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CONTABILIDADE GERENCIAL Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Descrever a evolução histórica da contabilidade gerencial. > Identificar as principais diferenças entre contabilidade gerencial e conta- bilidade financeira. > Aplicar a informação contábil gerencial para a tomada de decisão em planos de investimentos e financiamentos. Introdução A contabilidade representa importante ciência que, entre outros aspectos, trata dos registros das movimentações financeiras nas empresas. Esses registros possibilitam que os colaboradores, sócios, acionistas, fornecedores, poder público e gestores sejam informados sobre a situação financeira e contábil das organiza- ções. Para entender como essa ciência passou de um recurso de organização de registros para um elemento indispensável no processo de análise e tomada de decisão nas organizações, é preciso traçar um percurso histórico da contabilidade, de sua origem até os dias atuais. Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial Ricardo da Silva e Silva Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Neste capítulo, vamos explicar a evolução da contabilidade gerencial ao longo da história, destacando as principais diferenças entre a contabilidade financeira e a gerencial. Além disso, descreveremos como a informação contábil pode subsidiar a tomada de decisão nas organizações. Evolução histórica da contabilidade gerencial A contabilidade é tão antiga quanto as grandes civilizações. Há autores que destacam que os registros contábeis nasceram com a sociedade e a necessidade de registros de patrimônio. Entretanto, a sociedade capita- lista propiciou o surgimento de um processo produtivo em maior escala, bem como ferramentas mais modernas e novas formas de relações sociais. É possível destacar, então, o capitalismo como um marco na sistematização e no avanço da contabilidade. Porém, antes de nos voltarmos ao percurso histórico dos registros contá- beis, é preciso voltar os olhos ao contexto atual para conceituar contabilidade, que consiste em um “[...] um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de conta- bilização” (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007, p. 29). De fato, trata-se de uma ciência que possui diversas ramificações, todas elas voltadas a apresentar ferramentas e controles visando à organização da movimentação financeira nas empresas. A Figura 1 apresenta um esquema das diferentes ramificações da conta- bilidade, suas características e a relação entre elas. Veja que as ramificações contemplam todos os registros financeiros de uma empresa. A contabilidade tributária cuida do registro e do gerenciamento dos tributos correspondentes ao negócio, enquanto a contabilidade de custos permite a análise e o registro dos processos e das operações da organização. Há ainda, a contabilidade gerencial, que abrange uma série de processos e procedimentos “[...] tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada” (IUDÍCIBUS, 2004, p. 23). Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial2 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Figura 1. Ramificações da contabilidade gerencial. Fonte: Adaptada de Atkinson et al. (2000), Fabretti (2006) e Stair e Reynolds (2011). Por sua abrangência, a contabilidade gerencial possibilita uma aná- lise mais aprofundada de informações contábeis e consiste, assim, em uma ferramenta que subsidia o processo decisório nas organizações. É possível afirmar, nesse sentido, que a contabilidade gerencial se relaciona com planos e estratégias das empresas, amparando-se na análise de relatórios contábeis e, por consequência, da situação financeira do negócio. Segundo Padoveze (2012), uma das principais utilidades da contabilidade gerencial é o atendimento ao público interno de uma empresa, por meio de informações que subsidiem o processo decisório e da apresentação de análises mais amplas da contabilidade financeira. De conhecimento do significado de contabilidade e de sua importância, vejamos, agora, um breve percurso histórico dessa ciência. Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 3 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Eras da contabilidade gerencial A contabilidade gerencial pode ser definida a partir de seu processo evolu- tivo. Por meio de uma classificação realizada pela International Federation of Accountants (IFAC) no relatório IMAP 1 (INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS, 1998), é possível vislumbrar as distintas fases da contabilidade gerencial. Nesse relatório, são categorizados quatro estágios evolutivos da contabilidade gerencial. O Quadro 1 destaca o período de cada um desses estágios, as principais características de cada um e as ferramentas mais utilizadas. Quadro 1. Estágios da contabilidade gerencial Estágio Período Características Ferramentas Estágio 1 Anterior a 1950 Foco nas definições de custos e financeiras pela utilização de recursos orçamentários e de contabilidade de custos. Métodos de custeio, controle financeiro, operacional e orçamentário. Estágio 2 De 1950 a 1965 Foco no planejamento gerencial, a partir do uso de recursos e ferramentas que subsidiam a análise e o processo decisório. Orçamento de capital e descentralização. Estágio 3 De 1965 a 1985 Foco no controle da redução do desperdício pela observância da utilização dos recursos por meio do gerenciamento e do controle destes. Métodos de custeio, kaizen, benchmarking e just-in-time. Estágio 4 De 1985 até a atualidade Foco na geração de valor, no uso efetivo de recursos, em ferramentas e tecnologias que permitam a inovação organizacional, agregando valor a clientes e acionistas. Planejamento estratégico, balanced scorecard e métodos de avaliação de desempenho. Fonte: Adaptado de International Federation of Accountants (1998). O estágio atual da contabilidade gerencial possibilita que instrumentos e ferramentas sejam utilizados para que o público interno de uma empresa possa tomar decisões bem fundamentadas, gerando valor para o público Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial4 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 externo. Cabe destacar que o estágio atual da contabilidade gerencial con- templa os focos dos estágios anteriores, mas com um caráter aperfeiçoado de busca pela inovação, por meio do uso de ferramentas, recursos e práticas que serão destacados ao longo deste capítulo. Diferenças entre contabilidade gerencial e contabilidade financeira Como destacado na Figura 1, a contabilidade financeira e a contabilidade gerencial estão relacionadas. A contabilidade gerencial permite que sejam realizadas análises baseadas em informações da contabilidade financeira. Entretanto, mesmo que ambas as modalidades tenham suas similitudes, elas representam distintas perspectivas da contabilidade em uma série de aspectos. Os principais elementos que podem diferenciar a contabilidade geren- cial da financeira são o público com o qual cada uma dessas abordagens se comunica, os objetivos de cada uma e os tipos de relatórios que geram, conforme destacado na Figura 2. Figura 2. Diferenças entre contabilidade financeira e gerencial. Fonte: Adaptada de Garrison (2013, p. 2). Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 5 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Conceitos, abordagens e aplicações da contabilidade financeira A contabilidade financeira se destina ao atendimento do público externo, ou seja, acionistas, credores, investidores, entidades governamentais, etc. O objetivo fundamental desse tipo de contabilidade é atender às necessidadesdos agentes externos por meio de uma série de relatórios e demonstrativos. Padoveze (2012, p. 9) afirma que a contabilidade financeira é aquela denomi- nada contabilidade tradicional, “[...] entendida basicamente como instrumento contábil essencial para a feitura dos relatórios para usuários externos e necessidades regulamentadas”. Atkinson et al. (2000 p. 37) corroboram esse conceito, afirmando “[...] a contabilidade financeira tem a função de comunicar aos agentes externos as consequências das decisões e das melhorias dos processos executadas por administradores e funcionários”. No sentido de atendimento ao público externo, há uma série de relatórios que possibilitam a operacionalização dos negócios de uma organização. Conforme Padoveze (2012), as principais formas de relatórios da contabilidade financeira são o balanço patrimonial, as demonstrações dos resultados e o fluxo de caixa, havendo, ainda, outros documentos rotineiros, como o registro de contas a pagar e a receber e o giro de estoque. A fim de haver um entendimento mais amplo a respeito da contabilidade financeira, vejamos no que consistem seus principais relatórios e a que fim se destinam. � O balanço patrimonial indica a posição financeira de uma organiza- ção em determinado período, conforme a análise de bens, direitos e obrigações da empresa. � O fluxo de caixa apresenta o fluxo monetário na organização, ou seja, a saída e a entrada de capital de seu caixa. � O demonstrativo de resultados do exercício (DRE) indica o resultado líquido de uma organização em determinado período. Nesse demonstra- tivo, são feitas deduções de impostos e de outros custos para, a partir do lucro bruto, indicar o resultado líquido de determinado período. Cabe ressaltar que, a partir dos demonstrativos da contabilidade financeira, podem ser extraídos indicadores com o objetivo de dar suporte à contabilidade gerencial visando subsidiar a tomada de decisão. Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial6 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Conceitos, abordagens e aplicações da contabilidade gerencial A contabilidade gerencial possui um escopo mais amplo que a contabilidade financeira, permitindo que gestores tomem decisões mais assertivas a partir dos relatórios, índices e documentos. Como o próprio nome diz, a contabilidade gerencial se destina, de maneira geral, ao nível gerencial de uma organização, em que são tomadas as decisões de médio e longo prazo. Garrison (2013, p. 2) afirma que “[...] a contabilidade gerencial envolve o fornecimento de informações a gerentes para uso na própria organização”. Já Iudícibus (2004, p. 21) indica que ela: [...] pode ser caracterizada como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanço etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. A contabilidade gerencial tem estreita relação com o processo deci- sório. Nesse sentido, há uma série de ferramentas e relatórios que fornecem subsídios para a tomada de decisão. Inclusive, tal processo é possível a partir da análise de relatórios da contabilidade financeira. Entre as ferramentas, os demonstrativos e os recursos da contabilidade gerencial que apoiam o processo decisório, está o orçamento. Padoveze (2012) indica que o orçamento é uma ferramenta que auxilia todas as áreas de uma empresa, a partir de dados previstos no processo de planejamento. Outras ferramentas capazes de auxiliar o processo decisório são o ponto de equilíbrio, que apresenta, por meios de um cálculo, quantas unidades de um produto precisam ser vendidas para que todos os custos de uma empresa sejam pagos. Também há a taxa interna de retorno (TIR), que aponta a viabilidade financeira de um investimento, pois “[...] é definida como a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de caixa ao investimento inicial referente a um projeto” (GITMAN; MADURA, 2003, p. 330). Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 7 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Informação contábil gerencial para a tomada de decisão em planos de investimentos e financiamentos Para que haja um melhor entendimento a respeito do processo decisório, é indispensável conceituar a tomada de decisão no contexto empresarial. As decisões, nas organizações, podem ser de curto prazo, envolvendo decisões rotineiras do cotidiano das empresas, ou de médio e longo prazo, abrangendo decisões estratégicas. Nesse sentido, a contabilidade gerencial é um excelente instrumento para apoiar a administração na tomada de decisões. “Na ver- dade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para tomada de decisões” (MARION, 2009, p. 25). Tomada de decisão de financiamento Muitas das decisões tomadas nas organizações envolvem a possibilidade da tomada de recursos de terceiros. É possível que uma empresa não possua capital próprio para a realização de um investimento em alguma melhoria ou projeto, e, nesse caso, é necessário analisar se poderia assumir um en- dividamento a longo prazo. Gitman e Madura (2003, p. 6) afirmam que, para uma decisão de investi- mento, “[...] devem ser estabelecidos os níveis de financiamento de curto e longo prazos. Uma segunda preocupação, igualmente importante, é determinar as melhores fontes de financiamento”. Ainda, é necessário realizar alguns questionamentos no momento da tomada de decisão de financiamento, como: Qual é a taxa de juros? Existem impostos? Para responder a essas perguntas, os gerentes financeiros precisam avaliar a disponibilidade de crédito, a concorrência do setor bancário, o retorno do negócio, o risco de inadimplência, a taxa de juros, o nível de atividade da economia e as vantagens competitivas (SILVA, 2012). Tomada de decisão de investimento A tomada de decisão de investimento tem relação com o processo de cres- cimento e de ampliação dos negócios. Muitas vezes, é necessário que uma organização realize investimentos utilizando seu próprio capital. Nesse caso, precisa analisar se o investimento realizado é viável, ou seja, se haverá um retorno sobre o investimento realizado. Assaf Neto (2003, p.275) entende Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial8 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 que “[...] as decisões de investimentos envolvem a elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas com o objetivo, normalmente de médio e longo prazos, de produzir determinado retorno aos proprietários de ativos”. Contabilidade gerencial como ferramenta de apoio à decisão Como destacado ao longo deste capítulo, há uma série de demonstrativos, aplicativos e ferramentas que possibilitam que o gestor tome uma decisão bem fundamentada, reduzindo a possibilidade de erro. O Quadro 2 apresenta os principais relatórios de gestão financeira e de qual forma podem auxiliar no processo decisório. Quadro 2. Demonstrativos contábeis e o processo decisório Demonstrativo Análise no processo decisório Balanço patrimonial O balanço patrimonial é um dos recursos que o administrador pode utilizar em benefício de sua empresa. Por meio dele, podem ser visualizados os grupos de contas responsáveis por grande parte da movimentação ocorrida na entidade, de forma que resume a saúde da empresa, auxiliando no controle das atividades e, principalmente, influenciando nas tomadas de decisões (COSTA et al., 2016). Fluxo de caixa Por meio do fluxo de caixa projetado, o gestor pode programar e acompanhar as entradas e saídas de recursos financeiros, tanto a curto quanto a longo prazo.Pelo fluxo de caixa, o usuário externo pode conhecer e avaliar o comportamento do fluxo de ingressos e de desembolsos dos recursos financeiros da empresa em determinado período, permitindo uma análise mais segura da situação financeira da organização (ROSA; SILVA, 2002). Demonstrativo do resultado do exercício O DRE possibilita tomadas de decisões mais assertivas, na medida em que reúne e apresenta, com exatidão, as informações necessárias para avaliar o desempenho da empresa e medir o alcance dos objetivos estabelecidos para cada uma de suas áreas (TOM, 2016). Ainda há outros recursos disponíveis na contabilidade gerencial que au- xiliam o processo decisório, como a TIR, o orçamento e o ponto de equilíbrio. A TIR pode subsidiar o processo decisório por revelar, por meio da análise das Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 9 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 projeções dos fluxos de caixa, se um investimento realizado no presente vai gerar o retorno financeiro esperado. Essa taxa é calculada levando em conta o valor presente do investimento e as projeções futuras do fluxo de caixa, e depois comparada à taxa de mercado, visando avaliar se um investimento é ou não viável. O orçamento, como já visto, também fornece subsídios à tomada de decisão. Pelo processo orçamentário, é possível definir metas e objetivos organizacionais, inclusive a longo prazo, realizando uma previsão de receitas e de despesas futuras. De fato, o orçamento: [...] fornece expectativas definidas que representam a melhor estrutura para jul- gamento de desempenho subsequente. A orçamentação ajuda os administradores na coordenação de seus esforços, de tal forma que os objetivos da organização sejam confrontados com os objetivos de suas partes (PADOVEZE, 2012, p. 201). Por fim, o ponto de equilíbrio mostra quanto é necessário vender para que as receitas se igualem aos custos. Para identificar o ponto de equilíbrio, é necessário saber a margem de contribuição, que é o valor que contribui para cobrir os demais custos da empresa. Para calcular a margem de contribuição unitária, deve-se deduzir, do preço de venda, os custos do produto. Para descobrir o ponto de equilíbrio, então, é necessário dividir os gastos fixos mensais pela margem de contribuição. Veja o exemplo a seguir. A empresa Alfa Ltda. o preço de venda do Produto A em R$ 50,00. O custo do produto é de R$ 35,00. Os gastos fixos da empresa totalizam R$ 40.000,00. Foi projetado, pelo setor de vendas, que o Produto A venderá, mensalmente, 400 unidades. Assim, tem-se o seguinte. Margem de contribuição (MC): MC = 50 – 35 MC = R$ 15,00 Ponto de equilíbrio (PE): PE = R$ 40.000/15 PE = R$ 2.666,67 Portanto, é necessário que a empresa venda pelo menos 2.000 unidades do Produto A para que possa ter lucro. Nesse caso, o ponto de equilíbrio pode servir para subsidiar o processo decisório, elaborando estratégias para aumentar a margem de lucro ou, até mesmo, readequar os custos fixos. Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial10 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Neste capítulo, destacamos a importância da contabilidade gerencial, descrevendo o caminho por ela percorrido em suas distintas eras. Além disso, diferenciamos contabilidade financeira de contabilidade gerencial, destacando suas abrangências, seus focos, etc. De forma complementar, explicamos por que a contabilidade financeira é essencial para realizar as análises da contabilidade gerencial. Também destacamos as estratégias, as ferramentas e os relatórios que tornam possível, a gestores, utilizar a contabilidade gerencial para apoiar o processo decisório, evidenciando que a contabilidade gerencial é indispensável no processo de gestão. Dessa forma e em síntese, a contabilidade não deve ser vista apenas como um instrumento para o registro de informações obrigatórias, mas como um instrumento essencial para o processo de planejamento estratégico organizacional. Referências ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003. ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. COSTA, R. A. T. et al. Balanço patrimonial como ferramenta para a tomada de decisão. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Micro e Pequenas Empresas, v. 1, nº 1, p. 57–67, 2016. Disponível em: http://files.comunidades.net/robsontavares/6balanco_ patrimonial_como_ferramenta_para_tomada_de_decisao.pdf. Acesso em: 17 dez. 2020. FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006. GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. GITMAN, L. J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo: Pearson, 2003. INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS. Management accounting concepts: International Management Accounting Practice Statement. New York: IFAC, 1998. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E.; GELBECKE, E. R. Manual de contabilidade das sociedades por ações (aplicável às demais sociedades). 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. Curitiba: IESDE, 2012. ROSA, P. M. da.; SILVA, A. T. da. Fluxo de caixa: instrumento de planejamento e controle financeiro e base de apoio ao processo decisório. Revista Brasileira de Contabili- dade, nº 35, p. 83–95, 2002. Disponível em: http://rbc.cfc.org.br/index.php/rbc/article/ view/425/217. Acesso em: 18 dez. 2020. SILVA, F. P. M. da. Tomada de decisão financeira: aplicando o processo orçamentário. Revista Administração em Diálogo, v. 14, nº 3, p. 1–23, 2012. Disponível em: https:// revistas.pucsp.br/rad/article/download/4166/16492. Acesso em: 18 dez. 2020. Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial 11 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 STAIR, R. M.; REYNOLDS, G. W. Princípios de sistemas de informação. 9 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. TOM, C. Guia da DRE: tudo sobre a demonstração de resultado do exercício. 2020. Disponível em: https://blog.contaazul.com/como-estruturar-e-usar-a-dre-na-tomada- -de-decisoes. Acesso em: 18 dez. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Da contabilidade financeira à contabilidade gerencial12 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Identificação interna do documento XNK9HUWL6A-BGKH1P1 Nome do arquivo: C03_Contabilidade_financeira_contabilidade_gerencial_FINAL_20211 1121608218205351.pdf Data de vinculação ao processo: 12/11/2021 16:08 Processo: 511328 GESTÃO DOS CUSTOS INDUSTRIAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar as semelhanças e diferenças entre a contabilidade financeira, gerencial e de custos. > Descrever a evolução histórica da contabilidade de custos. > Reconhecer o papel da contabilidade gerencial na análise e na tomada de decisão. Introdução A contabilidade é um meio pelo qual as organizações podem realizar o seu gerenciamento operacional, financeiro e econômico. Note que esse é um assunto de extrema relevância, já que tem a ver com o desenvolvimento de uma boa gestão empresarial. Neste capítulo, você vai conhecer os fundamentos da contabilidade geren- cial, financeira e de custos. Você também vai ler sobre a evolução histórica da contabilidade de custos, atentando a datas e acontecimentos marcantes, como a Revolução Industrial. Por fim, você vai verificar a importânciada contabilidade gerencial nos processos de tomada de decisão das empresas. Contabilidade financeira, gerencial e de custos Leuter Duarte Cardoso Junior Fundamentos da contabilidade financeira, gerencial e de custos Para começar, você vai conhecer os elementos basilares da contabilidade financeira, da contabilidade gerencial e da contabilidade de custos. A ideia é que você verifique possíveis semelhanças e diferenças entre elas, com o propósito de analisar suas aplicações e contribuições para o gerenciamento empresarial. Contabilidade financeira A contabilidade financeira é uma ciência destinada à elaboração de demons- trações econômicas e financeiras que tem o intuito de fornecer dados e informações para alguns stakeholders. Entre eles, estão: instituições regula- doras e governamentais, instituições financeiras (bancos), bolsas de valores, autarquias e sociedade em geral. Nesse sentido, a contabilidade financeira supre os gestores com dados e informações úteis para processos decisórios. Entre tais processos, destacam-se: � ajuste dos preços de venda; � estruturação do orçamento de capital; � avaliação do desempenho; � ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro; � análise das taxas de lucratividade e rentabilidade. Assim, toda e qualquer análise financeira é pautada pelos dados gerados e condensados pela contabilidade financeira. Além disso, a contabilidade financeira tem por obrigação legal e fiscal publicar as demonstrações con- tábeis periodicamente. É possível notar isso claramente nas companhias de capital aberto, que normalmente publicam seu balanço patrimonial e sua demonstração de resultados a cada trimestre (considerando as empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo — Bovespa). Segundo Atkinson et al. (2000), a contabilidade financeira tem como foco central a produção de demonstrativos financeiros e econômicos direcionados ao público externo. Contabilidade financeira, gerencial e de custos2 Contabilidade gerencial A contabilidade gerencial gera informações para o gerenciamento, o pla- nejamento, o acompanhamento do desempenho econômico e financeiro, a definição dos preços de venda em determinados períodos e a tomada de decisões empresariais. Para Atkinson et al. (2000, p. 36), esse é um tipo de contabilidade que visa a “[...] identificar, mensurar, reportar e analisar informações sobre os even- tos econômicos das empresas”. Para Iudícibus (2009, p. 21), a contabilidade gerencial pode ser: [...] caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. Para Horngren et al. (2004, p. 4), a “[...] contabilidade gerencial é o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir seus objetivos organizacio- nais”. Dessa maneira, a contabilidade gerencial está intimamente ligada com o planejamento e o controle de uma empresa em todos os seus aspectos. Para avançar em seu estudo, você deve atentar agora à informação gerencial contábil. Veja alguns pontos relevantes no Quadro 1. Quadro 1. Funções da informação gerencial contábil Função Descrição Controle operacional Fornece informação (feedback) sobre a eficiência e a qualidade das tarefas executadas. Custeio do produto e do cliente Mensura os custos dos recursos para se produzir, vender e entregar um produto ou serviço aos clientes. Controle administrativo Fornece informações sobre o desempenho financeiro e competitivo de longo prazo, as condições de mercado, as preferências dos clientes e as inovações tecnológicas. Controle estratégico Fornece informações sobre o desempenho financeiro e competitivo de longo prazo, as condições de mercado, as preferências dos clientes e as inovações tecnológicas. Fonte: Adaptado de Atkinson et al. (2000). Contabilidade financeira, gerencial e de custos 3 Como você viu no Quadro 1, a informação contábil é uma fonte para o controle operacional, administrativo e estratégico. Não obstante, ela ainda contribui para o custeio dos produtos e serviços oferecidos ao mercado consumidor. Portanto, a contabilidade gerencial tem uma função importante na gestão das organizações, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte. Contabilidade de custos Segundo Leone (2000), a contabilidade de custos integra a contabilidade geral. Além disso, ela tem por princípio a análise dos fatos financeiros e econômicos decorrentes das operações que impactam a situação patrimonial das empresas. Os profissionais que utilizam a contabilidade de custos para o exercício da sua profissão entendem que ela é uma ferramenta eficiente para o geren- ciamento empresarial. Segundo Martins (2003), a contabilidade de custos tem duas funções importantes: auxiliar no controle das operações e contribuir para a tomada de decisões para ações estratégicas. Ao exercer a função de controle, a contabilidade de custos fornece dados para análises de tendências e padrões, bem como para previsões de cenários futuros. Ela também contribui para o desenvolvimento dos orçamentos e o acompanhamento das evoluções dos gastos operacionais de cada período. Já ao auxiliar nas decisões empresariais, a contabilidade de custos fornece informações para a determinação de padrões produtivos, preços de venda, políticas de investimentos e financiamentos. Devido às suas funcionalidades, a contabilidade de custos ganhou espaço no gerenciamento empresarial. Administrar e controlar os custos são tarefas essenciais para o alcance dos objetivos estratégicos ao longo do tempo. Distinções entre as contabilidades Como você já viu, a contabilidade gerencial tem uma importância interna. Afinal, ela fornece informações aos gestores com o objetivo de melhorar e aprimorar o desempenho da organização. Os relatórios gerados por esse tipo de contabilidade não têm necessariamente um formato predefinido e podem conter diversas informações, inclusive sobre custos e outros elementos financeiros da organização. Contabilidade financeira, gerencial e de custos4 Já a contabilidade de custos é parte integrante da contabilidade gerencial, porém seu foco está na mensuração e no controle dos custos empresariais das operações realizadas ao longo do tempo. Por outro lado, a contabilidade financeira resume e publica os dados financeiros e econômicos de forma detalhada no balanço patrimonial, na demonstração de resultados, no fluxo de caixa, etc. No Quadro 2, observe algumas distinções entre as contabilidades, consi- derando o seu propósito nas organizações. Quadro 2. Diferenças entre contabilidade financeira, contabilidade gerencial e contabilidade de custos Contabilidade financeira Contabilidade gerencial Contabilidade de custos � Obrigatoriedade de publicação � Informações destinadas aos stakeholders externos � Foco nas atividades históricas � Informação com exatidão � Perspectiva de análise para o futuro � Informação contábil para diversas decisões � Uso das informações no âmbito interno � Intuito de facilitar o planejamento, o controle e a avaliação da empresa � Relatórios baseados em orçamentos e desempenho da organização � Mensuração e registro de informações sobre o consumo de recursos pela empresa � Fornecimento de informações para a contabilidade gerencial � Foco na análise dos gastos ao longo dos processos � Preocupação com a acumulação dos custos nos processos produtivos Como você viu, o Quadro 2 resume as principais diferenças entre a conta- bilidade financeira, a contabilidade de custos e a contabilidade gerencial. Esta última é mais voltada aanálises estratégicas e futuras da organização, gerando informações e dados para a tomada de decisão. Por sua vez, a contabilidade de custos está centrada na mensuração e no registro dos custos, fornecendo informações para a contabilidade gerencial. Por fim, a contabilidade financeira tem por missão publicar as demonstrações contábeis e financeiras. Contabilidade financeira, gerencial e de custos 5 Evolução histórica da contabilidade de custos A contabilidade de custos surgiu em meio à Revolução Industrial, no século XVIII. Ela teve por base a contabilidade geral desenvolvida no período mercan- til. Com a modificação e o crescimento do sistema produtivo, a contabilidade de custos ganhou espaço para auxiliar as indústrias no seu processo de gestão e organização. Nesse contexto, a contabilidade de custos passou a ser utilizada em diver- sos segmentos da economia, como na indústria calçadista e na agricultura. Com o surgimento da indústria e suas inovações, a competição nos mercados aumentou, levando as empresas a buscar técnicas e formas de gerenciamento mais qualificadas. Assim, a contabilidade de custos ganhou importância no meio gerencial, tornando-se um instrumento para o aperfeiçoamento e a melhoria dos processos financeiros e organizacionais. A contabilidade de custos passou por um avanço maior entre o final do século XIX e o início do século XX. O setor que mais utilizava esse tipo de contabilidade para seus controles e seu gerenciamento era o setor metalúrgico norte-americano, em especial o estadunidense. Assim, era possível analisar a produtividade das linhas operacionais e também os resultados gerados ao longo dos processos. Sloan (2001) ilustra a importância dada à informação gerada pela con- tabilidade de custos mencionando o uso desse tipo de contabilidade pela General Motors na década de 1920. Portanto, no início do século XX, a gestão dos custos adquiriu maior importância para o controle das operações e a mensuração dos resultados. Logo, a informação de custos tornou-se um dos pilares do controle e do acompanhamento dos gastos operacionais em cada estágio ou processo produtivo. Ademais, ela se tornou fundamental para uma análise mais apurada das ineficiências de processos e resultados, capazes de afetar o aumento das taxas de lucro e rentabilidade. Na Figura 1, observe um esquema que ilustra o surgimento e a importância da contabilidade de custos no meio empresarial. Contabilidade financeira, gerencial e de custos6 Figura 1. Fatores que contribuíram para o surgimento da contabilidade de custos. Expensão das organizações; Maior concorrência dos mercados; Surgimento de novos itens de custos. Surgimento da contabilidade de custos Produções em escala; Novas formas de produção. Aperfeiçoamento da contabilidade de custos Planejamento de controle da produção; Tomada de decisão. Como mostra a Figura 1, a expansão das organizações, a maior concorrência nos mercados e o aparecimento de novos itens de custos após a Revolução Industrial são alguns dos estopins para o surgimento da contabilidade de custos. A contabilidade de custos tem seu desenvolvimento mais profundo entre os anos 1930 e 1950, e o seu aperfeiçoamento foi acontecendo progressiva- mente. De 1930 a 1970, foram elaborados diversos métodos e processos para a realização de análises de custos, tais como: estatísticas de produção, custo padrão, contabilidade pública e planejamento tributário. No Quadro 3, veja alguns dos objetivos atuais da contabilidade de custos desenvolvida nas organizações em geral. Quadro 3. Objetivos atuais da contabilidade de custos Avaliação de inventários e resultados Planejamento e controle Processo decisório � Avaliação de inventários � Avaliação de resultados � Elaboração dos orçamentos � Definição dos preços � Análise da evolução dos custos � Definição do volume de produção � Produzir ou terceirizar � Eliminar ou manter linhas de produção � Atender a pedidos de produção customizados � Estabelecer padrões de investimentos Contabilidade financeira, gerencial e de custos 7 Portanto, a contabilidade de custos tinha como proposta inicial a avaliação dos estoques e dos resultados operacionais das empresas. Com o passar do tempo, ela começou a contribuir para as atividades de controle e os processos de decisão. Por essa razão, é uma área de estudos em franca ascensão, que coopera cada vez mais com a gestão empresarial eficiente e proponente, visando a resultados operacionais sustentáveis ao longo do tempo. Para que uma empresa se mantenha “saudável”, é fundamental que o seu setor contábil forneça dados e informações úteis para os pro- cessos de decisão. Contabilidade gerencial para o processo decisório das empresas Em um sistema de administração eficiente e completo, a contabilidade geren- cial é um dos elementos fundamentais para o alcance de resultados positivos a longo prazo. Dessa perspectiva, a contabilidade gerencial pode ser considerada um amplo instrumento auxiliar nos processos decisórios. Para Marion (2011, p. 16), “[...] a contabilidade é importante no processo de tomada de decisão porque coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados”. Quanto à importância da contabilidade gerencial para o processo decisório das organizações, pode-se entender que ela subsidia, por meio de um sistema de informação contábil gerencial, todas as áreas da empresa. No Quadro 4, veja as principais informações geradas por esse sistema para a tomada de decisão. Contabilidade financeira, gerencial e de custos8 Quadro 4. Categorias da informação contábil para a tomada de decisão Categoria da informação Objetivo Finalidade Temas envolvidos Gerenciamento contábil global Canalizar informações sintéticas Controlar e planejar a empresa com base em uma visão de conjunto � Sistema de Informações Gerenciais (SIG) � Demonstrativos contábeis básicos � Contabilidade em valores constantes e em outras moedas � Análise financeira ou de balanço � Gestão de impostos Gerenciamento contábil setorial Canalizar os conceitos de contabi- lidade por responsabili- dade Controlar e planejar com base em uma visão setorial � Centro de responsabilidade � Contabilidade divisional � Rentabilidade por divisões e produtos � Consolidações de balanços Gerenciamento contábil específico (contabilidade gerencial) Canalizar informação de forma isolada Gerar informação a um grau maior de detalhamento, a um nível operacional � Fundamentos, sistemas e métodos de custeamento � Construção do custo por custeio direto por absorção e por atividades � Análise custo–volume–lucro � Custo padrão � Formação de preço de venda � Inflação da empresa � Análise de custos Orçamentos e projeções Embasar planos e ações futuros Planejar estrategicamente e projetar o orçamento � Orçamento e suas técnicas � Projeção de resultados Fonte: Adaptado de Pagotto e Costa (2003). Contabilidade financeira, gerencial e de custos 9 Ao observar o Quadro 4, note quão importante a contabilidade gerencial é para o fornecimento de informações, dados e relatórios e para o processo decisório das companhias. Considerando suas finalidades, a contabilidade gerencial contribui para o planejamento e o controle global e setorial da empresa. Ela também gera informações granulares sobre as operações da organização e ainda auxilia no planejamento estratégico e na elaboração dos orçamentos empresariais. Bruni e Gomes (2010) elencam algumas práticas da contabilidade gerencial que auxiliam na tomada de decisão, em especial no contexto de pequenas e médias empresas. No Quadro 5, confira as principais práticas em conformidade com as decisões empresariais. Quadro 5. Práticas de contabilidade gerencial que influenciam a tomada de decisões Prática Funcionalidade Influência na decisão Fluxo de caixaDiscrimina todos os valores a serem recebidos e pagos num determinado intervalo de tempo. Verifica a possibilidade de investimentos e o melhor período para determinada compra. Orçamento Contém a mensuração econômica dos planos operacionais da empresa, o que é relevante para o processo de planejamento, execução e controle. Avalia a melhor estrutura de esforços para os objetivos como um todo, auxiliando na tomada de decisões sobre os recursos materiais financeiros e humanos. Análise das demonstrações contábeis Especifica a situação empresarial, consistindo na decomposição, na comparação e na interpretação de informações. Compreende a situação da empresa naquele momento, comparando-a com a dos anos anteriores e fazendo projeções futuras. Controle do preço de venda Analisa os preços dos produtos no mercado periodicamente e faz o processo inverso de marcação de preço. Identifica na prática se o preço sugerido está de acordo com a realidade dos custos operacionais. Fonte: Adaptado de Bruni e Gomes (2010). Contabilidade financeira, gerencial e de custos10 Como mostra o Quadro 5, a contabilidade gerencial influencia as decisões de investimentos a curto e longo prazo. Ela ainda contribui para a identifi- cação das melhores alternativas para o emprego dos recursos de produção e auxilia na definição de preços em função dos custos operacionais, por exemplo. Assim, a contabilidade gerencial é importante para todos os setores e políticas da organização. Em síntese, a contabilidade gerencial é uma grande aliada dos processos decisórios nas organizações. Como você viu, ela está ligada às atividades de planejamento, controle e avaliação do desempenho das instituições, contri- buindo para que as organizações fiquem sob o controle da administração e para que os processos em desconformidade sejam identificados. Assim, ela auxilia nas correções necessárias, com o propósito de aprimorar os processos operacionais, minimizar os custos operacionais e potencializar os resultados financeiros e econômicos. Referências ATKINSON, A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BRUNI, A.; GOMES, S. Controladoria empresarial: conceitos, ferramentas e desafios. Salvador: EDUFBA, 2010. HORNGREN, C. et al. Contabilidade gerencial. 12. ed. São Paulo: Pretice Hall, 2004. IUDÍCIBUS, S. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LEONE, S. G. Curso de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARION, J. Contabilidade empresarial: a contabilidade e o contador. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas. 2003. PAGOTTO, L. S.; COSTA, M. E. N. Como a contabilidade de custos, a contabilidade gerencial e o sistema de informações gerenciais tornam-se uma ferramenta para a tomada de decisão. In: Congresso Brasileiro de Custos, 10., 2003, Guarapari, ES. Anais [...]. Guarapari, ES: Associação Brasileira de Custos, 2003. SLOAN, P. Meus anos na General Motors. São Paulo: Negócio Editora, 2001. Contabilidade financeira, gerencial e de custos 11 CONTABILIDADE GERENCIAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Definir papel, escopo e usuários das informações geradas pela contabilidade gerencial. > Explicar o papel da metodologia e sua relevância na tomada de decisão. > Ilustrar a importância da formação do futuro gestor. Introdução Toda organização possui uma área da contabilidade responsável por suas in- formações. Porém, em muitas organizações, existe apenas a preocupação de apurar tributos e atender às obrigações exigidas pela legislação (PADOVEZE, 2012). Contudo, por meio da contabilidade, é possível extrair informações sobre a situação econômico-financeira da empresa, possibilitando a melhora do de- sempenho organizacional. Nesse contexto, tem-se a origem de uma ramificação da contabilidade: a contabilidade gerencial. Neste capítulo, você vai compreender a necessidade e importância das in- formações para a contabilidade gerencial e como se dá um processo de decisão. Você também vai conhecer qual o papel da informação no processo decisório e como os gestores da contabilidade gerencial se relacionam com as informações. Caracterização da contabilidade gerencial Rodolfo Vieira Nunes Papel, escopo e usuários das informações geradas pela contabilidade gerencial A contabilidade gerencial evoluiu ao longo dos anos, mudando seu foco, ob- jetivo e posicionamento no processo de planejamento e tomada de decisões da empresa. Sendo assim, também ocorreram mudanças em suas definições. Para Atkinson et al. (2015), a contabilidade gerencial é um processo que objetiva identificar, mensurar, reportar e analisar as informações referentes às situações econômicas da empresa. Outra definição mais atual e impor- tante trata a contabilidade gerencial como um conjunto de várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos, porém em situações mais analíticas ou diferenciadas, com o intuito de auxiliar os gestores das organizações no processo decisório (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020). Nesse sentido, Oyadomari et al. (2018) afirmam que a contabilidade geren- cial é um complexo sistema de informações oriundas de análise econômica, financeira e da produtividade. Essas informações são utilizadas por usuários internos da organização no processo de tomada de decisões, de modo a planejar, avaliar e controlar os recursos próprios e de terceiros, visando aos objetivos estabelecidos. Isso mostra que os conceitos de contabilidade ge- rencial se adaptam às mudanças e as circunstanciam dentro de um panorama econômico e empresarial do momento, contudo, mantendo a sua essência básica, em que as informações são utilizadas pela companhia como uma ferramenta no processo decisório, ou seja, na tomada de decisão. Desse modo, pode-se dizer que a contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivos: � auxiliar a gestão com importantes informações, ajudando-a nos pro- cessos de tomada de decisão, alocação de recursos, revisão do posi- cionamento estratégico, cálculos de custos e verificação da satisfação dos clientes; � fornecer, para os mais diversos usuários, internos e externos, informa- ções para a tomada de decisão, devendo ser útil aos propósitos que cada usuário busca atingir. Caracterização da contabilidade gerencial2 Essas informações podem ser tanto de cunho financeiro como não fi- nanceiro. Algumas das informações classificadas como financeiras ou não financeiras são as seguintes (PADOVEZE, 2012). � Informações financeiras: ■ custo de produção; ■ custo de execução do serviço; ■ relatório de despesas dos departamentos; ■ custo de performance; ■ custo dos processos de produção. � Informações não financeiras: ■ satisfação do cliente; ■ fidelidade do cliente; ■ processo de qualidade; ■ inovação; ■ motivação dos colaboradores. Informações gerenciais A necessidade de possuir informações é crucial em todos os setores da eco- nomia, independentemente das atividades desempenhadas. As organizações que estiverem municiadas de informações internas validadas terão maior flexibilidade e capacidade de adaptação às alterações. No entendimento de Marion e Ribeiro (2017), as informações geradas pela contabilidade devem alimentar seus usuários de forma segura para a tomada de decisão, levando em consideração a situação da empresa, o desempenho, a evolução, além de riscos e oportunidades. A informação contábil pode se expressar por diferentes caminhos, por exemplo: demonstrações financeiras, escrituração ou registros, documentos, livros, planilhas, notas explicativas, projeções, pareceres, prognósticos, descrições críticas ou outra forma prevista em legislação. Ela deve ter caráter veraz e equitativo, de modo a atender às necessidades dos vários usuários, não podendo privilegiar nenhum deles, pois os interesses nem sempre são coincidentes. É evidente que a qualidade da informação irá determinar a qualidade da decisão tomada. Nesse caso, na visão de Crepaldie Crepaldi (2017), a informação de cunho gerencial deve ser simultaneamente: Caracterização da contabilidade gerencial 3 a) confiável: a confiabilidade é atributo que faz com que o usuário aceite a informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando elemento essencial na relação entre aquele e a própria informação, fun- damentando-se na veracidade, completeza e pertinência do seu conteúdo; b) tempestiva: a tempestividade se refere ao fato de que a informação contábil deve chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a fim de que este possa utilizá-la para seus fins; c) compreensível: a informação contábil deve ser exposta na forma mais compreensível ao usuário a que se destina, sendo divulgada de forma clara e objetiva, abrangendo desde elementos de natureza formal, como a organização espacial e os recursos gráficos empregados, até a redação e a técnica de exposição utilizadas; d) comparável: a comparabilidade deve possibilitar ao usuário o conhe- cimento da evolução entre determinadas informações ao longo do tempo, numa mesma entidade ou em diversas entidades, ou a situação destas num momento dado, com vistas a possibilitar o conhecimento das suas posições relativas; e) relação custo-benefício: o custo de obtenção da informação não pode ser maior do que o benefício produzido, pois não se pode gastar mais do que o benefício proporcionado, já que ao adotar um sistema que assim agisse o gestor estaria tomando decisões prejudiciais à entidade. Esse aspecto também está relacionado com a relevância da informação, pois a produção de informações de pouca relevância pode aumentar o custo das informações. Dentre os principais usuários da contabilidade gerencial figuram os altos executivos e todos os setores da organização, variando a forma de apresenta- ção e o grau de refinamento que a informação apresenta (PADOVEZE, 2012). As informações para a alta gerência devem receber um alto grau de refinamento e ser apresentadas de forma resumida e objetiva. Para a gerência intermediária, as informações também devem ter um alto grau de refinamento, mas a apresentação deve ter mais detalhes, pos- sibilitando o planejamento, o controle e a tempestiva ação, com medidas necessárias que reforcem ou revertam cada situação apresentada. Já as informações para o nível operacional são apresentadas de forma longa e analítica, praticamente em estado bruto. Nesse sentido, os gestores necessitam de informações que estejam em consonância com seus modelos. Assim, o modelo de informação deve ser estru- turado com base na análise de modelos de decisão e mensuração empregados. Caracterização da contabilidade gerencial4 Além disso, o sistema de informações deve fornecer informações básicas que os gestores necessitam em suas tomadas de decisões. Quanto maior for a sintonia entre a informação fornecida e as necessidades informativas dos gestores, melhores decisões poderão ser tomadas (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013). Enxergar o seu negócio de uma forma muito mais profunda e verda- deira é o maior dos benefícios da contabilidade gerencial, pois é a partir disso que você poderá tomar decisões e decidir os melhores rumos para o empreendimento. Porém, há outros benefícios, como: � manter-se muito bem informado sobre o real resultado do negócio; � tomar decisões certas, na hora certa; � definir planos de ação reais; � aumentar a eficiência da sua gestão; � tomar decisões mais rapidamente; � eliminar desperdícios; � reduzir erros e inconsistências; � melhorar o controle financeiro; � pagar impostos de forma correta, porém menos custosa. Papel da metodologia e sua relevância na tomada de decisão Tomar uma decisão não é algo fácil e exige muito de todos os envolvidos. Quando se leva a situação para o âmbito empresarial, as circunstâncias po- dem se complicar, já que as decisões tomadas em uma companhia englobam processos, custos e pessoas. A velocidade com que as diversas situações ocorrem dentro de uma empresa faz com que inúmeras decisões tenham que ser tomadas ao longo do dia, algumas mais simples, outras mais complexas, conforme Atkinson et al. (2015). Contudo, independentemente do grau de dificuldade de uma decisão, ela sempre vai trazer consigo consequências, que podem ser positivas ou negativas. O processo de tomada de decisão não é um procedimento isolado e que fica a cargo da contabilidade gerencial, pois tanto a contabilidade de custos quanto a contabilidade financeira são partes cruciais do processo que norteia a tomada de decisão de curto e longo prazo, de acordo com Oyadomari et al. (2018). Desse modo, tem-se a contabilidade financeira como um agregado de Caracterização da contabilidade gerencial 5 informações contábeis (compras, vendas, despesas, liquidez, margem, etc.) para avaliação do resultado empresarial. Já a contabilidade de custo é um modelo escolhido pela organização para mensurar todos os gastos de uma companhia, utilizando as informações financeiras para avaliar os gastos da tomada de decisão. Assim, pode-se dizer que a contabilidade financeira é a base para a construção da contabilidade de custos. O processo de tomada de decisão pode ser simples ou complexo — tudo depende do grau de importância, do objetivo a ser alcançado e dos reflexos da escolha. Nesse sentido, a tomada de decisão envolve algumas etapas que estão relacionadas com a identificação do problema, além de definir critérios, analisar e escolher alternativas e verificar a eficácia da decisão (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020). Todo esse contexto evidencia a grande importância da tomada de decisões nas organizações, pois é o que faz com que as empresas saiam do lugar e se man- tenham em constante movimentação no mercado em que atuam. Por isso, para Marion e Ribeiro (2017), é crucial conhecer os seguintes tipos de tomada de decisão. � Intuitiva: uma decisão desta natureza é basicamente aquela que é tomada considerando apenas os sinais que a intuição dá, ou seja, é uma sensação interna que se tem, em detrimento de outra, não levando em consideração aspectos lógicos e racionais para escolher algo. � Racional: é o tipo de decisão que a maioria das pessoas mais deseja aplicar em seu dia a dia, pois ela faz com que o indivíduo leve em consideração os aspectos lógicos dos fatos, para que, assim, haja subsídios mais sólidos para decidir ou não por algo. � Com base em valores: este é um tipo de decisão que pode ser facilmente confundido com a decisão intuitiva, no entanto, existem pontos que as diferenciam. No caso desta, o indivíduo tende a levar em consideração os valores que formou ao longo de sua vida para decidir ou não por algo. � Colaborativa: em muitos momentos, este é o tipo de decisão ideal e que deve ser colocado em prática com mais frequência, pois se trata do processo decisório que é tomado em conjunto com outras pessoas, em que o gestor realiza reuniões e conta com ajuda, opinião e suges- tões de seus colaboradores para decidir quais rumos deve tomar nos processos organizacionais. � Especializada: quando a intuição falha e a racionalidade e a colabo- ração não conseguem encontrar alternativas eficientes e nem mesmo contribuir para que se possa tomar decisões conscientes, assertivas e seguras, é hora de contar com ajuda especializada para facilitar esse processo dentro da organização. Caracterização da contabilidade gerencial6 Entretanto, antes de as organizações e os gestores escolherem qual o tipo de tomada de decisão irão adotar, é necessário um passo anterior, ou seja, compre- ender todas as etapas que envolvem um processo decisório, pois, dentro de um processo de tomada de decisão, é essencial elencar todos os aspectos relevantes com o intuito de evitar erros. Assim, tem-se uma compreensão mais profunda da situação, demonstrando os custos-benefícios disponíveis (OYADOMARI et al., 2018). Conforme Crepaldi e Crepaldi (2017), é possível dividir todo o processo de tomada de decisão em cinco etapas principais, conformea seguir: 1. Identificação do problema: o problema exige controle, para analisar o que está acontecendo. Inicialmente, o diagnóstico do problema passa por enxergar as consequências e definir o nível de prioridade da situação. 2. Coleta de dados: compreender a situação, com o máximo de informações sobre o problema. As fontes dependem do tipo de questão enfrentada pelos gestores, já que a coleta de informações é direcionada para as causas de um problema ou para as justificativas de um requerimento. 3. Identificação das alternativas: deve contar com a participação de outros profissionais para contribuir com conhecimento e experiência sobre o problema. É importante usar artefatos para organizar e direcionar a atenção para os postos-chaves. 4. Escolha da alternativa: é preciso tornar claro e objetivo quais as pro- postas de solução sugeridas, assim como as atividades devem estar bem detalhadas. 5. Decisão e acompanhamento: os caminhos possíveis de escolha podem ser simples ou complexos, como ocorre nas situações em que há uma medida principal e uma secundária — caso a primeira não funcione. Importância da informação no processo decisório Nos dias atuais, as organizações e as pessoas recebem uma imensa quan- tidade de informações, o que influencia o processo de tomada de decisões. As tomadas de decisão podem receber classificações distintas, sempre bus- cando evidenciar as análises das informações e a questão de possível causa e efeito, evidenciado por Marion e Ribeiro (2017). Muitas dessas informações são selecionadas conforme procedimentos e padrões estabelecidos pelas organizações. Assim, a decisão está nas mãos do gestor, que é o responsável pelos negócios — sua escolha irá influenciar fortemente os resultados da companhia, sejam positivos ou negativos. Caracterização da contabilidade gerencial 7 No processo decisório, a informação assume total relevância, pois é dela que partem todos os passos para a resolução de um problema ou para a tomada de decisão (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013). Entretanto, uma mesma informação, em momentos ou situações diferentes, requer uma rea- nálise para uma tomada de decisão. Dessa forma, nunca se deve aceitar uma mesma informação mais de uma vez sem reavaliá- la. O aspecto qualitativo da informação dependerá dos meios e das fontes de origem dos dados coletados. Conforme Iudícibus e Segato (2020), é fundamen- tal um controle por meio de mecanismos com o intuito de selecionar o que é uma informação útil. Essa análise qualitativa da informação organizacional deve passar pela observação subjetiva dos envolvidos da empresa, levando em consideração o contexto que tanto a empresa quanto os envolvidos estão inseridos (ATKINSON et al., 2015). No entendimento de Padoveze (2012), todas essas características exigem do tomador de decisões uma habilidade ainda maior para se manter atualizado e para selecionar as informações úteis, não desperdiçando tempo com o que não é relevante e não descartando o que é indispensável. A inteligência da contabilidade gerencial A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC) apresenta o programa Momento Econômico ANEFAC, com o assunto “A inteligência da contabilidade gerencial” em seu canal no YouTube. Veja a entrevista de Roberto Vertamatti com a diretora contábil-fiscal da Embraer, Elaine Funo. Importância do estudo da contabilidade gerencial na formação do futuro gestor Nos últimos anos, tem-se vivenciado inúmeras transformações sociais e econômicas, que muitas vezes são advindas do rápido processo de inovação tecnológica. Por essa razão, as formas de negociar e trabalhar sofreram alterações profundas, seja culturalmente (definições e conceitos) ou nas Caracterização da contabilidade gerencial8 ferramentas e atividades do dia a dia. Como resultado, essa enorme mudança trouxe um alto volume de novas informações, o que exige maior qualificação dos contadores. O profissional contábil precisa ter um perfil com ampla visão do ambiente institucional. Sendo assim, a contabilidade gerencial, aliada com outras áreas do conhecimento científico, será uma pilastra de suporte, tendo como finalidade a geração de valor para a profissão dentro desse novo contexto da contabilidade (OYADOMARI et al., 2018). A terminologia contador gerencial é relativamente antiga. O seu primeiro registro se deu após a Revolução Industrial, em que a função estava toda baseada na necessidade de levantar e quantificar os custos do processo produtivo e da conversão de recursos (mão de obra e materiais) em produ- tos. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2017), o contador gerencial possui a função de identificar, mensurar, acumular, verificar, preparar, interpretar e apresentar as informações para uso da empresa, nas atividades básicas de planejamento, avaliação e controle, objetivando o uso correto dos recursos. Porém, no entendimento dos autores, o controller da organização, termino- logia usada para descrever o contador gerencial, possui como função básica a atividade de assessoria, pois seu setor tem a responsabilidade de municiar os gerentes, diretores e a presidência com informações especializadas para cada área, já que são atribuídas a ele atividades de contabilidade interna, orçamento e elaboração de relatórios. Dentro desses conceitos, há algumas qualidades referentes ao contador gerencial (controller), além de mostrar sua importância dentro das organi- zações. Entretanto, as qualidades dependem do comprometimento com as atividades do dia a dia, ou seja, deve-se exercê-las com agilidade e estar envolvido no processo decisório da empresa, conhecendo detalhadamente o negócio da companhia (PADOVEZE, 2012). Contudo, sua participação no processo de tomada de decisão assegura o uso adequado das informações e ações que permitem o alcance dos resultados. A participação do contador gerencial na gestão das empresas ajuda na melhor otimização das suas atividades e ainda melhora o seu desempenho (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020). Tudo isso faz com que o controlador gerencial atue como um agente de apoio no processo de tomada de decisão. Nesse sentido, o Quadro 1 apresenta as principais competências do contador gerencial. Caracterização da contabilidade gerencial 9 Quadro 1. Estrutura de competências genéricas para contador gerencial Dimensões Competências do contador gerencial Competências técnicas Contabilidade legal e finanças, ferramentas de controle, planejamento e capacidade analítica. Competências comportamentais Autocontrole, ouvir de forma eficaz, liderança/trabalho em equipe, gestão da informação e relacionamento externo. Competências de postura Atitude empreendedora e visão geral/estratégica. Fonte: Adaptado de Cardoso, Mendonça e Oyadomari (2010). Para compreender melhor o Quadro 1, é primordial entender as três di- mensões citadas. � Competências técnicas: conhecimento e habilidade adquiridos por meio de instrução formal ou não formal. Pode-se citar como exemplos: graduação, pós-graduação, treinamentos, cursos, experiências profis- sionais, etc. Muitas vezes, essas competências são pré-requisitos para determinados cargos e funções, já que são consideradas competências básicas. � Competências comportamentais: são características da personalidade ou aptidões adquiridas que correspondem às peculiaridades de cada indivíduo e impactam nas atitudes de cada um. Ou seja, habilidades que irão demonstrar a forma de atuação da pessoa em diferentes situ- ações, seja nas atividades do trabalho ou na relação com as pessoas. � Competências de postura: é um conjunto de características de condutas empregadas pelo profissional no dia a dia de trabalho. Empreendedo- rismo, responsabilidade social ou ambiental, ética e comprometimento são alguns dos valores adotados pelas pessoas que influenciam a postura profissional. Características de um contador gerencial Seguindo Oyadomari et al. (2018), um contador gerencial deve possuir as seguintescaracterísticas: Caracterização da contabilidade gerencial10 � Alta qualificação: precisa estar qualificado academicamente e atuali- zado sobre todas as alterações que acontecem no mundo dos negócios. � Profundo conhecimento de princípios contábeis: deve conhecer toda a contabilidade da organização e estar atento às regras e normas contábeis. � Conhecimento de tecnologias sofisticadas: precisa acompanhar to- das as inovações tecnológicas com o intuito de auxiliar as atividades profissionais. � Padrão de exigência: com um mercado tão competitivo, o padrão de exigência se faz necessário para a superação do profissional e da organização em relação aos seus concorrentes. � Domínio de operações virtuais: saber operacionalizar de forma virtual as atividades do setor de forma mais eficaz e rápida. � Desburocratização: uma gestão mais dinâmica e assertiva minimiza erros em todo o processo de tomada de decisão. � Possuir uma equipe de trabalho de alta confiança: ter um grupo de colaboradores coeso e de confiança é crucial, pois o contador gerencial deve delegar tarefas e validá-las com o grupo. � Automotivação: todas as decisões precisam ser embasadas, assim, o contador gerencial deverá ter automotivação e percepção de se incentivar. � Poder de negociação: bom relacionamento, comunicação e capacidade de análise da situação. � Coragem: ele é o gestor e o responsável que reporta todas as suas ações por meio das decisões. � Alta produtividade: garante o sucesso da equipe e da empresa. � Poder de democratização: iniciativas ou mecanismos em que o grupo tenha participação no processo de decisão. � Comunicação eficaz: uma comunicação que não afete e comprometa as atividades ou o negócio. � Comprometimento com o sucesso da empresa: ver a companhia como sua, tendo vontade e cuidado para fazer o negócio prosperar. Conforme essas características, o contador gerencial não pode ser definido apenas como um cargo específico da contabilidade nas organizações, pois o perfil desse profissional demonstra uma postura de liderança e comprome- timento em relação às atividades da empresa. Caracterização da contabilidade gerencial 11 A contabilidade gerencial fornece informações vitais para a tomada de decisão dos gerentes. Acerca do assunto, assinale a alternativa incorreta. a) Os encargos trabalhistas e previdenciários da mão de obra indireta não são considerados como custo de produção. b) A contabilidade gerencial, de adoção facultativa pela empresa, é voltada para o público interno e não precisa seguir obrigatoriamente os princípios de contabilidade geralmente aceitos. c) O salário de operários em greve não deve ser considerado como custo, mas sim como gasto ou despesa do período. d) Entre outras, a contabilidade de custos tem como finalidade auxiliar os gestores da empresa no desempenho das funções administrativas. e) As perdas normais ocorridas durante o processo de produção compõem o custo do produto elaborado. Resultado: A. Tudo o que se gasta no processo produtivo: custos. Tudo o que se gasta além do processo produtivo, como na venda, por exemplo: despesas. Referências ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial: informação para tomada de decisão e execução da estratégia. 4. ed. 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Contabilidade gerencial: ferramentas para melhoria de de- sempenho empresarial. São Paulo: Atlas, 2018. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. Curitiba: IESDE, 2012. Caracterização da contabilidade gerencial12 Leitura recomendada A INTELIGÊNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (13 min). Pu- blicado pelo canal ANEFAC. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?app=de sktop&v=fNkEAmzZEOU. Acesso em: 16 dez. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Caracterização da contabilidade gerencial 13 CONTABILIDADE BÁSICA Fabiana Tramontin Bonho Contabilidade e campo de atuação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o que é contabilidade. Reconhecer os principais grupos de usuários da contabilidade. Identificar usos da contabilidade. Introdução A ciência contábil é tão antiga quanto a própria humanidade. Com o desenvolvimento cultural, social e econômico, foi que a contabilidade passou a evoluir e as regras e prática da contabilidade se desenvolveram de acordo com as necessidades e tendências mundiais com o passar dos anos. Neste capítulo, você vai estudar o conceito de contabilidade e re- conhecer os principais grupos de usuários desta. Ainda, vai aprender a identificar os usos da contabilidade. O que é a contabilidade A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Sua maneira rudimentar de contar já era um modo de inventário, pois tinha como objetivo o controle do patrimônio, como rebanhos, fardos de alimentos, instrumentos de caça e pesca e outros bens quantitativos. O que mostra que o homem da antiguidade já tinha a preocupação com a riqueza e a propriedade (como acontece atualmente). Desde os primórdios, o homem teve que ir aperfeiçoando sua maneira de contabilizar, na medida em que as atividades se tornavam mais com- plexas. Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e do pastoreio. A organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em separatividade, rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual. Nesse contexto, o homem observou que era preciso controlar, administrar e preservar seus bens e que poderia, por meio desse controle, obter e identificar se houve lucros. Foi por meio dessa necessidade que surgiu a contabilidade. Assim, a origem da contabilidade está ligada à necessidade de registros do comércio, como forma de avaliar a riqueza do homem, bem como os acréscimos ou decréscimos de sua riqueza (MARION, 2011). A contabilidade, ao contrário do que muitas pessoas pensam, é uma ciên- cia social, e não exata, a qual, apesar de se utilizar de registros numéricos e cálculos matemáticos, sua essência não são os números propriamente ditos. Ela é uma ciência social, pois é a ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial, sendo que tudo que fizemos na vida necessitamos de métodos quantitativos (MARION, 2011). Assim, apesar da utilização de ferramentas matemáticas para o desenvolvimento das técnicas contábeis, a contabilidade estuda o comportamento das entidades jurídicas (empresas) ou físicas (pessoas) e suas variações ao longo do tempo, sendo que utiliza também técnicas de administração, finanças e modelos comportamentais. A contabilidade moderna nasceu no Norteda Itália, provavelmente durante os séculos XII e XIV. Ela consolidou-se pelo método desenvolvido pelo frade franciscano, matemático, teólogo e contabilista Frei Luca Pacioli, que publicou na Itália, em 1494, um tratado sobre contabilidade, no qual sistematizou o método das partidas dobradas, já existente a pelo menos um século e ainda hoje de grande utilidade no meio contábil. A importância da obra do Frei Luca está no reconhecimento do método como ideal para a escrituração, além da sistematização dos conceitos e instrumental contábil para o registro e controle patrimonial. Fonte: Tessari (2010). Contabilidade e campo de atuação2 A contabilidade segundo Franco (2009): [...] é uma ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre a sua composição e suas variações, bem como sobre o resultado econômico da gestão da riqueza patrimonial. Ribeiro (2005, p. 2) destaca outros conceitos desenvolvidos sobre a contabilidade: a) É a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica (conceito oficial for- mulado no primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado no Rio de Janeiro, em 1924). b) É o sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização (estudo sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras — IPECAFI, e aprovado pelo Instituto Brasileiro de Contadores — IBRACON, 1986). c) É a ciência que estuda, controla ou interpreta os fatos ocorridos no pa- trimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico da gestão da riqueza patrimonial (FRANCO, 2009). O foco da contabilidade se dá mais especificamente no estudo da evolução patrimonial que uma entidade tem, demonstrando como as alterações realizadas por meio das ações de seus administradores e colaboradores afetam as suas diversas contas patrimoniais e, consequentemente, influenciam as variações no total de patrimônio da entidade. Patrimônio, objeto da Contabilidade, é, conforme Franco (2009): [...] o estudo do patrimônio definido como o conjunto de bens, direitos e obriga- ções pertencentes a uma ou mais pessoas, em seus aspectos estático (econômico e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela riqueza patrimonial) e nos seus aspectos qualitativos e quantitativos, visando desnudá-lo e mostrar-lhe como está sua situação, no intuito de propiciar condições de intervenção no mesmo. 3Contabilidade e campo de atuação Assim, a contabilidade tem sido utilizada como ferramenta para o registro, a interpretação e o estudo dos eventos que modificam o total de bens, direitos e obrigações das sociedades ao longo do tempo. Os principais grupos de usuários da contabilidade O objetivo principal da contabilidade é o de permitir a cada grupo de usu- ários a avaliação da situação econômica e fi nanceira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras (MARION, 2009). Os usuários da contabilidade são aquelas pessoas que utilizam das infor- mações fornecidas pela contabilidade para alguma finalidade. Cada usuário terá um interesse específico nessa utilização, visto que a ciência contábil serve a várias finalidades. Assim, os usuários de contabilidade também são chamados de stakeholders, que significa, em tradução livre, as “partes interessadas”. Para o IBRACON, considera-se um usuário toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar (INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTADO- RES, 1992). Nesse sentido, as demonstrações financeiras produzidas por meio da contabilidade podem servir a diversos tipos de usuários, dentre eles vamos citar alguns explicando seu principal objetivo na análise das demonstrações produzidas. Por meio do pronunciamento da estrutura conceitual para elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, o comitê de pronunciamentos contábeis — CPC cita entre os usuários das demonstrações contábeis os investidores atuais e potenciais, empregados, governos e suas agências e o público. Esses usuários utilizariam os relatórios contábeis para satisfazer algumas, dentre as diversas, de suas necessidades de informações. Dessa forma é possível destacar que o empresário precisa tomar conhe- cimento da evolução dos bens, dos valores que tem a receber e a pagar, bem como qual o seu lucro, etc. Os empregados precisam saber se a empresa está em condições financeiras de honrar compromissos, pagar os seus salários Contabilidade e campo de atuação4 e garantir seus benefícios previdenciários e trabalhistas. O governo, por sua vez, precisa saber se os tributos devidos pelas empresas estão sendo pagos em dia, além de ser o responsável por regulamentar as atividades das entidades, bem como utiliza a informação como base para determinar a renda nacional e as estatísticas (MARION, 2011). Os bancos e credores de empréstimos precisam avaliar se essas empresas apresentam capacidade de pagamento para quitarem seus empréstimos, bem como os seus juros, ou se podem ainda liberar créditos com o objetivo de antecipar suas receitas, por exemplo. Além disso, os fornecedores precisam saber se podem vender a prazo, ou seja, se há capacidade de solvência. O cliente da empresa, por fim, precisa saber se esta atende as suas necessidades e cumpre com suas obrigações financeiras, além da saber da sua continuidade operacional (MARION, 2011), e assim por diante. Segundo Franco (2009), pode-se dividir esses usuários em dois grandes grupos, quais sejam os usuários internos e os usuários externos. Os usuá- rios internos são pessoas que trabalham na entidade, tais como diretores, gerentes e administradores, nos diversos níveis. Esses usuários utilizam as informações contábeis para ajudar no processo de decisão. Segundo a autora, um gerente de uma empresa, por exemplo, necessita da informação sobre determinado produto, como se seu atual preço de venda gera um resultado positivo ou negativo, para então decidir pela continuidade ou não da produção. Da mesma forma, uma empresa que tem lojas em diferen- tes cidades pode verificar em qual delas o desempenho é melhor. Assim, quando a contabilidade é utilizada por usuários internos, ela é chamada de contabilidade gerencial. Os usuários externos são aqueles que utilizam as informações sobre a entidade para a tomada de suas decisões em relação a investir ou não em determinada empresa. É possível destacar: acionistas, clientes, fornecedores, bancos, governo, sindicato, etc. Segundo Franco (2009), esses usuários se dife- renciam dos internos por não estarem envolvidos diretamente com a entidade. Em decorrência disso, o nível de informação recebida desses usuários é mais limitado do que o daqueles. Os usuários externos têm acesso à informação preparada pela adminis- tração da entidade, sendo que essa contabilidade é denominada contabilidade financeira. Veja a seguir o Quadro 1. 5Contabilidade e campo de atuação Fonte: Adaptado de Padoveze (2012) Fatores Contabilidade financeira Contabilidade gerencial Usuários Externos Internos Estrutura dos relatórios Formatados Não formatados Relatórios principais Balanço patrimonial, de- monstração do resultado e fluxo de caixa Quaisquer relatórios ne- cessários para a tomada de decisão Custos ou valores utilizados Primariamente históricos (passados) Históricos e previstos (esperados) Restrição nas informações
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