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LEGISLAÇÃO 
AMBIENTAL APLICADA 
À SUSTENTABILIDADE
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Me. Aline Aparecida Carvalho França
Me. Leilson Alves dos Santos
Indaial - 2021
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
F814l
 França, Aline Aparecida Carvalho
 Legislação ambiental aplicada à sustentabilidade. / Aline Aparecida 
Carvalho França; Leilson Alves dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 167 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-355-1
 ISBN Digital 978-65-5646-354-4
1. Direito ambiental. - Brasil. I. Santos, Leilson Alves dos. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 341.347
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS 
CONTEMPORÂNEOS ......................................................................7
CAPÍTULO 2
JURISDIÇÃO AMBIENTAL: AS BASES LEGAIS DO MEIO AMBIEN-
TE NO BRASIL ...............................................................................51
CAPÍTULO 3
RETÓRICA VERBOVISUAL E EVENTOS ...................................123
APRESENTAÇÃO
Caro estudante, o livro didático de Legislação ambiental aplicada à 
sustentabilidade tem como propósito oferecer a você um material que lhe 
proporcione conhecimentos a respeito da legislação ambiental, das consequências 
jurídicas do não cumprimento da mesma, noções do direito ambiental e a 
importância da sustentabilidade nos dias atuais.
Durante sua vida acadêmica, você irá perceber que o cumprimento das 
normas vigentes e o desenvolvimento de iniciativas que priorizem a preservação 
dos recursos naturais é condição necessária para uma gestão ambiental eficiente. 
Você entenderá que sem regulamentações e leis adequadas, a preservação do 
meio ambiente não aconteceria e que é através das legislações adequadas que 
se pode garantir uma natureza saudável para as gerações futuras, obedecendo 
assim ao conceito de Desenvolvimento Sustentável. Para tanto será demandado 
de você, futuro profissional da área, conhecimento, ações e soluções sobre a 
temática.
Este livro didático servirá como guia para que você possa aprofundar seus 
conhecimentos teóricos e se sentir preparado para colocá-los em prática, quando 
for chamado para executar alguma atividade profissional na área.
O livro didático está dividido em três capítulos, cada um contendo objetivos, 
conteúdo, atividades de estudo, dicas, sugestões e recomendações para um 
melhor aproveitamento da disciplina e aprendizado.
No primeiro capítulo, intitulado Legislação Ambiental: dos princípios aos 
desafios contemporâneos, você irá percorrer pelos caminhos da evolução 
histórica acerca da legislação ambiental em termos de Brasil e, principalmente 
como surge a legislação ambiental internacional. Ou seja, aquela que promulga 
normas que devem ser cumpridas pelos países adeptos da Organização das 
Nações Unidas e estabelece sanções a todos os Estados que descumprirem 
tais normas ambientais. Neste capítulo é abordado, ainda, a importância das 
Conferências Mundiais para debater as questões ambientais e acordos firmados 
entre os países. 
Já no segundo capítulo, Jurisdição Ambiental será possível compreender 
o significado de Direito Ambiental e você verá os princípios jurídicos e normas 
jurídicas voltados à proteção jurídica da qualidade do meio ambiente. Nesse 
capítulo, veremos ainda as brasileiras que regulam as questões ambientais no 
território nacional. 
No terceiro capítulo: O Brasil e o Meio Ambiente você vai ter a oportunidade 
de conhecer como o Brasil se tornou referência mundial na política de legislação 
ambiental como também irá perceber os inúmeros desafios que o país enfrenta 
para alcançar o tão desejado desenvolvimento sustentável. 
Assim, desejamos que você se sinta estimulado a estudar mais profundamente 
a temática e possa usar dos muitos conhecimentos aqui apresentados, durante 
sua vida acadêmica e profissional.
Os autores.
CAPÍTULO 1
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL:
DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Compreender a evolução histórica acerca da legislação ambiental e entender 
como atualmente está confi gurado as leis ambientais no Brasil.
• Ao fi nalizar esse capítulo, o aluno será capaz de identifi car os inúmeros 
dispositivos jurídicos presentes ao longo da história que já previam a proteção 
legal ao meio ambiente bem como será capaz de analisar, compreender e 
debater sobre a legislação ambiental nos dias atuais.
8
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
9
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro aluno, neste capítulo veremos um pouco do contexto histórico da 
legislação ambiental no Brasil. Por mais que nosso país apresente nos dias atuais, 
um complexo sistema institucional para a gestão do meio ambiente, a legislação 
ambiental vigente é resultado de um processo histórico que envolveu diferentes 
contextos sociais, políticos e econômicos e evoluiu com as diversas concepções 
de meio ambiente de cada época.
O presente capítulo irá abordar historicamente a origem do pensamento de 
preservação e o cuidado com o Meio Ambiente, bem como os acontecimentos 
decisivos que motivaram a preocupação com a questão ambiental e que acabaram 
por contribuir para a criação de uma legislação que fosse capaz de abarcar tanto a 
proteção do meio ambiente quanto a conscientização do cidadão com a temática. 
Vamos destacar momentos importantes que colaboraram para o surgimento de 
uma preocupação com a proteção ao meio ambiente no Brasil como por exemplo, 
na fase colonial, ainda na criação do Governo Geral, na qual se utilizava as leis do 
próprio reino ou as Ordenações.
Iremos ver, ainda, o período em que a sociedade civil, a comunidade 
acadêmica e líderes de governos despertam sobre as preocupações com a 
degradação ambiental, este período coincide com o fi m da Segunda Guerra 
Mundial, momento que o mundo apresentava intensa degradação do meio natural 
e baixa qualidade de vida nos centros urbanos. 
É nesse momento de agitação e protestos em prol do meio ambiente que 
surgem as grandes conferências mundiais para debater essa temática, a primeira 
realizada na cidade de Estocolmo, Suécia, em 1972 que abordou o Meio Ambiente 
Humana e é considerada o marco principal da legislação ambiental internacional. 
Esta conferência forneceu a base para diversos outros encontros ao redor mundo 
em prol de se encontrar alternativa capaz de promover o equilíbrio entre as 
demandas sociais, econômicas e ambientais. 
Veremos também que a Organização das Nações Unidas – ONU, tem um 
papel fundamental em defesa do meio ambiente, pois é esta instituição que 
regulamenta internacionalmente os acordos ambientais fi rmados pelos países e 
cabe a ela também o papel de fi scalizar se tais acordos estão sendo cumpridos 
pelas partes, para isso sempre que há a necessidade a ONU convoca assembleias 
e, consequente conferências. 
Ao fi nal da leitura você, aluno, deverá perceber e compreender as mudanças 
de objetivos das legislações de cunho ambiental, criadas ao longo da história 
de acordo com os interessesque direcionaram as Políticas Públicas em cada 
10
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
período histórico, bem como verá os grandes avanços ocorridos a partir do Século 
XX, como por exemplo a tão conhecida Conferência da Nações Unidas sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO-92, um importante evento de grande 
repercussão no debate ambiental, onde se discutiu tanto sobre os problemas já 
existentes quanto dos progressos realizados desde de Estocolmo 1972, e onde 
também foi elaborado documentos importantes que continuam sendo referência 
nas discussões ambientais atuais. Veremos que a ECO-92 é considerada a mais 
importante conferência ambiental até o momento, isso devido ao grande número 
de chefes de Estados e organizações que participaram do evento. Foi nessa 
conferência que se discutiu pela primeira vez o conceito de desenvolvimento 
sustentável. 
2 CONQUISTAS AMBIENTAIS: 
CONTEXTO HISTÓRICO 
2.1 AS ORDENAÇÕES E A 
LEGISLAÇÃO PORTUGUESA
A literatura reporta que a legislação portuguesa protegia as árvores, os 
animais e as águas. Deve-se mencionar aqui, que após a chegada de Pedro 
Álvares Cabral no ano de 1500, em terras brasileiras, predominava a dinâmica 
de uma política de ocupação territorial pautada no regime de sesmarias, que era 
vigente em Portugal desde 1375. O regime de sesmarias se manteve vigente nas 
Ordenações que discutiremos a seguir. 
À época do descobrimento estava em vigor em Portugal as Ordenações 
Afonsinas, que era a legislação que vigorava no reino e em suas colônias em 
1446 durante o reinado de Dom Afonso IV. 
Nas ordenações Afonsinas é possível observar algumas referências à 
preocupação com o meio ambiente, como por exemplo, um dispositivo, no Livro V, 
título LVIII, que caracterizava o corte de árvores frutíferas como crime de injúria ao 
rei. Em tal documento não há menção de proteção jurídica das águas.
11
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
ORDENAÇÕES:
Ordenações signifi ca ordens, decisões ou normas jurídicas 
independentes ou coletâneas que se elaboraram ao longo da história 
do direito português.
Eram compilações das leis régias em vigor no país, e tinham 
como objetivos a seleção e sistematização dos diplomas jurídicos 
de reinados sucessivos; dessa forma atendiam ao problema 
de haver legislação aprovada de forma assistemática e dispersa, 
por um lado, e de ser preciso esclarecer o estatuto e a validade das 
normas do direito costumeiro, por outro.
Exemplos são as Ordenações Afonsinas, as Manuelinas 
e as Filipinas, que constituem códigos de leis promulgados e 
publicados por determinação de D. Afonso V, D. Manuel I e Filipe I, 
respetivamente.
Para mais detalhes sobre as Ordenações Afonsinas ver o site:
http://www.ci.uc.pt/ihti/proj/afonsinas/
SESMARIAS:
O nome sesmaria decorre de sesmar, dividir. Foi um instituto 
jurídico português que organizava a distribuição de terras com 
fi ns à produção agrícola. Neste sistema, as terras cultivadas nas 
comunidades eram divididas de acordo com o número de habitantes.
O Estado, então recém-formado e sem capacidade para 
organizar a produção de alimentos, decide passar a particulares essa 
função. Este sistema surgiu em Portugal durante o século XIV, com 
a Lei das Sesmarias de 1375, criada para combater a crise agrícola e 
econômica que atingia o país e a Europa.
12
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
As Ordenações Manuelinas, cuja edição defi nitiva ocorreu em 1521, 
trouxeram normas mais detalhadas. Permanecem a proibição do corte de árvores 
frutíferas, agora com algumas modifi cações quanto às penas aplicadas ao bem 
violado - a sanção para este crime estabelecia o envio do infrator de Portugal para 
o Brasil. No Livro I, título LXXXIII foi estabelecido a proibição da caça de perdizes, 
lebres e coelhos através de meios que fossem capazes de causar sofrimento no 
momento da morte destes animais, e também é determinado o respeito às crias, 
nos meses de março, abril e maio, sendo o caçador que tivesse descumprido 
a referida lei, condenando ao pagamento de "mil reais", além da perda dos 
animais e instrumentos mecânicos utilizadas na caça. Também foi defendido 
nessas ordenações a proibição da comercialização das colmeias, sem a devida 
preservação das abelhas.
Por tudo isso, é atribuído a essas ordenações as primeiras noções de 
zoneamento ambiental, ao vedar a caça em determinados locais, bem como a 
noção de reparação do dano ecológico.
A partir de 1580, com o falecimento de Dom Henrique, o Brasil passa a 
enfrentar o domínio espanhol sob Filipe II, que invadiu Portugal e se declarou rei. 
Em meados de 1594, Dom Filipe determinou a criação de áreas de preservação 
ambiental, com a intenção de proteger as poucas fl orestas portuguesas que 
restaram após os intensos cortes para a indústria naval. Houve uma acelerada 
devastação das fl orestas portuguesas, causada pelo corte descontrolado das 
árvores cuja madeira era utilizada exaustivamente para a construção de navios.
Logo após esse período, foi emitido um novo documento, conhecido como 
Ordenações Filipinas. Sobre este documento, a primeira edição portuguesa 
original da legislação data de 1603, sob o Título “Ordenações do Reino de 
Portugal” resumidas por mandado de “El Rei Dom Philippe de Portugal” que 
passou a ser chamado de “Ordenações Filipinas”, cuja aplicação se estendia do 
Reino Português à todas as suas Colônias, a qual o Brasil fazia parte.
As Ordenações Filipinas não só mantiveram a proteção as árvores como 
estabeleceu algumas modifi cações quanto às penas aplicadas. Era condenado 
com pena gravíssima quem viesse a cortar árvores ou fruto, sendo o indivíduo 
praticante de tal ato, submetido ao açoite e ao deporto para a África por quatro 
anos caso o dano fosse mínimo e defi nitivo em casos de danos graves. Esta 
Ordenação inovou ao proibir a pesca em determinados locais, períodos do ano e 
com certos instrumentos.
No tocante à proteção dos recursos hídricos, no Parágrafo 7° do Título 
LXXXVIII das Ordenações Filipinas têm-se um indicativo de preocupação com 
a qualidade das águas ao fornecer o conceito de poluição. De acordo com o 
13
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
documento, fi cou proibido a qualquer pessoa jogar material que viesse a provocar 
a morte dos peixes bem como prejudicar a sua criação ou sujar as águas dos rios 
e das lagoas.
Em 12 de dezembro de 1605 editou-se o "Regimento do Pau-Brasil". Tal 
regimento constitui a primeira lei de proteção fl orestal do Brasil, afi m de se coibir 
o contrabando e a devastação das matas brasileiras pela exploração do pau-
brasil. Tal regimento específi co foi criado em virtude dos prejuízos decorrentes 
dos descaminhos do pau-brasil e da má utilização do solo, o que trazia perdas 
fi nanceiras para o reino. 
De acordo com tal documento, a extração da madeira agora se dava de 
forma regulamentada, e a sua retirada da mata só poderia ocorrer mediante 
licença expedida por pessoas competentes. Também continha nesse documento 
orientações para o controle das licenças concedidas e os procedimentos para a 
concessão bem como as penas aplicáveis a quem desrespeitasse os dispositivos 
legais. Sobre este último, as pessoas que cortassem mais madeira do que previa 
o regimento, deveriam receber punições que variavam de pena pecuniária, açoite, 
degredo e até pena de morte.
Abaixo podemos visualizar o que trazem os dez parágrafos do referido 
regimento:
• No parágrafo 1 esclarece-se que é proibido a qualquer pessoa cortar ou 
mandar cortar sem nenhuma autorização, o pau-brasil. Caso contrário, 
tal ação resultaria em pena de morte e confi sco da fazenda do autor da 
ação.
• No parágrafo 2, é esclarecido que o “Provedor Mór” antes de conceder 
a licença, deveria buscar informações sobre o requerente ao corte e em 
caso de suspeita ou antecedentes duvidosos, tal licença seria repassado 
a outrointeressado.
“PROVEDOR MÓR”
Responsável por garantir a arrecadação dos impostos em 
terras brasileiras e cuidar dos gastos que o governo geral tivesse na 
administração do território.
14
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
• No parágrafo 3 é declarado que a organização sobre as licenças 
concedidas, o responsável, quantidades de corte permitido e demais 
informações que se julgarem importantes, será feita em um livro que 
será assinado e enumerado pelo Provedor Mór.
• No parágrafo 4 o documento explica quais punições será aplicada a 
quem agir incorretamente, cortando mais pau-brasil do que o concedido 
na licença. Fica assim esclarecido:
 Em caso de mais corte do que o previsto em licença: perderá o material 
cortado para a fazenda do concessor.
 Em caso de o corte ultrapassar o valor de “dez quintaes” o autor da 
infração será penalizado em cem cruzados.
 Em caso de o corte ultrapassar o valor de “cinquenta quintaes” o autor da 
infração será açoitado, e enviado para Angola, onde deverá fi car por dez 
anos.
 Em caso de o corte ultrapassar o valor de “cinquenta quintaes” o autor da 
infração será morto e perderá toda a sua fazenda.
• No parágrafo 5 é descrito como será feita a organização para as licenças 
de corte, de modo que cada morador da Capitania terá sua parte, 
conforme as possibilidades de cada um e que para todos deverá ser 
obedecido o valor determinado de corte, de modo que não exceda a 
quantidade que foi ordenada.
• No parágrafo 6 determina-se o prazo de um ano para que seja refeita a 
repartição de quantidade de pau-brasil. Tal medida tinha como objetivo 
evitar o corte desordenado e sobrecarregar a Capitania com o corte além 
da capacidade de suporte.
• No parágrafo 7 é dito que a repartição do pau-brasil a cada capitania 
será feita sob a presença do governado do Estado juntamente com o 
Provedor Mór da fazenda. Neste parágrafo é destacado que se deve 
levar em consideração o estado das matas de cada capitania afi m de 
que não se sobrecarregue as mesmas.
• No parágrafo 8 fi ca estabelecido que os contratantes devem aceitar todo 
o material proveniente do corte do pau-brasil e não se deve de forma 
alguma deixar resíduos provenientes do corte, pelo caminho. Tal medida 
se deu em razão do desperdício de material pela mata, quando apresenta 
utilidade para uso em tintas. Também neste parágrafo, é discutido sobre 
o modo como o pau-brasil é cortado, o que acelerava a extinção deste. 
Os responsáveis pelo corte da madeira, tinham o hábito de queimar as 
raízes o que culminava com a morte da árvore.
• Sobre isso fi ca estabelecido a proibição de roças em terras das matas 
do pau-brasil bem como é estabelecido ao contratante, que se deve 
priorizar a conservação da árvore, deixando varas e troncos de modo a 
15
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
permitir que a mesma venha brotar. Quem desobedecesse a tal regra, 
seria punido conforme o grau do seu prejuízo.
• No parágrafo 9 é dito que todos os anos deve-se fazer um balanço sobre 
o corte do pau-brasil, onde será verifi cado se houve descumprimentos às 
normas estabelecidas.
• No parágrafo 10 fi ca estabelecido a importância de se manter 
resguardadas as matas com pau-brasil em cada capitania, e para isso 
deve-se manter guardas na região a ser protegida. Tais guardas deverão 
passar pela aprovação dos provedores da fazenda.
Neste mesmo período, intensifi cando a proteção à extração madeireira no 
país ocorre a complementação do Regimento Pau-Brasil, onde a legislação agora 
se preocupava não só com a venda da árvore, mas também com o desmatamento 
que se dava em quantidade abusiva.
A partir do século XVIII passa-se a ter uma maior preocupação com a 
extração de ouro e diamantes, havendo por parte da Coroa, cobranças de tributos 
equivalentes a um quinto da extração; somado a isso, os mineradores ainda 
tinham que dar uma contribuição extraofi cial à Coroa. 
Por volta de 1740, percebe-se que a preocupação com a proteção ambiental 
vai se intensifi cando, resultando no surgimento de novas leis, cartas régias, 
alvarás e demais regimentos para as fl orestas. Como exemplo, podemos citar 
duas legislações complementares de 1742 e 1751, que proibiam a extração do 
Mangue Vermelho e instituíram a casa de Relação do Rio de Janeiro, cujo objetivo 
era maior atenção e cuidado com as queimas de lenhas e cortes de árvores. 
Importante destacar que em 1822, concomitantemente com a independência, 
ocorreu no Brasil a invalidação do regime das sesmarias.
Sobre o Regimento do Pau-Brasil, documento de grande 
importância para frear o uso abusivo da madeira, faça uma 
leitura crítica dos artigos de autoria de Maria Isabel de Siqueira: 
“Considerações sobre ordem em colônias: As Legislações na 
exploração do Pau-Brasil” e “Conservação ou preservação das 
riquezas naturais na américa portuguesa: O Regimento do Pau-
Brasil”.
Após a leitura, exponha sua opinião sobre o que de fato mudou 
(ou não) no uso da madeira. Qual o real objetivo do regimento criado? 
O regimento foi efetivo nos seus objetivos?
16
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
Continuando a percorrer pelos caminhos da evolução legislativa, temos em 
1830, uma vez promulgada a Constituição Imperial (ocorrida em 25 de março de 
1824), foi determinada a elaboração de um Código Civil e um Código Criminal. 
O Código Penal apresentava dois dispositivos, os artigos 178 e 257, que 
estabeleciam penas para o corte ilegal de madeiras.
Inicialmente a Constituição Imperial para tratar do novo regime de ocupação 
de terra, trazia em seu Artigo 179 a garantia dos direitos civis e políticos dos 
cidadãos, tendo como princípio a liberdade, a segurança individual e a propriedade. 
No Inciso XXII do mesmo documento, assegurava o direito de propriedade, 
sem deixar muito claro como ocorreria esse novo regime de ocupação e uso do 
território.
Apenas em 1850, com a promulgação da Lei 601, conhecida como “Lei de 
Terras”, é que se obtém regras de direito que traga detalhes sobre o novo regime 
particular de ocupação e uso do território por meio da garantia da propriedade.
Segundo este documento, e diante da inexistência de um regime legal para 
a propriedade desde a revogação do regime das sesmarias, em seu Artigo 1º é 
estabelecido que a única maneira de se adquirir terras pertencentes ao Estado 
(devolutas) seria mediante a compra e venda, sendo obrigatório o registro de 
todas as terras ocupadas, extinguindo assim, a prática de aquisição de terras por 
meio da posse.
No Artigo 2º do referido documento, é apresentado as sanções administrativas 
e penais, onde é estabelecido punição pela derrubada de matas e queimadas, 
de forma que o infrator fosse responsabilizado pelo dano causado. O infrator 
deveria responder civilmente, com o pagamento de multa em valor estabelecido 
no documento e, penalmente, com a prisão que variava de dois a seis meses.
Sobre a Lei 601, conhecida como “Lei de Terras”, vê-se que 
enquanto regulamentação da relação tanto do Estado quanto 
do particular sobre o território, a lei tem por objetivos assegurar a 
demarcação, uso, ocupação e separação entre as terras públicas e 
privadas em busca da circulação de riquezas e da comercialização 
da própria propriedade. 
Assim sendo, faça uma leitura mais aprofundada da referida lei 
e discorra sobre de que forma esta lei impactou o uso e proteção dos 
recursos naturais.
17
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
Perpassando pelo período republicano, tem-se que neste período, a 
Constituição Republicana de 1891 previa no seu Artigo 34, Inciso XXIX, a 
competência da União para legislar sobre suas minas e terras. Já se entendia ser 
necessário um novo modelo jurídico para o país, que se readequassem com as 
modifi cações ocorridas na forma de Estado.
Em 1916 promulgou-se o Código Civil Brasileiro que aboliu as Ordenações, 
alvarás, leis,decretos e qualquer outro ato normativo advindo de Portugal. Apesar 
de não tratar de forma específi ca sobre questões ambientais, este código previa 
nos seus Artigos 554 e 555 a censura ao uso nocivo da propriedade e, no Artigo 
582, outorga ao dono do prédio vizinho ameaçado, a oportunidade de solicitar o 
embargo de obras de chaminés, fogões ou fornos.
A Revolução de 1930 e a Constituição de 1934 marcaram a transição de 
um Brasil que antes dominado pelas elites rurais, agora começa a viver a 
industrialização e urbanização.
A Constituição de 1934, estabelecia no seu Artigo 10, a competência conferida 
a União e aos Estados para proteger as riquezas naturais e os monumentos de 
valor histórico e artístico. Nesta década surgem os primeiros documentos ofi ciais, 
que iniciam a proteção específi ca do meio ambiente. Temos então o Decreto n° 
24.645, de 10 de julho de 1934 que estabelecia medidas de proteção aos animais 
e o Decreto n° 24.643, de 10 de julho de 1934, conhecido como código de Águas.
O Decreto n° 24.645, em seu Artigo 1° determina que todos os animais 
existentes no país são tutelados do Estado, e em seu Artigo 2° fi ca estabelecido 
aplicação de multa e pena de prisão para aqueles que em lugar público ou privado, 
venha aplicar ou fi zer aplicar maus tratos aos animais, sendo o praticante da ação 
dono ou não do animal maltratado.
O Decreto n° 24.643, código de Águas apresenta um modelo de 
gerenciamento de águas orientado por tipos de uso. Pode-se perceber que 
a escrita do documento foi fortemente infl uenciada pelo pensamento da época 
ao permitir ao Poder Público controlar e incentivar o aproveitamento industrial 
das águas. Como os recursos naturais existentes na época eram abundantes, 
as águas foram tratadas como um dos elementos básicos do desenvolvimento, 
por se tratar de matéria-prima para a geração de eletricidade, um subproduto 
fundamental para a industrialização.
18
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
Caro aluno faça uma leitura minuciosa do Decreto n° 24.645 
e o Decreto n° 24.643 e destaque os pontos que você julga ser 
mais importante e compare com a legislação atual, destacando as 
mudanças ocorridas.
Também de grande relevância, tem-se nessa época o surgimento do nosso 
primeiro Código Florestal através do Decreto-Lei 23.793, em 1934. Tal decreto foi 
sancionado pelo então presidente Getúlio Vargas, cujo objetivo era a preservação 
das fl orestas, estabelecendo as regras de exploração fl orestal e as penas 
aplicadas àqueles que as transgredissem. Em 1965, outro Código Florestal foi 
instituído sob a Lei 4.771/65, agora levando-se em consideração a modernização 
da agricultura.
O contínuo avanço na cultura do solo demandou a necessidade de uma 
readequação no código instituído em 1965 em relação à lavoura, e assim um 
novo documento foi criado, a PL 1.876 de 1999 que dispõe sobre as áreas de 
preservação permanente, reserva legal e exploração fl orestal.
O primeiro Código Florestal representa a primeira iniciativa legal de 
conservação de fl orestas, trazendo as primeiras infrações para condutas lesivas 
às mesmas, as quais podem ser vistas em seu Artigo 70 e seguintes. Porém, 
deve-se ressaltar que tal documento tinha como objetivo estabelecer diretrizes 
básicas para a exploração das fl orestas, principalmente no que se referia à 
extração de madeira, uma vez que este documento foi elaborado numa época 
em que o governo tinha como principal foco o controle da exploração para fi ns 
econômicos e não necessariamente um cunho ambientalista (Santos Filho et al., 
2015).
2.2 HISTÓRIA DO SANEAMENTO 
BÁSICO NO BRASIL
Para falar um pouco sobre o saneamento básico no Brasil, vamos voltar um 
pouco no tempo. Fica a cargo de Estácio de Sá, a primeira obra de saneamento 
no nosso país, em 1561, onde o mesmo comandou a construção de um poço para 
abastecimento da cidade.
19
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
Estácio de Sá (1520-1567) nasceu em Coimbra, Portugal. Foi 
um militar português que lutou para expulsar os franceses da baía da 
Guanabara e fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. 
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de janeiro de 1567, com 
uma infecção causada por um ferimento no rosto, ao ser acertado por 
uma fl echa envenenada, durante um combate decisivo que culminou 
com a expulsão dos tamoios e franceses.
Também devemos mencionar aqui o primeiro aqueduto do país, também 
instalado na cidade do Rio de Janeiro. Essa construção foi considerada a obra 
arquitetônica de maior importância do período colonial do Brasil, e tinha como 
objetivo resolver a problemática da falta de água na cidade.
O aqueduto, que hoje é conhecido como Arcos da Lapa, transportava água 
do Rio Carioca para o Chafariz, estendendo-se entre os morros de Santa Teresa 
e de Santo Antônio, abastecendo assim a população da cidade. Hoje a obra é um 
dos principais pontos turísticos da cidade.
Embora não encontremos muitos registros sobre a temática antes da 
chegada dos portugueses nas nossas terras, vê-se que após esse evento, 
começam a surgir problemas decorrentes do crescimento populacional como 
destinação adequada para os dejetos produzidos e fornecimento de água. Na 
época já se tinham conhecimento sobre as doenças transmitidas pela água, 
mas as ações para resolver a problemática eram tidas como individuais.
A literatura reporta que no Brasil, os escravos eram responsáveis por pegar 
água para abastecer a Casa Grande e carregar suas fezes e de seus senhores 
para um local afastado. Por desempenharem este trabalho, tais trabalhadores 
eram chamados de “escravos tigres”, que tinham as peles queimadas pelos 
respingos dos excrementos e o calor do sol.
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 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
Agora que falamos um pouco sobre o trabalho dos “escravos 
tigres”, convido-os a pesquisarem para saber um pouco mais sobre 
este assunto. Busquem na internet mais informações a respeito 
desse trabalho. Afi nal, novos conhecimentos sempre são bem-
vindos, não é mesmo?
A chegada da Corte Portuguesa e da Família Real no Rio de Janeiro em 1808, 
trouxe profundas mudanças para a população que vivia no Brasil. No tocante a 
hábitos de higiene, os historiadores relatam que as mulheres portuguesas, já no 
desembarque, refl etiam em suas fi sionomias os sinais da ausência de hábitos 
higiênicos, pois seus cabelos haviam sido raspados em razão de uma infestação 
de piolhos durante a viagem e por isso foram obrigadas a desembarcar usando 
turbantes na cabeça (Sabatovicz, 2013).
Para mais informações sobre a viagem e os problemas advindos 
da falta de higiene, convido-os a assistirem o curto vídeo “Homens 
ao mar”, disponível na plataforma Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=QvWSE-sF-w4&feature=sha
re&list=PL401CB23CF025E581
Durante a estadia da Família Real no Brasil, a corte portuguesa deparou-se 
com um grande problema: Não havia moradia sufi ciente para todos na cidade. 
Para resolver a problemática e acomodar todos da corte, diversos brasileiros foram 
despejados, o que gerou insatisfação popular. Para instalar a Corte na cidade foi 
instituído o sistema de aposentadorias que, na prática, confi scava as casas dos 
moradores locais para o abrigo da nobreza. Para tanto, foram afi xadas nas portas 
de muitas casas as letras PR de “Príncipe Regente”, que foram interpretadas pela 
população como “Ponha-se na Rua” (Meireles, 2015).
Assim, com o grande volume de pessoas agora instaladas na cidade, os 
problemas urbanos agravaram-se, pois além da falta de moradia, havia defi ciência 
no abastecimento de água, condições precárias de saneamento e segurança 
pública.
21
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
Assistam ao vídeo “Olha a Corte aí, gente”, que nos conta 
sobre a Corte no Rio de Janeiro e a problemática de habitação para 
milhares de recém-chegados. 
Disponível no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=VaHrSAFBf1U&feature=share&list=PL401CB23CF025E581
A partir daí inicia-se uma busca por soluções para o saneamento básico e 
obras de saneamento começaram a ser mais necessárias, já que após a vinda 
da família real portuguesa, a população brasileira praticamente dobrou em 30 
anos (Meireles, 2015).
A essa altura os próprios senhores de escravos já estavam convencidos de 
que o sistema de serviços empregando os “escravos tigres” eram prejudiciais 
não só para a saúde dos escravos, mas também da população em geral. 
Então, no fi nal do século XIX os serviços de saneamento foram organizados e 
concedidos a empresas estrangeiras.
Data-se que entre os anos de 1857 a 1877 o governo de São Paulo construiu 
o seu primeiro sistema de abastecimento de água encanada. Em Porto Alegre 
o abastecimento de água encanada se deu no ano de 1861 e no Rio de Janeiro 
em 1876.
Porém o desenvolvimento da área gerou descontentamento, pois os serviços 
prestados pelas empresas estrangeiras eram de péssima qualidade o que forçou 
o governo a estatizar o serviço no início do século XX. Então, a constituição de 
1930 deixa a cargo dos municípios, os serviços de saneamento e abastecimento 
de água.
Mas somente a Constituição não foi sufi ciente para materializar os serviços 
de saneamento prestados, e assim devemos discutir sobre os eventos que 
contribuíram para as bases atuais do saneamento no nosso país.
Em meados da década de 1940 os serviços de saneamento começaram 
a ser comercializados, o que contribuiu para o surgimento de autarquias e 
políticas de fi nanciamento. Destaca-se nesta época o surgimento das bases 
Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que atendia pelo nome de Serviço 
Especial de Saúde Pública (SESP).
22
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
Durante o governo militar, foi elaborado um decreto de Lei 1969 que 
autorizava o agora extinto, Banco Nacional de Habitação (BNH) a aplicar 
recursos próprios e do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para 
fi nanciamento do saneamento. 
Já em 1971, o Plano Nacional de Saneamento (Plansa) foi estabelecido 
com a premissa de autonomia e autossustentação, por meio das tarifas e 
fi nanciamentos fundamentados em recursos retornáveis consolidados em 
recursos retornáveis. A partir daí temos as companhias estaduais se impondo 
aos serviços municipais e uma segregação das instituições que cuidavam da 
saúde das que planejavam o saneamento.
Após intensa luta, em 2007, os municípios conquistam a titularidade dos 
serviços de saneamento através da Lei Nacional do Saneamento Básico (Lei nº 
11.445/2007). Essa Lei estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento 
básico no Brasil e consiste em um grande avanço para o nosso país. Ainda 
falando sobre legislação do saneamento básico, temos a Lei nº 14.026, de 15 
de julho de 2020, que atualiza o marco legal do saneamento básico e faz várias 
alterações em legislações anteriores. Dentre as leis alteradas podemos citar a Lei 
nº 9.984, de 17 de julho de 2000, no qual atribui à Agência Nacional de Águas e 
Saneamento Básico (ANA) competência para editar normas de referência sobre 
o serviço de saneamento; a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à 
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar 
normas de referência sobre o serviço de saneamento; e a Lei nº 11.445, de 5 de 
janeiro de 2007, para aprimorar as condições estruturais do saneamento básico 
no país, dentre outras alterações.
Nos dias atuais o Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico) 
consiste no planejamento integrado do saneamento básico, conduz as políticas 
públicas e traça metas e estratégias para o setor. Inclui os quatro componentes: 
abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos 
sólidos e drenagem das águas pluviais urbanas.
 
Outros órgãos também devem ser citados, pelo seu grau de importância 
para o setor de saneamento básico no Brasil, como a Agência Nacional de 
Águas - ANA, que atualmente tem competência para editar normas de referência 
sobre o serviço de saneamento e o Sistema Nacional de Informação sobre 
Saneamento – SNIS, responsável pelas informações sobre saneamento.
23
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
2.3 SÉCULO XX E AS CONQUISTAS 
AMBIENTAIS
Como vimos nos tópicos anteriores, a preocupação com o meio ambiente 
não é algo recente, a sociedade desde muito cedo apresentou inquietudes sobre 
como a natureza estava sendo tratada pelo homem. No entanto, somente após 
a Segunda Guerra Mundial, que de fato, a comunidade cientifi ca, governos 
e sociedade civil se unem em prol de debater sobre os impactos ambientais e 
suas consequências para a vida no planeta, bem como pensando qual herança 
deixaremos para as futuras gerações. Tais inquietações despertou o interesse 
em discutir de forma global os problemas ambientais pelo qual o mundo passava 
em meados do século XX, período de intenso crescimento populacional, 
principalmente entre os anos de 1946 e 1960 no qual a Europa, Estados Unidos, 
Austrália e Canadá registraram aumento signifi cativo de nascimentos, evento 
conhecido como Baby Boom, com isso tem-se o aumento por demanda de 
alimentos e bens de consumo o que demanda mais recursos naturais. 
Baby Boom é a explosão demográfi ca que ocorreu após a 
Segunda Guerra Mundial, onde o número de casamentos aumentou 
signifi cativamente na Europa, Estados Unidos, Austrália e Canadá e, 
consequentemente muitos nascimentos. Nos Estados Unidos este 
evento chegou a representar 20% da população. 
O crescimento da população mundial também foi sentido nos países 
considerados em desenvolvimento e/ou subdesenvolvidos, principalmente na 
América do Sul, Ásia e África. Tanto o Baby Boom quanto a explosão demográfi ca, 
ocorridas a partir meados do século XX, estão diretamente relacionadas com o 
fi m da Segunda Guerra Mundial, a primeira atribui-se ao aumento do número 
de casamentos ocorridos nesse período e a segunda ao acesso aos serviços 
de saúde, controle de pragas, doenças e vacinas proporcionado pelo avanço da 
medicina.
Bem, mas o que tudo isso tem a ver com o meio ambiente e a legislação 
ambiental? Pensem e refl itam, quanto mais pessoas no mundo maior será a 
demanda por alimentos e bens de consumo e, consequentemente maior a procura 
por espaços para plantações, ocasionando desmatamentos de grandes áreas 
24
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
para serem ocupadas pela agropecuária, as indústrias irão produzir o máximo 
que puderem o que requer mais matéria-prima, ou seja, mais recursos naturais 
e com isso favorecendo a poluição do ar, das águas, a destruição de fl orestas e, 
assim proporcionando o desaparecimento dos habitat natural de muitas espécies 
da fauna e fl ora tudo em prol de atender a essa sociedade movida pelo consumo. 
Com a iminência de uma crise ambiental anunciada a partir de 1960, 
sobretudo em virtude da expansão econômica e de maior crescimento industrial do 
século, anunciadas por uma série de catástrofes ambientais despertam o anseio 
da sociedade por medidas urgentes de proteção da natureza, assim, as ações 
do homem sobre o meio ambiente tornaram-se foco das discussões a partir de 
reações populares como passeatas e protestos contra a degradação ambiental. 
Dessa maneira, o progresso científi co tão almejado naquele momento ver sua 
hegemonia ameaçada, o padrão de consumo estabelecido até então passou a ser 
questionado, será se vale a pena tudo isso? Do que adianta tanto progresso sem 
qualidade de vida? 
Os movimentos que surgem contra o exacerbado consumismo vieram de 
grupos dos trabalhadores que viviam em condições precárias de trabalho e com 
salários medíocres pagos pelas fábricas, de movimentos de naturalistas como os 
hippies, das mulheres, dos negros dentre outros movimentos que se enquadram 
na chamada minorias de classe. No entanto, esses movimentos ganham mais 
forças com a adesão da sociedade acadêmica, diversosintelectuais começam 
a publicar trabalhos questionando e indicando limites ecológicos e sociais que 
a sociedade capitalista e industrial dominante teria que atentar para que se 
alcançasse um equilíbrio ecológico e econômico. A partir daí surgem eventos 
nacionais e internacionais para discutir os rumos do desenvolvimento econômico 
e do meio ambiente.
Logo após o fi m da Segunda Guerra Mundial, no ano de 1948 é criada a 
União Internacional para Conservação da Natureza formada por governos 
e a sociedade civil é uma instituição destinada para orientar e implantar áreas 
de conservação ao redor do mundo. Ela pode ser considerada a pioneira para 
fomentar das discussões de legislação ambiental a nível global. 
Para mais informações sobre União Internacional para 
Conservação da Natureza acesse o site: https://www.iucn.org/
25
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
Com as intensas manifestações advindas de diversas partes da sociedade 
civil, universitária e governamental preocupados como o uso desenfreado de 
agrotóxicos utilizados nas lavouras e a poluição advinda das fábricas culminando 
com a escassez de alguns recursos naturais, bem como com a poluição de corpos 
d’água. Assim, em meados do século XX surge a necessidade se discutir as ações 
humanas sobre a natureza e quais seriam suas consequências para o futuro do 
planeta. 
No ano de 1962, Rachel Carson publica o livro Primavera Silenciosa, 
considerado um marco para o despertar do debate sobre o uso de agrotóxicos, 
bem como questionar sobre o limite para o progresso tecnológico e qual seria 
o papel da ciência nessa conjuntura. No livro Rachel Carson elenca uma série 
de problemas ambientais oriundos do padrão de consumo estabelecido até 
então, dentre os quais a alteração dos processos celulares em plantas, o 
desaparecimento de ecossistemas e, consequentemente o risco a saúde humana. 
Após a publicação desse livro o mundo ganhou um novo fôlego e reacendeu o 
debate pela crise ecológica. Nesse momento, surgem diversos movimentos 
reivindicando por melhores condições ambientais com destaque para dois 
movimentos o preservacionista e o conservacionista que tinham como objetivo 
chamar a atenção para o que estava acontecendo com o meio ambiente, bem 
como propor medidas a serem tomadas para parar a degradação ambiental. 
Preservação – ato de não usufruir dos recursos naturais, ou 
seja, deixar intacto, pode ser usado somente para fi ns de pesquisas 
científi cas.
Conservação – essa corrente preconiza o uso de forma 
controlada, ou seja, respeitando o tempo de resiliência da natureza. 
Fonte: EMBRAPA, 2011.
Considerando o contexto mundial e as discussões ao redor do mundo em 
prol do meio ambiente em 15 de setembro de 1965 o Congresso Nacional do 
Brasil aprova a Lei 4.771 também conhecida como Lei do Código Florestal, este 
acontecimento foi um marco histórico para a conservação das fl orestas e dos 
ecossistemas, a partir desse momento o país torna-se referência mundial em 
legislação em prol do meio ambiente. 
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 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
É importante salientar que não se pode defi nir ao certo quando e onde 
começou a emergir as inquietações ambientais, pois foram em diversos lugares 
e com distintas temáticas, porém o que se sabe é que a partir da década de 1960 
que esses movimentos ganham forças e despertam o interesse internacional 
para se discutir sobre o desenvolvimento e os recursos naturais. No ano de 1972, 
um grupo formado por cientistas, economistas, empresários, governantes e ex-
governantes se juntaram formando o chamado Clube de Roma e publicaram um 
relatório denominado “Os limites do Crescimento”, esse documento foi elaborado 
considerando o desenvolvimento e o rápido crescimento populacional e previu 
que se não houvesse uma mudança no modo de produção o colapso ambiental 
seria eminente. No entanto, os países industrializados resolveram não acolher as 
medidas proposta no relatório (SIRVINSKAS, 2019).
A década de 1970 marca de fato o início das discussões internacionais sobre 
desenvolvimento econômico e a relação da humanidade com o meio ambiente, é 
nessa década que se tem início os grandes encontros internacionais para debater 
sobre os problemas ambientais, a industrialização, qualidade de vida, bem-estar 
social e a natureza. A partir dessas conferências surgiram documentos para 
orientar uma política internacional aliando desenvolvimento e o uso consciente 
dos recursos naturais. 
3.1 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES 
UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE 
HUMANO – ESTOCOLMO 1972
A Organização das Nações Unidos convocou toda a comunidade internacional 
para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humana em 
realizada na Estocolmo, Suécia, no ano de 1972, esse evento é considerado até 
os dias atuais como mais importante já realizado para discutir sobre esse tema, 
pois a partir dele sugiram documentos que fomentaram a legislação ambiental e 
acordos internacionais em prol do meio ambiente. Contanto com a presença de 
113 chefes de Estado e mais de 400 organizações/instituições governamentais e 
não governamentais discutiu temas diversos, mas destacando principalmente a 
poluição atmosférica e os recursos naturais. 
Viu-se também acirrar o debate entre os países desenvolvidos/industrializados 
e aqueles considerados subdesenvolvidos e/ou em desenvolvimento, pois 
enquanto os primeiros não abriam mão de reduzir sua produção os demais 
resistiam em parar ou mesmo iniciar seu processo de desenvolvimento econômico. 
No entanto, temos que destacar mesmo não chegando a um consenso, a 
27
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
Conferência de Estocolmo resultou em um importante documento para reger a 
política ambiental global, denominado de Declaração da Conferência das Nações 
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Este é considerado a base do direito 
internacional sobre meio ambiente, pois reconhece o direito de o homem viver 
em harmonia com a natureza (ONU, 1972). E, ainda, dentre outras questões 
proclamou:
• O homem pertence e constrói o meio ambiente de que o cerca, tirando 
seu sustento material e ao mesmo tempo se desenvolvendo intelectual, 
moral, social e espiritualmente. Assim, o natural e o artifi cial devem andar 
juntos para garantir o bem-estar do homem, bem como o pleno usufruto 
dos direitos humanos fundamentais.
• A proteção do meio ambiente humano é fundamental e afeta o bem-estar 
dos povos e o desenvolvimento econômico em todo o mundo, é desejo 
urgente dos povos e dever do Estado.
• O homem deve realizar a auto avaliação constantemente e continuar 
descobrindo, desenvolvendo, cirando e evoluindo. Atualmente, a 
capacidade do homem transformar tudo ao seu redor deve ser utilizada 
com discernimento e, assim levar a todos os povos os benefícios do 
desenvolvimento, oferendo a oportunidade de dignifi car sua existência. 
Aplicado errônea e imprudentemente, o mesmo poder pode causar 
danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio ambiente. Em nosso 
redor vemos multiplicar-se as provas do dano causado pelo homem em 
muitas regiões da terra, níveis perigosos de poluição da água, do ar, da 
terra e dos seres vivos; grandes transtornos de equilíbrio ecológico da 
biosfera; destruição e esgotamento de recursos insubstituíveis e graves 
defi ciências, nocivas para a saúde física, mental e social do homem, 
no meio ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e 
trabalha.
• Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas ambientais 
estão motivados pelo subdesenvolvimento. Milhões de pessoas seguem 
vivendo muito abaixo dos níveis mínimos necessários para uma existência 
humana digna, sem alimentação e vestuário, sem habitação e educação, 
sem condições de saúde e de higiene adequadas. Assim, os países em 
desenvolvimento devem dirigir seus esforços para o desenvolvimento, 
tendo presente suas prioridades e a necessidadede salvaguardar e 
melhorar o meio ambiente. Dessa forma, os países industrializados 
devem esforçar-se para reduzir a distância que os separa dos países 
em desenvolvimento. Nos países industrializados, os problemas 
ambientais estão geralmente relacionados com a industrialização e o 
desenvolvimento tecnológico.
• O crescimento natural da população evidencia problemas relativos à 
preservação do meio ambiente, e devem-se adotar as normas e medidas 
28
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
apropriadas para enfrentar esses problemas. De todas as coisas do 
mundo, os seres humanos são a mais valiosa. Eles são os que promovem 
o progresso social, criam riqueza social, desenvolvem a ciência e a 
tecnologia e, com seu trabalho transformam continuamente o meio 
ambiente humano. Com o progresso social e os avanços da produção, 
da ciência e da tecnologia, a capacidade do homem de melhorar o meio 
ambiente aumenta a cada dia. 
• Nesse momento da história devemos orientar nossos atos em todo o 
mundo com particular atenção às consequências que podem ter para o 
meio ambiente. Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos 
imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual dependem 
nossa vida e nosso bem-estar. Com um conhecimento mais profundo 
e uma ação mais prudente, podemos conseguir para nós mesmos e 
para nossa posteridade, condições melhores de vida, em um meio 
ambiente mais de acordo com as necessidades e anseios do homem. 
As perspectivas de elevar a qualidade do meio ambiente e de criar uma 
vida satisfatória são grandes. É preciso entusiasmo, mas, por outro 
lado, serenidade de ânimo, trabalho duro e sistemático. Para chegar à 
plenitude de sua liberdade dentro da natureza, e, em harmonia com ela, 
o homem deve aplicar seus conhecimentos para criar um meio ambiente 
melhor. A defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as 
gerações presentes e futuras são as metas que humanidade devem 
perseguir, ao mesmo tempo em que se mantém as metas fundamentais 
já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento econômico e social em 
todo o mundo e, em conformidade com elas.
• Para se alcançar essa meta será necessário que cidadãos e 
comunidades, empresas e instituições, em todos os planos, aceitem as 
responsabilidades que possuem e que todos participem equitativamente, 
nesse esforço comum. Homens de toda condição e organizações de 
diferentes tipos unidos pelo meio ambiente do futuro, integrando seus 
próprios valores e a soma de suas atividades. As administrações locais 
e nacionais e, suas respectivas jurisdições são as responsáveis pelo 
estabelecimento de normas e aplicações de medidas em grande escala 
sobre o meio ambiente. Também se requer a cooperação internacional 
com o objetivo de conseguir recursos que ajudem os países em 
desenvolvimento a cumprir sua parte nesta esfera. Há um número cada 
vez maior de problemas relativos ao meio ambiente que, por ser de 
alcance regional ou mundial ou por repercutir no âmbito internacional 
comum, exigem uma ampla colaboração entre as nações e a adoção 
de medidas para as organizações internacionais, no interesse de 
todos. Assim, a Conferência encarece aos governos e aos povos que 
unam esforços para preservar e melhorar o meio ambiente humano em 
benefício do homem e de sua posteridade.
29
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
A partir dessas considerações e recomendações a Conferência de Estocolmo 
também propôs princípios sobre o Meio Ambiente Humano que serviram de 
instrumento legal para a construção da legislação ambiental em diversos países. 
No total foram 26 princípios que norteiam os direitos, deveres e ações para que 
as sociedades tenham o direito ao Meio Ambiente equilibrado e seguro (ONU, 
1972). Veja abaixo os princípios sobre o Meio Ambiente Humano deliberado na 
Conferência de Estocolmo.
• O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e usufruir 
de condições de vida adequadas e um meio ambiente de qualidade que 
lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo como 
obrigação proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações atuais 
e futuras. A este respeito, as políticas que promovem o apartheid, a 
segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas 
de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser 
eliminadas.
Apartheid - Sistema de segregação racial adotado na África do 
Sul a partir de 1948 e que durou 46 anos, e seu fi m ocorreu com a 
eleição de Nelson Mandela à Presidência do país em 1994.
FONTE: Pereira, (2008)
• Os recursos naturais da Terra como o ar, a água, a terra, a fl ora e a fauna 
e os ecossistemas naturais devem ser preservados em benefícios das 
gerações presentes e futuras através da ordem e planejamento.
• Deve-se manter, e sempre que possível restaurar ou melhorar a 
capacidade da Terra em produzir os recursos vitais renováveis.
• É responsabilidade do homem preservar e administrar e assegurar o 
patrimônio da fl ora e fauna silvestres e seu habitat, que se encontram 
em intenso perigo na atualidade, devido a uma combinação de fatores. 
Consequentemente, ao igualar o desenvolvimento econômico deve-
se atribuir a importância à conservação da natureza, incluídas a fl ora e 
fauna silvestre.
• Os recursos não renováveis da Terra devem ser utilizados de maneira a 
evitar seu esgotamento e a assegurar que toda humanidade compartilhe 
dos benefícios de sua utilização.
• Deve-se pôr fi m à descarga de substâncias toxicas ou de outros 
materiais que liberem calor em quantidades ou concentrações tais que o 
30
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
meio ambiente não possa neutralizá-los, para que não se causem danos 
graves e irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta dos 
povos de todos os países contra a poluição.
• Os Estados devem tomar todas as medidas possíveis para impedir 
a poluição dos mares por substâncias que possam pôr em perigo a 
saúde do homem e a vida marinha, menosprezar possibilidades de 
derramamento ou impedir outras utilizações ilegítimas do mar.
• O desenvolvimento econômico e social é fundamental para assegurar ao 
homem um ambiente favorável à vida e ao trabalho e, assim, criar na 
Terra condições necessárias de melhoria da qualidade de vida.
• As defi ciências do meio ambiente oriundas das condições de 
subdesenvolvimento e os desastres naturais colocam graves problemas. 
A melhor maneira de resolvê-la está no rápido desenvolvimento, 
mediante a transferência de quantidades consideráveis de assistência 
fi nanceira e tecnológica que complementem os esforços internos dos 
países em desenvolvimento e a ajuda apropriada que possam requerer.
• Nos países em desenvolvimento devem ser garantidos a estabilidade 
dos preços e o valor adequado das importações de produtos básicos e 
de matérias-primas, que são elementos fundamentais para o equilíbrio 
do meio ambiente, considerando os fatores econômicos e os processos 
ecológicos.
• As políticas ambientais de todos as Estados/Nações devem estar 
direcionadas para aumentar o potencial de crescimento atual e/ou futuro 
dos países em desenvolvimento e não devem restringir esse potencial 
nem colocar obstáculos para a conquista de melhores condições de vida 
para todos. Os Estados e as organizações internacionais devem tomar 
decisões pertinentes, como vistas a chegar a um acordo, para enfrentar 
as consequências econômicas que possam resultar da aplicação de 
medidas ambientais, seja nos planos nacional e internacional.
• Recursos fi nanceiros devem ser destinados para a preservação e 
melhoramento do meio ambiente considerando as circunstâncias e as 
necessidades especiais dos países em desenvolvimento e destinando 
investimentos para a inclusão de medidas de conservação do meio 
ambiente, contidos em seus planos de desenvolvimento, bem como 
a necessidade de oferecer-lhes ajuda sempre que solicitado mais 
assistência técnica efi nanceira internacional.
• Com o objetivo de conseguir um ordenamento mais racional dos 
recursos e melhorar as condições ambientais, os Estados devem 
adotar um enfoque integrado e coordenado de planejamento de seu 
desenvolvimento, a fi m de que assegure a compatibilidade entre o 
desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio 
ambiente humano em benefício da população.
• O planejamento racional constitui um instrumento essencial para conciliar 
31
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
as diferenças que possam surgir entre as exigências do desenvolvimento 
e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente.
• Deve-se aplicar o planejamento aos assentamentos humanos e a 
urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais sobre o 
meio ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, econômicos 
e ambientais para todos. Sobre essa questão, deve-se abandonar os 
projetos destinados a dominação colonialista e racista.
• Nas regiões aonde exista o risco de que a taxa de crescimento 
demográfi co e/ou as concentrações excessivas de população prejudiquem 
o meio ambiente ou o desenvolvimento, ou ainda, a baixa densidade de 
população possa impedir o melhoramento do meio ambiente humano e 
limitar o desenvolvimento, deve-se ser aplicada políticas demográfi cas 
que respeitassem os direitos humanos fundamentais e contar com a 
aprovação dos governos interessados.
• Deve-se confi ar às instituições nacionais competentes a tarefa de 
planejar, administrar e/ou controlar a utilização dos recursos ambientais 
dos Estados, com o fi m de melhorar a qualidade do meio ambiente.
• Como parte de sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social 
deve-se utilizar a ciência e a tecnologia para descobrir, evitar e combater 
os riscos que ameaçam o meio ambiente, para solucionar os problemas 
ambientais e para o bem comum da humanidade.
• Esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às 
gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao 
setor da população menos privilegiado; para fundamentar as bases de 
uma opinião pública bem informada e de uma conduta dos indivíduos, 
das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua 
responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente 
em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios 
de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do 
meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter 
educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fi m de que 
o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.
• Devem-se fomentar em todos os países, sobretudo nos países em 
desenvolvimento, a pesquisa e o desenvolvimento científi cos referentes 
aos problemas ambientais, tanto nacionais como multinacionais. Neste 
caso, a livre troca de informação científi ca atualizada e de experiência 
sobre a transferência deve ser objeto de apoio e de assistência, a fi m de 
facilitar a solução dos problemas ambientais. As tecnologias ambientais 
devem ser postas à disposição dos países em desenvolvimento de 
forma a favorecer sua ampla difusão, sem que constituam uma carga 
econômica para esses países.
• Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios 
de direito internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar 
32
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
seus próprios recursos em aplicação de sua própria política ambiental e 
a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se levem a cabo, 
dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não prejudiquem o meio 
ambiente de outros Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição 
nacional.
• Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito 
internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização às 
vítimas da poluição e de outros danos ambientais que as atividades 
realizadas dentro da jurisdição ou sob o controle de tais Estados causem 
a zonas fora de sua jurisdição.
• Sem prejuízo dos critérios de consenso da comunidade internacional e 
das normas que deverão ser defi nidas a nível nacional, em todos os casos 
será indispensável considerar os sistemas de valores prevalecentes em 
cada país, e, a aplicabilidade de normas que, embora válidas para os 
países mais avançados, possam ser inadequadas e de alto custo social 
para países em desenvolvimento.
• Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e 
cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas 
à proteção e melhoramento do meio ambiente. É indispensável cooperar 
para controlar, evitar, reduzir e eliminar efi cazmente os efeitos prejudiciais 
que as atividades que se realizem em qualquer esfera, possam ter para 
o meio ambiente, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por 
outros meios apropriados, respeitados a soberania e os interesses de 
todos os Estados.
• Os Estados devem assegurar-se de que as organizações internacionais 
realizem um trabalho coordenado, efi caz e dinâmico na conservação e 
no melhoramento do meio ambiente.
• É preciso livrar o homem e seu meio ambiente dos efeitos das armas 
nucleares e de todos os demais meios de destruição em massa. Os 
Estados devem-se esforçar para chegar logo a um acordo – nos órgãos 
internacionais pertinentes – sobre a eliminação e a destruição completa 
de tais armas.
Embora a Conferência de Estocolmo tenha tido grande repercussão mundial 
as questões levantadas e apontadas nela não foram implementadas, sobretudo, 
pelos países desenvolvidos que se recusaram a frear seu desenvolvimento e, 
em detrimento os países em desenvolvimentos não acharam justo ter que arcar 
com essa responsabilidade sozinhos colocando em risco seu desenvolvimento 
econômico (SIRVINSKAS, 2019; WAINER, 1993). Nesse período tendo como 
base as recomendações de Estocolmo, o Congresso Nacional do Brasil, em 31 de 
agosto de 1981, cria a Lei 6.938 denominada Política Nacional de Meio Ambiente 
considerada uma das mais importantes legislações de proteção ambiental no 
mundo. 
33
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
3.2 RELATÓRIO DE BRUNDTLAND: 
NOSSO FUTURO COMUM DE 1987 
A Organização das Nações Unidas, em 1983 constituiu a Comissão Mundial 
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que tinha como objetivo analisar os 
rumos que desenvolvimento estava tomando ao redor do mundo e quais seriam 
as consequências para o Planeta caso não fossem tomadas medidas em prol do 
meio ambiente. No ano de 1987 a comissão chefi ada pela médica Gro Harlem 
Brundtland, apresentou um relatório para ONU denominado “Nosso Futuro 
Comum” ou simplesmente “Relatório de Brundtland” que relatava sobre o cenário 
atual da época e projeções futuras que o planeta teria pela frente e a urgência 
para tomadas de novas medidas em defesa do meio ambiente em escala global. 
Neste relatório é recitada a necessidade de se propor um plano de 
desenvolvimento sustentável que garanta o desenvolvimento atual e futuro, ou 
seja, que o uso dos recursos naturais não comprometa a sobrevivência das 
gerações seguintes. Dessa forma, a relação homem-natureza deve seguir de 
forma harmonizada e equilibrada assegurando a alimentação e o bem-estar da 
população. O Relatório de Brundtland propôs uma série de medidas que os países 
poderiam adotar através de uma legislação própria (Quadro 1).
QUADRO 1 - MEDIDAS PROPOSTAS NO RELATÓRIO 
DE BRUNDTLAND PARA OS PAÍSES
1-Adotar políticas de crescimento populacional 
5- Desenvolvimento de tecnologia ecologica-
mente corretas para serem usadas em países 
em fase de industrialização
2- Acesso a água, alimentação e energia 
6- Planejamento urbano adequado e oferecer 
condições para camponeses permanecerem no 
campo
3- Preservar a biodiversidade e ecossistemas 
7- Garantir o acesso saúde, educação e mora-
dia. 
4- Implementação fontes energéticas renováveisFONTE: FGV (1991)
O Relatório recomenda ainda acordos internacionais visando uma melhor 
integração e comprometimento entre as partes envolvidas com o melhoramento 
do meio ambiente e melhor qualidade de vida a população global. Entre as 
medidas propôs-se: a) a elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável 
lideradas por órgãos e instituições fi nanceiras internacionais; b) Proteção de 
ecossistemas globais pela comunidade internacional, tais como a Antártica e 
34
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
oceanos; c) que as Nações Unidas criassem um programa de desenvolvimento 
sustentável. Cabe destacar que esse relatório foi decisivo para a ONU convocar 
uma nova conferência mundial para retomar as discussões sobre o meio ambiente 
e o desenvolvimento econômico. 
3.3 PROTOCOLO DE MONTREAL 1987 
Como o mundo não havia seguido as recomendações da Carta de Estocolmo 
o meio ambiente começa a apresentar sintomas do desenvolvimento desenfreado, 
ou seja, o vale tudo pelo avanço não estava dando certo, na década de 1980 
estudos apontam a destruição da camada de ozônio provocada pela intensa 
acumulação de gases nocivos ao ozônio sobretudo os CFCs (clorofl uorcarbono) 
expelidos pelas fábricas que produziam a todo vapor. 
Em 1985, uma comunidade de nações se reúne em Viena, Áustria, para 
discutir questões climáticas tendo em vista a proteção da Camada de Ozônio. 
Nesta reunião foi discutido como os governos tinham obrigação de tomar medidas 
jurídicas e administrativas que visassem a redução de gases na atmosfera. No 
ano de 1987 ocorre a conferência na cidade Montreal no Canadá que resultou no 
documento denominado Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem 
a Camada de Ozônio assinado por 197 Estados Partes (FELDMAN, 1997). Este 
documento delibera que os países membros são obrigados a apresentarem 
medidas de redução e/ou eliminação de substâncias que destroem a Camada de 
Ozônio. O Brasil se compromete com o Protocolo de Montreal através do Decreto 
Federal nº 99.280 de 06 de junho de 1990. Assim, todos os demais membros 
se comprometeram em criar uma legislação que regulamentasse a emissão de 
gases nocivos a camada de ozônio. 
A Camada de Ozônio é uma fi na camada de gases que envolve 
a Terra regulando a temperatura e protegendo contra a entrada de 
raios ultravioleta. Essa proteção é essencial para as condições de 
vida na Terra.
35
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
1. A partir de meados do Século XX houve uma maior preocupação 
sobre a relação sociedade-natureza, sobretudo, a respeito das 
consequências das ações antrópicas sobre o meio ambiente 
natural. Assim, foram realizados diversos eventos, reuniões, 
conferências que resultaram em acordos internacionais 
intermediados pela a Organização das Nações Unidas. 
A esse respeito, analise as questões abaixo:
I. O Relatório Nosso Futuro traz como uma das principais 
sugestões para lidar com a degradação ambiental a proposta de 
Desenvolvimento Sustentável.
II. A 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente foi realizada 
Viena em 1972.
III. Desde a conferência ambiental de 1972 vários movimentos 
ecológicos e entidades de proteção ao meio ambiente têm sido 
criados, dentre elas: Fundo Mundial para a Natureza – WWF, 
Greenpeace, SOS Mata Atlântica. 
IV. O Protocolo de Montreal estabeleceu que os países membros 
deveriam criar legislação específi ca para regular e diminuir a 
emissão de gases do efeito estufa. 
V. A Conferência de Estocolmo promulgou que é dever do Estado, 
da sociedade civil e das instituições públicas e privadas a 
responsabilidade de cuidar do meio ambiente. 
Estão corretas somente as afi rmativas
a) I, II, III e IV
b) I, III, IV e V
c) II, III e IV
d) I, II, III e V
3.2 CONFERÊNCIA DA NAÇÕES 
UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E 
DESENVOLVIMENTO – ECO-92
Tendo várias questões urgentes sobre a degradação da natureza, é 
convocada uma nova reunião a ser realizada no ano de 1992 na cidade do Rio 
de Janeiro, Brasil, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento, conhecida como ECO 92. Este é considerado o evento mais 
importante sobre o tema, além de comemorar os 20 de Estocolmo era preciso 
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 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
debater os resultados do Relatório Nosso Futuro Comum e, sobretudo, discutir 
os rumos do desenvolvimento sustentável. De acordo com dados da ONU 
compareçam representantes de 179 países que assumiram o compromisso com 
os 27 princípios deliberados nessa conferência. Abaixo listamos estes princípios 
que reforçam a importância da elaboração de legislação que proteja o meio 
ambiente da devastação (ONU, 1992; RADIMD, RIBEIRO, 1992; IPHAN, 1995). 
3.2.1 PriNCÍPioS DA ECO – 92
• Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas 
com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e 
produtiva em harmonia com a natureza. 
• De acordo com a Carta das Nações Unidas e os princípios do direito 
internacional, os Estados têm o direito supremo de aproveitar seus 
próprios recursos segundo suas peculiaridades políticas, ambientais e de 
desenvolvimento e é responsável por zelar pelas atividades realizadas 
dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle para que não causem 
danos ao meio ambiente de outros Estados ou de zonas que estejam 
fora dos limites da jurisdição. 
• O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir 
que sejam atendidas equitativamente as necessidades ambientais e de 
desenvolvimento das gerais presentes e futuras. 
• O desenvolvimento sustentável será alcançado quando a proteção 
ambiental for parte integrante do processo de desenvolvimento, e não 
pode ser considerada isoladamente deste.
• Todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável 
para o desenvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa essencial 
de erradicar a pobreza de forma a reduzir as disparidades nos padrões 
de vida e melhor atender às necessidades dos povos do mundo.
• A situação e necessidades especiais dos países em desenvolvimento, 
em particular dos países menos desenvolvidos relativo e daqueles 
ambientalmente mais vulneráveis, devem receber prioridade especial. 
Ações internacionais no campo do meio ambiente e do desenvolvimento 
devem, também, atender aos interesses e necessidades de todos os 
países.
• Os Estados devem cooperar em espirito de solidariedade mundial 
para conservar, proteger e restabelecer a saúde e a integridade do 
ecossistema da Terra. Na medida em que tenham contribuído em graus 
variados para a degradação do meio ambiente mundial, os Estados têm 
responsabilidade comuns, mas diferenciadas. Os países desenvolvidos 
reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na busca internacional 
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
do desenvolvimento sustentável, em vista das pressões que suas 
sociedades exercem no meio ambiente mundial, das tecnologias e dos 
recursos fi nanceiros de que dispõem. 
• Os Estados devem reduzir e eliminar as modalidades de produção e 
consumo insustentável e fomentar apropriadas políticas demográfi cas 
para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado e 
consequentemente a melhoria na qualidade de vida de todas as pessoas. 
• Os Estados devem cooperar com vistas ao fortalecimento da capacitação 
endógena para o desenvolvimento sustentável, pelo aprimoramento 
da compreensão científi ca por meio do intercâmbio de conhecimento 
científi co e tecnológico e, pela intensifi cação do desenvolvimento, 
adaptação, difusão e transferência de tecnologia, inclusive tecnologias 
novas e inovadoras. 
• O melhor modo de tratar as questões ambientais é assegurar a 
participação de todos os cidadãos interessados no nível correspondente. 
No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a 
informações relativas ao meio ambiente de que disponham as 
autoridadespúblicas, inclusive informações sobre materiais e atividades 
perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de 
participar de processos de tomada de decisões. Os Estados devem 
facilitar e estimular a conscientização e a participação pública, colocando 
a informação à disposição de todos. Deverá ser proporcionado acesso 
efetivo aos procedimentos judiciais e administrativos, entre os quais o 
ressarcimento de danos e os recursos pertinentes. 
• Os Estados devem promulgar leis efi cazes sobre o meio ambiente. As 
normas, os objetivos de planejamento e as prioridades ambientais devem 
refl etir o contexto ambiental e de desenvolvimento a que se aplicam. 
As normas utilizadas por alguns países podem resultar inadequadas 
e representar um custo social e econômico injustifi cado para outros, 
particularmente para os países em desenvolvimento. 
• Os Estados devem cooperar na promoção de um sistema econômico 
internacional favorável e aberto que conduza ao crescimento econômico 
e ao desenvolvimento sustentável de todos os países, a fi m de abordar 
da melhor forma os problemas da degradação ambiental. As medidas 
de política comercial com fi ns ambientais não deveriam constituir um 
meio de discriminação arbitrária ou injustifi cável, nem uma restrição 
velada ao comércio internacional. Deve-se evitar a adoção de medidas 
unilaterais para solucionar os problemas ambientais que se produzem 
fora da jurisdição do país importador. As medidas destinadas a tratar 
dos problemas ambientais transfronteiriços ou mundiais, na medida do 
possível, devem basear-se em um consenso internacional. 
• Os Estados devem desenvolver legislação nacional relativa à 
responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos 
38
 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
ambientais. Os Estados devem, ainda, cooperar de forma expedita e 
determinada para o desenvolvimento de normas de direito internacional 
ambiental relativa à responsabilidade e indenização por efeitos adversos 
de danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por 
atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle. 
• Os Estados devem cooperar de modo efetivo para desestimular ou 
prevenir a mudança ou transferência para outros Estados de quaisquer 
atividades ou substâncias que causem degradação ambiental grave ou 
que sejam prejudicais à saúde humana. 
• Com a fi nalidade de proteger o meio ambiente, os Estados deverão 
aplicar amplamente o critério de precaução, de acordo com suas 
capacidades. Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a 
falta de certeza cientifi camente absoluta não deverá ser utilizada como 
razão para postergar a adoção de medidas e efi cazes, em função dos 
custos, para impedir a degradação do meio ambiente. 
• As autoridades nacionais devem procurar incentivar a internalização 
dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em 
consideração o critério de que o que contamina deve, em princípio, 
arcar com os custos da contaminação, levando devidamente em conta 
o interesse público e sem distorcer o comércio nem os investimentos 
internacionais. 
• A avalição do impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser 
empreendida para atividades planejadas que possam vir a ter impacto 
negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma 
decisão de autoridade nacional. 
• Os Estados devem notifi car imediatamente outros Estados de quaisquer 
desastres naturais ou outras emergências que possam gerar efeitos 
nocivos súbitos sobre o meio ambiente destes últimos. Todos os esforços 
devem ser empreendidos pela comunidade internacional para auxiliar os 
Estados afetados.
• Os Estados devem prover oportunamente, a Estados que possam ser 
afetados, notifi cação previa e informações relevantes sobre atividades 
potencialmente causadoras de considerável impacto transfronteiriços 
negativo sobre o meio ambiente e, devem consultar-se com estes tão 
logo quanto possível e de boa fé.
• As mulheres desempenham papel fundamental na gestão do meio 
ambiente e no desenvolvimento. Sua participação plena é, portanto, 
essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável. 
• Devem ser mobilizados a criatividade, os ideais e a valor dos jovens 
do mundo para forjar uma aliança mundial orientada a obter o 
desenvolvimento sustentável e assegurar um futuro melhor para todos. 
• As populações indígenas e suas comunidades, assim como outras 
comunidades locais desempenham um papel fundamental no 
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: DOS PRINCÍPIOS AOS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Capítulo 1 
planejamento do meio ambiente e no desenvolvimento, graças aos seus 
conhecimentos e práticas tradicionais. Os Estados devem reconhecer 
e aprovar devidamente sua identidade, cultura e interesses e tornar 
possível sua participação na obtenção do desenvolvimento sustentável. 
• O meio ambiente e os recursos naturais dos povos submetidos à 
opressão, dominação e ocupação devem ser protegidos.
• A guerra é, por sua natureza, contrária ao desenvolvimento sustentável. 
Os Estados devem, por conseguinte, respeitar o direito internacional 
aplicável à proteção do meio ambiente em tempos de confl ito armado e, 
cooperar para seu desenvolvimento progressivo, quando necessário.
• A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são interdependentes e 
indivisíveis.
• Os Estados devem solucionar todas as suas controvérsias ambientais 
de forma pacífi ca, utilizando-se dos meios apropriados, de conformidade 
com a Carta das Nações Unidas.
• Os Estados e os povos devem cooperar de boa fé e imbuídos de um 
espírito de parceria para a realização dos princípios consubstanciados 
nesta Declaração e, para o desenvolvimento progressivo do direito 
internacional no campo do desenvolvimento sustentável. 
A partir da promulgação desses princípios a Organização das Nações Unidas 
fi rma um pacto mundial em defesa do meio ambiente visando o desenvolvimento 
sustentável e ao mesmo tempo alertando todas as nações do mundo da urgência 
em se criar leis em suas jurisprudências que garantam a preservação, conservação 
e resiliência dos recursos naturais, além de convocar os Estados da importância 
do cumprimento dos acordos internacionais e, consequente sanções para aqueles 
que não respeitarem e/ou descumprirem as normas ambientais internacionais. 
A ECO 92 foi de extrema importância para a consolidação de um plano de 
desenvolvimento sustentável, além dos princípios foi elaborado um plano de ação 
de desenvolvimento econômico e social aliado ao meio ambiente embasado em 
uma série de estudos de governos e organizações internacionais denominada de 
Agenda 21. Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil a Agenda 21 Global 
Constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, 
em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, 
denominado “desenvolvimento sustentável”. O termo “Agenda 
21” foi usado no sentido de intenções, desejo de mudança 
para esse novo modelo de desenvolvimento para o século 
XXI. A Agenda 21 pode ser defi nida como um instrumento de 
planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, 
em diferentes bases geográfi cas, que concilia métodos de 
proteção ambiental, justiça social e efi ciência econômica 
(MMA, 2020).
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 LEGiSLAÇÃo AmBiENTAL APLiCADA À SuSTENTABiLiDADE
A partir das metas estabelecidas na Agenda 21 os Estados/Nações poderiam 
traçar seus próprios planos de desenvolvimento sustentável embasados em 
pelos três pilares: o ambiental, o econômico e social. Para tanto, a interação 
e cooperação entre os países, regidas pelos acordos internacionais, são 
fundamentais para o sucesso da Agenda 21, sobretudo, no que se refere a ajuda 
dos países ricos para os países pobres. 
A Rio 92 foi de grande magnitude ao mesmo tempo abrigou, ainda, a 
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e a Convenção 
sobre a Diversidade Biológicas, além de produzir a Declaração de Princípios 
para o Manejo

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