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Empreendedorismo Boas vindas do Curso Hoje iniciamos o curso sobre empreendedorismo. É muito importante que você esteja conosco discutindo e trabalhando esse conceito. Vocês já devem ter ouvido ou lido a respeito da expressão empreendedorismo. Pois é, neste módulo, apresentaremos uma história muito interessante sobre uma jovem que tem problemas familiares, de escolha de profissão, mas que deseja ser alguém na vida. Existem controvérsias acerca das características que fazem com que uma pessoa se torne “empreendedora”, pois as características presentes no empreendedor também podem ser desenvolvidas por aquelas que não são. Entretanto há consenso de que tais características fazem com que a pessoa se destaque e faça coisas que a diferenciem da maioria da população. Então, vamos fazer um passeio juntos e descobrir quais são essas características. Problematização Quais atitudes diferenciam o empreendedor das pessoas que não são empreendedoras? Esta problemática norteará nosso curso. O objetivo é que, ao final das atividades, você identifique as atitudes que precisa adotar e/ou aperfeiçoar para se tornar um empreendedor. Para isso, temos uma jovem, personagem principal da história “A Arte do Sucesso para os Empreendedores”, que fará a diferença no meio em que ela vive. Compartilhe conosco essa história, olhe para si mesmo e descubra quais são as semelhanças entre suas atitudes e as de nossos personagens. Veja também as diferenças entre seu jeito de fazer as coisas e a de nossos novos amigos. Queremos que, ao final deste curso, você se conheça um pouco mais e, através do conhecimento da teoria e das práticas empreendedoras, consiga aprimorar seu comportamento na direção de ações que gerem transformações e operem mudanças significativas no ambiente no qual está inserido. Em outras palavras, desejamos que você consiga identificar e avaliar o comportamento empreendedor. E, acima de tudo, que você possa aplicar no seu dia-a-dia as ações que gerem empreendimentos de sucesso a partir das características empreendedoras aqui apresentadas. A Arte do Sucesso para os Empreendedores - A personagem principal da História: Fernanda Origens: filha de pai autoritário, comerciante, semi-analfabeto e bastante inteligente para os negócios. Sua mãe era dona de casa, comunicativa, politizada, mas muito submissa ao pai. Características físicas: morena de cabelos grandes encaracolados, castanhos claros, um sorriso cativante, lábios carnudos, nariz afilado, olhos grandes e pretos feitos duas jabuticabas, estatura mediana (1,65m). Idade: 18 anos Formação: Cursando o Curso Técnico de Gestão na Escola Dinâmica em Belo Horizonte - MG Sonho: Ser jogadora de vôlei Nasceu em Ataléia - Interior de Minas - Cidade de aproximadamente 14.000 habitantes. Fica a 3 horas e meia da praia – Mucuri/BA Desafio 1: A oportunidade aparece para quem tem sorte ou para quem a procura? Toda segunda-feira, Fernanda chega mais cedo à Escola Técnica para verificar revistas e jornais do final de semana. Como de costume, Fernanda folheia os jornais, lendo as manchetes. Mas um pequeno jornalzinho chamou sua atenção. Era o jornal da Escola Selestina. Nele consta um anúncio, informando sobre um campeonato de vôlei que acontecerá no ginásio da Escola e que será coordenado por sua paixão: Robertinho - professor de educação física. http://ct.aticenter.com.br/file.php/14/moddata/scorm/16/pag4.htm Geralmente, Fernanda sai da biblioteca e fica de papo com alguns professores que estão no fumódromo, mas desta vez ela sai correndo direto para o ginásio. Ponto chave 1 - Busca de Oportunidades, informações e iniciativas Fernanda encontra-se com Robertinho saindo do ginásio, na catraca. Pára e conversa com ele sobre a notícia do jornalzinho da Escola. Ponto chave 1 - Busca de Oportunidades, informações e iniciativas Fernanda e Robertinho seguem para a lanchonete da Escola conversando. Fernanda não acredita no que está acontecendo; é SORTE demais para uma pessoa só: achar um torneio de vôlei que ela ama e ainda manter contato com Robertinho! Ponto chave 1 - Busca de Oportunidades, informações e iniciativas Neste momento, Robertinho aponta para o livro que está por cima dos três livros que Fernanda segura no braço, cujo título é: “O segredo de Luisa” Ponto chave 1 - Busca de Oportunidades, informações e iniciativas Fernanda não esperou nem Robertinho terminar de falar direito, já foi se despedindo e afirmando que isso ela conseguiria. Partiu da lanchonete em direção ao refeitório. Não achou Renato, que era quem ela procurava.Mas pensou que, no intervalo, com certeza, ele estaria ali. Na hora do intervalo, estava não só Renato, amigo que a levou pela primeira vez ao ginásio, mas toda a turma que jogava vôlei com ele. Ponto chave 1 - Busca de Oportunidades, informações e iniciativas Fernanda dispara a falar para convencer Vitim a participar. Parte para cima de Renato, pois sabe que ele é caidinho por ela. Joga duro com os rapazes para mostrar que ela sempre deu pitacos corretos em alguns treinos e as equipes sempre saíram ganhando. E, se precisasse de ela estudar mais e buscar auxílio de outras pessoas da área para ajudá-los, ela faria. Iniciativa para correr atrás das coisas era o que não faltava em Fernanda. Por fim, ela consegue convencer os oito rapazes a se inscreverem. Zezim logo lembra ao grupo que eles terão prova de Física e Química. Além disso ficará difícil preparar a documentação para a inscrição e depois ir até a secretaria, localizada no outro prédio, longe dali. Fernanda já sai avisando que, na segunda, depois da aula, já tem treino. E todos devem estar presentes. Ponto-chave 2:Liderança, ética e postura profissional Como nenhum dos rapazes dá sugestões, Fernanda começa a falar para o grupo. Fernanda explica para o grupo: Vejam bem, na condição de técnica, eu preciso atuar como líder, definindo as metas para que o objetivo do grupo seja alcançado. Nosso objetivo é ganhar o torneio e nós vamos ganhar. Ou há alguém aqui que tem dúvida de que iremos conquistar esse torneio? Mas, para isso, rapazes, além da dedicação de todos vocês, precisamos manter uma postura profissional e ética. Portanto precisamos agir como um time profissional: devemos ter disciplina nos treinos, ser pontuais e assíduos, vestir como um time e seguir todas as regras. Para planejar passo a passo o que vou fazer, preciso conhecer cada um de vocês, bem como o ponto forte e fraco de cada um, a fim de manter o ponto forte e melhorar o fraco. Também não podemos esquecer que ganhar o torneio será muito importante, mas se tivermos ética. Pensem comigo: o que estão pensando em fazer para conseguir informações sobre os outros times é considerado certo ou errado? Podemos considerar algo bom ou ruim? Se pudermos realizar isso sem culpa ou constrangimento, tudo bem. Vocês concordam? Caso contrário, devemos analisar se a nossa vitória valerá a pena. Quero que vocês pensem nisso para continuarmos nossa conversa amanhã neste mesmo horário. E não se esqueçam de ler o regulamento e trazê-lo na ponta da língua. Preencha as linhas e as colunas de acordo com a instrução abaixo. Desafio 3: Porque algumas pessoas são criativas e outras não? Fernanda observava a discussão dos rapazes com muita preocupação, pois a primeira coisa que pediu foi respeito entre eles e percebeu que isso já começava a faltar, com a troca de algumas agressões verbais. Também ficou intrigada com o questionamento dos rapazes, de que dois deles não eram criativos. E lembrou-se da sua infância e dias difíceis que ela e sua família passaram em Ataléia. Achou que seria interessante relatar sua experiência de viver no interiorpara seus colegas. Fernanda explica: rapazes, vamos deixar de criancice! Será que realmente existem pessoas mais criativas do que outras? Ou será que é o meio, a cultura, as regras impostas pela sociedade que nos prejudicam? Vejam minha história de vida, eu sei que vocês já sabem, mas ouçam novamente e analisem. Meu pai, Roque, é comerciante, e minha mãe, D. Celeste, é dona de casa, e vocês conhecem bem os doces dela. Em períodos em que os negócios não iam muito bem, as vendas estavam baixas, comércio pouco aquecido ou quando “painho” resolvia fazer algum negócio que exigia sacrifício da família, a vida era muito complicada. Muitas vezes, “mainha” tinha que fazer malabarismo para fazer as compras no mercado e na mercearia, pois o dinheiro semanal que entrava em casa desaparecia. Nesses momentos, “mainha” era muito esperta. Ela se reunia comigo e minha irmã mais velha e íamos para a pequena fazenda que tínhamos. De lá trazíamos limão, laranja, banana, goiaba, tudo que houvesse na época. Ela pegava também parte do leite a ser entregue para a cooperativa e fazia queijo, tanto para a família como para vender. Assim, desde os seis, sete anos, eu e minha irmã já vendíamos esses produtos para os amigos da família. Como vocês sabem, eu sou um pouco tímida para algumas coisas. Para sair vendendo, eu não era muito boa, mas, como minha mãe sempre dava uma percentagem sobre o que a gente vendia, para gastarmos na escola, eu, que não queria ganhar menos que minha irmã, sempre observava como ela fazia e seguia os seus passos. E dava certo. Assim, eu fui crescendo e sempre ouvia meu pai dizer que ter o próprio negócio era a melhor coisa, pois, quanto mais se trabalhasse, maiores seriam as chances de aumentar o patrimônio e ter uma velhice tranqüila. Só que o problema da minha casa é que eu e minha irmã éramos mulheres, e meu pai achava que nós devíamos ter um emprego seguro, e o bom para ele, era um concurso. Então ele falava do negócio próprio, mas, ao mesmo tempo, colocava minha mãe em nosso pé quando ele não estava em casa, para que ela acompanhasse nossas notas e verificasse se nós estávamos freqüentando a escola direitinho. Ele sempre dizia que, se saíssemos da linha, íamos ver com ele. Eu já passei alguns sufocos, pois ia jogar, às vezes esquecia de estudar e até cabulava aula, mas depois, para explicar, era complicado. Nesses momentos, eu utilizava minha criatividade, pois, caso contrário, eu levaria surra de ficar em banho de água de sal como dizia ele. E como eu não queria provar. Ponto chave 3: Criatividade, pró-atividade e raciocínio lógico Fernanda continua: Na verdade eu nunca entendi esse pensamento do meu pai, pois sei que foi uma pessoa que veio do nada, já que sua família era muito pobre. Ele, que pertencia a uma família de 11 irmãos, era o que tinha uma situação financeira melhor, justamente porque não era empregado. Ele é semi-analfabeto, nunca gostou de estudar e fugia da escola quando menino. Isso eu sei porque uma tia minha, que morreu o ano passado, contava essas estórias escondido dele, que ficava bravo quando a ouvia falar sobre isso. Todos os irmãos dele passaram fome quando criança, pois sua mãe morreu quando ele, que era o mais velho, tinha 12 anos. Painho, geralmente, até a minha adolescência, viajava durante a semana procurando gado para comprar e vender e só retornava em casa nos finais de semana. Mainha ficava com a gente e cuidava de tudo: casa, escola e necessidades da família. Ela fazia tudo isso com muita criatividade, como já contei, mas só tem uma coisinha que me aborrece muito: é muito submissa ao meu pai. E foi justamente essa submissão que fez com que nossa família perdesse todos os bens e tivesse que mudar para aqui. Painho tinha um amigo que era como irmão. Ele era o salvador da pátria principalmente quando meu pai estava viajando. Qualquer problema - por exemplo, mainha não dirigia – era ele quem resolvia. Seu nome era Ostílio, e todos na cidade o conheciam como Didi. Fernanda continua: Em agosto de 2007, Didi levou vários amigos ao banco, inclusive “painho”, como avalistas. “Mainha”, antes de “painho” sair de casa para avalizar a quantia solicitada por Didi, até teve, pela primeira vez, uma discussão com “painho”, tentando argumentar que avalizar uma quantia tão alta como a que Didi queria não era uma boa coisa, uma vez que tudo sempre foi muito difícil para a família, tudo foi conseguido com muito suor, e que aquela quantia, caso ele não conseguisse honrar com o compromisso, poderia comprometer todos os negócios da família. “Painho” ficou muito nervoso, pois, na cultura em que ele estava inserido, ele era o homem da casa, ele mandava na casa, ele trabalhava mais e, acima de tudo, ele era amigo de Didi, não podia negar um pedido ao amigo. “Mainha” estava muito receosa, porque tinha conversado com outras amigas e tinha ficado sabendo que os maridos delas já tinham avalizado dinheiro em menor quantia para Didi no mesmo banco. Fernanda continua: Ela tentou mostrar isto para “painho”, mas foi em vão. Parecia que ela estava adivinhando. Não passou uma semana, foi como uma bomba que caía na cidade, o banco começou a cobrar de várias pessoas valores que estavam atrasados e aí descobrimos que praticamente todo o patrimônio da nossa família teria que ser usado para pagar as dívidas contraídas por Didi. Naquele momento, Didi não lembrou que tinha um amigo irmão. Ele fugiu e deixou nossa família no maior desespero. Simplesmente, de uma hora para outra, a única coisa que nos sobrou foi uma pequena casa que alugávamos e que agora seria nossa moradia, para não pagarmos aluguel. As duas pequenas fazendas, o gado e a casa em que morávamos foram vendidos para pagar a dívida avalizada. Essa foi a decisão tomada por “painho”, uma vez que ele pensou que, se deixasse passar mais tempo, os juros cobrados pelo banco poderiam tornar a situação ainda pior. Mas, enfim, apesar de todos esses defeitinhos de fábrica dos meus dois velhinhos, eu os admiro muito, pois sei que, diante da dificuldade que passamos no último ano, e também em anos anteriores, eles sempre tiveram muita fibra. E vejam bem, “painho”, um cara que já passou fome, não estudou, foi criado numa sociedade machista, é pré-conceituoso, dentro de suas limitações, é até bastante criativo. E “mainha” também! Vivia sob as garras do pai dela e depois sob as do meu pai, e ela ainda conseguia buscar soluções que, para nossa educação, foram muito importantes. Ponto chave 3: Criatividade, pró-atividade e raciocínio lógico Fernanda nasceu no dia de Santa Luzia e, quando criança, teve uma doença nos olhos. Os médicos disseram que ela perderia parte da visão de um dos olhos. Sua mãe fez promessa para Santa Luzia e ela voltou a enxergar normalmente. Só quando mocinha, entendeu o que aconteceu quando ela tinha três anos. Fernanda passou a dizer que Santa Luzia direciona seus olhos a fim de enxergar onde estão as soluções para os seus problemas ou desejos. Fernanda explica: Mas eu não desisto fácil não, acreditei e tive fé em Deus, rezei para minha Santa, que considero a guia dos meus olhos – Santa Luzia – pedi que ela iluminasse meus olhos para enxergar uma saída que ajudasse minha família. Não sei se foi ela, minha fé, algo de outro mundo, só sei que acho que todo mundo deve acreditar em algo; passei noites e dias pensando e estudando a situação. Um belo dia, eu dormi e, no dia seguinte, quando estava tomando banho para ir à escola, veio como um estalo a lembrança da minha madrinha, que morava aqui há uns 15 anos, e já tinha uns 10 anos que eu não a via pessoalmente. Eu sempre telefonava para ela no Natal, aniversário, enfim, em datas importantes. E, junto a essa lembrança, eu também tinha feito um curso de informática básica, o qual foi ministrado por unidades móveis do SENAI em Ataléia. Sempre fiz curso de tudoque aparecia na cidade, pois lá nunca tinha nada. O professor que ministrou as aulas comentou um dia que ele fez um curso técnico de curta duração na área gerencial, aproximadamente de um ano e meio, que o ajudou muito. Ele aconselhava a todos os jovens que pudessem cursá-lo, que fizessem isso antes de prestarem vestibular, pois o curso permitia ao jovem se colocar no mercado e encontrar emprego rápido, além de lhe dar uma visão até para planejar a sua vida pessoal. Então lembrei que seria um curso para eu me ingressar no mercado, assim teria algum dinheiro para pagar inscrições de concurso, pois, no momento, minha família não teria dinheiro para isso e eu achava que um emprego público seria uma excelente forma de auxiliá-los. Ponto chave 3: Criatividade, pró- atividade e raciocínio lógico Fernanda continua: Eu já tinha começado a achar que “painho” tinha razão, que ter negócio próprio era muito complicado. Talvez o melhor fosse ter um emprego que pagasse bem. E, para encurtar essa minha história, no café eu comecei a colocar as minhas idéias de telefonar para a madrinha, de contar o que aconteceu. Pedi a meus pais para que eu passasse uns tempos na casa dela, a fim de fazer o curso técnico, uma vez que terminaria o terceiro ano em Ataléia e, como sempre estudei em escola pública, se tentasse o vestibular naquele momento, provavelmente eu não passaria, mesmo tendo sido uma boa aluna durante todos aqueles anos. E, se eu fizesse um curso técnico, reconhecido, eu teria chances de conseguir uma boa colocação no mercado para ajudá-los, já que eles sempre se esforçaram tanto para criar a mim e minha mana. Vocês precisavam ver a cara de “painho”. Não dava para saber se ele estava meio perdido, se ele estava com raiva por eu ser mulher e ter tido a idéia primeiro do que ele. Era muito engraçado a cara de bravo, descrente, perplexo, não sei o quê. Por fim, “mainha”, percebendo a situação meio constrangedora para ele, disse rapidamente: “Querida, termine seu café, vá para a escola, que à noite ligaremos para comadre Joaquina e o compadre Emanuel”. Ponto chave 3: Criatividade, pró-atividade e raciocínio lógico Fernanda continua: Gente, o mais impressionante, foi quando nós ligamos à noite. Todo mundo ficou impressionado. Meu pai contou a história para meu padrinho Manu... ele estava num sofrimento só, quando terminou de explicar. Padrinho Emanuel, que era um funcionário público, estava com um dinheiro que vinha juntando há algum tempo, mas, como funcionário público, ele não podia, ou acho que não queria, abrir um negócio próprio, pois, mesmo que pudesse, ele não teria tempo para tocá-lo para frente. E olha a coincidência: quando ele era mais novo e antes de mudar-se para Belo Horizonte, ele foi sócio de uma padaria e de um açougue de “painho”. Imaginem! Ofereceu uma sociedade para nossa família, na verdade, para meu pai. Ele entraria com o dinheiro e “painho” com o trabalho. Várias vezes, “painho” veio a Belo Horizonte para negociar com seu novo sócio e também para pensarem sobre o novo negócio. Até que, em Fevereiro, todos nós mudamos para aqui. Vida nova para todos. Eu, que achava que ia morar com os meus padrinhos, continuei morando com meus pais, mas fomos morar bem próximo da casa da minha madrinha Joaquina, que é finíssima. Quando eu era pequena, ela me fazia todas as vontades. Agora não é mais assim, mas tudo bem. Nós nos mudamos para Belo Horizonte e eu comecei o Curso técnico de Gestão na Escola Dinâmica. Ponto chave 5: Trabalho em Equipe e Negociação Fernanda e os rapazes terminaram o treino mais cedo e, aproveitando que era sexta-feira, subiram o morro para conhecer a casa de idosos. Chegando lá, Kaká apresentou os idosos para eles, levou-os na ala de enfermaria, onde havia idosos bem fragilizados, que não mais andavam, falavam e, na sua maioria, não se moviam na cama, a não ser com a ajuda de uma assistente voluntária. Kaká explicou que, como a casa estava com problemas financeiros, tinha pouquíssimos funcionários, por isso os idosos dependiam dos voluntários que iam lá para auxiliar. Ele era um dos voluntários. No domingo de manhã, ele nunca podia ir jogar bola, pois já tinha um compromisso com a casa e sabia que sua falta significava muito para os idosos. Durante toda a visita, só Kaká falava. Os outros colegas ouviam e viam perplexos a situação calamitosa em que os idosos viviam. Nenhum deles havia entrado em um asilo e, justamente, o primeiro que conheciam encontrava-se tão necessitado. Kaká chamou a Coordenadora geral do asilo, que os levou a sua sala e explicou a situação. Ela disse que aquele era um asilo pertencente a uma grande Associação, mas que deveria sobreviver com recursos próprios arrecadados. Infelizmente, as gestões anteriores não foram bem sucedidas, o asilo está em total desordem e, para não deixá-lo sem coordenação, ela assumiu a direção. Mas ela também era voluntária e não podia ir no asilo todos os dias. A coordenadora entregou para Fernanda a resolução - RDC Nº 283/2005 – através da qual a promotoria pública, juntamente com a vigilância sanitária, exigia que o asilo cumprisse a determinação. Mas como a prioridade era o dinheiro para alimentação e remédio dos idosos, era difícil cumprir todas as exigências naquele momento. Eles já tinham dado prazos, mas o dinheiro necessário nunca entrou em caixa. Fernanda, Renato, Gustavo, Jorge, Marcão, Zezim, Branquelo, Vitim e Kaká saíram do asilo. Kaká estava muito feliz porque seus amigos toparam ajudá-lo naquela batalha. Mas os outros estavam chocados com o que tinham presenciado – uma casa decadente, paredes sujas, úmidas, com escadas, locais de difícil acesso, idosos magros, alguns doentes, funcionários sem receber, enfim, agora o objetivo deles era dar qualidade de vida para aqueles idosos e funcionários. Mas como? Ponto chave 5: Trabalho em Equipe e Negociação Fernanda nem acreditou quando sua mãe a acordou no sábado de manhã, com o Gustavo no telefone. Justamente o Gustavo era quem estava propondo que o time de vôlei se encontrasse naquele sábado à tarde para discutir propostas a serem encaminhadas na segunda-feira ao diretor da Escola. O encontro foi agendado no salão de festa do apartamento dos pais dele. Todos estavam presentes. Ponto chave 5: Trabalho em Equipe e Negociação Na segunda-feira de manhã, eles combinaram se encontrar, apresentando as propostas de trabalho que cada dupla ou trio tinha estabelecido. Acertariam os detalhes finais e levariam a proposta geral contendo as idéias sobre a festa de São João: a idéia de coletar roupas e objetos usados, a realização do bingo e a solicitação de apoio do advogado da escola, bem como de alguma verba para manter a casa. A reunião com o diretor foi bastante demorada, mas todos os questionamentos realizados por ele foram respondidos pelos jovens com base na legislação, dados de jornais, levantamentos realizados no IBGE e regionais da Prefeitura. O trabalho de pesquisa na internet e em outras fontes no final de semana foi bastante intenso, mas valeu. No final, eles tiveram que abrir mão do bingo de animais, pois o diretor argumentou que, apesar de ser uma idéia inovadora, como geralmente quem participava dos bingos eram pessoas mais idosas, muitas não teriam onde deixar os bichos e, por isso, poderiam estranhar os prêmios. Também tiveram que abrir mão da cerveja, pois, segundo o diretor, a festa junina da escola sempre foi bastante tradicional e não se vendia cerveja. Mas conseguiram a barriquinha, direito de coletar produtos para o bazar durante todo o mês de junho e também de colocar caixas para coletas durante o torneio, sem falar no advogado para auxiliar no que fosse preciso e na sala reservada para realizarem o bazar nos sábados à tarde. Ponto chave 5: Trabalho em Equipe e Negociação A coleta de roupae produtos estava um sucesso, pois os jovens criaram material de divulgação e o espalharam por toda a escola. Nos sábados, todos estavam lá trabalhando. O advogado da Escola fez todos os contatos necessários com a promotoria e com a vigilância sanitária, conseguindo o prazo de um ano para nova reavaliação, desde que apresentassem relatório trimestral dos avanços. E, no domingo de manhã, os rapazes passaram a ajudar Kaká no serviço voluntário, cada um na área em que podia ajudar. Zezim até levou alguns amigos do seu grupo de jovens e eles começaram a fazer atividades de memória com os idosos. Gustavo descobriu que a casa tinha recebido de doação cinco computadores antigos e que nunca foram usados. Como ele era fera em informática, principalmente, vivia fazendo testes com softwares que melhoravam o desempenho das máquinas. Ele se juntou com Renato, Fernanda, Marcão e Jorge, montaram os computadores na sala de fisioterapia. Por serem antigos, utilizou o linux e softwares livres que não comprometiam o desempenho da máquina. E começaram a ministrar aulas de informática para os idosos. Tinha fila de espera. Eles ainda não tinham conseguido colocar internet na casa, pois as companhias de telecomunicações não facilitam os valores para inserção digital de idosos. Mas eles estavam negociando com os comerciantes da região para pagarem a mensalidade da banda larga. Ponto chave 5: Trabalho em Equipe e Negociação E o torneio de vôlei? Fernanda estava meio chateada uma semana antes do torneio, mas, no dia, parecia que nada tinha acontecido. Os rapazes se reuniram próximo à data do torneio e lhe comunicaram que jogariam por causa do compromisso travado com ela. Como já haviam participado de vários treinos, provavelmente, muito feio não fariam, mas não tinham esperança de ganhar. Foi uma seqüência de três jogos difíceis, mas os meninos surpreenderam e ganharam... O primeiro não foi fácil; o segundo, terrível; e o terceiro parecia impossível. Bem, eles passaram e agora estavam na final. Era só um jogo que separava Fernanda do seu sonho de conquistar a atenção de Robertinho. Mas a vida não é tão perfeita. E eles tomaram uma surra de três a zero naquela tarde de domingo. Não houve choro nem briga no time. Eles saíram cabisbaixos, mas sabiam que tinham ido além do que podiam. O mais interessante aconteceu após o jogo, quando Robertinho aproximou-se deles e os convidou para uma pizza por conta dele. Ele queria conversar com eles sobre o torneio. A pizza estava ótima, principalmente porque era de graça. Só o Renato estava meio emburrado, pois imaginava que aquela atitude do Robertinho era para impressionar Fernanda. Mas não era nada daquilo que ele imaginava. Desafio 6: É possível formar um empreendedor na escola ou, para empreender, tem que ter “dom”? Robertinho explica: Vejam bem, o jogo era objetivo de todos vocês ou apenas de Fernanda? Será que Fernanda conseguiu uma equipe que compartilhava os mesmos objetivos dela? Creio que não. Pense no caso do Kaká, cujo problema vocês ajudaram a resolver. Fernanda continuou liderando o grupo, tendo iniciativa e determinação para buscar as informações necessárias. Junto com o grupo, vocês criaram um bazar na escola.Já observaram que há outras escolas copiando o que vocês fizeram? Vocês não só colocaram um bazar para vender roupas e objetos, como também separaram os objetos e roupas em seções. Vocês lavaram, passaram, embrulharam para presente e venderam as peças como se fossem novas. E ainda conseguiram objetos e roupas novas. Além de criatividade, vocês inovaram. Deram valor a uma idéia, e o consumidor achou tão bom que está comprando e muito. Perceberam a diferença? Agora o mais importante é: Fernanda consegue fazer a diferença com vocês, pois mesmo vocês não tendo vencido o torneio, vocês chamaram a atenção. Eram péssimos jogadores, mas chegaram à final. Será que Fernanda tem um “dom” e vocês não? Ou será que Fernanda aprendeu a ser criativa, pró- ativa, determinada, dinâmica, observadora, planejadora, líder, enfim, aprendeu a trabalhar em equipe e a tomar decisões? Ponto Chave 6: Empreendedorismo e Características do Empreendedor Robertinho ri do desespero de Vitim cada vez que ele se refere a uma palavra nova, pois ele fala de uma forma muito engraçada. Robertinho explica que tanto o empregado quanto o dono da empresa podem ter características que os diferenciam da maior parte da população, sendo que, para o empregado, utiliza-se a palavra intra-empreendedor e, para o dono da empresa, empreendedor. Explicou ainda que provavelmente a grande empresa estava interessada no serviço do Gustavo, pois, quando ele encontrou computadores antigos, instalou Linux e softwares que tornaram o computador apropriado para uso, ele foi criativo, e esta é uma característica que diferencia os intra-empreendedores e empreendedores do restante da população. Pense: há quanto tempo aqueles computadores estavam ali sem ninguém ver utilidade para eles? E mais, ele não só criou, ele desenvolveu a idéia e a implementou. Então ele inovou naquela casa, pois ali não existia esse tipo de serviço. Esta é a inovação relativa ou incremental. Mas... . Créditos SENAI - DN Unidade de Educação Profissional e Tecnológica - UNIEP Paulo Rech Gerente-Executivo Paula Martini Gestora da Rede SENAI de Educação a Distância FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS - FIEMG Robson Braga de Andrade Presidente da FIEMG SENAI – MINAS GERAIS Petrônio Machado Zica Gestor do SENAI Alexandre Magno Leão dos Santos Diretor Regional do SENAI e Superintendente de Conhecimento e Tecnologia Edmar Fernando de Alcântara Gerente de Educação e Tecnologia Gabrielle N. Paixão Araújo Orientação Pedagógica Eunice Maria Rocha de Morais Elaboração AM2 COMUNICAÇÃO Projeto Gráfico, Editoração, Revisão Gramatical e Ortográfica Marcelo Ramos Pereira Ilustrações