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2 SUMÁRIO NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO ....................................................................................... 3 HISTÓRICO DO DIREITO SOCIAL................................................................................... 13 DIREITO CONSTITUCIONAL ........................................................................................... 17 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................... 29 PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................ 30 DÍVIDA ATIVA ................................................................................................................... 33 SERVIDORES PÚBLICOS ................................................................................................ 35 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO ........................................................................... 37 PODER JUDICIÁRIO ........................................................................................................ 40 GRAFOSCOPIA E DOCUMENTOSCOPIA ....................................................................... 44 AUTENTICAÇÃO E RECONHECIMENTO DE FIRMAS ................................................... 47 CONFECÇÃO DE RELATÓRIOS, MINUTAS DE ACORDOS E DECLARAÇÕES .......... 49 CADASTRO NACIONAL DE MEDIADORES JUDICIAIS E CONCILIADORES .............. 60 PRINCIPAIS ÁREAS DO DIREITO PARA ATUAR .......................................................... 61 CERTIFICADOS DIGITAIS ............................................................................................... 66 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 74 3 NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO A origem da palavra Direito se deriva do latim directum (direto), trazendo à mente a concepção de que o Direito deve ser uma linha direta, correta. No Direito Romano, a palavra utilizada para expressar o que entendemos, atualmente, como direito era jus ou juris, que simbolizava a idéia de jugo, peso, compreendendo-se como um vínculo jurídico entre as pessoas. Assim, as normas impostas pelo Direito apresentam-se como salvadora da vida social, sendo de necessidade fundamental para o bom andamento da sociedade em geral, podendo então dizer que o Direito é um conjunto de regras obrigatórias, com força coativa, que garante a convivência social pacífica e essas regras devem ser obedecidas por todos os cidadãos, sendo que a inobservância de qualquer regra implica numa punição prevista em lei. Elementos do direito O fenômeno jurídico deve ser analisado e compreendido sob o enfoque de três aspectos/elementos: Normativo: regras impostas pelo Estado - é a norma que representa a relação ou medida que integra um daqueles elementos ao outro, o fato ao valor. Sociológico: fatos jurídicos/relações sociais - são os fatos relevantes, podendo ser eles, econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica. Axiológico: causa final; é o valor do fato, onde se confere determinada significação a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo. 4 Normas de Direito x Normas Morais As normas são regras, que podem ser morais ou jurídicas e que vem regular o comportamento do homem em sociedade, definindo um conceito de comportamento que é certo e o que não se enquadra neste comportamento é tido como errado. Se observarmos os fatos que acontecem na sociedade, existem dois tipos de normas, aquelas que se cumprem de maneira espontânea, como por exemplo, ser bom e honesto, e que são cumpridos sem a necessidade de ninguém nos forçar para agir dessa maneira, o que chamamos de atribuições morais. Já por outro lado existem normas jurídicas onde o homem em sociedade só cumpre de forma obrigatória ou forçada, este é o campo de atribuição do Direito, regras sociais que tem como sua essência a coercibilidade, visando regular o homem em sociedade de forma jurídica tendo a figura do Estado como regulador dessas regras de organização. Normas Morais: são revestidas de reprovação por parte da sociedade, mas desprovidas de sanção pelo Poder Público. Normas do Direito: são revestidas de sanção por parte do Poder Público. A norma Moral é relativa aos costumes, e se destaca do Direito porque não se encontra em nenhum código escrito; ela está dentro do caráter das pessoas, formando a ética de cada um, surgindo através de uma coação interna, da nossa própria consciência, sendo então um conjunto de condutas que a própria sociedade, com seus valores e experiência cria e aceita para si, é cultivada no ser humano e começa desde cedo, e essas regras passam a ser internas e naturais para cada um da sociedade, mostrando o que é certo ou errado. Já a norma jurídica é uma regra de conduta imposta, admitida ou reconhecida pelo 5 ordenamento jurídico vigente em determinada época e surge através de uma coação externa resultante do Direito, da aplicação de leis feitas com o intuito de regular a vida na sociedade, sendo que estas normas jurídicas não precisam de adesão interna, bastando apenas que sejam cumpridas, independente de as aceitarmos ou não, devemos obedecê- las sob o risco da punição da autoridade. Portanto, podemos resumir que as Normas Jurídicas são um conjunto de normas de conduta que obrigam a todos, e a sua não obediência gera punições, que em nossa sociedade atual, são criadas e ministradas pelo Estado por meio de seus poderes, e que a Norma Moral é fruto da educação, orientação que recebemos da família e do ambiente onde vivemos para uma vida de bem. Divisões do Direito Com o passar do tempo, para um melhor entendimento, as ciências foram divididas em várias áreas, e com o Direito não foi diferente, restando à divisão clássica em: Direito Natural x Direito Positivo Direito Público x Direito Privado x Direito Difuso Direito Objetivo e Direito Subjetivo Direito Natural X Direito Positivo O Direito Natural (Jusnaturalismo), deriva da essência de algo imaterial, divino, onde sua fonte advêm da natureza, de Deus ou do pensamento racional do ser humano, sendo manifestado através das correntes filosóficas e das escolas de divergência, é o conjunto de princípios ideais preexistentes e dominantes. É no Direito Natural que ocorrem as discussões e surgem as correntes jurídicas e suas 6 teorias sobre o que é correto, o que é justo, e parte do princípio de que existe um direito comum a todos os homens. Já o Direito Positivo é o conjunto de princípios que pautam a vida social de determinado povo em determinada época não importando seja escrito ou não escrito, de elaboração sistemática ou de formação jurisprudencial (8), apresentando formulação, estrutura e natureza culturalmente construídas, é a instituição de um sistema de regras e princípios que ordenam o mundo jurídico. É nele que se estabelecem as ações a serem cumpridas, indiferentemente do conhecimento de cada indivíduo onde estas ações são reguladas através das normas e por este motivo devem ser desempenhadas do modo prescrito na norma, mas é importante observar que o Direito Positivo não esta limitado ao direito escrito, nem ao legislado, pois são igualmente positivos os costumes e os contratos, ambas as formas de criação histórica do Direito, a partir do exercício do poder normativo social. O Direito Positivo quando se afasta do Direito Natural, cria leis injustas, pois este primeiro é imposto pelo Estado, válido por tempo e território determinados e tem como fundamento a ordem da sociedade. Já o Direito Natural é superior ao Estado, ligado a princípios e nasce da própria natureza humana, como por exemplo, o direito à vida, à liberdade, à reprodução e corresponde à idéia de justiça.Direito Público X Direito Privado X Direito Difuso Inicialmente, o Direito foi dividido como Público X Privado, sua forma mais antiga de divisão, de origem romana e foi criada por Ulpiano que dizia: “Direito Público era aquele concernente ao estado dos negócios romanos; o Direito Privado era o que disciplinava os interesses particulares”. Mas com o surgimento de novos direitos sociais, que ultrapassam a mera individualidade esta divisão sofreu uma alteração, passando de dicotômica para tricotômica em Direito Público, Privado e Difuso, onde esta divisão serve mesmo como um instrumento didático para o ensino da ciência do Direito e uma melhor compreensão por parte dos seus estudiosos, levando em consideração a relação do direito com as partes envolvidas. O Direito Público refere-se ao conjunto de todas as normas jurídicas de natureza pública, 7 compreendendo tanto as normas que regulam a relação entre o particular e o Estado, como as normas que regulam as atividades, as funções e poderes do Estado e dos seus servidores. O Direito Público ainda é dividido em Direito Público Interno que vem a reger os interesses estatais e sociais e suas normas encontram-se no Direito Constitucional, Administrativo, Processual, Tributário, Penal e Eleitoral, já o Direito Público Externo tem como objetivo normatizar as relações internacionais entre Estados estrangeiros onde os mesmos através de convenções e tratados firmarão acordos e se organizarão para falarem uma mesma língua sobre assuntos relevantes entre todos, esta normatização é chamada de Direito Internacional Público. Já o Direito Privado objetiva-se em regulamentar normas inerentes as relações existentes entre os particulares que abrangerão desde a suas vida privada, suas relações patrimoniais ou extra-patrimoniais, direitos e deveres da família e seu direito a sucessão. Por fim o Direito Difuso constitui direitos transindividuais, ou seja, que ultrapassam a esfera de um único indivíduo, caracterizados principalmente por sua indivisibilidade, onde a satisfação do direito deve atingir a uma coletividade indeterminada, mais sempre ligada por uma circunstância de fato. Exemplo: Paz Pública, Segurança Pública, Meio Ambiente, onde todas as pessoas possuem direito, entre outros que pertençam à massa de indivíduos e cujos prejuízos de uma eventual reparação de dano não podem ser individualmente calculados. Resumindo: Se a relação jurídica ocorrer entre o Estado com o particular, ou mesmo do Estado com o Estado, esse ramo do Direito é primordialmente Público, se for entre particulares à preponderância é Privada; e se os titulares forem à coletividade (pessoas 8 indeterminadas) e ligadas por circunstâncias de fato, será Difuso. Direito Subjetivo X Direito Objetivo O Direito Subjetivo é a faculdade de agir, ou seja, a permissão dada por meio de norma jurídica para fazer ou não fazer algo (casar, adotar, separar), para ter ou não ter algo (comprar, vender, herdar), ou ainda, autorização para exigir, através dos meios legais, em caso de prejuízo causado por violação de norma, o cumprimento da mesma ou a reparação do mal sofrido. Exemplo: um sujeito embriagado invada a outra mão de direção de uma estrada e acaba por bater de frente com outro veículo. Surge então para o motorista que sofreu o dano o direito de pedir indenização, ou seja, surge o direito subjetivo para que ele busque seus direitos. Tem como base três elementos fundamentais: Sujeito: é aquele a quem a ordem jurídica assegura a faculdade de agir, podendo o mesmo tanto ser certo e determinado, como incerto e determinável. Objeto: é o bem jurídico sobre o qual o sujeito exerce o poder assegurado pela ordem legal. Ressalte-se que “não pode haver direito sem objeto”, pois assim a vontade estaria atuando no vazio. Pode ser objeto de direito tudo que tenha existência fora do homem, ainda que independente de materialização, exemplo disto esta no direito a própria personalidade, como o direito a vida, ao próprio corpo, a honra, a integridade física, moral e psicológica. Relação Jurídica: aqui se encontra a essência do Direito Subjetivo, sendo ele o vínculo que impõe a subordinação do objeto ao sujeito, pois não existe relação jurídica entre o sujeito e o objeto, somente pode haver relações entre pessoas. 9 Já o Direito Objetivo é o Direito é a norma de agir, ou seja, compreende um conjunto de regras para se estabelecer limitações ao comportamento individual ou coletivo para a satisfação dos interesses humanos e conforme o tipo de organização estatal ou o modo de elaboração, a norma pode se apresentar de três formas diferentes: Sob o aspecto de princípio ditado pelo órgão do Estado (normas do direito); Sob uma definição judicial de comportamento (normas do direito); Sob as regras observadas pelos sujeitos dentro de um agrupamento social (normas de ordem moral). Sistemas Jurídicos O Direito Objetivo divide-se em dois sistemas jurídicos conhecidos: Civil Law: sua principal característica é a codificação das leis, onde os aplicadores do Direito, ao se depararem com um caso concreto, devem identificar a lei que mais a ele se adequar. Common Law: é uma estrutura mais utilizada por países de origem anglo-saxônica como Estados Unidos e Inglaterra, onde o Direito se baseia mais na Jurisprudência que no texto da lei. Nesses países também existe a lei, mas o caso é analisado principalmente de acordo com outros semelhantes. Fontes do Direito Sabemos que as “fontes” são de onde as coisas se originam, é o ponto de partida de algo, e é a expressão utilizada para descrever os modos de formação das normas jurídicas, ou seja, sua entrada no sistema do ordenamento. A “fonte jurídica” seria a origem primária do direito, ou seja, seu elemento gerador ou o fato que lhe deu o nascimento, e tais fontes possuem tamanha importância, que se encontram preconizadas no artigo 4º da LINDB - Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro, in verbis: “Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”. A fonte do direito é composta de dois elementos: a segurança e a certeza, mas seu estudo pode ter várias acepções, e quando você buscar na doutrina esse tópico, vai concluir que cada autor, doutrinador tem sua classificação, podendo ser classificadas 10 como material e formal, e ainda como: Voluntárias: temos as leis, resultantes de um processo formal legislativo, intencional, que criam regras para o Direito. Involuntárias: é a que não traduz um processo intencional de criação do Direito, ou seja, cria involuntariamente Direito, como os costumes. Fonte Material São os fatores que criam o direito, dando origem aos dispositivos válidos, se encontram no plano do ser (acontecimentos sociais) e são estudadas como fatos da realidade social que influem na produção de novos direitos, sendo que é a própria sociedade, que fornece os elementos materiais (biológicos, psicológicos, fisiológicos), históricos, racionais e ideais, tais fatores decorrem das convicções, das ideologias, e das necessidades de cada povo em certa época, atuando como fontes de produção do direito positivo, pois condicionam o aparecimento e as transformações das normas jurídicas. As fontes materiais não são o direito positivo, mas tão somente o conjunto de valores e de circunstâncias sociais que, constituindo o antecedente natural do direito, contribuem para a formação do conteúdo das normas jurídicas. Assim podemos dividir as fontes materiais em: Históricas: quando busca-se os fundamentos necessários observando o comportamento social através dos tempos, vislumbrando as experiências já vividas em relação ao fato. Religiosas: embora o Direito a muito tempo tenha se desprendido da influência religiosa, a produção e a aplicaçãodas normas busca harmonizar-se com a mesma assimilando seus princípios. 11 Econômicas: o Estado busca dentro da ordem econômica a justiça social, elaborando normas que reafirmem a correta distribuição de riquezas, bens e serviços. Naturais: são fatos que independem da ação humana, mais impõem a adoção de medidas normativas buscando o bem estar do próprio homem e da coletividade em geral. Políticas: diz respeito a aplicação de normas disciplinadoras e limitadoras a estrutura do Estado, buscando a harmonia a independência de suas instituições. Morais: busca a influência ética e moral do meio em que vivemos. Este argumento demonstra que os fatores sociais influenciam a ordem jurídica, aspectos importantes, mas menos fundamentais para a ciência do direito do que aqueles que dizem respeito ao processo de produção de normas jurídicas, ou seja, são regras não escritas que se formam por um comportamento e pela convicção de que este é obrigatório e necessário. Regras não escritas que tornaram-se normas de conduta. Fonte Formal As fontes formais se encontram no plano do dever e são tomadas como modelos estipulados pela ordem jurídica para introduzir normas no sistema que servem para identificar o modo como o direito se articula com os seus destinatários, ou seja, como o direito manifesta-se. É esta fonte que indica os lugares nos quais se encontram os dispositivos jurídicos e onde os destinatários das normas devem pesquisar sempre que desejarem tomar conhecimento de uma norma em vigor são, de modo imediato, aqueles meios ou instrumentos pelos quais as normas jurídicas são comunicadas à sociedade, permitindo 12 aos cidadãos conhecerem-nas e aos juristas, utilizarem-nas. Importante observar que cada tipo de ordenamento jurídico possui fontes formais distintas, variando de acordo com a característica do sistema jurídico de cada sociedade, por isso é objeto de inúmeras classificações. Fontes Diretas, Imediatas ou Primárias: são as que têm força suficiente para gerar a regra jurídica, sendo que a maioria da doutrina estatui a lei e o costume. Fontes Mediatas, Secundárias: as que não têm a força das primeiras, mas esclarecem os espíritos dos aplicadores da lei e servem de precioso substrato para a compreensão e aplicação global do Direito, devendo ser citadas, sem unanimidade entre os juristas, a doutrina, a jurisprudência, a analogia, os princípios gerais de Direito e a equidade. Estatais: como o próprio nome aponta vêm por determinação e poder do Estado, como as leis em geral, a jurisprudência e os princípios gerais de direito. Não-estatais: têm sua origem do particular, ou seja, os costumes e a doutrina. Principais: são caracterizadas como lei em sentido geral e amplo, ou seja, não deixando espaço para o juiz julgar com base em qualquer outra fonte. A lei é a expressão máxima do direito. Acessórias: somente em casos de expressa omissão legal é que o juiz poderá decidir com base nestas fontes, quais seja, os costumes, a doutrina, a jurisprudência e os princípios gerais de direito. Fontes Em Sua Essência Lei: é toda norma geral de conduta escrita, que disciplina as relações de fato incidentes no Direito elaboradas por legisladores e dotadas de caráter geral e obrigatório, e podemos citar a Constituição Federal, as leis complementares, ordinárias, os decretos, portarias e demais atos administrativos. Costume: norma jurídica não-escrita, que o uso continuado consagra, respeitando pela sociedade onde se instala como se tivesse força de lei, o costume é oriundo de uma convicção do grupo social, que o cumpre com rigor. Jurisprudência: quando se reconhece através dos tribunais, uma conduta como 13 obrigatória sobre determinada matéria. Doutrina: é a produção realizada por pensadores, juristas e filósofos do Direito, concentrados nos mais diversos temas relacionados às ciências jurídicas. Analogia: sua utilização ocorre com a finalidade de integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente. É uma forma típica de raciocínio pelo qual se estende uma norma já existente a uma situação semelhante que acabou de surgir, e para a qual não há regulamentação existente. Princípios Gerais do Direito: seriam as idéias basilares e fundamentais do Direito, que lhe dão apoio e coerência, respaldados pelo ideal de Justiça, que envolve o Direito. Seriam idéias fundamentais de caráter geral dentro de cada área de atuação do Direito. Equidade: é considerado em casos excepcionais como fonte do Direito, onde a própria lei atribui ao juiz à possibilidade de julgar conforme suas razões, valendo-se de seus critérios de justiça, não estando fixado às regras ou métodos de interpretação. HISTÓRICO DO DIREITO SOCIAL Os direitos sociais surgiram em razão do tratamento desumano vivido pela classe operária e os excessos capitalistas durante a Revolução Industrial. Diante desse tratamento opressivo, diversos países positivaram em suas constituições os direitos sociais. No Brasil, os direitos sociais estiveram presentes em todas as constituições, umas com mais intensidade e em outras menos, merecendo destaque a atual Carta Magna, também chamada de Constituição Cidadã. Desde o surgimento do constitucionalismo, século XVIII, os direitos fundamentais 14 representam a principal garantia dos cidadãos de que o Estado se conduzirá pela liberdade e pelo respeito da pessoa humana. Em seu início, os direitos sociais se limitavam a proteger os trabalhadores. Os direitos sociais surgiram em função da desumana situação em que vivia a população pobre das cidades industrializadas da Europa Ocidental, em resposta ao tratamento oferecido pelo capitalismo industrial e diante da inércia própria do Estado liberal, em meados do século XIX. Os direitos sociais foram reconhecidos e positivados através das lutas das classes operárias, buscando, inicialmente, a proteção dos trabalhadores. Com o transcorrer dos tempos, concretizou-se o entendimento de que os direitos sociais não têm como escopo somente a proteção dos trabalhadores explorados, mas também das minorias excluídas, dos hipossuficientes. O Estado deve atuar de forma a minorar os problemas sociais, propiciando a melhoria de condições de vida aos necessitados. Seguindo esses preceitos que os direitos sociais estiveram presentes em todas as constituições que vigoraram em nosso País, desde a do Império (1824) até a atual. E, acompanhando a positivação na cultura constitucional contemporânea e vindo de forma a aperfeiçoar as demais constituições que vigoraram no Brasil, a Constituição Federal, a Cidadã, foi promulgada de forma a estatuir e concretizar os direitos sociais. Os direitos sociais são divididos em: Educação O direito à educação está tratado nos artigos 6º e 205 da Constituição Federal. Esse direito tem por sujeito passivo o Estado e a família. O Estado tem o dever de promover políticas públicas de acesso à educação de acordo com os princípios elencados na própria Constituição Federal, e, por expressa disposição, obriga-se a fornecer o ensino 15 fundamental gratuito. Saúde Apenas em 1988 foi que a saúde passou a ser tratada, pela ordem constitucional brasileira, como direito fundamental. O direito à saúde comporta duas vertentes: uma, de natureza negativa, que consiste no direito a exigir do Estado (ou de terceiros) que se abstenha de qualquer ato que prejudique a saúde. Na outra de natureza positiva, que significa o direito às medidas e prestações estaduais, visando à prevenção das doenças e ao tratamento delas. Trabalho O direito ao trabalho, isto é, de ter um trabalho ou de trabalhar, é o meio mais expressivo de se obter uma existência digna, e está previsto na Constituição Federal/88 comoum direito social, e não mais como uma obrigação social, tal como previa a Constituição de 1946. Constitui um dos fundamentos do Estado democrático de Direito os valores sociais do trabalho, o artigo 170 da CF funda a ordem econômica na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tudo a assegurar uma existência digna a todos, em atenção à justiça social. Nos termos do art. 22 da CF, compete privativamente à União legislar sobre direito do trabalho, não estando ela obrigada a utilizar-se de lei complementar para disciplinar a matéria. Moradia O direito à moradia não é necessariamente direito a uma casa própria, mas sim a um teto, um abrigo em condições adequadas para preservar a intimidade pessoal dos membros da família, uma habitação digna e adequada. Não há dúvidas de que a casa própria seria o meio mais efetivo de se concretizar o direito à moradia, todavia, esta não é a realidade social vigente. 16 Lazer A Constituição dispõe no Artigo 217 que o Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social. Tal direito está relacionado com o direito ao descanso dos trabalhadores, ao resgate de energias para retomada das atividades. Costuma-se condenar os empregadores que, entregando excessiva carga de trabalho ao empregado, retiram-lhe o intervalo interjornada de modo a inibir o convívio social e familiar, suprimindo a oportunidade de ócio, isto é, de tempo destinado ao lazer, garantida constitucionalmente. Segurança A segurança tem o condão de conferir garantia ao exercício pleno, e tranquilo, dos demais direitos e liberdades constitucionais. Na dimensão de direito social está intimamente relacionada com o conceito de segurança pública, tratada no artigo 144 da Constituição Federal. A segurança pública consiste numa situação de preservação ou restabelecimento dessa convivência social que permite que todos gozem de seus direitos e defesa de seus legítimos interesses. O STF afirmou que o direito à segurança é prerrogativa constitucional indisponível, garantido mediante a implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a tal serviço. É possível ao Poder Judiciário determinar a implementação pelo Estado, quando inadimplente, de políticas públicas constitucionalmente previstas, sem que haja ingerência em questão que envolve o poder discricionário do Poder Executivo. Previdência social Com a Emenda Constitucional 20/1998, estão previstas prestações previdenciárias de dois tipos: os benefícios, que são prestações pecuniárias para a aposentadoria por 17 invalidez, por velhice e por tempo de contribuição, nos auxílios por doença, maternidade, reclusão e funeral, no salário-desemprego, na pensão por morte do segurado. Os serviços que são prestações assistenciais: médica, farmacêutica, odontológico, hospitalar, social e de reeducação ou readaptação profissional. Proteção à maternidade e à infância Tal direito está inserido como direito previdenciário, e como direito assistencial. Destaca- se, também, no artigo 7º da Constituição Federal previsão de licença à gestante. Assistência aos desamparados A Constituição Federal estabelece que a assistência social será prestada aos necessitados, independentemente de contribuírem ou não com a previdência social. DIREITO CONSTITUCIONAL O Direito Constitucional é o ramo do Direito que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. Tem por objeto o estudo do Poder, sua organização, estruturação e limitação. O Direito Constitucional tem por objeto o sistema de regras referente à organização do Estado, no tocante à distribuição das esferas de competência do poder político, assim como no concernente aos direitos fundamentais dos indivíduos para com o Estado, ou como membros da comunidade política. Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. Seu conteúdo científico abrange as seguintes disciplinas: Direito constitucional positivo ou particular: é o que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta, de um Estado determinado, compreende a sistematização e crítica das normas jurídico-constitucionais desse 18 Estado, configuradas na Constituição vigente, nos seus legados históricos e sua conexão com a realidade sociocultural. Direito constitucional comparado: é o estudo das normas jurídico-constitucionais positivas (não necessariamente vigentes) de vários Estados, preocupando-se em destacar as singularidades e os contrates entre eles ou grupo deles. Direito constitucional geral: delineia uma série de princípios, conceitos e instituições que se encontram em vários direitos positivos, ou um grupo deles, para classificá-los e sistematizá-los numa visão unitária; é uma ciência que visa generalizar os princípios teóricos do direito constitucional particular e, ao mesmo tempo, constatar pontos de contato e independência do direito constitucional positivo dos vários Estados que adotam formas semelhantes de governo. No Direito atual, os poderes do Estado são estatuídos em função dos imperativos da sociedade civil, isto é, em razão dos indivíduos e dos grupos naturais que compõem a comunidade. Por outras palavras, o social prevalece sobre o estatal. Esta é a orientação seguida na Constituição de 1988, que está vigente no Brasil. De outro lado, se prevalecem à atenção dispensada aos órgãos estatais, segundo a forma de Estado adotada (Federação, ou Estado unitário) ou a forma de governo vigente (Presidencialismo, ou Parlamentarismo, por exemplo) os direitos individuais são tratados com grande amplitude. Não se determinam apenas os direitos de cidadania, mas também os direitos sociais, desde os que protegem a vida até os relativos à comunicação. O que é uma Constituição Constituição é a organização jurídica fundamental do Estado. É um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma de Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício de poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a Constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado. 19 As normas constitucionais são dotadas da característica da supra legalidade, uma vez que possuem grau máximo de eficácia ou de positividade, fator que as diferencia das demais normas que compõem o ordenamento jurídico. As normas infraconstitucionais devem guardar uma relação de compatibilidade vertical com as normas constitucionais, ou seja, os atos inferiores à Constituição devem estar em conformidade com ela, sobre pena de serem inconstitucionais. A Constituição da República Federativa do Brasil é a Lei fundamental e suprema do país, foi promulgada em 5 de outubro de 1988, isto é, a Assembléia Constituinte, formada por deputados e senadores eleitos pela população brasileira, escreveu e aprovou uma nova Constituição, que também pode ser chamada de Carta constitucional. Em sentido político, a Constituição de 1988 pode ser considerada o auge de todo o processo de redemocratização brasileiro. Ela é a sétima versão na história da República. A promulgação da Constituição de 1988 marcou o início da consolidação da democracia, após anos da ditadura militar. São avanços importantes da Constituição de 1988: SUS como sistema único de saúde no país; Voto facultativo para cidadãos entre 16 e 17 anos; Maior autonomia para os Municípios Garantia de demarcação de terras indígenas; Lei de Proteção ao Meio Ambiente; Garantia de aposentadoria para trabalhadores rurais sem precisarem ter contribuído com o INSS; Fim da censura a emissoras de rádio e TV (peçasde teatro, jornais, revistas, entre outros); Redução do mandato presidencial de cinco para quatro anos. 20 A Classificação das Constituições Há diversas formas doutrinárias de se classificar as Constituições, sendo nesse momento apresentado quatro formas de se analisar suas características: Quanto à origem: será outorgada quando imposta por um ditador ou um grupo de pessoas, sem a participação do povo (caso da Constituição brasileira de 1824); considera-se democrática (promulgada) quando elaborada com participação popular, na forma da democracia direta (plebiscito ou referendo) ou de democracia representativa, em que o povo escolhe os seus representantes – Assembleia Constituinte – e estes elaboram a Constituição. Quanto à forma: será escrita (ou instrumental) quando formalizada por um órgão específico para o desempenho dessa tarefa, sendo codificada num documento escrito, único e solene; considera-se não escrita as normas constitucionais não elaboradas em momento determinado e específico, tampouco estão codificadas em documento único: são baseadas nos costumes, na jurisprudência (decisões dos tribunais), nas convenções. Quanto à estabilidade: será imutável quando não puder sofrer modificações em seu texto; considera-se rígida quando exige um processo especial para modificação de seu texto, mais difícil do que o processo de elaboração das demais leis do ordenamento; entende-se como flexível quando permite modificação em seu texto pelo mesmo processo legislativo de alteração das demais leis; e, por fim, semirrígida se exige um processo mais complexo para a alteração de parte de seus dispositivos, mas permite a mudança de certos dispositivos por procedimento simples. 21 Quanto ao conteúdo: será material (ou substancial) quando for o conjunto de normas constitucionais escritas ou costumeiras (regras elaboradas pelas práticas reiteradas de conduta social), inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais, não admitido como constitucional qualquer outra matéria que não tenha conteúdo essencialmente constitucional; e, formal (procedimental) sendo o conjunto de normas escritas, hierarquicamente superior ao conjunto de leis comuns, independentemente de qual seja o seu conteúdo, isto é, estando na Constituição, é formalmente constitucional – é o documento escrito e solene oriundo da manifestação do constituinte originário. A Constituição Federal Brasileira de 1988 é classificada como: Promulgada Escrita Rígida e Formal. A Constituição Brasileira Os princípios fundamentais apresentam a estrutura básica do Estado brasileiro – são suas vigas mestras. Estão previstos no Título I da Constituição Federal de 1988 e compreendem: forma de governo, forma de Estado, regime político, fundamentos, separação dos poderes, objetivos fundamentais e princípios de relações internacionais. O artigo 1º da Constituição Federal de 1988 assim está redigido: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político”. As colunas básicas da Constituição Federal são: a Federação (forma de Estado) e a República (forma de governo). Federação A Federação Brasileira é a forma mais íntima, perpétua e indissolúvel, que passa a constituir uma só pessoa de direito público. É formada pela união indissolúvel dos 22 Estados, Municípios e Distrito Federal. Dessa formação surge a também a União. Isso porque, em um Estado federado, há repartição territorial do poder, gerando vários entes autônomos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal). É uma forma de organização fundada na independência recíproca das províncias, que se transformaram em Estados-membros, elevando-se à categoria de Estados próprios, unicamente ligados pelo vínculo da mesma nacionalidade e da solidariedade dos grandes interesses da representação e da defesa exterior. É uma união de Estados que, no que se congregam, estatuem uma só pessoa de direito, ao qual se subordinam, através da União, conservada a sua autonomia. A forma federativa possui quatro características básicas: Descentralização política: em sua organização política, a República Federativa é formada pela União (ente central) e pelos Estados, Distrito Federal e Municípios (entes descentralizados). Autonomia dos entes federativos: • capacidade de autogoverno (o povo do respectivo ente federado escolhe os seus representantes); capacidade de autoadministração (há uma repartição de competências administrativas); capacidade de auto-organização (cada ente federado tem a liberdade, dentro dos limites constitucionais, de estabelecer a própria estrutura por meio de constituições estaduais e leis orgânicas; capacidade legislativa (cada ente federado tem poder para elaborar as próprias leis, dentro das regras de “repartição de competências” estabelecidas na CF). Não se admite o direito de separação ou secessão. Um estado-membro não 23 pode desligar-se dos demais entes federados. Existência de um órgão legislativo que represente os estados-membros na União. No caso, o Senado Federal, que representa os Estados e o Distrito Federal. Democracia (República) O parágrafo único da Constituição Federal deixa explícita a ideia de democracia como regime político adotado no Brasil: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Nesse sentido, o povo é a fonte primária de todo o poder. A democracia repousa na ideia de que o poder pertence ao povo, consagrando a soberania popular. A forma de governo tem como finalidade organizar politicamente um Estado, portanto são características básicas: Representatividade: o povo escolhe seus representantes; Eletividade: a escolha é feita através de voto, de eleições; Periodicidade: o representante exerce mandato temporário (4 anos); Responsabilidade: dever de probidade administrativa; Soberania Popular: o poder emana do povo e por ele é exercido. São espécies de Democracia: Direta, na qual o povo decide diretamente as matérias, sem a existência de intermediários; Representativa, em que o povo elege seus representantes, que, em nome do povo, tomas as decisões; Semidireta (ou participativa), que é uma combinação das anteriores, pois há uma democracia representativa com mecanismos de democracia direta, por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular. No Brasil, adota-se a democracia semidireta, seguem algumas definições: Plebiscito: A população é consultada sobre o que se deve fazer sobre certo assunto; Referendo: A população é questionada sobre matéria legislativa já pronta; Iniciativa Popular: Ocorre quando a população apresenta à Câmara dos Deputados projeto de lei. 24 Princípios Fundamentais – Artigo 1º da Constituição São fundamentos da República Federativa do Brasil, previsto na Constituição: A soberania: é o poder político que detém o Estado para, internamente, impor a própria vontade e impedir a imposição de vontades externas. A cidadania: consiste no direito do cidadão de participar da vida política do Estado, bem como de usufruir dos direitos fundamentais do Estado. A dignidade da pessoa humana: determina que todos, independentemente de qualquer situação, têm de ser tratados de forma digna. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: referem-se ao direito do trabalhador de escolher livremente seu trabalho, sendo-lhe garantida, ainda, uma remuneração digna, que assegure a ele e a sua família uma vida com um mínimode decência. O pluralismo político: garante a todas as pessoas liberdade para a formação de opinião e para a conscientização acerca dos aspectos políticos de nossa República. Separação dos Poderes: Artigo 2º da Constituição A fim de evitar a concentração do poder nas mãos de uma única pessoa ou órgão, foi necessário dividir as funções estatais (legislativa, executiva e judiciária). Os Poderes são independentes, mas devem harmonizar-se entre si, cada um dos poderes exerce sua função típica e, excepcionalmente, as funções dos outros Poderes. Vejamos cada um dos Poderes: Poder Legislativo: legislar e controlar a atividade político-administrativa. O principal papel do Poder Administrativo é elaborar leis, bem como realizar o controle político do Poder Executivo. No âmbito Federal, o Poder Legislativo é 25 exercido pelo Congresso Nacional, composto da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Por possuir duas Casas, o Legislativo é bicameral. Nos Estados, Municípios e Distrito Federal, o Poder Legislativo é unicamente composto por uma Casa, respectivamente a Assembleia Legislativa, a Câmara Municipal e a Câmara Distrital. Poder Executivo: executar as leis. Cumpre a esse Poder o exercício das chefias de Estado, de Governo e da Administração Pública Federal. A chefia de Estado tem por objetivo a função de representação do Estado Federal (República Federativa do Brasil) na comunidade internacional e da unidade do Estado, em nível interno. A chefia de Governo refere-se ao comando da máquina estatal e à fixação das metas e princípios políticos que irão ser imprimidos ao Poder Público. No âmbito estadual e do Distrito Federal, será exercido pelo Governador e no âmbito municipal, pelos Prefeitos. O Poder Executivo tem como atribuição principal a realização da função administrativa, ou seja, aprimorar, em nível infralegal, os comandos normativos. Poder Judiciário: julgar e aplicar a lei diante da situação concreta. É composto do conjunto de órgãos do Poder Público que têm a função típica de aplicar a lei para solucionar litígios. Ao Poder Judiciário incumbe tipicamente à função jurisdicional, que consiste na solução de conflitos de interesses, através do devido processo legal. Objetivos fundamentais: Artigo 3º da Constituição Os objetivos fundamentais são os pontos a serem almejados pela República Federativa do Brasil. Devem constituir uma preocupação constante, até serem alcançados. São eles: Construir uma sociedade livre, justa e solidária; 26 Garantir o desenvolvimento nacional; Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Princípios de Relações Internacionais: Artigo 4º da Constituição A República Federativa do Brasil não é um Estado isolado do mundo. Mantém com outros Estados e organizações internacionais relações de ordem econômica, social, cultural, política. Tais relações são norteadas pelos seguintes princípios: Independência nacional; Prevalência dos direitos humanos; Autodeterminação dos povos; Não-intervenção; Igualdade entre os Estados; Defesa da paz; Solução pacífica dos conflitos; Repúdio ao terrorismo e ao racismo; Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; Concessão de asilo político. Direitos e Garantias Fundamentais: Artigo 5º da Constituição Os direitos fundamentais também são chamados de direitos humanos. São os direitos de todos os homens e mulheres. Sua finalidade é proteger o ser humano, por isso são essenciais à vida em sociedade. 27 As garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos de efetivação dos direitos individuais (caráter instrumental), possuindo conteúdo assecuratório. As garantias abrangem os remédios constitucionais (Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança, Mandado de Injunção e Ação Popular), mas não se exaurem neles. As características dos Direitos e Garantias Fundamentais são: Universalidade: destinam-se a todos, independentemente da condição econômica ou social; Historicidade: resultam de uma evolução cultural da humanidade; Limitabilidade: os direitos e garantias fundamentais não são absolutos, pois encontram limites em outros direitos; Irrenunciabilidade: não se admite a renúncia a direitos fundamentais; Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser negociados. Nacionalidade em Direito Constitucional Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga uma pessoa a um Estado – é a qualidade de nacional. Constitui um direito fundamental, e cada Estado é soberano para definir suas regras. Basicamente são duas as formas de aquisição da nacionalidade: a originária e a secundária. Primária: decorre do nascimento em determinado Estado. Essa forma obedece os critérios de territorialidade (decorre do local do nascimento) e a ascendência (decorre dos laços de consanguinidade). Secundária: tem natureza bilateral, porque decorre de uma convergência de vontades, ou seja, quando um estrangeiro pede e o Estado concede ou não. A nacionalidade é o pressuposto da cidadania. No entanto, apenas a presença da nacionalidade não torna o indivíduo cidadão. Para tanto é necessário o alistamento eleitoral. Direitos Políticos em Direito Constitucional Os direitos políticos resumem-se no conjunto de direitos que regulam a forma de intervenção popular no governo, ou seja, possibilitam o exercício da soberania popular. A democracia pode ser direta, quando o povo exerce, em nome próprio, o poder; indireta ou 28 representativa, quando o poder é outorgado a representantes eleitos; e semidireta ou participativa, quando o Estado adota as duas formas. O Estado é a pessoa jurídica que tem como elementos básicos soberania, povo, território e governo. Representa a ideia de uma sociedade politicamente organizada em um limite territorial, com vistas ao bem-estar de todos. Organização do Estado em Direito Constitucional A organização de um Estado guarda relação com a “forma de Estado”, que consiste na existência, ou não, de uma divisão territorial do poder ou, em outras palavras, de como é a organização política e a administrativa de um Estado, é composto por três elementos: o território, o povo e a soberania. O Estado é uma associação humana (povo), radicada em base especial (território), que vive sob o comando de uma autoridade (poder) não sujeita a qualquer outra (soberana). O sistema federativo brasileiro apresenta as seguintes características: Indissolubilidade do pacto federativo: não se admite o direito de secessão, ou seja, uma unidade federada não pode ser desligada das demais formando um Estado independente. Representação senatorial: o Senado é o órgão de representação do Estado na formação da vontade geral da União. Existência de guardião constitucional: o Supremo Tribunal Federal (STF) tem a missão de impor o respeito à Constituição Federal. Não Intervenção: A regra geral é que um ente federal não pode intervir em outro. As hipóteses de intervenção estão previstas nos artigos 34 e 36 da CF. Capacidade de auto-organização dos entes federados: por meio de constituição 29 estadual e lei orgânica municipal ou distrital. Rigidez constitucional. Repartição constitucional de rendas e competências. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Administração pública é um conceito da área do direito que descreve o conjunto de agentes, serviços e órgãos instituídos pelo Estado com o objetivo de fazer a gestão de certas áreas de uma sociedade, como Educação, Saúde e Cultura. Administração pública também representa o conjunto de ações que compõem a função administrativa. A administração pública tem como objetivo trabalhar a favor do interesse público,e dos direitos e interesses dos cidadãos que administra. Na maior parte das vezes, a administração pública está organizada de forma a reduzir processos burocráticos. Também é comum existir a descentralização administrativa, no caso da administração pública indireta, que significa que alguns interessados podem participar de forma efetiva na gestão de serviços. Um indivíduo que trabalha na administração pública é conhecido como gestor público, e tem uma grande responsabilidade para com a sociedade e nação, devendo fazer a gestão e administração de matérias públicas, de forma transparente e ética, em concordância com as normas legais estipuladas. Quando um agente público incorre em uma prática ilegal contra os princípios da Administração Pública, ele pode ser julgado por improbidade administrativa, conforme a lei nº 8.429 de 2 de Junho de 1992. A administração pública no Brasil já passou por três fases: a fase patrimonialista (durante a era do Império), burocrática (na era Vargas) e gerencial (fase mais recente que está 30 sendo implementada). Administração pública direta e indireta A administração pública pode ser direta ou indireta. A administração pública direta é desempenhada pelos Poderes da União, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios. Estes órgãos não são dotados de personalidade jurídica própria. As despesas inerentes à administração são contempladas no orçamento público e ocorre a desconcentração administrativa, que consiste na delegação de tarefas. A administração pública indireta é a transferência da administração por parte do Estado a outras pessoas jurídicas, sendo que essas pessoas jurídicas podem ser fundações, empresas públicas, organismos privados, etc. Neste caso ocorre a descentralização administrativa, ou seja, a tarefa de administração é transferida para outra pessoa jurídica. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO Os princípios do direito administrativo estão discriminados especificamente no artigo 37 da Constituição Federal, que estipula o seguinte: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Além disso, na legislação esparsa também há menção a princípios nos quais a administração deve fundamentar e orientar suas decisões, como, por exemplo, na Lei Geral de Licitações e Contratos (Lei 8.666/93), que menciona: A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento 31 convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. Os princípios são classificados em: Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência Princípio da legalidade O princípio da legalidade é uma garantia que o cidadão possui de que ninguém será obrigado a fazer, ou deixar de fazer, nada senão em virtude de lei. É preciso pontuar que o princípio da legalidade não é apenas interpretar o que é permitido, ou proibido, de acordo com uma interpretação literal da lei, mas sim, mesmo sem existir dispositivo literal numa lei, o sistema jurídico poderá impor restrição à autonomia privada e obrigatoriedade de atuação administrativa. Princípio impessoalidade O princípio da impessoalidade, por sua vez, pode ser representado pela necessidade de a administração pública aplicar a lei de maneira equânime e isonômica para todos os administrados. É justamente a frase: todos são iguais perante a lei. Há que se fazer uma ressalva de que não basta tratar todos iguais, pois existem casos em que é fundamental que exista um tratamento igualitário para os iguais e não igualitário para os desiguais. É o caso da assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. 32 Princípio da moralidade Ladeando o princípio da impessoalidade está o princípio da moralidade, que é fundamental para que o princípio da impessoalidade seja respeitado. É o princípio da moralidade que impede a obtenção de vantagens não resguardadas pela boa fé, ou ainda, que exige que a atividade administrativa seja desenvolvida de modo probo, afastando o uso da expressão: os fins justificam os meios. Princípio publicidade O princípio da publicidade decorre da transparência que o poder público necessita demonstrar aos administrados. É permitir que os atos públicos sejam levados ao conhecimento de todos, salvo, evidente, nos casos de sigilo. Mais do que permitir o acesso aos atos públicos, a transparência decorrente do princípio da publicidade funciona como uma via de mão dupla: Por um lado, todos podem fiscalizar os atos administrativos e este fato evita, ou pelo menos tenta evitar, a prática de atos de improbidade. Por outro lado, o respeito à impessoalidade também ocorre, pois todos podem obter as cópias e o acesso. Princípio da eficiência O princípio da eficiência, também previsto na Constituição Federal, impõe que a Administração Pública deve evitar o desperdício e a falha. É a utilização dos recursos públicos de uma maneira produtiva, com a otimização dos recursos econômicos. É produzir melhor resultados e índices de eficiência. O que não se pode confundir com a aplicação deste princípio é que a administração deve pagar e utilizar sempre o produto mais barato. Isso porque, a eficiência no direito administrativo não está umbilicalmente ligada à eficiência econômica, mas sim uma eficiência ao uso do recurso público. 33 Os princípios do direito administrativo na prática O estudo dos princípios fundamentais do direito administrativo permite que o operador do direito perceba as situações que estão atrás da norma posta, oportuniza entender as diretrizes que o sistema normativo fornece ao operador. Em um mundo com informações cada vez mais rápidas e superficiais, é fundamental que o auxiliar jurídico estude as bases do direito, estude os mecanismos de interpretação e de compreensão da norma jurídica. DÍVIDA ATIVA A dívida ativa nada mais é que o cadastro que todo governo, federal estadual e municipal, tem para reunir as informações das pessoas que possuem algum tipo de débito com ele. Todas as contas que devem ser pagas ao governo, como impostos (IPVA ou IPTU), multas de trânsito, multas ambientais e taxas de ocupação, quando não pagas, podem se transformar em uma dívida ativa. Nesse caso, o CPF ou CNPJ da pessoa que está inadimplente é registrado pelo órgão do governo em uma espécie de cadastro devedor. Isso acontece para que o governo tenha condições legais de cobrar pelo valor não pago. Para cadastrar um contribuinte, o governo precisa informar a Procuradoria Geral da região, que é a responsável por emitir a Certidão de Dívida Ativa. É importante que você saiba que existem dois tipos de dívidas ativas: a tributária e a não tributária. Assim como diz o nome, a primeira está relacionado à dívida ativa de tributos 34 como IPVA, IPTU e Imposto de Renda. Já a segunda, inclui multas de trânsito, contribuições, aluguéis, taxas de ocupação, indenizações, restituições, entre outras. Dívida ativa de IPVA O IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor) é um tributo estadual aplicado a donos de veículos. O imposto é usado em saúde, segurança, educação e transporte do estado e município. O não pagamento do IPVA pode trazer consequências como ser inscrito na dívida ativa de IPVA e ter restrições no CPF, o que dificulta concessões de crédito e impossibilidade de licenciar o veículo,por exemplo. Além disso, se for pego dirigindo com IPVA atrasado, o motorista sofrerá uma infração gravíssima, além de multa e apreensão do veículo. Dívida ativa de IPTU O IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) é cobrado pelas prefeituras de cada cidade de todos os proprietários de imóveis residenciais ou comerciais. Esse imposto é utilizado para despesas municipais, como obras de infraestrutura, asfaltamento, saneamento, educação, saúde, segurança e outros investimentos. O não pagamento do IPTU gera a inscrição do débito na dívida ativa do município, restrições no CPF do proprietário e ainda pode causar a penhora do imóvel. Dívida ativa prescreve ou caduca? Caducar é um termo popular para o que os advogados chamam de “decadência”. E funciona assim: Você deve o IPTU de 2012 da sua casa, mas a prefeitura da sua cidade esqueceu de 35 colocar você na dívida ativa. Depois de cinco anos, se essa cobrança não chegar a você, a conta “caduca” e não é necessário pagar. Já a prescrição acontece quando o governo não cobra a dívida, mesmo depois de constatar a inadimplência. Nesse caso, o comunicado de pagamento foi enviado, mas o contribuinte não pagou e entrou para o cadastro de dívida ativa. Caso o governo não cobre ou execute a dívida em cinco anos, o contribuinte não pode ser mais cobrado. Como pagar uma dívida ativa É preciso pagar essa dívida o mais rápido possível. Quando for notificado, você pode: Pagar a dívida Parcelar a dívida Apresentar um pedido de revisão do débito pelo e-CAC PGFN Fazer uma oferta antecipada de garantia, ou seja, indicar restrição de um bem ou depósito como garantia de pagamento da dívida. SERVIDORES PÚBLICOS São todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com os órgãos e entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos de qualquer delas: União, estados, Distrito Federal, municípios e suas respectivas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. Trata-se de designação genérica e abrangente, introduzida pela Constituição Federal de 1988, uma vez que, até a promulgação da carta hoje em vigor, prevalecia a denominação 36 de funcionário público para identificação dos titulares de cargos na administração direta, considerando-se equiparados a eles os ocupantes de cargos nas autarquias, aos quais se estendia o regime estatutário. A partir da Constituição de 1988, desaparece o conceito de funcionário público, passando- se adotar a designação ampla de servidores públicos, distinguindo-se, no gênero, uma espécie: os servidores públicos civis, que receberam tratamento nos artigos 39 a 41. Desta forma, servidor público civil é unicamente o servidor da administração direta, de autarquia ou de fundação publica, ocupante de cargo público. A relação jurídica que interliga o Poder Público e os titulares de cargos públicos é de natureza estatutária, institucional, valendo dizer que, ressalvadas as disposições constitucionais impeditivas, o Estado detém o poder de alterar legislativamente o regime de direitos e obrigações recíprocos, existentes à época do ingresso no serviço público. Servidor público civil: É titular de cargo público Mantém relação estatutária Integra o quadro da administração direta, autarquia ou fundação pública. Distinção entre cargo, emprego e função A Constituição Federal, ao tratar da administração pública, refere-se em seu art. 37, inciso I, a cargos, empregos e funções públicas, declarando-os acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei. Estas três formas de desempenho podem ser definidas da seguinte forma: Cargo Público: conjunto de atribuições, expressando unidades de competência cometida a um agente, criado por lei, com denominação própria e número certo, retribuído por pessoa jurídica de direito público, (administração direta, autarquia e fundação pública), submetendo-se o seu titular ao regime estatutário ou institucional. Emprego Público: conjunto de encargos de trabalho preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los sob o regime da Legislação Trabalhista. 37 Função Pública: encargos de natureza pública exercidos por particulares, sem que os mesmos percam essa qualidade. Podemos citar como exemplos de funções públicas as atividades de jurado, membros de mesa receptora ou apuradora de votos em eleições, as serventias da Justiça não oficializadas (servidores notariais e de registro exercidos em caráter privado por delegação do Poder Público), entre outras. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Conforme o dicionário aponta, “fonte” pode ser definida como Água viva que brota da terra de forma contínua. No que concerne ao mundo jurídico, às fontes podem ser conceituadas como as raízes do direito, onde se produz e como se aplicam as normas jurídicas. As fontes podem ser divididas entre fontes formais e materiais. As fontes formais são maneiras de exteriorização do direito, como as leis e jurisprudências. Por sua vez, as fontes materiais são os fatores externos, acontecimentos e outros meios que ocasionam a criação de normas jurídicas. Simplificando, é o que acontece no mundo real, que pode gerar a necessidade de criação de uma lei. As fontes também podem ser heterônomas ou autônomas. As heterônomas são aquelas criadas por um agente externo. Já as autônomas são criadas pelas partes interessadas. Um exemplo de fonte heterônoma é a sentença normativa, já um exemplo de fonte autônoma, é o regulamento de empresa. Superado este ponto, cabe mencionar as fontes específicas do direito do trabalho, quais sejam: Sentenças normativas, convenções e acordos coletivos, os regulamentos de 38 empresa e os contratos de trabalho. Leis A principal legislação que trata do Direito do Trabalho, é a tão conhecida Consolidação das Leis do Trabalho. A CLT nada mais é do que a junção de diversas normas, que acabaram culminando na referida lei. Existem ainda outras leis que versam sobre o direito do trabalho, como a Lei nº 6.019/74 que dispõe sobre o trabalho temporário, entre outras leis que se referem a assuntos específicos. Constituição A Constituição Federal foi um marco importantíssimo não só para o Direito do Trabalho, mas como para todos os seguimentos que norteiam a nação. A primeira constituição que versou sobre direitos trabalhistas, foi a de 1934, sendo que, as demais constituições também mencionam os referidos direitos. Atos do Poder Executivo Os atos do poder executivo podem também regular as relações trabalhistas, assim, por muitas vezes são editadas medidas provisórias regulando normas relacionadas ao trabalho. A exemplo disso podemos mencionar a Medida Provisória 936/2020, que trata das medidas de emergência para assegurar o emprego e a renda durante a pandemia causada pelo COVID-19. Convenções e acordos coletivos São mais duas fontes específicas do direito do trabalho, as convenções coletivas e os acordos coletivos de trabalho. As convenções coletivas de trabalho são uma forma de 39 ajuste entre sindicatos que representem o patrão e os sindicatos dos empregados, tratando das condições de trabalho para uma categoria específica. Já o acordo coletivo de trabalho, é o ajuste entre empresas e sindicatos de trabalhadores, tendo como finalidade, estabelecer condições de trabalho para a categoria. Regulamentos de empresa O regulamento de empresa vincula os empregados atuais e os que podem ser admitidos pela empresa. O regulamento, na maioria esmagadora das vezes, é um documento unilateral, redigido pelo empregador. Disposições contratuais Essas disposições são as determinações constantes do contrato de trabalho. Tais determinações fixam os direitos e deveres do empregador e empregado. Usos e costumes Deve-se reconhecer que os costumes são mais antigos que asleis, visto que os nossos ancestrais não possuíam acesso à escrita. O costume é uma prática reiterada de uma determinada conduta, que acaba sendo considerada como um hábito social. Por exemplo, há o costume de andar vestido na rua e isso gerou uma norma, é proibido sair nu na rua. O exemplo mencionado demonstra claramente que o costume acaba gerando uma norma, que, desta vez, será escrita. Menciona-se que o próprio contrato de trabalho não necessita ser escrito, sendo regido pelos costumes, de forma subentendida. 40 Normas Internacionais As normas internacionais são mais uma espécie de fonte do direito do trabalho, contudo, há uma discussão sobre a sua aplicação no direito brasileiro, que de acordo com a teoria monista, o direito interno prevalece sobre o direito internacional, caso o interno seja posterior ao internacional. Se o tratado for posterior à Constituição, prevalece a Constituição se esta for mais recente. Se o tratado for posterior à constituição, o primeiro é inconstitucional, tanto que é cabível o recurso extraordinário para declarar sua inconstitucionalidade. PODER JUDICIÁRIO Poder Judiciário é um dos três poderes do Estado Moderno na divisão recomendada por Montesquieu (1689-1755) em sua doutrina da separação dos poderes. Outra visão é de que, para diferentes particularidades de cada caso, existissem diferentes tribunais. Todos eles refletem, segundo a constituição do país, a sentença de acordo com o caso. Em um Estado de Direito, todos estão igualmente submetidos à força da lei. O Estado analisa e julga todos os casos levados à sua apreciação, aplicando da melhor forma possível a norma através do Judiciário. Dentre os poderes que compõem a República brasileira, cabe ao poder Judiciário interpretar as leis elaboradas pelo Legislativo e promulgadas pelo Executivo. Ele deve aplicá-las em diferentes situações e julgar aqueles cidadãos que, por diversos motivos, não as cumprem. A função do Judiciário é garantir e defender os direitos individuais, ou seja, promover a justiça, resolvendo todos os conflitos que possam surgir na vida em sociedade. As responsabilidades e a estrutura desse poder são determinadas pela principal lei do país, a Constituição Federal. E todos os cidadãos têm o direito de solicitar que o Judiciário se manifeste, de maneira a resolver disputas ou punir aqueles que não cumprem as leis. Com o objetivo de garantir esse direito, a Constituição estabelece estruturas paralelas ao poder Judiciário, às quais todos os cidadãos podem recorrer: o Ministério Público, a Defensoria Pública (para aqueles que não podem pagar um advogado) e os advogados particulares, inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB. Como funciona o Judiciário Para entender como o Poder Judiciário está organizado, 41 é preciso imaginar uma estrutura dividida em vários órgãos e, ao mesmo tempo, saber que cada um desses órgãos funciona de maneira hierárquica, sendo que essa hierarquia é formada por instâncias ou graus de jurisdição. Além das instâncias, estabeleceu-se, com o objetivo de organizar e facilitar o trabalho do Judiciário, uma divisão das matérias ou questões que são julgadas. Elas podem ser: Civis: quando se relacionam a conflitos que surgem entre pessoas, empresas, instituições; Penais: quando se referem a diferentes tipos de crime; Trabalhistas: conflitos que envolvam trabalhadores e patrões; Eleitorais: questões que se relacionem às campanhas eleitorais ou às eleições; Militares: que envolvam crimes da esfera das Forças Armadas - Aeronáutica Marinha e Exército; Federais: casos que forem de interesse do governo federal ou se relacionem diretamente à organização política e administrativa do Brasil. Primeira instância Em relação às instâncias, a primeira delas é composta pelo Juízo de Direito de uma comarca (divisão do território brasileiro, para fins de aplicação da justiça, que engloba vários municípios). Cada comarca possui juízes habilitados para julgar as causas civis e penais; e nela também se encontram juízos do Trabalho, Eleitoral e Federal. Assim, a primeira instância é aquela na qual um único juiz analisa e julga, em primeiro lugar, um caso apresentado ao Poder Judiciário. Se, após o veredicto (decisão do juiz ou de um Tribunal do Júri), uma das partes do processo não concordar com o resultado e pedir que ele seja reexaminado, a ação poderá ser submetida a uma instância superior, desde que 42 a lei preveja essa possibilidade. Chama-se de recurso esse pedido de reexame. Segunda instância A segunda instância vai reavaliar a matéria e pode mudar a decisão tomada pelo primeiro juiz. Cada órgão de segunda instância - formada pelos tribunais de Justiça e de Alçada, e pelos tribunais regionais Federal, Eleitoral e do Trabalho - é composto por vários juízes, que formam um colegiado e julgam em conjunto. Vence a tese que obtiver maior número de votos. Os juízes dos tribunais de Justiça são chamados desembargadores; os dos tribunais regionais federais denominam-se desembargadores federais. É importante salientar que, de acordo com a matéria a ser julgada, as instâncias superiores (segunda e terceira) também podem apreciar determinadas ações diretamente, sem que estas tenham passado pela avaliação da primeira instância. Poder Judiciário brasileiro é constituído: Supremo Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiça Tribunais Regionais Federais Tribunais do Trabalho Tribunais Eleitorais Tribunais Militares Tribunais dos Estados. São divididos, basicamente, como sendo da justiça comum, justiça do trabalho, justiça eleitoral e justiça militar. A justiça comum tem como órgão máximo da União o Superior Tribunal de Justiça; as cortes abaixo são organizadas em duas entrâncias e uma instância superior. 43 Funções do Poder Judiciário A primeira função do Poder Judiciário é resguardar a Constituição. Ou seja, não permitir que nenhuma outra lei, ou o próprio exercício do Legislativo, e excepcionalmente do Executivo, contradiga os princípios constitucionais. Além disso, tem a função de exercer jurisdição, onde jurisdição significa a aplicação da lei ao caso concreto. A Função Judiciária incide na prática de uma atividade específica do Estado. Nesse caso, de justapor a lei aos casos concretos, de caráter litigioso e controverso, mediante as estruturas da interpretação. Assim, uma terceira função legislativa seria aquela direcionada para a resolução de conflitos entre os cidadãos em causa do aproveitamento da lei. Este cargo surge quando o Estado ajuíza e castiga os transgressores das leis por ele criadas. Vale lembrar que o aparelho judiciário é constituído por juízes e tribunais. O desempenho é de interpretar e aplicar a lei nos desacordos surgidos entre os cidadãos ou entre os cidadãos e o Estado. Convém lembrar ainda, que nem todo o emprego jurisdicional do Estado está a cargo do Poder Judiciário. O Executivo também cumpre responsabilidades jurisdicionais em processos administrativos. Em muitos Estados, o Legislativo desempenha a função de processar e julgar o Presidente da República e Ministros de Estado. Por fim, o Poder Judiciário deve julgar, com base nos princípios legais, de qual forma um determinado assunto ou problema deve ser resolvido. É nas mãos dos ministros, desembargadores (os quais formam a classe dos magistrados), juízes, promotores e advogados que o judiciário irá garantir que as questões do cotidiano sejam resolvidas pela Lei. Há ainda, nas nações com justiça privada, o Tribunal Arbitral composto de Juízes Arbitrais, Conciliadores e Mediadores. 44 Dessa forma, o Poder Judiciário, no domínio do Estado democrático, incide em fazer valer a lei a casos concretos. Assim, ele garante a soberania da justiça e a efetivação dos direitos individuais nas relações sociais. Elepossui a faculdade de ajuizar, em conformidade com as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as regras constitucionais em determinado país. GRAFOSCOPIA E DOCUMENTOSCOPIA A documentoscopia nada mais é do que uma técnica baseada no estudo de documentos. Também considerada uma ciência, a documentoscopia tem como meta verificar a autenticidade ou a falsidade de documentos. Aplicado para fins judiciais, esse recurso é realizado por meio de um método que engloba análises científicas e técnicas. Para tanto, alguns equipamentos são necessários e, assim, é realizada uma perícia documentoscópica. Na perícia documentoscópica, um profissional gabaritado e especializado examina e analisa, de forma minuciosa, a veracidade do documento. Para isso, lança mão de uma técnica específica e, assim, elabora um laudo que revela, com clareza e detalhes, eventuais rasuras, montagens e, até mesmo, a adulteração de outros elementos, que determinam a inautenticidade do material analisado. Grafoscopia A documentoscopia engloba algumas técnicas específicas, entre elas, a grafoscopia. Também com o objetivo de analisar a autenticidade dos documentos, a grafoscopia tem como base o estudo da escrita manuscrita. 45 Desse modo, é analisado com profundidade as singularidades das assinaturas que cada indivíduo apresenta. Afinal, duas pessoas são incapazes de produzirem o mesmo conteúdo com exatidão de detalhes, pois a escrita conta com inúmeras variações. O profissional que a realiza é chamado de perito grafotécnico que, além de ter habilidades específicas, segue as normas e regras técnicas e relacionadas à lei. O seu trabalho consiste em definir se dois documentos foram escritos ou assinados pela mesma pessoa ou por uma segunda ou terceira. Este processo acontece em três etapas, que são: O exame: essa é a primeira fase da grafoscopia. Nela, certas particularidades da escrita, como o espaço entre as letras e os seus tamanhos são analisados; A comparação: nesta etapa, o perito busca as principais divergências entre a amostra e o documento a ser analisado; A avaliação: depois da análise minuciosa e da comparação, descobrem-se evidências que mostram se o documento é original ou se foi adulterado. É válido informar que, por meio da grafoscopia, é possível também saber se a grafia apresenta alterações porque a pessoa estava sob efeito de drogas ou se por possuir alguma doença. Neste cenário, essa técnica também consegue identificar se uma pessoa coagiu outra no momento em que ela estava escrevendo. É importante ressaltar também que o perito apenas verifica a autenticidade e a autoria da escrita. Em outras palavras, não cabe a esse profissional realizar qualquer julgamento sobre a personalidade das pessoas envolvidas. Vale destacar que a grafoscopia para prevenção de fraudes é bastante utilizada judicialmente. Por meio dela, verifica-se se houve ou não a adulteração da assinatura 46 para, logo, concluir se houve uma tentativa de crime. Para entender melhor o que é documentoscopia e grafoscopia, indicamos que assista ao vídeo abaixo, que conta com uma entrevista com um perito, que explica como essas análises acontecem na prática, por meio de exemplos. Documentoscopia e grafoscopia: por que elas são importantes? A documentoscopia e grafoscopia contam com técnicas específicas e extremamente eficazes que analisam a autenticidade de um documento. Essas análises são tão importantes que, frequentemente, diversos profissionais da área judicial, como juízes e advogados, utilizam a documentoscopia e grafoscopia como suportes fundamentais. Isso porque essas técnicas ajudam, de forma efetiva, a elucidar, com ética e imparcialidade, eventuais dúvidas relacionadas à veracidade de textos e documentos. Para analisar fraudes, por exemplo, o processo é um pouco mais complexo. Isso porque, além de experiência, o perito tem que possuir treinamento técnico especializado e certificado referente a essa atividade. Com essas informações, é possível concluir que os trabalhos desses profissionais são essenciais, ainda mais se consideramos que a fraudes não possuem um caminho definido. Ou seja, elas podem acontecer em qualquer ambiente, inclusive no empresarial. Ainda é válido ressaltar que essa técnica pode comprometer o SLA do seu negócio e gerar custos com a mesa de análise. Neste sentido, a Acesso Digital, é capaz de automatizar e reduzir esses custos, e identificar possíveis fraudes de identidade, como respostas instantâneas, por meio da tecnologia de biometria facial e da base de dados da 47 empresa, que hoje representa a maior base biométrica privada do país e do mundo. Além disso, essa tecnologia de Acesso Digital apresenta uma assertividade bastante elevada. Logo, promove a proteção da identidade de seus clientes, a segurança e a confiabilidade em suas operações. AUTENTICAÇÃO E RECONHECIMENTO DE FIRMAS Reconhecimento de firma e autenticação de documento são dois procedimentos realizados em um Cartório de Notas. Em algum momento da vida, você vai precisar realizar os dois serviços, uma vez que eles são de extrema importância para assegurar a originalidade da sua assinatura e de seus documentos. Com frequência, muitas pessoas ficam confusas sobre o que é cada um dos serviços e como realizá-los, o que dá a impressão de que o processo é burocrático e difícil. O que é reconhecimento de firma? Firma é o termo utilizado nos cartórios para substituir a palavra assinatura. Portanto, reconhecer firma significa o mesmo que reconhecer assinatura. O processo é utilizado para que possamos conferir se a assinatura em determinado documento pertence, realmente, à pessoa que assinou. O valor legal do documento só existe após essa confirmação. Como reconhecer firma Para reconhecer firma o interessado deve comparecer ao cartório onde a firma foi cadastrada. Lá, o tabelião vai certificar que uma determinada assinatura pertence a uma determinada pessoa. O reconhecimento de firma pode ser realizado de duas maneiras: reconhecimento de firma por autenticidade ou reconhecimento de firma por semelhança. 48 Reconhecimento de firma por autenticidade No reconhecimento de firma por autenticidade, o signatário comparece pessoalmente ao cartório para assinar o documento perante um funcionário. Para tanto, deve levar seu RG e CPF, além de assinar um livro de comparecimento, que comprova que estava presente no local. Reconhecimento de firma por semelhança O signatário não precisa estar presente para reconhecer firma por semelhança. Essa alternativa é utilizada para pessoas que querem reconhecer firma de outra pessoa. Para realizar essa certificação, o tabelião compara a assinatura de um documento com a assinatura constante livro de autógrafos. Se ele identificar que a assinatura no documento tem semelhança grafotécnica com a original, então o documento passa a ter segurança jurídica. Vale lembrar que nem todos os documentos aceitam esse tipo de reconhecimento, como é o caso de compra e venda de automóveis. O que é autenticação? Autenticação também é um procedimento realizado no cartório. Através da autenticação, o tabelião certifica que a cópia de um documento confere fielmente com o documento original. É um procedimento necessário para garantir que a cópia não sofreu nenhuma alteração ou rasura. Muitos processos existem a apresentação de cópias autenticadas, o que faz sentido, uma vez que alguns órgãos precisam ter posse da sua documentação; como não é possível ficar com os originais, as cópias autenticadas já lhe servem. Autenticar documentos é um processo simples. Basta que o interessado vá ao cartório com os documentos originais e suas respectivas cópias. Ele terá que efetuar o pagamento de uma taxa e a autenticação será realizada. 49 CONFECÇÃO
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