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Aula 01 - Noções Gerais Administração Pública e Função Administrativa

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Noções Gerais, Administração Pública e Função Administrativa.
Professora: Maria Joana 
A educação é a única ferramenta, capaz de consertar os erros deixados pelos ignorantes.
"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget)
ORIGEM 
Fins do século XVIII e inicio do século XIX
Surgimento do Estado Moderno/Estado de Direito.
Principio da Separação dos Poderes
Contribuição do Direito Francês.
Brasil – Surgimento do Direito Administrativo nos cursos jurídicos – 1856.
Constituição Federal de 1934.
Constituição Federal de 1988
CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
“É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.” (Hely Lopes Meirelles)
Destaca o elemento finalístico
“O direito administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem.” (Celso Antônio Bandeira de Mello) 
Enfatiza a ideia de função administrativa
“É o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins de natureza pública.” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro)
Evidenciar o objeto
“É o conjunto de normas e princípios que visando sempre o interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir.” (José dos Santos Carvalho Filho) 
Realça, de modo inovador, as relações jurídico-administrativas.
DIREITO ADMINISTRATIVO VERSUS CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO
 Quadro Comparativo entre Direito Administrativo e Ciência da Administração
DireitoAdministrativo
Ciência da Administração
Ramo jurídico
Não é ramo jurídico
Estuda princípiose normas de direito
Estuda técnicas de gestão pública para melhor planejar, organizar, dirigir e controlar a gestão governamental
Ciência deontológica(normativa)
Ciência social
Fixalimites para a gestão pública
Subordina-se às regras do Direito Administrativo
OBJETO E PRESSUPOSTOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Objetos
O Direito Administrativo é um ramo científico que estuda uma parcela das normas componentes do ordenamento jurídico, a saber: as normas que disciplinam o exercício da função administrativa. Assim, o objeto imediato do Direito Administrativo são os princípios e normas que regulam a função administrativa. Por sua vez, as normas e os princípios administrativos têm por objeto a disciplina das atividades, agentes, pessoas, e órgãos da Administração Pública, constituindo o objeto mediato do Direito Administrativo.
Pressupostos
O surgimento do Direito Administrativo, entendido como complexo de regras disciplinadoras da atividade administrativa, somente foi possível devido a dois pressupostos fundamentais: 1) a subordinação do Estados às regras jurídicas, característica surgida com o advento do Estado de Direito e 2) a existência de divisão de tarefas entre os órgãos estatais. Dito de outro modo, a noção de Estado de Direito e a concepção da Tripartição de Poderes têm status de conditio sine quo non para a existência do Direito Administrativo.
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA
Conceito
A função administrativa é a exercida preponderantemente pelo Poder Executivo com caráter infralegal e mediante a utilização de prerrogativas instrumentais. 
Vejamos os elementos do conceito:
Exercida preponderantemente pelo Poder Executivo
No art. 2º da Constituição da República está estampado o princípio da tripartição dos poderes que são independentes e harmônicos entre si. 
Da independência deflui as funções típicas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Já da harmonia deriva as funções atípicas.
Em suas funções típicas, cabe ao Poder Legislativo inovar originariamente na ordem jurídica, ao Poder Judiciário solucionar definitivamente os conflitos de interesse quando provocado e ao Poder Executivo aplicar de ofício a lei.
Para cada função típica há o núcleo decisório essencial. Ao Legislativo a primazia incide sobre a decisão da edição de nova lei, ao Judiciário a autoridade da coisa julgada da decisão e ao Executivo o mérito do ato administrativo (conveniência e oportunidade).
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA
2) A função administrativa é exercida em caráter infralegal
Em razão do princípio da legalidade que subordina a atividade administrativa aos preceitos legais, não olvidando da supremacia da Constituição.
3) A função administrativa é exercida mediante a utilização de prerrogativas instrumentais
Para viabilizar a adequada defesa dos interesses da coletividade, a lei confere ao agente público poderes especiais, prerrogativas ou privilégios cujo uso está vinculado à defesa do interesse público. 
Não pode haver tresdestinação, isto é, o agir não pode ser indiferente ao interesse público, sob pena de desvio de finalidade. 
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA
Interesse público primário e secundário
A função administrativa é noção indispensável para compreender o Direito Administrativo. Quando nos referimos à função é no sentido de atividade exercida por alguém em defesa de interesse alheio. Portanto, o agente público atua em nome próprio na defesa dos interesses coletivos (interesse público). 
O interesse público possui dois sentidos diferentes: a) o interesse público primário e b) o interesse público secundário.
O interesse público primário é o verdadeiro interesse da coletividade, enquanto o interesse público secundário é o interesse patrimonial do Estado como pessoa jurídica. 
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA
 Comparação entre o interesse público primário e interesse público secundário
Interesse público primário
Interesse público secundário
Verdadeiro interesse da coletividade
Mero interesse patrimonial do Estado como pessoa jurídica
Deve ser defendido sempre pelo agente
Só pode ser defendido quando coincidir com o primário
Tem supremacia sobre ointeresse particular
Não tem supremacia sobre o interesse particular
Exemplo: não postergar o pagamento de umaindenização
Exemplos: recursos protelatórios e a demora no pagamento de precatórios.
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA
"ADMINISTRATIVO. INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE INTERESSE. CONTRATAÇÃO COM O PODER PÚBLICO SEM O NECESSÁRIO FORMALISMO. NÃO-PAGAMENTO. COBRANÇA JUDICIAL. PRINCÍPIO DO NÃO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. PAGAMENTO DEVIDO.
1. Há que se diferenciar o interesse público e o interesse da Administração (ou interesse público secundário). No caso em tela, trata-se de ação de cobrança da empresa recorrida em face de mercadorias entregues ao Município e não adimplidas, em nítida persecução ao seu próprio interesse, consistente em minimizar o dispêndio de numerário. Tal escopo não se coaduna com o interesse público primário da sociedade. 
2. (...)
3. Se o Poder Público, embora obrigado a contratar formalmente, opta por não fazê-lo, não pode, agora, valer-se de disposição legal que prestigia a nulidade do contrato verbal, porque isso configuraria uma tentativa de se valer da própria torpeza, comportamento vedado pelo ordenamento jurídico por conta do prestígio da boa-fé objetiva (orientadora também da Administração Pública).
4. Por isso, na ausência de contrato formal entre as partes - e, portanto, de ato jurídico perfeito que preservaria a aplicação da lei à celebração do instrumento -, deve prevalecer o princípio do não enriquecimento ilícito. Se o acórdão recorrido confirma a execução do contrato e a realização da obra pelo recorrido, entendo que deve ser realizado
o pagamento devido pelo Município recorrente.
5. Recurso especial a que se nega provimento." (STJ - 2ªT - REsp nº 1.148.463/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 26.11.2013, DJe de 06.12.2013)
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA VERSUS FUNÇÃO DE GOVERNO
Função de Governo é a que se relaciona com a superior gestão da vida politica do Estado e indispensáveis a sua própria existência. Função administrativa é aquela predisposta à gestão dos interesses da coletividade, através de comandos infralegais ou infraconstitucionais. 
Passamos ainda a uma rápida diferenciação da função administrativa em relação a função de governo
Função de Governo
Funçãoadministrativa
Quemexerce
Poder Executivo
Poder Executivo (preponderantemente)
Fundamento
Constitucional
Legal
Margem de liberdade
Alta discricionariedade
Discricionariedade comum
Exemplo de atos
Declaração de guerra, intervenção federal
Regulamento, decretos, portarias, licenças
Administração Pública 
Conceito: 
	“Administração é todo aparelhamento do Estado preordenado à realização de serviços, visando a satisfação das necessidades coletivas.” (Hely Lopes Meirelles)
	“A Administração Pública é, sem dúvida, a face do Estado (Estado-Administração) que atua no desempenho da função administrativa.” (Dirley da Cunha)
SENTIDOS DO TERMO 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 
A expressão “Administração Pública” pode ser empregada em diferentes sentidos:
Em sentido subjetivo ou orgânico
Em sentido objetivo, material ou funcional
Conjuntode agentes, órgãos e entidadesque exercem a função administrativa
Éatividadeestatal consistente em defender concretamente o interesse público
MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA VERSUS ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL
O Direito Administrativo brasileiro ainda é calcado no modelo tradicional de administração burocrática, marcado pelas seguintes características:
a) Toda autoridade baseada na legalidade;
b) Relações hierarquizadas de subordinação entre órgãos e agentes;
c) Competência técnica como critério para seleção de pessoal;
d) Remuneração baseada na função desempenhada, e não pelas realizações alcançadas;
e) Controle de finanças;
f) Ênfase em processos e ritos.
Com o advento da EC nº 19/1998, fortemente inspirada do no modelo neoliberal de política econômica, pretendeu-se implementar outro modelo de administração pública: a administração gerencial. 
A administração gerencial (ou governança consensual) objetiva atribuir maior agilidade e eficiência na atuação administrativa, enfatizando a obtenção de resultados, em detrimento de processos e ritos, e estimulando a participação popular na gestão pública.
ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA VERSUS ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL
A noção central da administração gerencial é o princípio da subsidiariedade pelo qual não se deve atribuir ao Estado senão as atividades de exercício inviáveis pela iniciativa privada.
 Quadro Comparativo entre administração burocrática e a administração gerencial
Administração Burocrática
Administração Gerencial
Período-base
Antes de 1998
Após 1998
Norma-padrão
Lei nº 8.666/93
Emendanº 19/98
Paradigma
A lei
O resultado
Valores-chave
Hierarquia, forma e processo
Colaboração, eficiênciae parceria
Controle
Sobre meios
Sobre Resultados
Institutos relacionados
Licitação, processo administrativo, concurso público e estabilidade
Contrato de gestão, agências executivas e princípioda eficiência
Características
Autorreferente
Orientadapara o cidadão
ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA VERSUS ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL
ESTADO EM REDE
A teoria do Estado em rede foi criada como uma tentativa de aperfeiçoamento no modelo da administração pública gerencial. Superando a simples busca por resultado, o Estado em rede visa realizar uma gestão para a cidadania, transformando os indivíduos de destinatários das políticas públicas em protagonistas na definição das estratégias governamentais. Seu principal desafio é incorporar a participação da sociedade civil organizada na priorização e na implementação de estratégias governamentais, fomentando a gestão regionalizada e a gestão participativa.
Referências legislativas:
- art. 43, da Constituição Federal 1988;
- § 4º, do art. 9º, da Lei de Responsabilidade Fiscal;
- § 5º, do art. 36, da Lei Complementar Federal nº 141/2012 (Gestão da Saúde);
- art. 43, 44 e 45, da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade);
TAREFAS PRECÍPUAS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MODERNA
O grande número e a diversidade das atribuições cometidas ao Estado, nos dias atuais da chamada pós-modernidade, não impedem a doutrina de identificar as quatro tarefas precípuas da Administração Pública moderna, cuja ordem abaixo indicada reflete a sequência história exata em que as tarefas foram sendo atribuídas ao Poder Público durante os séculos XIX e XX.
1ª) o exercício do poder de polícia: foi a primeira missão fundamental conferida à Administração Pública, ainda durante o século XIX, período do chamado “Estado-Polícia” ou “Estado-Gendarme”. O Poder de polícia consiste na limitação e no condicionamento, pelo Estado, da liberdade e propriedade privadas em favor do interesse público;
2ª) a prestação de serviços públicos: na primeira metade do século XX, especialmente após a Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918), as denominadas Constituições Sociais (mexicana, de 1917, e alemã, ou de Weimar, de 1919), passaram a atribuir ao Estado funções positivas (o poder de polícia é função negativa, limitadora) de prestação de serviços públicos, como o oferecimento de transporte coletivo, água canalizada e energia elétrica;
3ª) a realização de atividade de fomento: já na segunda metade do século XX, a Administração Pública passou também a incentivar setores sociais e econômicos específicos, estimulando o desenvolvimento da ordem social e econômica.
4ª) a atividade de intervenção compreende de um lado a atuação direta do Estado no domínio econômico, o que se dá normalmente por meios das entidades empresariais (empresas públicas e sociedade de economia mista), e por outro lado pela atuação indireta do Estado por meio da regulamentação e da fiscalização das atividades econômicas de natureza privada, para conter abusos ocorrentes como cartéis, os trustes e os dumping’s, que são praticas que visam a eliminação da concorrência.

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