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Economia Internacional Capítulo 9 – Economia Política da Política Comercial Argumentos a favor do livre comércio: Livre Comércio e Eficiência: Uma tarifa gera uma perda líquida para a economia; ela faz isso ao distorcer os incentivos econômicos tanto de produtores como consumidores. Por outro lado, a abertura ao livre comércio elimina essas distorções e aumenta o bem estar nacional. Economias de Escala: Os mercados protegidos não apenas fragmentam a produção internacionalmente, mas, reduzindo a concorrência e aumentando os lucros, também levam muitas firmas a entrar na indústria protegida. Com uma proliferação de firmas em mercados domésticos restritos, a escala de proteção de cada uma se torna ineficiente. Aprendizagem e Inovações: Ao incentivar os empresários a procurar novos caminhos para exportar ou concorrer com importações, ele oferece mais oportunidades para aprendizagem e as inovações do que um sistema de comércio “administrado”, no qual o governo dita, em grande medida, o padrão das importações e exportações. Argumento Político a favor do livre comércio: O compromisso político com o livre comércio pode ser uma boa idéia na prática, mesmo que em princípio possa haver políticas melhores. Com freqüência os economistas argumentam, que, na prática, as políticas comerciais são mais influenciadas por interesses particulares do que pela consideração dos custos e dos benefícios nacionais. Às vezes, os economistas conseguem mostrar que, na teoria, um conjunto específico de tarifas e subsídios à exportação poderia aumentar o bem-estar nacional, mas na realidade qualquer órgão do governo que tentasse se dedicar a um programa sofisticado de intervenção no comércio provavelmente seria tomado por grupos de interesse e convertido em um meio de distribuição de renda a setores politicamente influentes. Argumentos do bem-estar nacional contra o livre comércio: Argumento dos termos de troca a favor das tarifas: No caso de um país grande, capaz de afetar os preços dos exportadores estrangeiros, uma tarifa diminui o preço das importações e, dessa forma beneficia os termos de troca. Esse benefício deve ser pesado em relação aos custos da tarifa, que surgem porque ela distorce os incentivos à produção e ao consumo. É possível, porém, que em alguns casos os benefícios dos termos de troca proporcionados pela tarifa superem seus custos, de modo que exista um argumento dos termos de troca a favor de uma tarifa. Com tarifas de alíquota baixa, o bem-estar de um país grande é maior do que com o livre comércio. A alíquota da tarifa que maximizar o bem-estar nacional é a tarifa ótima. A alíquota da tarifa ótima é sempre positiva, mas inferior à alíquota positiva que eliminaria todas as importações. Argumento da falha do mercado doméstico contra o livre comércio: Ocorre quando algum mercado do país não está desempenhando sua função corretamente. Esse argumento é um caso particular de um conceito mais geral conhecido na economia como teoria do segundo melhor. De acordo com essa teoria, uma política sem interferências é desejável em qualquer mercado somente se todos os outros mercados estiverem funcionando adequadamente. Caso eles não estejam, uma intervenção do governo que pareça distorcer os incentivos em um mercado pode efetivamente aumentar o bem-estar ao compensar as conseqüências das falhas do mercado em outro lugar. A dificuldade de averiguar qual a política comercial do segundo melhor a ser seguida reforça o argumento político a favor do livre comércio. Distribuição de renda e Política Comercial De que maneira as preferências dos indivíduos são somadas a fim de produzir a política comercial que vemos na realidade? Concorrência Eleitoral:Que políticas econômicas os 2 partidos prometerão seguir? Resposta: Eles tentarão encontrar um meio-termo, especificamente, ambos tenderão a convergir para a alíquota preferida pelo eleitor mediano, que está exatamente na metade da fila. Logo, os 2 partidos acabarão propondo uma tarifa próxima àquela que o eleitor mediano deseja. Ação Coletiva: O fato de a política ser um bem público significa que as políticas que impõem grandes perdas no total, mas pequenas perdas para cada indivíduo podem não enfrentar uma oposição efetiva. Trata-se de um problema de ação coletiva: embora interesse ao grupo como um todo pressionar por políticas favoráveis, não interessa aos indivíduos fazê-lo Esse problema pode ser superado quando o grupo é pequeno (de modo que cada indivíduo venha a auferir uma parcela significativa dos benefícios das políticas favoráveis) e / ou bem organizado (de modo que os membros do grupo possam ser mobilizados para agir em seu interesse coletivo). O problema da ação coletiva, então, pode explicar por que políticas, que, além de parecer gerar mais custos do que benefícios, parecem prejudicar muito mais eleitores do que ajudar podem, ainda assim, ser adotadas. Vantagens da Negociação Por pelo menos 2 motivos, é mais fácil diminuir as tarifas como parte de um acordo mútuo do que fazê-lo como política unilateral. Em 1º lugar, um acordo mútuo ajuda a angariar apoio para um comércio mais livre. Em 2º lugar, os acordos negociados sobre o comércio ajudam os governos a não entrar em guerras comerciais destrutivas. Questão de Teoria dos Jogos – Dilema do Prisioneiro – Livre comércio ou proteção? Capítulo 10 – A Política Comercial nos países em desenvolvimento Industrialização pela Substituição de Importações Da 2ª GM à década de 1970, para acelerar seu crescimento, muitos países em desenvolvimento limitaram as importações de bens manufaturados, com o objetivo de fomentar um setor manufatureiro que atendesse o mercado doméstico. Essa estratégia se tornou popular, por muitos motivos, mas os argumentos da teoria econômica a favor da SI desempenharam papel importante nesse crescimento. Provavelmente, o mais importante desses argumentos era o argumento da indústria nascente. Argumento da Indústria Nascente: Os países em desenvolvimento têm uma vantagem comparativa potencial na manufatura, mas as novas indústrias manufatureiras desses países não podem, a princípio, concorrer com as sólidas manufaturas dos países desenvolvidos. Para lhes dar o apoio necessário, os governos devem ajudar temporariamente as novas indústrias, até que elas se tornem fortes o suficiente para enfrentar a concorrência internacional. Desse modo, faz sentido utilizar tarifas ou cotas de importação como medidas temporárias para dar início à industrialização. Problemas com o argumento da indústria nascente: Em 1º lugar, nem sempre é bom intervir hoje nas indústrias que terão uma vantagem comparativa no futuro. Suponha que um país atualmente trabalho-abundante esteja no processo de acumular capital: quando ele acumular capital suficiente, terá uma vantagem comparativa nas indústrias capital intensivas. Isso não significa que o país deverá desenvolver essas indústrias imediatamente. Em 2º lugar, a proteção às manufaturas não faz nenhum bem, a não ser que a proteção em si ajude a tornar a indústria competitiva. Alguns economistas têm alertado também sobre o caso da “indústria pseudonascente”: a indústria é protegida inicialmente e depois se torna competitiva por motivos que não têm nada a ver com a proteção. Nesse caso, a proteção da indústria nascente acaba parecendo um sucesso, mas pode na verdade ter sido um custo líquido para a economia. Geralmente, o fato do desenvolvimento de uma indústria ser custoso e levar tempo não é um argumento a favor da intervenção do governo, a não ser que haja alguma falha no mercado doméstico. Justificativas da falha de mercado para a proteção da indústria nascente: Entre os defensores do argumento da indústria nascente, os mais esclarecidos têm identificado 2 falhas de mercado que, por si só, justificariam a proteção da indústria nascente: os mercados imperfeitos de capital e o problema da apropriabilidade. Justificativa dos mercados imperfeitos de capitais: Se um paísem desenvolvimento não tem um conjunto de instituições financeiras que permita que as poupanças de setores tradicionais sejam utilizadas para financiar o investimento em novos setores, então o crescimento de novas indústrias será restrito pela capacidade de as firmas nessas indústrias auferirem lucros no presente.Assim, lucros iniciais baixos serão um obstáculo ao investimento mesmo que os retornos de longo prazo sobre esse investimento sejam elevados. Argumento da Apropriabilidade: Pode assumir diversas formas, mas todas têm em comum a idéia de que as firmas em uma nova indústria geram benefícios sociais pelos quais não são compensadas. Por exemplo, as firmas que entram primeiro em uma indústria podem ter de incorrer em custos iniciais de adaptação da tecnologia a circunstâncias locais, ou de abertura de novos mercados. Se outras firmas podem seguir as líderes sem incorrer nesses custos iniciais, impede-se que as pioneiras recebam quaisquer retornos desses desembolsos. Assim, as firmas pioneiras podem, além de obter um produto físico, criar benefícios intangíveis (como conhecimento ou novos mercados) sobre os quais não poderão estabelecer direitos de propriedade. Os benefícios sociais da criação de uma nova indústria excederão os custos, contudo, por causa do problema da apropriabilidade, nenhum empresário estará disposto a entrar nela. Problemas da Industrialização pela Substituição de Importações Por que ISI não funcionou da forma esperada? O principal motivo parece ser o seguinte: ao contrário do que muitos pensavam, o argumento da indústria nascente não era tão universalmente válido. Um período de proteção não criará um setor manufatureiro competitivo se, por determinados motivos fundamentais, o país não tiver uma vantagem comparativa nesse setor. A experiência tem mostrado que os motivos do não-desenvolvimento são, em geral, mais profundos do que a simples falta de experiência nas manufaturas. Os países pobres não têm trabalho qualificado e empreendedores nem competência gerencial; para completar, têm problemas de organização social que tornam difícil manter ofertas confiáveis de tudo, desde peças de reposição até eletricidade. O argumento da indústria nascente é que, dada a proteção temporária das tarifas ou cotas, as indústrias manufatureiras das nações menos desenvolvidas aprenderão a ser mais eficientes. Na prática, isso nem sempre acontece. Parte do problema se deve ao fato de muitos países utilizarem métodos excessivamente complexos para promover suas indústrias nascentes. Ou seja, utilizarem cotas de importação complicadas e sobrepostas, controles de câmbio e normas de conteúdo doméstico, em vez de tarifas simples. Outro custo que tem recebido atenção considerável é a tendência de as restrições às importações promoverem a produção em uma escala ineficientemente pequena. O mercado doméstico total não é grande o suficiente para permitir instalações de produção em uma escala eficiente. Problemas da economia dual A divisão de uma única economia em 2 setores que parecem estar em níveis muito diferentes de desenvolvimento é denominado dualismo econômico, e uma economia com essa característica é considerada uma economia dual. Quando os mercados estão funcionando mal, pode surgir o argumento da falha de mercado a favor de restrições ao livre comércio. A presença do dualismo econômico, com freqüência, é utilizada para justificar as tarifas que protegem o setor manufatureiro, aparentemente mais eficiente. Um 2º motivo que relaciona o dualismo à política comercial é que a política comercial em si pode ter muito a ver com ele. À medida que a industrialização pela SI entrou na mira de ataque, alguns economistas começaram a argumentar que tais políticas tinham, na verdade, ajudado a criar uma economia dual ou pelo menos agravado alguns de seus sintomas. Sintomas do dualismo: ● O valor do produto por trabalhador é muito maior no setor moderno do que no resto da economia. ● Acompanhando o valor elevado do produto por trabalhador está um salário mais alto. Os trabalhadores da indústria podem receber dez vezes o que os trabalhadores rurais recém. ● O valor elevado do produto por trabalhador no setor moderno é, pelo menos em parte, devido à maior intensidade de capital na produção. ● Muitos países menos desenvolvidos têm um problema de desemprego persistente. Mercados de trabalho duais e política comercial Caso exista um diferencial de salários, os mercados alocarão mal o trabalho; as firmas do setor industrial contratarão poucos trabalhadores. Uma política de governo que os induza a contratar mais pode elevar o bem-estar nacional. De acordo com o modelo de Harris-Todaro, um aumento no número de empregos manufatureiros levaria a um êxodo rural tão grande que o desemprego urbano, na verdade aumentaria. Quando um trabalhador adicional é contratado pelo setor manufatureiro, 2 ou 3 trabalhadores a mais podem deixar a agricultura para inchar os índices de desemprego urbano. Embora o trabalhador sortudo ganhe, seu ganho salarial, será em grande parte compensado pelas perdas salariais dos novos desempregados. O suposto benefício marginal social do emprego manufatureiro adicional fica, portanto, perdido. Assim como o argumento da indústria nascente, o argumento dos diferenciais de salários a favor da proteção é hoje desaprovado pelos economistas. Industrialização orientada para exportações: o milagre do Leste Asiático A partir de meados da década de 1960, tornou-se cada vez mais claro que havia outro caminho possível para a industrialização: eram as exportações de bens manufaturados, principalmente para as nações mais avançadas. Além disso, os países que se desenvolveram dessa maneira, um grupo que o Banco Mundial agora chama de economias asiáticas de alto desempenho (EAADs), atingiram um crescimento econômico espetacular. Os fatos de crescimento asiático: Na década de 1960, um crescimento econômico rápido começou em 4 economias asiáticas menores, freqüentemente chamadas de “ os 4 tigres”: Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e Cingapura. Finalmente, no final da década de 1970 e na década de 1980, o rápido crescimento começou na Malásia, Tailândia e Indonésia e, de maneira mais espetacular, na China. Além das altas taxas de crescimento, as EAADs possuem uma característica distinta: elas são muito abertas ao comércio internacional, e têm se tornado ainda mais ao longo do tempo. Na verdade, as economias asiáticas de crescimento rápido são muito mais orientadas para as exportações que os outros países em desenvolvimento, em particular a América Latina e o sul da Ásia. Política Comercial nas EAADs As razões elevadas de exportações e importações m relação ao PIB nas nações asiáticas são conseqüências das políticas comerciais, que, embora pudessem não corresponder exatamente ao livre comércio, deixavam o comércio muito mais livre do que nos países em desenvolvimento que tentaram se desenvolver pela SI. Infelizmente, a realidade na confirma essa história tanto quanto os seus defensores gostariam. Em primeiro lugar, não está claro em que medida as razões de comércio alta nas EAADs podem realmente ser atribuídas às políticas de livre comércio. Com exceção de Hong Kong, essas economias na verdade não têm experimentado nada muito próximo do livre comércio: todas continuam a manter tarifas razoavelmente substanciais, cotas de importação, subsídios à exportação e outras políticas que administram seu comércio. As EAADs estão seguindo políticas econômicas mais próximas do livre comércio que os outros países em desenvolvimento? Provavelmente sim, embora a complexidade das políticas comerciais seguidas pelos países em desenvolvimento em geral torne as comparações difíceis. Política Industrial nas EAADs Alguns articulistas acreditam que o sucesso das EAADs, longe de demonstrar a eficácia das políticas do livre comércio, representa na realidade uma vitória para o intervencionismo sofisticado. De fato, é verdadeque várias das economias bem- sucedidas têm praticado políticas que favorecem determinadas indústrias em relação a outras: tais políticas industriais incluem não somente tarifas, restrições à importação e subsídios à exportação, mas também políticas mais complexas, como empréstimos a juros baixos e apoio do governo para pesquisa e desenvolvimento. Outros fatores de crescimento As economias asiáticas de crescimento rápido não são peculiares apenas no que diz respeito à sua alta fração de comércio. Quase todas têm taxas de poupança muito altas, o que significa que podem financiar taxas de investimento muito altas. Quase todas têm dado grandes passos no campo do ensino público. Diversas estimativas recentes sugerem que a combinação de altas taxas de investimento com níveis de instrução em rápido crescimento explica, em grande parte, o crescimento rápido no Leste da Ásia. Capítulo 11 – Controvérsias em Política Comercial Argumentos sofisticados a favor da política comercial ativista A política governamental ativista precisa de um tipo específico de justificativa; a saber, ela deve compensar alguma falha preexistente do mercado doméstico. O problema com muitos argumentos a favor da política comercial ativista é exatamente que eles não se relacionam a nenhuma falha. O problema com os argumentos da falha de mercado a favor da intervenção é um só: como reconhecer uma falha de mercado? Os economistas que estudam os países industrializados têm identificado 2 tipos de falhas de mercado que, ao que parece, estão presentes nesses países e são relevantes para suas políticas comerciais. Uma delas se verifica nas indústrias de alta tecnologia: as firmas nessas indústrias são incapazes de desfrutar os benefícios da parte da contribuição ao conhecimento que vaza para as concorrentes. A outra falha é a presença de lucros de monopólio em indústrias oligopolistas altamente concentradas. Tecnologias e externalidades Se as firmas em uma determinada indústria geram conhecimento que outras firmas podem também utilizar sem pagar por isso, a indústria está na realidade gerando um produto adicional, o benefício social marginal do conhecimento, que não se reflete nos incentivos das firmas. Logo, nas indústrias em que essas externalidades (beneficiados apropriados por outros grupos além das firmas que os geram) mostram-se importantes, há um bom argumento a favor do subsídio. O fato a favor da política comercial ativista é que, embora as firmas possam se apropriar de alguns dos benefícios de seu investimento em conhecimento, elas normalmente não podem se apropriar da totalidade dos benefícios. Alguns dos benefícios vão para nas mãos de outras firmas, que podem imitar as idéias e as técnicas das líderes. Como as leis de patentes não protegem adequadamente os inovadores, é razoável supor que, sob o laissez-faire, as firmas de alta tecnologia não ficariam tão motivadas a inovar quanto deveriam. O argumento a favor do apoio do governo às indústrias de alta tecnologia Embora as indústrias de alta tecnologia provavelmente produzam benefícios sociais adicionais por causa do conhecimento que geram, muito do que ocorre em uma indústria de alta tecnologia não tem nada a ver com a geração de conhecimento. Não há nenhum motivo para subsidiar o emprego de capital ou de trabalhadores não técnicos nessas indústrias; por outro lado, a inovação e os vazamentos de tecnologia acontecem, até certo ponto, em qualquer indústria, não só nas de alta tecnologia. Um princípio geral é que o comércio e a política industrial deveriam ter como alvo especificamente a atividade na qual a falha de mercado ocorre. Desse modo, a política econômica deveria procurar subsidiar a geração de conhecimento da qual as firmas não podem se apropriar. O argumento dos vazamentos de tecnologia é provavelmente o melhor que se pode apresentar a favor de uma política industrial ativa. Concorrência Imperfeita e Política Comercial Estratégica Localiza na falta de concorrência perfeita a falha de mercado que justifica a intervenção governamental. Eles chamaram a atenção para o fato de que, em certas indústrias, existirem apenas algumas firmas em concorrência efetiva. Por causa do pequeno número de firmas, os pressupostos de da concorrência perfeita não se aplicam. Em particular, haverá normalmente retornos em excesso, isto é, as firmas terão lucros acima daqueles que os investimentos com mesmo risco em outros setores da economia podem auferir. Haverá uma concorrência internacional relativa a quem ficará com esses lucros. Problemas com a análise de Brander-Spencer O subsídio dado pelo governo europeu eleva abruptamente os lucros de uma firma européia, à custa de seus rivais estrangeiros. Deixando de lado o interesse dos consumidores, isso parece sem dúvida elevar o bem-estar europeu (e reduzir o bem- estar americano). O governo dos EUA não deveria, então, colocar esse argumento na prática (justificar o ativismo do governo)? Na verdade, essa justificativa estratégica a favor da política comercial, embora tenha atraído muito interesse, também tem recebido várias críticas. Os críticos argumentam que, para a teoria da certo na prática, seriam necessárias mais informações do que as costumam estar disponíveis. Além disso, essas políticas apresentariam o risco de uma retaliação estrangeira. A necessidade de informações fica pior pelo fato de não podermos considerar as indústrias isoladamente. Se uma indústria é subsidiada, ela tira recursos de outras indústrias e aumenta os custos delas. Desse modo, mesmo uma política econômica que consiga dar às firmas americanas uma vantagem estratégica em uma indústria tenderá a causar uma desvantagem estratégica em outra. O fato de o governo conhecer a fundo determinada indústria não é suficiente; ele precisa também conhecer a fundo as indústrias com as quais aquela indústria concorre por recursos. Se determinada política comercial estratégica for capaz de superar tudo isso, ela ainda se defrontará com o problema da retaliação estrangeira, essencialmente o mesmo problema visto quando consideramos o uso de tarifas para melhorar os termos de troca. As políticas estratégicas são políticas econômicas do tipo empobreça-se- vizinho, que aumentam nosso bem-estar à custa dos outros países. Essas políticas levam, portanto, ao risco de uma guerra comercial que prejudica a todos. Capítulo 12 – Contabilidade Nacional e o Balanço de Pagamentos Y = C + I + G + EX – IM ; TC = EX – IM ; Y – (C + I + G) = TC S = I + TC ; Sprivado – I = Sgoverno + (X – M) ; Sprivado + Sgoverno = I + (X – M) Capítulo 20 – Áreas Monetárias e a Experiência Européia O Sistema Monetário Europeu (SME) Os 8 participantes originais do mecanismo de taxas de câmbio do SME: França, Itália, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Irlanda, Luxemburgo e Holanda começaram a operar sob uma rede formal de taxas de câmbio mutuamente atreladas dentro de margens de flutuações específicas. O SME desenvolveu provisões generosas para estender o crédito dos membros com moeda forte para os membros de moeda fraca. Vários membros reduziram a possibilidade de ataques especulativos mantendo controles cambiais que restringiam diretamente, para os residentes domésticos, a liberdade de trocar moedas domésticas por estrangeiras (anos iniciais). Concordando em remover os controles cambiais, os governos da UE estavam dizendo que era menos importante utilizar as políticas monetária e cambial para fins domésticos do que avançar mais rápido na direção de um mercado europeu único. Os 2 motivos principais pelos quais a União Européia procurou fixar as taxas de câmbio internas: ● Desejo de defender os interesses econômicos da Europa mais eficazmente em nível mundial. ● Ambição de atingir maior unidade econômica interna. Fixando as taxas de câmbio em relação ao DM, os outros países do SME, de fato, importaram a credibilidade do Bundesbank alemão na luta contra a inflação e, assim, desestimularam o desenvolvimento de pressõesinflacionárias internas, pressões que de outra forma eles seriam tentados a acomodar por meio da expansão monetária. Esse ponto de vista, da teoria da credibilidade do SME, é uma variante do argumento da “disciplina” contra as taxas de câmbio flutuantes: os custos políticos da violação de um acordo internacional sobre taxas de câmbio podem impedir os governos de depreciar suas moedas para ganhar a vantagem de curto prazo de uma expansão econômica, ao custo de longo prazo de uma inflação mais elevada. A Alemanha determinava a política monetária do sistema. União Econômica e Monetária Européia No primeiro estágio do plano Delors, todos os membros da UE deveriam ingressar no mecanismo de taxas de câmbio (MTC). No segundo estágio, as margens de taxas de câmbio seriam reduzidas e certas decisões de política macroeconômica seriam colocadas sob controle mais centralizado da EU. Finalmente, o terceiro estágio do plano Delors envolvia a substituição de moedas nacionais por uma única moeda européia e a atribuição de todas as decisões de política monetária a um Sistema Europeu de Bancos Centrais e dirigido por um Banco Central Europeu. Por que os países da EU se afastaram do SME e se aproximaram do objetivo muito mais ambicioso de uma moeda única compartilhada? Por 4 razões: 1. Acreditavam que uma única moeda produziria um grau maior de integração do mercado europeu do que as taxas de câmbio fixas, removendo a ameaça dos realinhamentos monetários inerentes ao SME e eliminando, para os negociantes, os custos de converter uma moeda do SME em outra. 2. O Banco Central Europeu que substituiria o Bundesbank alemão, nas regras da UEM, teria de ser mais atencioso com os problemas de outros países e isso, automaticamente, deixaria esses países em pé de igualdade com a Alemanha para opinar nas decisões de política monetária relativas a todo o sistema. 3. Qualquer sistema de taxas de câmbio fixas entre moedas nacionais diferentes estaria sujeito a ataques especulativos intensos. 4. Todos os líderes dos países da EU esperavam que as disposições do Tratado de Maastricht garantissem a estabilidade política na Europa. Os critérios de convergência de Maastricht e o Pacto de estabilidade e crescimento O Tratado de Maastricht especifica que os membros da EU devem satisfazer a diversos critérios de convergência macroeconômica antes que possam ser admitidos na UEM: 1. A taxa de inflação do país no ano anterior à admissão pode ser, no máximo, 1,5 por cento maior do que a média nos 3 estados-membros da UE com inflação mais baixa. 2. O país deve ter mantido uma taxa de câmbio estável dentro do MTC, sem ter desvalorizado sua moeda por iniciativa própria. 3. O déficit do país no setor público dever ser de, no máximo, 3 por cento de seu PIB (exceto em circunstâncias excepcionais e temporárias). 4. O país deve ter uma dívida pública inferior ou próxima de 60 por cento de seu PIB. Além disso, um Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) suplementar negociado pelos líderes europeus em 1997 apertou ainda mais a camisa de força fiscal. O PEC define, como objetivo orçamentário de médio prazo, “posições próximas ao equilíbrio ou em superávit”. Ele também define um cronograma para a imposição de penalidades financeiras aos países que não corrigirem situações de déficits e dívidas “excessivas” com a devida rapidez. O Sistema Europeu de Bancos Centrais A administração do BCE central, que consiste no corpo executivo, interage com os representantes dos bancos centrais nacionais para determinar a política monetária a ser seguida em toda a área do euro. Os autores do Tratado de Maastricht esperavam criar um banco central independente, livre das influências políticas que pudessem levar à inflação. Além de obrigar o SEBC a buscar a estabilidade de preços, o tratado inclui muitas disposições destinadas a proteger as decisões de política monetária contra as influências políticas. Além disso, diferentemente de qualquer outro banco central do mundo, o SEBC opera acima e além doa alcance de qualquer governo nacional isolado. A Teoria das Áreas Monetárias Ótimas A sobrevivência e evolução futuras da experiência monetária européia dependem mais de sua capacidade de auxiliar os países a atingir suas metas econômicas. Esse cenário não é tão evidente porque a decisão de um país de fixar sua taxa de câmbio pode, em princípio, levar tanto a sacrifícios econômicos como a benefícios. Os custos e benefícios de se integrar a uma taxa de câmbio fixa como o SME dependem de quão bem integrada está a economia do país com a de seus parceiros potenciais. Integração Econômica e os Benefícios de uma área de taxa de câmbio fixa: a curva GG O principal benefício econômico das taxas de câmbio fixas é que, em relação às taxas flutuantes, elas simplificam os cálculos econômicos e possibilitam uma base mais previsível de decisões a respeito de transações internacionais. O ganho de eficiência monetária de ingressar no sistema de taxa de câmbio fixa equivale àquilo que o ingressante economiza ao evitar a incerteza, a confusão, o cálculo e os custos de transação, inerentes à flutuação das taxas cambiais. Esse ganho será maior se o país europeu comercializar muito com os países da zona do euro. Conclusão: um alto grau de integração econômica entre um país e uma área de taxa de câmbio fixa amplia o ganho de eficiência monetária que o país colhe quando ele fixa sua taxa de câmbio em relação às moedas da área. Quanto mais amplos forem os movimentos de comércio e de fatores entre as fronteiras, maior é o ganho decorrente de uma taxa de câmbio fixa entre essas fronteiras. Se o nível de preços da zona do euro é estável e a taxa de câmbio do país se mantiver fixa, temos a principal conclusão: quando o país se atrela ao euro, ele ganha com a estabilidade de sua moeda em relação ao euro, e esse ganho de eficiência é maior quanto mais intimamente relacionados estiverem os mercados do país e os mercados da zona do euro. A intensa integração econômica leva à convergência internacional dos preços e, portanto, diminui a margem para variações independentes no nível de preços do país que está se atrelando. Integração Econômica e os Custos de uma área de taxa de câmbio fixa: a curva LL O país só tem um problema sério quando, sozinho, sofre uma queda na demanda. Como o país se ajustará a esse choque? Uma vez que nada aconteceu para mudar o euro, ao qual o país está atrelado, sua moeda permanecerá estável em relação a todas as moedas estrangeiras. O pleno emprego só será restabelecido após um período de dolorosa crise, na qual os preços dos bens e os salários dos trabalhadores cairão. Como a gravidade dessa crise se relaciona com o nível de integração entre a economia do país e as dos outros países da UEM? Resposta: uma maior integração implica uma crise menor. Motivos: 1. Se o país tem ligações comerciais significativas com a zona do euro, uma redução pequena em seus preços levará a um aumenta na demanda da zona por produtos do país, um aumento grande, em relação ao produto do país. Assim, o pleno emprego poderá ser restabelecido rapidamente. 2. Se os mercados de trabalho e de capital do país forem muito relacionados aos dos vizinhos da zona do euro, os trabalhadores desempregados poderão facilmente mover-se para outros países a fim de encontrar trabalho, e o capital doméstico poderá ser utilizado de modo mais lucrativo em outros países. A capacidade dos fatores migrarem para o exterior reduz a gravidade do desemprego no país, bem como a taxa de retorno disponível para investidores. Conclusão: um grau elevado de integração econômica entre um país e a área de taxa de câmbio fixa à qual ele adere reduz a perda de estabilidade econômica devida a perturbações no mercado de produto. Decisão de ingressar em uma área Monetária: juntando as curvas GG e LL O que é uma área monetária ótima? As áreas monetárias ótimas são grupos de regiões com economias intimamente relacionadas pelocomércio de produtos e serviços e pela mobilidade dos fatores. Chegamos a essa conclusão porque vimos que, se o grau de comércio de produtos e fatores entre as economias incluídas é alto, uma área de taxa de câmbio fixa servirá melhor aos interesses econômicos de cada membro. EU não é uma área monetária ótima porque apresenta baixa mobilidade do trabalho. Capítulo 18 – Sistema Monetário Internacional Objetivos da Política Macroeconômica em uma Economia Aberta Os formuladores da política econômica sã motivados pelos 2 objetivos que mencionamos: o equilíbrio interno e o externo. Podemos definir o equilíbrio interno como aquele ponto em que os recursos do país estão plenamente empregados e o nível de preços local está estável. Já o equilíbrio externo é alcançado quando as transações correntes do país não estão em um déficit tão profundo que o país não possa pagar sua dívida externa no futuro, nem com um superávit tão grande que sejam os estrangeiros os prováveis inadimplentes. Equilíbrio externo sob o Padrão Ouro Sob o padrão ouro, a responsabilidade principal de um banco central era preservar a paridade oficial entre sua moeda e o ouro: para manter esse preço, o banco central necessitava de um estoque suficiente de reservas em ouro. Os formuladores de política econômica consideravam o equilíbrio externo não como um objetivo das transações correntes, mas como uma situação em que o banco central não estava nem ganhando ouro do exterior, nem perdendo a uma taxa rápida demais. Os bancos centrais tentavam evitar grandes flutuações no balanço de pagamentos. Como as reservas internacionais tomaram a forma de ouro durante esse período, o superávit ou déficit no balanço de pagamentos tinha de ser financiado por trocas de carregamentos de ouro entre os bancos centrais. Para evitar grandes movimentos do ouro, os bancos centrais adotaram políticas que levaram o componente do superávit (ou déficit) da conta financeira menos reservas a se comportar no mesmo ritmo do déficit (ou superávit) total das transações correntes e da conta capital. Mecanismo preço-fluxo de metais preciosos No padrão ouro, entram em ação alguns mecanismos automáticos poderosos que contribuem para que todos os países alcancem, simultaneamente, o equilíbrio do balanço de pagamentos. O mais importante deles, o mecanismo preço-fluxo de metais preciosos. Suponha que o superávit em transações correntes da Inglaterra seja maior que o déficit de sua conta financeira exclusive reservas. Como as importações líquidas dos estrangeiros, provenientes da Inglaterra, não estão sendo financiadas totalmente pelos empréstimos concedidos a esses mesmos estrangeiros, o equilíbrio dever ser obtido por fluxos de reservas internacionais, isto é, de ouro que entra na Inglaterra. Esses fluxos de ouro reduzem automaticamente as ofertas de moeda estrangeira e aumentam a oferta de moeda na Inglaterra, baixando os preços estrangeiros e elevando os preços ingleses. O aumento nos preços ingleses e a queda simultânea nos preços estrangeiros, uma apreciação real da libra dada a taxa de câmbio fixa, reduzem a demanda estrangeira por bens e serviços ingleses e, ao mesmo tempo, aumentam a demanda inglesa por bens e serviços estrangeiros. Esses deslocamentos da demanda reduzem tanto o superávit em transações correntes da Inglaterra quanto o déficit em transações correntes do estrangeiro. Por fim, os movimentos de reserva param, e todos os países envolvidos atingem o equilíbrio do balanço de pagamentos. As “regras do jogo” do padrão ouro As reações dos bancos centrais quanto aos fluxos do ouro entre suas fronteiras possibilitaram a ascensão de outro mecanismo, também capaz de restabelecer o equilíbrio do balanço de pagamentos. Os bancos centrais que estavam perdendo ouro persistentemente reconheceram o risco de, mais cedo ou mais tarde, não conseguir resgatar suas notas. Pensaram, então, em diminuir seus estoques de ativos domésticos quando o ouro começasse a sair; com isso, elevariam a taxa de juros doméstica e atrairiam fluxos de entrada de capital do exterior. Os bancos centrais que ganhavam ouro, por sua vez, não viam tantos motivos para eliminar suas próprias importações do metal. O principal incentivo era a maior lucratividade dos ativos domésticos que, ao contrário do “estéril” ouro, rendiam juros. Muitas vezes os países reverteram as regras e esterilizaram os fluxos de ouro, isto é, venderam ativos domésticos quando as reservas estrangeiras estavam aumentando e compraram ativos domésticos quando as reservas estrangeiras estavam caindo. O Sistema de Bretton Woods O sistema elaborado pelo acordo de Bretton Woods exigia taxas de câmbio fixas em relação ao dólar, e um preço do ouro em dólar invariável – US$35 por onça. Os países membros mantinham suas reservas internacionais oficiais em grande parte na forma de ativos em ouro ou dólares, e tinham o direito de vender dólares para o FED em troca de ouro ao preço oficial. Fluxos de capitais especulativos e crises Um país com déficit grande e persistente em transações correntes poderia ser suspeito de estar em “desequilíbrio fundamental” e, portanto, estar pronto para uma desvalorização da moeda. A suspeita da proximidade de uma desvalorização, por sua vez, poderia levar a uma crise no balanço de pagamentos. Qualquer um que tivesse depósitos em libras durante uma desvalorização da libra, por exemplo, sofreria uma perda, uma vez que o valor em moeda estrangeira dos ativos em libra diminuiria bruscamente, na mesma proporção da variação na taxa de câmbio. De forma semelhante, os países com grandes superávits nas transações correntes poderiam ser vistos pelo mercado como candidatos à valorização. Nesse caso, seus bancos centrais se encontrariam repletos de reservas oficiais, resultado da venda da moeda doméstica no mercado cambial para evitar sua apreciação. Um país nessa posição enfrentaria o problema de ter sua oferta de moeda crescendo sem controle, o que poderia elevar o nível de preços e afetar o equilíbrio interno. As crises no balanço de pagamentos tornaram-se cada vez mais freqüentes nos anos 60 e 70. Essas crises se tornaram tão numerosas no início dos anos 70 que por fim arrasaram a estrutura das taxas de câmbio fixas estabelecidas em Bretton Woods. Diante da possibilidade de uma crise no balanço de pagamentos, o objetivo externo de estabelecer uma meta para as transações correntes adquiriu, portanto, mais importância. Mesmo os desequilíbrios nas transações correntes justificados por oportunidades de investimento internacional ou causados por fatores meramente temporários levariam o mercado a suspeitar que uma mudança na paridade se aproximava. Analisando as opções de política econômica no sistema de Bretton Woods Mantendo o equilíbrio interno Se tanto P* como E são permanentemente fixos, a inflação doméstica depende sobretudo da pressão da demanda agregada sobre a economia, não das expectativas quanto à inflação futura. Portanto, o equilíbrio interno exige apenas o pleno emprego, isto é, que a demanda agregada seja igual ao nível de pleno emprego do produto, Y*. O formulador de política econômica pode manter o produto estável em seu nível de pleno emprego, Y*, por meio de mudanças na política fiscal ou na taxa de câmbio. Y* = C(Y* - T) + I + G + TC(EP*/P, Y* - T) Sob taxas de câmbio fixas, a política monetária não se constitui em uma ferramenta de política econômica. A curva II é negativamente inclinada porque uma desvalorização da moeda (um aumento em E) e uma expansão fiscal (aumento em G ou uma diminuição em T) tendem a aumentar o produto. À direita de II, a política fiscal é mais expansionista do que o necessário para o pleno emprego, de modo que os fatores produtivos na economia são sobreempregados. À esquerda de II, a política fiscal é restritiva em demasia e ocorre desemprego. Mantendo o equilíbrio externo Pressuponha que o governo tenha um valor-alvo, X, para o superávit nas transações correntes.TC(EP*/P, Y – T) = X Dados P e P*, um aumento em E torna os bens domésticos mais baratos e melhora as transações correntes. Por sua vez, a expansão fiscal tem o efeito oposto sobre as transações correntes. Uma queda em T aumenta o produto Y; o aumento resultante na renda disponível aumenta o gasto doméstico em bens estrangeiros e piora as transações correntes. De forma semelhante, por aumentar Y, um aumento em G faz com que TC caia. Como um aumento em E aumenta as exportações líquidas, as transações correntes estão em superávit em relação ao nível visado, X, acima de XX. De forma semelhante, abaixo de XX as transações correntes estão em déficit em relação ao nível de sua meta. Políticas de mudança e troca dos gastos Se a economia está inicialmente longe do ponto 1, ajustes apropriados na política fiscal e na taxa de câmbio são necessário para alcançar os equilíbrios interno e externo. A mudança na política fiscal que move a economia para o ponto 1 é denominada política de mudança nos gastos, porque ela altera o nível da demanda total da economia por bens e serviços. O ajuste da taxa de câmbio que se segue é denominado política de troca de gastos, porque ele muda a direção da demanda, deslocando-a entre o produto doméstico e as importações. Em geral, tanto a mudança no nível dos gastos como a troca de gastos são necessários para atingir os equilíbrios interno e externo. Com a política fiscal e a taxa de câmbio indicadas pelo ponto 2, existe subemprego e um déficit excessivo nas transações correntes. Apenas a combinação da desvalorização e da expansão fiscal indicada na figura move a economia para o equilíbrio interno e externo (Ponto 1). A política fiscal expansionista, agindo sozinha, pode eliminar o subemprego movendo a economia para o ponto 3, mas o custo do desemprego menor é um déficit externo maior. Embora a política fiscal contracionista possa sozinha levar ao equilíbrio externo (ponto 4), ela derruba o produto e a economia se afasta mais do equilíbrio interno. É por isso que os dilemas como o do ponto 2 geram suspeitas de que a moeda será desvalorizada. Afinal, a desvalorização melhora as transações correntes e a demanda agregada ao aumentar a taxa de câmbio real EP*/P de um golpe só; a alternativa é um período longo e politicamente inaceitável de desemprego, para provocar um aumento igual na taxa de câmbio real por meio de uma queda em P. A inflação mundial e a transição para taxas flutuantes Se a economia está no ponto 1, um aumento em P*, dados a taxa de câmbio fixa e o nível de preços doméstico, leva portanto a economia à região 1, com um sobreemprego e um superávit nas transações correntes indesejavelmente altos. O fator que causa esse resultado é uma depreciação real da moeda, que aumenta a demanda mundial pelo produto do país local. Se o governo não reagir, o sobreemprego pressionará para cima o nível de preços doméstico, e essa pressão gradualmente levará as 2 curvas de volta à posição original. As curvas vão parar de se deslocar quando P tiver aumentado na mesma proporção de P*. Nesse estágio, a taxa de câmbio real, o emprego e as transações correntes estarão em seus níveis iniciais, de modo que o ponto 1 será mais uma vez a posição de equilíbrio interno e externo. Para evitar a importação de inflação é preciso valorizar a moeda (isto é, diminuir E) e mover-se para o ponto 2. Uma valorização restabelece os equilíbrios interno e externo imediatamente, sem inflação doméstica, utilizando-se a taxa de câmbio nominal para contrabalançar o efeito do aumento em P* sobre a taxa de câmbio real. Apenas uma política de troca de gastos pode dar uma resposta adequada a um aumento puro nos preços estrangeiros. Já o aumento nos preços domésticos que ocorre quando não há nenhuma valorização exige um aumento na oferta de moeda doméstica, uma vez que os preços e a oferta de moeda movem-se proporcionalmente no longo prazo. O mecanismo que permite esse aumento é a intervenção do banco central no câmbio. Conforme o produto e os preços domésticos aumentam após o aumento em P*, a oferta de moeda real diminui e a demanda por saldos em moeda real aumenta. Para evitar que a pressão para cima sobre a taxa de juros doméstica aprecie a moeda, o BC deve comprar reservas internacionais e expandir sua oferta monetária. Capítulo 19 – Política Macroeconômica e Coordenação sob taxas de câmbio flutuantes Argumentos a favor das taxas de câmbio flutuantes Autonomia da Política Monetária: Se os bancos centrais não fossem mais obrigados a intervir nos mercados de moeda para fixar as taxas de câmbio, os governos poderiam utilizar a política monetária para atingir os equilíbrios interno e externo. Simetria: Sob um sistema de taxas flutuantes, as assimetrias inerentes a Bretton Woods desapareceriam, e os EUA não seriam mais capazes de, sozinhos, estabelecer as condições monetárias mundiais. Ao mesmo tempo, os EUA teriam a mesma oportunidade que outros países de influenciar sua taxa de câmbio em relação às moedas estrangeiras. Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos: Mesmo na ausência de uma política monetária ativa, o ajuste rápido das taxas de câmbio determinadas pelo mercado ajudaria os países a manter os equilíbrios interno e externo em face de mudanças na demanda agregada. Argumentos contrários às taxas de câmbio flutuantes Disciplina: As taxas flutuantes dariam mais liberdade aos governos no uso da política monetária. Alguns críticos acreditavam, porém, que elas levariam não à liberdade mas à desordem: livres do temor de perder reservas internacionais, os governos poderiam adotar políticas fiscais ou monetárias expansionistas, caindo na armadilha do viés inflacionário. Inúmeros fatores, desde objetivos políticos à simples incompetência, poderiam instalar uma espiral inflacionária. Especulação desestabilizadora e perturbações no mercado monetário: Se os negociantes de câmbio vissem que uma moeda estava sendo depreciada, argumentava-se, eles poderiam vender a moeda na expectativa de uma depreciação futura, independente das previsões de prazo mais longo; e, quanto mais comerciantes passassem a vender a moeda, as expectativas de depreciação acabariam por se realizar. Essa especulação desestabilizadora tenderia a acentuar as flutuações em torno do valor de longo prazo da taxa de câmbio, que ocorreriam normalmente como resultado de perturbações econômicas inesperadas. Danos ao comércio e aos investimentos internacionais: As moedas flutuantes deixam os importadores mais inseguros sobre os preços que terão de pagar pelos bens no futuro, e os exportadores mais inseguros sobre os preços que vão receber. Para os críticos essa incerteza tornaria mais cara a entrada no comércio internacional e, como resultado, os volumes de comércio e, juntamente com eles, os ganhos que os países auferem com o comércio, diminuiriam. De forma semelhante, uma incerteza maior sobre os ganhos dos investimentos poderia interferir nos fluxos de capitais internacionais produtivos. Políticas econômicas não coordenadas: Para alguns defensores de Bretton Woods, as regras dele haviam ajudado a promover um comércio internacional ordenado, eliminando as depreciações monetárias competitivas que haviam ocorrido durante a Grande Depressão. Com os países mais uma vez livres para alterar suas taxas de câmbio, argumentavam eles, a história poderia se repetir. Os países poderiam mais uma vez seguir políticas macroeconômicas próprias, que prejudicavam todos os países e, no final, não beneficiava nenhum deles. A Ilusão de maior autonomia: A taxa de câmbio é uma variável macroeconômica tão importante que os responsáveis pela política econômica não seriam capazes de tomar medidas referentes à política monetária sem considerar seus efeitos sobre a taxa de câmbio.
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