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Resumo Economia Internacional (P2)

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Resumo Economia Internacional (P2)
Capítulo 9 – Economia Política da Política Comercial
Argumentos a favor do livre comércio:
Livre Comércio e Eficiência: Uma tarifa gera uma perda líquida para a economia; ela faz isso ao distorcer os incentivos econômicos tanto de produtores como consumidores. Por outro lado, a abertura ao livre comércio elimina essas distorções e aumenta o bem estar nacional.
Economias de Escala: Os mercados protegidos não apenas fragmentam a produção internacionalmente, mas, reduzindo a concorrência e aumentando os lucros, também levam muitas firmas a entrar na indústria protegida. Com uma proliferação de firmas em mercados domésticos restritos, a escala de proteção de cada uma se torna ineficiente.
Aprendizagem e Inovações: Ao incentivar os empresários a procurar novos caminhos para exportar ou concorrer com importações, ele oferece mais oportunidades para aprendizagem e as inovações do que um sistema de comércio “administrado”, no qual o governo dita, em grande medida, o padrão das importações e exportações.
Argumento Político a favor do livre comércio: O compromisso político com o livre comércio pode ser uma boa idéia na prática, mesmo que em princípio possa haver políticas melhores. Com freqüência os economistas argumentam, que, na prática, as políticas comerciais são mais influenciadas por interesses particulares do que pela consideração dos custos e dos benefícios nacionais. 
Às vezes, os economistas conseguem mostrar que, na teoria, um conjunto específico de tarifas e subsídios à exportação poderia aumentar o bem-estar nacional, mas na realidade qualquer órgão do governo que tentasse se dedicar a um programa sofisticado de intervenção no comércio provavelmente seria tomado por grupos de interesse e convertido em um meio de distribuição de renda a setores politicamente influentes.
Argumentos do bem-estar nacional contra o livre comércio:
Argumento dos termos de troca a favor das tarifas: No caso de um país grande, capaz de afetar os preços dos exportadores estrangeiros, uma tarifa diminui o preço das importações e, dessa forma beneficia os termos de troca. Esse benefício deve ser pesado em relação aos custos da tarifa, que surgem porque ela distorce os incentivos à produção e ao consumo. É possível, porém, que em alguns casos os benefícios dos termos de troca proporcionados pela tarifa superem seus custos, de modo que exista um argumento dos termos de troca a favor de uma tarifa.
	
Com tarifas de alíquota baixa, o bem-estar de um país grande é maior do que com o livre comércio. A alíquota da tarifa que maximizar o bem-estar nacional é a tarifa ótima. A alíquota da tarifa ótima é sempre positiva, mas inferior à alíquota positiva que eliminaria todas as importações.
Argumento da falha do mercado doméstico contra o livre comércio: Ocorre quando algum mercado do país não está desempenhando sua função corretamente. Esse argumento é um caso particular de um conceito mais geral conhecido na economia como teoria do segundo melhor (‘second best’). De acordo com essa teoria, uma política sem interferências é desejável em qualquer mercado somente se todos os outros mercados estiverem funcionando adequadamente. Caso eles não estejam, uma intervenção do governo que pareça distorcer os incentivos em um mercado pode efetivamente aumentar o bem-estar ao compensar as conseqüências das falhas do mercado em outro lugar.
A dificuldade de averiguar qual a política comercial do segundo melhor a ser seguida reforça o argumento político a favor do livre comércio.
Distribuição de renda e Política Comercial
De que maneira as preferências dos indivíduos são somadas a fim de produzir a política comercial que vemos na realidade?
Concorrência Eleitoral:Que políticas econômicas os 2 partidos prometerão seguir? Resposta: Eles tentarão encontrar um meio-termo, especificamente, ambos tenderão a convergir para a alíquota preferida pelo eleitor mediano, que está exatamente na metade da fila. Logo, os 2 partidos acabarão propondo uma tarifa próxima àquela que o eleitor mediano deseja.
Ação Coletiva: O fato de a política ser um bem público significa que as políticas que impõem grandes perdas no total, mas pequenas perdas para cada indivíduo podem não enfrentar uma oposição efetiva. Trata-se de um problema de ação coletiva: embora interesse ao grupo como um todo pressionar por políticas favoráveis, não interessa aos indivíduos fazê-lo
Esse problema pode ser superado quando o grupo é pequeno (de modo que cada indivíduo venha a auferir uma parcela significativa dos benefícios das políticas favoráveis) e / ou bem organizado (de modo que os membros do grupo possam ser mobilizados para agir em seu interesse coletivo). O problema da ação coletiva, então, pode explicar por que políticas, que, além de parecer gerar mais custos do que benefícios, parecem prejudicar muito mais eleitores do que ajudar podem, ainda assim, ser adotadas.
Vantagens da Negociação
Por pelo menos 2 motivos, é mais fácil diminuir as tarifas como parte de um acordo mútuo do que fazê-lo como política unilateral. Em 1º lugar, um acordo mútuo ajuda a angariar apoio para um comércio mais livre. Em 2º lugar, os acordos negociados sobre o comércio ajudam os governos a não entrar em guerras comerciais destrutivas.
Questão de Teoria dos Jogos – Dilema do Prisioneiro – Livre comércio ou proteção?
Um breve histórico dos acordos de comércio internacionais
Foi na década de 30 que se começou a pensar em uma redução das tarifas de forma coordenada no âmbito internacional. Em 1930, os EUA aprovavam a irresponsável Lei Smoot-Hawley: alíquotas das tarifas aumentavam de forma abrupta como conseqüência, comércio despencou, ajudando a aprofundar a Grande Depressão.
Alguns anos depois, a Casa Branca concluiu o quão lesivo eram tarifas e decidiu que deveria reduzi-las. Isto causou sérios problemas na formação de blocos políticos. Já que qualquer redução de tarifas enfrentaria a oposição dos congressistas cujos distritos contivessem empresas que concorressem c/ bens importados, enquanto os benefícios seriam tão pulverizados que poucos no Congresso estariam dispostos a se mobilizar p/ defendê-los. Solução encontrada foi vincular a redução de tarifas a benefícios concretos p/ os exportadores. Para tal, políticas unilaterais foram o caminho escolhido. De fato, o imposto médio sobre importados norte-americanos caiu de 59% em 1932 p/ 25% logo após a 2a GM.
Entretanto, negociações unilaterais não tiram vantagem plena da coordenação internacional. Por um lado, o benefício delas pode ‘vazar’ p/ países que não tenham feito nenhuma concessão (Ex: se EUA reduzirem impostos sobre o café brasileiro, o café colombiano se beneficia de preços mais altos). Desse modo, o passo seguinte na liberalização do comércio internacional passava por negociações multilaterais.
Estas começaram logo após o fim da 2a GM c/ os vencedores vislumbrando que isso ocorreria através do OIC (Organização Internacional do Comércio), que exerceria papel análogo aos do FMI e BM (Banco Mundial). Em 1947, sem querer esperar até que a OIC estivesse operacional, grupo de 23 países iniciou negociações comerciais sob um conjunto provisório de normas: Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – Gatt (General Agreement on Tariffs and Trade). A OIC acabou por não existir, pela enorme pressão política sofrida, sobretudo, nos EUA. Assim, o Gatt seguiu governando o comércio internacional pelos próximos 48 anos.
Em 1995, foi criada a OMC, seguindo as normas do Gatt até os dias de hoje.
O maior mecanismo para que os trabalhos da OMC em prol do livre comércio não sofram retrocessos são as tarifas ‘vinculadas’: pelas quais o país concorda que não elevará no futuro. Hoje em dia, a maioria das tarifas em PD’s e PED’s (75%) são desta natureza. A vinculação tem sido bastantes eficaz e foram muito poucos ‘retrocessos’ nos últimos 50 anos.
Além de vincular tarifas, o sistema Gatt-OMC geralmente tenta evitar intervenções não tarifárias no comércio. Subsídios à exportação são proibidos (brecha: agrícola à pedido dosEUA). Para Cotas de Importação, o sistema também se esforça em eliminá-las ou convertê-las em tarifas.
A alavanca para levar este processo adiante, são as conhecidas rodadas comerciais, em que um grande grupo de países se reúne para negociar m conjunto de reduções de tarifas e outras medidas, c/ o objetivo de liberalizar o comércio. Oito rodadas ocorreram desde 1947, e a última dela – a Rodada Uruguai, concluída em 1994 – fundou a OMC. Em 2001, uma reunião em Doha, deu início a Rodada de numero nove, entretanto não se chegou até hoje à uma decisão nesta rodada e ela se arrasta no tempo.
Primeiras rodadas tiveram a característica de serem negociações bilaterais ‘paralelas’, em que negociava-se dois a dois mas c/ muitos outros - em paralelo – ao mesmo tempo.
O sexto acordo, em 1967, conhecido como a Rodada Kennedy, foi responsável por uma redução de 50% nas tarifas dos principais países industrializados, exceto em setores específicos. A Rodada de Tóquio (1979) deu prosseguimento ao processo iniciado na Rodada Kennedy, além de um esforço para controlar a proliferação de barreiras não tarifárias. Finalmente em 1994, a (oitava) rodada, do Uruguai foi concluída após sérias dificuldades políticas, c/ o acordo sendo selado na cidade de Marrakesh, no Marrocos, quatro anos depois do previsto para conclusão.
Maior diferença entre Gatt e OMC é que o primeiro aplicava normas somente ao comércio de bens; o de serviços – isto é, coisas intangíveis como seguros, consultoria e bancos – não estavam sujeitos a nenhum conjunto de normas previamente acordadas.
A OMC também instituiu um trâmite muito mais formal que os antigos tribunais internacionais, para julgar queixas contra violações de normas do sistema comercial. Grupos de especialistas são selecionados para acompanhar os processos, normalmente chegando a uma conclusão em menos de uma ano; e mesmo com possíveis recursos, não passa de 15 meses. Quais são os poderes de atuação da OMC se configurada uma violação? Ela pode conceder ao país que protocolou a queixa o direito de retaliação.
Casos de julgamentos da OMC:
Tarifas discriminatórias contra a Gasolina importada da Venezuela nos EUA. Julgou a favor da Venezuela e contra o que ambientalistas queriam, mas demonstrou seguir suas normas;
Tarifa de proteção sobre produtos de aço importados: esta era vista como essencial p/ eleição de 2004 nos EUA. Europa, Japão, China e Coréia do Sul apresentaram queixa contra à OMC, que julgou a favor destes. EUA abandonaram a tarifa sob argumento que ela já tinha tido seu efeito, mas muitos acreditam ter sido por uma ameaça da União Européia em elevar tarifas sobre exportações americanas – autorizada pela OMC;
A Grande Decepção de Doha
Iniciada em 2001, foi marcada por uma negociação difícil. Em 2007, como nunca antes visto, foi encerrada sem que se tivesse chegado a um acordo. Entretanto, é importante que se diga que isso não compromete o progresso alcançado em negociações anteriores: as reduções nas tarifas das primeiras oito rodadas permanecem vivas, e por conseqüência, o comércio mundial continua muito mais livre do que em qualquer outro período da história moderna.
Em grande medida, não deu certo pela dificuldade política de se remover as poucas barreiras ainda existentes: especialmente no setor agrícola, que responde por 10% do comércio internacional apenas, mas se fossem totalmente liberalizadas, de acordo c/ estimativas do BM, produziriam 63% do total dos ganhos mundiais provenientes do livre comércio p/ o mundo como um todo.
Uma das principais criticas de PED’s sobre a Rodada de Doha, foi a manutenção de grandes subsídios à exportação e à produção agrícolas dos PD’s. Ex: subsídio norte-americano ao algodão, que reduz os preços mundiais praticados, prejudicam produtores na África Ocidental. Entretanto, subsídio à exportação em geral aumentam o bem-estar do país importador, que consegue comprar bens a um custo inferior. Então na realidade estes ajudam até nações mais pobres. Ex: se a Rodada de Doha tivesse tido êxito na remoção dos subsídios agrícolas, a China teria sido prejudicada pelo conseqüente aumento de bens manufaturados e alimentos que ela importa em grande escala.
Acordos preferenciais de comércio
As reduções das tarifas no Gatt são sempre – como uma exceção importante – feitas na base do critério de NMF (nação mais favorecida), onde garante-se que exportadores não pagarão tarifas mais altas que as da nação que paga a menor.
Porém, há alguns casos especiais, nos quais se estabelecem acordos preferenciais de comércio, nos quais as tarifas que aplica aos produtos de determinadas nações são menores que as alíquotas sobre os mesmos bens vindos de outras. Em geral, o Gatt proíbe tais acordos, mas faz uma exceção um tanto estranha: proíbe em geral por violar o princípio de NMF, mas permite quando levam ao livre comércio entre os países participantes.
Países que desejam estabelecer livre comércio o podem fazer de várias formas:
Área de livre comércio (Nafta) – onde bens de um país podem ser enviados ao ouros sem tarifas, porém no qual os países fixam tarifas de maneira independente para o resto do mundo.
União aduaneira (Mercosul) – bens de um país podem ser enviados ao ouros sem tarifas, porém, os países devem chegar a um acordo quanto às alíquotas das tarifas externas (TEC)
Área de preferências comerciais (EUA & Israel) – redução ou isenção sobre um grupo reduzido de produtos.
Mercado comum (UE) – união aduaneira + plena mobilidade de fatores de produção entre os países. Coordenação de pol. fiscal, monetária e cambial.
União monetária (UE) – países abrem mão dos ganhos relacionados à “senhoriagem” derivados da emissão de moeda nacional e aceitam a livre circulação de moeda emitida por uma autoridade regional.
União política (Unificação Alemanha Séc. XIX) – fusão de estados nacionais em um único.
Principal diferença entre área de livre comércio e união aduaneira: enquanto a primeira é politicamente simples, mas uma dor de cabeça administrativa (porque quem garante que bens não possam entrar à uma tarifa baixa em um dos países da área de livre comércio e então ser levado ao outro à uma taxa mais baixa); a segunda é exatamente o contrário
Capítulo 10 – A Política Comercial nos países em desenvolvimento
Industrialização pela Substituição de Importações
Da 2ª GM à década de 1970, para acelerar seu crescimento, muitos países em desenvolvimento limitaram as importações de bens manufaturados, com o objetivo de fomentar um setor manufatureiro que atendesse o mercado doméstico. Essa estratégia se tornou popular, por muitos motivos, mas os argumentos da teoria econômica a favor da SI desempenharam papel importante nesse crescimento. Provavelmente, o mais importante desses argumentos era o argumento da indústria nascente.
Argumento da Indústria Nascente: Os países em desenvolvimento têm uma vantagem comparativa potencial na manufatura, mas as novas indústrias manufatureiras desses países não podem, a princípio, concorrer com as sólidas manufaturas dos países desenvolvidos. Para lhes dar o apoio necessário, os governos devem ajudar temporariamente as novas indústrias, até que elas se tornem fortes o suficiente para enfrentar a concorrência internacional. Desse modo, faz sentido utilizar tarifas ou cotas de importação como medidas temporárias para dar início à industrialização.
Problemas com o argumento da indústria nascente:
Em 1º lugar, nem sempre é bom intervir hoje nas indústrias que terão uma vantagem comparativa no futuro. Suponha que um país atualmente trabalho-abundante esteja no processo de acumular capital: quando ele acumular capital suficiente, terá uma vantagem comparativa nas indústrias capital intensivas. Isso não significa que o país deverá desenvolver essas indústrias imediatamente.
Em 2º lugar, a proteção às manufaturas não faz nenhum bem, a não ser que a proteção em si ajude a tornar a indústria competitiva. Alguns economistas têm alertado também sobre o caso da “indústria pseudonascente”: a indústria é protegida inicialmente e depoisse torna competitiva por motivos que não têm nada a ver com a proteção. Nesse caso, a proteção da indústria nascente acaba parecendo um sucesso, mas pode na verdade ter sido um custo líquido para a economia.
Geralmente, o fato do desenvolvimento de uma indústria ser custoso e levar tempo não é um argumento a favor da intervenção do governo, a não ser que haja alguma falha no mercado doméstico.
Justificativas da falha de mercado para a proteção da indústria nascente:
Entre os defensores do argumento da indústria nascente, os mais esclarecidos têm identificado 2 falhas de mercado que, por si só, justificariam a proteção da indústria nascente: os mercados imperfeitos de capital e o problema da apropriabilidade.
Justificativa dos mercados imperfeitos de capitais: Se um país em desenvolvimento não tem um conjunto de instituições financeiras que permita que as poupanças de setores tradicionais sejam utilizadas para financiar o investimento em novos setores, então o crescimento de novas indústrias será restrito pela capacidade dessas de auferirem lucros no presente. Assim, lucros iniciais baixos serão um obstáculo ao investimento mesmo que os retornos de longo prazo sobre esse investimento sejam elevados.
Argumento da apropriabilidade: Pode assumir diversas formas, mas todas têm em comum a idéia de que as firmas em uma nova indústria geram benefícios sociais pelos quais não são compensadas. Por exemplo, as firmas que entram primeiro em uma indústria podem ter de incorrer em custos iniciais de adaptação da tecnologia a circunstâncias locais, ou de abertura de novos mercados. Se outras firmas podem seguir as líderes sem incorrer nesses custos iniciais, impede-se que as pioneiras recebam quaisquer retornos desses desembolsos.
Assim, as firmas pioneiras podem, além de obter um produto físico, criar benefícios intangíveis (como conhecimento ou novos mercados) sobre os quais não poderão estabelecer direitos de propriedade. Os benefícios sociais da criação de uma nova indústria excederão os custos, contudo, por causa do problema da apropriabilidade, nenhum empresário estará disposto a entrar nela.
Promovendo manufaturas por meio da proteção
Na maioria dos PED’s, a estratégia básica para fomentar a industrialização tem sido desenvolver indústrias orientadas para o mercado doméstico, lançando mão de restrições comerciais como tarifas e cotas, a fim de incentivar a substituição de manufaturas importadas por produtos domésticos. A estratégia de incentivar a indústria doméstica limitando as importações de bens manufaturadas é conhecida como estratégia de industrialização pela substituição de importações.
Remetendo esta escolha à análise de equilíbrio geral das tarifas: uma tarifa que reduza as importações necessariamente reduz as exportações. Ao proteger as indústrias de substituição de importações, os países tiram recursos dos setores exportadores efetivos ou potenciais. Portanto, desestimulado o crescimento de exportações.
Opção pela ISI em vez de estimular exportações se dá por 2 motivos principais:
Até a déc. 70, muitos PED’s eram céticos quanto à possibilidade de exportar bens manufaturados. Eles acreditavam que a industrialização deveria, necessariamente, basear-se na substituição das importações por produtos nacionais e não no crescimento das exportações de manufaturados.
Em muitos casos, as políticas de ISI se ajustavam de modo natural aos vieses políticos existentes. Na America Latina, por exemplo, países foram obrigados a desenvolver substitutos p/ importações durante a déc. 30, por causa da Grande Depressão e na primeira metade da déc. 40 por razão da 2a GM, que desestimularam os fluxos de comércios.
As déc. 50 & 60 viram a grande onda da ISI. PED’s em geral, começaram protegendo os estágios finais da indústria, como o processamento de alimentos e a montagem de automóveis. De fato, nos maiores PED’s os bens produzidos domesticamente substituíram quase completamente bens de consumo importados.
Como estratégia de estímulo ao crescimento das manufaturas, a ISI sem dúvidas funcionou. E pelo outro lado, a ISI promoveu o desenvolvimento econômico? Nesse ponto há sérias dúvidas. Muitos acham que sim. Outros não, como p. ex., os que argumentam que nos dias de hoje os formuladores de política econômica em vez de promoverem o ISI focam em corrigir os danos causados pelas más políticas associadas ao ISI.
Problemas da Industrialização pela Substituição de Importações
Por que ISI não funcionou da forma esperada? O principal motivo parece ser o seguinte: ao contrário do que muitos pensavam, o argumento da indústria nascente não era tão universalmente válido.
Um período de proteção não criará um setor manufatureiro competitivo se, por determinados motivos fundamentais, o país não tiver uma vantagem comparativa nesse setor. A experiência tem mostrado que os motivos do não-desenvolvimento são, em geral, mais profundos do que a simples falta de experiência nas manufaturas. Os países pobres não têm trabalho qualificado e empreendedores nem competência gerencial; para completar, têm problemas de organização social que tornam difícil manter ofertas confiáveis de tudo, desde peças de reposição até eletricidade.
O argumento da indústria nascente é que, dada a proteção temporária das tarifas ou cotas, as indústrias manufatureiras das nações menos desenvolvidas aprenderão a ser mais eficientes. Na prática, isso nem sempre acontece.
Parte do problema se deve ao fato de muitos países utilizarem métodos excessivamente complexos para promover suas indústrias nascentes. Ou seja, utilizarem cotas de importação complicadas e sobrepostas, controles de câmbio e normas de conteúdo doméstico, em vez de tarifas simples.
Outro custo que tem recebido atenção considerável é a tendência de as restrições às importações promoverem a produção em uma escala ineficientemente pequena. Freqüentemente, o mercado doméstico total não é grande o suficiente para permitir instalações de produção em uma escala eficiente.
Liberalização do comércio desde 1985
A transição de PED’s, a partir da déc. 80, para um mercado mais livre poderia ser considerada o maior acontecimento político comercial nas duas últimas décadas.
A liberalização nesses países exerceu dois efeitos evidentes: 
grande aumento no volume de comércio - exportações e importações;
variação na natureza do comércio – antes da mudança PED’s exportavam primordialmente produtos agrícolas, a partir de 1980: a parcela de bens manufaturados nas exportações em PED’s aumentou;
A mudança p/ uma pol. comercial mais aberta produziu melhores resultados? resposta é dúbia. As taxas de crescimento no Brasil e outros países latino-americanos, na verdade, se tornaram menores do que durante o ISI. A Índia passou por uma grande aceleração do crescimento [embora, céticos dizem que processo começou antes da liberalização do comércio]. Além disso, há uma preocupação constante c/ o aumento da desigualdade nos PED’s. Ao menos na América – Latina, o afastamento do ISI parece estar associado c/ salários reais em declínio p/ os operários, enquanto os ganhos dos trabalhadores altamente qualificados sobrem.
Problemas da economia dual
A divisão de uma única economia em 2 setores que parecem estar em níveis muito diferentes de desenvolvimento é denominado dualismo econômico, e uma economia com essa característica é considerada uma economia dual.
Quando os mercados estão funcionando mal, pode surgir o argumento da falha de mercado a favor de restrições ao livre comércio. A presença do dualismo econômico, com freqüência, é utilizada para justificar as tarifas que protegem o setor manufatureiro, aparentemente mais eficiente.
Um 2º motivo que relaciona o dualismo à política comercial é que a política comercial em si pode ter muito a ver com ele. À medida que a industrialização pela SI entrou na mira de ataque, alguns economistas começaram a argumentar que tais políticas tinham, na verdade, ajudado a criar uma economia dual ou pelo menos agravado alguns de seus sintomas.
Sintomas do dualismo:
O valor do produtopor trabalhador é muito maior no setor moderno do que no resto da economia.
Acompanhando o valor elevado do produto por trabalhador está um salário mais alto. Os trabalhadores da indústria podem receber dez vezes o que os trabalhadores rurais recém.
O valor elevado do produto por trabalhador no setor moderno é, pelo menos em parte, devido à maior intensidade de capital na produção.
Muitos países menos desenvolvidos têm um problema de desemprego persistente.
Mercados de trabalho duais e política comercial
Caso exista um diferencial de salários, os mercados alocarão mal o trabalho; as firmas do setor industrial contratarão poucos trabalhadores. Uma política de governo que os induza a contratar mais pode elevar o bem-estar nacional.
De acordo com o modelo de Harris-Todaro, um aumento no número de empregos manufatureiros levaria a um êxodo rural tão grande que o desemprego urbano, na verdade aumentaria. Quando um trabalhador adicional é contratado pelo setor manufatureiro, 2 ou 3 trabalhadores a mais podem deixar a agricultura para inchar os índices de desemprego urbano. Embora o trabalhador sortudo ganhe, seu ganho salarial, será em grande parte compensado pelas perdas salariais dos novos desempregados. O suposto benefício marginal social do emprego manufatureiro adicional fica, portanto, perdido.
Assim como o argumento da indústria nascente, o argumento dos diferenciais de salários a favor da proteção é hoje desaprovado pelos economistas.
Industrialização orientada para exportações: o milagre do Leste Asiático
A partir de meados da década de 1960, tornou-se cada vez mais claro que havia outro caminho possível para a industrialização: eram as exportações de bens manufaturados, principalmente para as nações mais avançadas. Além disso, os países que se desenvolveram dessa maneira, um grupo que o Banco Mundial agora chama de economias asiáticas de alto desempenho (EAAD’s), atingiram um crescimento econômico espetacular, que chegaram a atingir em alguns casos, um crescimento econômico espetacular de mais de 10% ao ano.
Os fatos de crescimento asiático: 
Na década de 1960, um crescimento econômico rápido começou em 4 economias asiáticas menores, freqüentemente chamadas de “os 4 tigres”: Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e Cingapura. Finalmente, no final da década de 1970 e na década de 1980, o rápido crescimento começou na Malásia, Tailândia e Indonésia e, de maneira mais espetacular, na China.
Além das altas taxas de crescimento, as EAAD’s possuem uma característica distinta: elas são muito abertas ao comércio internacional, e têm se tornado ainda mais ao longo do tempo. Na verdade, as economias asiáticas de crescimento rápido são muito mais orientadas para as exportações que os outros países em desenvolvimento, em particular a América Latina e o sul da Ásia.
Política Comercial nas EAAD’s
Para alguns economistas, o sucesso dessas economias deve-se a uma política comercial ‘orientada para fora’. De acordo c/ esse ponto de vista, as razões elevadas de exportações e importações em relação ao PIB nas nações asiáticas são conseqüências das políticas comerciais, que, embora pudessem não corresponder exatamente ao livre comércio, deixavam o comércio muito mais livre do que nos países em desenvolvimento que tentaram se desenvolver pela SI.
Infelizmente, a realidade não confirma essa história tanto quanto os seus defensores gostariam. Em primeiro lugar, não está claro em que medida as razões de comércio alta nas EAAD’s podem realmente ser atribuídas às políticas de livre comércio. Com exceção de Hong Kong, essas economias na verdade não têm experimentado nada muito próximo do livre comércio: todas continuam a manter tarifas razoavelmente substanciais, cotas de importação, subsídios à exportação e outras políticas que administram seu comércio.
As EAAD’s estão seguindo políticas econômicas mais próximas do livre comércio que os outros países em desenvolvimento? Provavelmente sim, embora a complexidade das políticas comerciais seguidas pelos países em desenvolvimento em geral torne as comparações difíceis.
Política Industrial nas EAAD’s
Alguns especialistas acreditam que o sucesso das EAAD’s, longe de demonstrar a eficácia das políticas do livre comércio, representa na realidade uma vitória para o intervencionismo sofisticado. De fato, é verdade que várias das economias bem-sucedidas têm praticado políticas que favorecem determinadas indústrias em relação a outras: tais políticas industriais incluem não somente tarifas, restrições à importação e subsídios à exportação, mas também políticas mais complexas, como empréstimos a juros baixos e apoio do governo para pesquisa e desenvolvimento.
Outros fatores de crescimento
As economias asiáticas de crescimento rápido não são peculiares apenas no que diz respeito à sua alta fração de comércio. Quase todas têm taxas de poupança muito altas, o que significa que podem financiar taxas de investimento muito altas. Quase todas têm dado grandes passos no campo do ensino público (em especial Coréia do Sul). Diversas estimativas recentes sugerem que a combinação de altas taxas de investimento com níveis de instrução em rápido crescimento explica, em grande parte, o crescimento rápido no Leste da Ásia. Se isso for verdade, quem atribuiu o crescimento as políticas comerciais e industrias apenas, estará em grande parte equivocado
Capítulo 11 – Controvérsias em Política Comercial
Argumentos sofisticados a favor da política comercial ativista
A política governamental ativista precisa de um tipo específico de justificativa; a saber, ela deve compensar alguma falha preexistente do mercado doméstico. O problema com muitos argumentos a favor da política comercial ativista é exatamente que eles não se relacionam a nenhuma falha.
O problema com os argumentos da falha de mercado a favor da intervenção é um só: como reconhecer uma falha de mercado? Os economistas que estudam os países industrializados têm identificado 2 tipos de falhas de mercado que, ao que parece, estão presentes nesses países e são relevantes para suas políticas comerciais. Uma delas se verifica nas indústrias de alta tecnologia: as firmas nessas indústrias são incapazes de desfrutar os benefícios da parte da contribuição ao conhecimento que vaza para as concorrentes. A outra falha é a presença de lucros de monopólio em indústrias oligopolistas altamente concentradas.
Tecnologias e externalidades
Se as firmas em uma determinada indústria geram conhecimento que outras firmas podem também utilizar sem pagar por isso, a indústria está na realidade gerando um produto adicional, o benefício social marginal do conhecimento, que não se reflete nos incentivos comerciais. Logo, nas indústrias em que essas externalidades (beneficiados apropriados por outros grupos além das firmas que os geram) mostram-se importantes, há um bom argumento a favor do subsídio.
Em um nível abstrato, esse argumento aplica-se tanto às indústrias nascentes dos PED’s quanto às sólidas dos avançados. Atividades de P&D estão presentes em todos os setores de uma economia então há uma linha divisória precisa entre alta tecnologia e o resto da economia.Todavia, há diferenças evidentes no que se refere à intensidade, por isso faz sentido falar de um setor de alta tecnologia no qual o investimento em conhecimento é a parte principal do negócio.
O fato a favor da política comercial ativista é que, embora as firmas possam se apropriar de alguns dos benefícios de seu investimento em conhecimento, elas normalmente não podem se apropriar da totalidade dos benefícios. Alguns dos benefícios vão para nas mãos de outras firmas, que podem imitar as idéias e as técnicas das líderes. Como as leis de patentes não protegem adequadamente os inovadores, é razoável supor que, sob o laissez-faire, as firmas de alta tecnologia não ficariam tão motivadas a inovar quanto deveriam.
O argumento a favor do apoio do governo às indústrias de alta tecnologia
Embora as indústrias de alta tecnologia provavelmente produzam benefícios sociais adicionais por causa do conhecimentoque geram, muito do que ocorre em uma indústria de alta tecnologia não tem nada a ver com a geração de conhecimento. Não há nenhum motivo para subsidiar o emprego de capital ou de trabalhadores não técnicos nessas indústrias; por outro lado, a inovação e os vazamentos de tecnologia acontecem, até certo ponto, em qualquer indústria, não só nas de alta tecnologia. Desse modo, a pol. eco. deveria procurar subsidiar a geração de conhecimento do qual as empresas não podem se apropriar.
Um princípio geral é que o comércio e a política industrial deveriam ter como alvo especificamente a atividade na qual a falha de mercado ocorre. Desse modo, a política econômica deveria procurar subsidiar a geração de conhecimento da qual as firmas não podem se apropriar. O argumento dos vazamentos de tecnologia é provavelmente o melhor que se pode apresentar a favor de uma política industrial ativa.
Qual a importância, em termos quantitativos, do argumento dos vazamentos de tecnologia a favor de ter como alvo os setores de alta tecnologia? O subsídio ótimo seria de quantos %? Ninguém sabe ao certo. A dificuldade de medição está na natureza das externalidades, benefícios que não tem um preço de mercado. 
Apesar das criticas, do ponto de vista intelectual, o argumento dos vazamentos de tecnologia é provavelmente o melhor que se pode apresentar a favor de uma política industrial ativa.
Concorrência Imperfeita e Política Comercial Estratégica
Localiza na falta de concorrência perfeita a falha de mercado que justifica a intervenção governamental. Eles (Spencer & Brander da Universidade de Columbia) chamaram a atenção para o fato de que, em certas indústrias, existirem apenas algumas firmas em concorrência efetiva. Por causa do pequeno número de firmas, os pressupostos de da concorrência perfeita não se aplicam. Em particular, haverá normalmente retornos em excesso, isto é, as firmas terão lucros acima daqueles que os investimentos com mesmo risco em outros setores da economia podem auferir. Haverá uma concorrência internacional relativa a quem ficará com esses lucros. 
Spencer e Brander notaram que, nesse caso, o governo poderia alterar as regras do jogo, deslocando esses retornos em excesso das empresas estrangeiras para as domésticas. No caso mais simples, temos que um subsídio às empresas domésticas, ao desestimular o investimento e a produção dos concorrentes estrangeiros, pode elevar os lucros delas em mais do que o montante do subsídio. Deixando de lados os efeitos sobre os consumidores, essa captura dos lucros dos concorrentes estrangeiros significa que o subsídio eleva a renda nacional à custa dos outros países.
A análise de Brander-Spencer: um exemplo
Ex. ilustrativo: Boeing (EUA) e Airbus (Europa): caso a Boeing comece a produzir um novo modelo de avião antes que a Airbus, esta não terá incentivo em começar a produção para concorrer c/ a Boeing já que auferiria prejuízos caso o fizesse. Entretanto, se o governo Europeu subsidiar juros p/ a Airbus produzir o avião, está terá uma vantagem em cima da Boeing, já que jamais terá prejuízo, inclusive quando ambas produzirem o avião. Nesse caso, a Boeing, que inicialmente dominava o mercado p/ este avião para de produzi-lo, graças ao subsídio, e a Airbus toma conta do mercado.
Problemas com a análise de Brander-Spencer
O subsídio dado pelo governo europeu eleva abruptamente os lucros de uma firma européia, à custa de seus rivais estrangeiros. Deixando de lado o interesse dos consumidores, isso parece sem dúvida elevar o bem-estar europeu (e reduzir o bem-estar americano). O governo dos EUA não deveria, então, colocar esse argumento na prática (justificar o ativismo do governo)?
Na verdade, essa justificativa estratégica a favor da política comercial, embora tenha atraído muito interesse, também tem recebido várias críticas. Os críticos argumentam que, para a teoria da certo na prática, seriam necessárias mais informações do que as costumam estar disponíveis. Além disso, essas políticas apresentariam o risco de uma retaliação estrangeira.
A necessidade de informações fica pior pelo fato de não podermos considerar as indústrias isoladamente. Se uma indústria é subsidiada, ela tira recursos de outras indústrias e aumenta os custos delas. Desse modo, mesmo uma política econômica que consiga dar às firmas americanas uma vantagem estratégica em uma indústria tenderá a causar uma desvantagem estratégica em outra. O fato de o governo conhecer a fundo determinada indústria não é suficiente; ele precisa também conhecer a fundo as indústrias com as quais aquela indústria concorre por recursos.
Se determinada política comercial estratégica for capaz de superar tudo isso, ela ainda se defrontará com o problema da retaliação estrangeira, essencialmente o mesmo problema visto quando consideramos o uso de tarifas para melhorar os termos de troca. As políticas estratégicas são políticas econômicas do tipo empobreça-seu-vizinho, que aumentam nosso bem-estar à custa dos outros países. Essas políticas levam, portanto, ao risco de uma guerra comercial que prejudica a todos.
Globalização e baixos salários
Ao longo da última geração, uma das principais mudanças na economia mundial foi o surgimento das exportações de manufaturados nos PED’s. Em geral, trabalhadores que fabricam bens manufaturados p/ exportação em PED’s recebem muito pouco pelos padrões dos PD’s. Nessas economias, esses trabalhadores tem poucas alternativas e como não é de se surpreender, as condições de trabalho são péssimas em muitos casos. Situações que levaram a um movimento antiglobalização a partir da déc. 19990.
O movimento antiglobalização
Movimento que cresceu rapidamente a partir da metade da déc. 1990 – obtendo apoio considerável dos universitários – começou a dar ênfase ao suposto mal que o comércio mundial fazia aos trabalhadores dos PED’s: condições de trabalho assim como baixos salários. Economistas seguiram com sua visão contrária aos protestos, baseando-se no simples argumento de VC de David Ricardo. Para estes, apesar dos baixos salários, estes trabalhadores estão certamente em melhor condição que estariam no caso de a globalização não ter atingido os respectivos países.
Questões ambientais e culturais
É verdade que os padrões ambientais nos setores exportadores dos PED’s são extremamente baixos em comparação ao de PD’s. Também, me muitos casos, um dano ambiental foi e está sendo perpetrado p/ que se forneçam bens aos mercados mais avançados. Ex: devastação das florestas do Sudeste Asiático.
Por outro lado, pelo menos o mesmo numero de casos de dano ambiental tem ocorrido em nome de políticas econômicas ‘voltadas p/ dentro’. Ex: destruição de floresta no Brasil na época do ISI.
Surge o debate se acordos de comércio devem incluir padrões ambientais. Defensores: podem levar a pequenas melhorias, beneficiando a todos. Críticos: fechará setores c/ potencial p/ exportação em países pobres, os quais não poderiam obedecer aos padrões ocidentais.
Questão ainda mais capciosa envolve o efeito da globalização sobre as culturas locais e nacionais. Cada vez mais homogeneizadas ao redor do mundo (mesmas roupas, musicas, acessórios, moda).
É inevitável, portanto, que as questões ambientais desempenhem um papel de importância crescente também nas disputas do comércio internacional. Alguns ativistas antiglobalização alegam que a expansão do CI prejudica de forma direta o meio ambiente; alguns também afirmam que acordos comerciais internacionais – e o papel da OMC – exercem o efeito de bloquear medidas ambientais. A maioria dos economistas avalia a primeira alegação como simplista e discorda da segunda.
‘Curva Kuznets ambiental’: a medida que a renda per capita de um país aumenta devido ao crescimento econômico, isso provoca um efeito inicial que aumenta o dano ao meio ambiente. Quanto este se torna suficientemente rico, ele pode se dar ao luxo de tomar medidas de proteção ao meio ambiente. De forma que o dano ambiental começa a cair à medida que a renda per capita segue crescente.
Capítulo 18 – Sistema MonetárioInternacional
(Antes: revisão sobre BP do caderno)
Contas do BP: registro das transações entre residentes e não residentes – (1)+(2)+(3).
(1) Conta financeira: registra todas as compras ou vendas internacionais de ativos financeiros (forma pela qual a riqueza pode ser mantida, p. ex.: dinheiro, ações, imóveis, etc).
		Compra = débito (-)
		Venda = crédito (+)
(2) Conta capital: registra a aquisição ou venda de ativos não produzidos, não financeiros e/ou estrangeiros.
(3) Conta transações correntes (tc)
	tc = (X-M) + TUL
	tc = balança comercial + transferências unilaterais liquidas
Considerando, TUL = 0, saldo tc = X-M
		 se, M>X, país é deficitário em tc;
		 se, X>M, país é superavitário em tc;
Obs.: tc medem o tamanho e a direção dos empréstimos internacionais.
País c/ déficit na tc precisa então ser financiado => aumento da dívida externa líquida.
País c/ déficit na tc está importando consumo presente (tomando empréstimos) e exportando consumo futuro (quitação de empréstimos).
tc + CC [Conta capital e Conta financeira] = total dos ativos externos líquidos = - saldo CF.
Reservas Internacionais oficiais: são ativos estrangeiros (ouro, dólar, etc.) mantidos pelo BC p/ amortecer problemas econômicos futuras.
Intervenção oficial no câmbio: compra ou venda pelo BC de reservas internacionais nos mercados de ativos privados p/ alteras as condições macroeconômicas da economia.
Um BP deficitário pode sinalizar uma crise, pois significa que o país está reduzindo seus ativos de reservas internacionais e tomando emprestado do estrangeiro.
Poupanças externas tem papel importante no financiamento do crescimento econômico do país, cuja I > Sinterna, tc = -Sexterna.
Resumindo: com equilíbrio externo o governo não busca necessariamente tc=o, mas evita superávits ou déficits muito grandes nessas contas => tc muito deficitária que o país não honra c/ suas dívidas ou tc superavitária que estrangeiros correm risco de se tornarem inadimplentes, não são recomendadas.
Capítulo ira examinar como o Sistema Monetário Internacional (SMI) influenciou a política e o desempenho macroeconômicos durante três períodos: a era do padrão outro (1870-1914), o período entre guerras (1918-1939) e os anos posteriores à 2a GM, durante os quais as taxas de câmbio foram fixadas sobre o acordo Bretton Woods (1946-73)
Objetivos da Política Macroeconômica em uma Economia Aberta
Os formuladores da política econômica são motivados pelos 2 objetivos que mencionamos: o equilíbrio interno e o externo. Podemos definir o equilíbrio interno como aquele ponto em que os recursos do país estão plenamente empregados e o nível de preços local está estável. Já o equilíbrio externo é alcançado quando as transações correntes do país não estão em um déficit tão profundo que o país não possa pagar sua dívida externa no futuro, nem com um superávit tão grande que sejam os estrangeiros os prováveis inadimplentes.
Além do pleno emprego e a estabilidade do nível geral de preços, os formuladores da pol. eco. podem ter outros objetivos, como distribuir a renda interna de determinada maneira, por exemplo. Além do mais, a linha divisória entre os objetivos internos e externos pode não ser clara (ex: como se definiria a meta de emprego dos setores exportadores, levando em conta que o crescimento nas exportações influencia a capacidade de a economia pagar sua dívida externa?)
Equilíbrio interno: pleno emprego e estabilidade do nível de preços
Quando os recursos produtivos de um país estão plenamente empregados e seu nível de preços estável, dizemos que esse país está em equilíbrio interno. O desperdício e a pobreza resultantes quando os recursos estão subempregados são evidentes.
Tanto o subemprego quanto o sobre-emprego também fazem com que os movimentos no nível geral de preços reduzam a eficiência da economia, tornando o valor real da unidade monetário menos certo.
Logicamente, se as expectativas dos trabalhadores e das empresas sobre a pol. mon. futura levarem a uma espiral preços-salários ascendente ou descendente, a inflação ou a deflação pode ocorrer mesmo em condições de pleno emprego.
Para evitar a instabilidade no nível de preços, o governo deve evitar grandes flutuações na produção, que aliás, são indesejáveis por si mesmas. Além disso, ele deve evitar a inflação ou a deflação crescente, assegurando que a oferta de moeda doméstica não aumente nem rápido nem devagar demais.
Equilíbrio externo: o nível ótimo das transações correntes
Noção de equilíbrio externo é mais difícil de se desenvolver do que a de equilíbrio interno, porque não existem referencias como ‘pleno emprego’ ou ‘preços estáveis’ p/ aplicar às transações externas de uma economia.
Em geral, livros-textos, identificam o equilíbrio externo c/ aquele das transações correntes de um país [aplica-se a algumas circunstâncias, mas não é útil como regra geral]. Um país com déficit em transações correntes, recebe do resto do mundo recursos que terá que pagar no futuro. Essa situação não é necessariamente indesejável já que caso exista uma oportunidade de investimento lucrativo p/ o país credor, este poderá gerar um rendimento polpudo o suficiente p/ cobrir os juros e o principal desses empréstimos.
Em linhas gerais, podemos considerar que os desequilíbrios nas transações correntes fornecem outro exemplo de como os países apresentam ganhos do comércio. O comércio envolvido é o que denominamos intertemporal, que se dá no decorrer do tempo.
Os países c/ poucas oportunidades de investimento deveriam investir pouco em nível doméstico e canalizar suas poupanças p/ investimentos mais produtivos em outros países.
Outras situações podem justificar transações correntes desequilibradas, como um país cuja produção diminui temporariamente (por uma seca p. ex.) que pode precisar tomar dinheiro emprestado p/ evitar que o consumo interno despenque.
Se insistíssemos p/ que todos os países mantivessem suas transações correntes em equilíbrio, impediríamos a obtenção de ganhos relevantes do comércio ao longo do tempo.
Problemas com déficits excessivos em transações correntes: Quando países começam a ter problema p/ pagar empréstimos passados, os credores estrangeiros se tornam relutantes em lhes emprestar novamente. Em tais casos, o governo doméstico pode ter de tomar atitudes severas p/ reduzir o empréstimo a níveis factíveis. Um grande déficit em tc pode minar a confiança de investidores externos e contribuir p/ uma crise de crédito.
Problemas com superávits excessivos em transações correntes: Um grande superávit em tc implica em menos investimentos em fábricas e equipamentos domésticos. Se um superávit em tc reflete empréstimos externos excessivos, o país corre o risco de, no futuro, ver-se impossibilitado de recuperar o dinheiro que lhe é devido e também podem se ser inconvenientes por razões políticas, já que podem se tornar alvo de medidas protecionistas discriminatórias por parte dos parceiros comerciais c/ déficits externos.
Política macroeconômica internacional sob o padrão outro, 1870-1914
Esse período exige atenção porque as tentativas subseqüentes de reformar o SMI c/ base nas taxas fixas de câmbio podem ser vistas como tentativas de fortalecer o padrão ouro, e ao mesmo tempo, evitar seu enfraquecimento.
Origens do Padrão Ouro
Origem no uso de moedas e ouro como meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. O padrão ouro só foi instituído de forma legal na data de 1819, pelo Parlamento britânico. Posteriormente no séc. XIX, outras países também adotariam o padrão. Dados o destaque da Grã-Bretanha no comércio internacional e o desenvolvimento acelerado de suas instituições financeiras, Londres se tornou o centro do SMI baseado no padrão ouro.
Equilíbrio externo sob o Padrão Ouro
Sob o padrão ouro, a responsabilidade principal de um banco central era preservar a paridade oficial entre sua moeda e o ouro: para manter esse preço, o banco central necessitava de um estoque suficiente de reservas em ouro. Os formuladores de política econômica consideravam o equilíbrio externonão como um objetivo das transações correntes, mas como uma situação em que o banco central não estava nem ganhando ouro do exterior, nem perdendo a uma taxa rápida demais.
Na terminologia moderna, os bancos centrais tentavam evitar grandes flutuações no balanço de pagamentos. Como as reservas internacionais tomaram a forma de ouro durante esse período, o superávit ou déficit no balanço de pagamentos tinha de ser financiado por trocas de carregamentos de ouro entre os bancos centrais. Para evitar grandes movimentos do ouro, os bancos centrais adotaram políticas que levaram o componente do superávit (ou déficit) da conta financeira menos reservas a se comportar no mesmo ritmo do déficit (ou superávit) total das transações correntes e da conta capital.
Mecanismo preço-fluxo de metais preciosos
No padrão ouro, entram em ação alguns mecanismos automáticos poderosos que contribuem para que todos os países alcancem, simultaneamente, o equilíbrio do balanço de pagamentos. O mais importante deles, o mecanismo preço-fluxo de metais preciosos (David Hume, 1752)
Suponha que o superávit em transações correntes da Inglaterra seja maior que o déficit de sua conta financeira exclusive reservas. Como as importações líquidas dos estrangeiros, provenientes da Inglaterra, não estão sendo financiadas totalmente pelos empréstimos concedidos a esses mesmos estrangeiros, o equilíbrio dever ser obtido por fluxos de reservas internacionais, isto é, de ouro que entra na Inglaterra. Esses fluxos de ouro reduzem automaticamente as ofertas de moeda estrangeira e aumentam a oferta de moeda na Inglaterra, baixando os preços estrangeiros e elevando os preços ingleses.
O aumento nos preços ingleses e a queda simultânea nos preços estrangeiros - uma apreciação real da libra, dada a taxa de câmbio fixa - reduzem a demanda estrangeira por bens e serviços ingleses e, ao mesmo tempo, aumentam a demanda inglesa por bens e serviços estrangeiros. Esses deslocamentos da demanda reduzem tanto o superávit em transações correntes da Inglaterra quanto o déficit em transações correntes do estrangeiro. Por fim, os movimentos de reserva param, e todos os países envolvidos atingem o equilíbrio do balanço de pagamentos.
As “regras do jogo” do padrão ouro: mito e realidade
As reações dos bancos centrais quanto aos fluxos do ouro entre suas fronteiras possibilitaram a ascensão de outro mecanismo, também capaz de restabelecer o equilíbrio do balanço de pagamentos. Os bancos centrais que estavam perdendo ouro persistentemente reconheceram o risco de, mais cedo ou mais tarde, não conseguir resgatar suas notas.
Pensaram, então, em diminuir seus estoques de ativos domésticos quando o ouro começasse a sair; com isso, elevariam a taxa de juros doméstica e atrairiam fluxos de entrada de capital do exterior. Os bancos centrais que ganhavam ouro, por sua vez, não viam tantos motivos para eliminar suas próprias importações do metal. O principal incentivo era a maior lucratividade dos ativos domésticos que, ao contrário do “estéril” ouro, rendiam juros.
Essas medidas de crédito doméstico, reforçavam o mecanismo preço-fluxo de metais precioso ao levar todos os países em direção ao equilíbrio do BP. Após a 1a GM, a venda dos ativos domésticos sob déficit e a compra de ativos doméstico sob superávit passaram a ser conhecidas como ‘regras do jogo’ do padrão ouro.
Muitas vezes os países reverteram as regras e esterilizaram os fluxos de ouro, isto é, venderam ativos domésticos quando as reservas estrangeiras estavam aumentando e compraram ativos domésticos quando as reservas estrangeiras estavam caindo.
Equilíbrio interno sob o padrão ouro
Fixando o preço das moedas em ouro, o padrão ouro objetivava limitar o crescimento monetário na economia mundial, e portanto, assegurar a estabilidade dos níveis de preços mundiais.
Embora os níveis de preços dos países que seguiam o padrão ouro não tenham aumentado tanto entre 1870 e 1914, assim como no período após a 2a GM, os níveis de preços nacionais moviam-se de modo imprevisível no CP, refletindo mudanças nos preços relativos do ouro e de outras mercadorias.
Além disso, o padrão ouro não parece ter feito muito p/ assegurar o pleno emprego. Uma causa fundamental da instabilidade interna no CP sob o padrão ouro, antes de 1914, foi a subordinação da pol. eco. à objetivos externos.
Os anos entre guerras, 1918-1939
Durante a 1a GM, governos efetivamente suspenderam o padrão ouro e financiaram parte de seus gigantescos gastos militares emitindo moeda. Resultando em níveis de preços mais altos por toda parte ao fim da Guerra. Vários países passaram por uma inflação sem controle, à medida que seus governos tentavam reconstruir a nação. O resultado foi um aumento abrupto na oferta de moeda e nos níveis de preços.
O retorno transitório ao ouro
Os EUA voltaram p/ o padrão ouro em 1919. Em 1922, em uma conferencia em Genova, foi acordado o retorno geral ao padrão ouro e a cooperação entre os BC’s, visando objetivos externos e internos.
Para que o preço em libra do ouro voltasse ao nível de antes da guerra, o BoE foi forçado a seguir pol. mon. restritivas, que contribuíram p/ um severo desemprego. A estagnação da Grã-Bretanha, na déc. 1920, acelerou o declínio de Londres como centro financeiro de maior relevância no mundo e isto tornou-se problemático p/ a estabilidade do novo padrão ouro.
O início da Grande Depressão, em 1929, foi acompanhado por falências de bancos em todo o mundo. A GB foi forçada a entregar seu ouro em 1931, quando os detentores de libras perderam a confiança no compromisso britânico de manter o valor de sua moeda e passaram a converter suas libras em ouro.
Desintegração econômica internacional
Grande depressão prosseguia e vários países renunciavam às obrigações do padrão ouro e passava a manter suas moedas flutuando no mercado de câmbio. A seqüência de restrições comerciais: após a adoção da tarifa Smooth-Hawley nos EUA em 1930, desemprego em outros países aumenta. Como resposta todos levantam barreiras comerciais. Barreiras diminuíram os fluxos comerciais e de capital, levando países, em especial os da América Latina, a não conseguirem pagar suas dívidas externas.
Em resumo, a economia mundial desintegrou-se em unidades nacionais cada vez mais autárquicas (isto é, auto-suficientes) no início da década de 1930. Países tentando resolver desequilíbrios internos e externos haviam resolvido cortar relações comerciais c/ o resto do mundo, eliminando, por decreto, a possibilidade de qualquer desequilíbrio externo significativo.
O Sistema de Bretton Woods (1944) e o Fundo Monetário Internacional
O sistema elaborado pelo acordo de Bretton Woods exigia taxas de câmbio fixas em relação ao dólar, e um preço do ouro em dólar invariável – US$35 por onça. Os países membros mantinham suas reservas internacionais oficiais em grande parte na forma de ativos em ouro ou dólares, e tinham o direito de vender dólares para o FED em troca de ouro ao preço oficial. Tratava-se de um padrão câmbio-ouro, tendo o dólar como principal moeda de reserva.
Objetivos e estrutura do FMI
Criadores do Fundo estavam convencidos, devido à experiência do período entre guerras, de que as taxas flutuantes de cambio provocavam instabilidade especulativa e eram prejudiciais ao comércio internacional.
Acordo do FMI: buscava ser flexível o suficiente p/ permitir países alcançar o equilíbrio externo sem sacrificar objetivos internos e as taxas de câmbio fixas; empréstimos em moeda estrangeira p/ os países membro c/ conta corrente deficitária e c/ problemas; exigia membros tornarem suas moedas conversíveis p/ promover o comércio multilateral; manutenção/estabilidade das taxas de câmbio e provisão de liquidez.
Fluxos de capitais especulativos e crises
Um país com déficit grande e persistente em transações correntes poderia ser suspeito de estar em “desequilíbrio fundamental” e, portanto, estar pronto para uma desvalorização da moeda. A suspeita da proximidade de uma desvalorização, por sua vez, poderia levar a uma crise no balanço de pagamentos.Qualquer um que tivesse depósitos em libras durante uma desvalorização da libra, por exemplo, sofreria uma perda, uma vez que o valor em moeda estrangeira dos ativos em libra diminuiria bruscamente, na mesma proporção da variação na taxa de câmbio.
De forma semelhante, os países com grandes superávits nas transações correntes poderiam ser vistos pelo mercado como candidatos à valorização. Nesse caso, seus bancos centrais se encontrariam repletos de reservas oficiais, resultado da venda da moeda doméstica no mercado cambial para evitar sua apreciação. Um país nessa posição enfrentaria o problema de ter sua oferta de moeda crescendo sem controle, o que poderia elevar o nível de preços e afetar o equilíbrio interno.
As crises no balanço de pagamentos tornaram-se cada vez mais freqüentes nos anos 60 e 70. Essas crises se tornaram tão numerosas no início dos anos 70 que por fim arrasaram a estrutura das taxas de câmbio fixas estabelecidas em Bretton Woods.
Diante da possibilidade de uma crise no balanço de pagamentos, o objetivo externo de estabelecer uma meta para as transações correntes adquiriu, portanto, mais importância. Mesmo os desequilíbrios nas transações correntes justificados por oportunidades de investimento internacional ou causados por fatores meramente temporários levariam o mercado a suspeitar que uma mudança na paridade se aproximava.
Analisando as opções de política econômica no sistema de Bretton Woods
Mantendo o equilíbrio interno
Se tanto P* como E são permanentemente fixos, a inflação doméstica depende sobretudo da pressão da demanda agregada sobre a economia, não das expectativas quanto à inflação futura. Portanto, o equilíbrio interno exige apenas o pleno emprego, isto é, que a demanda agregada seja igual ao nível de pleno emprego do produto, Y*. O formulador de política econômica pode manter o produto estável em seu nível de pleno emprego, Y*, por meio de mudanças na política fiscal ou na taxa de câmbio.
Y* = C(Y* - T) + I + G + TC(EP*/P, Y* - T)
Sob taxas de câmbio fixas, a política monetária não se constitui em uma ferramenta de política econômica. 
A curva II é negativamente inclinada porque uma desvalorização da moeda (um aumento em E) e uma expansão fiscal (aumento em G ou uma diminuição em T) tendem a aumentar o produto. À direita de II, a política fiscal é mais expansionista do que o necessário para o pleno emprego, de modo que os fatores produtivos na economia são sobreempregados. À esquerda de II, a política fiscal é restritiva em demasia e ocorre desemprego.
Mantendo o equilíbrio externo
Pressuponha que o governo tenha um valor-alvo, X, para o superávit nas transações correntes.
TC(EP*/P, Y – T) = X
Dados P e P*, um aumento em E torna os bens domésticos mais baratos e melhora as transações correntes. Por sua vez, a expansão fiscal tem o efeito oposto sobre as transações correntes. Uma queda em T aumenta o produto Y; o aumento resultante na renda disponível aumenta o gasto doméstico em bens estrangeiros e piora as transações correntes. De forma semelhante, por aumentar Y, um aumento em G faz com que TC caia.
Como um aumento em E aumenta as exportações líquidas, as transações correntes estão em superávit em relação ao nível visado, X, acima de XX. De forma semelhante, abaixo de XX as transações correntes estão em déficit em relação ao nível de sua meta.
Políticas de mudança e troca dos gastos
Se a economia está inicialmente longe do ponto 1, ajustes apropriados na política fiscal e na taxa de câmbio são necessário para alcançar os equilíbrios interno e externo. A mudança na política fiscal que move a economia para o ponto 1 é denominada política de mudança nos gastos, porque ela altera o nível da demanda total da economia por bens e serviços.
O ajuste da taxa de câmbio que se segue é denominado política de troca de gastos, porque ele muda a direção da demanda, deslocando-a entre o produto doméstico e as importações. Em geral, tanto a mudança no nível dos gastos como a troca de gastos são necessários para atingir os equilíbrios interno e externo.
Com a política fiscal e a taxa de câmbio indicadas pelo ponto 2, existe subemprego e um déficit excessivo nas transações correntes. Apenas a combinação da desvalorização e da expansão fiscal indicada na figura move a economia para o equilíbrio interno e externo (Ponto 1). A política fiscal expansionista, agindo sozinha, pode eliminar o subemprego movendo a economia para o ponto 3, mas o custo do desemprego menor é um déficit externo maior. Embora a política fiscal contracionista possa sozinha levar ao equilíbrio externo (ponto 4), ela derruba o produto e a economia se afasta mais do equilíbrio interno.
É por isso que os dilemas como o do ponto 2 geram suspeitas de que a moeda será desvalorizada. Afinal, a desvalorização melhora as transações correntes e a demanda agregada ao aumentar a taxa de câmbio real EP*/P de um golpe só; a alternativa é um período longo e politicamente inaceitável de desemprego, para provocar um aumento igual na taxa de câmbio real por meio de uma queda em P.
A inflação mundial e a transição para taxas flutuantes
Se a economia está no ponto 1, um aumento em P*, dados a taxa de câmbio fixa e o nível de preços doméstico, leva portanto a economia à região 1, com um sobreemprego e um superávit nas transações correntes indesejavelmente altos. O fator que causa esse resultado é uma depreciação real da moeda, que aumenta a demanda mundial pelo produto do país local.
Se o governo não reagir, o sobre emprego pressionará para cima o nível de preços doméstico, e essa pressão gradualmente levará as 2 curvas de volta à posição original. As curvas vão parar de se deslocar quando P tiver aumentado na mesma proporção de P*. Nesse estágio, a taxa de câmbio real, o emprego e as transações correntes estarão em seus níveis iniciais, de modo que o ponto 1 será mais uma vez a posição de equilíbrio interno e externo.
Para evitar a importação de inflação é preciso valorizar a moeda (isto é, diminuir E) e mover-se para o ponto 2. Uma valorização restabelece os equilíbrios interno e externo imediatamente, sem inflação doméstica, utilizando-se a taxa de câmbio nominal para contrabalançar o efeito do aumento em P* sobre a taxa de câmbio real. Apenas uma política de troca de gastos pode dar uma resposta adequada a um aumento puro nos preços estrangeiros.
Já o aumento nos preços domésticos que ocorre quando não há nenhuma valorização exige um aumento na oferta de moeda doméstica, uma vez que os preços e a oferta de moeda movem-se proporcionalmente no longo prazo. O mecanismo que permite esse aumento é a intervenção do banco central no câmbio. Conforme o produto e os preços domésticos aumentam após o aumento em P*, a oferta de moeda real diminui e a demanda por saldos em moeda real aumenta. Para evitar que a pressão para cima sobre a taxa de juros doméstica aprecie a moeda, o BC deve comprar reservas internacionais e expandir sua oferta monetária.
Capítulo 19 – Política Macroeconômica e Coordenação sob taxas de câmbio flutuantes
Argumentos a favor das taxas de câmbio flutuantes
Autonomia da Política Monetária: Se os bancos centrais não fossem mais obrigados a intervir nos mercados de moeda para fixar as taxas de câmbio, os governos poderiam utilizar a política monetária para atingir os equilíbrios interno e externo. Além disso, nenhum país seria forçado a importar inflação (deflação) dos outros.
Simetria: Sob um sistema de taxas flutuantes, as assimetrias inerentes a Bretton Woods desapareceriam, e os EUA não seriam mais capazes de, sozinhos, estabelecer as condições monetárias mundiais. Ao mesmo tempo, os EUA teriam a mesma oportunidade que outros países de influenciar sua taxa de câmbio em relação às moedas estrangeiras. Havia duas assimetrias principais, ambas resultantes do papel preponderante do dólar na economia mundial. Primeiro, o FED tinha papel fundamental na oferta de moeda mundial, minando a autonomia de BC’s em determinar suas próprias ofertas de moeda. Segundo, qualquer país estrangeiro poderia desvalorizarsua moeda em relação ao dólar em condições de ‘desequilíbrio fundamental’, mas as regras do sistema não davam aos EUA a opção de desvalorizá-lo em relação às moedas estrangeiras.
Taxas de câmbio como estabilizadores automáticos: Mesmo na ausência de uma política monetária ativa, o ajuste rápido das taxas de câmbio determinadas pelo mercado ajudaria os países a manter os equilíbrios interno e externo em face de mudanças na demanda agregada.
Argumentos contrários às taxas de câmbio flutuantes
Disciplina: As taxas flutuantes dariam mais liberdade aos governos no uso da política monetária. Alguns críticos acreditavam, porém, que elas levariam não à liberdade mas à desordem: livres do temor de perder reservas internacionais, os governos poderiam adotar políticas fiscais ou monetárias expansionistas, caindo na armadilha do viés inflacionário. Inúmeros fatores, desde objetivos políticos à simples incompetência, poderiam instalar uma espiral inflacionária.
Especulação desestabilizadora e perturbações no mercado monetário: Se os negociantes de câmbio vissem que uma moeda estava sendo depreciada, argumentava-se, eles poderiam vender a moeda na expectativa de uma depreciação futura, independente das previsões de prazo mais longo; e, quanto mais comerciantes passassem a vender a moeda, as expectativas de depreciação acabariam por se realizar. Essa especulação desestabilizadora tenderia a acentuar as flutuações em torno do valor de longo prazo da taxa de câmbio, que ocorreriam normalmente como resultado de perturbações econômicas inesperadas. Podendo inclusive alimentar as expectativas de inflação futura e levar a uma espiral doméstica preços-salários que aumentaria ainda mais a depreciação. Países poderiam entrar em um ‘círculo vicioso’.
Danos ao comércio e aos investimentos internacionais: As moedas flutuantes deixam os importadores mais inseguros sobre os preços que terão de pagar pelos bens no futuro, e os exportadores mais inseguros sobre os preços que vão receber. Para os críticos essa incerteza tornaria mais cara a entrada no comércio internacional e, como resultado, os volumes de comércio e, juntamente com eles, os ganhos que os países auferem com o comércio, diminuiriam. De forma semelhante, uma incerteza maior sobre os ganhos dos investimentos poderia interferir nos fluxos de capitais internacionais produtivos.
Políticas econômicas não coordenadas: Para alguns defensores de Bretton Woods, as regras dele haviam ajudado a promover um comércio internacional ordenado, eliminando as depreciações monetárias competitivas que haviam ocorrido durante a Grande Depressão. Com os países mais uma vez livres para alterar suas taxas de câmbio, argumentavam eles, a história poderia se repetir. Os países poderiam mais uma vez seguir políticas macroeconômicas próprias, que prejudicavam todos os países e, no final, não beneficiava nenhum deles.
A Ilusão de maior autonomia: A taxa de câmbio é uma variável macroeconômica tão importante que os responsáveis pela política econômica não seriam capazes de tomar medidas referentes à política monetária sem considerar seus efeitos sobre a taxa de câmbio. Nesse contexto, o papel da taxa de câmbio no processo de inflação doméstica é particularmente importante. Uma depreciação da moeda que aumentasse os preços das importações poderia induzir trabalhadores a demandar salários mais altos, p/ manter o padrão de vida usual. Os salários mais elevados poderiam se refletir sobre o preço final dos produtos, originando a inflação pelo aumento no nível de preços e nos salários futuros. Além disso, a depreciação da moeda provocaria um aumento imediato nos preços dos bens importados utilizados na produção de produto doméstico. Portanto, as taxas flutuantes poderiam acelerar a velocidade à qual o nível de preços responderia a aumentos na oferta de moeda.
Interdependência macroeconômica sob taxas flutuantes
Interdependência entre países grandes pode ser resumida assim:
Efeito de uma expansão monetária permanente pelo Local. A produção do Local aumenta, a moeda do Local se deprecia e a produção do estrangeiro pode aumentar ou diminuir (porque por um lado, valoriza a moeda do estrangeiro e seus bens ficam relativamente mais caros, diminuindo sua produção. Entretanto, por outro lado, o aumento na produção do Local, opera na direção oposta, já que o Local gasta uma parte de sua renda em bens estrangeiros, aumentando a demanda por estes. Portanto, tendo dois efeitos opostos).
Efeito de uma expansão fiscal permanente pelo Local. A produção do Local aumenta, a moeda do Local se aprecia, a produção do Estrangeiro aumenta. (No caso de um país pequeno, causaria uma apreciação cambial e uma deterioração das transações correntes que anulariam por completo qualquer efeito positivo sobre a demanda agregada. Na verdade o alivio fiscal do Local vazaria por intero para o exterior (aumentaria saldo de transações correntes). No caso de um país grande, a produção do estrangeiro ainda aumenta, já que suas exportações se tornariam relativamente mais baratas quando a moeda do Local se aprecia).
Capítulo 20 – Áreas monetárias e a experiência européia
A teoria das áreas monetárias ótimas
Nesta seção vamos mostrar que os custos e benefícios de se integrar a uma área de taxa fixa de câmbio como o SME dependem de quão bem integrada está a economia do país com a de seus parceiros potenciais. A análise que leva a essa conclusão é conhecida como teoria das áreas monetárias ótimas, que prevê que as taxas fixas de câmbio são mais apropriadas para áreas intimamente integradas pelo comércio internacional e pelos movimentos de fatores.
Integração econômica e os benefícios de uma área de taxa fixa de câmbio: a curva GG
O ganho de eficiência monetária de ingressar num sistema de taxa fixa de câmbio equivale àquilo que o ingressante economiza ao evitar a incerteza, a confusão, o cálculo e os custos de transação, inerentes à flutuação das taxas cambiais.
Na prática, pode ser difícil atribuir um número exato ao ganho total de eficiência monetária que pode se usufruir ao ingressar numa área monetária. Mas certamente, quanto mais o ingressante comercializa com os países dessa região, maior serão os ganhos. Os ganhos serão ainda maiores se os fatores de produção puderem migrar livremente entre o país ingressante e os países da zona monetária.
Quando a economia do país está bem integrada à economia da área de baixa inflação, é mais fácil manter a inflação doméstica baixa. Isso porque a intensa integração econômica leva à convergência dos preços e, portanto, diminui a margem p/ variações independentes do nível de preços do país que está se atrelando.
Integração econômica e os custos de uma área de taxa fixa de câmbio: a curva LL
Custos surgem porque o país que ingressa abre mão de sua capacidade de usar a taxa de câmbio e a pol. mon. c/ o propósito de estabilizar a produção e o desemprego. Essa perda de estabilidade econômica do ingresso, assim como o ganho de eficiência monetária, está relacionada à integração econômica do país c/ seus parceiros de taxa de câmbio.
Quando a economia é perturbada por uma mudança no mercado de produção, as taxas flutuantes levam vantagem sobre as fixas: elas automaticamente amortecem a produção e o emprego da economia, permitindo uma mudança imediata no preço relativo dos bens domésticos e estrangeiros. Além disso, quando a taxa de câmbio é fixa, a estabilização do produto é mais difícil, porque a política monetária não tem nenhum poder de afetar a produção doméstica.
Decisões de ingressar em uma área monetária: juntando as curvas GG e LL
Ponto em que cruzam = nível crítico de integração, entre a área de taxa fixa de câmbio e o país que está pensando em ingressar. Em qualquer nível de integração acima deste ponto, a decisão se ingressar produz benefícios econômicos líquidos positivos p/ o país ingressante.
O que é uma área monetária ótima?
As áreas monetárias ótimas são grupos de regiões c/ economias intimamente relacionadas pelo comércio de produtos e serviços e pela mobilidadedos fatores.

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