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FACULDADE BAIANA DE DIREITO E GESTÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO BRUNA MIRANDA, GIOVANNA LEITE, LAURA BUENO, MARIA EDUARDA BACELLAR E SOFIA DIDIER 1° AVALIAÇÃO DE FILOSOFIA NOTA: 9.0 Salvador 2022 2 QUESTÃO 1 Inicialmente, vale destacar que o pensamento de Heráclito tem extrema relevância no estudo a ser tratado na questão. Dessa forma, o pré-socrático acredita que tudo flui, e a partir disso o mesmo busca compreender a multiplicidade do real. Ele quer compreender a realidade na sua mudança, no seu devir, ou no vir-a-ser. Para Heráclito não existe estatismo, assim, vai representar o dinamismo fazendo uma metáfora com o fogo, que para ele era o princípio originário de todo universo e que vai ser considerada por ele uma forma visível da instabilidade, já que o mesmo está em constante mudança e movimento, símbolo eterno da agitação do devir- “O fogo eterno e vivo, ora se acende ora se apaga”. Seguindo sua premissa, podemos afirmar que tudo muda sem cessar, e o que temos em um certo momento é diferente do que foi e do que ainda será. Uma frase bastante por ele vai ser; “nunca nos banhamos no mesmo rio”. Através dela podemos concluir que de fato ele acredita que tudo flui, uma vez que ao interpretar tal sentença entendemos que ele quer dizer que ao nos banharmos pela segunda vez no rio, nós e nem próprio rio seremos mais o mesmo. Acredita na multiplicidade do ser, já que o mesmo pode estar constituído de oposições internas. Assim, de maneira contrária ao pensamento de Heráclito, surge o pensamento de Parmênides, que também é um pré-socrático só que da Escola Eleata. Parmênides acredita que o ser é imóvel e imutável e que as mudanças eram fruto da aparência. Vai fazer uma crítica ao pensamento de Heráclito de que tudo flui e que os seres são mutáveis. Ele considera algo inimaginável e fora da realidade acreditar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo, uma vez que ele afirma que uma essência não pode mudar, indo contra a ideia de mobilidade do ser. É possível dizer que Platão foi capaz de resolver o conflito entre o pensamento de Heráclito e Parmênides, ao dividir o mundo em dois: mundo sensível e mundo inteligível. A teoria do mundo sensível seria uma referência a Heráclito, dessa forma Platão expõe um mundo acessível pelos sentidos, onde prevalece as aparências que nos enganam, por isso ele é considerado imperfeito e mutável, pois está em constante transformação e mudança. Esse pensamento fica exemplificado no Mito da Caverna, na medida que as imagens refletidas para dentro da caverna são diferentes em 3 comparação com o que está fora da caverna, pois quando a informação chega no fundo da caverna elas já não são as mesmas que eram quando foram representadas. Já a teoria do mundo inteligível, aborda um mundo eterno e imutável, no qual tudo é fixo e perfeito, e é nele que prevalece a razão, sendo uma resposta direta ao pensamento de Parmênides. Na relação com o mito da caverna, a influência de Parmênides se aplica no mundo fora da caverna, no qual existe a verdade perfeita e imutável, bem como a origem das coisas e a sua essência fundamental, que é eterna e imóvel. Contudo, Platão pode provar que ambos os filósofos estavam certos de seus pensamentos ao dividir o mundo em dois, o sensível e o inteligível, unindo assim o mundo ontológico com o epistemológico. A partir dos pensamentos de Heráclito - no que diz respeito a tudo estar em constante movimento - e Parmênides - no que diz respeito ao ser algo imóvel - Aristóteles se baseou e desenvolveu parte de sua tese. Indo contra estes dois filósofos, foi possível para Aristóteles chegar a conclusões em seus pensamentos, primeiramente, em crítica a Heráclito, concluiu que em toda transformação há algo que muda e algo que permanece, acrescentando também que um ser não pode ser e não ser ao mesmo tempo, segundo o princípio de Heráclito da contradição. Criticou também Parmênides por esse limitar o movimento ao mundo sensível, o que limitava a ideia do ser. QUESTÃO 2 2.1 Escola patrística A Filosofia Medieval ou Filosofia Cristã, pode ser dividida em dois períodos: a escola Patrística (séculos II-VIII) e a escola Escolástica (séculos IX-XIII). A escola Patrística teve seu pensamento elaborados pelos “Padres da Igreja” e, em seu início, serviu um pensamento cristão, tendo por base a Bíblia e outras obras cristãs. O período patrística foi um período de mudança e transição de pensamento. A principal característica da filosofia Patrística foi a defesa da fé Cristã. Consolida o cristianismo e luta pela sua conservação após as invasões bárbaras. 4 Santo Agostinho foi seu principal representante. Foi bispo de Hipona, província romana na África. É considerado um dos mais importantes “Padres da Igreja” no ocidente. Ainda contou com a influência de Platão, que teve seu pensamento platônico difundido para os artísticos pelo neoplatonismo, essa que estudou, classificou e formulou teorias próprias a partir dos escritos deixados por Platão. A Patrística possui três períodos: a) antes de Santo Agostinho; b) tempo de Santo Agostinho; c) depois de Santo Agostinho. Antes de Santo Agostinho, os padres defendiam o cristianismo contra o paganismo, eles começam a defender a fé e deixam de lado a razão grega. O período antes de Santo Agostinho possui três principais bases filosóficas: 1) platonismo judaico; 2) platonismo cristão ou patrística; 3) neoplatonismo. 1) Defendia a fé na realidade dos antepassados e a razão na realidade em que viviam 2) Defendia a fé como ponto essencial e fundamental para a vivência da pessoa 3) Defendia somente a razão No período de Agostinho houve um crescimento do pensamento, que ocorreu pela descoberta de que era possível estudar filosofia com fé. No pós-Agostinho começa uma batalha entre a defesa da fé e da razão. Pôs-se a questão: é preciso crer para entender? A fé seria importante para o conhecimento, averiguava-se a verdade religiosa e moral. Havia uma necessidade de usar a razão para que a adesão à fé não fosse cega e passiva. Afirmavam que as verdades religiosas não podiam ser compreendidas a não ser pela fé. Depois desse período, não havia mais filosofia sem se pensar na religião e na fé do povo. 2.2 Escola escolástica A escola Escolástica (século IX ao XIV), foi um período da Filosofia Medieval onde a filosofia aristotélica e a junção entre a fé e razão ganharam centralidade para explicar os elementos teológicos. Sua principal característica é a ligação com a fé cristã. Seus filósofos (mestres escolásticos) estavam preocupados em formular, interpretar, explicar ou demonstrar os dogmas católicos, queriam provas a existência 5 da alma humana e de Deus. Para eles, sua a Igreja possuía o papel de conduzir os humanos à salvação. O interesse da escolástica é, acima de tudo, especulativo, e sua glória é á elaboração da filosofia cristã. Essa elaboração será plenamente racional, consciente e critica 3e foi com Tomás de Aquino que chega ao seu apogeu. Antes dele o que temos é o pensamento e a tendencia platônico-agostiniana, onde era impossível uma filosofia verdadeira e própria por falta de distinção entre razão e fé, filosofia e teologia. A Escolástica não era uma filosofia autônoma, pois se destinava ao ensino religioso, à verificação do dogma. Fazia uso do neoplatônico ou aristotélico com a finalidade de promover o exercício da racionalidade, esse que iria mostrar a existência de verdade nas afirmações religiosas. Construía uma reserva de argumentos contra a incredulidade e contra as heresias. Apoia suas afirmações na tradição religiosa e na forca das Auctoritas as palavras sagradas contidas nas escrituras cristãs. Juntamente com as decisões dos Bispos. A Escolástica utiliza dométodo racional e tem função de demonstrar, fundamentar, justificar e defender uma determinada tradição ou religião. Se divide em: 1) a escolástica pré-tomista, com orientação agostiniana (IX- XIII); 2) a escolástica de Tomás de Aquino, onde se constrói uma filosofia de raízes cristãs, com limites claros quanto à teologia (XIII); 3) período pós-tomista (XIV-XV), a rápida decadência história da escolástica e demarca a\ transição ao período renascentista. 2.2 Racionalismo Na Idade Média, a construção do conhecimento era orientada de acordo com os interesses da igreja. Durante a transição entre Idade Média e Idade Moderna, com a mudança de realidade e de pensamento, surge a necessidade do ceticismo, do questionamento das coisas e da busca por métodos e formas que o homem pode usar para alcançar a verdade e, é dessa forma que surgem as duas principais correntes de pensamento dessa época – o Racionalismo e o Empirismo. 6 Os racionalistas confiam na capacidade humana de atingir verdades universais e eternas, enquanto os empiristas questionam o caráter absoluto da verdade, pois para estes, o conhecimento parte de uma realidade em transformação constante. Para o Racionalismo, a razão tomada em si mesma e sem apoio da experiência sensível, é o fundamento e a fonte do conhecimento verdadeiro, ou seja, a razão controla a experiência sensível para que esta possa participar do conhecimento verdadeiro. O Racionalismo tem como principal representante o filósofo René Descartes. O propósito principal de Descartes foi encontrar um método tão seguro que o conduzisse à verdade indubitável, e o procura no ideal matemático, que é um conhecimento inteiramente dominado pela inteligência -e não pelos sentidos- o que lhe permite estabelecer cadeias de razões, para deduzir uma coisa de outra. Descartes parte em busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. Começa duvidando de tudo. Isso é a dúvida metódica, porque é essa dúvida que o impele a indagar se não restaria algo que fosse inteiramente indubitável. Descartes só interrompe a cadeia de dúvidas diante do seu próprio ser que duvida, aparecendo com o pensamento “Penso, logo existo”. 2.4 Empirismo Para o Empirismo, diferente do Racionalismo, a verdade e as ideias racionais são adquiridas por nós através da experiencia. Para os empiristas, antes da experiencia nossa razão é como uma “folha em branco”, onde nada foi escrito; uma tábula rasa onde nada foi gravado. A razão é uma maneira de conhecer e a adquirimos no decorrer de nossa vida. Os empiristas defendem que nossos conhecimentos começam com a experiencia dos sentidos, isto é, com as sensações. Os objetos exteriores excitam nossos órgãos dos sentidos e vemos cores sentimos sabores e odores e ouvimos sons. 7 As sensações se reúnem e formam uma percepção, ou seja, percebemos uma única coisa ou um único objeto que nos chegou por meio de várias e diferentes sensações. As ideias trazidas pela experiencia, -pela sensação, pela percepção e pelo hábito- são levadas à memória e, de lá, a razão as apanha para formar pensamentos. A experiencia escreve e grava em nosso espírito as ideias, e a razão vai associá-las, combiná-las ou separá-las, formando todos os nossos pensamentos. 8 REFERÊNCIAS Agostinho de Hipona – Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona. Acesso em: 15/04/2022 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia, volume único / Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. — 6. ed. — São Paulo: Moderna, 2016 CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia – Editoria Ática, São Paulo, 2000. EDMAR, José. Cadernos didáticos para o ensino de Filosofia: volume I – Sobral: UVA, 2013 (Programa de Bolsa de Iniciação à Docência Experencias Inovadoras entre Universidades e Escolas – Projeto PIBID UVA 2011 – Universidade Estatual Vale do Acaraú – UVA) Disponível em: http://www.uvanet.br/biblioteca/downloads/cadernos_didaticos_vol_1.pdf#page=152. Acesso em: 15/04/2022 MARA, Claudia. Filosofia Medieval. Jus Brasil. 2020 disponível em: https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/863996765/filosofia- medieval#:~:text=O%20platonismo%20crist%C3%A3o%20defendia%20a,pag%C3% A3o%2C%20defendia%20somente%20a%20raz%C3%A3o. Acesso em: 15/04/2022 https://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona http://www.uvanet.br/biblioteca/downloads/cadernos_didaticos_vol_1.pdf#page=152 https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/863996765/filosofia-medieval#:~:text=O%20platonismo%20crist%C3%A3o%20defendia%20a,pag%C3%A3o%2C%20defendia%20somente%20a%20raz%C3%A3o https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/863996765/filosofia-medieval#:~:text=O%20platonismo%20crist%C3%A3o%20defendia%20a,pag%C3%A3o%2C%20defendia%20somente%20a%20raz%C3%A3o https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/863996765/filosofia-medieval#:~:text=O%20platonismo%20crist%C3%A3o%20defendia%20a,pag%C3%A3o%2C%20defendia%20somente%20a%20raz%C3%A3o
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