Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Código Civil DECRETO-LEI Nº 4.657 - LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. § 1o § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei bra- sileira, quando admitida, se inicia 3 meses depois de oficialmente publicada. ENTRADA EM VIGOR BRASIL ESTADO ESTRANGEIRO 45 dias, salvo disposição em contrário 3 meses § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos pa- rágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4o As correções a texto de lei já em vigor CONSIDERAM-SE LEI NOVA. LC 95/98. Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma ex- pressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vi- gor na data de sua publicação" para as leis de pequena re- percussão. § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utili- zar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vi- gor até que outra a modifique ou revogue [PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE OU PERMANÊNCIA] § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, NÃO REVOGA NEM MODIFICA a lei an- terior. REVOGAÇÃO TOTAL Ab-rogação REVOGAÇÃO PARCIAL Derrogação § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada NÃO SE RESTAURA por ter a lei revogadora perdido a vigência. (RE- PRISTINAÇÃO) Repristinação Efeito Repristinatório/ Repristinação Oblíqua ou Indireta É um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em vigor de uma norma efe- tivamente revogada, pela re- vogação da norma que a re- vogou. A repristinação deve ser ex- É a reentrada em vigor de nor- ma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que a revogou é declarada in- constitucional. STF: “A declaração de incons- titucionalidade em tese en- pressa dada a dicção do artigo 2º, § 3º da LICC cerra um juízo de exclusão, que, fundado numa competên- cia de rejeição deferida ao STF, consiste em remover do orde- namento positivo a manifesta- ção estatal inválida e descon- forme ao modelo plasmado na Carta Política, com todas as consequências daí decorrentes, inclusive a plena restauração de eficácia das leis e das nor- mas afetadas pelo ato decla- rado inconstitucional” *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece [PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA NORMA] Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ATO JURÍDICO PERFEITO o já consumado se- gundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se ADQUIRIDOS assim os direitos que o seu ti- tular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo co- meço do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré- estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se COISA JULGADA ou caso julgado a decisão judici- al de que já não caiba recurso. Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família Estatuto pessoal: Pressupõe compatibilidade interna, chamada de filtragem constitucional. Somente é possível aplicar a lei do domicílio se houver compatibilidade com o ordenamento interno. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formali- dades da celebração. § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante au- toridades diplomáticas ou consulares DO PAÍS DE AMBOS os nu- bentes. § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de in- validade do matrimônio a lei do 1° domicílio conjugal. § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diver- so, a do 1° domicílio conjugal. § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homolo- gação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabe- lecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Supe- rior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, pode- rá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferi- das em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á do- miciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se en- contre. Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concer- nentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o propri- etário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destina- rem a transporte para outros lugares. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pes- soa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e de- pendendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrín- secos do ato. § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. Art. 10. A SUCESSÃO POR MORTE OU POR AUSÊNCIA obede- ce à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desapare- cido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos fi- lhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capa- cidade para suceder. LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DA PESSOA Começo e fim da personalidade Nome Capacidade Direitos de família Penhor LEI DO PAÍS DA SITUAÇÃO DOS BENS Qualificar os bens e regular as relações a eles concernen- tes LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DO PROPRIETÁRIO Bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares LEI DO PAÍS ME QUE SE CONSTITUÍREM Qualificar e reger as obriga- ções LEI DO PAÍS EM QUE DOMICILIADO O DEFUNTO OU O DESAPARECIDO Sucessão por morte ou por ausência Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações,obedecem à lei do Estado em que se constituírem. § 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou es- tabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. § 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação. § 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáti- cos ou dos agentes consulares. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quan- do for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumpri- da a obrigação. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exe- quatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as dili- gências deprecadas por autoridade estrangeira competente, ob- servando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produ- zir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no es- trangeiro, que reúna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verifi- cado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades ne- cessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo STJ. Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. A TEORIA DO REENVIO, também conhecida como TEORIA DO RETORNO ou DA DEVOLUÇÃO é uma forma de interpretação de normas do Direito Internacional Privado, de forma que haja substituição da lei nacional pela lei estrangeira , de modo pelo qual seja desprezado o elemento de conexão da or- denação nacional, dando preferência ao apontado pelo ordena- mento jurídico alienígena. Esse instituto é utilizado sempre que ocorrer problemas nas interpretações de ordem internacional, servindo como meio importante de resolução de conflitos, e sempre que for neces- sário que o juiz aplique direito estrangeiro. O reenvio é uma interpretação que desconsidera a norma mate- rial da regra de conexão e aplica o direito internacional privado estrangeiro para chegar à nova norma material, geralmente de âmbito nacional. O reenvio pode ser dividido em 3 graus: 1° grau: consiste em dois países, onde o primeiro remete uma legislação ao segundo país, que por sua vez reenvia ao primeiro; 2° grau: compõe-se por três países, onde o primeiro envia sua legislação ao segundo que a reenvia ao terceiro; 3° grau: formado por quatro países, no qual o primeiro remete a legislação ao segundo, que por sua vez encaminha ao terceiro e finalmente reenvia ao quarto. Nesse sentido, o artigo 16 da LINDB proíbe o juiz nacional de aplicar o reenvio, cabendo apenas a aplicação do Direito Inter- nacional Privado brasileiro para determinar o direito material ca- bível, ficando a cargo de estrangeiro, se houver, a aplicação do reenvio. *http://sabendoodireito.blogspot.com/2013/12/reenvio-artigo-16.html?m=1 Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quais- quer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autorida- des consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nasci- do no país da sede do Consulado. § 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão cele- brar a separação consensual e o divórcio consensual de brasi- leiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e ob- servados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento § 2o É INDISPENSÁVEL a assistência de advogado, devidamen- te constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, jun- tamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública. Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo an- terior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do De- creto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfa- çam todos os requisitos legais. Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado reno- var o pedido dentro em 90 dias contados da data da publicação desta lei. Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, con- trato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controlado- ra ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo ex- presso suas consequências jurídicas e administrativas. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a re- gularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos su- jeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiarida- des do caso, sejam anormais ou excessivos. Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, se- rão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do ges- tor e as exigências das políticas públicas a seu cargo , sem pre- juízo dos direitos dos administrados. § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, li- mitado ou condicionado a ação do agente. § 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. § 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicio- namento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e efi- ciente e sem prejuízo aos interesses gerais. Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou ju- dicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, combase em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpreta- ções e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ain- da as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público. Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situ- ação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa po- derá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após re- alização de consulta pública, e presentes razões de relevante inte- resse geral, celebrar compromisso com os interessados, obser- vada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. § 1º O compromisso referido no caput deste artigo: I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais; III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral; IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, contro- ladora ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. § 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. § 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebra- do compromisso processual entre os envolvidos. Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grossei- ro. Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normati- vos por autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifes- tação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão § 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública, observadas as nor- mas legais e regulamentares específicas, se houver. Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas. Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste arti- go terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão. CÓDIGO CIVIL PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CC/02 ETICIDADE Impõe justiça e boa-fé nas relações civis ("pacta sunt servanda"). No contrato tem que agir de boa-fé em to- das as suas fases. Corolário desse princípio é o princípio da boa-fé objetiva. OPERABILIDADE Impõe soluções viáveis, operáveis e sem grandes dificuldades na aplicação do di- reito. A regra tem que ser aplicada de modo simples. Exemplo: princípio da con- cretude pelo qual deve-se pensar em solu- cionar o caso concreto de maneira mais efe- tiva. SOCIABILIDADE Impõe prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, respeitando os direi- tos fundamentais da pessoa humana. Ex: princípio da função social do contrato, da propriedade. PARTE GERAL LIVRO I DAS PESSOAS TÍTULO I DAS PESSOAS NATURAIS CAPÍTULO I DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE Art. 1 TODA PESSOA É CAPAZ de direitos e deveres na ordem civil. Art. 2 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. JDC1 A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. JDC2 Sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegura- dos, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto próprio. TEORIAS SOBRE O INÍCIO DA PERSONALIDADE NATALISTA CC/02 A personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida. O nascituro não teria direitos, mas apenas expectativa de direitos. CONCEPCIONISTA STJ e CONVENÇÃO AMERICANA A personalidade jurídica se inicia com a concepção. O nascituro teria personalidade jurídica. PERSONALIDADE CONDICIONAL Nascituro teria personalidade jurídica su- jeita a condição suspensiva. Art. 3 São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos. Art. 4 São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de 16 e menores de 18 anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não pu- derem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. Art. 5 A menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade (EMANCIPAÇÃO): I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, INDEPENDENTEMENTE DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos – serão regis- trados em registro público; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. A Emancipação antecipa a capacidade, mas não a maioridade. JDC3 A redução do limite etário para a definição da capaci- dade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em legislação especial. JDC397 A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita à desconstituição por vício de vontade. JDC530 A emancipação, por si só, não elide a incidência do ECA. Art. 6 A existência da pessoa natural termina com a morte; pre- sume-se esta, quanto aos AUSENTES, nos casos em que a lei au- toriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 7 Pode ser declarada a morte presumida, SEM DECRETA- ÇÃO DE AUSÊNCIA: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em pe- rigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 2 anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do faleci- mento. MORTE PRESUMIDA COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA Nos casos em que a lei autori- za a abertura de sucessão de- Extremamente provável a mor- te de quem estava em perigo finitiva: - 10 anos após a abertura da sucessão provisória - ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 datam as úl- timas notícias dele de vida; Desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for en- contrado até 2 anos após o término da guerra. JDC614 Os efeitos patrimoniais da presunção de morte posterior à declaração da ausência são aplicáveis aos casos do art. 7º, de modo que, se o presumivelmente morto reaparecer nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão, receberá igualmente os bens existentes no estado em que se acharem. Art. 8 (COMORIÊNCIA) Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comori- entes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Art. 9 Serão registradosem registro público: I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do ca- samento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou re- conhecerem a filiação; JDC272 Não é admitida em nosso ordenamento jurídico a adoção por ato extrajudicial, sendo indispensável a atuação jurisdicional, inclusive para a adoção de maiores de dezoito anos. JDC273 Tanto na adoção bilateral quanto na unilateral, quan- do não se preserva o vínculo com qualquer dos genitores origi- nários, deverá ser averbado o cancelamento do registro ori- ginário de nascimento do adotado, lavrando-se novo regis- tro. Sendo unilateral a adoção, e sempre que se preserve o vín- culo originário com um dos genitores, deverá ser averbada a substituição do nome do pai ou mãe naturais pelo nome do pai ou mãe adotivos. CC LRP SERÃO REGISTRADOS I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapaci- dade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumi- da. SERÃO REGISTRADOS I - os nascimentos; II - os casamentos; III - os óbitos; IV - as emancipações; V - as interdições; VI - as sentenças declaratórias de ausência; VII - as opções de nacionali- dade; VIII - as sentenças que deferi- rem a legitimação adotiva. SERÃO AVERBADOS I - das sentenças que decreta- SERÃO AVERBADOS a) as sentenças que decidirem rem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a sepa- ração judicial e o restabeleci- mento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extra- judiciais que declararem ou re- conhecerem a filiação; a nulidade ou anulação do ca- samento, o desquite e o resta- belecimento da sociedade con- jugal; b) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebi- dos na constância do casamen- to e as que declararem a filia- ção legítima; c) os casamentos de que re- sultar a legitimação de filhos havidos ou concebidos ante- riormente; d) os atos judiciais ou extraju- diciais de reconhecimento de filhos ilegítimos; e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem; f) as alterações ou abreviatu- ras de nomes. CAPÍTULO II DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são INTRANSMISSÍVEIS e IRRENUNCIÁVEIS, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. JDC4 O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer li- mitação voluntária, desde que não seja permanente nem ge- ral. JDC139 Os direitos da personalidade podem sofrer limitações , ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contraria- mente à boa-fé objetiva e aos bons costumes. JDC274 Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. JDC531 A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento. JDC532 É permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos exclusivamente científicos, nos termos dos arts. 11 e 13 do Código Civil. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o 4° grau. JJDC5 I) As disposições do art. 12 têm caráter geral e aplicam -se, inclusive, às situações previstas no art. 20, excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas nele estabelecidas; II) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a finalida- de específica de regrar a projeção dos bens personalíssimos nas situações nele enumeradas. Com exceção dos casos expressos de legitimação que se conformem com a tipificação preconizada nessa norma, a ela podem ser aplicadas subsidiariamente as re- gras instituídas no art. 12 JDC140 A primeira parte do art. 12 do Código Civil refere-se às técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício, enunciadas no art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo. JDC275 O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, pa- rágrafo único, e 20, parágrafo único, do Código Civil também compreende o companheiro. DC398 As medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser invocadas por qualquer uma das pes- soas ali mencionadas de forma concorrente e autônoma. JDC399 Os poderes conferidos aos legitimados para a tutela post mortem dos direitos da personalidade, nos termos dos arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do CC, não com- preendem a faculdade de limitação voluntária. JDC400 Os parágrafos únicos dos arts. 12 e 20 asseguram legiti- midade, por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou compa- nheiro para a tutela contra lesão perpetrada post mortem. JDC613 A liberdade de expressão não goza de posição prefe- rencial em relação aos direitos da personalidade no ordena- mento jurídico brasileiro. Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da in- tegridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. JDC6 A expressão “exigência médica” contida no art. 13 refere- se tanto ao bem-estar físico quanto ao bem-estar psíquico do disponente JDC276 O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a conse- quente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil. JDC401 Não contraria os bons costumes a cessão gratuita de direitos de uso de material biológico para fins de pesquisa científica, desde que a manifestação de vontade tenha sido livre, esclarecida e puder ser revogada a qualquer tempo, conforme as normas éticas que regem a pesquisa científica e o respeito aos direitos fundamentais. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a dispo- sição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para de- pois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revo- gado a qualquer tempo. JDC277 O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da dis- posição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou al- truístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador. JDC402 O art. 14, parágrafo único, do Código Civil, fundado no consentimento informado, não dispensa o consentimento dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista no art. 9º, § 6º, da Lei n. 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, § 2º (alterado pela Lei n. 12.010/2009), e 45, § 2º, do ECA. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. JDC403 O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamentomédico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo represen- tante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pes- soa do declarante. JDC533 O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situ- ações de emergência ou no curso de procedimentos médicos ci- rúrgicos que não possam ser interrompidos. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial. Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911). O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização. STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608). Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. JDC278 A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a expo- sição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilida- de, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os as- cendentes ou os descendentes (CAD). JDC279 A proteção à imagem deve ser ponderada com ou- tros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notorie- dade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracida- de destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não res- trinjam a divulgação de informações. ART. 12, §ÚNICO ART. 20, §ÚNICO Trata de direitos da personali- dade em geral. É a regra. Trata apenas dos direitos da personalidade relacionamos a imagem e danos morais. Legitimados: CAD e colaterais até 4° grau Legitimados: CAD. Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. JDC404 A tutela da privacidade da pessoa humana compreen- de os controles espacial, contextual e temporal dos próprios dados, sendo necessário seu expresso consentimento para tra- tamento de informações que versem especialmente o estado de saúde, a condição sexual, a origem racial ou étnica, as convic- ções religiosas, filosóficas e políticas. JDC405 As informações genéticas são parte da vida privada e não podem ser utilizadas para fins diversos daqueles que moti- varam seu armazenamento, registro ou uso, salvo com autoriza- ção do titular. JDC576 O direito ao esquecimento pode ser assegurado por tutela judicial inibitória. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 137: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - I 1) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, DESDE QUE NÃO SEJA PERMANENTE NEM GERAL. (Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF) 2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade É IMPRESCRITÍVEL. 3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística reconhecida constitucionalmente à imprensa não é um direito absoluto, encontrando limitações, tais como a preservação dos direitos da personalidade. 4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma extensão daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará configurado o abuso do direito de uso da imagem quando se constatar a vulneração da intimidade ou da vida privada. 5) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. (Súmula n. 403/STJ) 6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para ilustrar matéria acerca de manifestação popular de cunho político-ideológico ocorrida em local público não tem intuito econômico ou comercial, mas tão-somente informativo, ainda que se trate de sociedade empresária, não sendo o caso de aplicação da Súmula n. 403/STJ. 7) A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade. (Enunciado n. 278 da IV Jornada de Direito Civil do CJF) 8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente em local público, em meio a cenário destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa, configura dano moral decorrente de violação do direito à imagem por ausência de autorização do titular. 9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano moral in re ipsa . 10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento, ou seja, o direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos desabonadores à honra. (Vide Enunciado n. 531 da IV Jornada de Direito Civil do CJF) 11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento. EDIÇÃO N. 138: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - II 1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade como realidade massificada, não sendo necessária a demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado. 2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno exercício de suas funções não possui caráter absoluto, devendo observar os parâmetros da legalidade e da razoabilidade, não abarcando violações de direitos da personalidade, notadamente da honra e da imagem de outras partes ou de profissionais que atuem no processo. 3) A voz humana encontra proteção nos direitosda personalidade, seja como direito autônomo ou como parte integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal. 4) O reconhecimento do estado de filiação é DIREITO PERSONALÍSSIMO, INDISPONÍVEL E IMPRESCRITÍVEL, assentado no princípio da dignidade da pessoa humana. 5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome, um direito da personalidade que designa o indivíduo e o identifica perante a sociedade, cuja modificação revela-se possível, no entanto, nas hipóteses previstas em lei, bem como em determinados casos admitidos pela jurisprudência. 6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade. 7) É possível a modificação do nome civil em decorrência do direito à dupla cidadania, de forma a unificar os registros à luz dos princípios da verdade real e da simetria. 8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados pela legislação civil, afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando- se à identidade civil da pessoa e identificando-a em seu entorno social e familiar. 9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da personalidade, torna possível o restabelecimento do nome de solteiro após a dissolução do vínculo conjugal em decorrência da morte. 10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com intuito comercial, o dano moral é in re ipsa. 11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação (actual malice), para ensejar a indenização pela ofensa ao nome ou à imagem de alguém. 12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza ofensiva a direitos da personalidade das páginas de internet, seja por meio de notificação do particular ou de ordem judicial, dependem da localização inequívoca da publicação (Universal Resource Locator - URL), correspondente ao material que se pretende remover. CAPÍTULO III DA AUSÊNCIA Seção I Da Curadoria dos Bens do Ausente Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a au- sência, e nomear-lhe-á curador. Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não pos- sa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de 2 anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente in- cumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não haven- do impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a es- colha do curador. JDC97 No que tange à tutela especial da família, as regras do Código Civil que se referem apenas ao cônjuge devem ser es- tendidas à situação jurídica que envolve o companheiro, como, por exemplo, na hipótese de nomeação de curador dos bens do ausente CURADOR DOS BENS DO AUSENTE Cônjuge (não separado judicialmente ou de fato por mais de 2 anos)/companheiro Pais Descendentes Curador nomeador pelo juiz Seção II Da Sucessão Provisória Art. 26. Decorrido 1 ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando 3 anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se con- sideram interessados: I - o cônjuge não separado judicialmente; II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito depen- dente de sua morte; IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão pro- visória SÓ PRODUZIRÁ EFEITO 180 DIAS DEPOIS DE PUBLICA- DA pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder- se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. § 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo inte- ressados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente. § 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até 30 dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arreca- dação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, orde- nará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do au- sente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não pu- der prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, man- tendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge (CAD), uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independen- temente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que con- tra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge (CAD) que for su- cessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendi- mentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimen - tos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representan- te do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a au- sência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do su- cessor, sua parte nos frutos e rendimentos. Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a su- cessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, de- pois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obriga- dos a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. Seção III Da Sucessão Definitiva Art. 37. 10 anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interes- sados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, pro- vando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 da- tam as últimas notícias dele. Art. 39. Regressando o ausente nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, oualgum de seus descendentes ou ascen- dentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no esta- do em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebi- do pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos 10 anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a su- cessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas res- pectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da Uni- ão, quando situados em território federal. TÍTULO II DAS PESSOAS JURÍDICAS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou ex- terno, e de direito privado. Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídi- cas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. JDC141 A remissão do art. 41, parágrafo único, do Código Civil às pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado es- trutura de direito privado”, diz respeito às fundações públicas e aos entes de fiscalização do exercício profissional . Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Es- tados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civil- mente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualida- de causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo con- tra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo (RESPONSABILIDADE OBJETIVA) Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRE- LI). § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo VEDADO ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. § 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsi- diariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Es- pecial deste Código. § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão con- forme o disposto em lei específica. JDC142 Os partidos políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-lhes o Código Civil. JDC143 A liberdade de funcionamento das organizações religi- osas não afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexa- me, pelo Judiciário, da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos. JDC144 A relação das pessoas jurídicas de direito privado constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil não é exausti - va. JDC280 Por força do art. 44, § 2º, consideram-se aplicáveis às sociedades reguladas pelo Livro II da Parte Especial, exceto às li- mitadas, os arts. 57 e 60, nos seguintes termos: a) em havendo previsão contratual, é possível aos sócios de- liberar a exclusão de sócio por justa causa, pela via extraju- dicial, cabendo ao contrato disciplinar o procedimento de ex- clusão, assegurado o direito de defesa, por aplicação analógica do art. 1.085; b) as deliberações sociais poderão ser convocadas por inici - ativa de sócios que representem 1/5 do capital social, na omissão do contrato. A mesma regra aplica-se na hipótese de criação, pelo contrato, de outros órgãos de deliberação colegiada. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direi- to privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em 3 anos o direito de anular a consti- tuição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passiva- mente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato consti- tutivo. JDC145 O art. 47 não afasta a aplicação da teoria da aparência. Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as deci- sões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em 3 anos o direito de anular as deci- sões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou esta- tuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administra- dor provisório. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores (LEI 13874/19) Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. (LEI 13874/19) Art. 50. TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONA- LIDADE JURÍDICA. Em caso de abuso da personalidade jurídi- ca, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Mi- nistério Público quando lhe couber intervir no processo, descon- siderá-la para que os efeitos de certas e determinadas rela- ções de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.(LEI 13874/19) § 1º Para os fins do disposto neste artigo, DESVIO DE FINALIDADE é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.(LEI 13874/19) § 2º Entende-se por CONFUSÃO PATRIMONIAL a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;(LEI 13874/19) II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e(LEI 13874/19) III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (LEI 13874/19) § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.(LEI 13874/19) § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.(LEI 13874/19) § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica (LEI 13874/19) JDC7 Só se aplica a desconsideração da personalidadejurídica quando houver a prática de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido. JDC51 A teoria da desconsideração da personalidade jurídica – disregard doctrine – fica positivada no novo Código Civil, manti- dos os parâmetros existentes nos microssistemas legais e na construção jurídica sobre o tema. JDC145 Nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica pre- vistos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confusão patri- monial). JDC281 A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insol- vência da pessoa jurídica. JDC282 O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da per- sonalidade jurídica. JDC283 É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada “inversa” para alcançar bens de sócio que se va- leu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros – positivado com o NCPC JDC284 As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrati- vos ou de fins não econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica. JDC285 A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, PODE SER INVOCADA PELA PESSOA JURÍDICA, EM SEU FAVOR. JDC406 A desconsideração da personalidade jurídica alcança os grupos de sociedade quando estiverem presentes os pressu- postos do art. 50 do Código Civil e houver prejuízo para os cre- dores até o limite transferido entre as sociedades. DESCONSIDERAÇÃO “COMUM” Atinge bens da empresa que estão em nome dos sócios DESCONSIDERAÇÃO INVERSA Atinge bens dos sócios que estão em nome da empresa DESCONSIDERAÇÃO INDIRETA Atinge bens da empresa controla- dora que estão em nome da contro- lada/coligada DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA Atinge bens do sócio oculto que es- tão em nome de terceiro (“laranja”) DESPERSONALIZAÇÃO Dissolução da pessoa jurídica Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. JDC286 Os direitos da personalidade são direitos inerentes e es- senciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos CAPÍTULO II DAS ASSOCIAÇÕES Art. 53. Constituem-se as associações pela UNIÃO DE PESSOAS que se organizem para FINS NÃO ECONÔMICOS. Parágrafo único. NÃO HÁ, entre os associados, direitos e obriga- ções recíprocos. JDC534 As associações podem desenvolver atividade econô- mica, desde que não haja finalidade lucrativa. JDC615 As associações civis podem sofrer transformação, fusão, incorporação ou cisão. Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associ- ados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deli- berativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respec- tivas contas. Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. JDC577 A possibilidade de instituição de categorias de associa- dos com vantagens especiais admite a atribuição de pesos di- ferenciados ao direito de voto, desde que isso não acarrete a sua supressão em relação a matérias previstas no art. 59 do CC. Art. 56. A qualidade de associado É INTRANSMISSÍVEL, se o es- tatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ide- al do patrimônio da associação, a transferência daquela NÃO IM- PORTARÁ, DE PER SI, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do es- tatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direi- to ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especial- mente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabeleci- do no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administra- dores. Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 dos associados o direito de pro- movê-la. Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimô- nio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou fra- ções ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição munici- pal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanes- cente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patri- mônio da associação. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas con- dições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimô- nio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. JDC407 A obrigatoriedade de destinação do patrimônio líquido remanescente da associação à instituição municipal, estadual ou federal de fins idênticos ou semelhantes, em face da omissão do estatuto, possui caráter subsidiário, devendo prevalecer a vontade dos associados, desde que seja contemplada enti- dade que persiga fins não econômicos. CAPÍTULO III DAS FUNDAÇÕES Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escri- tura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, es- pecificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a ma- neira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artísti- co; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e pro- moção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alter- nativas, modernização de sistemas de gestão, produção e di- vulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direi- tos humanos; IX – atividades religiosas; JDC8 A constituição de fundação para fins científicos, educacio- nais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no Código Civil, art. 62, parágrafo único. JDC9 Deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fun - dações com fins lucrativos. Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser oinstituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou ou- tro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do pa- trimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acor- do com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade compe- tente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assi- nado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. § 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. § 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mis- ter que a reforma: I - seja deliberada por 2/3 dos competentes para gerir e repre- sentar a fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Pú- blico a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do inte- ressado. Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por vota- ção unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em 10 dias. Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a ex- tinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. TÍTULO III Do Domicílio Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabe- lece a sua residência com ânimo definitivo. JDC408 Para efeitos de interpretação da expressão “domicílio” do art. 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, deve ser considerada, nas hipóteses de litígio internacional relativo a criança ou adolescente, a residência habitual des- tes, pois se trata de situação fática internacionalmente aceita e conhecida. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qual- quer delas. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diver- sos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não te- nha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a in- tenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem. Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração munici- pal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domi- cílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obriga- ções contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do esta- belecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer per- manentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encon- trar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio es- tiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a senten- ça. DOMICÍLIO NECESSÁRIO Incapaz Representante ou assistente Servidor público Onde exerce permanentemente as funções Militar Onde servir Marinha/Aeronáutica Sede do comando Marítimo Onde o navio estiver matriculado Preso Onde cumpre a sentença Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangei- ro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especifi- car domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obriga- ções deles resultantes (domicílio de eleição) LIVRO II DOS BENS TÍTULO ÚNICO Das Diferentes Classes de Bens CAPÍTULO I Dos Bens Considerados em Si Mesmos Seção I Dos Bens Imóveis Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. JDC11 Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens imóveis por acessão intelectual, não obstante a expres- são “tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”, constante da parte final do art. 79 do Código Civil Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Seção II Dos Bens Móveis Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio (semoventes), ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspon- dentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; re- adquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Seção III Dos Bens Fungíveis e Consumíveis Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa des- truição imediata da própria substância, sendo também consi- derados tais os destinados à alienação. Seção IV Dos Bens Divisíveis Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alte- ração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisí- veis por determinação da lei ou por vontade das partes. Seção V Dos Bens Singulares e Coletivos Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consi- deram de per si, independentemente dos demais. Art. 90. Constitui UNIVERSALIDADE DE FATO a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. JDC288 Apertinência subjetiva não constitui requisito im- prescindível para a configuração das universalidades de fato e de direito. Art. 91. Constitui UNIVERSALIDADE DE DIREITO o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômi- co. UNIVERSALIDADE DE FATO Pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pes- soa, tenham destinação unitá- ria UNIVERSALIDADE DE DIREITO Complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de va- lor econômico CAPÍTULO II Dos Bens Reciprocamente Considerados Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concre- tamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal (princípio da gravitação jurídica) Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes in- tegrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao servi- ço ou ao aformoseamento de outro. JDC535 Para a existência da pertença, o art. 93 do Código Civil NÃO EXIGE elemento subjetivo como requisito para o ato de destinação. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem princi- pal NÃO ABRANGEM AS PERTENÇAS, salvo se o contrário resul- tar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessá- rias. § 1o São VOLUPTUÁRIAS as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São ÚTEIS as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São NECESSÁRIAS as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprie- tário, possuidor ou detentor. CAPÍTULO III Dos Bens Públicos Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. JDC287 O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código Civil não exaure a enumeração dos bens pú- blicos, podendo ainda ser classificado como tal o bem perten- cente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas ju- rídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são INALIENÁVEIS, enquanto conservarem a sua qua- lificação, na forma que a lei determinar. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, ob- servadas as exigências da lei. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser GRATUITO ou RETRIBUÍDO, conforme for estabelecido legalmente pela enti- dade a cuja administração pertencerem. LIVRO III Dos Fatos Jurídicos TÍTULO I Do Negócio Jurídico CAPÍTULO I Disposições Gerais Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes NÃO PODE ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o ne- gócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à VALIDADE dos negócios jurídicos que visem à consti- tuição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País. Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não va- ler sem instrumento público, este é da substância do ato. Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que mani- festou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à inten- ção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da lingua- gem. JDC421 Os contratos coligados devem ser interpretados segun- do os critérios hermenêuticos do Código Civil, em especial os dos arts. 112 e 113, considerada a sua conexão funcional. Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que:(LEI 13874/19) I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio;(LEI 13874/19) II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio;(LEI 13874/19) III - corresponder à boa-fé;(LEI 13874/19) IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e(LEI 13874/19) V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração.(LEI 13874/19) § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei(LEI 13874/19) JDC409 Os negócios jurídicos devem ser interpretados não só conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, mas também de acordo com as práticas habitualmente adotadas en- tre as partes. Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia INTER- PRETAM-SE ESTRITAMENTE. CAPÍTULO II Da Representação Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado. Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limi- tes de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado. Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é ANULÁVEL o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo re- presentante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos. Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a ex- tensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem. Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Parágrafo único. É de 180 dias, a contar da conclusão do negó- cio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo. Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação volun- tária são os da Parte Especial deste Código. CAPÍTULO III Da Condição, do Termo e do Encargo Art. 121. Considera-se CONDIÇÃO a cláusula que, derivando ex- clusivamente
Compartilhar