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A República Federativa do Brasil, conforme definido no art. 1° da Constituição Federal de 1988. Unidade 2 Fundamentos constitucionais do Estado e da Administração Pública “A sociedade tem direito de pedir conta, a todo agente público, quanto à sua administração." (Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, 1789) 2.1 INTRODUÇÃO A Administração Pública, na ótica constitucional, é a atividade concreta e imediata que o Estado realiza a fim de alcançar os interesses coletivos. A Constituição da República Federativa do Brasil cuida dos princípios que norteiarn a Administração Pública, com o propósito de explicitar normas essenciais ao agente público, devendo respeitá-las, mesmo quando se trate de atos discricionários, conhecidos por sua flexibilidade na forma de conveniência e oportunidade. Assim, a Constituição Federal norteia a Administração Pública de maneira que ela seja legal, moral, impessoal, pública, eficaz e atinja a finalidade com vistas ao interesse público. Essas recomendações estão delineadas, em especial, nos arts. 1°, 3° e 37 da Constituição Federal: 2.2 A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL "é fonnada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e o Distrito Federal, constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I— a soberania; II—cidadania; III — dignidade da pessoa humana; IV — os valores do trabalho e da livre iniciativa; V— o pluralismo político". Em seguida, no seu art. 3 ° , estabelece que são objetivos fundamentais da República construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir desigualdades sociais e regionais; e promover o bem de todos. A Constituição Federal de 1988, em relação à Administração Pública, no art. 37 define que "A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência." Fica evidenciado, assim, que a função da Administração Pública é atender, sem discriminação, as pessoas que habitam um país ou quaisquer de suas subdivisões. É necessário observar que a União, Estados, Municípios e o Distrito Federal são Entidades Estatais de Direito Público, com poderes políticos e administrativos. Deve-se entender "Entidade" como a pessoa jurídica ou privada; Entidades Estatais, pessoas jurídicas de Direito Público; Entidades Autárquicas, pessoas jurídicas de Direito Público e Natureza Administrativa, criadas por lei especifica para a realização de atividades, obras ou serviços descentralizados da entidade estatal que as criou. Funcionam nos termos de suas próprias leis e regulamento próprio, podendo desenvolver atividades econômicas, educacionais e previdenciárias. 2.3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O termo administração é definido como "(i) o ato, processo ou efeito de administrar; (ii) o ato de reger, governar ou gerir negócios públicos" (HOUA1SS, 2001, p. 86). O adjetivo público indica algo “(i) relativo ou pertencente a um povo, a uma coletividade; (ii) relativo ou pertencente ao governo de um país, estado, cidade etc.; (iii) que pertence a todos, comum; (iv) que é aberto a quaisquer pessoas; (v) sem caráter secreto; manifesto transparente" (HOUAISS 2001, p.233). Enquanto o adjetivo público tem origem no século XIII, o substantivo administração surge no século XIV. Administração Pública é a soma de todo o aparelho de Estado, estruturada para realizar os serviços públicos, visando à satisfação das necessidades da população, ou seja, o bem comum. Assim, administrar é gerir, por meio da prestação e execução, os serviços públicos. A Administração Pública, dessa forma, deve atuar corno um eixo de transmissão entre o governo e a sociedade com o objetivo de concretizar o bem comum. O aparelho de Estado, em sentido amplo, no contexto da Administração Pública, deve ser entendido como a estrutura organizacional do Estado, em seus três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário; e três níveis: União, Estados e Municípios. O aparelho do Estado é constituído pelo governo, ou seja, por uma cúpula dirigente nos três poderes, por um corpo de funcionários e pela força militar. Deve-se ressaltar que as atribuições dadas pela Constituição Federal de 1988 ao Ministério Público tornaram aquela instituição praticamente um "quarto poder". Para Matias Pereira (2010a, p. 10), 1 a expressão Administração Pública, num sentido amplo, é todo o sistema de governo, todo o conjunto de ideias, atitudes, normas, processos, instituições e outras formas de conduta humana, que determinam: (a) como se distribui e se exerce a autoridade política; (b) como se atendem aos interesses públicos. Assim, a Administração Pública pode ser entendida como a estrutura do Poder Executivo, que tem a missão de coordenar e implementar as políticas públicas. Apresenta-se como um conjunto de atividades diretamente destinadas à execução concreta das tarefas consideradas de "interesse público" ou comum numa coletividade ou numa organização estatal. Administração Direta: (i) estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios; (ii) conjunto de unidades organizacionais que integram a estrutura administrativa de cada um dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios, abrangendo não só as unidades destituídas de autonomia, mas também os órgãos autônomos e os fundos. Essa expressão é utilizada também para designar a forma de execução em que as ações são realizadas diretamente pelos órgãos públicos. Assim, diz-se que uma obra ou serviço é executado por administração direta quando as atividades que produzem o resultado final são desempenhadas, no todo ou em grande parte, por entidades públicas. Embora a administração direta seja integrada também pelas unidades das estruturas dos poderes Legislativo e Judiciário, no seu emprego mais usual, a ex- pressão designa apenas o conjunto de unidades que são subordinadas à Chefia do Poder Executivo (SANCHES, 1997). Administração Indireta: Conjunto de entidades públicas dotadas de personalidade jurídica própria, compreendendo: autarquias; empresas públicas; sociedades de economia mista; e fundações públicas. 2.4 CONCEITOS JURÍDICOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Os conceitos jurídicos de Administração Pública são: o formal ou estrutural, e o material ou funcional. No sentido formal, Administração Pública compreende órgãos, pessoas jurídicas e agentes que tenham sido incumbidos de exercer uma das funções do poder político, que é a função executiva (administrativa). No sentido material, ela designa a natureza da atividade exercida pelos referidos, que é a função administrativa. A Administração Pública direta e indireta, de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, Entidades, órgãos e Agentes, obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, com flexibilidade nos processos, sem ferir os trâmites legais e ações administrativas. Esses princípios visam permitir às instituições e pessoas alcançarem seus objetivos, atendendo a todos com igualdade e respeitando a Constituição Federal. 2.5 ASPECTOS RELEVANTES DO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA Dos princípios constitucionais elencados na Constituição Federal, merece destaque o principio da "eficiência.". A esse respeito assinala Bahena (2004, p. 93-94): “O principío da eficiência veio a lume como cânone constitucional da administração pública mediante a Emenda Constitucional 19/98, em resposta às mudanças encampadas no texto constitucional a partir da Emenda Constitucional 5/95, especialmente, com referência à ordem econômica e político-administrativa. […] As transformações sucediam para uma chamada reforma gerencial do estado, pretendendo extinguir a chamada administração burocrática e incentivar adescentralização, por intermédio de parcerias com a iniciativa privada, valorizando a competência e a eficiência na prestação do serviço público." Para Di Pietro (2013, p, 82), o princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação dos serviços públicos. Ressalte-se que, entre os parâmetros para avaliação da eficiência da Administração Pública estão: os resultados, a gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos püblicos, bem como aplicação dos recursos públicos. 2.6 PROBIDADE ADMINISTRATIVA Existe uma conexão entre a probidade administrativa e o objetivo final na Administração Pública, na qual não pode prevalecer o desejo nem vontade pessoal. Na Administração Pública, a liberdade é regida por lei, que restringe os atos do gestor à satisfação e atendimento do interesse da coletividade indistintamente, obedecendo aos princípios da legalidade e impessoalidade. A condição do ato administrativo tem como principal referência a competência, o aparelho de Estado deve ter o objetivo e finalidade de satisfazer a vontade e o interesse público. A definição da expressão improbidade administrativa foi criada para especificar aquela conduta antiética que fere ou se distancia dos padrões morais admitidos por um código de conduta. Assim, conduta ímproba e conduta antiética são sinónimos. A expressão improbidade administrativa, em geral, é empregada para definir toda e qualquer violação ética no trato da "coisa pública". A doutrina se divide em duas correntes que conferem amplitude diversa à expressão: (i) define aquela conduta que se desvia do dever de condução da "coisa pública" de acordo com os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência; ou (ii) define apenas aquela conduta desonesta que lesa o patrimônio público. Para um número significativo dos teóricos que cuidam da prática jurídica do controle ético da Administração Pública, o seu desvio, independentemente do dano causado, mas apenas por se tratar de ato desonesto ou administração de má qualidade, significa que houve um ato de improbidade administrativa. No entanto, há uma parcela dos teóricos que entende ser improbidade somente a imoralidade que gere prejuízo ao erário. Registre-se que, a palavra moral deriva do latim moralis (relativo aos costumes) e, de acordo com a parte da filosofia que estuda os costumes, visa assinalar o que é honesto e virtuoso. Equivale, em regra, ao conceito emprestado à ética. Seu uso expressivo decorre de um dever geral determinado na Constituição Federal a todos os agentes públicos em todos os seus atos (veja o art. 37, em particular o § 4º da Constituição Federal). 2.7 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A Administração Pública é confirmada por vários princípios gerais, destinados à orientação da ação do administrador na realização dos atos administrativos; à assegurar a boa administração, que se consolida no manejo dos recursos públicos e na correta gestão dos negócios públicos; e no interesse coletivo, com o qual se espera dos administrados práticasadministrativas honestas e honradas. Assim os Princípios básicos da Administração constituem os fundamentos da ação administrativa, ou seja, os sustentáculos da atividade pública; desrespeitalos é corromper a gestão dos negócios públicos e esquecer o que há de mais elementar para a boa guarda e atenção dos interesses sociais. Os princípios encontrados em nossa Constituição Federal são: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Esses apresentados, são referentes à administração pública. Todos eles estão presentes no artigo 37 da Constituição Federal. Tais princípios, pertencem ao chamado 1º grupo, da administração pública. Legalidade A Legalidade está no alicerce do Estado de Direito, no princípio da autonomia da vontade. Baseia-se no pressuposto de que tudo o que não é proibido, é permitido por lei. Mas o administrador público deve fazer as coisas sob a regência da lei imposta. Portanto, só pode fazer o que a lei lhe autoriza. Impessoalidade A imagem de Administrador público não deve ser identificada quando a Administração Pública estiver atuando. Outro fator é que o administrador não pode fazer sua própria promoção, tendo em vista seu cargo, pois esse atua em nome do interesse público. E mais, ao representante público é proibido o privilégio de pessoas específicas. E deve tratar todos igualmente. Moralidade Esse princípio tem a junção de Legalidade com Finalidade, resultando em Moralidade. Ou seja, o administrador deve trabalhar com bases éticas na administração, lembrando que não pode ser limitada na distinção de bem ou mal. Não se deve visar apenas esses dois aspectos, adicionando a ideia de que o fim é sempre será o bem comum. A legalidade e finalidade devem andar juntas na conduta de qualquer servidor público, para o alcance da moralidade. Publicidade Na Publicidade, o gerenciamento deve ser feito de forma legal, não oculta. A publicação dos assuntos é importante para a fiscalização, o que contribui para ambos os lados, tanto para o administrador quanto para o público. Porém, a publicidade não pode ser usada de forma errada, para a propaganda pessoal, e, sim, para haver um verdadeiro controle social. Eficiência O administrador tem o dever de fazer uma boa gestão, é o que esse princípio afirma. O representante deve trazer as melhores saídas, sob a legalidade da lei, bem como mais efetiva. Com esse princípio, o administrador obtém a resposta do interesse público e o Estado possui maior eficácia na elaboração de suas ações. Dados tais princípios, pertencentes ao chamado 1º grupo, da administração pública. Agora vem o 2º grupo, que são os explícitos ou implícitos no texto constitucional, além dos que estão no art. 37. Interesse Público O princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o interesse privado é intimamente unido em toda e qualquer sociedade organizada. Segundo a própria CF, “todo o poder emana do povo”, por isso, o interesse público irá trazer o benefício e bem-estar à população. Princípio da Finalidade É dever do administrador público buscar os resultados mais práticos e eficazes. Esses resultados devem estar ligados as necessidades e aspirações do interesse do público. Princípio da Igualdade No art. 5º da CF, prevê-se que todos temos direitos iguais sem qualquer distinção. Para o administrador não é diferente. Ele não pode distinguir as situações. Sendo obrigado, por lei, a agir de maneira igual em situações iguais e desigual em situações desiguais. Boa-fé A boa fé incorpora o valor ético da confiança. Confiança na forma de atuação que cabe esperar das pessoas com que nos relacionamos. É no âmbito das relações jurídico-administrativas que esse modo de atuar é esperado pela Administração Pública, em respeito ao administrado, e do administrado em relação à Administração Pública. De fato, a confiança visa evitar que as pessoas sejam surpreendidas por modificações no direito positivo ou na conduta do Poder Público, que possam ferir direitos devidamente constituídos oriundos até mesmo de atos administrativos manifestamente ilegais, ou frustrar-lhes expectativas alimentadas pelo próprio Poder Público. Motivação Para todas as ações dos servidores públicos, deve existir uma explicação, um fundamento de base e direito. O princípio da Motivação é o que vai fundamentar todas as decisões que serão tomadas pelo agente público. Razoabilidade e da Proporcionalidade As competências da administração pública devem ser feitas proporcionalmente, sendo ponderadas,segundo as normas exigidas para cumprimento da finalidade do interesse público. 2.8 OUTRAS FONTES RELEVANTES Além dos princípios constitucionais, é possível destacar outras três fontes consideradas especialmente relevantes na definição dos fundamentos da função administrativa, a Lei de Processo Administrativo, a Lei de Licitações e a Lei de Improbidade Administrativa. A Lei Federal nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal (Lei de Processo Administrativo), estabelece em seu artigo 2º os seguintes princípios que devem ser obedecidos: “legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.” Já a Lei Federal nº 14.133/2021, a nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei de Licitações), estabelece em seu artigo 5º que a administração pública deve obedecer os princípios “da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável”. Por fim, a Lei Federal nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), ratifica os princípios trazidos pela Constituição Federal, traz novas concepções em sua redação e estabelece a configuração de improbidade em caso de não observância dos fundamentos da administração pública: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições”. Para além dos princípios previstos no ordenamento legal, a literatura jurídica que se debruça sobre o direito administrativo também é propositiva ao estabelecer outros pilares que devem ser observados no desempenho da função administrativa.
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