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Momento BVD 15: Felicidade das Mulheres | Caderno BVD • BS • Ed. 2553 • 04/04/2021 • () BS CADERNO BVD Momento BVD 15: Felicidade das Mulheres A presente série, “Momento BVD (Budismo na Vida Diária)”, trata de temas do cotidiano com base nos ensinamentos do Budismo de Nichiren Daishonin de forma sucinta. Apresenta, sempre, trechos dos escritos de Nichiren Daishonin acompanhados de explanações e orientações do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda. Essas matérias poderão ser utilizadas em diversas atividades da organização, em especial, nas reuniões de palestra. Naturalmente, uma pesquisa mais aprofundada poderá ser desenvolvida a partir de matérias publicadas nos diversos periódicos e livros da BSGI. Em particular, na Biblioteca de Materiais de Referência do DEB, poderão ser encontradas matérias correspondentes a cada tema na forma de explanações completas e trechos do romance Nova Revolução Humana. Momento BVD 15: Felicidade das Mulheres Introdução O Sutra do Lótus, diferentemente dos demais sutras anteriores, prega a igualdade entre todos os seres humanos, e elucida a iluminação das mulheres na forma que se apresentam. Na época de Nichiren Daishonin, na sociedade japonesa, as mulheres sofriam muito e estavam confinadas às “três obediências”, e passavam a vida toda subordinadas a alguém: obedeciam aos pais quando crianças, obedeciam ao marido depois de se casarem e aos filhos na velhice (cf. Discurso do presidente Ikeda. Brasil Seikyo, ed. 1.589, 27 jan. 2001). Dentro dessas circunstâncias, Daishonin incentivou muitas seguidoras escrevendo inúmeras cartas, demonstrando absoluto respeito às mulheres, um fato incomum aos fundadores de outras escolas religiosas da época. O escrito O Sutra da Verdadeira Retribuição é uma dessas cartas. Trecho do escrito 1 O Sutra da Verdadeira Retribuição Nesse volume é descrito como a menina-dragão tornou-se um buda mantendo a forma original de réptil. Então, diante desse fato, ninguém mais teve dúvida de que todos os homens podiam atingir o estado de buda. Por isso eu digo que a iluminação das mulheres é apresentada como exemplo. (CEND, v. II, p. 195) Resumo e Cenário Histórico Essa carta foi escrita em Minobu, no vigésimo oitavo dia do sétimo mês de 1278, um dia depois que Abutsu-bo, um seguidor leigo, chegou a essa localidade vindo da Ilha de Sado. Essa foi a terceira viagem feita por Abutsu-bo para visitar Nichiren Daishonin. O escrito é a resposta de Daishonin a uma carta que Abutsu-bo lhe havia entregue da parte de sua esposa, a monja leiga Sennichi. A monja leiga Sennichi e o marido foram leais seguidores de Daishonin, a quem supriram de alimentos, materiais de escrita e outras necessidades por mais de dois anos, até ele receber o indulto em 1274. Quando Daishonin retirou-se para o Monte Minobu, a monja leiga enviou o marido para visitá-lo e levar-lhe oferecimentos em três ocasiões distintas. No presente trecho, Daishonin refere-se à questão de saldar as dívidas de gratidão com os pais, em especial, com a mãe. Como o Sutra do Lótus é o único que assegura a iluminação das mulheres, Daishonin declara que é também o único sutra que possibilita, de fato, retribuir ao amor e à bondade de uma mãe. Explanação do presidente da SGI Sutra do Lótus, o principal ensinamento do Buda O capítulo 12, “Devadatta”, do Sutra do Lótus, descreve a menina-dragão atingindo o estado de buda instantaneamente na forma que se apresenta. Os comentários de Daishonin afirmam que o estado de buda é inerente a todas as pessoas e elucidam o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”. Porém, não são suficientes para serem aceitos prontamente pelas pessoas. Além disso, é especialmente difícil para as pessoas que vivem na era maligna após a morte do Buda entender e acreditar nos ensinamentos do Sutra do Lótus. A menina- dragão atingiu a iluminação [na assembleia] da forma como ela era. Daishonin diz que, diante dessa prova, está totalmente convencido de que todos os homens podiam atingir o estado de buda imediatamente e da forma como são (cf. CEND, v. II, p. 195). Em outras palavras, a iluminação das mulheres revela o poder do Sutra do Lótus para permitir que todas as pessoas manifestem igualmente o estado de buda. Daishonin escreve na carta endereçada à monja leiga Sennichi: “Por isso eu digo que a iluminação das mulheres é apresentada como exemplo” (CEND, v. II, p. 195). Enquanto um número de sutras expostos antes do Sutra do Lótus sustentou a possibilidade de as mulheres atingirem o estado de buda, condicionada ao renascimento, primeiro, como homem numa existência futura. Uma condição similar foi colocada sobre as mulheres que procuravam renascer na Terra Pura, como ensinado na escola Nembutsu; elas não podiam esperar para chegar a esse reino diretamente da forma como eram. Nesses casos, para evidenciar o estado de buda, seria necessária a transformação física. Em contraste, Daishonin ressalta que a menina-dragão atingiu o estado de buda no Sutra do Lótus instantaneamente — alcançada por um simples ser dos nove mundos. Ele comprova isso citando uma passagem do grande mestre Dengyo1 sobre esse fato: “Por meio do poder do Sutra do Lótus da Lei Maravilhosa, eles poderão atingir o estado de buda na forma que se apresentam” (CEND, v. II, p. 195).2 Em outra carta, Daishonin também afirma: “A essência do Sutra do Lótus encontra-se na revelação de que uma pessoa pode atingir a iluminação suprema na forma que se apresenta, sem ter de mudar a condição de um ser humano comum. Isso significa que não é necessário livrar-se dos impedimentos cármicos para atingir o caminho do buda” (CEND, v. I, p. 429). Podemos, instantaneamente, alcançar a iluminação perfeita,3 o mais elevado estágio da prática, como uma pessoa comum na fase inicial de abraçar e praticar o Sutra do Lótus. Manifestar o estado de buda na forma que se apresenta é a verdadeira essência da iluminação exposta no Sutra do Lótus. Mais uma vez, no capítulo 12, “Devadatta”, do Sutra do Lótus, como prova de ter evidenciado o estado de buda da forma como é, a menina-dragão jura expor as “doutrinas do grande veículo [o Sutra do Lótus] para resgatar os seres vivos do sofrimento” (LSOC, v. 12, p. 227). A descrição das mulheres no Sutra do Lótus, exemplificada pela menina- dragão, está em contraste com os sutras provisórios expostos pelo Buda. Como reflexo das atitudes predominantes na sociedade indiana antiga, essas escrituras saíram de seu caminho para enfatizar as faltas e os impedimentos cármicos das mulheres, roubando a esperança e a dignidade delas. Na época de Nichiren Daishonin, tais ensinamentos eram amplamente difundidos no Japão, enquanto o Sutra do Lótus foi quase ignorado. Não seria errado dizer, portanto, que o budismo se transformou numa fonte de opressão e sofrimento para as mulheres. Daishonin quis pôr fim a essa situação e tentou chamar a atenção para a iluminação da menina- dragão na forma que se apresenta. Ele foi impulsionado pelo desejo ardente de estabelecer um ensinamento para a felicidade das mulheres e das mães, e para a transformação de todas as pessoas. O Budismo Nichiren é um ensinamento transformador que nos permite desenvolver e expandir nossa condição de vida por meio do poder da fé e da prática com base na Lei Mística. O poder da fé surge da crença de que nós mesmos somos inerentemente entidades da Lei Mística, ou seja, que somos budas. O poder da prática, por sua vez, surge da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, a Lei fundamental para alcançar o estado de buda, e evidenciar nossa natureza de buda. O juramento de Nichiren Daishonin para “fazer com que todas as mulheres recitem o daimoku deste sutra (isto é, o Nam-myoho-renge- kyo)” (CEND, v. II, p. 196) é o de realizar uma reforma no budismo que promoverá a independência e a revolução humana das mulheres. (...) Além disso, no escrito O Sutra da Verdadeira Retribuição, Daishonin responde confiantemente a carta recebida da monja leiga Sennichi, assegurando-lhe: “Dessa forma, que motivo haveria para as mulheres do Japãoficarem desanimadas se o Sutra do Lótus lhes garante a iluminação que todos os demais sutras negaram a elas?” (CEND, v. II, p. 195). A iluminação das mulheres abre o caminho para todas as pessoas evidenciarem o estado de buda. A prova irrefutável no Sutra do Lótus de que uma mulher manifesta o estado de buda garante a esperança de que todas as pessoas podem fazer o mesmo. Por conseguinte, o Sutra do Lótus é o fundamento de um budismo direcionado verdadeiramente às pessoas. Trecho do Escrito 2 O Sutra da Verdadeira Retribuição Desde que compreendi que só o Sutra do Lótus expõe a iluminação das mulheres, que este é o único sutra da verdadeira retribuição que nos permite saldar a dívida de gratidão para com nossa mãe, jurei fazer com que todas as mulheres recitem o daimoku deste sutra a fim de retribuir o muito que devo à minha própria mãe. (CEND, v. II, p. 196) O Sutra do Lótus é o “Sutra da Verdadeira Retribuição” Na carta O Sutra da Verdadeira Retribuição, percebemos que a essência do juramento de Daishonin — de salvar todas as pessoas — é a gratidão à sua mãe e o desafio de habilitar todas as mulheres a se tornar budas. O Budismo Nichiren é aliado dos mais miseráveis e oprimidos, daqueles que experimentam os maiores sofrimentos. Isso porque abre as portas para a iluminação das mulheres, que eram rejeitadas e repudiadas pelo budismo tradicional. O Budismo Nichiren é um ensinamento que liberta todas as pessoas do sofrimento dos Últimos Dias da Lei. O kosen-rufu é uma luta para construir uma era em que as mulheres saboreiem a alegria de viver; é a realização do juramento do Buda para se esforçar a fim de que as mães do mundo inteiro experimentem a felicidade suprema. Daishonin acreditava que somente tornando possível que sua mãe atingisse a iluminação, ele seria capaz de conduzir todas as mulheres à iluminação. Visto a partir do princípio budista da origem dependente,4 cada pessoa com a qual nos relacionamos está conectada ao restante da humanidade. (...) “...jurei fazer com que todas as mulheres recitem o daimoku deste sutra a fim de retribuir o muito que devo à minha própria mãe” (CEND, v. II, p. 196). Essa passagem é o âmago de O Sutra da Verdadeira Retribuição, o escrito do buda Nichiren Daishonin que vamos estudar agora. Essa carta demonstra a inspiração fundamental para o juramento de Daishonin para abrir o caminho à iluminação de todas as pessoas. O poder de recitar o Nam-myoho-renge-kyo manifesta-se por meio da sincera fé. “...a fim de retribuir o muito que devo à minha própria mãe” — que bela e delicada expressão do Budismo Nichiren! Saldar a dívida de gratidão com nossa mãe que nos deu à luz, nos criou e nos protegeu, é um importante princípio do budismo. E este, em certo sentido, nos ensina a cultivar o espírito de compaixão maternal em nossas interações com os outros. (...) O daimoku do Sutra do Lótus é o ensinamento supremo do budismo para todos os seres vivos, não apenas para as mulheres. O primeiro exemplo do princípio do Sutra do Lótus de que todos os seres vivos podem manifestar o estado de buda na forma que se apresenta é a filha do rei dragão5 — em outras palavras, um praticante do sexo feminino pode se tornar Buda. Isso ilustra que a sinceridade na fé — a qual as mulheres são particularmente notáveis — é a chave para manifestar o poder da Lei Mística na própria vida. Realmente, sinto que as mulheres possuem uma inclinação natural para acalentar e nutrir a vida, simbolizada pelo amor e pela compaixão de uma mãe. Assim, quando as mulheres despertam para a Lei Mística, elas exploram fácil e diretamente a condição de vida do Buda em que a compaixão se manifesta como sabedoria e a sabedoria, como compaixão. Por possuírem um espírito de coração puro, elas são capazes de abraçar a sincera e inabalável fé no daimoku do Sutra do Lótus, que é a semente para evidenciar o estado de buda. A monja leiga Sennichi, destinatária de O Sutra da Verdadeira Retribuição, foi uma mulher que exemplificou essa fé. Daishonin escreveu esta carta no vigésimo oitavo dia do sétimo mês de 1278 e monja leiga Sennichi a recebeu de seu marido, Abutsu-bo, que viajou da Ilha de Sado até o Monte Minobu para visitar o Buda. O texto é uma resposta à carta da monja leiga Sennichi que Abutsu-bo havia levado com ele. Logo no início de sua resposta, Daishonin reafirma brevemente o que ela tinha escrito a ele: “Na carta, a monja leiga diz que apesar de sempre se preocupar com a questão das faltas e dos impedimentos que privam as mulheres de atingir o estado de buda, ela confia totalmente no Sutra do Lótus, pois de acordo com meu ensinamento, este sutra põe em primeiro plano a iluminação das mulheres” (CEND, v. II, p. 193). A partir dos sentimentos expressos por Sennichi, supomos que a garantia de Daishonin sobre a iluminação das mulheres com base no Sutra do Lótus deva ter sido fonte de imensa esperança e inspiração para as mulheres de sua época. Nesse escrito, desejando fortalecer a convicção da monja leiga Sennichi em sua capacidade para atingir a iluminação, Daishonin explica que a manifestação do estado de buda da menina-dragão na forma que se apresenta é “o coração e a essência” do Sutra do Lótus (cf. CEND, v. II, p. 195). O Buda explica que a iluminação das mulheres, em particular, é a base de seu juramento para propagar a Lei. Ele ainda descreve a luta que vem travando para esse fim. Posso imaginar a monja leiga Sennichi, com essa carta em mãos, partilhando com alegria sua inspiradora mensagem com os demais discípulos de Daishonin na Ilha de Sado. Trechos do romance Nova Revolução Humana NRH, cap. “Alegria”, v. 5, p. 71-72 Ela se apresentou e disse: — Eu me chamo Sachi Takayama e pratico o budismo há um ano e meio. Trabalho como empregada doméstica e vim para Genebra porque meu patrão foi transferido para cá por motivo de trabalho. Motosugi logo completou dizendo: — Ela está dizendo que é empregada doméstica, mas não é bem assim. Ela é chef de cozinha, governanta e responsável por várias outras empregadas. Ela nunca estudou uma língua estrangeira, mas tem facilidade de conversar com qualquer pessoa e já criou muitas amizades. Antes de vir para cá, Sachi e eu morávamos na mesma cidade, em Hayama, província de Kanagawa. Por isso, eu a conheço muito bem. Ouvindo isso, Takayama riu alto e disse: — Não sou nada mais que uma empregada doméstica. O que quero perguntar é sobre o meu filho que ficou no Japão. Por não ter marido, deixei meu filho na casa de um parente enquanto trabalhava. No final, acabei vindo até a Suíça. Meu filho está agora com 17 anos. Shin’ichi ouviu o breve relato de Takayama e disse: — Suponho que a senhora tenha passado por muitos dissabores em sua vida. Deve ter trabalhado arduamente para o bem do seu filho. Agora que está orando pela felicidade dele, tenho certeza de que esse sentimento está tocando o coração do jovem. Qual é a sua preocupação? Reunindo coragem, ela explicou: — Eu encontrei uma pessoa com quem me simpatizei muito. Ele é suíço, e estamos pensando em casamento. O que me preocupa é a reação do meu filho. O rosto de Takayama enrubesceu: — O que a inquieta é a questão do casamento, não é? — Sim, é exatamente isso. — O casamento é um assunto que deve ser decidido sem precipitação. Deve-se pensar com sensatez, considerando se a senhora não terá remorso nenhum em compartilhar com ele o resto de sua vida, se pode confiar nele e amá-lo em qualquer situação. Por exemplo, já pensou como é realmente o caráter dele? Será que os dois poderão construir uma vida em comum vencendo as diferenças de idioma e de costumes? Será que poderão manter a compreensão mútua como casal apesar das barreiras de princípios e do modo de pensar? Se tem certeza de que se esforçará ao lado dele tendo ou não problemas na vida, seja de ordem financeira ou com seu filho, é preciso então tomar uma decisão e seguir adiante, e transmitir seus sentimentos ao seu filho. Se não puder encontrá-lo pessoalmente, escreva-lhe uma carta; com 17 anos já pode ser considerado adulto,e talvez já tenha maturidade para compreender seu sentimento. Mas saiba que é errado pensar que o casamento lhe garantirá a felicidade. Por um tempo, o casamento poderá oferecer a sensação de felicidade, mas, na longa jornada da vida, muitas coisas podem acontecer. Existem casos em que o casamento se transforma numa frente de infelicidades e amarguras. A felicidade no casamento depende do esforço de ambos. A mudança na circunstância de destino individual ou do carma. Não importa com quem viva ou onde viva, se tiver o carma de ficar doente, certamente sofrerá com a doença. Se seu destino for de ter dificuldades econômicas, com certeza não se livrará delas. O importante é transformar o carma negativo da vida. É necessário que desenvolva força vital suficiente para enfrentar com serenidade qualquer obstáculo e jamais permitir ser derrotada. A fonte dessa fortaleza é a fé. A chave para a felicidade é a fé. Shin’ichi continuou falando com seriedade: — A felicidade não é algo que está fora de nós, ela reside dentro da nossa vida. Todos nós possuímos um grandioso palácio da boa sorte. Por isso, não importando o que ocorra, deve pedir e desenvolver seu próprio interior com base na prática budista, e propague-a para seus amigos e conhecidos para que possam também ser felizes. Essa é a sua missão. Sachi Takayama o ouvia com muita atenção, e perguntou-lhe preocupada: — Mas, alguém como eu será capaz de fazer os outros felizes...? Shin’ichi respondeu sem hesitação: — Sim, pode, com toda a certeza. A senhora vem lutando e sofrendo muito mais que os outros e merece ser a mais feliz do mundo; é também a mais qualificada para conduzir outros à felicidade. Digo isso porque é um princípio do budismo. Um sorriso iluminou o rosto dela. Por compreender o sentimento de Takayama — uma mulher que trabalhou incansavelmente durante anos com o único propósito de sustentar o filho e que agora estava encontrando um homem que a amava e desejava se casar —, Shin’ichi queria que ela fosse realmente feliz. No curso de sua vida, deve ter passado por inúmeras amarguras e sofrimentos que não poderia contar por meio de palavras. Mas, do ponto de vista budista, isso fazia parte também da sua missão. Todas as dificuldades vividas tomam um novo valor e significado quando se baseia no budismo. NRH, cap. “Vitória”, v. 5, p. 156-157 Seguiram-se então as palavras da coordenadora da divisão, Tokie Tani, que externou inicialmente a alegria de realizar a convenção de forma muito solene e radiante e falou sobre a felicidade das mulheres: — Completamos este ano dez anos de existência da Divisão Feminina de Jovens. Durante esse período, todas as orientações e incentivos de Toda sensei e também do presidente Yamamoto se resumem num único propósito: as integrantes da Divisão Feminina de Jovens devem conquistar a felicidade. O que é então essa felicidade para nós? Eu mesma tenho pensado nessa questão, e também conversei sobre o assunto com diversas pessoas em muitas oportunidades. Uma conclusão a que cheguei é que a felicidade não existe no passado nem no futuro, mas no momento presente em que avançamos com toda a firmeza pelo grande caminho da revolução humana. Até chegar a essa conclusão, as líderes da divisão pensaram muito a respeito da felicidade. A maioria das jovens que recebeu a orientação do presidente Josei Toda de que elas deveriam ser felizes pensou inicialmente numa boa situação financeira e no casamento. Isso era razoável porque eram pobres e o costume da sociedade era considerar o casamento como a realização da felicidade da mulher. Porém, quando começaram a observar com mais atenção a vida das pessoas casadas, inclusive de suas amigas, chegaram à conclusão de que o casamento não era garantia infalível de felicidade. Havia casais que sofriam de desarmonia apesar de terem se casado imbuídos de forte paixão, ou senhoras que sofriam com a doença ou a marginalização de seus filhos, embora tivessem se casado com um homem de boa posição social e financeira. Perceberam também que nada poderia garantir a continuidade de uma vida economicamente afortunada. Elas começaram a pensar que o casamento não era algo que decidia a felicidade ou a infelicidade na vida, e que o fator principal para a felicidade estava em capacitar a si mesmas com a força para vencer quaisquer provações e sofrimentos da vida. As jovens voltaram a analisar a questão da “felicidade relativa” e da “felicidade absoluta” ensinada por Josei Toda. Material de apoio: Leia mais: Biblioteca de Materiais de Referência: Tema de Estudo 13 — Felicidade das Mulheres. Notas: 1. Dengyo (767–822): Também conhecido como Saicho. O fundador da escola Tendai (Tiantai) no Japão. Geralmente referido como o grande mestre Dengyo. Ele refutou os erros das seis escolas Nara — as escolas estabelecidas da época — e se dedicou a elevar o Sutra do Lótus e a estabelecer uma plataforma de ordenação Mahayana no Monte Hiei. 2. Em Princípios Extraordinários do Sutra do Lótus, o grande mestre Dengyo lista dez características do Sutra do Lótus, à luz da qual ele discute sua supremacia sobre todos os sutras. Uma das características é que o Sutra do Lótus permite que as pessoas atinjam o estado de buda na forma que se apresentam. Ele afirma: “A filha do rei dragão, que instruía os outros, não precisou passar pelas incontáveis kalpa de prática austera, nem os seres vivos, que recebiam instruções, precisaram seguir a prática. Por meio do poder do Sutra do Lótus da Lei Maravilhosa, eles conseguem atingir o estado de buda na forma que se apresenta (WND, v. II, p. 891). Uma parte dessa frase é também citada em O Sutra da Verdadeira Retribuição (cf. CEND, v. II, p. 195). 3. Iluminação perfeita: A iluminação do Buda. “Iluminação perfeita” refere-se ao último e maior dos cinquenta e dois estágios da prática de bodisatva, ou do estado de buda. 4. Origem dependente: Também chamada causa dependente ou origem condicionada. Uma doutrina budista que expressa a interdependência de todas as coisas. Ensina que nenhum ser vivo ou fenômeno existe https://app.brasilseikyo.com.br/conteudo/999559188/13-felicidade-das-mulheres sozinho; eles existem ou ocorrem devido ao relacionamento com outros seres vivos e fenômenos. Tudo no mundo vem com a existência em resposta às causas e às condições. Isto é, nada pode existir independente de outras coisas ou surgir isoladamente. A doutrina da cadeia de doze elos da causalidade é uma ilustração bem conhecida dessa ideia. 5. Filha do rei dragão (jap. ryunyo): Também chamada “menina-dragão”. Filha de Sagara, um dos oito grandes reis dragões que, segundo a crença, habitavam um palácio no fundo do mar. De acordo com o capítulo 12, “Devadatta”, do Sutra do Lótus, a menina-dragão manifestou o desejo de atingir a iluminação após ouvir o bodisatva Manjushri pregar esse sutra no palácio do rei dragão. Mais tarde, quando ela se apresentou diante da assembleia do Sutra do Lótus, o bodisatva Sabedoria Acumulada e Shariputra afirmaram que as mulheres eram incapazes de atingir a iluminação. Nesse mesmo instante, a menina manifestou o estado de buda sem abandonar sua forma de réptil.
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