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Introdução - Vigilância em Saúde

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Semiologia – Vigilância Epidemiológica Módulo 1 - Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
1 
 
VIGILÂNCIA 
Do latim vigilare – observar atentamente, estar atento, 
procurar, cuidar, precaver. 
VIGILÂNCIAS NO CAMPO DA SAÚDE 
Controle, fiscalização, monitoramento de doenças, 
número de casos, o impacto na sociedade. Estabelecer 
planos 
IDADE MÉDIA isolamento – doença era pecado. 
SÉC XVII quarentena (ex: lepra). 
1933 Leprosário de Bauru. 
MARCOS DA ATUAÇÃO DA PRÁTICA DA 
VIGILÂNCIA 
ALEMANHA, SÉC. VIII sistema de observação da mor-
bidade, com normalização do saber e práticas médicas. 
FRANÇA higienização urbana, análise das regiões de a-
montoamento como cemitérios e os matadouros, con-
trole da circulação de ar e água – medicalização das ci-
dades. 
INGLATERRA aumento do proletariado – cordão sani-
tário impunha controle do corpo da classe trabalhadora 
– vacinação, registro de doenças, acabar com os corti-
ços. 
BRASIL, SÉC. XIX (1800: vinda da família real) surge a 
saúde pública – investigação no campo das doenças in-
fecciosas, vacina, medicina higienista, campanhas com-
tra febre amarela. 
MODELO DE ATENÇÃO 
Modo como os serviços de saúde assistem às pessoas, 
ou seja, como se organizam, como são combinados seus 
recursos materiais, seus equipamentos e seus profissio-
nais em determinado local para servir a uma determina-
da população. 
Ajuste entre necessidade de saúde da população e ofer-
ta de serviços de saúde pelo sistema. 
PRINCÍPIOS CONSTITUICIONAIS descentralização, in-
tegralidade, participação da sociedade, complementa-
riedade. 
DA LEI ORGÂNICA (8.080) universalidade, equidade, 
autonomia do cidadão, direito à informação, uso da epi-
demiologia, municipalização, hierarquização, resolutivi-
dade, integração intersetorial (saneamento), con-
jugação dos recursos financeiros (federais, estaduais e 
municipais). 
MODELOS DOMINANTES 
MODELO MÉDICO-PRIVATISTA (FLEXNERIANO) basea-
do na cura de doenças, no médico, no hospital e na de-
manda espontânea – hospitalocêntrico ou mediconcên-
trico. 
Financiado por atos médicos, quebra do princípio de in-
tegralidade pagando mais para casos de tratamento 
complexo, e não priorizando ações de promoção e 
proteção. 
Lógica de pagamento do setor privado absorvida pelo 
setor público. 
SANITARISTA desenvolvido pelo MS, trabalha com cam-
panhas e programas especiais verticalizados. 
Não enfatiza a integralidade da atenção e não estimula 
a descentralização na organização dos serviços, pois se 
concentra no controle de certos agravos ou em supos-
tos grupos de risco. 
Programas caracterizam-se por administração única e 
vertical e por serem mais permanentes que as campa-
nhas. Essa administração propicia conflitos na ponta do 
sistema pelas dificuldades de interação com outras 
atividades dos serviços de saúde. 
A CRISE DA MEDICINA CIENTÍFICA – ANOS 70 
Ineficácia – pouca diminuição da morbimortalidade. 
Pouco aumento da expectativa de vida, pouca diminui-
ção do abstenteísmo por doenças na indústria e aumen-
to da iatrogenia. 
Doenças psicossomáticas – sociedade de consumo/tra-
balho. 
Semiologia – Vigilância Epidemiológica Módulo 1 - Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
2 
 
Doenças ocupacionais – condições de trabalho. 
Neoplasias – problemas ambientais. 
Aumento das iniquidades pois a população que mais 
precisa não tem acesso à tecnologia. 
PROPOSTAS ALTERNATIVAS 
Organização em distritos sanitários e ênfase na atenção 
primária. 
DISTRITO SANITÁRIO propõe que o ingresso do usuá-
rio no sistema de saúde fosse feito através de uma “por-
ta de entrada” e a atenção fosse dividida em três níveis 
de complexidade. 
Busca organizar especialmente equipamentos e estabe-
lecimentos respeitando o fluxo da demanda, caracteres-
ticas epidemiológicas de cada local, descentralizando os 
serviços do mais simples para o mais complexo. 
NOVO MODELO ASSISTENCIAL 
Mudança do enfoque clínico para um modelo de aten-
ção que, além de cuidar da atenção individual, seja cen-
trado na qualidade de vida das pessoas e do seu meio 
ambiente, bem como na relação da equipe de saúde 
com a comunidade. (NEVES, 2003) 
Surge a partir da necessidade de elaborar propostas 
mais integrais que orientem as intenções sobre a situa-
ção de saúde. 
Divide ações em controle de: causa, riscos e danos. 
Correspondem às ações de promoção à saúde, preven-
ção à doença, proteção, recuperação e reabilitação da 
saúde. 
MODELO DA VIGILÂNCIA À SAÚDE 
Busca controlar e eliminar as causas, riscos e danos à 
saúde das pessoas através do conjunto de práticas 
exercidas pelas vigilâncias (sanitária, nutricional, 
epidemiologia e de saúde do trabalhador). 
OBJETIVO observação e análise permanente da situa-
ção de saúde da população, articulando-se em conjunto 
com ações destinadas a controlar determinantes, riscos 
e danos à saúde de populações que vivem em determi-
nados territórios, garantindo se a integralidade da aten-
ção, o que inclui tanto abordagem individual como cole-
tiva dos problemas de saúde. 
Deve ser permanente! 
2003 criada a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) – 
agrega todas as ações da vigilância em única estrutura 
(menos a sanitária – ANVISA). 
SVS coordena ações. Responsabilidade compartilhada 
com gestores estaduais e municipais. 
AÇÕES – ONDE SÃO DESENVOLVIDAS? 
Cotidianamente em todos os níveis de atenção à saúde. 
A partir de suas específicas ferramentas as equipes de 
saúde da atenção primária podem desenvolver habilida-
des de programação e planejamento, de maneira a or-
ganizar os serviços com ações programadas de atenção 
à saúde, aumentando o acesso da população às diferen-
tes atividades e ações de saúde. 
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS 
Intervenção sobre problemas de saúde (danos, riscos 
e/ou determinantes). 
Ênfase em problemas que requerem atenção e acompa-
nhamento contínuos. 
Operacionalização do conceito de risco. 
RISCOS À SAÚDE risco – proximidade de um possível 
dano – vulnerabilidade. 
V. SANITÁRIA alimentos, medicamentos, serviços de la-
boratórios. 
V. EPIDEMIOLÓGICA doenças (vetores, comportamen-
to, higienização). 
AMBIENTAL poluição de ar, água e solos. 
VISAT riscos profissionais. 
ATUAÇÃO intersetorial. 
Articulação entre ações promocionais, preventivas e 
curativas. 
Intervenção sob a forma de operações. 
Age de forma antecipada, sobre os riscos, para evitar 
acontecimentos que podem provocar danos à saúde. 
Semiologia – Vigilância Epidemiológica Módulo 1 - Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
3 
 
FINALIDADE promover e proteger a saúde, atuando so-
bre os determinantes de riscos aos quais a população 
está exposta, com base em um determinado território. 
USO CORRENTE – VIGILÂNCIAS NO CAMPO DA 
SAÚDE 
Vigilâncias não se valem de um único método, se valem 
de métodos e de aportes de diversas disciplinas científi-
cas, fazendo uso diferenciado dos mesmos conceitos. 
Importante a necessidade de diálogo e de construção de 
pontes. 
CONTEÚDOS COMUNS ÀS VIGILÂNCIAS 
Conjunto de ações ou de atividades; 
Atuam por meio de um processo investigativo (análises 
laboratoriais); 
Riscos ou fatores determinantes e condicionantes de 
doenças e agravos; 
Na sua operacionalização, referem-se a territórios deli-
mitados; 
Caráter intersetorial, um dos pilares indispensáveis à 
efetividade de suas ações; 
Devem ser pensadas dentro do contexto de 
desenvolvimento social; 
Nas formas de organização do Estado e da sociedade; 
Levar em consideração a complexidade do processo 
saúde-doença e a busca da melhoria das condições de 
vida das pessoas; 
Caráter de bem público. 
FORMA DE ATUAÇÃO 
A capacidade das vigilâncias é condicionada pelo concei-
to de risco, com a capacidade do serviço, seu grau de 
institucionalidade, da sua articulação com as demais 
ações e instâncias do sistema de saúde, e fora dele. 
Nas atividades de outros setores governamentais. 
 
 
 
 
 
 
d 
TEXTOS 
DEFINIÇÕES DASVIGILÂNCIAS EM SAÚDE E 
OS CONTEÚDOS QUE LHES SÃO COMUNS 
Um aspecto comum a todas é que compreendem um 
conjunto de ações ou atividades e que necessitam de 
análises laboratoriais. 
LEI N° 8.080 definições de vigilância. 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR área de 
Saúde do Trabalhador definida abrangendo ações 
assistenciais, de vigilância epidemiológica e sanitária, 
desenvolvimento de estudos e revisão normativa. 
DEFINIÇÕES 
V. SANITÁRIA conjunto de ações capaz de eliminar, 
diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos 
problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da 
produção e circulação de bens e da prestação de 
serviços de interesse de saúde. Abrange: 
▪ Controle de bens de consumo que, direta ou 
indiretamente, se relacionem com a saúde, 
compreendendo todas as etapas de processos, da 
produção ao consumo; 
▪ Controle da prestação de serviços que se 
relacionam, direta ou indiretamente, com a saúde. 
V. EPIDEMIOLÓGICA conjunto de ações que propor-
cionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de 
qualquer mudança nos fatores determinantes e condi-
Semiologia – Vigilância Epidemiológica Módulo 1 - Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
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cionantes de saúde individual ou coletiva, com finalida-
de de recomendar e adotar as medidas de prevenção e 
controle das doenças ou agravos. 
SAÚDE DO TRABALHADOR conjunto de atividades 
que se destina, através das ações de vigilância 
epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e 
proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa 
à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores 
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições 
de trabalho. 
V. EM SAÚDE DO TRABALHADOR (VISAT) atuação 
contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido 
de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores 
determinantes e condicionantes dos agravos à saúde 
relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em 
seus aspectos tecnológico, social, organizacional e 
epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar 
e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a 
eliminá-los e controlá-los. 
V. EM SAÚDE AMBIENTAL conjunto de ações que 
proporcionam o conhecimento e a detecção de 
mudança nos fatores determinantes e condicionantes 
do meio ambiente que interferem na saúde humana, 
relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. 
ASPECTOS COMUNS DAS DEFINIÇÕES 
1. Devem ser pensadas, assim como a saúde, mais 
amplamente dentro do contexto de desenvolvimento 
social, nas formas de organização do Estado e da 
sociedade para dar sustentabilidade aos modelos de 
desenvolvimento adotados, levando em consideração a 
complexidade do processo saúde-doença e a busca da 
melhoria das condições de vida das pessoas. 
2. São conjuntos de ações ou de atividades e lidam com 
os riscos ou fatores determinantes e condicionantes de 
doenças e agravos. 
3. Na sua operacionalização, referem-se a territórios 
delimitados. 
4. Em termos de política pública, assim com a saúde, 
têm caráter intersetorial. Para três delas (sanitária, 
ambiental e em saúde do trabalhador), além do 
conceito de risco, a intersetorialidade representa um 
dos pilares indispensáveis à efetividade de suas ações. 
DIFERENÇAS NO TRABALHO 
1. Há diferenças importantes quanto à forma de atua-
ção, ou melhor, à possibilidade explícita de intervenção 
sobre a realidade, ou de produção e utilização do conhe-
cimento sobre essa realidade para instrumentalizar a 
intervenção. 
2. Na definição de vigilância sanitária está que o 
conjunto de ações deve ser capaz de eliminar, diminuir 
ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas 
sanitários, podendo restringir direitos individuais para o 
bem da coletividade e defesa do interesse público. 
Na vigilância sanitária, que detém poder de polícia 
administrativa no campo da saúde, esse poder incide 
sobre estabelecimentos (PJs), e não sobre as pessoas, 
exercido de forma: 
Preventiva mediante emissão de normas e de atividades 
de inspeção/fiscalização sanitária onde se pode, se for 
um caso de risco à saúde, realizar ações de interdição 
total ou parcial ou inutilização. 
Repressão punição do desrespeito às normas, mediante 
aplicação de multas que revertem para os cofres 
públicos. 
3. Na definição de vigilância epidemiológica, se privile-
gia o conhecimento e a detecção de mudanças nos fato-
res determinantes ou condicionantes da saúde individu-
al ou coletiva. A tradução operacional “pretende ser 
uma ampla rede de unidades geradoras de dados que 
permitam a adoção e a execução de ações de investiga-
ção e controle”. 
Conjunto de atividades que permite reunir informação 
indispensável para conhecer, a qualquer momento, o 
comportamento ou história natural das doenças, bem 
como detectar ou prever alterações de seus fatores 
condicionantes, com o fim de recomendar oportuna-
mente, sobre bases firmes, as medidas indicadas e 
eficientes que levem à prevenção e ao controle de 
determinadas doenças. 
A capacidade das vigilâncias é condicionada pelo 
conceito de risco com o qual cada uma trabalha, com a 
capacidade do serviço e seu grau de institucionalidade, 
Poder de polícia administrativa atividade exclusiva 
da Administração Pública. Capacidade, mas tam-
bém dever que ela tem, de restringir ou condicionar 
as liberdades ou a propriedade individual, ajustan-
do-as aos interesses da coletividade. Tem como 
princípio básico a supremacia do interesse público 
sobre o individual. 
Semiologia – Vigilância Epidemiológica Módulo 1 - Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
5 
 
da sua articulação com as demais ações e instâncias do 
sistema de saúde, mas também fora dele. 
A vigilância sanitária e a epidemiológica são um bem 
público dotado de alta externalidade: seu consumo por 
parte do cidadão não gera custos adicionais, não deve 
ser exercida por particulares e pela sua atuação ou 
omissão, existem efeitos para outros que nãos os 
diretamente envolvidos. 
Se todas as vigilâncias têm em comum o caráter de bem 
público, a sanitária se diferencia das demais pelo seu 
inquestionável poder de polícia administrativa no cam-
po da saúde e o efeito econômico direto que sua regula-
ção no campo da saúde acarreta. Embora não atue todo 
o tempo só com base no poder de polícia, é ele quem 
assegura uma efetiva capacidade de intervenção da vigi-
lância sobre os problemas sanitários e possibilita uma a-
tuação mais ampla sobre os interesses privados em be-
nefício do interesse público. Para isso, seus modos de a-
tuação compreendem atividades autorizativas, normati-
vas, de educação e de comunicação com a sociedade. 
O CONCEITO DE RISCO E SUA 
OPERACIONALIZAÇÃO PELAS VIGILÂNCIAS 
Na atualidade o conceito de risco traduz a probabilidade 
de ocorrência de um evento danoso e constitui um 
termo não-técnico que inclui diversas medidas de 
probabilidade quanto a desfechos desfavoráveis. A ideia 
de probabilidade pode ser intuitiva (incerteza que não 
se pode medir) ou racional (incerteza capaz de ser 
medida de forma probabilística). 
A saúde coletiva vem empregando o enfoque de risco de 
forma crescente após a década de 1970: incialmente na 
prática epidemiológica, visando estudar os fatores que 
condicionam a ocorrência e a evolução de doenças crô-
nicas e, atualmente, de forma mais ampla, a todo o tipo 
de problema, agudo ou crônico, no estudo dos chama-
dos fatores de risco, de tal forma que seu uso indiscrimi-
nado tem sido chamado de “epidemia de riscos”. 
POR QUE FALAR EM RISCO? 
A operacionalização do risco é o que faz das vigilâncias 
em saúde um importante componente da saúde coleti-
va. Risco é um conceito que se refere à possibilida-
de/probabilidade de ocorrência de eventos que tenham 
consequências negativas à saúde. 
OPERACIONALIZAÇÃO DO RISCO ação/intervenção 
no sentido de melhorar a qualidade de vida da popula-
ção que faz com que as diversas “vigilâncias” se situemno campo da promoção e da proteção da saúde. O obje-
tivo de minimizar o risco, agindo sobre os condicionan-
tes/determinantes de um agravo/dano é algo comum às 
vigilâncias do campo da saúde. 
São típicos indicadores de risco utilizados no campo da 
saúde pública: incidência ou risco absoluto, risco relati-
vo e risco atribuível. 
ENFOQUE DE RISCO 
Na abordagem quantitativa é necessário diferenciar: 
POSSIBILIDADE inerente à própria vida. 
PROBABILIDADE relação existente entre o número de 
agravos/danos que poderiam acontecer em uma dada 
situação e a sua real ocorrência. Pode ser avaliada e 
gerenciada, já que admite uma gradação. 
FATORES DE RISCO características ou circunstâncias 
cuja presença está associada a um aumento da probabi-
lidade de que o dano venha a ocorrer, sem prejulgar se 
o fator em questão é ou não uma das causas do dano. 
Não necessariamente as causas do dano. 
RISCOS probabilidade de que o dano aconteça. Permi-
tem a identificação das potenciais fontes de agravos e 
adoção de medidas preventivas e de segurança. 
REGULAÇÃO DO RISCO probabilidade de ocorrência 
de agravo/dano, relaciona-se à existência ou ausência 
de um conjunto de medidas preventivas que busquem 
as melhores condições para que eles sejam evitados. 
NORMA TÉCNICA DAS VIGILÂNCIAS EM SAÚDE 
construção social que expressa as “medidas preventi-
vas”, considerando-se o risco e as características intrín-
secas das tecnologias. Relaciona-se à magnitude do 
agravo ou do dano e ao desenvolvimento científico-tec-
nológico existente no momento de sua elaboração sem-
do portanto, mutável. 
Nas vigilâncias em saúde o enfoque de risco apresenta 
uma característica bem marcante: o risco à saúde não 
“respeita” território geográfico, divisas ou fronteiras. 
EXTERNALIDADE possibilidade de repercussão dos 
danos para terceiros. 
O cálculo matemático puro e o uso apenas dos efeitos 
biológicos, físicos ou químicos, não levam em conta a 
Semiologia – Vigilância Epidemiológica Módulo 1 - Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
6 
 
complexidade dos problemas que afetam a saúde. O 
modo de se perceber a realidade e de se organizar os 
fatos a ela pertinentes tem implicações nas avaliações 
de riscos e nos aspectos das políticas públicas e de 
justiça social. 
Considerar a noção de complexidade faz com que não 
se possa reduzir a análise dos riscos aos componentes 
isolados do problema, sob pena de não ser capaz de 
compreender o problema em todas as suas dimensões 
e aumentar as incertezas, dificultando as estratégias de 
prevenção e controle dos riscos. É necessário 
compreender os problemas de saúde em seus múltiplos 
aspectos e em suas variadas naturezas e em suas 
relações sociais, culturais e econômicas, pois as 
interações entre elas resultarão em diferentes níveis de 
riscos e danos, seja à população, a grupos específicos 
(trabalhadores, consumidores) ou ao ambiente. 
O modelo conceitual da vigilância das situações de risco 
é baseado no entendimento que as questões pertinen-
tes às relações entre saúde e ambiente são integrantes 
de sistemas complexos, exigindo abordagens e articula-
ções interdisciplinares e transdisciplinares, palavras de 
ordem da promoção da saúde, distribuição do risco e do 
adoecer, contextualizando-os por meio de indicadores 
demográficos, socioeconômicos, ambientais ou de ou-
tra ordem. 
VIGILÂNCIAS EM SAÚDE NA RELAÇÃO COM A 
PROMOÇÃO DA SAÚDE 
Os componentes das vigilâncias em saúde se diferen-
ciam, no campo da saúde, da prestação de serviços as-
sistenciais. As ações que todos os componentes reali-
zam com o intuito de serem minimizados os riscos as 
caracterizam como proteção da saúde e prevenção. 
Estarão protegendo a saúde da população de agravos e 
danos quando sua ação estiver sendo realizada antes 
que eles ocorram, embora não se possa dizer que estas 
ações acabarão com os riscos, pois há sempre a 
possibilidade de sua ocorrência. 
PROMOÇÃO DA SAÚDE implica em uma redefinição 
da saúde e de seus objetos. A saúde passa a ser compre-
endida como resultado de vários fatores relacionados à 
qualidade de vida, ultrapassando o enfoque na doença 
e incluindo questões como habitação, alimentação, edu-
cação e trabalho. Suas atividades estariam mais voltadas 
ao coletivo de indivíduos e ao ambiente, num sentido 
amplo, de ambiente físico, social, político, econômico e 
cultural, através de políticas públicas e de condições 
favoráveis ao desenvolvimento da saúde e do reforço 
(empoderamento) da capacidade dos indivíduos e das 
comunidades. 
Ela persegue a mudança no modelo assistencial, com-
posto por combinações de saberes e técnicas direciona-
das à resolução dos problemas e ao atendimento das 
necessidades de saúde. A promoção da saúde, na supe-
ração do modelo assistencial passa a ter como objeto os 
problemas de saúde e seus determinantes. 
Prevê uma combinação de estratégias: ações do Estado, 
da comunidade, de indivíduos, do sistema de saúde e de 
parcerias intersetoriais. Trabalha com a ideia de respon-
sabilidade múltipla, pelos problemas e pelas soluções. 
Atualmente a promoção, mais que uma política, repre-
senta uma estratégia de articulação transversal que es-
tabelece “mecanismos para reduzir as situações de vul-
nerabilidade, incorporar a participação e o controle 
social na gestão das políticas públicas e defender a equi-
dade”. 
Na promoção da saúde, a saúde e vista como um direito 
fundamental, de responsabilidade múltipla, inclusive do 
Estado e com a população exercendo seu direito de 
participação e decisão. No campo das vigilâncias em 
saúde, pode-se ressaltar: 
1. As vigilâncias em saúde, como integrantes da pro-
moção da saúde, ultrapassam a visão do risco ao 
propor a transformação dos processos de consumo, 
de trabalho e de produção, e a inserção do cidadão 
e do trabalhador nestes processos, de forma a po-
tencializar suas vidas. 
2. A vigilância sanitária, por meio do seu caráter regu-
latório, precisa equilibrar os interesses do setor 
produtivo e do cidadão, os quais divergem com fre-
quência. As permissões do Estado devem ser revis-
tas sempre que necessário, sendo sua atuação es-
sencial para minimizar riscos à saúde, sempre que 
houver prejuízos à sociedade na desigualdade pro-
dução-consumo. Uma vigilância pode e deve recor-
rer à outra. 
3. A interligação entre as vigilâncias potencializa a 
qualidade da intervenção, principalmente em situa-
ções de conflito. 
4. As vigilâncias em saúde têm o caráter de “campo de 
prática”, uma vez que atum na produção de conhe-
cimento e na intervenção de situações que interfe-
Semiologia – Vigilância Epidemiológica Módulo 1 - Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
7 
 
rem na saúde coletiva; como também o de interdis-
ciplinaridade, pela necessidade de confluência de 
diversas áreas do conhecimento para o exercício 
pleno das vigilâncias em saúde. Para tanto é funda-
mental a aplicação de conceitos de outras discipli-
nas. 
5. A Carta de Ottawa reúne valores e estratégias da 
promoção da saúde e abrange a multicausalidade 
da saúde, reforçando a transcendência como uma 
das principais estratégias para a promoção da 
saúde. 
Intersetorialidade é um princípio operativo da vigi-
lância da saúde na requalificação dos seus proces-
sos de intervenção, em que os setores ligados ao 
poder público ou à administração direta de órgãos 
estatais precisam estar interligados com os setores 
da sociedade civil. É importante refletir sobre como 
podemos envolver as diferentes instâncias da 
promoção à saúde e as suas contribuições que 
potencializam a promoção à saúde. 
O PROCESSO DE TRABALHO NAS VIGILÂNCIA 
EM SAÚDE 
Como atuam os componentes das vigilâncias em saúde? 
PROCESSO DE TRABALHO definido como um conjun-
to de ações sequenciadas, que envolve atividades da 
força de trabalho e a utilização dos meios de trabalho, 
visando o alcance de objetivos e metas. 
ELEMENTOS COMPONENTESA atividade adequada a um fim – o próprio trabalho. 
A matéria a que ele se aplica – o objeto de trabalho. 
Os meios de trabalho, o instrumental de trabalho. 
ATIVIDADES E FINALIDADES DO PROCESSO DE 
TRABALHO 
Qualquer processo de trabalho, inclusive o da saúde, de-
ve ter uma finalidade. A “mais ampla” é a de promover 
e proteger a saúde, atuando sobre os determinantes e 
riscos. Ao se pensar no SUS, em todas as esferas da 
gestão, e as diferentes formas de organização social das 
ações de saúde que buscam responder às necessidades 
e conhecer os problemas de saúde de cada local, é 
possível citar algumas finalidades específicas. 
As vigilâncias em saúde têm como finalidade específica 
reconhecer os problemas de saúde locais e atender às 
necessidades de saúde em seu território, sejam elas 
“sentidas” ou não pela comunidade e identificadas ou 
não pelos profissionais de saúde. Não se trata apenas de 
uma divisão no sentido físico, nem se limita igualmente 
às fronteiras nacionais ou aos limites estaduais ou 
municipais, existem sempre os fluxos, que, muitas vezes 
ultrapassam a divisão territorial administrativa, e os 
territórios são sempre dinâmicos. 
O conceito geográfico de território-processo não é in-
compatível com o de jurisdição, passível de conter vári-
os território-processos. A base territorial da ação da vigi-
lância sanitária é, principalmente, a divisão jurídico-ad-
ministrativa, ou seja, a jurisdição. Essa divisão é neces-
sária pelo componente fiscal de sua ação, que fica cir-
cunscrita a um ente federativo responsável. 
A resposta às necessidades de saúde e a identificação 
dos problemas de saúde são igualmente finalidades das 
esferas de governo no âmbito da saúde, para que pos-
sam organizar suas ações. Esse território vai sendo soci-
almente construído de forma cada vez mais complexa, 
de acordo com a esfera de governo que deve “atuar”. 
O Pacto pela Saúde defende a regionalização a partir de 
regiões de saúde. Essas são recortes territoriais inseri-
dos em um espaço geográfico contínuo que contemple 
uma rede de serviços de saúde compatível com um cer-
to grau de resolutividade para aquele território, esse re-
corte territorial não é limitado ao município. A ideia de 
regionalização também é passível de ser incorporada 
pela vigilância sanitária, que tem nos municípios dife-
rentes limites e possibilidade de atuação, desde que a 
questão da jurisdição seja assegurada. 
OS OBJETIVOS E OS SUJEITOS DO TRABALHO 
As necessidades sociais de saúde e os problemas identi-
ficados informam e delimitam os objetos do processo de 
trabalho. Eles devem ser conhecidos e, sobre eles, é que 
se dá a ação das vigilâncias. 
Sua identificação também é complexa, como são os 
problemas de saúde. É necessário a utilização de: 
ENFOQUE CLÍNICO identifica os problemas em sua 
dimensão biológica e individual. 
ENFOQUE EPIDEMIOLÓGICO identifica os problemas 
em grupos populacionais. 
ENFOQUE SOCIAL identifica os problemas na popula-
ção tendo em vista o processo de desenvolvimento 
econômico, social e político que constituem os determi-
nantes sociais dos problemas e necessidades de saúde. 
Semiologia – Vigilância Epidemiológica Módulo 1 - Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 
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A partir desses enfoques identificam-se os objetos do 
processo de trabalho em saúde, que são, portanto, os 
danos, agravos, riscos e determinantes das condições de 
vida da população. 
Cada um dos enfoques privilegia um modo de interven-
ção: desde o diagnóstico e tratamento individuais (clíni-
co), controle sanitário de bens e serviços de saúde, con-
trole de vetores, ações de prevenção, educação sanita-
ria (epidemiológico), até a busca de intervenção sobre 
os determinantes sociais (social). O sujeito do processo 
de trabalho nas vigilâncias é, portanto, coletivo. 
OS MEIOS DE TRABALHO 
Utilizados para identificar seu objeto e realizar suas 
ações. 
Alimentam-se de várias disciplinas, métodos e instru-
mentos para realizarem suas intervenções, que não se 
restringem às ações meramente técnicas, mas também 
às ações ao fortalecimento da sociedade e da cidadania, 
para alcançar sua finalidade de promoção da saúde e 
prevenção de danos e agravos. 
Os objetos, sujeitos e meios de trabalho estabelecem 
uma rede complexa de relações de trabalho e definem 
a organização do processo de trabalho nas vigilâncias 
em saúde, que contempla duas dimensões: 
POLÍTICO-GERENCIAL reconhece os problemas de 
saúde e cria condições para a intervenção, planeja e pro-
grama as ações e fortalece a sociedade. 
TÉCNICO-SANITÁRIA atua no controle dos determi-
nantes, riscos, danos e agravos à saúde. 
O PROCESSO INVESTIGATIVO 
Uma atividade comum a todas as vigilâncias em saúde é 
a investigação com a qual se busca caracterizar a situa-
ção ou o caso e, se possível, estabelecer nexos causais. 
O processo usualmente é desencadeado por uma notifi-
cação ou denúncia, também pela eclosão de um proble-
ma, e por ações de monitoramento e avaliação. 
Ao discutir vigilância e monitorização como instrumento 
de saúde pública apontam-se diferenças, apesar de am-
bos exigirem informação, análise e ampla disseminação 
da informação analisada a todos que dela necessitam. 
VIGILÂNCIA analisa o comportamento de “eventos ad-
versos à saúde” na comunidade e é uma das aplicações 
da epidemiologia nos serviços de saúde. 
MONITORIZAÇÃO acompanham indicadores e tem 
aplicação em diferentes áreas de atividade, inclusive 
fora do setor saúde. 
Essa avaliação pode utilizar várias abordagens e méto-
dos, a depender de cada uma das vigilâncias, mas tam-
bém do que ser quer avaliar, mas geralmente tem um 
componente laboratorial. 
Os componentes das vigilâncias em saúde possuem 
algumas semelhanças e algumas especificidades a res-
peito do seu processo de trabalho. O planejamento, a 
gestão e a comunicação são fundamentais para todos 
eles. Igualmente importantes são a produção e a utiliza-
ção de informações, esses podem ser úteis para planejar 
ações prioritárias de vigilância de forma mais eficiente.

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