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AEP--crimes-da-lei-11-343-06-art-28-penas-natureza-juridica-princ-insig

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AGORA EU PASSO! 
1 
 
SUMÁRIO 
Lei de Drogas – Lei nº 11.343/2006 ................................................................................................................... 3 
Considerações iniciais .................................................................................................................................... 3 
Objetividade Jurídica ..................................................................................................................................... 3 
Objeto Material ............................................................................................................................................. 4 
O que são drogas? ......................................................................................................................................... 4 
Ressalva à proibição de drogas ..................................................................................................................... 4 
Sujeito Ativo .................................................................................................................................................. 5 
Sujeito Passivo ............................................................................................................................................... 5 
Elemento subjetivo ........................................................................................................................................ 5 
Crime de Perigo Concreto X Crime de Perigo Abstrato ................................................................................. 5 
Ação penal ..................................................................................................................................................... 6 
Princípio da insignificância ............................................................................................................................ 6 
Art. 28 – Porte e cultivo para consumo pessoal ................................................................................................ 7 
Fuga da pena privativa de liberdade ............................................................................................................. 8 
Natureza Jurídica ........................................................................................................................................... 8 
Consumação .................................................................................................................................................. 9 
Tentativa ........................................................................................................................................................ 9 
Materialidade do delito ................................................................................................................................. 9 
Elemento subjetivo ........................................................................................................................................ 9 
Núcleos do tipo ............................................................................................................................................ 10 
Figura equiparada – Art. 28, §1º ................................................................................................................. 11 
Critérios para diferenciação com o tráfico .................................................................................................. 11 
Penas ........................................................................................................................................................... 12 
Descumprimento das medidas: Consequências .......................................................................................... 13 
Tratamento ambulatorial não compulsório ................................................................................................ 13 
Prescrição .................................................................................................................................................... 14 
Reincidência ................................................................................................................................................. 14 
Rito processual ............................................................................................................................................ 15 
Crimes em Espécie: Crimes equiparados a hediondos. ................................................................................... 15 
2.1) Art. 33 – Tráfico de Drogas ................................................................................................................... 15 
Sujeito ativo ................................................................................................................................................. 16 
Sujeito Passivo ............................................................................................................................................. 16 
Objetividade Jurídica ................................................................................................................................... 16 
Condutas Típicas .......................................................................................................................................... 16 
Elemento normativo .................................................................................................................................... 17 
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AGORA EU PASSO! 
2 
 
Consumação ................................................................................................................................................ 17 
Tentativa ...................................................................................................................................................... 17 
Ação Penal ................................................................................................................................................... 17 
Lei 9.099/1995 ............................................................................................................................................. 18 
Princípio da Insignificância .......................................................................................................................... 18 
Competência ................................................................................................................................................ 18 
Materialidade .............................................................................................................................................. 19 
Laudo de Constatação preliminar ............................................................................................................ 19 
Laudo definitivo - exame ......................................................................................................................... 19 
Dosimetria da pena ..................................................................................................................................... 20 
Pena privativa de liberdade ..................................................................................................................... 20 
Pena de multa .......................................................................................................................................... 20 
Flagrante Provocado ou Preparado – Crime de ensaio ............................................................................... 20 
Flagrante Forjado ........................................................................................................................................ 21 
Flagrante Esperado ...................................................................................................................................... 22 
Art. 33, §1º – Crimes equiparadosao tráfico de drogas ................................................................................. 22 
I – Tráfico de matéria-prima, insumos ou produto químico ....................................................................... 22 
Posse de sementes de maconha ............................................................................................................. 23 
II – Cultivo de plantas para o tráfico ............................................................................................................ 24 
III – Utilização de local para fim de tráfico .................................................................................................. 25 
IV – Venda ou entrega de Drogas a Policial ................................................................................................. 26 
 
 
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AGORA EU PASSO! 
3 
 
LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/2006 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
A Lei 11.343/2006, também denominada de Lei de Drogas, trata de forma integral 
(material e processual) toda a sistemática penal envolvendo drogas. 
Art. 1 Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas 
sobre Drogas - SISNAD; prescreve medidas para prevenção do uso 
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de 
drogas; estabelece normas para repressão à produção não 
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. 
Objetivo: O Art. 1º deixa claro que o principal objetivo da Lei de Drogas é conferir 
tratamento jurídico diverso ao usuário e ao traficante de drogas. 
 Premissa: A pena privativa de liberdade não contribui para o problema social do uso 
indevido de drogas, o qual deve ser encarado como problema de saúde pública e não de 
polícia. Dessa forma, ABOLIU a possibilidade da aplicação de tal pena (privativa de liberdade) 
ao crime do porte de drogas para o consumo pessoal. 
Analisando o Art. 5º, XLIII da Constituição Federal: 
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da TORTURA, o TRÁFICO ILÍCITO DE 
ENTORPECENTES E DROGAS AFINS, o TERRORISMO e os definidos 
como CRIMES HEDIONDOS, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem 
 Tortura, Tráfico de Drogas e Terrorismo são EQUIPARADOS A HEDIONDOS. 
 Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), os chamados delitos hediondos e os 
que lhe sejam equiparados, de parelha com os crimes de natureza jurídica 
imprescritível, são chamados crimes de máximo potencial ofensivo. 
 Tráfico de drogas prescreve! São imprescritíveis apenas os crimes de racismo e 
ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
Estado democrático. 
 
OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Por meio da objetividade jurídica analisa-se o bem jurídico protegido pelo Direito 
Penal. Por exemplo, no delito de furto o bem jurídico protegido é o patrimônio, no crime de 
homicídio protege-se a vida. 
 
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AGORA EU PASSO! 
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OBJETO MATERIAL 
O objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta 
criminosa. Nesse sentido, o objeto material nos crimes da Lei de Drogas é a droga. Nessa 
perspectiva, proclama o Art. 1º, parágrafo único da Lei nº 11.343/2006. 
Art. 1º. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como 
drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar 
dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas 
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. 
O QUE SÃO DROGAS? 
Norma penal incriminadora é aquela que tem dois preceitos: preceito primário (define a 
conduta criminosa) e preceito secundário (comina a respectiva sanção penal). 
A norma penal em branco é aquela em que o preceito primário é incompleto – a 
definição da conduta criminosa é incompleta. 
Os crimes da Lei de Drogas estão previstos em normal penal em branco, tendo em 
vista que necessitam de complemento em seu preceito primário, ou seja, para que a definição 
da conduta criminosa seja completa é necessária a ciência do que são drogas. 
Na Lei de Drogas, a norma penal em branco é heterogênea, isto porque o 
complemento é dado por ato infralegal – Portaria da ANVISA. A Portaria SVS/MS nº 344/1998 
é que disciplina as substâncias consideradas como droga, sendo atualizada de forma contínua. 
 Para ser considerada como droga basta a presença do princípio ativo, pouco 
importando a nomenclatura utilizada (maconha, cocaína, LSD, etc.). 
 A prova da materialidade, constatação do princípio ativo, será feita por meio de um 
exame químico-toxicológico (perícia). 
 Os crimes da Lei de Drogas exigem o exame químico-toxicológico para 
comprovar a materialidade do crime. O exame é para comprovar qual é a 
substância em questão no caso concreto e não para averiguar se a substância 
encontrada causa dependência. A simples verificação de que a substância 
corrobora com a presente na portaria da ANVISA já é suficiente para a 
caracterização como objeto material do crime, sendo prescindível o exame para 
constatação de que a substância cause dependência. 
RESSALVA À PROIBIÇÃO DE DROGAS 
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, 
bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais 
e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, 
ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, 
bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações 
Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de 
plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. 
 
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a 
colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, 
exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e 
prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as 
ressalvas supramencionadas. 
a) Plantas de uso estritamente ritualístico-religioso; 
O Art. 2°, caput, não autoriza, de per si, o cultivo de plantas de uso ritualístico-religioso. 
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Para tanto, também se faz necessária a concessão de autorização legal ou 
regulamentar. 
É o que ocorre, por exemplo, com o chá Ayahuasca, produto da decocção do cipó 
Banisteriopsis caapi e da folha Psychotria viridis, utilizado pelo movimento religioso conhecido 
como Santo Daime. 
b) Fins medicinais ou científicos. 
Quando houver autorização legal ou regulamentar. 
SUJEITO ATIVO 
Em regra, os crimes previstos na Lei de Drogas são crimes comuns ou gerais, isto é, são 
crimes que podem ser cometidos por qualquer pessoa, não se exige situação especial. 
Exceção: 
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que 
delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 
50 a 200 dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho 
Federal da categoria profissional a que pertença o agente. 
No tocante ao verbo do tipo “prescrever”, entendimento já consolidado afirma ser crime 
próprio, pois se exige a qualidade especial do agente de médico, dentista, farmacêutico ou 
profissional de enfermagem. Apenas profissional da saúde é quem pode prescrever. 
SUJEITO PASSIVO 
O sujeito passivo é a coletividade. Os crimes da Lei de Drogas são classificados como 
crimes vagos. Entende-se por crime vago aquele que tem como sujeito passivo um ente 
destituído de personalidade jurídica. 
ELEMENTO SUBJETIVO 
São crimes dolosos, sendo essa a regra. 
Contudo, o Art. 38 prevê uma modalidade culposa. 
Exceção: 
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que 
delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em 
desacordo com determinaçãolegal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 
50 a 200 dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho 
Federal da categoria profissional a que pertença o agente. 
CRIME DE PERIGO CONCRETO X CRIME DE PERIGO ABSTRATO 
Crime de perigo é aquele em que a consumação ocorre com a exposição do bem 
jurídico a um risco de dano. Não se exige a efetiva lesão ao bem jurídico, bastando a 
probabilidade de dano. Os crimes de perigo podem ser de perigo concreto ou perigo 
abstrato. 
No crime de perigo abstrato, também chamado de crime de perigo presumido, a prática 
da conduta descrita em lei acarreta a presunção absoluta do perigo ao bem jurídico e não 
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se exige prova concreta. Cita-se, como exemplo, o caso do traficante de drogas, não se exige 
prova de que a coletividade, efetivamente, estava em perigo com a sua conduta. 
No crime de perigo concreto, exige-se prova concreta da exposição ao perigo pelo bem 
jurídico. 
Os crimes da Lei de Drogas são crimes de perigo abstrato. A prática da conduta 
prevista em lei acarreta a presunção absoluta de perigo ao bem jurídico, não cabendo 
prova em contrário. 
Exceção: Entretanto, no crime do Art. 39 da Lei de Drogas, há um crime de perigo 
concreto: 
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de 
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: 
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da apreensão do veículo, 
cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo 
mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento 
de 200 a 400 dias-multa se o veículo referido no caput deste artigo 
for de transporte coletivo de passageiros. 
Não basta conduzir a embarcação sob o efeito da droga, é necessário que haja 
efetivamente a exposição da incolumidade de outrem a um perigo concreto, real, 
efetivo. 
Corroborando ao exposto, preleciona Renato Brasileiro (Legislação Criminal Comentada, 
2019): 
Na redação do art. 39 da Lei de Drogas, o legislador faz menção à condução de 
embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a 
incolumidade de outrem. Como se pode notar, a situação de perigo presumida pelo 
legislador está inserida no próprio tipo penal. Logo, trata-se de crime de perigo 
concreto, sendo inviável a punição do agente pela prática deste crime sem que a 
acusação comprove que a incolumidade pública foi efetivamente colocada em 
situação de risco. 
AÇÃO PENAL 
Em todos os crimes da Lei de Drogas a ação penal é pública incondicionada. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
O princípio da insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material 
do crime. 
 TRÁFICO DE DROGAS 
NÃO se aplica tal princípio, tendo em vista a incompatibilidade lógica entre ambos, já que o 
tráfico é um crime de máximo potencial ofensivo, equiparado a hediondo. 
 
 Art. 28 (consumo pessoal): 
STF já admitiu a aplicação de tal princípio: 
Ao aplicar o princípio da insignificância, a 1ª Turma concedeu Habeas Corpus para trancar 
procedimento penal instaurado contra o réu e invalidar todos os atos processuais, desde a 
denúncia até a condenação, por ausência de tipicidade material da conduta imputada. No caso, 
o paciente fora condenado, com fulcro no art. 28, caput, da Lei 11.343/2006, à pena de 3 meses e 
15 dias de prestação de serviços à comunidade por portar 0,6 g de maconha (HC 110.475/SC, rel. 
Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 14.02.2012, noticiado no Informativo 655). 
Argumentos utilizados pelo Relator: 
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A privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando 
estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens 
jurídicos que lhes fossem essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores 
penalmente tutelados são expostos a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa 
lesividade. Desse modo, o Direito Penal não deve se ocupar de condutas que produzam 
resultados cujo desvalor — por não importar em lesão significativa a bens jurídicos 
relevantes — não representam, por isso mesmo, expressivo prejuízo, seja ao titular do bem 
jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. Assim, estão preenchidos os 
requisitos de aplicação do princípio da insignificância: 
a) mínima ofensividade da conduta do agente; 
b) nenhuma periculosidade social da ação; 
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e 
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
STJ: NÃO é possível aplicar o princípio da insignificância 
 Não é possível afastar a tipicidade material do porte de substância 
entorpecente para consumo próprio com base no princípio da 
insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida. 
(RHC 35.920/DF, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 
20.05.2014, noticiado no Informativo 541). 
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de 
drogas para consumo pessoal (Art. 28 da Lei n° 11-343/06) é de perigo presumido ou 
abstrato e a pequena quantidade de droga faz parte da própria essência do delito em questão, 
não lhe sendo aplicável o princípio da insignificância (STJ. 6º Turma. RHC 35-920-DF, Rei. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 2o/5f2014.lnfo 541) 
ART. 28 – PORTE E CULTIVO PARA CONSUMO PESSOAL 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou 
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar será 
submetido às seguintes penas: 
I - Advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - Prestação de serviços à comunidade; 
III - Medida educativa de comparecimento a programa ou curso 
educativo. 
 
§1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo 
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de 
pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar 
dependência física ou psíquica. 
 
§2º Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o 
juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, 
ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às 
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos 
antecedentes do agente. 
§3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão 
aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses. 
§4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do 
caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) 
meses. 
§5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em 
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, 
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hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem 
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do 
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
§6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se 
refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se 
recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
 I - Admoestação verbal; 
II - Multa. 
§7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição 
do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, 
preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. 
 
FUGA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
Em substituição à linha repressiva adotada anteriormente, a nova Lei de Drogas afasta a 
possibilidade de aplicação de pena privativa de liberdade ao crime de porte de drogas 
para consumo pessoal. Trata-se da premissa que o melhor caminho é o da educação e não o da 
prisão. 
A justificativa do Senado no projeto de lei da mudança que deu origem à Lei 11.343/06: 
o usuário não pode ser tratado como criminoso, já que, na verdade, depende de um produto, 
comohá dependentes de álcool, tranquilizantes, cigarros, dentre outros. Em segundo lugar, 
porque a pena de prisão do usuário acaba por alimentar um sistema de corrupção policial 
absurdo... 
Não há para o usuário pena privativa de liberdade! 
Não cabe Prisão em Flagrante! (2ª fase do flagrante). 
E quais são as penas aplicadas ao usuário? 
I - Advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - Prestação de serviços à comunidade; 
III - Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
Art. 48, § 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, 
NÃO SE IMPORÁ PRISÃO EM FLAGRANTE, devendo o autor do fato 
ser IMEDIATAMENTE ENCAMINHADO AO JUÍZO COMPETENTE 
ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, 
lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as 
requisições dos exames e perícias necessários. 
NATUREZA JURÍDICA 
 1ª Posição: Infração Penal Sui Generis: 
Considerando que a lei de introdução ao código penal classifica crime a infração penal 
punida com reclusão e detenção, e contravenção penal a infração apenada com prisão 
simples e multa, teria havido uma DESCRIMINALIZAÇÃO FORMAL da conduta de porte de 
drogas para consumo pessoal. 
Assim, segundo Luis Flávio Gomes, o porte de drogas para consumo pessoal não pode 
mais ser considerado crime, passando a funcionar como infração penal Sui Generis de menor 
potencial ofensivo. 
 2ª Posição: STF: É crime 
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Segundo essa corrente, o próprio constituinte originário outorga ao legislador a 
possibilidade de não aplicar as penas ressalvadas no texto constitucional, como também criar 
outras ali não indicadas, devido à presença do Entre outras no dispositivo. Daí não se pode 
concluir que teria havido descriminalização. 
Art. 5º XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, 
entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos. 
Outros argumentos: 
a) A lei, ao tratar do tema, classificou a conduta como crime. 
b) Estabeleceu o rito processual junto ao Juizado Especial Criminal. 
c) No tocante à prescrição, o Art. 30 determina a aplicação das regras do Art. 107 do Código 
Penal. 
Art. 30. Prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção 
do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
d) A finalidade do Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal era apenas a de diferenciar, em 
1942, os crimes das contravenções penais, uma vez que o CP e a LCP entraram em vigor 
simultaneamente, em 1º de janeiro de 1.942. 
e) A LICP pode ser modificada por outra lei ordinária, como aconteceu com a Lei de Drogas. 
f) Quanto a LICP entrou em vigor não existiam penas alternativas. 
Assim, de acordo com o STF, o Art. 28 da Lei de Drogas trata-se de CRIME, tendo 
ocorrido uma DESPENALIZAÇÃO. 
Em relação à “despenalização”, não confundir ao achar que deixou de existir penas para 
quem pratica a conduta descrita no Art. 28. Existem penas. Ocorreu a despenalização da PENA 
PRIVATIVA DE LIBERDADE! 
A doutrina majoritária entende que ocorreu a DESCARCERIZAÇÃO ou 
DESPRISIONALIZAÇÃO, ou seja, continua a haver a pena, só não existe a pena privativa de 
liberdade. 
O crime do Art. 28 não está no rol dos crimes equiparados a hediondos. 
CONSUMAÇÃO 
Crime formal – consumação antecipada, bastando a realização da conduta. 
TENTATIVA 
A doutrina não admite para as modalidades permanentes do crime. 
Há quem sustente a possibilidade da tentativa na conduta “adquirir”, quando, iniciado o 
ato executório de aquisição, esse vem a ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade 
do agente. 
MATERIALIDADE DO DELITO 
Laudo de constatação – exame pericial. 
ELEMENTO SUBJETIVO 
Dolo + dolo específico (CONSUMO PESSOAL). 
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NÚCLEOS DO TIPO 
Trata-se de tipo penal misto alternativo, contemplando cinco verbos, consumando-se 
com a realização de qualquer dos verbos. 
 
1. Adquirir; 
Consiste na obtenção da propriedade de alguma 
coisa, de maneira gratuita ou onerosa. Pouco 
importa a forma de aquisição: compra e venda, 
troca, substituição, doação, pagamento à vista, a 
prazo, em dinheiro, em cheque, cartão de débito, 
etc. 
2. Guardar; 
Tomar conta da droga, protegendo, tendo-a sob 
vigilância, geralmente por meio de ocultação, tendo 
a clandestinidade como sua característica marcante. 
Trata-se de crime permanente; 
3. Trazer consigo; 
Transportar junto ao corpo (ex.: na bolsa, no bolso 
da calça, etc.) ou em seu interior. Trata-se de crime 
permanente; 
4. Ter em depósito; 
Consiste em manter em reservatório ou armazém, 
conservando a coisa. Cuida-se de crime 
permanente; 
5. Transportar; 
Consiste em levar a droga de um lugar para outro, 
geralmente por meio não pessoal, característica esta 
que a diferencia da modalidade "trazer consigo". 
Também se trata de crime permanente. 
 
Dentre os cinco verbos nucleares do Art. 28, caput, da Lei n° 11.343/06, não consta a 
conduta de mero uso da droga. 
Pelo menos em regra, se o indivíduo é flagrado usando substância entorpecente, deverá 
responder pelo crime de porte de drogas para consumo pessoal, não por conta do "uso da 
droga", que é uma conduta atípica, mas sim porque é muito provável que, antes do uso, já 
tenha praticado uma das condutas incriminadas pelo Art. 28, como, por exemplo, o 
adquirir ou trazer consigo. Nesse caso, a fim de se comprovar a materialidade delitiva por 
meio do exame toxicológico, é imprescindível que parte da substância entorpecente seja 
apreendida. 
No entanto, o uso de drogas nem sempre será precedido das condutas de adquirir ou 
trazer consigo. Com efeito, é perfeitamente possível que determinado indivíduo, sem ter 
consciência de que uma pessoa de seu relacionamento havia adquirido determinada 
+ “CONSUMO PESSOAL” 
Se for para consumo de outra pessoa 
será outro crime 
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substância entorpecente, trazendo-a consigo, resolva simplesmente anuir ao uso da droga. 
Nesse caso, como o uso da droga não consta do Art. 28 como uma das condutas típicas, o ideal 
é concluir pela atipicidade do fato, até mesmo porque o perigo à saúde pública 
consubstanciado pelo fato de o agente trazer a droga consigo teria desaparecido com o 
consumo da substância entorpecente. 
Da mesma forma, imagine que um cidadão encontre ao acaso um cigarro de maconha 
aceso em cima de um muro e ele apenas faz o uso. 
De mais a mais, fosse o uso da droga considerado crime, não haveria necessidade de 
tipificação autônoma da conduta daquele que auxilia, instiga ou determina alguém a usar a 
droga (Art. 33, §2°), pois a norma de extensão do Art. 29 do Código Penal seria suficiente para 
abranger o concurso de agentes para esse suposto "uso de droga". (BRASILEIRO, Renato. 
Legislação Criminal Especial Comentada, Ed. Juspodivm, 2017) 
FIGURA EQUIPARADA – ART. 28, §1º 
Art. 28. § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu 
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à 
preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz 
de causar dependência física ou psíquica. 
 Condutas: semear, cultivar ou colher. 
 O dispositivo refere-se ao local em que o agente planta uma pequena quantidade 
de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica para 
consumo pessoal (Exemplo: plantar um pé de maconha em um vaso na varanda 
do apartamento). 
 Deve ser planta destinada a pequena quantidade. A lei expressamente tratou 
“pequena quantidade”. 
 Requisitos CUMULATIVOS: 
Pequena Quantidade; 
Consumo Pessoal. 
CRITÉRIOS PARA DIFERENCIAÇÃO COM O TRÁFICO 
É adotado no país o Sistema de quantificação judicial: Cabe ao juiz analisar as 
circunstâncias docaso concreto. 
O §2º do Art. 28 da Lei de Drogas traz os critérios que irão diferenciar a droga que se 
destina ao consumo pessoal e a que se destina ao tráfico de drogas, quais sejam: 
Natureza e quantidade da droga; 
a) Local e condições em que foi apreendida; 
b) Circunstâncias pessoais e sociais do agente; 
c) Conduta e os antecedentes do agente. 
§ 2º Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o 
juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância 
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, 
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos 
antecedentes do agente. 
Percebe-se excelência que a lei não estabelece uma quantidade específica para 
caracterizar o tráfico. Quando a quantidade é pequena, ela não é decisiva, sendo necessário 
levar em conta o local, as condições em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e 
pessoais, bem como a conduta e antecedentes do agente. 
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Havendo dúvida entre tráfico e porte de drogas para consumo pessoal, o juiz deve 
condenar pelo crime menos grave. 
Há previsão para que o delegado, após os prazos do inquérito, justifique o 
enquadramento do tipo penal ao caso concreto. 
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a 
autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao 
juízo: 
I - Relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando 
as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a 
quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o 
local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as 
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os 
antecedentes do agente; 
PENAS 
Há três penas cominadas ao crime do Art. 28 da Lei de Drogas. 
I - Advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - Prestação de serviços à comunidade; 
III - Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
As penas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a 
qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. 
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas 
isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer 
tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. 
I - Advertência sobre os efeitos das drogas; 
Deve ser compreendida como uma espécie de esclarecimento a ser feito pelo magistrado 
ao agente quando às consequências maléficas que o uso da droga pode causar, não apenas a 
sua própria saúde, como também a saúde pública. 
II - Prestação de serviços à comunidade; 
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em 
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, 
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem 
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do 
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
Essa espécie de estabelecimento deve ser preferencial, o que significa dizer que não é 
exclusivo. Assim, é possível que seja prestado em outros locais 
Não substitutividade: As penas restritivas de direitos são autônomas e aplicadas em 
substituição a uma pena privativa de liberdade. Como não há previsão de prisão para o crime 
de porte para uso, essa pena não tem caráter substitutivo. 
Não conversibilidade: Quando uma pena restritiva de direitos é descumprida de 
maneira injustificável, ela deve ser convertida em pena privativa de liberdade, o que não 
acontece neste crime. O § 6º já dispõe que a recusa injustificada no cumprimento poderá 
resultar em admoestação verbal e multa. 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo 
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É uma espécie de pena restritiva de direitos por força da qual o acusado tem a obrigação 
de comparecer a determinados programas onde receberá orientação de profissionais de 
diversas áreas do conhecimento humano. 
PRAZO: 
§3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão 
aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses. 
 
§4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III 
do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 
meses. 
 
DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS: CONSEQUÊNCIAS 
Art. 28, § 6º Para garantia do cumprimento das medidas 
educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que 
injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, 
sucessivamente a: 
I - Admoestação verbal; 
Censura feita oralmente pelo magistrado, na qual este deve ser advertido acerca das 
consequências inerentes ao descumprimento das penas do Art. 28. Por meio dela, o acusado 
será orientado acerca das possibilidades da aplicação da multa. 
II - Multa. 
Comprovada a ineficácia da admoestação verbal para assegurar o cumprimento das penas, 
deverá o juiz aplicar a multa coercitiva. 
No tocante à multa, seu valor é creditado ao Fundo Nacional Antidrogas (Art. 29). Sua fixação 
se dá em duas fases (sistema bifásico): 
1ª fase: Número de dias-multa: varia entre 40 e 100. Nessa primeira fase leva-se em conta a 
reprovabilidade da conduta; 
2ª fase: Valor do dia-multa: varia de 1/30 do salário mínimo até três vezes o valor do salário 
mínimo. Nessa segunda fase o que se leva em conta é a capacidade econômica do agente. 
 Caso não cumpra as penas impostas o agente não poderá ser conduzido a prisão. 
O juiz deverá utilizar o § 6º do Art. 28 da Lei de Drogas que prevê: admoestação 
verbal e, após multa. 
 Admoestação verbal e a multa não têm natureza jurídica de pena. 
 Funcionam como instrumentos acessórios que visam compelir o acusado ao 
cumprimento das penas previstas no Art. 28. Por isso, a aplicação dessas medidas 
de garantia não tem o condão de eximir o acusado de cumprir as penas principais. 
 Não há a possibilidade de aplicação da pena privativa de liberdade. 
 O descumprimento injustificado das penas previstas nos incisos I, II e III do caput 
do Art. 28 não caracteriza o crime de desobediência (CP, Art. 330). Isso porque 
a própria Lei de Drogas já prevê em seu Art. 28, §6°, as consequências decorrentes 
do descumprimento de tais penas — admoestação verbal e multa, a serem 
aplicadas de maneira sucessiva —, sem fazer qualquer ressalva expressa quanto à 
possibilidade de responsabilização criminal pelo delito de desobediência. 
TRATAMENTO AMBULATORIAL NÃO COMPULSÓRIO 
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§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição 
do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, 
preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. 
O tratamento de saúde será oferecido preferencialmente ambulatorial. 
Não é compulsório. 
PRESCRIÇÃO 
Art. 30 Prescrevem em 2 ANOS a imposição e a execução das penas, 
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 
107 e seguintes do Código Penal. 
Dispõe o Art. 30 que prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas, 
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos Art. 107 e seguintes do Código 
Penal. 
Esse prazo de 2 anos é aplicável tanto à prescrição da pretensão punitiva como também 
à prescrição da pretensão executória. 
REINCIDÊNCIA 
Em 21/08/2018 a Sexta Turma do STJ inaugurou nova tendência ao negar provimento 
a recurso especial (REsp 1.672.654/SP) interposto pelo Ministério Público de São Paulo 
contra decisão do Tribunal de Justiça que deu provimento ao recurso da defesa para afastar a 
reincidência decorrente da condenação anterior por posse de drogas para uso próprio. 
 Segundo a ministra Maria Thereza de Assis Moura, embora o Art. 28 da Lei 11.343/06 
tenha caráter criminoso, fazer incidir a agravante da reincidência em virtude de 
condenação anterior por este crime VIOLA O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. 
 Assim, para a ministra: 
Se acontravenção penal, punível com pena de prisão simples, não 
configura reincidência, resta inequivocamente desproporcional a 
consideração, para fins de reincidência, da posse de droga para consumo 
próprio, que conquanto seja crime, é punida apenas com ‘advertência 
sobre os efeitos das drogas’, ‘prestação de serviços à comunidade’ e 
‘medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo 
 A condenação anterior por contravenção penal não gera reincidência, ou seja, um 
indivíduo condenado por contravenção penal, se praticar em seguida um crime, quando for 
julgado, não se aplicará a ele a agravante da reincidência. Isso porque o Art. 63 do Código 
Penal é expresso ao se referir à prática de novo crime ao dispor: 
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo 
crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no 
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. (o agente tem 
que ter sido condenado por crime anterior) 
 Em outras palavras, se a pessoa é condenada definitivamente por CONTRAVENÇÃO e, 
depois desta condenação, pratica um CRIME, ao ser julgada por esta segunda infração não 
sofrerá os efeitos da reincidência. A contravenção é punida com prisão simples e/ou multa 
(Art. 5º, do DL 3688/41). 
 Assim, se a CONTRAVENÇÃO, que é punível com prisão simples e multa não configura 
reincidência, manter a reincidência para o agente que é condenado pelo ART. 28 DA LEI DE 
DROGAS, que não tem prisão como sanção penal, fere o Princípio da Proporcionalidade. 
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15 
 
RITO PROCESSUAL 
O processo e julgamento do crime do Art. 28 segue o procedimento sumaríssimo. É 
crime de competência do Juizado Especial Criminal (Art. 60 e seguintes da Lei 9.099/1995). 
Assim, temos que o Art. 28 da Lei de Drogas é infração de menor potencial ofensivo. 
CRIMES EM ESPÉCIE: CRIMES EQUIPARADOS A 
HEDIONDOS 
Nem todos os crimes da Lei de Drogas são considerados equiparados a hediondos. 
Inicialmente, abordaremos os crimes que são equiparados a hediondos. 
 
 
2.1) ART. 33 – TRÁFICO DE DROGAS 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, 
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, 
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, 
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias-
multa. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à 
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo 
ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de 
drogas; 
II - Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que 
se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a 
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou 
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
 
IV - Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou 
produto químico destinado à preparação de drogas, sem 
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou 
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes 
elementos probatórios razoáveis de conduta criminal 
preexistente. 
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(PACOTE ANTICRIME!) 
SUJEITO ATIVO 
Trata-se de crime comum ou geral: pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Todavia, no tocante às condutas prescrever e ministrar, é crime próprio. Considera-se 
crime próprio porque só quem pode prescrever é profissional da área de saúde. 
Por outro lado, referente à conduta ministrar (aplicar a droga) existe divergência, pois 
parte dos defensores argumenta que a aplicação (ministrar) pode ser feita por qualquer 
pessoa. 
 Art. 40, inc. II: 
As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um 
sexto a dois terços, se: (…) 
II - O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou 
no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou 
vigilância. 
Não é suficiente que o crime seja praticado por funcionário público. Para incidir a causa de 
aumento deve o agente praticar o crime prevalecendo ou se aproveitando da função pública. 
O índio pode ser sujeito ativo do tráfico de drogas? Sim. 
Índio condenado pelos crimes de tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico e 
porte ilegal de arma de fogo. É dispensável o exame antropológico destinado a aferir 
o grau de integração do paciente na sociedade se o Juiz afirmar sua imputabilidade 
plena com fundamento na avaliação do grau de escolaridade, da fluência na língua 
portuguesa e do nível de liderança exercida na quadrilha, entre outros elementos de 
convicção. Precedente. HC 85.198-3, 17/12/2005 
SUJEITO PASSIVO 
A coletividade – crime vago. 
OBJETIVIDADE JURÍDICA 
O bem jurídico tutelado pelo Art. 33, caput, é a saúde pública. 
CONDUTAS TÍPICAS 
O caput do Art. 33 contém dezoito núcleos. 
É chamado de tipo misto alternativo, também chamado de crime de ação múltipla ou 
crime de conteúdo variável. Assim, mesmo que o agente pratique duas ou mais condutas 
contra o mesmo objeto material (mesma droga), irá responder por um único crime. 
Contudo, se as drogas forem diversas, haverá concurso de crimes. Por exemplo, 
importou cocaína, guardou maconha, vendeu LSD. 
Importar – Tráfico x Contrabando. Pelo Princípio da Especialidade aplica-se a Lei de 
Drogas e não o crime do artigo 334 do Código Penal. 
Adquirir – Se for para consumo próprio: Art. 28. 
Prescrever – Crime Próprio (profissionais de área médica). 
 É imprescindível a apreensão da droga para fazer incidir a tipificação da Art. 33. 
 Prisão por tráfico de drogas decorrente apenas de prova testemunhal é ilegal! 
 Crime equiparado a hediondo. 
Atenção: Não confundir o verbo fornecer com o crime do art. 
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33, §3 – Fornecer eventualmente sem objetivo de lucro a pessoa do 
seu relacionamento para juntos consumirem. 
ELEMENTO NORMATIVO 
É necessário que a conduta seja praticada sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal. Portanto, havendo autorização para a prática de algum dos dezoito 
núcleos, não haverá o crime de tráfico de drogas. Assim, é perfeitamente possível o comércio 
lícito de drogas, desde que haja autorização legal. 
CONSUMAÇÃO 
Há condutas em que o tráfico de drogas classifica-se como crime instantâneo 
(importar, remeter, exportar, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, oferecer, 
prescrever, ministrar e entregar para consumo), pois se consuma em um momento 
determinado, sem continuidade no tempo. Em outras condutas, todavia, o delito é 
permanente (expor a venda, ter em deposito, transportar, trazer consigo e guardar): a 
consumação se prolonga no tempo, pela vontade do agente. 
Algumas importantes consequências advêm da identificação do delito de tráfico de 
drogas como permanente: 
a) é possível prisão em flagrante a qualquer tempo (CPP, Art. 303); 
b) a prescrição da pretensão punitiva tem como termo inicial a data em que cessar a 
permanência (CPP, Art. 11); 
c) é dispensável o mandado de busca e apreensão para o ingresso de residência do agente que, 
por exemplo, guarda droga em seu interior. (Ver tópico invasão de domicílio e flagrante) 
A entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o 
direito, é arbitrária. Não será a constatação da situação de flagrância, 
posterior ao ingresso, quejustificará a medida. 
STF - 603616/RO, 10/05/2016 
 
Conforme entendimento da Suprema Corte e da Sexta Turma deste STJ, a 
entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o 
direito, é arbitrária, e não será a constatação de situação de flagrância, 
posterior ao ingresso, que justificará a medida, pois os agentes estatais 
devem demonstrar que havia elemento mínimo a caracterizar fundadas 
razões (justa causa) . 
INFORMATIVO 623 STJ - RCH83501/SP, 06/03/2018 
TENTATIVA 
Na prática, dificilmente será vista a forma tentada, uma vez que o legislador tipificou 
como infração autônoma inúmeras figuras que normalmente constituiriam mero ato 
preparatório de condutas ilícitas posteriores, como, por exemplo, preparar substância 
entorpecente com o intuito de vendê-la. Ora, se o agente é preso após preparar e antes de 
vender, responde pela forma consumada (preparo) e não por tentativa de venda. 
Por sua vez, o médico que é preso antes de terminar a prescrição ilegal de entorpecente 
responde por tentativa. 
AÇÃO PENAL 
A ação penal é pública incondicionada. 
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LEI 9.099/1995 
O preceito secundário do Art. 33, caput, da Lei de Drogas prevê sanção de 5 a 15 anos, e 
pagamento de 500 a 1500 dias-multa. Cuida-se de crime de máximo potencial ofensivo. 
Assim, não são cabíveis os benefícios elencados na Lei 9.099/1995. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
É pacífica a jurisprudência no sentido de não ser aplicável o princípio da 
insignificância ou bagatela aos crimes de tráfico de drogas. Não há que se falar em mínima 
ofensividade da conduta, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica em delito classificado 
pela Lei Suprema como de máximo potencial ofensivo. 
 
COMPETÊNCIA 
No caso dos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes, a competência para o processo 
e julgamento é, em regra, da Justiça Estadual; tratando-se, no entanto, de crime 
internacional, isto é, à distância, que possui base em mais de um país, passa a ser da 
competência da Justiça Federal. 
 Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência 
será da Justiça Federal, compete à justiça dos estados o processo e 
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. STF, Súmula 522 
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 
a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da 
competência da Justiça Federal. 
Para competência da Justiça Federal exige-se a presença dos requisitos: 
a) que o crime esteja especificamente previsto em tratado ou convenção internacional assinado pelo 
Brasil; 
b) caracterização da transnacionalidade, isto é, o intuito de transferência da droga entre países 
distintos; 
c) que o entorpecente objeto do trânsito internacional seja igualmente coibido no país de origem. 
 Nos casos de tráfico transnacional, se o delito for cometido em município que não seja sede 
de vara federal, o processamento sedará na vara federal da circunscrição respectiva. 
 Remessa de droga do exterior para o Brasil: 
Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do 
exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico 
internacional. 
STJ, Súmula 528 
 Remessa de droga do Brasil para o exterior pela via postal, 
Competência será já Justiça Federal do local do último ato de execução. 
A consumação do delito ocorre no momento do envio da droga, juízo 
competente para processar e julgar o processo, independentemente do 
local da apreensão. Inaplicabilidade da Súmula 528. 
146.393/SP, 01/07/2016 
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MATERIALIDADE 
LAUDO DE CONSTATAÇÃO PRELIMINAR 
Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da 
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da 
droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
STJ: É imprescindível a confecção do laudo toxicológico para comprovar a materialidade 
da infração disciplinar e a natureza da substância encontrada com o apenado no interior de 
estabelecimento prisional. 
HC 448115/SP, 23/04/2019 
HC 407301/SP, 05/06/2018 
 Não se admite prisão em flagrante e o recebimento da denúncia pelo crime de tráfico de 
drogas sem que seja demonstrada, ao menos em juízo inicial, a materialidade da conduta por 
meio de LAUDO DE CONSTATAÇÃO PRELIMINAR da substância entorpecente, que 
configura condição de procedibilidade para apuração do ilícito. 
STJ, HC 342.970, 04/02/2016 
Art.50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia 
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, 
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao 
órgão do Ministério Público, em 24 horas. 
§1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e 
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo 
de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por 
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
 Apesar da importância, o laudo preliminar de constatação é PEÇA MERAMENTE 
INFORMATIVA. STJ, HC 56.48342.970, 05/08/2015 
LAUDO DEFINITIVO - EXAME 
O laudo provisório configura, pois, verdadeira condição de procedibilidade para a 
apuração do ilícito. Para a condenação, entretanto, é IMPRESCINDÍVEL o laudo definitivo, 
denominado EXAME QUÍMICO-TOXICOLÓGICO, do qual poderá participar o perito que 
assinou o laudo preliminar. 
 Embora para a admissibilidade da acusação seja suficiente o laudo de constatação provisória, 
exige-se a confecção do laudo definitivo para que seja prolatado um édito repressivo 
contra o denunciado pelo crime de tráficos de entorpecentes. 
 
 É possível que o laudo preliminar seja usado para condenar o réu? 
Apenas em hipóteses excepcionais esta Corte (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) 
admitem a comprovação da materialidade do delito de tráfico de drogas por meios de provas 
diversos da perícia definitiva. STJ, HC 342.970, 04/02/2016 
a) A ausência do laudo toxicológico definitivo não constitui nulidade. 
b) É possível, excepcionalmente, a comprovação da materialidade do narcotráfico por laudo 
de constatação provisório assinado por perito quando possui o mesmo grau de certeza do 
definitivo, em conjunto com prova testemunhal. 
 De outro lado, muito embora a prova testemunhal e a confissão isoladas ou em conjunto não 
se prestem a comprovar, por si sós, a materialidade do delito, quando aliadas ao laudo 
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20 
 
toxicológico preliminar realizado nos moldes aqui previstos, são capazes não só de 
demonstrar a autoria como também de reforçar a evidência da materialidade do delito. 
 STJ: Para a configuração do delito de tráfico de drogas previsto no caput do Art. 33 da Lei n. 
11.343/2006, é desnecessária a aferição do grau de pureza da substância apreendida. 
HC 446553/SP, 23/04/2018 
HC 57526/SP, 25/08/2015 
HC 57579/SP, 18/08/2015 
 STJ: A falta da assinatura do perito criminal no laudo toxicológico é mera irregularidade que 
não tem o condão de anular o referido exame. 
HC 1753268/MG, 26/02/2019 
HC 1731444/MG, 12/06/2018 
HC 97687/MG, 15/05/2018 
DOSIMETRIA DA PENA 
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
Para a fixação da pena, o juiz irá considerar a natureza e a quantidade do produto, a 
personalidade e a conduta social do agente, as quais serão preponderantes sobre as 
circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP. 
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com 
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a 
natureza e a quantidade da substância ou do produto, a 
personalidade e a conduta social do agente. 
No artigo 59, caput, do CP estão previstas as circunstâncias judiciais ou inominadas, 
utilizadas na dosimetria da pena-base. Elasnão são ignoradas na Lei de Drogas. Mas o juiz 
utilizará, de forma preponderante, as circunstâncias elencadas pelo Art. 42 da Lei de Drogas. 
• Natureza 
• Quantidade da substância 
• Quantidade do produto 
• Personalidade 
• Conduta social do agente 
PENA DE MULTA 
Para fixar a pena de multa, após observar o Art. 42 da Lei Drogas, o juiz irá fixar os dias-
multas (500 até 1500). Posteriormente, irá calcular o valor de cada dia-multa, o qual não 
poderá ser menor do que 1/30 do SM e nem ultrapassar o valor de cinco vezes o salário 
mínimo. 
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta 
Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará 
o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as 
condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta 
avos nem superior a 5 vezes o maior salário mínimo. 
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes 
serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas 
até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, 
considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. 
FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO – CRIME DE ENSAIO 
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O flagrante provocado verifica-se quando alguém, insidiosamente, induz outra pessoa a 
cometer uma conduta criminosa, e, simultaneamente, adota medidas eficazes para impedir a 
consumação. 
Para saber se o flagrante preparado é válido ou não, importante conhecer a súmula 145 
do STF, vejamos: 
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação. STF, súmula 145 
A referida súmula trata do crime de ensaio ou experiência ou delito putativo por obra do 
agente provocador. 
É típico exemplo de flagrante preparado é o caso do policial à paisana que procura um 
traficante para comprar drogas. Após a efetiva entrega da droga, o policial efetua a prisão. 
Para determinar se há ou não crime, importante separar as condutas, assim: 
 Em relação à conduta de vender, o flagrante é preparado. Portanto, deve-se observar o 
enunciado da Súmula 145 do STF. No exemplo acima, não haveria crime, eis que o policial 
forçou a situação de flagrante. 
 Em relação à conduta de ter em depósito, não há flagrante preparado, pois, 
independentemente, da ação do policial o agente já tinha a droga em depósito (crime 
permanente). 
 
 STJ: Não há que se falar em flagrante preparado se o comportamento policial não induziu à 
prática do delito, já consumado em momento anterior. Hipótese em que o crime do tráfico de 
drogas estava consumado desde o armazenamento do entorpecente, o qual não foi induzido 
pelos policiais, perdendo a relevância a indução da venda pelos policiais. 
HC 245.515/SC, 16/08/2012 
 
 STJ: A Súmula 145 STF dispõe que Não há crime, quando a preparação do flagrante pela 
polícia torna impossível a sua consumação. Contudo, não se pode confundir o flagrante 
provocado com o flagrante esperado, no qual a polícia tem notícias de uma infração penal 
será cometida e aguarda o momento de sua consumação para executar a prisão. No caso 
dos autos, verificou-se que os pacientes já estavam sendo monitorados, não tendo havido 
provocação prévia dos policiais para que se desse início à prática do crime de tráfico de 
drogas. Ademais, consta do acórdão impugnado que as abordagens dos veículos ocorreram de 
forma autônoma, tendo a ligação telefônica apenas demonstrado o vínculo entre os pacientes, 
encontrando-se ambos em flagrante delito. Nesse contexto, não há que se falar em flagrante 
preparado. 
HC 438.565, 19/06/2018 
FLAGRANTE FORJADO 
No flagrante forjado, fabricado, maquinado ou urdido, a conduta do agente é criada 
pela polícia, tratando-se de fato atípico. Há, na verdade, fabricação de provas de um crime 
inexistente, com o escopo de fundamentar, sem justo motivo, a prisão em flagrante. 
É o que ocorre, por exemplo, quando policiais ingressam sem justa causa no domicílio de 
outrem à procura de drogas e, não as encontrando, “plantam” um pacote de cocaína embaixo 
da cama do sujeito para dar ares de legalidade à ação arbitrária. 
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FLAGRANTE ESPERADO 
No flagrante esperado a deflagração do processo executório do crime é de 
responsabilidade do agente, razão pela qual a prisão é lícita. O flagrante é válido quando a 
Polícia, informada sobre a possibilidade de ocorrer um delito, dirige-se ao local, aguardando a 
sua execução. Com o início desta, a pronta intervenção dos agentes policiais, prendendo o 
autor, configura o flagrante. 
ART. 33, §1º – CRIMES EQUIPARADOS AO TRÁFICO DE 
DROGAS 
As figuras equiparadas ao tráfico de drogas estão previstas no §1º do Art. 33 da LD, a 
seguir iremos analisar cada um dos seus incisos. 
O legislador descreve 4 condutas equiparadas ao tráfico. 
I – TRÁFICO DE MATÉRIA-PRIMA, INSUMOS OU PRODUTO 
QUÍMICO 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe 
à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo 
ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, MATÉRIA-
PRIMA, INSUMO ou PRODUTO QUÍMICO destinado à preparação 
de drogas; 
 Matéria-prima é substância bruta da qual podem ser extraídas ou produzidas as drogas. 
 Insumo é elemento participante do processo de formação de determinado produto. Apesar de 
não ser possível se extrair dele a droga, o insumo é utilizado para a produção da substância 
entorpecente quando agregado à matéria-prima (somado aos restos de cocaína, o bicarbonato 
de sódio dá origem ao crack). 
Ex.: talco, bicarbonato de sódio. 
 Produto químico é substância química qualquer, pura ou composta, utilizada em laboratório 
no processo de elaboração da droga, sem, todavia, se agregar à matéria-prima (a acetona é 
utilizada para o refino de cocaína). 
Ao se referir à matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de 
drogas, esse inciso abrange não apenas as substâncias destinadas exclusivamente à 
preparação das drogas, mas também aquelas que, eventualmente, se prestem a essa 
finalidade. Nesse caso, é necessária a realização de exame pericial para atestar que o produto 
apreendido era utilizado como matéria-prima. 
Finalidade 
A matéria-prima deve ser direcionada à preparação da droga. 
Ausência de Autorização para caracterização do Delito 
A tipificação desse crime também está condicionada à demonstração de que a conduta 
foi executada em desacordo com o elemento normativo “sem autorização” ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar. Logo, se a utilização da matéria-prima, dos insumos 
e dos produtos químicos for feita de acordo com a Lei n° 10.357/01, que estabelece normas de 
controle e fiscalização sobre produtos químicos que, direta ou indiretamente, possam ser 
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destinados à elaboração ilícita de substâncias entorpecente s, psicotrópicas ou que 
determinem dependência física ou psíquica, há de ser reconhecida a atipicidade da conduta. 
Portanto, se alguém importar, exportar, remeter, produzir etc., matéria-prima, insumo 
ou produto químico devidamente autorizado, trata-se de fato atípico. 
POSSE DE SEMENTES DE MACONHA 
A simples posse de sementes – sem que ocorra a efetiva plantação – não está abrangida 
no tipo penal em análise. Nesse caso, se o exame químico-toxicológico constatar a evidência 
do princípio ativo, o agente deverá ser enquadrado em uma das figuras de tráfico previstas 
no caput (trazer consigo, guardar). 
Mas, e se o exame der NEGATIVO como ocorre com as sementes de maconha? 
A importação de pequenas quantidades de sementes de maconha configura tráfico 
de drogas? 
STJ – 5º Turma - SIM! 
A jurisprudência majoritária desta Corte é no sentido de que a 
importaçãoclandestina de Maconha (cannabis) configura o tipo penal 
descrito no Art. 33, 1, I. 
STJ. 5ª Turma. 173365/SP, 05/06/2018 
A importação clandestina de sementes de cannabis sativa linneu 
(maconha) configura o tipo penal descrito no Art. 33, § 1º, I, da Lei nº 
11.343/2006. Não é possível aplicar o princípio da insignificância. 
STJ. 5ª Turma. 1723739/SP, 23/10/2018 
STJ – 6º Turma - NÃO! 
Tratando-se de pequena quantidade de sementes e inexistindo expressa 
previsão normativa que criminaliza, entre as condutas do art. 28 da Lei 
de Drogas, a importação de pequena quantidade de matéria-prima ou 
insumo destinado à preparação de droga para consumo pessoal, forçoso 
reconhecer a atipicidade do fato. 
STJ. 6ª Turma. 1616707/CE, 26/06/2018. 
STF – Ministro Celso de Mello: 
A semente cannabis não é considerada droga, pois não possui, em sua 
composição, a substância THC, princípio ativo da maconha, não 
configurando o tipo penal do art. 33, caput, da Lei de Drogas. O fruto 
da maconha não constitui matéria-prima nem insumo destinado à 
preparação de drogas, não configurando o tio penal do Art. 33, § 1º. 
A importação ou a posse de semente de cannabis sativa L. não é crime, pois não se 
trata de droga, já que a semente não possui em sua composição o princípio ativo da maconha. 
Assim entendeu o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, ao conceder Habeas 
Corpus a uma mulher presa por transportar sementes de maconha. 
Segundo o ministro, a semente de cannabis sativa L. não se mostra qualificável como 
droga nem constitui matéria-prima ou insumo destinado a seu preparo, pois não possui em 
sua composição o princípio ativo da maconha, circunstância de que resulta a 
descaracterização da tipicidade penal da conduta. 
Disso resulta que a mera importação e/ou a simples posse da semente de 
'cannabis sativa L.' não se qualificam como fatores revestidos de 
tipicidade penal, essencialmente porque, não contendo as sementes o 
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princípio ativo do tetraidrocanabinol (THC), não se revelam aptas a 
produzir dependência física e/ou psíquica, o que as torna inócuas. 
HC 143.890, 06/56/2019 
II – CULTIVO DE PLANTAS PARA O TRÁFICO 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
II - Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas 
que se constituam em matéria-prima para a preparação de 
drogas; 
A configuração do delito reclama a presença do elemento normativo sem autorização ou 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
O Art. 2º da Lei de Drogas estabelece que são proibidos, em todo território nacional, o 
plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser 
extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar 
analisadas anteriormente. 
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, 
bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais 
e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, 
ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem 
como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, 
sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de 
uso estritamente ritualístico-religioso. 
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a 
colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, 
exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo 
predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas 
supramencionadas. 
 Autorização para plantio 
A Lei prevê, ainda, que a União poderá autorizar o plantio de tais vegetais, desde que 
sejam para fins medicinais ou científicos, fixando o prazo e o local em que serão plantadas, 
com a referida fiscalização. 
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a 
colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, 
exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo 
predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas 
supramencionadas. 
 Desapropriação das terras onde haja cultivo de substâncias entorpecentes 
Destaca-se o Art. 243 da CF, pertinente ao tema, segundo o qual será possível 
expropriar (natureza de confisco – não há indenização) as propriedades rurais e urbanas 
que se destinam a cultura ilegal de plantas psicotrópicas. 
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do 
País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas 
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei 
serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas 
de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e 
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que 
couber, o disposto no art. 5º. 
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Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico 
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e 
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da 
lei. 
 Qual o alcance dessa medida, isto é, o confisco alcançaria toda a gleba ou somente a parte 
em que a droga estava plantada? 
O confisco abrange toda a propriedade e não apenas a área que a droga estava plantada. 
 A responsabilidade do proprietário é objetiva ou subjetiva? 
No passado sustentava-se a responsabilidade objetiva, isto é, mesmo arrendando a terra o 
proprietário a perdia, pois se entendia que ele tinha a responsabilidade de vigiar a 
propriedade. Mas o STF mudou de entendimento: 
A expropriação prevista no Art. 243 da CF pode ser afastada, desde que o 
proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in 
vigilando ou in elegendo. 
STF, 635.336/PE, Min. Gilmar Mendes, Plenário, 14.12.2016 
 Destruição das plantações ilícitas 
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo 
delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade 
suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento 
das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as 
medidas necessárias para a preservação da prova. 
III – UTILIZAÇÃO DE LOCAL PARA FIM DE TRÁFICO 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a 
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou 
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
“Local” e “bem de qualquer natureza”: Isso significa dizer que restará caracterizado tanto 
nas hipóteses de utilização de “local” para o tráfico (estabelecimento comercial, 
apartamento, restaurante), quanto nas hipóteses em que o agente aproveita de um “bem de 
qualquer natureza” (automóveis, barcos, aviões). Não é necessário que o agente seja o dono 
do local utilizado, bastado que tenha a sua posse ou a sua simples administração, 
guarda ou vigilância. Assim, o gerente de um bar ou um vigilante de um parque de diversões 
podem ser punidos caso permitam o tráfico de entorpecentes nestes locais. 
O agente empresta o carro, a casa para o tráfico de drogas. Esse local pode ser imóvel 
(terreno, casa, apartamento) ou móvel (carro, avião). O crime é doloso, ou seja, somente 
estará caracterizado quando o proprietário/possuidor do local conhece a natureza da 
substância. 
A utilização será para o efetivo tráfico de drogas, caso seja utilizado para o consumo 
pessoal de drogas, não incidirá no tráfico equiparado. 
Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o 
perdimento do produto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou 
declarado indisponível. 
§ 1º Os valores apreendidos em decorrência dos crimes tipificados 
nesta Lei e que não forem objeto de tutelacautelar, após decretado 
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o seu perdimento em favor da União, serão revertidos diretamente 
ao FUNAD. 
§ 2º Compete à SENAD a alienação dos bens apreendidos e não 
leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha sido 
decretado em favor da União. 
IV – VENDA OU ENTREGA DE DROGAS A POLICIAL 
(PACOTE ANTICRIME!) 
IV - Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto 
químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em 
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente 
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios 
razoáveis de conduta criminal preexistente. 
Figura trazida pela Lei nº 13.964/2019, conhecida como PACOTE ANTICRIME, o inciso 
IV trouxe a discussão entre as correntes contrárias ao pacote e as que apoiam acerca da 
possível permissão do “Flagrante Provocado ou preparado”. 
A Lei 13.964/2019 dentre tantas alterações importantíssimas, em algumas passagens, 
traz a nova figura do agente disfarçado que não deve ser confundido com outras técnicas 
especiais de investigação como agente infiltrado ou agente que atua em meio a uma ação 
controlada. 
Os autores Renee Souza, Rogério Sanches cunha e Caroline de Assis abordaram em um 
excepcional artigo disponível na internet “A nova figura do agente disfarçado prevista na Lei 
13.964/2019”. 
Segundo os autores, à luz das normas contidas na Lei 13.964/2019, pode-se esboçar a 
definição de agente disfarçado como aquele que, ocultando sua real identidade, 
posiciona-se com aparência de um cidadão comum (não chega a infiltrar-se no grupo 
criminoso) e, partir disso, coleta elementos que indiquem a conduta criminosa 
preexistente do sujeito ativo. O agente disfarçado ora em estudo não se insere no seio do 
ambiente criminoso e tampouco macula a voluntariedade na conduta delitiva do autor 
dos fatos. 
Os autores, ainda, fazem a distinção entre o agente infiltrado, provocador e o disfarçado: 
O agente infiltrado 
Agente infiltrado é o funcionário da polícia que, falseando sua identidade, penetra no 
âmago da organização criminosa para obter informações e, dessa forma, desmantelá-la. A 
infiltração pressupõe a imersão do agente na organização criminosa, mediante envolvimento 
articulado com os membros e adoção de postura estrategicamente complacente com as 
práticas criminosas, com o fito de angariar elementos que sirvam de sustentáculo à 
persecução penal. 
A figura jurídica da infiltração de agentes revela-se uma estratégia investigativa, que se 
dá mediante prévia autorização judicial e cuja relação com o grupo criminoso é premeditada e 
planejada antecipadamente pelo Estado. 
O agente provocador 
O agente provocador tem como característica é o excesso de comportamento 
interventivo junto à conduta criminosa de modo a romper com a atuação eminentemente 
investigativa e necessariamente neutra, a ponto mesmo de induzir ou instigar a prática do 
delito. Nesses casos, o agente provoca o evento e concorre decisivamente para o crime de 
forma que, ao mesmo tempo em que encoraja o autor a sua prática, providencia a sua prisão 
em flagrante. 
O agente provocador destoa significativamente do agente infiltrado que, diferentemente, 
deve atuar de forma neutra no que concerne às atividades ilícitas exercidas pelo grupo 
investigado. Em nenhuma hipótese o agente infiltrado é o responsável pela idealização do 
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crime, etapa inteiramente atribuída ao grupo em que ele se inseriu. De outro lado, na figura do 
agente provocador, distintamente, há uma postura incitadora do crime, o que retira a 
neutralidade causal de sua conduta no cometimento da infração. 
O agente provocador é figura que deve ser evitada, haja vista deslegitimar toda a 
persecução penal por excesso na atuação do policial. Trata-se de ação desautorizada pelo 
Estado, que enseja nulidades a atuação estatal e a possível responsabilidade criminal da 
autoridade que assim procede (Lei 13.869/2019, Art. 9º, caput). 
O agente disfarçado 
O agente disfarçado contemplado na Lei 13.964/2019 é referido em quatro momentos 
específicos e afigura-se tratar-se de figura jurídica sem precedente no Código de Processo 
Penal e na legislação penal. 
O agente disfarçado, tal qual o infiltrado, também não é considerado agente provocador, 
uma vez que sua atuação não implica a instigação ao delito. Sua atuação é predominantemente 
passiva, o que pode ser verificado mediante a hipotética substituição de sua conduta e 
constatação acerca do mesmo transcurso causal até o crime. 
Importa, porém deixar destacado que o agente disfarçado, tal como concebido pela Lei 
13.964/2019 não pode ser confundido com a uma mera “campana policial”, técnica 
amplamente utilizada para realização de prisões em flagrante esperado. 
O uso de agentes disfarçados difere do flagrante preparado por não motivar e, sim, 
flagrar o crime que já estava acontecendo. 
O agente se finge de vítima e traz à tona uma prática que já estava acontecendo é 
bastante diferente de ensejar a prática criminosa. 
Ex.: Alguém que está vendendo drogas em uma festa. O policial vai até ele e diz: “quero 
comprar”. 
Presença de elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente 
Para a validade da atuação do agente disfarçado deve haver a demonstração de provas 
em grau suficiente a indicar que o autor realizou antes uma conduta criminosa, circunstância 
objeto da investigação proporcionada pelo disfarce. A investigação realizada pelo agente 
disfarçado, em razão da qualificada apreensão de informações proporcionada pelo disfarce, 
colhe elementos probatórios razoáveis acerca da conduta criminosa preexistente. 
Caso a investigação descarte a conduta criminosa preexistente, ou seja, caso revele 
tratar-se de vendedor casual dos produtos ilícitos, não será possível responder pelos crimes 
especiais criados pela Lei 13.964/2019. Essa observação é crucial para compreender o 
instituto como uma aposta na atuação profissional dos investigadores policiais, e não 
simplesmente como um expediente capaz de levar ao alargamento de prisões de pessoas 
desvinculadas da prática de crimes. 
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