passa a ter que arranjar meios para convencer os índios a não devorá-lo e permanecer 
vivo.
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Professora Me. Juliana Paula Ramos
ESPAÇO AGRÁRIO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Apresentar definições de conceitos relativos ao espaço agrário de 
forma a facilitar sua compreensão.
 ■ Destacar o processo de formação da estrutura fundiária brasileira a 
fim de compreender a atual estrutura.
 ■ Analisar as bases fundiárias do Brasil, destacando os sistemas agrários 
e tipos de propriedade.
 ■ Destacar as características da modernização da agricultura e suas 
consequências no espaço rural.
 ■ Elencar as características da agricultura nas regiões do Brasil, 
destacando as diferenças entre as mesmas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Definições básicas
 ■ Formação da estrutura fundiária do Brasil
 ■ Bases fundiárias
 ■ Modernização da agricultura
 ■ Agricultura nas regiões do Brasil
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta segunda unidade, começaremos a discutir sobre o espaço 
rural do Brasil. Para tanto, elencamos uma série de temas que são pertinentes 
à nossa discussão.
Inicialmente serão apresentadas a você algumas definições básicas impor-
tantes para que se compreenda o comportamento do espaço agrário do Brasil. 
Dentre os conceitos, é necessária a distinção entre Geografia Rural (mais ampla) e 
Geografia Agrária (mais restrita), além da apresentação do conceito de Agricultura, 
termo que será intensamente utilizado na unidade.
É preciso compreender a importância da agricultura no desenvolvimento 
do país e também na questão do fornecimento de alimentos para o consumo da 
população. Dessa forma, cabe destacar também os fatores que influenciam no 
desenvolvimento da mesma, como o solo, o clima e o relevo.
A fim de compreender o comportamento da atual estrutura agrária do nosso 
país, é importante realizar um histórico de sua formação, ou seja, apresentar 
como se deu o processo de ocupação das terras no Brasil, desde as Capitanias 
Hereditárias, passando pelas Sesmarias e chegando à Lei de Terras, a primeira a 
regulamentar o acesso à terra no Brasil. 
Abordaremos, também, os sistemas agrícolas - formas de produção no campo 
- que no nosso país são basicamente o intensivo e o extensivo. Falaremos sobre 
os sistemas alternativos, como a agricultura orgânica e a agrofloresta. Além 
dos sistemas, faremos a apresentação dos tipos de propriedades rurais, que no 
Brasil estão enquadradas em quatro grupos, definidos pelo Instituto Nacional 
de Colonização e Reforma Agrária - INCRA.
Será tratada, ainda, a questão da modernização da agricultura, um impor-
tante acontecimento no campo brasileiro que trouxe tanto aspectos positivos 
quanto graves consequências, principalmente para, os pequenos e médios pro-
dutores rurais.
Para finalizar a unidade, discutiremos a agricultura realizada nas regiões 
do Brasil, destacando os principais produtos cultivados e as formas de pro-
dução. Mas antes de iniciarmos gostaria, que você, caro(a) aluno(a), refletisse 
sobre uma questão: Se estivéssemos em uma sala de aula (física) e fosse lançada 
Introdução
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a pergunta: “Em qual área do município, rural ou urbana você mora?”. Quais 
seriam as respostas?
A maioria dos alunos, provavelmente, responderia morar na área urbana, 
já que essa é a área que concentra a maior parte da população dos municípios 
brasileiros.
Mas e se a questão fosse referente aos seus pais e avós?
Aí, a maioria responderia que os mesmos foram criados na área rural.
Tais questões foram levantadas para que você pudesse perceber que, com o 
decorrer do tempo, a área rural perdeu uma grande quantidade de população, 
enquanto a área urbana recebeu. Essa mudança na quantidade de habitantes de 
cada área ocorreu por diversos fatores, que serão apresentados ao longo desta 
unidade.
Vamos lá?
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Para darmos início às discussões referentes ao tema Espaço Agrário, é necessário 
diferenciarmos alguns termos que muitas vezes são utilizados como sinôni-
mos. Nesse sentido, inicialmente, podemos destacar a diferença existente entre 
a Geografia Rural e a Geografia Agrária.
A Geografia Rural é um ramo da ciência geográfica que tem seus estudos 
voltados para a utilização do meio rural como um todo, é, portanto, bastante 
ampla e trata de formas de povoamento, questões demográficas, formas de ocu-
pação do espaço rural (inclusive o espaço não agrícola), condições de vida da 
população rural e, também, seus problemas.
Os estudos da Geografia Rural possuem o foco na evolução das áreas e estru-
turas rurais e sua relação com o processo de civilização. Um exemplo são as 
diferenças existentes entre as paisagens rurais dos estados do Sudeste e do Nordeste 
do Brasil, que apresentam aspectos muito distintos, causados, em grande parte, pela 
forma de ocupação que sofreram e pelo modo como a agricultura se desenvolveu.
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Já a Geografia Agrária ou da Agricultura, de acordo com Diniz (1986), sempre 
se preocupou com a caracterização dos lugares em função de atributos agrícolas. 
Possui um caráter espacial, ou seja, está pautada na distribuição dos cultivos e 
criação de animais. Deve-se destacar que a mesma, embora essencialmente espa-
cial, não pode ser restringida apenas à espacialização de produtos e rebanhos. 
Existe uma preocupação com as unidades de produção e os resultados agrícolas.
Como já mencionado, a Geografia Rural e Agrária são ramos da ciência 
geográfica que provocam confusão. De maneira geral, a Geografia Rural pode 
ser considerada mais ampla, abordando aspectos além do agrícola, enquanto a 
Geografia Agrária é mais restrita, sendo fundamentalmenteeconômica. Conforme 
o título desta unidade revela, analisaremos o território brasileiro com base na 
Geografia Agrária, de forma que serão abordados assuntos referentes, principal-
mente, às características econômicas da agricultura e suas implicações na vida 
da população que reside no campo e realiza atividades agrícolas.
Sendo a agricultura o foco principal na organização do espaço agrário brasi-
leiro, cabe destacar o seu significado. No sentido etimológico da palavra, temos a 
agricultura definida como o trabalho do campo, porém, tal conceito precisa ser 
ampliado. Diniz (1986) coloca que os diferentes meios na superfície terrestre, 
os variados estágios de desenvolvimento agrícola e as inúmeras possibilidades 
de cultivo e criação permitem centenas de combinações diferentes, sob as quais 
se pode apresentar a agricultura. Em função dessa grande diversidade, é difí-
cil defini-la. 
Para Zimmermann
O termo agricultura abarca os esforços produtivos, mediante os quais 
o homem sedentário trata de se aproveitar e, se possível, melhorar e 
acelerar o ciclo vegetativo natural das plantas e animais, a fim de obter 
os produtos vegetais e animais necessários ao homem ou desejados por 
ele (1957, p.143).
Dessa forma, temos no conceito de agricultura três características básicas: sua 
realização é feita pelo homem sedentário; aborda o meio biológico e tem relação 
profunda com a natureza; com o objetivo de satisfazer as necessidades humanas, 
altera o comportamento biológico de plantas e animais.
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A agricultura é extremamente diversificada e se apresenta em condições muito 
distintas de uma área para outra. Tal diversidade decorre de três fatos principais:
1. Ser espacialmente difusa, a ponto de sua área coincidir, praticamente, 
com o povoamento. Nas diversas partes do globo, a agricultura é desen-
volvida em meios ecológicos, econômicos, sociais e políticos diferentes.
2. Apresentar estágios diferentes de desenvolvimento. A agricultura 
americana está num estágio superior à francesa, que, por sua vez, é 
mais adiantada que a congolesa. Esses diferentes estágios são conse-
quência dos estímulos do meio, sobretudo econômico, e resultam da 
maior ou menor influência da revolução científica e tecnológica do 
mundo moderno, da expansão do capital ou do Estado.
3. Ser uma atividade econômica com base em diferentes produtos. A 
agricultura é feita tanto à base da produção de trigo como da criação de 
porcos ou florestamento. Isto faz com que duas propriedades vizinhas, 
idênticas quanto aos itens 1 e 2 acima mencionados, sejam diferentes 
se uma é mais inclinada à produção de vegetais e a outra à produção 
animal (DINIZ, 1986, p. 20).
Atualmente, a importância da agricultura é muito grande para os países, seja 
por fornecer os alimentos necessários à sobrevivência humana, por propor-
cionar aumento nas exportações realizadas, o que acaba gerando lucro para as 
nações e também por fornecer uma série de matérias-primas que são utiliza-
das nas indústrias.
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A agricultura contribui também no processo de desenvolvimento dos países, pois 
permite que haja a transferência de capital para a indústria. Isso aconteceu no Brasil 
no início de sua industrialização, quando os excedentes gerados pelas lavouras cafe-
eiras, em parte, foram destinados ao setor industrial. Neste contexto, Paiva destaca:
A contribuição do setor agrícola ao processo de desenvolvimento não 
se limita apenas à renda líquida gerada pelo agricultor. Esta é a que 
podemos chamar de contribuição direta dos agricultores à renda total 
gerada pelo país. Há, também, a contribuição indireta que os agricul-
tores fazem quando vendem seus produtos a preços mais baixos, e per-
mitem, assim, às atividades não agrícolas do país um aumento na de-
manda de seus produtos, aumento esse proveniente da renda que deixa 
de ser gasta pelos consumidores na aquisição de alimentos e demais 
produtos agrícolas (1979, p. 13).
A atividade agrícola é, dentre as demais atividades econômicas, aquela que apre-
senta maior dependência de elementos externos para o seu desenvolvimento. 
Vejamos alguns deles:
Teoria Malthusiana
A teoria demográfica formulada pelo economista inglês Thomas Robert 
Malthus (1776-1834) foi publicada em 1798, no livro “Ensaio sobre o princí-
pio da população”.
Segundo Malthus, a população mundial cresceria em um ritmo rápido, com-
parado por ele a uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64...), e a 
produção de alimentos cresceria em um ritmo lento, comparado a uma pro-
gressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6...).
Assim, segundo a visão de Malthus, ao final de um período de apenas dois 
séculos, o crescimento da população teria sido 28 vezes maior do que o 
crescimento da produção de alimentos. Dessa forma, a partir de determi-
nado momento, não existiriam alimentos para todos os habitantes da Terra, 
produzindo-se, portanto, uma situação catastrófica, em que a humanidade 
morreria de inanição.
Leia o texto completo em:
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/teorias-demograficas-
-malthusianos-neomalthusianos-e-reformistas.htm>.
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Solo: Este é de extrema importância no desenvolvimento da agricultura, 
pois é o mesmo que sustenta fisicamente as plantas e lhes dá condições de ali-
mentação. Dentre as características dos solos, podem-se destacar a composição, 
a textura, a profundidade, a capacidade de retenção de água e o índice de aci-
dez. Tais elementos podem interferir na escolha dos cultivos, que se adaptam 
melhor de acordo com o tipo de solo. Nesse sentido, pode-se utilizar como exem-
plo o trigo, que necessita normalmente de solo profundo, com cerca de 1 metro, 
enquanto outras gramíneas conseguem se desenvolver em solos com 30 centí-
metros. No caso das raízes, as mesmas tendem a serem cultivadas mais em solos 
arenosos do que argilosos (DINIZ, 1986).
Quando as características do solo não são favoráveis a determinados culti-
vos, ou à agricultura em geral, os agricultores executam uma série de medidas 
para reverter tal situação. Como exemplo, temos a adubação (processo que visa 
enriquecer a quantidade de nutrientes presentes no solo), a rotação de culturas 
(alternar o plantio de leguminosas com outras plantas, para que as primeiras 
desenvolvam nutrientes por meio da associação de bactérias), a aragem do solo 
(processo para evitar a compactação do solo e que propicia maior permeabili-
dade do mesmo) e, também, a irrigação e a drenagem (para manter o nível de 
umidade satisfatório).
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Clima: exerce muita influência na agricultura, já que as plantas apresentam dife-
rentes níveis de dependência de calor e água para o seu desenvolvimento. Dessa 
forma, a temperatura e a precipitação são elementos meteorológicos muito liga-
dos à realização da agricultura. 
De acordo com Ayoade (2011), a temperatura do ar e do solo afeta todos os 
processos de crescimento das plantas. Todos os cultivos possuem limites térmi-
cos mínimos, ótimos e máximos para cada um de seus estágios de crescimento. 
Temperaturas abaixo de 6ºC podem ser letais à maior parte das plantas. As tem-
peraturas letais mais altas para a maior parte das plantas situam-se entre 50 e 
60º C, dependendo da espécie, estágio de crescimento e tempo de exposição 
à alta temperatura. As baixas temperaturas matam ou prejudicam as plantas. 
O resfriamento prolongado das plantas, com temperaturas acima do ponto de 
congelamento, retarda o crescimento vegetal e pode matar as plantasadaptadas 
somente às condições quentes.
A importância da vida no solo para a Agricultura
As minhocas, ao cavarem galerias pelos solos, favorecem a passagem de ar e 
água no interior deste, tornando os solos mais porosos e facilitando a pene-
tração das raízes das plantas no mesmo. Ao se alimentarem da matéria orgâ-
nica no solo e de minerais, as minhocas também contribuem para aumentar 
a fertilidade dos campos cultivados, visto que podem produzir até 18.000 
Kg de dejetos por hectare. Estes resíduos do trato digestivo das minhocas 
contêm grandes quantidades de nitrogênio (na forma de nitrato), cálcio, 
magnésio, potássio e fósforo, assim como pH favorável ao desenvolvimento 
e nutrição das raízes das plantas cultivadas (BRADY, 1989). Essa influência 
benéfica das minhocas é importantíssima para a agricultura nos trópicos, 
visto que os solos das regiões tropicais são naturalmente mais pobres em 
nutrientes minerais que os das regiões mais frias do planeta.
Além disto, não apenas as minhocas, mas também os cupins e as formigas, 
ao manipularem, ingerirem e excretarem material de solo, ajudam a formar 
microagregados e a construir poros, tornando a estrutura do solo mais resis-
tente aos processos naturais de erosão pelos ventos e chuvas.
Leia o texto completo em: <http://www.sitiodomoinho.com/organicos/tex-
tos-e-publicacoes/7-a-importancia-da-vida-no-solo-para-a-agricultura>.
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Diniz (1986) coloca que exata-
mente por exigir condições climáticas 
diferentes em épocas distintas, a 
agricultura possui um calendário 
agrícola em que são especificadas as 
fases de plantio, colheita etc., pro-
vocando intensas relações com as 
condições sociais da agricultura e 
também com as migrações internas.
Relevo: Este atua na agricultura de 
forma paralela ao clima, já que o mesmo 
age também como moderador de condições 
climáticas. Determinados tipos de cultivos obtêm 
mais sucesso quando executados em meia encosta, como o café, por exemplo. 
Outros apresentam melhores resultados em vertentes mais expostas ao sol. 
A movimentação do relevo também influencia nas práticas agrícolas, pois 
quando há intensa movimentação, o solo fica prejudicado, e nesse caso são neces-
sárias técnicas específicas para o cultivo, como curvas de nível e terraceamento. 
A mecanização das áreas agricultáveis também está relacionada ao tipo de 
relevo, pois, quanto mais íngreme, maior a dificuldade do emprego de máqui-
nas no processo de plantio e colheita. Em determinados locais, onde existe a 
necessidade de maior produção de alimentos para abastecer a população, já está 
ocorrendo o cultivo em altitude, de forma a se aproveitar ao máximo as áreas 
para serem utilizadas na agricultura.
Formação da Estrutura Fundiária do Brasil
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FORMAÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO BRASIL
Caro(a) aluno(a), para que se possa compreender a atual configuração da estru-
tura fundiária brasileira1, é necessário fazermos uma breve reconstituição do 
processo de formação da mesma. Como já apresentado na unidade I, a primeira 
forma de organização do território brasileiro se deu por meio das capitanias 
hereditárias, que deram origem às sesmarias, criadas em 1375 em Portugal e 
que foram adaptadas para funcionar no Brasil.
De acordo com Motta:
Resultado de uma conjuntura extremamente complexa, as sesmarias 
foram instituídas em Portugal, para fazer face à crise do século XIV 
em seus múltiplos desdobramentos. Em meados daquele século, a crise 
econômica então presente foi agravada pela peste negra. A doença e 
os surtos endêmicos posteriores abateram profundamente a sociedade 
portuguesa, tanto nas áreas urbanas quanto nas rurais. A fuga dos tra-
balhadores para os centros urbanos, em busca de melhores condições 
de vida, reverteu-se num agravamento ainda maior da crise, pois a ca-
rência de mão-de-obra no campo reduzia ainda mais a produção agrí-
cola. Em todas as regiões de Portugal, do norte ao sul do pequeno país, 
o despovoamento era regra. Assim, na intenção primeira de estimular a 
agricultura, obrigando o cultivo em terras abandonadas, foi promulga-
da a lei de 1375 - para muitos uma lei agrária (2009, p. 15).
Mesmo com as divisões realizadas pelo sistema de capitanias hereditárias, o Brasil 
ainda era uma terra de grandes extensões e pouco produtiva. Para auxiliar no 
processo de exploração da terra, implantaram-se no território as sesmarias, que 
eram criadas pelo donatário de uma capitania. As sesmarias eram lotes de ter-
ras doadas a um sesmeiro, com o objetivo de tornar a terra produtiva. Tinham 
o direito de receber uma sesmaria somente os que possuíam algum laço com a 
nobreza portuguesa, militares ou aqueles que se dedicassem à navegação.
Cada sesmeiro tinha um registro realizado pelas autoridades portuguesas 
chamado de cartas de sesmaria, no qual constavam informações referentes ao 
local de moradia dos sesmeiros, dados pessoais e familiares, limites da terra e 
1 A estrutura fundiária corresponde ao modo como as propriedades rurais estão dispersas pelo território e 
seus respectivos tamanhos.
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mão de obra utilizada na produção. Cabe destacar que a partir do recebimento 
do lote, o sesmeiro tinha a obrigação de cultivar a terra por um prazo de cinco 
anos, tornando-a produtiva e pagando impostos à coroa.
Com a criação das sesmarias, tivemos o início da agricultura de plantation 
no Brasil, caracterizada por três fatores: realizada em grandes extensões de terra, 
cultivo de apenas um produto (monocultura) e utilização de mão de obra escrava 
nas lavouras. O primeiro produto cultivado sob tal sistema agrícola foi a cana-
-de-açúcar, que caracterizou um importante ciclo econômico no país, como já 
colocado anteriormente.
O sistema de sesmarias acabou sendo considerado ineficaz, já que muitas 
propriedades não se tornaram produtivas. Este fato esteve ligado à má adminis-
tração e fiscalização das sesmarias em função das grandes extensões territoriais. 
Em alguns casos, os sesmeiros locavam suas terras a pequenos agricultores, que 
as cultivavam, mas não tinham direitos sobre as mesmas, sendo essa prática ile-
gal no sistema vigente.
Diante das irregularidades ocorridas no sistema de sesmarias, em 1822, foram 
suspensas as concessões, permanecendo apenas aquelas que já estavam reconhecidas. 
No período compreendido entre 1822 e 1850, ocorreu no Brasil a posse livre 
de terras devolutas, já que não existiam leis de regulamentação do uso da terra. 
Eram consideradas devolutas as terras que foram cedidas pela Coroa, mas que 
não foram cultivadas, sendo assim, devolvidas. Dessa forma, no período citado, 
as terras não possuíam valor de troca, ou seja, não era produto de venda. A terra 
valia aquilo que nela era produzido e vendido.
Mesmo havendo certa liberdade para obtenção de terras devido à falta de 
regulamentação, não houve aumento no número de pequenas e médias pro-
priedades, pois os escravos não possuíam permissão para adquirirem terras e 
os imigrantes que chegavam limitavam-se à área urbana.
A partir de 1850, a propriedade privada no Brasil começou a ser organizada 
com a criação da lei n° 601 de 18 de setembro de 1850, conhecida como Lei de 
Terras. A lei citada foi aprovada no mesmo ano da lei de Eusébio de Queiroz, 
que previa o fim do tráfico negreiro e a abolição da escravatura no país. Neste 
período, aconteceu também a chegada dos primeiros trabalhadores imigrantes, 
sinalizando a transição da mão de obra escrava para a assalariada.
Formação da Estrutura Fundiária do Brasil
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