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CONTABILIDADE 
GERENCIAL
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Descrever a evolução histórica da contabilidade gerencial.
 > Identificar as principais diferenças entre contabilidade gerencial e conta-
bilidade financeira.
 > Aplicar a informação contábil gerencial para a tomada de decisão em planos 
de investimentos e financiamentos.
Introdução
A contabilidade representa importante ciência que, entre outros aspectos, trata 
dos registros das movimentações financeiras nas empresas. Esses registros 
possibilitam que os colaboradores, sócios, acionistas, fornecedores, poder público 
e gestores sejam informados sobre a situação financeira e contábil das organiza-
ções. Para entender como essa ciência passou de um recurso de organização de 
registros para um elemento indispensável no processo de análise e tomada de 
decisão nas organizações, é preciso traçar um percurso histórico da contabilidade, 
de sua origem até os dias atuais.
Da contabilidade 
financeira à 
contabilidade 
gerencial
Ricardo da Silva e Silva
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
Neste capítulo, vamos explicar a evolução da contabilidade gerencial ao longo 
da história, destacando as principais diferenças entre a contabilidade financeira e 
a gerencial. Além disso, descreveremos como a informação contábil pode subsidiar 
a tomada de decisão nas organizações.
Evolução histórica da contabilidade 
gerencial
A contabilidade é tão antiga quanto as grandes civilizações. Há autores 
que destacam que os registros contábeis nasceram com a sociedade e a 
necessidade de registros de patrimônio. Entretanto, a sociedade capita-
lista propiciou o surgimento de um processo produtivo em maior escala, 
bem como ferramentas mais modernas e novas formas de relações sociais. 
É possível destacar, então, o capitalismo como um marco na sistematização 
e no avanço da contabilidade. 
Porém, antes de nos voltarmos ao percurso histórico dos registros contá-
beis, é preciso voltar os olhos ao contexto atual para conceituar contabilidade, 
que consiste em um “[...] um sistema de informação e avaliação destinado a 
prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, 
financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de conta-
bilização” (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007, p. 29). De fato, trata-se de uma 
ciência que possui diversas ramificações, todas elas voltadas a apresentar 
ferramentas e controles visando à organização da movimentação financeira 
nas empresas. 
A Figura 1 apresenta um esquema das diferentes ramificações da conta-
bilidade, suas características e a relação entre elas. Veja que as ramificações 
contemplam todos os registros financeiros de uma empresa. A contabilidade 
tributária cuida do registro e do gerenciamento dos tributos correspondentes 
ao negócio, enquanto a contabilidade de custos permite a análise e o registro 
dos processos e das operações da organização. Há ainda, a contabilidade 
gerencial, que abrange uma série de processos e procedimentos “[...] tratados 
na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e 
de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe 
mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada” 
(IUDÍCIBUS, 2004, p. 23).
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial2
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
Figura 1. Ramificações da contabilidade gerencial.
Fonte: Adaptada de Atkinson et al. (2000), Fabretti (2006) e Stair e Reynolds (2011).
 Por sua abrangência, a contabilidade gerencial possibilita uma aná-
lise mais aprofundada de informações contábeis e consiste, assim, em uma 
ferramenta que subsidia o processo decisório nas organizações. É possível 
afirmar, nesse sentido, que a contabilidade gerencial se relaciona com planos 
e estratégias das empresas, amparando-se na análise de relatórios contábeis 
e, por consequência, da situação financeira do negócio.
Segundo Padoveze (2012), uma das principais utilidades da contabilidade 
gerencial é o atendimento ao público interno de uma empresa, por meio 
de informações que subsidiem o processo decisório e da apresentação de 
análises mais amplas da contabilidade financeira.
De conhecimento do significado de contabilidade e de sua importância, 
vejamos, agora, um breve percurso histórico dessa ciência.
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 3
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
Eras da contabilidade gerencial
A contabilidade gerencial pode ser definida a partir de seu processo evolu-
tivo. Por meio de uma classificação realizada pela International Federation 
of Accountants (IFAC) no relatório IMAP 1 (INTERNATIONAL FEDERATION OF 
ACCOUNTANTS, 1998), é possível vislumbrar as distintas fases da contabilidade 
gerencial. Nesse relatório, são categorizados quatro estágios evolutivos da 
contabilidade gerencial. O Quadro 1 destaca o período de cada um desses 
estágios, as principais características de cada um e as ferramentas mais 
utilizadas.
Quadro 1. Estágios da contabilidade gerencial
Estágio Período Características Ferramentas
Estágio 1 Anterior a 1950 Foco nas definições de 
custos e financeiras pela 
utilização de recursos 
orçamentários e de 
contabilidade de custos.
Métodos de 
custeio, controle 
financeiro, 
operacional e 
orçamentário.
Estágio 2 De 1950 a 1965 Foco no planejamento 
gerencial, a partir do uso 
de recursos e ferramentas 
que subsidiam a análise e o 
processo decisório. 
Orçamento 
de capital e 
descentralização.
Estágio 3 De 1965 a 1985 Foco no controle da 
redução do desperdício 
pela observância da 
utilização dos recursos por 
meio do gerenciamento e 
do controle destes.
Métodos de 
custeio, kaizen, 
benchmarking e 
just-in-time.
Estágio 4 De 1985 até a 
atualidade
Foco na geração de valor, no 
uso efetivo de recursos, em 
ferramentas e tecnologias 
que permitam a inovação 
organizacional, agregando 
valor a clientes e acionistas. 
Planejamento 
estratégico, 
balanced 
scorecard e 
métodos de 
avaliação de 
desempenho.
Fonte: Adaptado de International Federation of Accountants (1998).
O estágio atual da contabilidade gerencial possibilita que instrumentos 
e ferramentas sejam utilizados para que o público interno de uma empresa 
possa tomar decisões bem fundamentadas, gerando valor para o público 
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial4
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
externo. Cabe destacar que o estágio atual da contabilidade gerencial con-
templa os focos dos estágios anteriores, mas com um caráter aperfeiçoado 
de busca pela inovação, por meio do uso de ferramentas, recursos e práticas 
que serão destacados ao longo deste capítulo.
Diferenças entre contabilidade gerencial 
e contabilidade financeira
Como destacado na Figura 1, a contabilidade financeira e a contabilidade 
gerencial estão relacionadas. A contabilidade gerencial permite que sejam 
realizadas análises baseadas em informações da contabilidade financeira. 
Entretanto, mesmo que ambas as modalidades tenham suas similitudes, 
elas representam distintas perspectivas da contabilidade em uma série de 
aspectos.
Os principais elementos que podem diferenciar a contabilidade geren-
cial da financeira são o público com o qual cada uma dessas abordagens 
se comunica, os objetivos de cada uma e os tipos de relatórios que geram, 
conforme destacado na Figura 2.
Figura 2. Diferenças entre contabilidade financeira e gerencial.
Fonte: Adaptada de Garrison (2013, p. 2).
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 5
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
Conceitos, abordagens e aplicações 
da contabilidade financeira
A contabilidade financeira se destina ao atendimento do público externo, 
ou seja, acionistas, credores, investidores, entidades governamentais, etc. 
O objetivo fundamental desse tipo de contabilidade é atender às necessidadesdos agentes externos por meio de uma série de relatórios e demonstrativos. 
Padoveze (2012, p. 9) afirma que a contabilidade financeira é aquela denomi-
nada contabilidade tradicional, “[...] entendida basicamente como instrumento 
contábil essencial para a feitura dos relatórios para usuários externos e 
necessidades regulamentadas”. Atkinson et al. (2000 p. 37) corroboram esse 
conceito, afirmando “[...] a contabilidade financeira tem a função de comunicar 
aos agentes externos as consequências das decisões e das melhorias dos 
processos executadas por administradores e funcionários”.
No sentido de atendimento ao público externo, há uma série de relatórios 
que possibilitam a operacionalização dos negócios de uma organização. 
Conforme Padoveze (2012), as principais formas de relatórios da contabilidade 
financeira são o balanço patrimonial, as demonstrações dos resultados e o 
fluxo de caixa, havendo, ainda, outros documentos rotineiros, como o registro 
de contas a pagar e a receber e o giro de estoque. 
A fim de haver um entendimento mais amplo a respeito da contabilidade 
financeira, vejamos no que consistem seus principais relatórios e a que fim 
se destinam.
 � O balanço patrimonial indica a posição financeira de uma organiza-
ção em determinado período, conforme a análise de bens, direitos e 
obrigações da empresa. 
 � O fluxo de caixa apresenta o fluxo monetário na organização, ou seja, 
a saída e a entrada de capital de seu caixa. 
 � O demonstrativo de resultados do exercício (DRE) indica o resultado 
líquido de uma organização em determinado período. Nesse demonstra-
tivo, são feitas deduções de impostos e de outros custos para, a partir 
do lucro bruto, indicar o resultado líquido de determinado período.
Cabe ressaltar que, a partir dos demonstrativos da contabilidade 
financeira, podem ser extraídos indicadores com o objetivo de dar 
suporte à contabilidade gerencial visando subsidiar a tomada de decisão.
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial6
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
Conceitos, abordagens e aplicações 
da contabilidade gerencial
A contabilidade gerencial possui um escopo mais amplo que a contabilidade 
financeira, permitindo que gestores tomem decisões mais assertivas a partir 
dos relatórios, índices e documentos. Como o próprio nome diz, a contabilidade 
gerencial se destina, de maneira geral, ao nível gerencial de uma organização, 
em que são tomadas as decisões de médio e longo prazo. Garrison (2013, 
p. 2) afirma que “[...] a contabilidade gerencial envolve o fornecimento de 
informações a gerentes para uso na própria organização”. Já Iudícibus (2004, 
p. 21) indica que ela:
[...] pode ser caracterizada como um enfoque especial conferido a várias técnicas 
e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, 
na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanço etc., colocados 
numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma 
de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes 
das entidades em seu processo decisório.
A contabilidade gerencial tem estreita relação com o processo deci-
sório. Nesse sentido, há uma série de ferramentas e relatórios que 
fornecem subsídios para a tomada de decisão. Inclusive, tal processo é possível 
a partir da análise de relatórios da contabilidade financeira.
Entre as ferramentas, os demonstrativos e os recursos da contabilidade 
gerencial que apoiam o processo decisório, está o orçamento. Padoveze 
(2012) indica que o orçamento é uma ferramenta que auxilia todas as áreas 
de uma empresa, a partir de dados previstos no processo de planejamento. 
Outras ferramentas capazes de auxiliar o processo decisório são o ponto 
de equilíbrio, que apresenta, por meios de um cálculo, quantas unidades 
de um produto precisam ser vendidas para que todos os custos de uma 
empresa sejam pagos. Também há a taxa interna de retorno (TIR), que 
aponta a viabilidade financeira de um investimento, pois “[...] é definida 
como a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de 
caixa ao investimento inicial referente a um projeto” (GITMAN; MADURA, 
2003, p. 330).
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 7
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
Informação contábil gerencial para 
a tomada de decisão em planos de 
investimentos e financiamentos
Para que haja um melhor entendimento a respeito do processo decisório, 
é indispensável conceituar a tomada de decisão no contexto empresarial. 
As decisões, nas organizações, podem ser de curto prazo, envolvendo decisões 
rotineiras do cotidiano das empresas, ou de médio e longo prazo, abrangendo 
decisões estratégicas. Nesse sentido, a contabilidade gerencial é um excelente 
instrumento para apoiar a administração na tomada de decisões. “Na ver-
dade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, 
registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, 
que contribuem sobremaneira para tomada de decisões” (MARION, 2009, p. 25). 
Tomada de decisão de financiamento
Muitas das decisões tomadas nas organizações envolvem a possibilidade da 
tomada de recursos de terceiros. É possível que uma empresa não possua 
capital próprio para a realização de um investimento em alguma melhoria 
ou projeto, e, nesse caso, é necessário analisar se poderia assumir um en-
dividamento a longo prazo. 
Gitman e Madura (2003, p. 6) afirmam que, para uma decisão de investi-
mento, “[...] devem ser estabelecidos os níveis de financiamento de curto e 
longo prazos. Uma segunda preocupação, igualmente importante, é determinar 
as melhores fontes de financiamento”. Ainda, é necessário realizar alguns 
questionamentos no momento da tomada de decisão de financiamento, 
como: Qual é a taxa de juros? Existem impostos? Para responder a essas 
perguntas, os gerentes financeiros precisam avaliar a disponibilidade de 
crédito, a concorrência do setor bancário, o retorno do negócio, o risco de 
inadimplência, a taxa de juros, o nível de atividade da economia e as vantagens 
competitivas (SILVA, 2012).
Tomada de decisão de investimento
A tomada de decisão de investimento tem relação com o processo de cres-
cimento e de ampliação dos negócios. Muitas vezes, é necessário que uma 
organização realize investimentos utilizando seu próprio capital. Nesse caso, 
precisa analisar se o investimento realizado é viável, ou seja, se haverá um 
retorno sobre o investimento realizado. Assaf Neto (2003, p.275) entende 
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial8
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
que “[...] as decisões de investimentos envolvem a elaboração, avaliação 
e seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas com o objetivo, 
normalmente de médio e longo prazos, de produzir determinado retorno aos 
proprietários de ativos”. 
Contabilidade gerencial como ferramenta de apoio à 
decisão 
Como destacado ao longo deste capítulo, há uma série de demonstrativos, 
aplicativos e ferramentas que possibilitam que o gestor tome uma decisão 
bem fundamentada, reduzindo a possibilidade de erro. O Quadro 2 apresenta 
os principais relatórios de gestão financeira e de qual forma podem auxiliar 
no processo decisório.
Quadro 2. Demonstrativos contábeis e o processo decisório
Demonstrativo Análise no processo decisório
Balanço 
patrimonial
O balanço patrimonial é um dos recursos que o 
administrador pode utilizar em benefício de sua empresa. 
Por meio dele, podem ser visualizados os grupos de 
contas responsáveis por grande parte da movimentação 
ocorrida na entidade, de forma que resume a saúde 
da empresa, auxiliando no controle das atividades e, 
principalmente, influenciando nas tomadas de decisões 
(COSTA et al., 2016). 
Fluxo de caixa Por meio do fluxo de caixa projetado, o gestor pode 
programar e acompanhar as entradas e saídas de recursos 
financeiros, tanto a curto quanto a longo prazo.Pelo fluxo 
de caixa, o usuário externo pode conhecer e avaliar o 
comportamento do fluxo de ingressos e de desembolsos 
dos recursos financeiros da empresa em determinado 
período, permitindo uma análise mais segura da situação 
financeira da organização (ROSA; SILVA, 2002).
Demonstrativo 
do resultado do 
exercício
O DRE possibilita tomadas de decisões mais assertivas, 
na medida em que reúne e apresenta, com exatidão, as 
informações necessárias para avaliar o desempenho da 
empresa e medir o alcance dos objetivos estabelecidos 
para cada uma de suas áreas (TOM, 2016).
Ainda há outros recursos disponíveis na contabilidade gerencial que au-
xiliam o processo decisório, como a TIR, o orçamento e o ponto de equilíbrio. 
A TIR pode subsidiar o processo decisório por revelar, por meio da análise das 
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 9
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
projeções dos fluxos de caixa, se um investimento realizado no presente vai 
gerar o retorno financeiro esperado. Essa taxa é calculada levando em conta 
o valor presente do investimento e as projeções futuras do fluxo de caixa, 
e depois comparada à taxa de mercado, visando avaliar se um investimento 
é ou não viável.
O orçamento, como já visto, também fornece subsídios à tomada de 
decisão. Pelo processo orçamentário, é possível definir metas e objetivos 
organizacionais, inclusive a longo prazo, realizando uma previsão de receitas 
e de despesas futuras. De fato, o orçamento:
[...] fornece expectativas definidas que representam a melhor estrutura para jul-
gamento de desempenho subsequente. A orçamentação ajuda os administradores 
na coordenação de seus esforços, de tal forma que os objetivos da organização 
sejam confrontados com os objetivos de suas partes (PADOVEZE, 2012, p. 201).
Por fim, o ponto de equilíbrio mostra quanto é necessário vender para 
que as receitas se igualem aos custos. Para identificar o ponto de equilíbrio, é 
necessário saber a margem de contribuição, que é o valor que contribui para 
cobrir os demais custos da empresa. Para calcular a margem de contribuição 
unitária, deve-se deduzir, do preço de venda, os custos do produto. Para 
descobrir o ponto de equilíbrio, então, é necessário dividir os gastos fixos 
mensais pela margem de contribuição. Veja o exemplo a seguir.
A empresa Alfa Ltda. o preço de venda do Produto A em R$ 50,00. O 
custo do produto é de R$ 35,00. Os gastos fixos da empresa totalizam 
R$ 40.000,00. Foi projetado, pelo setor de vendas, que o Produto A venderá, 
mensalmente, 400 unidades. Assim, tem-se o seguinte.
Margem de contribuição (MC):
MC = 50 – 35
MC = R$ 15,00
Ponto de equilíbrio (PE):
PE = R$ 40.000/15
PE = R$ 2.666,67
Portanto, é necessário que a empresa venda pelo menos 2.000 unidades do 
Produto A para que possa ter lucro. Nesse caso, o ponto de equilíbrio pode servir 
para subsidiar o processo decisório, elaborando estratégias para aumentar a 
margem de lucro ou, até mesmo, readequar os custos fixos.
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial10
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
Neste capítulo, destacamos a importância da contabilidade gerencial, 
descrevendo o caminho por ela percorrido em suas distintas eras. Além 
disso, diferenciamos contabilidade financeira de contabilidade gerencial, 
destacando suas abrangências, seus focos, etc. De forma complementar, 
explicamos por que a contabilidade financeira é essencial para realizar as 
análises da contabilidade gerencial. Também destacamos as estratégias, 
as ferramentas e os relatórios que tornam possível, a gestores, utilizar a 
contabilidade gerencial para apoiar o processo decisório, evidenciando que 
a contabilidade gerencial é indispensável no processo de gestão. 
Dessa forma e em síntese, a contabilidade não deve ser vista apenas 
como um instrumento para o registro de informações obrigatórias, mas como 
um instrumento essencial para o processo de planejamento estratégico 
organizacional.
Referências
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
COSTA, R. A. T. et al. Balanço patrimonial como ferramenta para a tomada de decisão. 
Revista de Empreendedorismo e Gestão de Micro e Pequenas Empresas, v. 1, nº 1, 
p. 57–67, 2016. Disponível em: http://files.comunidades.net/robsontavares/6balanco_
patrimonial_como_ferramenta_para_tomada_de_decisao.pdf. Acesso em: 17 dez. 2020.
FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto 
Alegre: AMGH, 2013. 
GITMAN, L. J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São 
Paulo: Pearson, 2003. 
INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS. Management accounting concepts: 
International Management Accounting Practice Statement. New York: IFAC, 1998.
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E.; GELBECKE, E. R. Manual de contabilidade das sociedades 
por ações (aplicável às demais sociedades). 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. Curitiba: IESDE, 2012.
ROSA, P. M. da.; SILVA, A. T. da. Fluxo de caixa: instrumento de planejamento e controle 
financeiro e base de apoio ao processo decisório. Revista Brasileira de Contabili-
dade, nº 35, p. 83–95, 2002. Disponível em: http://rbc.cfc.org.br/index.php/rbc/article/
view/425/217. Acesso em: 18 dez. 2020.
SILVA, F. P. M. da. Tomada de decisão financeira: aplicando o processo orçamentário. 
Revista Administração em Diálogo, v. 14, nº 3, p. 1–23, 2012. Disponível em: https://
revistas.pucsp.br/rad/article/download/4166/16492. Acesso em: 18 dez. 2020.
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 11
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
STAIR, R. M.; REYNOLDS, G. W. Princípios de sistemas de informação. 9 ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2011.
TOM, C. Guia da DRE: tudo sobre a demonstração de resultado do exercício. 2020. 
Disponível em: https://blog.contaazul.com/como-estruturar-e-usar-a-dre-na-tomada-
-de-decisoes. Acesso em: 18 dez. 2020.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores 
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial12
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1
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Nome do arquivo: 
C03_Contabilidade_financeira_contabilidade_gerencial_FINAL_20211
1121608218205351.pdf
Data de vinculação ao processo: 12/11/2021 16:08
Processo: 511328
GESTÃO DOS 
CUSTOS 
INDUSTRIAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Identificar as semelhanças e diferenças entre a contabilidade financeira, 
gerencial e de custos.
 > Descrever a evolução histórica da contabilidade de custos.
 > Reconhecer o papel da contabilidade gerencial na análise e na tomada 
de decisão.
Introdução
A contabilidade é um meio pelo qual as organizações podem realizar o seu 
gerenciamento operacional, financeiro e econômico. Note que esse é um assunto 
de extrema relevância, já que tem a ver com o desenvolvimento de uma boa 
gestão empresarial.
Neste capítulo, você vai conhecer os fundamentos da contabilidade geren-
cial, financeira e de custos. Você também vai ler sobre a evolução histórica da 
contabilidade de custos, atentando a datas e acontecimentos marcantes, como 
a Revolução Industrial. Por fim, você vai verificar a importânciada contabilidade 
gerencial nos processos de tomada de decisão das empresas.
Contabilidade 
financeira, gerencial 
e de custos
Leuter Duarte Cardoso Junior
Fundamentos da contabilidade financeira, 
gerencial e de custos
Para começar, você vai conhecer os elementos basilares da contabilidade 
financeira, da contabilidade gerencial e da contabilidade de custos. A ideia 
é que você verifique possíveis semelhanças e diferenças entre elas, com o 
propósito de analisar suas aplicações e contribuições para o gerenciamento 
empresarial.
Contabilidade financeira
A contabilidade financeira é uma ciência destinada à elaboração de demons-
trações econômicas e financeiras que tem o intuito de fornecer dados e 
informações para alguns stakeholders. Entre eles, estão: instituições regula-
doras e governamentais, instituições financeiras (bancos), bolsas de valores, 
autarquias e sociedade em geral. Nesse sentido, a contabilidade financeira 
supre os gestores com dados e informações úteis para processos decisórios. 
Entre tais processos, destacam-se:
 � ajuste dos preços de venda;
 � estruturação do orçamento de capital;
 � avaliação do desempenho;
 � ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro;
 � análise das taxas de lucratividade e rentabilidade.
Assim, toda e qualquer análise financeira é pautada pelos dados gerados 
e condensados pela contabilidade financeira. Além disso, a contabilidade 
financeira tem por obrigação legal e fiscal publicar as demonstrações con-
tábeis periodicamente. É possível notar isso claramente nas companhias de 
capital aberto, que normalmente publicam seu balanço patrimonial e sua 
demonstração de resultados a cada trimestre (considerando as empresas 
listadas na Bolsa de Valores de São Paulo — Bovespa).
Segundo Atkinson et al. (2000), a contabilidade financeira tem como 
foco central a produção de demonstrativos financeiros e econômicos 
direcionados ao público externo.
Contabilidade financeira, gerencial e de custos2
Contabilidade gerencial
A contabilidade gerencial gera informações para o gerenciamento, o pla-
nejamento, o acompanhamento do desempenho econômico e financeiro, 
a definição dos preços de venda em determinados períodos e a tomada de 
decisões empresariais.
Para Atkinson et al. (2000, p. 36), esse é um tipo de contabilidade que visa 
a “[...] identificar, mensurar, reportar e analisar informações sobre os even-
tos econômicos das empresas”. Para Iudícibus (2009, p. 21), a contabilidade 
gerencial pode ser:
[...] caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias 
técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade 
financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., 
colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou 
numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar 
os gerentes das entidades em seu processo decisório.
Para Horngren et al. (2004, p. 4), a “[...] contabilidade gerencial é o processo 
de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar 
informações que auxiliem os gestores a atingir seus objetivos organizacio-
nais”. Dessa maneira, a contabilidade gerencial está intimamente ligada com 
o planejamento e o controle de uma empresa em todos os seus aspectos.
Para avançar em seu estudo, você deve atentar agora à informação gerencial 
contábil. Veja alguns pontos relevantes no Quadro 1.
Quadro 1. Funções da informação gerencial contábil
Função Descrição
Controle 
operacional
Fornece informação (feedback) sobre a eficiência e a 
qualidade das tarefas executadas.
Custeio do produto 
e do cliente
Mensura os custos dos recursos para se produzir, vender 
e entregar um produto ou serviço aos clientes.
Controle 
administrativo
Fornece informações sobre o desempenho financeiro e 
competitivo de longo prazo, as condições de mercado, as 
preferências dos clientes e as inovações tecnológicas.
Controle 
estratégico
Fornece informações sobre o desempenho financeiro e 
competitivo de longo prazo, as condições de mercado, 
as preferências dos clientes e as inovações tecnológicas.
Fonte: Adaptado de Atkinson et al. (2000).
Contabilidade financeira, gerencial e de custos 3
Como você viu no Quadro 1, a informação contábil é uma fonte para o 
controle operacional, administrativo e estratégico. Não obstante, ela ainda 
contribui para o custeio dos produtos e serviços oferecidos ao mercado 
consumidor. Portanto, a contabilidade gerencial tem uma função importante 
na gestão das organizações, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte.
Contabilidade de custos
Segundo Leone (2000), a contabilidade de custos integra a contabilidade 
geral. Além disso, ela tem por princípio a análise dos fatos financeiros e 
econômicos decorrentes das operações que impactam a situação patrimonial 
das empresas.
Os profissionais que utilizam a contabilidade de custos para o exercício 
da sua profissão entendem que ela é uma ferramenta eficiente para o geren-
ciamento empresarial. Segundo Martins (2003), a contabilidade de custos tem 
duas funções importantes: auxiliar no controle das operações e contribuir 
para a tomada de decisões para ações estratégicas.
Ao exercer a função de controle, a contabilidade de custos fornece dados 
para análises de tendências e padrões, bem como para previsões de cenários 
futuros. Ela também contribui para o desenvolvimento dos orçamentos e o 
acompanhamento das evoluções dos gastos operacionais de cada período. 
Já ao auxiliar nas decisões empresariais, a contabilidade de custos fornece 
informações para a determinação de padrões produtivos, preços de venda, 
políticas de investimentos e financiamentos.
Devido às suas funcionalidades, a contabilidade de custos ganhou espaço 
no gerenciamento empresarial. Administrar e controlar os custos são tarefas 
essenciais para o alcance dos objetivos estratégicos ao longo do tempo.
Distinções entre as contabilidades
Como você já viu, a contabilidade gerencial tem uma importância interna. 
Afinal, ela fornece informações aos gestores com o objetivo de melhorar e 
aprimorar o desempenho da organização. Os relatórios gerados por esse 
tipo de contabilidade não têm necessariamente um formato predefinido e 
podem conter diversas informações, inclusive sobre custos e outros elementos 
financeiros da organização.
Contabilidade financeira, gerencial e de custos4
Já a contabilidade de custos é parte integrante da contabilidade gerencial, 
porém seu foco está na mensuração e no controle dos custos empresariais 
das operações realizadas ao longo do tempo. Por outro lado, a contabilidade 
financeira resume e publica os dados financeiros e econômicos de forma 
detalhada no balanço patrimonial, na demonstração de resultados, no fluxo 
de caixa, etc.
No Quadro 2, observe algumas distinções entre as contabilidades, consi-
derando o seu propósito nas organizações.
Quadro 2. Diferenças entre contabilidade financeira, contabilidade gerencial 
e contabilidade de custos
Contabilidade 
financeira
Contabilidade 
gerencial
Contabilidade 
de custos
 � Obrigatoriedade de 
publicação
 � Informações 
destinadas aos 
stakeholders 
externos
 � Foco nas atividades 
históricas
 � Informação com 
exatidão
 � Perspectiva de 
análise para o futuro
 � Informação contábil 
para diversas 
decisões
 � Uso das informações 
no âmbito interno
 � Intuito de facilitar 
o planejamento, 
o controle e a 
avaliação da empresa
 � Relatórios baseados 
em orçamentos e 
desempenho da 
organização
 � Mensuração 
e registro de 
informações sobre o 
consumo de recursos 
pela empresa
 � Fornecimento de 
informações para 
a contabilidade 
gerencial
 � Foco na análise dos 
gastos ao longo dos 
processos
 � Preocupação com 
a acumulação dos 
custos nos processos 
produtivos
Como você viu, o Quadro 2 resume as principais diferenças entre a conta-
bilidade financeira, a contabilidade de custos e a contabilidade gerencial. Esta 
última é mais voltada aanálises estratégicas e futuras da organização, gerando 
informações e dados para a tomada de decisão. Por sua vez, a contabilidade 
de custos está centrada na mensuração e no registro dos custos, fornecendo 
informações para a contabilidade gerencial. Por fim, a contabilidade financeira 
tem por missão publicar as demonstrações contábeis e financeiras.
Contabilidade financeira, gerencial e de custos 5
Evolução histórica da contabilidade 
de custos
A contabilidade de custos surgiu em meio à Revolução Industrial, no século 
XVIII. Ela teve por base a contabilidade geral desenvolvida no período mercan-
til. Com a modificação e o crescimento do sistema produtivo, a contabilidade 
de custos ganhou espaço para auxiliar as indústrias no seu processo de 
gestão e organização.
Nesse contexto, a contabilidade de custos passou a ser utilizada em diver-
sos segmentos da economia, como na indústria calçadista e na agricultura. 
Com o surgimento da indústria e suas inovações, a competição nos mercados 
aumentou, levando as empresas a buscar técnicas e formas de gerenciamento 
mais qualificadas. Assim, a contabilidade de custos ganhou importância no 
meio gerencial, tornando-se um instrumento para o aperfeiçoamento e a 
melhoria dos processos financeiros e organizacionais.
A contabilidade de custos passou por um avanço maior entre o final do 
século XIX e o início do século XX. O setor que mais utilizava esse tipo de 
contabilidade para seus controles e seu gerenciamento era o setor metalúrgico 
norte-americano, em especial o estadunidense. Assim, era possível analisar 
a produtividade das linhas operacionais e também os resultados gerados ao 
longo dos processos.
Sloan (2001) ilustra a importância dada à informação gerada pela con-
tabilidade de custos mencionando o uso desse tipo de contabilidade pela 
General Motors na década de 1920. Portanto, no início do século XX, a gestão 
dos custos adquiriu maior importância para o controle das operações e a 
mensuração dos resultados. Logo, a informação de custos tornou-se um dos 
pilares do controle e do acompanhamento dos gastos operacionais em cada 
estágio ou processo produtivo. Ademais, ela se tornou fundamental para uma 
análise mais apurada das ineficiências de processos e resultados, capazes 
de afetar o aumento das taxas de lucro e rentabilidade.
Na Figura 1, observe um esquema que ilustra o surgimento e a importância 
da contabilidade de custos no meio empresarial.
Contabilidade financeira, gerencial e de custos6
Figura 1. Fatores que contribuíram para o surgimento da contabilidade de custos.
Expensão das organizações;
Maior concorrência dos mercados;
Surgimento de novos itens de custos.
Surgimento da contabilidade de custos
Produções em escala;
Novas formas de produção.
Aperfeiçoamento da contabilidade de custos
Planejamento de controle da produção;
Tomada de decisão.
Como mostra a Figura 1, a expansão das organizações, a maior concorrência 
nos mercados e o aparecimento de novos itens de custos após a Revolução 
Industrial são alguns dos estopins para o surgimento da contabilidade de 
custos.
A contabilidade de custos tem seu desenvolvimento mais profundo entre 
os anos 1930 e 1950, e o seu aperfeiçoamento foi acontecendo progressiva-
mente. De 1930 a 1970, foram elaborados diversos métodos e processos para 
a realização de análises de custos, tais como: estatísticas de produção, custo 
padrão, contabilidade pública e planejamento tributário.
No Quadro 3, veja alguns dos objetivos atuais da contabilidade de custos 
desenvolvida nas organizações em geral.
Quadro 3. Objetivos atuais da contabilidade de custos
Avaliação de 
inventários e 
resultados
Planejamento 
e controle Processo decisório
 � Avaliação de 
inventários
 � Avaliação de 
resultados
 � Elaboração dos 
orçamentos
 � Definição dos preços
 � Análise da evolução 
dos custos
 � Definição do volume 
de produção
 � Produzir ou terceirizar
 � Eliminar ou manter linhas 
de produção
 � Atender a pedidos de 
produção customizados
 � Estabelecer padrões de 
investimentos
Contabilidade financeira, gerencial e de custos 7
Portanto, a contabilidade de custos tinha como proposta inicial a avaliação 
dos estoques e dos resultados operacionais das empresas. Com o passar do 
tempo, ela começou a contribuir para as atividades de controle e os processos 
de decisão. Por essa razão, é uma área de estudos em franca ascensão, que 
coopera cada vez mais com a gestão empresarial eficiente e proponente, 
visando a resultados operacionais sustentáveis ao longo do tempo.
Para que uma empresa se mantenha “saudável”, é fundamental que 
o seu setor contábil forneça dados e informações úteis para os pro-
cessos de decisão.
Contabilidade gerencial para o processo 
decisório das empresas
Em um sistema de administração eficiente e completo, a contabilidade geren-
cial é um dos elementos fundamentais para o alcance de resultados positivos a 
longo prazo. Dessa perspectiva, a contabilidade gerencial pode ser considerada 
um amplo instrumento auxiliar nos processos decisórios.
Para Marion (2011, p. 16), “[...] a contabilidade é importante no processo de 
tomada de decisão porque coleta todos os dados econômicos, mensurando-os 
monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios 
ou de comunicados”.
Quanto à importância da contabilidade gerencial para o processo decisório 
das organizações, pode-se entender que ela subsidia, por meio de um sistema 
de informação contábil gerencial, todas as áreas da empresa. No Quadro 4, veja 
as principais informações geradas por esse sistema para a tomada de decisão.
Contabilidade financeira, gerencial e de custos8
Quadro 4. Categorias da informação contábil para a tomada de decisão
Categoria da 
informação Objetivo Finalidade Temas envolvidos
Gerenciamento 
contábil 
global
Canalizar 
informações 
sintéticas
Controlar 
e planejar 
a empresa 
com base em 
uma visão de 
conjunto
 � Sistema de 
Informações 
Gerenciais (SIG)
 � Demonstrativos 
contábeis básicos
 � Contabilidade em 
valores constantes e 
em outras moedas
 � Análise financeira ou 
de balanço
 � Gestão de impostos
Gerenciamento 
contábil 
setorial
Canalizar os 
conceitos 
de contabi-
lidade por 
responsabili-
dade
Controlar e 
planejar com 
base em uma 
visão setorial
 � Centro de 
responsabilidade
 � Contabilidade 
divisional
 � Rentabilidade por 
divisões e produtos
 � Consolidações de 
balanços
Gerenciamento 
contábil 
específico 
(contabilidade 
gerencial)
Canalizar 
informação 
de forma 
isolada
Gerar informação 
a um grau 
maior de 
detalhamento, 
a um nível 
operacional
 � Fundamentos, 
sistemas e métodos 
de custeamento
 � Construção do custo 
por custeio direto 
por absorção e por 
atividades
 � Análise 
custo–volume–lucro
 � Custo padrão
 � Formação de preço 
de venda
 � Inflação da empresa
 � Análise de custos
Orçamentos e 
projeções
Embasar 
planos e 
ações futuros
Planejar 
estrategicamente 
e projetar o 
orçamento
 � Orçamento e suas 
técnicas
 � Projeção de 
resultados
Fonte: Adaptado de Pagotto e Costa (2003).
Contabilidade financeira, gerencial e de custos 9
Ao observar o Quadro 4, note quão importante a contabilidade gerencial 
é para o fornecimento de informações, dados e relatórios e para o processo 
decisório das companhias. Considerando suas finalidades, a contabilidade 
gerencial contribui para o planejamento e o controle global e setorial da 
empresa. Ela também gera informações granulares sobre as operações da 
organização e ainda auxilia no planejamento estratégico e na elaboração dos 
orçamentos empresariais.
Bruni e Gomes (2010) elencam algumas práticas da contabilidade gerencial 
que auxiliam na tomada de decisão, em especial no contexto de pequenas e 
médias empresas. No Quadro 5, confira as principais práticas em conformidade 
com as decisões empresariais.
Quadro 5. Práticas de contabilidade gerencial que influenciam a tomada 
de decisões
Prática Funcionalidade Influência na decisão
Fluxo de caixaDiscrimina todos os valores 
a serem recebidos e pagos 
num determinado intervalo 
de tempo.
Verifica a possibilidade de 
investimentos e o melhor 
período para determinada 
compra.
Orçamento Contém a mensuração 
econômica dos planos 
operacionais da empresa, 
o que é relevante para o 
processo de planejamento, 
execução e controle.
Avalia a melhor estrutura de 
esforços para os objetivos 
como um todo, auxiliando 
na tomada de decisões 
sobre os recursos materiais 
financeiros e humanos.
Análise das 
demonstrações 
contábeis
Especifica a situação 
empresarial, consistindo 
na decomposição, 
na comparação e 
na interpretação de 
informações.
Compreende a situação da 
empresa naquele momento, 
comparando-a com a dos 
anos anteriores e fazendo 
projeções futuras.
Controle do 
preço de venda
Analisa os preços dos 
produtos no mercado 
periodicamente e faz 
o processo inverso de 
marcação de preço.
Identifica na prática se 
o preço sugerido está de 
acordo com a realidade dos 
custos operacionais.
Fonte: Adaptado de Bruni e Gomes (2010).
Contabilidade financeira, gerencial e de custos10
Como mostra o Quadro 5, a contabilidade gerencial influencia as decisões 
de investimentos a curto e longo prazo. Ela ainda contribui para a identifi-
cação das melhores alternativas para o emprego dos recursos de produção 
e auxilia na definição de preços em função dos custos operacionais, por 
exemplo. Assim, a contabilidade gerencial é importante para todos os setores 
e políticas da organização.
Em síntese, a contabilidade gerencial é uma grande aliada dos processos 
decisórios nas organizações. Como você viu, ela está ligada às atividades de 
planejamento, controle e avaliação do desempenho das instituições, contri-
buindo para que as organizações fiquem sob o controle da administração e 
para que os processos em desconformidade sejam identificados. Assim, ela 
auxilia nas correções necessárias, com o propósito de aprimorar os processos 
operacionais, minimizar os custos operacionais e potencializar os resultados 
financeiros e econômicos.
Referências
ATKINSON, A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
BRUNI, A.; GOMES, S. Controladoria empresarial: conceitos, ferramentas e desafios. 
Salvador: EDUFBA, 2010.
HORNGREN, C. et al. Contabilidade gerencial. 12. ed. São Paulo: Pretice Hall, 2004.
IUDÍCIBUS, S. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LEONE, S. G. Curso de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
MARION, J. Contabilidade empresarial: a contabilidade e o contador. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2011.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas. 2003.
PAGOTTO, L. S.; COSTA, M. E. N. Como a contabilidade de custos, a contabilidade gerencial 
e o sistema de informações gerenciais tornam-se uma ferramenta para a tomada de 
decisão. In: Congresso Brasileiro de Custos, 10., 2003, Guarapari, ES. Anais [...]. Guarapari, 
ES: Associação Brasileira de Custos, 2003.
SLOAN, P. Meus anos na General Motors. São Paulo: Negócio Editora, 2001.
Contabilidade financeira, gerencial e de custos 11
CONTABILIDADE 
GERENCIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Definir papel, escopo e usuários das informações geradas pela contabilidade 
gerencial.
 > Explicar o papel da metodologia e sua relevância na tomada de decisão.
 > Ilustrar a importância da formação do futuro gestor.
Introdução
Toda organização possui uma área da contabilidade responsável por suas in-
formações. Porém, em muitas organizações, existe apenas a preocupação de 
apurar tributos e atender às obrigações exigidas pela legislação (PADOVEZE, 
2012). Contudo, por meio da contabilidade, é possível extrair informações sobre 
a situação econômico-financeira da empresa, possibilitando a melhora do de-
sempenho organizacional. Nesse contexto, tem-se a origem de uma ramificação 
da contabilidade: a contabilidade gerencial.
Neste capítulo, você vai compreender a necessidade e importância das in-
formações para a contabilidade gerencial e como se dá um processo de decisão. 
Você também vai conhecer qual o papel da informação no processo decisório e 
como os gestores da contabilidade gerencial se relacionam com as informações.
Caracterização 
da contabilidade 
gerencial
Rodolfo Vieira Nunes
Papel, escopo e usuários das informações 
geradas pela contabilidade gerencial
A contabilidade gerencial evoluiu ao longo dos anos, mudando seu foco, ob-
jetivo e posicionamento no processo de planejamento e tomada de decisões 
da empresa. Sendo assim, também ocorreram mudanças em suas definições.
Para Atkinson et al. (2015), a contabilidade gerencial é um processo que 
objetiva identificar, mensurar, reportar e analisar as informações referentes 
às situações econômicas da empresa. Outra definição mais atual e impor-
tante trata a contabilidade gerencial como um conjunto de várias técnicas e 
procedimentos contábeis já conhecidos, porém em situações mais analíticas 
ou diferenciadas, com o intuito de auxiliar os gestores das organizações no 
processo decisório (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020).
Nesse sentido, Oyadomari et al. (2018) afirmam que a contabilidade geren-
cial é um complexo sistema de informações oriundas de análise econômica, 
financeira e da produtividade. Essas informações são utilizadas por usuários 
internos da organização no processo de tomada de decisões, de modo a 
planejar, avaliar e controlar os recursos próprios e de terceiros, visando aos 
objetivos estabelecidos. Isso mostra que os conceitos de contabilidade ge-
rencial se adaptam às mudanças e as circunstanciam dentro de um panorama 
econômico e empresarial do momento, contudo, mantendo a sua essência 
básica, em que as informações são utilizadas pela companhia como uma 
ferramenta no processo decisório, ou seja, na tomada de decisão.
Desse modo, pode-se dizer que a contabilidade gerencial é o ramo da 
contabilidade que tem por objetivos:
 � auxiliar a gestão com importantes informações, ajudando-a nos pro-
cessos de tomada de decisão, alocação de recursos, revisão do posi-
cionamento estratégico, cálculos de custos e verificação da satisfação 
dos clientes;
 � fornecer, para os mais diversos usuários, internos e externos, informa-
ções para a tomada de decisão, devendo ser útil aos propósitos que 
cada usuário busca atingir.
Caracterização da contabilidade gerencial2
Essas informações podem ser tanto de cunho financeiro como não fi-
nanceiro. Algumas das informações classificadas como financeiras ou não 
financeiras são as seguintes (PADOVEZE, 2012).
 � Informações financeiras:
 ■ custo de produção;
 ■ custo de execução do serviço;
 ■ relatório de despesas dos departamentos;
 ■ custo de performance;
 ■ custo dos processos de produção.
 � Informações não financeiras:
 ■ satisfação do cliente;
 ■ fidelidade do cliente;
 ■ processo de qualidade;
 ■ inovação;
 ■ motivação dos colaboradores.
Informações gerenciais
A necessidade de possuir informações é crucial em todos os setores da eco-
nomia, independentemente das atividades desempenhadas. As organizações 
que estiverem municiadas de informações internas validadas terão maior 
flexibilidade e capacidade de adaptação às alterações.
No entendimento de Marion e Ribeiro (2017), as informações geradas pela 
contabilidade devem alimentar seus usuários de forma segura para a tomada 
de decisão, levando em consideração a situação da empresa, o desempenho, 
a evolução, além de riscos e oportunidades. A informação contábil pode se 
expressar por diferentes caminhos, por exemplo: demonstrações financeiras, 
escrituração ou registros, documentos, livros, planilhas, notas explicativas, 
projeções, pareceres, prognósticos, descrições críticas ou outra forma prevista 
em legislação. Ela deve ter caráter veraz e equitativo, de modo a atender às 
necessidades dos vários usuários, não podendo privilegiar nenhum deles, 
pois os interesses nem sempre são coincidentes. É evidente que a qualidade 
da informação irá determinar a qualidade da decisão tomada. Nesse caso, 
na visão de Crepaldie Crepaldi (2017), a informação de cunho gerencial deve 
ser simultaneamente:
Caracterização da contabilidade gerencial 3
a) confiável: a confiabilidade é atributo que faz com que o usuário aceite 
a informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando 
elemento essencial na relação entre aquele e a própria informação, fun-
damentando-se na veracidade, completeza e pertinência do seu conteúdo;
b) tempestiva: a tempestividade se refere ao fato de que a informação 
contábil deve chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a 
fim de que este possa utilizá-la para seus fins;
c) compreensível: a informação contábil deve ser exposta na forma mais 
compreensível ao usuário a que se destina, sendo divulgada de forma 
clara e objetiva, abrangendo desde elementos de natureza formal, 
como a organização espacial e os recursos gráficos empregados, até 
a redação e a técnica de exposição utilizadas;
d) comparável: a comparabilidade deve possibilitar ao usuário o conhe-
cimento da evolução entre determinadas informações ao longo do 
tempo, numa mesma entidade ou em diversas entidades, ou a situação 
destas num momento dado, com vistas a possibilitar o conhecimento 
das suas posições relativas;
e) relação custo-benefício: o custo de obtenção da informação não pode 
ser maior do que o benefício produzido, pois não se pode gastar mais 
do que o benefício proporcionado, já que ao adotar um sistema que 
assim agisse o gestor estaria tomando decisões prejudiciais à entidade. 
Esse aspecto também está relacionado com a relevância da informação, 
pois a produção de informações de pouca relevância pode aumentar 
o custo das informações.
Dentre os principais usuários da contabilidade gerencial figuram os altos 
executivos e todos os setores da organização, variando a forma de apresenta-
ção e o grau de refinamento que a informação apresenta (PADOVEZE, 2012). As 
informações para a alta gerência devem receber um alto grau de refinamento 
e ser apresentadas de forma resumida e objetiva.
Para a gerência intermediária, as informações também devem ter um 
alto grau de refinamento, mas a apresentação deve ter mais detalhes, pos-
sibilitando o planejamento, o controle e a tempestiva ação, com medidas 
necessárias que reforcem ou revertam cada situação apresentada. Já as 
informações para o nível operacional são apresentadas de forma longa e 
analítica, praticamente em estado bruto.
Nesse sentido, os gestores necessitam de informações que estejam em 
consonância com seus modelos. Assim, o modelo de informação deve ser estru-
turado com base na análise de modelos de decisão e mensuração empregados. 
Caracterização da contabilidade gerencial4
Além disso, o sistema de informações deve fornecer informações básicas que os 
gestores necessitam em suas tomadas de decisões. Quanto maior for a sintonia 
entre a informação fornecida e as necessidades informativas dos gestores, 
melhores decisões poderão ser tomadas (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013).
Enxergar o seu negócio de uma forma muito mais profunda e verda-
deira é o maior dos benefícios da contabilidade gerencial, pois é a 
partir disso que você poderá tomar decisões e decidir os melhores rumos para 
o empreendimento. Porém, há outros benefícios, como:
 � manter-se muito bem informado sobre o real resultado do negócio;
 � tomar decisões certas, na hora certa;
 � definir planos de ação reais;
 � aumentar a eficiência da sua gestão;
 � tomar decisões mais rapidamente;
 � eliminar desperdícios;
 � reduzir erros e inconsistências;
 � melhorar o controle financeiro;
 � pagar impostos de forma correta, porém menos custosa.
Papel da metodologia e sua relevância 
na tomada de decisão
Tomar uma decisão não é algo fácil e exige muito de todos os envolvidos. 
Quando se leva a situação para o âmbito empresarial, as circunstâncias po-
dem se complicar, já que as decisões tomadas em uma companhia englobam 
processos, custos e pessoas. A velocidade com que as diversas situações 
ocorrem dentro de uma empresa faz com que inúmeras decisões tenham que 
ser tomadas ao longo do dia, algumas mais simples, outras mais complexas, 
conforme Atkinson et al. (2015). Contudo, independentemente do grau de 
dificuldade de uma decisão, ela sempre vai trazer consigo consequências, 
que podem ser positivas ou negativas.
O processo de tomada de decisão não é um procedimento isolado e que 
fica a cargo da contabilidade gerencial, pois tanto a contabilidade de custos 
quanto a contabilidade financeira são partes cruciais do processo que norteia 
a tomada de decisão de curto e longo prazo, de acordo com Oyadomari et al. 
(2018). Desse modo, tem-se a contabilidade financeira como um agregado de 
Caracterização da contabilidade gerencial 5
informações contábeis (compras, vendas, despesas, liquidez, margem, etc.) 
para avaliação do resultado empresarial. Já a contabilidade de custo é um 
modelo escolhido pela organização para mensurar todos os gastos de uma 
companhia, utilizando as informações financeiras para avaliar os gastos da 
tomada de decisão. Assim, pode-se dizer que a contabilidade financeira é a 
base para a construção da contabilidade de custos.
O processo de tomada de decisão pode ser simples ou complexo — tudo 
depende do grau de importância, do objetivo a ser alcançado e dos reflexos da 
escolha. Nesse sentido, a tomada de decisão envolve algumas etapas que estão 
relacionadas com a identificação do problema, além de definir critérios, analisar 
e escolher alternativas e verificar a eficácia da decisão (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020). 
Todo esse contexto evidencia a grande importância da tomada de decisões nas 
organizações, pois é o que faz com que as empresas saiam do lugar e se man-
tenham em constante movimentação no mercado em que atuam. Por isso, para 
Marion e Ribeiro (2017), é crucial conhecer os seguintes tipos de tomada de decisão.
 � Intuitiva: uma decisão desta natureza é basicamente aquela que é 
tomada considerando apenas os sinais que a intuição dá, ou seja, é uma 
sensação interna que se tem, em detrimento de outra, não levando em 
consideração aspectos lógicos e racionais para escolher algo.
 � Racional: é o tipo de decisão que a maioria das pessoas mais deseja 
aplicar em seu dia a dia, pois ela faz com que o indivíduo leve em 
consideração os aspectos lógicos dos fatos, para que, assim, haja 
subsídios mais sólidos para decidir ou não por algo.
 � Com base em valores: este é um tipo de decisão que pode ser facilmente 
confundido com a decisão intuitiva, no entanto, existem pontos que as 
diferenciam. No caso desta, o indivíduo tende a levar em consideração 
os valores que formou ao longo de sua vida para decidir ou não por algo.
 � Colaborativa: em muitos momentos, este é o tipo de decisão ideal e 
que deve ser colocado em prática com mais frequência, pois se trata 
do processo decisório que é tomado em conjunto com outras pessoas, 
em que o gestor realiza reuniões e conta com ajuda, opinião e suges-
tões de seus colaboradores para decidir quais rumos deve tomar nos 
processos organizacionais.
 � Especializada: quando a intuição falha e a racionalidade e a colabo-
ração não conseguem encontrar alternativas eficientes e nem mesmo 
contribuir para que se possa tomar decisões conscientes, assertivas e 
seguras, é hora de contar com ajuda especializada para facilitar esse 
processo dentro da organização.
Caracterização da contabilidade gerencial6
Entretanto, antes de as organizações e os gestores escolherem qual o tipo de 
tomada de decisão irão adotar, é necessário um passo anterior, ou seja, compre-
ender todas as etapas que envolvem um processo decisório, pois, dentro de um 
processo de tomada de decisão, é essencial elencar todos os aspectos relevantes 
com o intuito de evitar erros. Assim, tem-se uma compreensão mais profunda da 
situação, demonstrando os custos-benefícios disponíveis (OYADOMARI et al., 2018).
Conforme Crepaldi e Crepaldi (2017), é possível dividir todo o processo de 
tomada de decisão em cinco etapas principais, conformea seguir:
1. Identificação do problema: o problema exige controle, para analisar 
o que está acontecendo. Inicialmente, o diagnóstico do problema 
passa por enxergar as consequências e definir o nível de prioridade 
da situação.
2. Coleta de dados: compreender a situação, com o máximo de informações 
sobre o problema. As fontes dependem do tipo de questão enfrentada 
pelos gestores, já que a coleta de informações é direcionada para as 
causas de um problema ou para as justificativas de um requerimento.
3. Identificação das alternativas: deve contar com a participação de outros 
profissionais para contribuir com conhecimento e experiência sobre 
o problema. É importante usar artefatos para organizar e direcionar 
a atenção para os postos-chaves.
4. Escolha da alternativa: é preciso tornar claro e objetivo quais as pro-
postas de solução sugeridas, assim como as atividades devem estar 
bem detalhadas.
5. Decisão e acompanhamento: os caminhos possíveis de escolha podem 
ser simples ou complexos, como ocorre nas situações em que há uma 
medida principal e uma secundária — caso a primeira não funcione.
Importância da informação no processo decisório
Nos dias atuais, as organizações e as pessoas recebem uma imensa quan-
tidade de informações, o que influencia o processo de tomada de decisões. 
As tomadas de decisão podem receber classificações distintas, sempre bus-
cando evidenciar as análises das informações e a questão de possível causa 
e efeito, evidenciado por Marion e Ribeiro (2017). Muitas dessas informações 
são selecionadas conforme procedimentos e padrões estabelecidos pelas 
organizações. Assim, a decisão está nas mãos do gestor, que é o responsável 
pelos negócios — sua escolha irá influenciar fortemente os resultados da 
companhia, sejam positivos ou negativos.
Caracterização da contabilidade gerencial 7
No processo decisório, a informação assume total relevância, pois é dela 
que partem todos os passos para a resolução de um problema ou para a 
tomada de decisão (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013). Entretanto, uma 
mesma informação, em momentos ou situações diferentes, requer uma rea-
nálise para uma tomada de decisão. Dessa forma, nunca se deve aceitar uma 
mesma informação mais de uma vez sem reavaliá- la.
O aspecto qualitativo da informação dependerá dos meios e das fontes de 
origem dos dados coletados. Conforme Iudícibus e Segato (2020), é fundamen-
tal um controle por meio de mecanismos com o intuito de selecionar o que é 
uma informação útil. Essa análise qualitativa da informação organizacional 
deve passar pela observação subjetiva dos envolvidos da empresa, levando 
em consideração o contexto que tanto a empresa quanto os envolvidos estão 
inseridos (ATKINSON et al., 2015). No entendimento de Padoveze (2012), todas 
essas características exigem do tomador de decisões uma habilidade ainda 
maior para se manter atualizado e para selecionar as informações úteis, não 
desperdiçando tempo com o que não é relevante e não descartando o que 
é indispensável.
A inteligência da contabilidade gerencial
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração 
e Contabilidade (ANEFAC) apresenta o programa Momento Econômico ANEFAC, 
com o assunto “A inteligência da contabilidade gerencial” em seu canal no 
YouTube. Veja a entrevista de Roberto Vertamatti com a diretora contábil-fiscal 
da Embraer, Elaine Funo. 
Importância do estudo da contabilidade 
gerencial na formação do futuro gestor
Nos últimos anos, tem-se vivenciado inúmeras transformações sociais e 
econômicas, que muitas vezes são advindas do rápido processo de inovação 
tecnológica. Por essa razão, as formas de negociar e trabalhar sofreram 
alterações profundas, seja culturalmente (definições e conceitos) ou nas 
Caracterização da contabilidade gerencial8
ferramentas e atividades do dia a dia. Como resultado, essa enorme mudança 
trouxe um alto volume de novas informações, o que exige maior qualificação 
dos contadores. O profissional contábil precisa ter um perfil com ampla visão 
do ambiente institucional. Sendo assim, a contabilidade gerencial, aliada 
com outras áreas do conhecimento científico, será uma pilastra de suporte, 
tendo como finalidade a geração de valor para a profissão dentro desse novo 
contexto da contabilidade (OYADOMARI et al., 2018).
A terminologia contador gerencial é relativamente antiga. O seu primeiro 
registro se deu após a Revolução Industrial, em que a função estava toda 
baseada na necessidade de levantar e quantificar os custos do processo 
produtivo e da conversão de recursos (mão de obra e materiais) em produ-
tos. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2017), o contador gerencial possui a 
função de identificar, mensurar, acumular, verificar, preparar, interpretar e 
apresentar as informações para uso da empresa, nas atividades básicas de 
planejamento, avaliação e controle, objetivando o uso correto dos recursos. 
Porém, no entendimento dos autores, o controller da organização, termino-
logia usada para descrever o contador gerencial, possui como função básica 
a atividade de assessoria, pois seu setor tem a responsabilidade de municiar 
os gerentes, diretores e a presidência com informações especializadas para 
cada área, já que são atribuídas a ele atividades de contabilidade interna, 
orçamento e elaboração de relatórios.
Dentro desses conceitos, há algumas qualidades referentes ao contador 
gerencial (controller), além de mostrar sua importância dentro das organi-
zações. Entretanto, as qualidades dependem do comprometimento com as 
atividades do dia a dia, ou seja, deve-se exercê-las com agilidade e estar 
envolvido no processo decisório da empresa, conhecendo detalhadamente 
o negócio da companhia (PADOVEZE, 2012). Contudo, sua participação no 
processo de tomada de decisão assegura o uso adequado das informações 
e ações que permitem o alcance dos resultados. A participação do contador 
gerencial na gestão das empresas ajuda na melhor otimização das suas 
atividades e ainda melhora o seu desempenho (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020). 
Tudo isso faz com que o controlador gerencial atue como um agente de apoio 
no processo de tomada de decisão. Nesse sentido, o Quadro 1 apresenta as 
principais competências do contador gerencial.
Caracterização da contabilidade gerencial 9
Quadro 1. Estrutura de competências genéricas para contador gerencial
Dimensões Competências do contador gerencial
Competências 
técnicas
Contabilidade legal e finanças, ferramentas de 
controle, planejamento e capacidade analítica.
Competências 
comportamentais
Autocontrole, ouvir de forma eficaz, liderança/trabalho 
em equipe, gestão da informação e relacionamento 
externo.
Competências de 
postura
Atitude empreendedora e visão geral/estratégica.
Fonte: Adaptado de Cardoso, Mendonça e Oyadomari (2010).
Para compreender melhor o Quadro 1, é primordial entender as três di-
mensões citadas.
 � Competências técnicas: conhecimento e habilidade adquiridos por 
meio de instrução formal ou não formal. Pode-se citar como exemplos: 
graduação, pós-graduação, treinamentos, cursos, experiências profis-
sionais, etc. Muitas vezes, essas competências são pré-requisitos para 
determinados cargos e funções, já que são consideradas competências 
básicas.
 � Competências comportamentais: são características da personalidade 
ou aptidões adquiridas que correspondem às peculiaridades de cada 
indivíduo e impactam nas atitudes de cada um. Ou seja, habilidades 
que irão demonstrar a forma de atuação da pessoa em diferentes situ-
ações, seja nas atividades do trabalho ou na relação com as pessoas.
 � Competências de postura: é um conjunto de características de condutas 
empregadas pelo profissional no dia a dia de trabalho. Empreendedo-
rismo, responsabilidade social ou ambiental, ética e comprometimento 
são alguns dos valores adotados pelas pessoas que influenciam a 
postura profissional.
Características de um contador gerencial
Seguindo Oyadomari et al. (2018), um contador gerencial deve possuir as 
seguintescaracterísticas:
Caracterização da contabilidade gerencial10
 � Alta qualificação: precisa estar qualificado academicamente e atuali-
zado sobre todas as alterações que acontecem no mundo dos negócios.
 � Profundo conhecimento de princípios contábeis: deve conhecer toda 
a contabilidade da organização e estar atento às regras e normas 
contábeis.
 � Conhecimento de tecnologias sofisticadas: precisa acompanhar to-
das as inovações tecnológicas com o intuito de auxiliar as atividades 
profissionais.
 � Padrão de exigência: com um mercado tão competitivo, o padrão de 
exigência se faz necessário para a superação do profissional e da 
organização em relação aos seus concorrentes.
 � Domínio de operações virtuais: saber operacionalizar de forma virtual 
as atividades do setor de forma mais eficaz e rápida.
 � Desburocratização: uma gestão mais dinâmica e assertiva minimiza 
erros em todo o processo de tomada de decisão.
 � Possuir uma equipe de trabalho de alta confiança: ter um grupo de 
colaboradores coeso e de confiança é crucial, pois o contador gerencial 
deve delegar tarefas e validá-las com o grupo.
 � Automotivação: todas as decisões precisam ser embasadas, assim, 
o contador gerencial deverá ter automotivação e percepção de se 
incentivar.
 � Poder de negociação: bom relacionamento, comunicação e capacidade 
de análise da situação.
 � Coragem: ele é o gestor e o responsável que reporta todas as suas 
ações por meio das decisões.
 � Alta produtividade: garante o sucesso da equipe e da empresa.
 � Poder de democratização: iniciativas ou mecanismos em que o grupo 
tenha participação no processo de decisão.
 � Comunicação eficaz: uma comunicação que não afete e comprometa 
as atividades ou o negócio.
 � Comprometimento com o sucesso da empresa: ver a companhia como 
sua, tendo vontade e cuidado para fazer o negócio prosperar.
Conforme essas características, o contador gerencial não pode ser definido 
apenas como um cargo específico da contabilidade nas organizações, pois o 
perfil desse profissional demonstra uma postura de liderança e comprome-
timento em relação às atividades da empresa.
Caracterização da contabilidade gerencial 11
A contabilidade gerencial fornece informações vitais para a tomada 
de decisão dos gerentes. Acerca do assunto, assinale a alternativa 
incorreta.
a) Os encargos trabalhistas e previdenciários da mão de obra indireta não 
são considerados como custo de produção.
b) A contabilidade gerencial, de adoção facultativa pela empresa, é voltada 
para o público interno e não precisa seguir obrigatoriamente os princípios de 
contabilidade geralmente aceitos.
c) O salário de operários em greve não deve ser considerado como custo, 
mas sim como gasto ou despesa do período.
d) Entre outras, a contabilidade de custos tem como finalidade auxiliar os 
gestores da empresa no desempenho das funções administrativas.
e) As perdas normais ocorridas durante o processo de produção compõem 
o custo do produto elaborado.
Resultado: A.
Tudo o que se gasta no processo produtivo: custos. Tudo o que se gasta além 
do processo produtivo, como na venda, por exemplo: despesas.
Referências
ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial: informação para tomada de decisão e 
execução da estratégia. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
CARDOSO, R. L.; MENDONÇA NETO, O. R.; OYADOMARI, J. C. Os estudos internacionais 
de competências e os conhecimentos, habilidades e atitudes do contador gerencial 
brasileiro: análises e reflexões. BBR, v. 7, n. 5, p. 91–113, 2010. Disponível em: http://
www.spell.org.br/documentos/ver/7818. Acesso em: 16 dez. 2020.
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 8. ed. São 
Paulo: Atlas, 2017.
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto 
Alegre: AMGH Ed., 2013.
INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS. International management accounting 
practice statement: management accounting concepts. New York: IFAC, 1998.
IUDÍCIBUS, S.; SEGATO, V. D. Contabilidade gerencial: da teoria à prática. 7. ed. São 
Paulo: Atlas, 2020.
MARION, J. C.; RIBEIRO, O. M. Introdução à contabilidade gerencial. 3. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017.
OYADOMARI, J. C. T. et al. Contabilidade gerencial: ferramentas para melhoria de de-
sempenho empresarial. São Paulo: Atlas, 2018.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. Curitiba: IESDE, 2012.
Caracterização da contabilidade gerencial12
Leitura recomendada
A INTELIGÊNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (13 min). Pu-
blicado pelo canal ANEFAC. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?app=de
sktop&v=fNkEAmzZEOU. Acesso em: 16 dez. 2020.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores 
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
Caracterização da contabilidade gerencial 13
CONTABILIDADE 
BÁSICA
Fabiana Tramontin Bonho
Contabilidade e 
campo de atuação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Definir o que é contabilidade.
 Reconhecer os principais grupos de usuários da contabilidade.
 Identificar usos da contabilidade.
Introdução
A ciência contábil é tão antiga quanto a própria humanidade. Com o 
desenvolvimento cultural, social e econômico, foi que a contabilidade 
passou a evoluir e as regras e prática da contabilidade se desenvolveram 
de acordo com as necessidades e tendências mundiais com o passar 
dos anos. 
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de contabilidade e re-
conhecer os principais grupos de usuários desta. Ainda, vai aprender a 
identificar os usos da contabilidade.
O que é a contabilidade
A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. 
Sua maneira rudimentar de contar já era um modo de inventário, pois tinha 
como objetivo o controle do patrimônio, como rebanhos, fardos de alimentos, 
instrumentos de caça e pesca e outros bens quantitativos. O que mostra que o 
homem da antiguidade já tinha a preocupação com a riqueza e a propriedade 
(como acontece atualmente). 
Desde os primórdios, o homem teve que ir aperfeiçoando sua maneira 
de contabilizar, na medida em que as atividades se tornavam mais com-
plexas. Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura 
e do pastoreio. A organização econômica acerca do direito do uso do solo 
acarretou em separatividade, rompendo a vida comunitária, surgindo 
divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza 
individual. Nesse contexto, o homem observou que era preciso controlar, 
administrar e preservar seus bens e que poderia, por meio desse controle, 
obter e identificar se houve lucros. Foi por meio dessa necessidade que 
surgiu a contabilidade.
Assim, a origem da contabilidade está ligada à necessidade de registros do 
comércio, como forma de avaliar a riqueza do homem, bem como os acréscimos 
ou decréscimos de sua riqueza (MARION, 2011).
A contabilidade, ao contrário do que muitas pessoas pensam, é uma ciên-
cia social, e não exata, a qual, apesar de se utilizar de registros numéricos e 
cálculos matemáticos, sua essência não são os números propriamente ditos.
Ela é uma ciência social, pois é a ação humana que gera e modifica o 
fenômeno patrimonial, sendo que tudo que fizemos na vida necessitamos 
de métodos quantitativos (MARION, 2011). Assim, apesar da utilização de 
ferramentas matemáticas para o desenvolvimento das técnicas contábeis, a 
contabilidade estuda o comportamento das entidades jurídicas (empresas) ou 
físicas (pessoas) e suas variações ao longo do tempo, sendo que utiliza também 
técnicas de administração, finanças e modelos comportamentais. 
A contabilidade moderna nasceu no Norteda Itália, provavelmente durante os séculos 
XII e XIV. 
Ela consolidou-se pelo método desenvolvido pelo frade franciscano, matemático, 
teólogo e contabilista Frei Luca Pacioli, que publicou na Itália, em 1494, um tratado 
sobre contabilidade, no qual sistematizou o método das partidas dobradas, já existente 
a pelo menos um século e ainda hoje de grande utilidade no meio contábil. 
A importância da obra do Frei Luca está no reconhecimento do método como ideal 
para a escrituração, além da sistematização dos conceitos e instrumental contábil para 
o registro e controle patrimonial.
Fonte: Tessari (2010).
Contabilidade e campo de atuação2
A contabilidade segundo Franco (2009):
[...] é uma ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante 
o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos ocorridos,
com o fim de oferecer informações sobre a sua composição e suas variações, 
bem como sobre o resultado econômico da gestão da riqueza patrimonial.
Ribeiro (2005, p. 2) destaca outros conceitos desenvolvidos sobre a 
contabilidade:
a) É a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e
de registro relativas à administração econômica (conceito oficial for-
mulado no primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado
no Rio de Janeiro, em 1924).
b) É o sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com 
demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização (estudo sobre 
a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, elaborado pelo Instituto
Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras — IPECAFI,
e aprovado pelo Instituto Brasileiro de Contadores — IBRACON, 1986).
c) É a ciência que estuda, controla ou interpreta os fatos ocorridos no pa-
trimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva 
e a revelação desses fatos com o fim de oferecer informações sobre a
composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico da 
gestão da riqueza patrimonial (FRANCO, 2009).
O foco da contabilidade se dá mais especificamente no estudo da evolução 
patrimonial que uma entidade tem, demonstrando como as alterações realizadas 
por meio das ações de seus administradores e colaboradores afetam as suas 
diversas contas patrimoniais e, consequentemente, influenciam as variações 
no total de patrimônio da entidade.
Patrimônio, objeto da Contabilidade, é, conforme Franco (2009): 
[...] o estudo do patrimônio definido como o conjunto de bens, direitos e obriga-
ções pertencentes a uma ou mais pessoas, em seus aspectos estático (econômico 
e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela riqueza patrimonial) e nos seus 
aspectos qualitativos e quantitativos, visando desnudá-lo e mostrar-lhe como 
está sua situação, no intuito de propiciar condições de intervenção no mesmo.
3Contabilidade e campo de atuação
Assim, a contabilidade tem sido utilizada como ferramenta para o registro, 
a interpretação e o estudo dos eventos que modificam o total de bens, direitos 
e obrigações das sociedades ao longo do tempo. 
Os principais grupos de usuários da contabilidade
O objetivo principal da contabilidade é o de permitir a cada grupo de usu-
ários a avaliação da situação econômica e fi nanceira da entidade, num 
sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras 
(MARION, 2009).
Os usuários da contabilidade são aquelas pessoas que utilizam das infor-
mações fornecidas pela contabilidade para alguma finalidade. Cada usuário 
terá um interesse específico nessa utilização, visto que a ciência contábil 
serve a várias finalidades. Assim, os usuários de contabilidade também 
são chamados de stakeholders, que significa, em tradução livre, as “partes 
interessadas”. 
Para o IBRACON, considera-se um usuário toda pessoa física ou jurídica 
que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada 
entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou 
mesmo patrimônio familiar (INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTADO-
RES, 1992).
Nesse sentido, as demonstrações financeiras produzidas por meio da 
contabilidade podem servir a diversos tipos de usuários, dentre eles vamos 
citar alguns explicando seu principal objetivo na análise das demonstrações 
produzidas.
Por meio do pronunciamento da estrutura conceitual para elaboração e 
apresentação das demonstrações contábeis, o comitê de pronunciamentos 
contábeis — CPC cita entre os usuários das demonstrações contábeis os 
investidores atuais e potenciais, empregados, governos e suas agências e o 
público. Esses usuários utilizariam os relatórios contábeis para satisfazer 
algumas, dentre as diversas, de suas necessidades de informações.
Dessa forma é possível destacar que o empresário precisa tomar conhe-
cimento da evolução dos bens, dos valores que tem a receber e a pagar, bem 
como qual o seu lucro, etc. Os empregados precisam saber se a empresa está 
em condições financeiras de honrar compromissos, pagar os seus salários 
Contabilidade e campo de atuação4
e garantir seus benefícios previdenciários e trabalhistas. O governo, por 
sua vez, precisa saber se os tributos devidos pelas empresas estão sendo 
pagos em dia, além de ser o responsável por regulamentar as atividades 
das entidades, bem como utiliza a informação como base para determinar 
a renda nacional e as estatísticas (MARION, 2011). Os bancos e credores 
de empréstimos precisam avaliar se essas empresas apresentam capacidade 
de pagamento para quitarem seus empréstimos, bem como os seus juros, ou 
se podem ainda liberar créditos com o objetivo de antecipar suas receitas, 
por exemplo. Além disso, os fornecedores precisam saber se podem vender 
a prazo, ou seja, se há capacidade de solvência. O cliente da empresa, por 
fim, precisa saber se esta atende as suas necessidades e cumpre com suas 
obrigações financeiras, além da saber da sua continuidade operacional 
(MARION, 2011), e assim por diante.
Segundo Franco (2009), pode-se dividir esses usuários em dois grandes 
grupos, quais sejam os usuários internos e os usuários externos. Os usuá-
rios internos são pessoas que trabalham na entidade, tais como diretores, 
gerentes e administradores, nos diversos níveis. Esses usuários utilizam 
as informações contábeis para ajudar no processo de decisão. Segundo a 
autora, um gerente de uma empresa, por exemplo, necessita da informação 
sobre determinado produto, como se seu atual preço de venda gera um 
resultado positivo ou negativo, para então decidir pela continuidade ou não 
da produção. Da mesma forma, uma empresa que tem lojas em diferen-
tes cidades pode verificar em qual delas o desempenho é melhor. Assim, 
quando a contabilidade é utilizada por usuários internos, ela é chamada de 
contabilidade gerencial. 
Os usuários externos são aqueles que utilizam as informações sobre a 
entidade para a tomada de suas decisões em relação a investir ou não em 
determinada empresa. É possível destacar: acionistas, clientes, fornecedores, 
bancos, governo, sindicato, etc. Segundo Franco (2009), esses usuários se dife-
renciam dos internos por não estarem envolvidos diretamente com a entidade. 
Em decorrência disso, o nível de informação recebida desses usuários é mais 
limitado do que o daqueles. 
Os usuários externos têm acesso à informação preparada pela adminis-
tração da entidade, sendo que essa contabilidade é denominada contabilidade 
financeira. Veja a seguir o Quadro 1.
5Contabilidade e campo de atuação
Fonte: Adaptado de Padoveze (2012)
Fatores 
Contabilidade 
financeira
Contabilidade 
gerencial
Usuários Externos Internos 
Estrutura dos relatórios Formatados Não formatados
Relatórios principais Balanço patrimonial, de-
monstração do resultado 
e fluxo de caixa
Quaisquer relatórios ne-
cessários para a tomada 
de decisão
Custos ou valores 
utilizados 
Primariamente históricos 
(passados)
Históricos e previstos 
(esperados)
Restrição nas 
informações

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