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Revista Hermenêutica Política - Edição 012022

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HERMENÊUTICA POLÍTICA
Pontos positivos &
negativos da Reforma
Tributária
Conheça os pontos da reforma tributária que 
poderão trazer impactos tanto positivos quanto 
negativos para a economia.. Pg. 13
Edição 01/2022
Os eventos de 
alteração da 
ordem global
Pg. 03
Politicamente Correto, Militância 
Canceladorae Big Techs.
Leia tudo sobre o assunto na 
página 11
Senhoras e 
Senhores, esse é 
o circo dos 
horrores
Pg. 09
Vivemos em 1984 
de George Orwell
Nossa equipe
Eduardo Carvalho
Eduardo Carvalho é estudante de
Direito pela Faculdade de Direito de
Contagem - FDCON, estudou Filosofia
no Curso Online de Filosofia do
Professor Olavo de Carvalho. Na
Universidade São Jerônimo, estudou
Teologia, sendo aluno de ilustres
professores como o filósofo tomista
Carlos Nougué e o Padre Anderson
Batista. Escreve análises sobre temas
políticos e sociais da atualidade por
uma perspectiva histórica e filosófica.
Marcos Nogueira
Marcos Nogueira é aluno Summa Cum
Laude em economia pelo IBMEC, mas
prefere se definir como um nerd
apaixonado por mercado financeiro e
tecnologia. Depois de vivências nos
EUA e na Espanha, Marcos atualmente
é estudante de Data Science na Awari
e Cientista de Dados na HRTech Vulpi,
em Belo Horizonte.
Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno é bacharel em
Relações Internacionais pelo Instituto
Brasileiro de Mercados e Capitais
(IBMEC), especialista em Filosofia
Política, Ciência Politica e Politica
Internacional.
Wagner Constâncio
Wagner Constâncio é Bacharel em
Direito pelo Centro Universitário de Belo
Horizonte (UNIBH), especialista em
Direito Civil e Direito Público.
Atualmente exerce a função de
Analista Jurídico, bem como também
escreve sobre Política nacional, com
ênfase à lei e jurisprudência brasileira.
Pg. 02
Os eventos de alteração da ordem global
Por Rodrigo Bueno
Passados cerca de um mês desde o início
oficial das hostilidades entre Ucrânia e Rússia
cada vez mais temos a sensação de estar
vendo um evento definidor na Política
Internacional, aqueles raros momentos em
que se percebe que o mundo está mudando
diante dos seus olhos e ter a verdadeira
dimensão disso em tempo real é ainda mais
difícil. A minha geração, no meio das suas
duas décadas de vida já tinha presenciado um
evento dessa magnitude, o 11/09 de 2001.
Não vou entrar em detalhes do que ele
causou por ser um tema que escrevo de
forma recorrente aqui no site, meu foco será
a projeção de como será a nova ordem global
que irá se desenhar após esse conflito.
Antes de tudo é necessário entendermos e
analisarmos quais foram os outros eventos
definidores da Política Internacional, é
sempre bom lembrar que não podemos falar
em Política Internacional antes da existência
do ator primordial da mesma que é o Estado-
Nação, a sua constituição data do chamado
tratado de Westphalia de 1648 que colocou
fim á chamada Guerra dos 30 anos. Esse
evento é o marco zero das Relações
Internacionais. Então vamos analisar apenas
eventos posteriores em relação a essa data.
O primeiro desses eventos é a Revolução
Francesa de 1789. Os impactos da Revolução
Francesa são sentidos até os dias de hoje, a
maioria das ideologias políticas existentes
surgiram do apoio ou da oposição frente ao
evento, às raízes do socialismo vieram dos
jacobinos e sua ambição utópica de
construção de um mundo perfeito, ideal que
superasse totalmente o passado é a base do
chamado progressismo, além disso, duas das
principais vertentes políticas da direita, o
conservadorismo e o reacionarismo, tiveram
sua origem nesse evento como aponta o
filósofo Inglês Roger Scruton na obra
Conservadorismo: Um convite á grande
tradição. Após o caos revolucionário que
dominou a França, temos o segundo desses
eventos com a ascensão de Napoleão
Bonaparte e as Guerras Napoleônicas.
Napoleão se aproveitou de um momento
político favorável e acabou domando o
espírito da revolução ao mesmo tempo que a
representava, transformando o caos em
ordem e reformando completamente todo o
sistema administrativo e legal Francês com os
Códigos Napoleônicos internamente,
enquanto se lançava em um imperialismo que
visava unificar a Europa toda sobre o seu
domínio. No ano de 1809 seus exércitos
esmagaram totalmente qualquer chance de
resistência na Europa ocidental e central,
Napoleão redesenhou o mapa da Geopolítica
europeia de acordo com suas ambições,
anexando territórios vitais à França e
estabelecendo Estados satélites em outros,
muitas vezes governados por parentes ou
agentes franceses, apenas duas nações
conseguiram resistir aos avanços da França,
Inglaterra e Rússia.
A Inglaterra sempre teve uma vantagem
geopolítica pelo fato de ser uma ilha, o
chamado Stopping power of water
imortalizado pelo teórico internacional John
Mearsheimer, essa explicação também é
válida no contexto da segunda guerra
mundial, em que a Inglaterra não foi
dominada pela máquina de guerra hitlerista,
invadir e dominar pelo mar ou pelo ar é
virtualmente impossível.
Pg. 03Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
http://hermeneuticapolitica.com.br/
Os eventos de alteração da ordem global
Por Rodrigo Bueno
De nada adianta o poder terrestre nesse
sentido. Ainda mais contra a senhora absoluta
dos mares no contexto da época, sua posição
privilegiada permitiu apenas esperar que
Napoleão cometesse um erro para capitanear
uma reação (ainda que tardia) de toda a
Europa contra ele. No caso da Rússia o erro
de Napoleão foi estratégico, se achando
invencível, resolveu invadir um território
extremamente difícil de controlar, dada a sua
extensão e também um tipo de ocupação
mais cara do que a capacidade de
financiamento que seu império lhe permitia.
O conceito de guerra total surge nesse
contexto das Guerras Napoleônicas, à partir
dessa época quando as nações entrassem em
conflito, a mobilização dos esforços seria
geral, todos os elementos produtivos das
economias seriam deslocados para o
financiamento do conflito, os tributos
aumentariam sensivelmente e o dinamismo
da economia se perderia. Essa é a razão para
que todo império tenha seu fim, a
incapacidade de sustentar o seu tamanho.
Com a derrota de Napoleão e o
fortalecimento da Inglaterra e da Rússia ficou
bem claro que um retorno ao equilíbrio de
poder pré-revolucionário seria inviável. É por
isso que surge o Congresso de Viena em
1815 que restaura o equilíbrio de poder com
um sistema de hegemonia compartilhada
entre as potências europeias. “Esse equilíbrio
precisava se mostrar capaz de evitar a
recorrência do imperialismo francês que
resultara numa quase hegemonia da França
na Europa, especialmente pelo advento da
Rússia haver originado um perigo semelhante
a partir do leste”. (KISSINGER, 2015, p 67).
Em termos de distribuição de poder a Europa
vivia na época o que chamamos de
multipolaridade desbalanceada, a Inglaterra
era a potência mais poderosa, porém não era
poderosa o suficiente para que seu poder não
pudesse ser desafiado. O chamado Conserto
Europeu permaneceu operante até a eclosão
da primeira guerra mundial em 1914, esse
sistema estava preparado para conter o
ímpeto francês e russo, e foi responsável pelo
maior período de paz no continente desde o
início da Revolução Francesa, mas ele não
estava preparado para conter uma Alemanha
recém unificada, com altos níveis de
industrialização que desejava desafiar o poder
inglês soberano no século XIX e no início do
século XX.
Historiadores e Analistas Internacionais
debatem nos últimos cem anos quais foram
os motivos da primeira guerra mundial, o
assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando é apontado como o estopim, mas
o clima europeu no fim do século XIX já
apontava que o novo século traria fim ao
período de paz e estabilidade que
conheceram após o Congresso de Viena.
Durante a rodada inicial de negociações do
Congresso de Viena foi restaurado para a
França suas dimensões territoriais pré
expansionismo napoleônico, nos eventos da
guerra franco-prussiana de 1870, a França
teve parte do seu território tomado pela
futura Alemanha. Em relação a Rússia a
Alemanha tambémera vista com maus olhos
e desconfiança pela ambição de construir
uma estrada de ferro ligando Berlim à Bagdá,
adentrando totalmente na esfera de
influência russa.
Pg. 04Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
http://hermeneuticapolitica.com.br/
Os eventos de alteração da ordem global
Por Rodrigo Bueno
O aprofundamento dos processos
relacionados a revolução industrial fizeram
com que a Alemanha conseguisse competir
economicamente com a Inglaterra, à partir
disso as elites financeiras e industriais de
Londres, Paris e St.Petersburg já tinham bem
claro, a Alemanha era uma ameaça e
precisava ser contida, não fosse o assassinato
do arquiduque, seria qualquer outro estopim.
O fim da primeira grande guerra trouxe
consigo um novo arranjo diplomático com o
objetivo declarado de impedir que novos
conflitos armados viessem a surgir, A Liga das
Nações surgiu dessa ambição ancorada nos
princípios da não agressão e da diplomacia
como meio de solução das controvérsias
entre os membros, baseada no
internacionalismo idealista do presidente
americano Woodrow Wilson, (o idealismo é
uma das vertentes da teoria liberal de política
internacional) a Liga das Nações adotou um
princípio de igualdade entre seus membros,
como resultado qualquer decisão somente
seria tomada havendo consenso entre todos
os Estados membros. Hoje é bem claro que a
Liga das Nações foi um empreendimento
falho, mas na época poucos intelectuais e
políticos discordaram do entusiasmo de que a
então única guerra mundial seria a última.
É nesse cenário que o célebre historiador
Edward Hallet Carr publicou uma das obras
mais relevantes da história das Relações
Internacionais. O livro 20 anos de crise:
1919-1939, foi o mais importante relato em
tempo real das falhas da Liga das Nações
desde a assinatura do tratado de Versalhes.
Na obra Carr divide os pensadores da política
internacional em duas escolas, os realistas e
os idealistas. Os idealistas como Wilson e
Norman Angeli acreditavam que uma nova e
superior ordem internacional poderia surgir
em torno da Liga. Carr aponta que o próprio
tratado de Versalhes tinha falhas estruturais e
que a Liga não passava de um experimento
esperançoso porém incapaz de realizar o
necessário para que a paz fosse mantida. Na
esteira do pensamento de outro autor
realista, Hans Morgenthau, Carr argumenta
que as capacidades materiais dos Estados
pesavam mais do que suas ideias e que para o
realista não existe dimensão moral na Política.
Portanto o certo a se fazer é o que gera
resultados. Em outras palavras a diplomacia
só é útil quando se tem a capacidade material
(armas) para sustentá-la.
A diplomacia europeia da época não tinha
essa capacidade material, Hitler fez as
potências europeias de gato e sapato com
repetidos sinais de que não iria respeitar
nenhuma diplomacia vazia de poder bruto. A
Inglaterra de Neville Chamberlain achava que
a Alemanha era problema da França, e a
França passava a responsabilidade para a
Inglaterra que afinal era a maior potência do
continente. Hitler se aproveitou dessa
fraqueza e partiu em busca do seu sonho
doentio de uma Alemanha orgulhosa, pura e
ariana, quando Churchill chegou ao poder já
era tarde demais para conter a Alemanha
militarmente sem um enfrentamento direto. É
curioso pensar que se o Japão não tivesse
feito um cálculo estratégico errado ao atacar
Pearl Harbour em dezembro de 1941, o
mundo como conhecemos sequer teria
existido, o centro de poder global seria entre
Berlim, Roma e Tokyo ao invés de
Washington, Londres e Paris e a guerra fria
seria entre o Nazismo e o Comunismo.
Pg. 05Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
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Os eventos de alteração da ordem global
Por Rodrigo Bueno
O erro japonês custou a vitória ao eixo e deu
origem ao mais novo empreendimento global
para manutenção da paz em escala global. Ás
Nações Unidas ou ONU surge em 1946
simultaneamente como uma substituição e
evolução da Liga das Nações. O arranjo da
ONU entendeu os erros da sua antecessora e
estabeleceu duas arenas de discussão, a
Assembleia Geral em que todos tem voto e
representação e o conselho de segurança
formado pelas potências vencedoras da
segunda guerra mundial (Estados Unidos,
Rússia,Inglaterra,França) além da China, todos
eles possuem poder de veto. Dessa maneira a
ONU não foi utópica em sua busca por
igualdade, de forma bem consciente se
percebeu que a igualdade levada ao extremo
gera anarquia e incapacidade de atuação.
Desde a sua fundação a ONU e mais
especificamente o conselho de segurança
conseguiram impedir a eclosão de uma
terceira guerra mundial, durante os anos de
Guerra Fria, tanto Estados Unidos quanto a
União Soviética usaram da sua prerrogativa
de veto para moldar a disputa dos dois polos
na segunda metade do século XX, a disputa
entre as duas superpotências que dividiu o
mundo em esferas de influência ocidentais e
soviéticas acordada na conferência de Yalta
(1945) chega ao fim com a queda do muro de
Berlim, a unificação da Alemanha e inclusão
da Rússia e das suas ex repúblicas soviéticas
no mundo ocidental. A vitória americana na
guerra fria levou a anos de otimismo e
esperança de que em um mundo que
testemunhou o Fim da História como
sustentado por Francis Fukuyama. Disputas
por poder eram coisa do passado, como a
democracia liberal capitalista havia superado
seus dois competidores, o Fascismo e o
Comunismo. Não haveria mais tanta
preocupação estratégica ou política, as
Relações Internacionais seriam reduzidas a
preocupações econômicas.
O 11/09 provou que Fukuyama estava errado
e coroou Samuel Huntington que no
espetacular Choque de Civilizações (1996)
acabou por prever uma reação islâmica frente
a existência de um único polo de poder
global, no caso os Estados Unidos. Nesse
período ficou bem claro que nem a maior
nação do mundo estava segura em sua
própria casa, a crença de que um país
protegido por dois mares e com vizinhos
aliados no norte e no sul jamais seria atacado
se provou falsa e o ataque direcionado a um
dos maiores marcos do capitalismo global
anunciava tempos sombrios pela frente, o
ocidente sofreu com ataques terroristas por
basicamente duas décadas desde então
mesmo após a morte de Bin Laden em 2011,
surgiu o ISIS, ainda mais cruel e desumano.
Fizemos um breve passeio histórico por
vários eventos que definiram a ordem global,
a Revolução Francesa, ás Guerras
Napoleônicas, a Primeira Guerra Mundial, a
Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, e o
11/09 detalhando quais foram suas causas e
consequências, agora nos resta analisar o
último desses eventos. A guerra entre
Ucrânia e Rússia de 2022.
Pg. 06Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
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Os eventos de alteração da ordem global
Por Rodrigo Bueno
Ao longo desse passeio vimos como certos
erros táticos custam muito caro em um
contexto de guerra, Napoleão ao invadir a
Rússia, A Alemanha ao desafiar o poderio
britânico, o Japão ao atacar Pearl Harbour…
Dessa vez o erro aparenta ter sido cometido
por Putin, militarmente seu país caminha para
uma derrota bem humilhante para um
exército menos numeroso e pior equipado, o
mesmo nível de humilhação que os Estados
Unidos tiveram ao serem escorraçados no
Vietnã, o presidente ucraniano se
transformou em uma celebridade maior do
que a própria vida, ovacionado por todos no
ocidente, enquanto ele ficar vivo a Ucrânia
não irá se render, e se for morto virará mártir.
Instalar um governo fantoche também não irá
funcionar com os ucranianos dispostos a lutar
pelo seu país e impedir os planos
expansionistas de Putin. As esperanças russas
de uma Blitzkrieg não foram alcançadas. Putin
compartilha com Napoleão e Hitler uma
ambição muito clara de redesenhar o mapa
geopolítico europeu para atender os seus
interesses, e Putin conseguiu essa façanha,
mas não do jeito que ele imaginava.
Putin tinha razões para acreditar que poderia
sair impune dessa invasão, o ocidente parecia
estar em declínio crônico, a ascensão de
governos impossíveis de serem categorizados
no espectro políticoem países como os
Estados Unidos, o Brasil, a Polônia e a
Hungria, e o Brexit teriam sido provas de uma
desintegração dos valores e instituições
liberais. Enfraquecidos pela divisão interna e
o rancor ideológico entre conservadores e
progressistas, além disso a saída desastrosa
dos Estados Unidos no Afeganistão e os
eventos da invasão do capitólio teriam
revelado que os EUA seriam um poder em
decadência.
Esse raciocínio que deve ter sido a base usada
por Moscou antes da invasão somado ao fato
da Rússia não enxergar que a Ucrânia exista
de fato e que ela nada mais é que parte da
Rússia.
O erro mais grave de Putin foi dar ao
ocidente um inimigo em comum, Putin em
poucos meses conseguiu uma reversão
política de 180° graus na Política Externa
alemã, tradicionalmente relutante em se
envolver em conflitos armados, pelas razões
históricas mencionadas acima, anunciou que
irá duplicar o seu orçamento de defesa, Biden
em discurso apaixonado no State of The
Union unificou republicanos e democratas e
impôs sanções pesadíssimas ao setor
energético russo, Boris Johnson que parecia
estar com um pé fora de Westminster agora é
aplaudido até por rivais políticos, Macron que
poderia perder a reeleição para um candidato
de viés nacionalista e eurocético desponta
como franco favorito à reeleição. Quem
também encontrou novo propósito foi a
OTAN, que quase foi desmontada no governo
Trump e hoje funciona como uma linha
vermelha para às ambições expansionistas
russas.
Publicamente Putin vem minimizando o
impacto das sanções em sua economia, mas já
enfrenta pressão das elites russas e dos
militares para encerrar sua incursão militar.
Por mais que Putin negue, a Rússia estava sim
integrada a economia global, acabou expulsa
do sistema global de pagamentos (SWIFT),
suas indústrias, incluindo petróleo e gás,
dependem de bens e componentes
importados.
Pg. 07Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
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Os eventos de alteração da ordem global
Por Rodrigo Bueno
Na prática o que Putin conseguiu foi uma
nova cortina de ferro separando a Rússia do
mundo rico, uma Ucrânia ainda mais
determinada em se juntar ao ocidente, uma
derrota militar acachapante, uma OTAN com
novo propósito e mais financiamento, e o
ocidente esquecendo seus problemas
internos para defender o seu modo de vida.
Não é por acaso que na última rodada de
negociações a Rússia apontou que deseja
apenas proteger regiões que na prática já
eram domínio dela como o Dombass.
Economicamente a Rússia sai extremamente
enfraquecida, militarmente com a reputação
de um gigante com pés de barro, incapaz de
exercer seu hard power pois os demais
vizinhos já buscam o ingresso na OTAN para
terem a proteção do artigo 5°, incapaz de
exercer seu soft power pelo seu isolamento, e
com um líder orgulhoso demais para buscar
uma saída que não os prejudique tanto, a
única coisa que resta para a Rússia é se
aproximar da China, mas sem uma relação de
igualdade entre às partes, e sim uma de
suserania e vassalagem.
Referências Bibliográficas
CARR, H.Edward (1939). 20 anos de crise:
1919-1939. Brasília: Universidade de Brasília,
IPRI/FUNAG, 2001.
FUKUYAMA, Francis. O Fim da história e o
último homem, Rio de Janeiro: Rocco, 1992
HUNTINGTON, Samuel P. The clash of
civilizations and the Remaking of world order:
New York, Simon & Schuster, 1996
KISSINGER, Henry. Ordem Mundial : Rio de
Janeiro, Objetiva, 2015
MEARSHEIMER, John. The Tragedy of great
power politics. New York : W.W Norton &
Company, 2001
SCRUTON, Roger. Conservadorismo: Um
convite à grande tradição: Rio de Janeiro,
Record, 2019
Pg. 09Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
http://hermeneuticapolitica.com.br/
Senhoras e Senhores, esse é o circo dos horrores
Por Marcos Nogueira
Ministério Público gastando milhões com
Iphones e Samsungs novos para promotores
de “justiça”, STJ com orçamento de meio
milhão para comprar biscoitos e doce de leite,
prefeito pego com dólares na cueca sendo
reeleito,…, todas essas situações, para alguém
que, como eu, é um grande apreciador
de stand-up comedy parecem vindas de
um set de piadas de algum humorista mais
sarcástico, ou de um especial do Netflix, mas,
acredite se quiser (se não quiser, vai
continuar acontecendo assim mesmo), isso
está acontecendo no nosso Brasil brasileiro, o
Brasil do meu amor, terra de nosso senhor.
Que o judiciário manda no país todos já
sabemos, e que ele não é eleito por ninguém
para cargos vitalícios já é fato recorrente, os
supersalários também já são notícia
requentada, então, vou colocar outro ponto
de vista sobre isso: dívida pública brasileira.
O Brasil possui, no primeiro semestre de
2021, mais de R$ 650 BILHÕES para pagar
de dívida, contraída a uma taxa média de
aproximadamente 8% a.a., mas, como é
sabido, nenhum governo em qualquer lugar
do mundo paga suas dívidas, eles fazem o
processo de rolagem (basicamente adiar o
pagamento da dívida atual contraindo uma
dívida futura). A taxa de rolagem da dívida
brasileira está em 2% a.a., mas pensem bem:
você emprestaria todo esse dinheiro para o
governo brasileiro recebendo apenas 2% a.a.?
Não né. Pois então, nem você, nem ninguém,
tanto é que o tesouro SELIC já está pagando
110% da SELIC, e, assim, reflete-se o quanto
esta taxa está irreal para o nível de risco país
em que o Brasil se encontra. Lembrando que
esse é o título de menor risco do Brasil, nosso
risco soberano. Não somos o pior dos países
emergentes, mas também não podemos nos
dar ao luxo de cometer os excessos ali acima
descritos, principalmente pelo fato de que
estamos entrando numa trajetória de juros
extremamente perversa: para manter essa
taxa de juros (repito: artificialmente) baixa, o
governo tem sido forçado a diminuir os
prazos de pagamento da dívida interna
brasileira (registrada pelas linhas azuis, a mais
cara e mais perigosa que temos, dado que o
prazo da dívida externa, registrado em laranja,
está bem confortável), como se pode ver no
gráfico abaixo. Com isso, gera-se um ciclo
vicioso de aumento de risco e redução do
prazo da dívida que acaba culminando em
aumento de inflação.
Não sei vocês particularmente, mas eu fiquei
com uma sensação de ter comido muito nessa
pandemia. E não só eu, mas o mundo inteiro
fez isso. Na internet em 2020, além dos
africanos do caixão, um meme que circulou
muito foi o do preço do arroz. Mas, como
vemos abaixo, todos os alimentos subiram de
preço esse ano, e exageradamente. Mais
importante que lembrar que as commodities
são todas dolarizadas, é lembrar que, ainda
que a patrulha de PT, PSOL, PC do B, entre
outros discorde, o Brasil é um país pobre
(emergente ou em desenvolvimento é apenas
um eufemismo, principalmente porque já
temos esse rótulo há mais de 30 anos), com
uma população que compromete grande
parte de sua renda com alimentação básica, e,
portanto, esses produtos têm grande peso
nos índices de inflação.
Pg. 09Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
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Senhoras e Senhores, esse é o circo dos horrores
Por Marcos Nogueira
Mas como o risco aumentou se a bolsa de
valores se recuperou bem depois de passada
a pandemia? Ela de fato recuperou, e até
passou em alguns lugares do mundo, os
patamares pré-COVID, mas, como a alta
massiva de metais preciosos, como ouro e
prata, e das criptomoedas, como bitcoin e
ethereum, indicam, provavelmente não foram
as empresas que evoluíram, mas sim o
dinheiro que perdeu valor, dada a injeção
massiva de moeda pelo FED nos Estados
Unidos, pelo BCE na Europa e, em muito
menor grau, pelo BC aqui do Brasil.
Estão aí mais dois argumentos para provar
que os juros e os riscos do Brasil estão em
patamares preocupantes para se dizer o
mínimo, e aí entra a questão da trajetória
fiscal no Brasil, que está péssima (não
venham dizer que é por causa dos gastos de
pandemia, já estava ruim bem antes, a
pandemia só agravou). A reforma da
previdência ajudou um pouco na amenizada
dessa curva, porém, a reforma administrativa
é talvez 10x mais importante que isso, pois,
cada vez mais, os governos,em todas as
instâncias, comprometem e fixam gastos que
não podem ser financiados nem por aumento
de impostos, pois a população não consegue
mais pagar tantos, nem por impressão de
moeda, que só agravaria a tendência
inflacionária citada acima. A única forma de
resolver esse impasse é o governo gastar
menos. Não existe mágica.
O gráfico nos mostra o quão alarmante a
situação é e o quão rápido o governo
tupiniquim tem que agir. A linha azul mostra
as taxas dos contratos de títulos de dívida de
2022, a linha vermelha mostra a mesma
grandeza mas para 2025 e a verdinha, para
2031. Para rolar a dívida por mais tempo, terá
de pagar muito mais. Por isso, os prazos de
dívida caem e a qualidade da dívida piora,
elevando os riscos de maneira cíclica.
Sem querer ser um teórico do caos, mas
sabendo que já estou sendo, o departamento
VDM do governo deve ser acionado
rapidamente, ou o circo dos horrores poderá
ser instalado no Brasil já em 2021.
Pg. 10Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
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Politicamente Correto, Militância canceladora e Big Techs. Vivemos em 1984 de 
George Orwell
Por Eduardo Carvalho
1984 é a grande obra prima de George
Orwell, o escritor inglês construiu um
universo em que um governo totalitário
exerce total controle sobre à vida dos
indivíduos, em constante vigia, perpetuando
esse controle por meio da mentira e da
censura. No mundo real, observamos algo
semelhante em países totalitários como China
e Coreia do Norte. Veríamos algo semelhante
em uma vitória da Alemanha na Segunda
Guerra Mundial, ou num expansionismo da
União Soviética em âmbito global, mas não é
difícil observar um certo simulacro da obra
de Orwell no mundo democrático,
principalmente no meio digital.
Peguemos alguns conceitos da obra de
Orwell: Novafala, Grande Irmão e Dois
Minutos de Ódio.
Novafala descreve uma nova linguagem que
visa estreitar o âmbito de pensamento. Não
haveria mais o crime de pensamento — crime
que consiste no ato em que o criminoso
pensa e expressa algo que não está de acordo
com as doutrinas do Partido — pois aquelas
palavras que desagradam o Partido serão
eliminadas. Ora, não vemos na ideia
da Novafala uma semelhança com o
politicamente correto e, mais
especificamente, a tal linguagem neutra? Um
Partido corrompe a linguagem para adequá-la
a sua visão ideológica. A corrupção da
linguagem ao estilo Novafala não se restringe
ao ambiente digital e já é aplicada de forma
autoritária no ambiente acadêmico. Em
notícia publicada no primeiro semestre de
2017 pelo jornal britânico The Telegraph,
alunos da Hull University estavam sob risco de
terem suas notas rebaixadas caso não
utilizassem a linguagem neutra em
dissertações. Alguns acadêmicos se
pronunciaram contra, afirmando ser isto uma
atitude de “policiamento linguístico”.
Assim como a Novafala tem seu simulacro na
realidade, o Grande Irmão não é diferente.
Um dos grupos que parecem inspirados no
homem de bigode que vigia os cidadãos de
Oceania é o fascistoide Sleeping Giants,
esquerdistas extremos, atuam como
vigilantes do pensamento. O grupo de
extrema-esquerda vasculha a internet a
procura de indivíduos que explanam certos
pensamentos divergentes do esquerdismo,
buscam por meio de pressões covardes, o
boicote financeiro de empresas aos seus
alvos, que tem por meio delas, seu meio de
sustento financeiro. Caso a empresa negue o
boicote, é difamada, se torna pária,
financiadora do tal “nazifascismo”. É o Grande
Irmão digital. É correto pensar que em um
governo totalitário, a punição é muito pior, na
tirania estatal, a punição é aplicada com
torturas e assassinatos àqueles que
descumprem a ordem do Partido. A
militância orwelliana esquerdista não vai lhe
causar danos físicos, mas buscará destruir sua
reputação, sua honra, tirar até mesmo sua
forma de sustento (o grupelho já citado
é expert nisso).
Uma militância que nos remete aos “Dois
Minutos de Ódio”. Na obra de George Orwell,
Dois Minutos de Ódio é o momento em que
as massas irracionais, submissas ao
totalitarismo, se unem diante de uma grande
tela para execrar os “inimigos” da pátria.
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Politicamente Correto, Militância canceladora e Big Techs. Vivemos em 1984 de 
George Orwell
Por Eduardo Carvalho
A militância esquerdista nas redes sociais
atua da mesma forma, promovem
linchamento virtual para aqueles que falem
algo, escrevem algo, não condizente com a
Novafala progressista, frases supostamente
machistas, racistas e homofobicas. São os
inimigos a ser execrados. São os ditos
“cancelados”.
Aqueles que se colocam no lugar do governo
são as Big Techs (Facebook, Google,
Microsoft, Apple e Amazon), que exercem à
censura concreta, como oligopólios de
comunicação em massa, com claro potencial
de moldar a opinião pública, inclusive
coletando e processando nossos dados sem
que percebamos, não se limitam as meras
relações de uma empresa privada comum,
adquirem responsabilidade política e social. O
grande problema é que as Big Techs usam de
seu aspecto político-social para censurar
aqueles que defendem ideias que não vão de
acordo com os ideais esquerdistas. Em 2018,
o Facebook deletou mais de 196 páginas e 87
contas no Brasil, algumas páginas continham
centenas de milhares de seguidores. Segundo
a rede social de Zuckerberg, faziam parte de:
“uma rede coordenada que se ocultava com o
uso de contas falsas no Facebook, e escondia
das pessoas a natureza e a origem de seu
conteúdo com o propósito de gerar divisão e
espalhar desinformação”. Todas as páginas e
contas deletadas continham viés conservador
e liberal em suas publicações. A justificativa
da rede social, deveras esdruxula, pois,
diversas contas possuíam endereços
profissionais e contatos telefônicos, como no
caso do Movimento Brasil Livre (MBL), que
teve contas deletadas na ação do Facebook,
portanto, a alegação de perfis falsos era, em
si, falsa. Recentemente nos Estados Unidos,
tivemos o exemplo do ex-presidente Donald
Trump, que teve sua voz cerceada a mais de
80 milhões de usuários do Twitter por uma
interpretação subjetiva de suas falas ao
concluir que teriam levado a invasão ao
Capitólio dos Estados Unidos em janeiro de
2021. O app Parler, popular entre
conservadores, foi banido de serviços de
distribuição de aplicativos pertencentes
as Big Techs (Apple Store e Google Play) por
rejeitar a censura contra grupos
conservadores.
Novafala restringindo o vocabulário para
levar a um pensamento permitido
(politicamente correto, linguagem neutra,
etc.); um governo central com poder de
censura (Big Techs); a constante vigilância
onipresente do Big Brother “zelando” por nós
(algoritimos/Sleeping Giants); Dois Minutos
de Ódio (militância canceladora).
Se Orwell estivesse vivo, tenho certeza que
diria: “Não seus idiotas! Vocês entenderam
tudo errado!”.
REFERÊNCIAS:
https://medium.com/@joaopayne/george-
orwell-explica-politicamente-correto-
%C3%A9-censura-bbb13455cfbc
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/n
oticia/2018/07/25/facebook-retira-do-ar-
rede-de-fake-news-ligada-ao-mbl-antes-das-
eleicoes-dizem-fontes.ghtml
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https://medium.com/@joaopayne/george-orwell-explica-politicamente-correto-%C3%A9-censura-bbb13455cfbc
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2018/07/25/facebook-retira-do-ar-rede-de-fake-news-ligada-ao-mbl-antes-das-eleicoes-dizem-fontes.ghtml
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Os pontos positivos e negativos da reforma tributária
Por Wagner Constâncio
Os brasileiros têm total consciência que
o sistema tributário nacional é um dos mais
burocráticos e complexos do planeta, o que
impede a indústria de desenvolver o seu
potencial com preços justos e competitivos.
Há estudos como do IPEA — Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada — que afirma,
categoricamente, que os impostos sobre
consumo podem representar mais de 51% da
carga tributária brasileira.[1]
E nessa linha, após muitas reinvindicações do
povo e promessas depolíticos sobre
enxugamento de gastos, transparência,
justiça, modernização, desburocratização e
flexibilização do sistema tributário nacional,
finalmente foi apresentado o projeto de lei nº
3.887/2020, com o intuito de atender essa
demanda, principalmente para tornar o país
mais produtivo, confiável e seguro, a fim de
investimentos internos e externos. A reforma
será conduzida em fases distintas.
No momento foi apresentada apenas a 1ª
parte do projeto, que prevê a criação de um
tipo de IVA Federal (Imposto sobre Valor
Agregado), no caso, a Contribuição Social
sobre Operações com Bens e Serviços (CBS)
em substituição à atual cobrança das
alíquotas de PIS/Pasep e COFINS.
Por conseguinte, será apresentada também,
como 2ª parte do projeto, a criação do novo
tributo sobre transações digitais, cuja alíquota
será de 0,2% sobre todas as transações
eletrônicas, com o intuito de ajudar a produzir
uma receita fiscal extra e, então, permitir a
redução da carga tributária que as empresas
pagam sobre a folha de salários dos
trabalhadores. A proposta está sendo
duramente criticada por especialistas e alguns
afirmam até se tratar do retorno da antiga
CPMF.
Sobre os pontos positivos da reforma, o
primeiro a ser apresentado é a extinção da
ausência de transparência, no que concerne
ao pagamento dos impostos. Os brasileiros
saberão, de fato, o que, assim como o porquê
estão pagando determinado imposto ou
tributo, o que antes não era possível. Além
disso, extinguirá vários regimes diferenciados
de tributação dos produtos das empresas, que
antes refletia na alíquota e a base de cálculo
para o pagamento do PIS-PASEP/COFINS.
Antes, havia uma tributação diferenciada para
cada tipo de produto, que incidia de acordo
com todas as receitas. Com a CBS
(Contribuição Social sobre Operações com
Bens e Serviços), haverá apenas um imposto
único, em que cada empresa pagará somente
sobre o valor que agrega ao produto ou ao
serviço com alíquota de 12%, o que trará mais
segurança jurídica, pois, incidirá sobre a
receita bruta.
O segundo ponto positivo é o fim da
cumulatividade. Antes, os impostos / tributos
incidiam em todas as etapas dos processos
produtivos e/ou de comercialização de
determinado bem, inclusive sobre o próprio
anteriormente pago, da origem até o
consumidor final, influenciando em seu custo
e na determinação do preço de venda.[2]
Agora, haverá a cobrança apenas sobre o
valor adicionado por empresa e receitas não
operacionais não serão tributadas
(dividendos, rendimentos de aplicações
financeiras e juros sobre capital próprio), o
que proporcionará mais concorrência entre as
empresas. Nessa mesma linha, quem exporta
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Os pontos positivos e negativos da reforma tributária
Por Wagner Constâncio
ou investe compensará imediatamente o
crédito ou receberá o valor em dinheiro.
Já o terceiro ponto positivo, consiste na
capacidade dessa reforma de limitar a
representatividade de se ter a cobrança de
impostos indiretos, ou seja, naqueles que
incidem na compra de mercadorias e serviços,
o que também aumentará a competitividade
das empresas e o interesse em novos
investimentos no cenário nacional, bem como
internacional.
Todavia, apesar dos pontos positivos, pode-se
vislumbrar os negativos. A ideia de se criar
um imposto sobre transações digitais, por
exemplo, é totalmente contrária aos
princípios que regem propriamente a reforma.
Se é para modernizar, simplificar e
desburocratizar, qual é o motivo da criação de
mais um imposto? No momento não há uma
conclusão racional sobre o assunto.
A reforma beneficiará mais a classe
empresarial do que os cidadãos de fato,
principalmente os mais pobres. De maneira
geral, o Sr. José que compra a sua cachaça no
mercado do Sr. Orlando diariamente, a Dona
Carolina que deseja comprar seu tão sonhado
vestido de grife e o Francisco que gosta de
comer um torresmo no bar do Sr. Manoel,
sentirão, quase de maneira imperceptível, os
impactos na redução do preço final do
produto e serviço, o que não aumentará
significativamente o poder de compra, muito
menos melhorará a qualidade de vida.
Para isso, é preciso uma reforma tributária a
nível estadual, criando-se assim um sistema
de IVA Estadual, a fim de modernizar,
simplificar e unificar impostos, gerando
economia e redução no preço final dos
produtos e serviços.
Atualmente, de acordo com a Constituição
Federal e o Código Tributário Nacional (CTN),
os impostos estaduais dividem-se em três: o
ICMS (Imposto sobre Operações relativas à
Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação), o IPVA
(imposto sobre a propriedade de veículos
automotores) e o ITCMD ou ITCD (Imposto
sobre Transmissão Causa mortis e Doação).
Para os cidadãos sentirem verdadeiramente
os impactos positivos dessa reforma no bolso,
é preciso revogar esses três impostos e criar
um IVA estadual, que os substitua. Assim,
gerará mais segurança jurídica, agilidade,
simplificação e economia para o cidadão.
É importante ressaltar acerca da função de
cada um dos impostos estaduais. A cobrança
do ICMS, por exemplo, se dá através do fato
gerador a prestação de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal, o transporte
de pessoas, bens, cargas e valores, os serviços
de comunicação, bem como a mercadoria,
que deverá ser bem móvel em circulação
onerosa, ou seja, cobrando-se em dinheiro,
devendo ter a circulação e a transferência de
titularidade.
Ou seja, os cidadãos pagam o ICMS, por
exemplo, na emissão de passagens
rodoviárias por trecho percorrido pela
empresa, pelo transporte público municipal
para ir e voltar do trabalho, as cargas de
mudança, no carregamento de mercadorias,
etc.
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Os pontos positivos e negativos da reforma tributária
Por Wagner Constâncio
Já o IPVA, o fato gerador é a propriedade de
veículo automotor. A propriedade, no
entanto, é diferente de posse do veículo. É,
por exemplo, o Tiago que comprou o carro do
Jorge, mas, não transferiu a propriedade do
veículo. Contudo, apesar da posse do carro
por Tiago, Jorge ainda detém a propriedade
do veículo e, portanto, é responsável pelo
pagamento do imposto.
No que tange o imposto, os contribuintes a
cada dia se revoltam. Recentemente,
proprietários de veículos criticam mudança na
cobrança do imposto. É que foi aprovado o
fim da isenção da cobrança para carros com
idade entre 20 e 40 anos e a ampliação de 0,5
ponto percentual da alíquota (de 3%) aplicada
para veículos leves devem representar
incremento de R$ 740 milhões aos cofres
públicos do Estado. [3] Ainda, o governo de
São Paulo planeja aumentar a cobrança do
imposto para duas categorias de veículos. O
planejamento é acabar com alíquota de 3%
para os carros híbridos, elétricos GNV ou
etanol. Se isto se confirmar, a cobrança será
de 4%, o mesmo dos carros a gasolina, flex e
diesel, conforme informações do FDR
notícias.[4]
Para o professor de Direito Empresarial e
Tributário da FGV/SP, da FIA e da
Universidade Mackenzie de São Paulo – SP,
Alexandre Pacheco, o IPVA é um dos piores
impostos no Brasil e que em uma próxima
reforma tributária, esse poderia ser extinto.
Para ele, é um imposto, ineficiente, pouco
produtivo, antieconômico, porque não dispõe
de boa racionalidade econômica e, por isso,
causa maior indignação nos seus
contribuintes, pois, onera os mais pobres que
têm família ou que utilizam o veículo para o
trabalho quando não há transporte público
satisfatório, pressionando a renda de quem
justamente não tem sobras confortáveis para
pagar o imposto, principalmente os que
financiam a sua compra no limite de suas
possibilidades de renda.[5]
O ITCMD ou ITCD, o fato gerador é qualquer
patrimônio com relevância econômica,
pertencente ao “De Cujus”, que transmite
automaticamente para os seus herdeiros.
Neste sentido, cobra-se o imposto.
Transmite-se também por ITCD nos casos de
morte presumida. A transmissão pode-sedar
por sucessão legítima, testamentária ou por
morte presumida. A morte presumida pode
ser por decretação ou sem decretação de
ausência. As alíquotas máximas são fixadas
pelo senado e são vigentes à data da abertura
da Sucessão (Súmula 112, STF) e
progressivas, segundo o STF, (RES 62.045)
por até 5 anos.
Essa estrutura de arrecadação nos Estados da
federação onera, de maneira injusta, os
cidadãos, trazendo-lhes transtornos e
diminuindo o seu poder de compra.
Portanto, conclui-se que a reforma a nível
federal em si é benéfica. Modernizando e
simplificando a base federal do sistema
tributário pode trazer benefícios para o
empresário, reduzindo a burocracia e os
custos de produção, aumentando-se a
competitividade e o interesse em
investimentos.
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Os pontos positivos e negativos da reforma tributária
Por Wagner Constâncio
Isso, por sua vez, refletirá no preço final dos
produtos e serviços, que poderão ficar mais
baratos para os cidadãos. Mas é preciso fazer
mais. Somente a reforma a nível federal não é
o suficiente, já que os impostos a nível
estadual também oneram os cidadãos,
retirando-lhes o poder de compra e a
qualidade de vida. Talvez, com a criação de
um IVA a nível estadual, resolveria esse
problema, o que pode trazer a possibilidade
do Brasil sair do ranking dos piores e mais
burocráticos sistemas tributários do planeta.
NOTAS:
[1] Há estudos como do IPEA — Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada [link] — que
validam a explicação sobre essa dificuldade
da competitividade industrial. De acordo com
a pesquisa os impostos sobre consumo
podem representar mais de 51% da carga
tributária brasileira. Disponível em:
https://arquivei.com.br/blog/aspectosreform
a-fiscal-e-tributaria-tf/ . (Acesso em nov.
2020).
[2] Um imposto ou tributo cumulativo é
aquele que incide em todas as etapas
intermediárias dos processos produtivo e/ou
de comercialização de determinado bem,
inclusive sobre o próprio imposto/tributo
anteriormente pago, da origem até o
consumidor final, influindo na composição de
seu custo e, em consequência, na fixação de
seu preço de venda. Disponível em:
https://blog.grupostudio.com.br/studio-
fiscal/o-que-sao-tributos-cumulativos-e-nao-
cumulativos/#:~:text=Um%20imposto%20ou
%20tributo%20cumulativo,e%2C%20em%20
consequ%C3%AAncia%2C%20na%20fixa%C
3%A7%C3%A3o . (Acesso em nov. 2020).
[3] O fim da isenção da cobrança de IPVA
para carros com idade entre 20 e 40 anos e a
ampliação de 0,5 ponto percentual da
alíquota (de 3%) aplicada para veículos leves
devem representar incremento de R$ 740
milhões aos cofres públicos do Estado.
Disponível em:
https://www.jornaldocomercio.com/_conteu
do/economia/2020/07/749907-
proprietarios-de-veiculos-criticam-mudanca-
no-ipva.html (Acesso em nov. 2020).
[4] IPVA SP: Governo estuda aumentar
cobrança para duas categorias de veículos.
Disponível em:
https://fdr.com.br/2020/08/27/ipva-sp-
governo-estuda-aumentar-cobranca-para-
duas-categorias-de-veiculos/ . (Acesso em
nov. 2020).
[5] IPVA – um dos piores impostos do Brasil.
Disponível em:
https://www.infomoney.com.br/colunistas/jo
go-das-regras/ipva-um-dos-piores-impostos-
do-
brasil/#:~:text=O%20IPVA%20%C3%A9%20
um%20desses,a%20um%20sistema%20tribut
%C3%A1rio%20p%C3%A9ssimo . (Acesso em
nov. 2020).
Pg. 16Acesse o site: http://hermeneuticapolitica.com.br
https://arquivei.com.br/blog/aspectosreforma-fiscal-e-tributaria-tf/
https://blog.grupostudio.com.br/studio-fiscal/o-que-sao-tributos-cumulativos-e-nao-cumulativos/#:~:text=Um%20imposto%20ou%20tributo%20cumulativo,e%2C%20em%20consequ%C3%AAncia%2C%20na%20fixa%C3%A7%C3%A3o
https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/economia/2020/07/749907-proprietarios-de-veiculos-criticam-mudanca-no-ipva.html
https://fdr.com.br/2020/08/27/ipva-sp-governo-estuda-aumentar-cobranca-para-duas-categorias-de-veiculos/
https://www.infomoney.com.br/colunistas/jogo-das-regras/ipva-um-dos-piores-impostos-do-brasil/#:~:text=O%20IPVA%20%C3%A9%20um%20desses,a%20um%20sistema%20tribut%C3%A1rio%20p%C3%A9ssimo
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