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ASPECTOS ÉTICOS SOCIECONÔMICOS DO USO DAS NOVAS TECNOLOGIAIS NA EDUCAÇÃO Faculdade de Minas 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 3 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 CONTEXTO HISTÓRICO ....................................................................................... 6 INOVAÇÃO ............................................................................................................. 7 INOVAÇÃO ENTRE O ECONÔMICO E O SOCIAL ............................................... 9 ÉTICA E MORAL, OU AÇÃO E JUÍZOS .............................................................. 14 A TECNOLOGIA DENTRO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO .............. 19 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DA TECNOLOGIA ....................................... 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 22 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 24 Faculdade de Minas 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. Faculdade de Minas 4 INTRODUÇÃO Em tempos de tablets e lousa digital, as escolas vivem um novo desafio: capacitar professores, pais e alunos para o uso das novas tecnologias como ferramenta para a construção de conhecimentos. Não é uma tarefa fácil, pois os cenários que se configuram atualmente em nossa sociedade são muito diferentes daqueles vividos por pais e professores, considerados imigrantes em nossa sociedade imersa nas tecnologias digitais. Orientar os alunos para as possibilidades do uso do computador para além dos contatos sociais e das atividades vinculadas ao lazer faz parte dos desafios da escola. As ciências durante muito tempo foram apresentadas como verdades supremas, restritas a poucos eleitos e em conseqüência, as tecnologias, aplicação prática das ciências, aparecem como soberanas e em alguns casos como solução para os problemas que assolam a vida humana. A escola, co-responsável pela manutenção desta visão ingênua e idealizada de ciência, afastou o saber científico do cotidiano das pessoas. Tornou o conhecimento posse de uma elite, com currículos que valorizaram a memorização de conteúdos pelo aluno sem discussões ou reflexões. Currículos que enfatizam o aluno ouvinte e o professor emissor. Como descreve Lauro de Oliveira Lima classes com “uma visão criada na Idade Média, quando o professor era o único informador disponível, pois não se dispunha sequer de livros”. Incluir novos conteúdos ou equipamento para uso didático nas salas de aula, mas continuar preso a um modelo de transmissão do conhecimento com aulas meramente expositivas, pressupondo um aluno passivo – receptor de conhecimento que serão cobrados em avaliações, não contribui para a construção de uma concepção de ciência e tecnologia a serviço da cidadania e da felicidade humana. Paulo Freire afirmava que conhecemos para: entender o mundo – palavra, significação e mundo; para averiguar – o certo e o errado, numa busca da verdade e para interpretar e transformar o mundo. 6 O conhecimento é uma ferramenta para modificar o espaço Faculdade de Minas 5 físico e social que rodeia a pessoa humana. Considera-se, portanto, que cabe a escola socializar tanto a ciência - vista como o conhecimento historicamente construído e sistematizado, quanto à técnica - entendida como os procedimentos e instrumentos criados pelo homem para facilitar sua existência. Algumas pesquisas realizadas sobre o uso das TICs demonstram sua importante influência em transformações ocorridas nas formas de aprender, nas formas de se relacionar, nas formas de construir significado e valores. Porém, essas mesmas pesquisas alertam que nem sempre essas transformações apresentam resultados positivos... Isso pode ser justificado pelo fato de que, apesar de as pessoas que vivem em um mundo rodeado pelas novas tecnologias terem um enorme acesso às informações, esse fato não garante que essas pessoas disponham de habilidades ou saberes necessários para converter essas informações em conhecimento e, principalmente, que consigam se posicionar de forma ética frente a diferentes demandas. Comunicar-se com os pares sempre se configurou como uma necessidade fundamental para que o conhecimento pudesse ser transmitido a outras gerações. O fogo não precisou ser "descoberto" ou "reinventado" a cada geração, uma vez que as técnicas para obtê-lo foram transmitidas entre as pessoas e, consequentemente, aprimoradas. Na era das TICs, a comunicação atinge outro patamar. Não cabe mais se contentar com a comunicação com o colega ao lado, ou da sala ao lado. A comunicação envolve estudantes de escolas diferentes, que podem habitar cidades diferentes, em países diferentes. A comunicação envolve a troca de informação entre professores que vivenciam contextos semelhantes ou muito diferentes e, assim, por meio da reflexão decorrente da troca de informações, há um aprimoramento da ação docente. A premissa de que conhecimento é para ser socializado atinge níveis não pensados antes. Por outro lado, a busca pelo registro de patentes cresce de forma Faculdade de Minas 6 diretamente proporcional, pois algo escrito ou criado hoje pode, em pouco tempo, fazer parte do repertório de outra pessoa. Dessa forma, a escola se depara com seu maior desafio: educar para a ética nas relações pessoais e virtuais, para a ética no uso e compartilhamento de informações, para a ética no uso e exploração das TICs. Educadores envolvidos com essas questões fazem parte, certamente, do grupo de profissionais que poderá fazer diferença no novo paradigma educacional do nosso século! CONTEXTO HISTÓRICO Desde o início das civilizações o homem foi impelido por sua curiosidade a inventar. Inventou o fogo, a roda, a máquina a vapor e todas as invenções vinham de encontro as suas necessidades de sobrevivência ou atendiam aos seus desejos. Quanto mais criava, mais se sentia impelido a criar e inventar sempre mais coisas que lhe facilitassem a vida e oferecessem mais conforto e beleza à sua existência. Chegou- se ao computador, ao descartável; a descoberta do genoma humano, a clonagem em laboratório de cópias idênticas a criatura original, a pesquisa para cura de doenças com embriões humanos...Enfim nos últimos cinqüenta anos a humanidade deu um grande salto evolutivo em termos científicos e tecnológicos. Visando a melhor compreensão do que se entende por educação ética para o uso das NTIC situa-se a moral como campo das intenções e a ética como a campo das açõese de suas conseqüências e para fundamentar esta afirmação conceitua-se Ética e Moral sob o ponto de vista histórico filosófico para que se possa trazer para a prática escolar uma concepção que direcione o agir didático pedagógico. Para tanto, nos parágrafos seguintes, apresenta-se uma síntese dos estudos de Adolfo Sanchez VASQUEZ e Marilena CHAUÍ, de acordo com as obras: Ética e Introdução a Filosofia. Neste capítulo reflete-se sobre o suporte filosófico para a educação ética de uso das NTIC, fundamentando os conceitos de ética e moral que embasam este trabalho; o desenvolvimento destes conceitos e as condições para o exercício ético sob a ótica da filosofia. Neste mundo virtual, acelerado pela facilidade e velocidade na Faculdade de Minas 7 transmissão de informações e também nas possibilidades de comunicação entre as pessoas surgem questionamentos acerca das condutas e comportamentos durante o uso destas tecnologias da informação. “Somos seres passionais, nossas paixões nos tornam o que somos. Nós temos paixões, amor, ódio, cólera, tristeza, alegria, vingança, generosidade... E as paixões agem sobre nosso caráter, produzindo resultados inesperados. Os povos antigos ilustravam isto com a metáfora de um barquinho a deriva na tempestade. Um barquinho sobe, desce, é arrastado pelos ventos sem destino. Porque nossas paixões fazem isto com nosso caráter é preciso a educação da nossa vontade. Receber uma formação racional, nos ajuda a escolher entre o bem e o mal. A ética é a educação da nossa vontade pela razão para a vida justa, bela, feliz, e é a isto que estamos destinados: a felicidade”. Marilena Chauí. INOVAÇÃO A inovação é um conceito que vem adquirindo grande espaço nas Ciências Sociais. A partir dos anos 90, diversos autores passaram a discutir as articulações das novas tecnologias informáticas e biológicas com os processos reprodutivos, o financiamento estatal e as condições ambientais, para dar alguns exemplos (Maciel, 1996; Martins, 2003; Castells, 2003; Trigueiro, 2002; Latour, 2000). A questão da inovação parece orientar os últimos dez anos do sistema educacional. Existe uma ânsia por vocábulos que confiram às salas de aula ares de novidade e com isso de modernidade. O novo chega sem ser construído, como um produto fragmentado de políticas das mantenedoras e não da busca de melhoria pela comunidade escolar, sem a devida reflexão acerca da importância e da necessidade desta novidade pela comunidade. Não que inovar não seja bom e necessário, mas como afirma DEMO “só inova, quem sabe inovar-se. Não é factível que um sujeito inove permanecendo ele mesmo, o mesmo”. Considera-se, pois que a inovação pela inovação, para conferir ares de Faculdade de Minas 8 modernidade aos espaços escolares sem que a prática pedagógica e as atividades curriculares sejam discutidas não produz inovação. (DEMO, 2000, p. 20). Não que inovar não seja bom e necessário, mas como afirma DEMO “só inova, quem sabe inovar-se. Não é factível que um sujeito inove permanecendo ele mesmo, o mesmo”. Considera-se, pois que a inovação pela inovação, para conferir ares de modernidade aos espaços escolares sem que a prática pedagógica e as atividades curriculares sejam discutidas não produz inovação. (DEMO, 2000, p. 20). Uma coisa nova não é necessariamente uma novidade. Pode-se ter uma coisa nova e não inovar em nada o ambiente em que se vive. Por exemplo, ao comprar uma carroça, novinha, recém construída pelo artesão tem-se uma peça nova, porém não se tem uma novidade em meios de transporte. Ao inserir computadores numa escola para uso em laboratórios ou em salas de aula, ou ainda como pensam alguns, espalhados pelos corredores da escola tem-se uma coisa nova e de certa maneira uma novidade em termos de recursos didáticos, mas não necessariamente inovação na prática pedagógica. Discutir o uso das tecnologias dentro das salas de aula de educação básica, passado o deslumbramento inicial de alguns professores - que vêem nos computadores a solução para as deficiências do sistema escolar, ou a resistência de outros - que consideram que as escolas têm outras prioridades tais como professores capacitados, salários, equipamentos básicos, instalações físicas, etc, é uma busca de intervenção ética para dar sentido à ciência e a tecnologia. O conhecimento deve constituir-se numa ferramenta para intervir no mundo, e este processo se dá a partir do diálogo reflexivo do aluno com as NTIC. A exigência de novos padrões de produtividade e competitividade em função dos avanços tecnológicos, a visão de que o conhecimento é matéria prima das economias modernas e que a evolução tecnológica vem afetando não apenas os processos produtivos, mas também as formas organizacionais, as relações de trabalho e a maneira como as pessoas constroem o conhecimento requerem um posicionamento dos professores. Faculdade de Minas 9 Este posicionamento deve estar voltado não apenas para a ação, para sua prática pedagógica, mas antes de tudo, para uma reflexão acerca destas mudanças e as conseqüências disto para a vida humana. A escola tem o papel social de difundir e ampliar as perspectivas culturais, econômicas e sociais das pessoas. Por experiência sabe-se que as pessoas, especialmente as pessoas que fazem uso da escola pública, acreditam na escola como alavanca para a instrumentalização dos indivíduos para a vida em sociedade. Usar computadores sem mexer qualitativamente com a rotina da escola, do professor e do aluno, é mudar apenas a aparência das salas de aula. Interferir no ambiente de aprendizagem como um todo é segundo Cysneiros uma proposta de reflexão onde é importante “realizar com os próprios alunos, um trabalho de leitura crítica da realidade, discutindo-se as limitações e vantagens do que é ensinado e aprendido (com ou sem as NTIC)8 e dos possíveis usos de tal conhecimento no trabalho e na sociedade” enfim na vida individual e coletiva. (CYSNEIROS, 1998, p.08). INOVAÇÃO ENTRE O ECONÔMICO E O SOCIAL A disciplina econômica foi a que sem dúvida deu o maior impulso à construção da agenda da inovação. As elaborações de Joseph Schumpeter, no início do século XX, tiveram um impacto considerável no debate sobre transformações tecnológicas e desenvolvimento econômico. Segundo ele, as novas combinações de produtos e processos produtivos de uma empresa repercutem diretamente em seu desempenho financeiro. O comportamento empreendedor, com a introdução e ampliação de inovações tecnológicas e organizacionais nas empresas, constituiu um fator essencial para as transformações na esfera econômica e seu desenvolvimento no longo prazo (Schumpeter, 1982). Faculdade de Minas 10 De grande destaque nas últimas décadas, a perspectiva schumpeteriana de análise levou à formulação de diversos modelos de inovação e projeções macroeconômicas. O cruzamento de informações sobre patenteamento de produtos e investimentos públicos e privados na área tecnológica permitiu a elaboração de fórmulas e modelos para se avaliar os efeitos do mercado sobre as práticas de inovação, a célebre problemática da indução pela demanda (Flichy, 1995). O termo inovação foi cunhado no âmbito da OCDE nos anos 70 com vistas a promover uma interação mais efetiva entre o setor produtivo e as áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Isso ocorreu no momento em que a abertura de mercados e o aumento da competitividade internacional incitaram empresas e governos a estabelecerem sinergias envolvendo pesquisa tecnológica e política industrial, para a manutenção das taxas de crescimento econômico. Christopher Freeman defende que o processo inovativo deve propiciar as condições para que empresa e governo estabeleçam intercâmbios de recursos e informações para efetivar um bom desempenho na economia internacionalfrente às oscilações de mercado e ameaças da concorrência. (Ver Freeman, 1992; 1982.) Diferentes perspectivas de análise foram construídas para se lidar com a questão da inovação. Uma das primeiras vertentes da pesquisa sobre inovação foi a teoria da hélice tripla, que se propunha a entender os processos inovadores a partir da conjugação de três segmentos: empresas, universidades e o Estado. O encontro entre pesquisadores, formuladores de políticas e empresários garantiria o desenvolvimento de empreendimentos cruzados de atividade científica e tecnológica. O grande problema enfrentado pelas análises baseadas na perspectiva tradicional da hélice tripla é que elas atendiam geralmente a inovações pontuais e específicas. Dava-se dessa forma uma grande ênfase nos produtos gerados pela atividade tecnológica, os setores produtivos (clusters), e sua capacidade de entrada no mercado, independentemente dos formatos institucionais subjacentes a cada processo de inovação e os impactos sociais decorrentes (Maciel, 2001). Faculdade de Minas 11 A partir dos anos 80, os economistas passaram a mudar o enfoque de análise. Os produtos específicos a serem desenvolvidos e os efeitos da oferta de recursos e da demanda de trabalho na indução à inovação deixam de representar o centro das atenções da prática inovativa. Com a globalização da economia e a flexibilização dos formatos organizacionais envolvendo empresas, agências estatais e centros de pesquisa, a formação e desenvolvimento de redes e os sistemas nacionais de inovação passam a ser temas centrais para os pesquisadores (Freeman, 1992; Cassiolato & Lastres, 2000). Outro tema saliente sobre a questão da inovação consiste na referência recorrente à problemática do desenvolvimento. A partir do viés schumpeteriano, os teóricos do crescimento reduziram a questão da inovação a gastos com P&D e capital humano à busca de modos de projetar e produzir bens a partir da referência dos próprios agentes produtivos, o que mantém a ênfase na pesquisa industrial e no comportamento empresarial como liderança na prática inovativa (Mowery & Rosenberg, 2005). A perspectiva incremental dessas abordagens trata o processo de avanço tecnológico como algo dado e incontestável, para o qual governos, institutos de pesquisa e empresas devem confluir. (Nicolas & Mytelka, 1994: 7) A partir dos anos 80, os cientistas sociais têm debatido os problemas da visão econômica sobre o processo inovativo e uma das questões centrais repousa nas relações que se estabelecem entre desenvolvimento e inovação. Toda inovação implica necessariamente em desenvolvimento? Ou inversamente: a concepção vigente de desenvolvimento econômico e social pode servir de parâmetro para se avaliar processos inovadores? Essas são perguntas que de diferentes formas têm instigado os cientistas sociais e filósofos interessados na problemática da inovação tecnológica. Um primeiro problema que se coloca na relação entre inovação e desenvolvimento é que este último se ancora em um postulado ontológico, o qual se torna essencial e normativo para as sociedades modernas. A ideologia desenvolvimentista que vigorou no ideário econômico e político do Pós-Guerra possibilitou a normatização da prática Faculdade de Minas 12 social em torno de preceitos como crescimento, avanço ou modernização. Esse ideal de desempenho econômico e social foi estabelecido como a expressão dominante dos enfoques econômicos e políticos durante várias décadas, tendo como exemplo a teoria da dependência, os trabalhos da Cepal e as teorias do crescimento. O problema do desenvolvimento, apesar de apresentar diversos limites e contratendências, adquire um estatuto de existência que se torna inquestionável. É possível discutir as variáveis do crescimento econômico e os fatores estruturais de estagnação e recessão através de modelos e escalas, mas a ocorrência própria do desenvolvimento, enquanto forma cumulativa, linear e contínua de desempenho produtivo é indiscutível dentro da tradição econômica e sociológica das últimas décadas (Nicolas & Mytelka, 1994). A imagem abaixo ilustra O papel do professor diante das novas tecnologias no processo educativo. Faculdade de Minas 13 ( Fonte: https://escolasexponenciais.com.br/desafios-contemporaneos/o-papel-do-professor/) https://escolasexponenciais.com.br/desafios-contemporaneos/o-papel-do-professor/ Faculdade de Minas 14 ÉTICA E MORAL, OU AÇÃO E JUÍZOS Tem-se a impressão de que diante de tantas transformações no modo de viver humano a ética ocupa parte significativa dos discursos e preocupações das pessoas e por isto mesmo ética e moral são comumente palavras utilizadas como sinônimos. Parece que as pessoas associam o termo ética a comportamentos e/ou ações que são julgadas como socialmente corretas em determinados contextos. Situam-se as ações humanas como boas ou más, pautando-as de acordo com os princípios éticos vigentes. O comportamento humano prático-moral, ainda que sujeito à variação de uma época para outra e de uma sociedade para outra, remonta até as próprias origens do homem como ser social. Os homens não só agem moralmente, mas também refletem sobre esse comportamento prático e o tomam como objeto da sua reflexão e de seu pensamento. A diferença dos problemas práticos morais, os éticos são caracterizados pela sua generalidade. Decidir e agir numa situação concreta são um problema prático-moral; mas investigar o modo pelo qual a responsabilidade moral se relaciona com a liberdade e o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos é um problema teórico, cujo estudo é de competência da ética. A ética nos ajuda a situar no devido lugar a moral efetiva, real, de um grupo social que tem a pretensão de que seus princípios e suas normas tenham validade universal, sem levar em conta necessidades e interesses concretos. É teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência ou forma de comportamento dos homens, o da moral. O valor da ética como teoria está naquilo que explica, e não no fato de prescrever ou recomendar com vistas à ação em situações concretas. Não cabe a ética formular juízos de valor sobre a prática moral de todas as sociedades de todas as épocas, em nome de uma moral universal, deve antes de tudo, explicar Faculdade de Minas 15 a razão de ser desta pluralidade e das mudanças de moral, isto é, esclarecer o fato dos homens terem recorrido a práticas morais diferentes e até opostas em diferentes lugares e momentos históricos. A ética não cria a moral, conquanto seja certo que toda moral supõe determinados princípios, normas ou regras de comportamentos, porém não é a ética que os estabelece na comunidade. A ética é a ciência da moral. As proposições da ética devem ter o mesmo rigor, a mesma coerência e fundamentação das proposições científicas. O objeto de estudo da ética é constituído dos atos conscientes e voluntários dos indivíduos que afetam outros indivíduos, determinados grupos sociais ou a sociedade em seu conjunto. Ética e moral se relacionam. Moral vem do latim mos ou mores, “costumes”, e indica o conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. Ética vem do grego ethos, e significa analogamente, “modo de ser” ou “caráter”. Ao definir-se ética como um conjunto sistemático de conhecimentos racionais e objetivos a respeito do comportamento humano moral, entende-se que a ética estuda um tipo de fenômeno que se verifica na vida do homem como ser social. O comportamento moral é próprio do homem como ser histórico, social e prático, isto é, como ser que transforma conscientemente o mundo que o rodeia; que faz da natureza externa um mundo à sua medida humana, e que, desta maneira transforma a própria natureza. A éticarelaciona-se estreitamente com as ciências do homem, visto que o comportamento moral é uma forma específica do comportamento do homem, que se manifesta em diversos planos: psicológico, social, prático-utilitário, jurídico, religioso ou estético. Somos seres morais e as comunidades humanas sempre criaram sistemas de valores e normas para possibilitar a convivência social, porque somos seres não determinados pela natureza ou pelo destino (Deus). A consciência ética surge com a “desconfiança” de que os valores morais da sociedade – ou individuais – encobrem algum interesse particular inconfessável ou Faculdade de Minas 16 inconsciente que rompe com as origens da moral. Não é possível pertencer a um grupo social sem compartilhar da mesma maneira de ver as coisas, dos mesmos valores e normas morais, da mesma linguagem e outras tantas coisas importantes na convivência social. Assim, as novas gerações iniciam seu relacionamento com o mundo interiorizando a cultura estabelecida como algo “dado”. A partir e dentro deste mundo dado dão suas contribuições ao processo social da construção da realidade humana gestando novas perguntas e novas soluções para as situações e para problemas novos. Assim, surgem novas técnicas que não conflitam com os valores e modelos estabelecidos pelo grupo social e também mudanças paradigmáticas, ou sejam, aquelas que alteram os principais valores, princípios e modelos de funcionamento estabelecidos. Alteram a vida do grupo. O momento atual do desenvolvimento científico e tecnológico provoca uma mudança radical no modo de viver humano, tanto em nível pessoal quanto social. Os seres humanos, por causa da sua condição biológica, criam um conjunto de instrumentos materiais e espirituais (cultura para construir um mundo humano). Esta cultura se objetiva e passa a interferir e ter um poder normativo e coercitivo sobre os membros da comunidade. As novas gerações interiorizam esta cultura e assimilam este modo de organizar o mundo humano como a realidade e se exterioriza reproduzindo a ordem estabelecida. A reprodução desse processo dá as pessoas um forte sentimento de segurança e de normalidade, o que as leva a rejeitar o diferente e as novidades que questionam e conflitam com a ordem estabelecida. Nas sociedades tradicionais a ordem estabelecida era legitimada pela religião. O sistema moral tinha uma força coercitiva divina para justificar a reprodução da ordem vigente e na repressão a todas as tentativas de inovação e liberdade. Nas sociedades modernas surge o mito do progresso onde se valoriza o indivíduo em detrimento da coletividade. A esperança do paraíso é deslocada do céu para o futuro e o progresso técnico científico é posto como o paraíso para a realização de todos os desejos individuais. O novo passa a ser sinônimo de melhor. A ordem passa a ser Faculdade de Minas 17 legitimada não mais pela religião, mas pelo mito do progresso técnico, separando as ciências e a ética. As discussões sobre o sentido da vida, a solução dos conflitos inerentes a condição humana e a convivência social, a tensão entre o ser e o dever ser não podem ser reduzidas a um problema meramente técnico. As pessoas continuam buscando respostas às perguntas fundamentais da vida pessoal e coletiva. O futuro não é mais algo distante e indefinido. As perspectivas de conforto doméstico e empresarial apontadas antes pelos livros de ficção científica fazem parte hoje do cotidiano humano. Buscar solucionar os conflitos que se criam em torno desta nova face do dia a dia atual é a problemática do ser humano. Buscar respostas sobre como estabelecer normas para o viver e o conviver com situações que desestabilizam as regras antes legitimadas pelo mito do progresso é o anseio de cada um. Viver e conviver num mundo onde não existem distâncias ou fronteiras, onde estar aqui e poder ir a qualquer lugar virtualmente e estabelecer o certo e o errado nesta convivência é o questionamento da atualidade. Toda cultura e cada sociedade instituem uma moral, ou seja, os valores que definem o bem e o mal, a conduta correta e o proibido. Porém, a existência de valores morais não implica a existência de uma ética, ou seja, de uma reflexão crítica que discuta e problematize os valores morais. Para poder entender estes pontos recorre-se ao entendimento grego, ou seja, aos fundamentos filosóficos para a conceituação de ética e moral. Faculdade de Minas 18 (Fonte: https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/etica-e-ciencia/) https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/etica-e-ciencia/ Faculdade de Minas 19 A TECNOLOGIA DENTRO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO Nação moderna alguma pode manter-se independente, mesmo no sentido escrito de independência política se não tiver algum controle sobre as realidades dialéticas do mundo altamente interdependente de nossos dias. A tecnologia é uma dentre essas realidades e das mais significativas. Atualmente, 98% dos recursos para tecnologia encontram-se com os países desenvolvidos, e o gap tecnológico tende a aumentar. Entretanto, controle pressupõe uma organização que o exerça. No caso particular da tecnologia, sem o concurso de grandes organizações tecno-burocráticas voltadas primordialmente para esse fim e aptas a criar, promover a criação ou mesmo a transferência em "massa" de tecnologias voltadas aos interesses nacionais, tal controle será extremamente precário e a nação perderá o domínio sobre seu "setor tecnológico", deixando a outros decisões estratégicas de suma importância para a futura evolução económica, política e social. Da análise retrospectiva da ação do Estado, em seus esforços para prover o Brasil das pré-condições necessárias à criação ou transferência de tecnologia, somos levados a concluir que: - Existe falha no sistema de estímulos credití cios, resultante, principalmente, da má aquilatação (normalmente para menos) dos prazos de retorno de investimentos realizados no setor. - Inexiste, a nível privado ou estatal, uma tecnoburocracia em quantidade e qualidade adequadas. - Não se cogitou a necessidade de "mercados garantidos" para alguns setores industriais nacionais ainda incipientes (não confundir com ineficientes). Esta, talvez, a omissão mais grave. Faculdade de Minas 20 - São deficientes a comunicação e entrosamento entre as empresas estatais e aquelas do setor privado. As primeiras representam um dos canais mais importantes de transferência de tecnologia. Quando concluem pela necessidade de se adotai nova tecnologia, somente então dão disto conhecimento às empresas nacionais e multinacionais, através de um edital de concorrência. Nestas circunstâncias, as empresas nacionais têm pouca possibilidade de concorrer com as multinacionais, por contar com recursos menores - seja na área de recursos financeiros, seja naquela de recursos humanos (tecnológicos) - para, mesmo com o auxílio dos institutos de pesquisa, desenvolver a tecnologia necessária, dentro do prazo requerido. Desta forma, a empresa nacional já se encontra previamente alijada da concorrência. Resulta, por esse motivo entre outros, via setor privado e estatal, faltar demanda aos institutos de pesquisa, que os orientasse no sentido de pesquisas coerentes com a realidade tecno-econômica nacional. Passam estes institutos a se dedicar à pesquisa pura, que pouco ou quase nada tem a ver com a etapa de desenvolvimento tecno- econômico que o país atravessa. IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DA TECNOLOGIA Os tempos modernos impõem a utilização generalizada de novas tecnologias de informação nos mais diversos setores da sociedade. Fazem assim com que indivíduos de diferentes níveis sócioeconômicos e culturais convivam com um grande número de modernos produtos que o desenvolvimentocientífico e tecnológico coloca à disposição dos mesmos. No entanto, as tecnologias de informação geram diversidades e mudanças na sociedade, provocando diferentes impactos e exigindo uma nova postura por parte dos indivíduos diante dos novos cenários então vivenciados. Faculdade de Minas 21 Observa-se no processo cíclico descrito por Toffler a importância e a influência das tecnologias de informação na sociedade. O ciclo sugere que as novas tecnologias de informação tendem a provocar mudanças nos hábitos, comportamentos, atitudes e oportunidades do indivíduo com reflexo para a sociedade como um todo. Lau-Noriega (1990) acrescenta a essa discussão que a economia dos países desenvolvidos está baseada, hoje, nas indústrias de serviços, as quais representam uma outra revolução iniciada por esses países — que iniciaram também, segundo o autor, a transformação industrial do mundo — com bons resultados graças às tecnologias de informação. A despeito contudo dos indiscutíveis efeitos dessas tecnologias sobre a economia das nações e sobre as relações econômicas internacionais, são os impactos sociais que parecem constituir o aspecto mais relevante do estudo dessas questões por parte dos profissionais de informação, devendo ser objeto de estudo cuidadoso por parte destes que, por sua vez, têm grande responsabilidade pela sua utilização efetiva. Doctor (1992) em sua revisão de literatura sobre o tema tecnologia e sociedade, cita alguns pesquisadores que abordaram essa questão em seus estudos, comentando que o ponto comum em todas as pesquisas - cujo enfoque principal consiste na idéia de que a tecnologia não tem significado fora do contexto social - é que tecnologia e sociedade interagem, desenvolvendose conjuntamente, à medida que uma afeta o desenvolvimento da outra. Exemplo dessa interação é o advento das chamadas Sociedades da Informação, cujo componente tecnológico é bastante presente e acentuado. Webster (1994) argumenta que a definição mais comum de sociedade da informação enfatiza a questão da inovação tecnológica, onde o principal aspecto tem sido a redução nos custos de computadores, cujas aplicações, segundo o autor, estão "em qualquer lugar e em todos os lugares": carros, cozinhas, brinquedos, fábricas, televisão, relógios, máquinas etc. Sendo as tecnologias de informação hoje uma combinação de processamento eletrônico de dados e telecomunicações, é importante ressaltar a necessidade do conhecimento nessas duas áreas para o desenvolvimento, assimilação e utilização Faculdade de Minas 22 das mesmas. A palavra tecnologia, convém lembrar, tem um componente cada vez mais crescente de conhecimento, como já foi visto em Barreto (1994). Maia et ai (1991) descrevem um fluxo em que o conhecimento, ao mesmo tempo que possibilita a produção científica e tecnológica, capacita para a assimilação e o desenvolvimento de novas tecnologias CONSIDERAÇÕES FINAIS A tecnociência contemporânea está em contínua ebulição, de modo que os conhecimentos acumulados anteriormente não são necessariamente pré-condição para a formulação de novos projetos tecnológicos. O ritmo do progresso tecnológico, por seu caráter difuso e anárquico, em muitos momentos se sobrepõe aos critérios de competitividade econômica. As empresas precisam atentar mais ao ritmo acelerado das inovações do que aos produtos As tendências atuais do desenvolvimento tecnológico apontam para o caráter difuso e imprevisível que os processos e arranjos setoriais estão adquirindo. Não é mais possível projetar de forma calculada e precisa as articulações possíveis de desenvolvimento tecnológico em uma era de aceleração contínua e auto-referente (Martins, 2003). A evolução de uma linhagem técnica ocorre mediante o aperfeiçoamento dinâmico dos objetos técnicos, que se dá não em sua concepção e funcionalidade, mas dentro de sua própria realização. O caráter empírico e experimental do fazer técnico exige uma aproximação constante dos homens com seus respectivos objetos, o que não pode ser substituído por uma concepção abstrata de capital social, distante da realização dos artefatos técnicos. Faculdade de Minas 23 Está se tornando mais claro para os cientistas sociais atuais a necessidade de uma aproximação crescente entre os pesquisadores e a prática tecnológica concreta. Não é mais possível tratar a problemática tecnológica de forma exógena, condenando ou aceitando os artefatos ou processos técnicos sem uma visão contingencial e intrínseca às suas manifestações. A crítica de determinados filósofos da tecnologia aos autores da Escola de Frankfurt, por exemplo, refere-se exatamente a um diagnóstico geral e abstrato ao desenvolvimento técnico, sem levar em conta as especificidades e montagens concretas dos objetos e seu entorno (Feenberg, 1999). Há necessidade de uma aproximação entre a inovação enquanto conhecimento, e o conhecimento enquanto vivência técnica e cultural. A experimentação técnica representa a condição para a construção da inovação, tanto em suas dimensões culturais como operatórias. Nesse sentido, os diversos atores sociais são percebidos como atuantes diretos na definição dos rumos da inovação tecnológica. Faz-se necessário investir em ferramentas analíticas abertas o suficiente para que a inovação seja decodificada em suas diversas manifestações, culturais e tecnológicas. Não apenas os agentes econômicos e científicos são capazes de determinar a prática tecnológica, mas também os atores sociais. Mas esses atores são incapazes de se apropriar do processo inovativo sem uma articulação qualificada com a tecnicidade. A circulação de conhecimento no mundo contemporâneo ocorre mediante a apropriação diversa dos artefatos técnicos por parte dos agentes coletivos, o que por sua vez demanda uma aproximação da cultura com a técnica (Simondon, 1989). A tendência em se sobrevalorizar a gestão do conhecimento leva a se focar preponderantemente a forma e não o conteúdo da dinâmica inovativa. Corre-se o risco de exagerar o papel da gestão empresarial e tecnológica em detrimento da análise da prática dos agentes tecnológicos e leigos em suas interações. Faculdade de Minas 24 REFERÊNCIAS http://www.posugf.com.br/noticias/todas/2341-aspectos-eticos-e-socio-economicos- do-uso-das-novas-tecnologias-na-educacao http://www.inf.ufsc.br/~edla.ramos/orientacoes/trautmandagmar.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901977000500005 http://www.scielo.br/pdf/ln/n66/29087.pdf https://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/03/pdf_03146e4bbf_0008921.pdf http://www.posugf.com.br/noticias/todas/2341-aspectos-eticos-e-socio-economicos-do-uso-das-novas-tecnologias-na-educacao http://www.posugf.com.br/noticias/todas/2341-aspectos-eticos-e-socio-economicos-do-uso-das-novas-tecnologias-na-educacao http://www.inf.ufsc.br/~edla.ramos/orientacoes/trautmandagmar.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901977000500005 http://www.scielo.br/pdf/ln/n66/29087.pdf https://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/03/pdf_03146e4bbf_0008921.pdf
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