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ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APRESENTAÇÃO Organização Cleide Tirana Nunes Possamai Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI Autoras Estelamaris Reif Maike Bauler Theis OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir desta etapa, você será capaz de: - Compreender a estrutura das demonstrações contábeis obrigatórias. - Compreender a estrutura das demonstrações contábeis não obrigatórias. PLANO DE ESTUDOS Esta etapa de estudos está dividida em dois tópicos. TÓPICO 1 – ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OBRIGATÓRIAS TÓPICO 2 – ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NÃO OBRIGATÓRIAS CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OBRIGATÓRIAS .01 1 INTRODUÇÃO Demonstrações financeiras também denominadas de Demonstrações Contábeis ou, ainda, de relatórios contábil-financeiros são os produtos finais da contabilidade. Você já sabe que a contabilidade é uma ciência presente em todos os setores das atividades humanas, seja pela sua função histórica, registrando a vida das entidades, seja como importante instrumento de controle do patrimônio e de suas variações, fornecendo informações de várias naturezas acerca da gestão desse patrimônio, informações úteis para as tomadas de decisões por parte dos seus usuários (RIBEIRO, 2014a). A maior parte dessas informações é apresentada por meio das demonstrações contábeis, elaboradas com fundamento nos registros contábeis da entidade. O processo contábil da geração das informações pode ser melhor entendido por meio da Figura 1: CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS FIGURA 1 – PROCESSO CONTÁBIL FONTE: Ribeiro (2014b, p. 5) O processo contábil encerra-se com a elaboração das demonstrações contábeis, dando espaço para o analista de balanços que começa a partir dessas demonstrações elaboradas pela contabilidade. Ele as analisa e as interpreta para apresentar informações a respeito das conclusões obtidas na respectiva análise. 2 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OBRIGATÓRIAS As demonstrações contábeis, abordadas nessa etapa, são modelos sugeridos, pois cada empresa deverá seguir as especificações da legislação de sua categoria, conforme abordado na Etapa 1. Demonstrações a serem estudadas: CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS • Balanço Patrimonial (BP). • Demonstração do Resultado (DR). • Demonstração do Resultado Abrangente (DRA). • Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). • Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). • Demonstração do Valor Adicionado (DVA). • Notas Explicativas. Nossa primeira demonstração a ser estudada será o balanço patrimonial, pois ele é a base para as demais demonstrações, conforme pode ser observado na Figura 2. FIGURA 2 – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS/CONTÁBEIS FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2P4LJCi>. Acesso em: 20 jul. 2020. Agora que já sabemos que todas demonstrações estão interligadas, vamos conhecer e entender cada uma. 2.1 BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial é a principal peça contábil, pois representa a posição financeira e patrimonial da entidade em determinado momento. Portanto, é um relatório estático, isto é, apurado em determinada data. No Brasil, devido à obrigatoriedade de apurar resultados fiscais em período coincidente com o ano civil, as empresas costumam adotar o mesmo período como exercício social (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). https://bit.ly/2P4LJCi CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS O objetivo básico do Balanço Patrimonial é apresentar o patrimônio da entidade, isto é, seus ativos, passivos e patrimônio líquido em determinado momento. Ele deve ser estruturado de modo que facilite o conhecimento e a análise da situação financeira da entidade. Vejamos um modelo de balanço patrimonial, na Figura 3. FONTE: <https://www.crcpr.org.br/new/content/portal/fiscalizacao/modelo_sugerido_dc.html>. Acesso em: 20 jul. 2020. FIGURA 3 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL (*) A obrigação da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados de não conter saldo positivo aplica-se unicamente às sociedades por ações (em que todo o resultado do período deve ser destinado para reserva de lucros e/ou distribuição aos acionistas), conforme previsto nos itens 46 a 50 da Resolução CFC nº 1.159/09, os itens 42 a 43 da Resolução CFC nº 1.152/09, e os itens 115 e 116 da Resolução CFC nº 1.157/09 [...] CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Por meio do CPC 26 é que se aprovou a NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis (Resolução CFC nº 1.185/09) O Balanço Patrimonial é composto por duas partes: ativo e passivo, conforme podemos observar na Figura 4: FONTE: <https://managemanager.files.wordpress.com/2011/09/ativo-passivo.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2020. FIGURA 4 – ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL Ativo (ativo circulante + ativo não circulante) – representa o elemento produtor composto pelas aplicações de recursos em bens, direitos e valores a receber de uma empresa ou entidade (RIBEIRO, 2020). • Ativo circulante – você conhece o montante de recursos que foram aplicados em bens e direitos que estão em circulação constante na entidade, isto é, que representam dinheiro (disponibilidades) ou que serão transformados em dinheiro em um prazo não superior a um ano. O ativo circulante também é denominado capital de giro da empresa. • Ativo não circulante – você conhece o montante dos recursos aplicados em bens e direitos, cuja realização em dinheiro se dará em prazo superior a um ano, bem como o montante dos bens e direitos para os quais a empresa não tem intenção de que sejam realizados em dinheiro. Assim, ele ainda é subdividido em: o realizável a longo prazo – são apresentadas contas representativas de bens e direitos que serão transformados em dinheiro em prazo superior a um ano; o investimentos – você encontra contas representativas da aplicação de recursos no capital de outras sociedades, cujas aplicações visam complementar as atividades operacionais da empresa e para os quais ela não definiu uma data para converter em dinheiro; https://managemanager.files.wordpress.com/2011/09/ativo-passivo.jpg CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS o imobilizado – você encontra as contas representativas de investimentos de recursos em bens de uso, isto é, em bens por meio dos quais a entidade alcançará seu fim; o intangível – você encontra contas representativas de investimentos de recursos em bens imateriais. O ativo deve ser reconhecido quando for provável que benefícios econômicos futuros, dele provenientes, fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade (SILVA, 2019). Passivo (passivo circulante + passivo não circulante + patrimônio líquido) – representa o elemento financiador do ativo, é uma fonte dos recursos e é composto de todas as obrigações contraídas pela empresa com terceiros e com os sócios (RIBEIRO, 2020). • Passivo circulante e no passivo não circulante – você encontra os recursos ou capitais derivados de terceiros. • Patrimônio líquido – você encontra os recursos ou os capitais colocados na entidade pelo proprietário (capitais próprios). O passivo deve ser reconhecido quando for provável que uma saída de recursos detentores de benefícios econômicos seja exigida em liquidação de obrigação presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará puder ser mensurado com confiabilidade (SILVA, 2019). No passivo tem-se as origens dos recursos, as fontes de onde tira-se o dinheiro. São as obrigações. Cada vez que se assume uma obrigação, entram recursos na empresa. No ativo, tem-se as aplicações desses mesmos recursos, o que foi feito com esse dinheiro. Os recursos são aplicados em bens ou em direitos. Para entendermos e visualizarmos a forma demecanismo de débito e credito na contabilidade, apresentamos um mecanismo, conforme figura a seguir. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS FONTE: As autoras FIGURA 5 – MECANISMO DÉBITO E CRÉDITO Uma vez que estamos falando dos mesmos recursos, então, o total tem de ser igual. Todo uso de recursos corresponde a uma fonte, ou seja, cada débito corresponde um crédito de igual valor. 2.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DR) As empresas existem para cumprir uma missão, geralmente essa missão é cumprida por meio da venda de bens ou prestação de serviços para clientes que pagam à vista ou a prazo por esses bens e serviços. Contabilmente, essa retribuição dos clientes é denominada Receita de Vendas ou Receita de Prestação de Serviços. Para oferecer esses bens e serviços a seus clientes, as empresas consomem recursos que contabilmente são denominados despesas. A diferença entre a receita obtida com a venda de bens e a prestação de serviços e as despesas incorridas nessas atividades, representam o resultado das operações que poderá ser lucro ou prejuízo (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). Acompanhe a forma do mecanismo de débito e crédito na Demonstração de Resultado: FIGURA 6 – DÉBITO E CRÉDITO NA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO FONTE: As autoras CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Assim, podemos resumir esses conceitos, em: • Receitas – representam os valores que uma empresa recebe ou tem direito a receber, provenientes de suas operações de vendas, de prestação de serviços ou de investimentos. • Despesas – consumo de bens e serviços, adquiridos à vista ou a prazo, com o objetivo de gerar receitas. • Resultado – é a diferença entre as despesas e as receitas de um período: o lucro: quando as receitas forem maiores que as despesas; o prejuízo: quando as receitas forem menores que as despesas; o situação nula: quando as receitas forem iguais as despesas. Na Figura 7, podemos visualizar a disposição das receitas que são essenciais para sustentar as despesas: FIGURA 7 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO COMPOSIÇÃO FONTE: As autoras Agora, veja a estrutura da Demonstração de Resultado: CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS FONTE: As autoras QUADRO 1 – MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (*) As entidades que estão enquadradas no Simples Nacional devem evidenciar os tributos na linha “Deduções de tributos, abatimentos e devoluções”. Neste caso, devem desconsiderar essas contas. A receita deve ser reconhecida quando resultar em aumento nos benefícios econômicos futuros relacionado ao aumento de ativo ou com diminuição de passivo e quando puder ser mensurada com confiabilidade. A despesa deve ser reconhecida quando resultar em decréscimo nos benefícios econômicos futuros relacionado ao decréscimo de um ativo ou o aumento de um passivo e quando puder ser mensurada com confiabilidade (SILVA, 2019). O valor informado na linha da RLP (Resultado Líquido do Período) representa o lucro ou o prejuízo líquido do período, após a tributação, cujo valor servirá de base para cálculo das participações no resultado, quando houver ou representará o resultado líquido final, ao qual os dirigentes da empresa deverão realizar uma ou mais destinações. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE (DRA) O objetivo dessa demonstração é apresentar a variação real ocorrida no Patrimônio Líquido durante o período. Composta das mutações do Patrimônio Líquido da entidade, excluindo as operações com os proprietários, tais como integralização de capital e destinação de lucros (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). FONTE: Adaptado de <https://www.crcpr.org.br/new/content/portal/fiscalizacao/assets/ images/screenshot-5-569x779.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2020. FIGURA 8 – MODELO DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE (DRA) A Demonstração do Resultado Abrangente do Período começa com o resultado líquido do período (item final da Demonstração do Resultado) e inclui os outros resultados abrangentes. A legislação prevê que a estrutura da DRA deve incluir, no mínimo: a) resultado líquido do período; b) cada item dos outros resultados abrangentes, classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item “c” a seguir); c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas, reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; d) resultado abrangente do período (RIBEIRO, 2020). Ao final da DRA, você encontra destacada a parcela do resultado abrangente total atribuível. A mencionada NBC TG 26 estabelece que outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e despesa (incluindo ajustes de reclassificação) que não são reconhecidos na Demonstração do Resultado (DR) (RIBEIRO, 2020). Despesas e receitas não reconhecidas são aquelas cujos fatos geradores ocorreram durante o exercício. Existem despesas e receitas que podem ocorrer durante um exercício, impactando no Patrimônio Líquido, mas que, em CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS decorrência do regime de competência, não foram incluídas na apuração do resultado porque seus fatos geradores ainda não ocorreram (RIBEIRO, 2020). São exatamente essas despesas e receitas que figuram detalhadamente na DRA. A principal diferença entre a DR e a DRA pode ser vista na Figura 9. FONTE: As autoras FIGURA 9 – DIFERENÇA ENTRE DR E DRA Enquanto as normas internacionais estabelecem que o resultado abrangente deve ser demonstrado logo após a DR, no Brasil, a DRA é elaborada como uma demonstração à parte, podendo ser apresentada dentro da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (SILVA, 2019). Se houverem apenas alterações no patrimônio líquido que se originaram do resultado de distribuição de lucro, correção de erros de períodos anteriores e de mudanças de políticas contábeis, a empresa pode apresentar a DLPA em substituição a DMPL e da DRA. As empresas que adotam a ITG 1.000 estão dispensadas de sua elaboração. 2.4 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA) OU DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) possibilita a evidenciação clara do resultado do período, sua distribuição e a movimentação ocorrida no saldo da conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados (RIBEIRO, 2020). Esse demonstrativo evidencia a segregação das parcelas do lucro do exercício destinado para a formação de reservas de lucros a realizar e reservas para contingências, reservas essas que estarão sujeitas à incidência do dividendo obrigatório no futuro, quando tais reservas reverterem para a conta de Lucros Acumulados ou reverterem diretamente para a conta de dividendos a pagar do passivo circulante, no caso da Reserva de Lucros a Realizar. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Nela são demonstrados todos os acréscimos e decréscimos de saldos que influenciam tais dividendos. Serve ainda como elo entre a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial (SILVA, 2019). FONTE: <https://www.crcpr.org.br/new/content/portal/fiscalizacao/assets/images/ screenshot-5-559x270.jpg>. Acesso em: 20 jul.2020. FIGURA 10 – MODELO DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA) A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados evidencia o movimento da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, relativo ao período compreendido entre o dia 1º de janeiro e 31 de dezembro do mesmo ano (RIBEIRO, 2020). A DLPA não é contemplada pelas normas internacionais de contabilidade, porque as informações nela cont idas são também apresentadas na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Mesmo não sendo obrigatória, recomenda-se a elaboração da DLPA, pois, por intermédio dela, fica muito mais fácil entender a destinação data ao lucro líquido do exercício. A conta Lucros ou Prejuízos Acumulados é uma conta bilateral pertencente ao grupo do Patrimônio Líquido, tem como função receber o saldo credor ou devedorda conta Resultado do Exercício após as deduções e participações (se houver), dando a esse saldo as devidas destinações (RIBEIRO, 2020). É importante relembrar que o saldo da conta Resultado do Exercício que deve ser transferido para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados representa o lucro líquido ou o prejuízo apurado no final de cada exercício social. Contabilmente, a transferência do saldo da conta Resultado do Exercício para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados é efetuada após a contabilização dos tributos incidentes sobre o lucro líquido e das participações, se houver. Quando credor, o saldo da conta Resultado do Exercício, que representa lucro líquido, é transferido debitando-se a conta Resultado do Exercício e creditando-se a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados. Quando devedor, o CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS saldo da conta Resultado do Exercício, que representa prejuízo, será transferido debitando-se a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados e creditando-se a conta Resultado do Exercício (RIBEIRO, 2020). Após o lançamento de transferência do saldo para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, a conta Resultado do Exercício fica com saldo igual a zero, encerrando-se. Na verdade, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados mostra a destinação que foi dada ao lucro líquido do exercício ou ao prejuízo, quando for o caso. 2.4.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) tem por objetivo detalhar as modificações ocorridas durante um exercício social nas contas do Patrimônio Líquido (Capital Social, Lucros ou Prejuízos Acumulados e Reservas), partindo do saldo inicial e chegando ao saldo final (aquele que aparece no balanço patrimonial) (SILVA, 2019). Ela traz a informação que complementa os demais dados constantes no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício. Muitas companhias, mesmo não obrigadas, têm optado pela elaboração da DMPL em substituição à DLPA, pois ela indica claramente a formação e a utilização de todas as reservas, não apenas das originadas por lucros. Isso possibilita uma melhor compreensão dos fatos ocorridos durante o exercício e que repercutiram no Patrimônio Líquido da empresa, inclusive quanto ao cálculo dos dividendos obrigatórios (SILVA, 2019). A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é de muita utilidade, pois fornece a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas componentes do patrimônio líquido. Faz clara indicação do fluxo de uma conta para outra e indica a origem e o valor de cada acréscimo ou diminuição no patrimônio líquido durante o exercício (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). As empresas que elaborarem a DMPL estão dispensadas da apresentação separadamente da DLPA, considerando que a DLPA está inserida na DMPL. Vamos conhecer uma estrutura completa da DMPL: CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS QUADRO 2 – MODELO DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) FONTE: As autoras Ainda, quanto à estrutura da DMPL, mesmo que para as empresas que não apresentam todas as movimentações nas contas contábeis da estrutura completa de uma DMPL, é interessante e importante a sua elaboração, considerando que evidencia a distribuição dos recursos, logo, uma estrutura mais condensada também poder ser adotada, o que deve ser considerado é a movimentação da empresa, e, com base nessa movimentação, elabora-se a DMPL, veja um modelo mais simplificado: FONTE: As autoras QUADRO 3 – MODELO SIMPLIFICADO DE DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) Sua importância se torna acentuada em face dos novos critérios da lei, pois a demonstração indicará claramente a formação e a utilização de todas as reservas, não apenas das originadas por lucros; servirá também, para melhor compreensão, inclusive quanto ao cálculo dos dividendos obrigatórios (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS É importante destacar que as variações no Patrimônio Líquido podem ou não alterar seu valor. As mutações que ocorrem no Patrimônio Líquido e que modificam seu valor (saldo ou montante) são (RIBEIRO, 2020): • O lucro ou o prejuízo líquido apurado durante o exercício social em decorrência do confronto entre o total das despesas incorridas e das receitas realizadas durante o respectivo período. Essas despesas e receitas são informadas na Demonstração do Resultado do Período. • Outros resultados que, embora tenham provocado alterações no Patrimônio Líquido, por sua natureza, não transitaram pela DRP, mas foram informados na DRA. • Os ingressos de recursos derivados dos sócios que não são demonstrados nem na DRE nem na DRA, porque não correspondem a despesas nem a receitas. As mutações que ocorrem no Patrimônio Líquido e que não modificam seu valor (saldo ou montante) correspondem às migrações de valores de uma conta do Patrimônio Líquido para outra conta, também do Patrimônio Líquido, por exemplo (RIBEIRO, 2020): • aumento de capital com aproveitamento de saldos de reservas ou de lucros acumulados; • constituição de reservas com lucros apurados pela própria empresa; • compensação de prejuízos com saldos de reservas; • reversões de reservas de lucros etc. Enfim, todas as mutações que ocorrem no Patrimônio Líquido são demonstradas na DMPL. A principal diferença entre a DLPA e a DMPL pode ser vista na Figura 11. FIGURA 11 – DIFERENÇA ENTRE DLPA E DMPL FONTE: As autoras CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Seguindo para a elaboração das demonstrações, vamos estudar as Demonstração do Fluxo de Caixa. 2.5 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) substituiu a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) a partir do exercício encerrado em 31 de dezembro de 2008 (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). Esta demonstração já comprovou ser de extrema utilidade para diversos fins, dada sua simplicidade e abrangência, principalmente no que diz respeito aos aspectos financeiros que envolvem o dia a dia da entidade. Ela tem como fim evidenciar as transações ocorridas em determinado período e que provocaram modificações no saldo de Caixa da entidade. Possibilita, também, o conhecimento do montante de dinheiro que ingressou, do montante de dinheiro que saiu e do montante de dinheiro que permaneceu na entidade no final do período de sua abrangência (RIBEIRO, 2020). FONTE: <https://bit.ly/3hLXUjM>. Acesso em: 20 jul. 2020. FIGURA 12 – OBJETIVO DA DFC Deve indicar as alterações ocorridas no saldo de caixa e equivalentes de caixa, durante o exercício, segregando-se essas alterações em, no mínimo, três fluxos de atividades: https://bit.ly/3hLXUjM CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS a) Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento. b) Atividades de investimento: são referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. c) Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. Esses fluxos evidenciarão os recebimentos e pagamentos, demonstrando as causas da variação do Capital Circulante Líquido (CCL) em um determinado período (SILVA, 2019). O fato é que independente do porte e da natureza operacional da empresa, seja grande ou pequena, indústria, comércio ou prestadora de serviços, não é possível gerenciá-la sem o acompanhamento do fluxo de caixa, principalmente em virtude da urgência para a tomada de decisões de pagamentos, recebimentos, aplicações, investimentos e assim por diante. Quando se trata de “fluxos de caixa”, deve-se entender a movimentação das contas que representam disponibilidades imediatas, como caixa,bancos conta movimento, ou seja, o saldo bancário disponível e também aquelas aplicações que, dada determinada ordem, tornam-se utilizáveis na conta bancária (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). A DFC apresenta-se pelo chamado regime de caixa, enquanto as demais demonstrações contábeis (BP e DRE) são elaboradas respeitando-se o regime da competência de exercícios. Existem dois métodos de elaboração do fluxo de caixa: método direto e indireto. A legislação societária não determina qual método deverá ser publicado. Entretanto, o pronunciamento do CPC estabelece que, caso a empresa opte pelo método direto, deverá divulgar como informação complementar o método indireto. Consequentemente, a maioria das empresas opta pelo método indireto (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). 2.5.1 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) – Método Direto A DFC, apresentada pelo Método Direto, facilita a visualização e a compreensão do fluxo financeiro, demonstrando os recebimentos e pagamentos decorrentes das atividades operacionais da empresa, possibilitando a avaliação do comportamento do seu nível de solvência. Nesse método, são apresentados os componentes dos fluxos por seus valores brutos, ao menos para os itens mais significativos dos recebimentos e dos pagamentos (SILVA, 2019). CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Embora esse método seja mais trabalhoso em virtude da quantidade de informações, é mais simples e elucidativo que o indireto. Pelo fato de ser mais claro, o método direto tem algumas resistências em relação à divulgação de informações das empresas; internamente, no entanto, é o mais utilizado por causa de sua simplicidade e serventia. FONTE: As autoras QUADRO 4 – MODELO DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) – MÉTODO DIRETO A DFC pelo Método Direto é semelhante à DFC pelo Método Indireto. O que diferencia esses dois métodos, como vimos, é a forma de apresentação das atividades operacionais. No Método Indireto, os recursos derivados das atividades operacionais são indicados a partir do Resultado do Exercício ajustado antes da tributação. No Método Direto, os recursos derivados das operações são indicados a partir dos recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais efetuadas durante o período (RIBEIRO, 2020). 2.5.2 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) – Método Indireto Pelo método indireto, os recursos derivados das atividades operacionais são demonstrados a partir do Resultado do Exercício antes da tributação (lucros ou prejuízos) e ajustado pela adição das despesas e exclusão das receitas consideradas na apuração do Resultado e que não afetaram o Caixa da empresa, isto é, que não representaram saídas ou entradas de dinheiro, bem como pela exclusão das receitas realizadas no exercício e recebidas no exercício anterior; pela adição das receitas recebidas antecipadamente que não foram consideradas na apuração do resultado, pela exclusão das despesas incorridas no período, porém, pagas no exercício anterior, e pela inclusão das despesas do exercício seguinte, pagas antecipadamente, que representam saídas de Caixa e não integram o resultado do período (RIBEIRO, 2020). CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Excluem-se também os Resultados obtidos nas transações de bens classificados nos subgrupos de Investimentos, Imobilizado e Intangível, todos do Ativo não Circulante, uma vez que as baixas referentes a esses bens devem ser indicadas pelos valores brutos entre as atividades de investimento. Finalmente, deve-se incluir, entre os ajustes, as variações positivas ou negativas ocorridas no período, nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar, uma vez que essas variações, por não representarem despesas nem receitas, não foram incluídas na apuração do Resultado do Exercício e, também, dada a natureza, não integrarão os Fluxos de Caixa das atividades de investimento e de financiamento (RIBEIRO, 2020). FONTE: <http://twixar.me/1BDm>. Acesso em: 20 jul. 2020. FIGURA 13 – MODELO DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) – MÉTODO INDIRETO CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Uma maneira bem Simples de entender a elaboração da DFC pelo modelo Indireto, é você analisar a DR e, partindo do Resultado, você adicionar os elementos que geraram despesas e desembolsos e diminuir os elementos que geraram entrada de recursos, acompanhe no exemplo: FONTE: As autoras QUADRO 5 – MODELO DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) – MÉTODO INDIRETO Em outros países, o método mais utilizado tem sido o indireto, pois possibilita a conferência dos valores por meio das demonstrações contábeis publicadas. 2.5.3 Comparação Método Direto X Método Indireto A Demonstração do Fluxo de Caixa referente às transações originadas de atividades operacionais poderá ser apresentado por um dos dois métodos. Já as transações originadas em atividades de investimento ou financiamento, tanto pelo método direto como pelo indireto não apresentam diferença na demonstração do fluxo de caixa. Ou seja, tanto, na DFC direta quanto na indireta, as informações apresentadas no grupo das atividades de investimentos e de financiamentos são as mesmas. O que muda é a forma de apresentar a origem e o destino do dinheiro em decorrência das atividades operacionais (SÁ, 1998). CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS FIGURA 14 – RESUMO MÉTODO DIRETO X MÉTODO INDIRETO FONTE: Sá (1998, p. 36) A diferença básica está, portanto, no processo de cálculo do fluxo de caixa operacional. Embora o resultado líquido final seja igual, o caminho percorrido em cada um dos dois métodos é completamente diferente (SÁ, 1998). 2.6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA) A DVA é a fonte de informação que identifica a capacidade de geração de riqueza da empresa e de que forma ocorreram as distribuições dessas riquezas. As formas de geração de riqueza podem ser observadas na Figura 15. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS FIGURA 15 – FORMAÇÃO DA RIQUEZA FONTE: Lagioia (2014, p 17-21) De forma simplificada, o Valor Adicionado é obtido pela diferença entre o valor das vendas da empresa e dos insumos adquiridos de terceiros. Assim, podemos perceber que a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a fonte de informação principal para a elaboração da DVA (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). Em outras palavras, a DVA evidencia o quanto de riqueza uma empresa produziu, ou seja, o quanto ela adicionou de valor aos seus fatores de produção e o quanto dessa riqueza foi distribuída (entre empregados, governo, acionistas, financiadores de capital) ou retida e de que forma. A sua utilidade é notória do ponto de vista macroeconômico, pois, conceitualmente, o somatório dos valores adicionados de um país representa seu Produto Interno Bruto (PIB) (SILVA, 2019). As informações apresentadas na DVA estão divididas em duas partes (RIBEIRO, 2020): • Primeira parte: itens 1 a 7 – é apresentada a riqueza criada pela entidade. • Segunda parte: item 8 – é apresentado o modo como essa riqueza foi distribuída. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS FIGURA 16 – MODELO DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA) FONTE: <https://www.crcpr.org.br/new/content/portal/fiscalizacao/assets/images/ screenshot-10-562x928.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2020. A DVA é uma demonstração financeira (contábil) com informações de natureza social, diferente, portanto, da natureza das demais demonstrações contábeis elaboradas pelas entidades em geral. Não resta dúvida de que a DVA representa um grande avanço para a própria ciência contábil , especialmente porque os indicadores e as informações de natureza social que ela oferece atingem um universo maior de usuários ao evidenciar a riqueza gerada pela empresa e o modo como CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS essa riqueza foi distribuída entre os empregados (salários e benefícios), acionistas (remuneração do capital investido em forma de juros e dividendos),financiadores (pagamentos de juros e do custo dos insumos adquiridos de fornecedores) e a sociedade (por meio do recolhimento dos tributos ao governo) (RIBEIRO, 2020). 2.7 NOTAS EXPLICATIVAS (NE) As demonstrações contábeis apresentam saldos contábeis que não constituem informação suficiente para a adequada análise da situação patrimonial, econômica e financeira das empresas. Assim, é necessário que sejam elaboradas notas explicativas que auxiliem os usuários nessa tarefa (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). As Notas Explicativas (NE) são esclarecimentos que complementam as informações contidas nas demonstrações contábeis. Têm como finalidade auxiliar o usuário a entender melhor as informações apresentadas nas demonstrações contábeis. Lendo as Notas Explicativas, você fica conhecendo detalhes que não estão explícitos nos dados informados nas demonstrações contábeis (RIBEIRO, 2020). FIGURA 17 – MODELO DE NOTAS EXPLICATIVAS CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS FONTE: Perez Junior e Begalli (2015, p. 265) As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis e devem divulgar as informações necessárias à adequada compreensão dos respectivos demonstrativos. A sua apresentação está disciplinada nos seguintes dispositivos: a) Lei das Sociedades por Ações (LSA), em seu artigo 176, §§ 4o e 5º. b) Pronunciamento CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis: em seus itens 112 a 138 apresenta uma série de orientações quanto à: estrutura, divulgação de políticas contábeis, principais fontes da incerteza das estimativas, capital, instrumentos financeiros com opção de venda classificados no patrimônio líquido e outras divulgações que deverão constar em notas explicativas. A Lei das Sociedades Anônimas estabelece que as demonstrações contábeis serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício (SILVA, 2019). A Lei nº 11.941/2009 (MP no 449/2008) efetuou modificações no texto da Lei das Sociedades Anônimas, inserindo três dispositivos antes de uma lista indicativa dos conteúdos das notas explicativas, de forma que as informações a serem divulgadas não se resumam apenas àquelas já tipificadas no texto original. São essas as linhas gerais que devem nortear a elaboração das notas explicativas (LSA, art. 176, § 5o, incisos I a III): I- apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II- divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; III- fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada (SILVA, 2019). CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Para que você possa compreender melhor esse conjunto de demonstrações e sua estrutura, sugiro que você acesse o seguinte link http://www. vale.com/PT/investors/information-market/financial-statements/ FinancialStatementsDocs/BRGAAP%201T20_Final.pdf e baixe as demonstrações contábeis da VALE. Na apresentação das demonstrações deve-se identificar se a empresa adotou: o conjunto completo das demonstrações ou se adota a NBCTG1000 ou TG1000/ITG2002/ITG2004 Acadêmico, agora que você já aprendeu sobre todas as demonstrações contábeis-financeiras OBRIGATÓRIAS, vamos aprender um pouco sobre as que NÃO são obrigatórias, mas praticada por várias entidades. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NÃO OBRIGATÓRIAS .02 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, aprendemos que ao final de cada exercício social as empresas, em geral, deverão elaborar as suas demonstrações contábeis, com o objetivo de fornecer informações úteis para os seus sócios ou acionistas, governo, investidores, dentre outros usuários. Elas representam de forma estruturada a posição patrimonial e financeira da empresa, as mutações ocorridas, o resultado econômico e os fluxos de caixa do exercício. Muitas empresas apresentam também outras informações que não são obrigatórias, como o relatório da administração que explica as características principais do seu desempenho financeiro, dos riscos e das incertezas, o parecer dos auditores Independentes, o Balanço Social e demais relatórios sobre custos e outros elementos relacionados a questões ambientais. Neste tópico, estudaremos sobre três das mais usuais demonstrações contábeis não obrigatórias: a DOAR, o Balanço Social e o Relatório de Sustentabilidade e, por fim, sobre EBITDA. Bons Estudos! 2 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NÃO OBRIGATÓRIAS As empresas, em especial as de capital aberto, vivem momentos muito delicados, em que a sombra de escândalos contábeis e financeiros tenta ofuscar a credibilidade da sociedade com relação às demonstrações contábeis publicadas. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Para contornar a falta de credibilidade, muitas empresas elaboram e publicam demonstrações e informações contábeis não obrigatórias, buscando o status de empresa transparente. O mercado de capitais tem exigido de forma muito contundente uma postura transparente por parte das companhias de capital aberto (SILVA, 2019) 2.1 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR) A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) deixou de ser obrigatória a partir do exercício de 2008, em razão das alterações introduzidas pela Lei nº 11.638/2008 na Lei das Sociedades Anônimas, sendo substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). A DOAR tem como objetivo apresentar os fluxos financeiros que aumentaram ou reduziram o Capital Circulante Líquido (CCL) ao longo do exercício, indicando suas origens e aplicações (SILVA, 2019). A equação da DOAR pode ser basicamente entendida como: Capital Circulante Líquido (CCL) = Ativo Circulante – Passivo Circulante Contabilmente, qualquer aumento do Capital Circulante Líquido (proveniente de uma diminuição do ativo não circulante ou de um aumento do passivo não circulante) é considerado uma origem de recursos. Analogamente, qualquer diminuição do Capital Circulante provocada por um aumento do ativo não circulante ou por uma redução do passivo não circulante é denominada aplicação de recursos (SILVA, 2019). Observe o quadro a seguir e entenda melhor essa situação: FONTE: Silva (2019, p. 76) QUADRO 6 – OS EFEITOS DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS SOBRE O CAPITAL CIRCULANTE CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS A antiga redação do artigo 188 da Lei das Sociedades Anônimas estabelecia que a DOAR deveria indicar as modificações na posição financeira da companhia, discriminando (SILVA, 2019): • As origens dos recursos agrupadas em: o lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros; o realização do capital social e contribuições para reservas de capital; o recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado. • As aplicações de recursos agrupadas em: o dividendos distribuídos; o aquisição de direitos do ativo imobilizado; o aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido; o redução do passivo exigível a longo prazo. • O excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante líquido. • Os saldos no início e no fim do exercício do ativo e passivo circulante, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício. A análise desse demonstrativo permitea identificação da política financeira adotada pela companhia e a visualização do volume dos recursos financeiros gerados pelas operações, investidos pelos proprietários e tomados junto a terceiros (SILVA, 2019). Permite ainda visualizar a forma como foram aplicados em bens e direitos do Realizável a Longo Prazo, no Ativo, o volume de redução do Exigível a Longo Prazo e a distribuição de dividendos. A DOAR permite também uma identificação mais nítida das causas que determinaram as mutações na posição financeira a curto prazo, fornecendo uma visão mais ampla da estrutura de equilíbrio financeiro, possibilitando uma melhor avaliação da liquidez da empresa (SILVA, 2019). Hoje, quem faz o papel de informar sobre as variações de patrimônio de uma empresa é a DVA. A apresentação desse documento é obrigatória a todas as empresas de capital aberto, conforme estudamos anteriormente. Você deve estar se perguntando, se ela não é mais obrigatória, por que divulgar? Pelo fato de que sua leitura é mais fácil e direta, dando a informação que interessa ao investidor. Seu aumento de riquezas fica claro porque devem ser descritos os saldos existentes no início do ano e o montante presente no final exercício. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Os dados contidos nela são retirados das informações presentes nas demonstrações contábeis da empresa. A ideia é mostrar o quanto a riqueza da empresa aumentou ou diminuiu, se for este o caso (SILVA, 2019). Em outras palavras, a DOAR é mais abrangente por apresentar as variações de todas as contas que afetam o CCL e não só as disponibilidades (caixa e bancos) como demonstra a DFC. FIGURA 18 – MODELO DE DOAR FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/389736/>. Acesso em: 20 jul. 2020. Além disso, nela constam as informações referentes aos valores que são repassados aos acionistas, bem como o que é gasto com folha de pessoal e impostos. 2.2 BALANÇO SOCIAL E RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE No atual cenário econômico, globalizado e cada vez mais competitivo, cujas organizações almejam sobressair ou mesmo sobreviver, a avaliação de variáveis internas e externas é uma necessidade em qualquer ramo de atividade. A contabilidade que já é uma grande aliada conhecida pelas empresas, além de contribuir para a visualização e compreensão de resultados financeiros pode amparar o enfoque social e ambiental como parte da gestão estratégica empresarial (LIMA; COSTA; ALVES, 2019). O balanço social contribui para uma gestão estratégica eficiente, no qual a função é tornar pública a responsabilidade social das organizações, publicado anualmente, explicitando claramente as ações tomadas pelas empresas com relação aos seus profissionais e à sociedade que nela está inserida. Nesse sentido, Oliveira (2013) ressalta que a forma de divulgação do balanço social CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS pode variar, sendo possível ser um documento integrado ao relatório anual da empresa ou separado. Em relação a sua exposição, é importante ressaltar que o uso de tecnologias, bem como a utilização da internet tem propiciado um aumento considerável. A CVM, ao longo dos anos, apoiou e incentivou a divulgação voluntária das ações empresariais que reflitam as suas preocupações e responsabilidades no campo social, tendo emitido dois Pareceres de Orientação incentivando a divulgação de informações de natureza social (o Parecer de Orientação CVM no 15/1987 na parte que trata do Relatório da Administração, e o Parecer de Orientação CVM no 24/1992, sobre divulgação da Demonstração de Valor Adicionado). Da mesma forma, o Conselho Federal de Contabilidade baixou em 2015 a Resolução CFC nº 1.003/2005, que aprovou a NBC T-15 – Informações de Natureza Social e Ambiental, estabelecendo a conceituação, objetivos e informações a serem divulgadas (SILVA, 2019). Em âmbito mundial a Global Reporting Initiative (GRI) – uma organização não governamental internacional, com sede em Amsterdã, na Holanda – tem como missão desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizadas voluntariamente por empresas do mundo todo. Trata-se atualmente do único formato mundialmente aceito para a publicação de balanços na área de sustentabilidade. Há três modelos-padrão de balanço social disponíveis no Brasil. Dois nacionais (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e um internacional sugerido pela Global Reporting Initiative (GRI). Todos visam definir as informações mínimas a serem publicadas para dar transparência às atividades da empresa. • IBASE: lançado em 1997, o Balanço Social Modelo Ibase, inspira-se no formato dos balanços financeiros. Expõe, de maneira detalhada, os números associados à responsabilidade social da organização. Em forma de planilha, reúne informações sobre a folha de pagamentos, os gastos com encargos sociais de funcionários e a participação nos lucros. Além disso, detalha as despesas com controle ambiental e os investimentos sociais externos nas diversas áreas (educação, cultura, saúde etc.). • Guia de Elaboração de Balanço Social do Instituto Ethos: baseado num relato detalhado dos princípios e das ações da organização, este guia incorpora os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial e a planilha proposta pelo Ibase, sugerindo um detalhamento maior do contexto das tomadas de decisão em relação aos problemas encontrados e aos resultados obtidos. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS • Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade, da Global Reporting Initiative (GRI): este modelo é considerado o mais completo e abrangente, considerado o padrão internacional de relatórios de sustentabilidade. O modelo GRI está em sua terceira versão, a chamada G3, e já se encontra disponível em português. Acadêmico, conheça o balanço social e o relatório de sustentabilidade da Vale acessando: http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/news/ Documents/2018/relatorio_balanco_Vale+_completo.pdf De maneira geral, o Balanço Social nas empresas dever conter: • Indicadores Econômicos (faturamento bruto, receita líquida, resultado operacional, impostos e contribuições, folha de pagamento e encargos sociais etc.). • Indicadores Sociais internos (investimentos sociais para funcionários, como alimentação, saúde, segurança no trabalho, creche, capacitação, previdência social, participação nos lucros ou resultados etc.). • Indicadores Sociais externos (investimentos realizados na comunidade, como educação, cultura, saúde e saneamento, combate à fome etc.). • Indicadores ambientais (investimento realizado para minimizar os resíduos ambientais, para aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais, para reduzir a poluição etc.). • Indicadores do corpo funcional (número de funcionários ao final do período, número de estagiários, de mulheres, de empregados com mais de 45 anos, pessoas portadoras de necessidades especiais etc.), e outras informações Perceba que existe uma relação entre Balanço Social e Responsabilidade Social Empresarial, já que o primeiro nada mais é do que um documento que atesta a preocupação da empresa tanto em se relacionar com a comunidade quanto com a sustentabilidade. 2.3 EBITDA O EBITDA, que corresponde, em inglês, à Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, e o EBIT (Earnings Before Interest, Taxes) nada mais são do que o Lucro Operacional Ajustado. No Brasil, poderíamos expressá-los como LAJIDA (Lucro antes de Juros, Impostos sobre a Renda incluindo Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Depreciação e Amortização) e LAJIR (Lucro Antes dos Juros e Impostos sobre a Renda incluindo Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Sua divulgação no Brasil, apesar de não obrigatória, vem sendo feita pela maioria das empresas decapital aberto (SILVA, 2019). FIGURA 19 – DRE – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO (BASE PARA O EBITDA) FIGURA 20 – CÁLCULO PRÁTICO DO EBITDA FONTE: <https://cptstatic.s3.amazonaws.com/imagens/enviadas/materias/ materia11673/2ebitda-cursos-cpt.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2020. FONTE: <https://cptstatic.s3.amazonaws.com/imagens/enviadas/materias/ materia11673/3ebitda-cursos-cpt.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2020. Antes de se calcular o EBITDA, deve-se calcular o lucro operacional da empresa. Este é o resultado da subtração do custo das mercadorias vendidas (CMV), das despesas operacionais e das despesas financeiras líquidas. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS O EBITDA é um importante indicador para análise da performance da empresa, considerando sua atividade-fim, ou seja, o negócio propriamente dito. Por isso, é muito utilizado em empresas de capital aberto, que precisam informar aos acionistas sobre o desempenho da empresa em determinado período, demonstrando sua capacidade para crescimento. Por desconsiderar fatores externos, que fogem ao controle dos gestores e acionistas, o EBITDA é um dado mais real em relação à habilidade da empresa e à forma como seu negócio está sendo conduzindo. Analisar o lucro antes dos impostos é uma forma mais clara e transparente de entender a eficácia da gestão, identificar pontos de melhoria e novas oportunidades. CURSO LIVRE - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS REFERÊNCIAS KPMG. Modelo ABC: Demonstrações Financeiras Ilustrativas. 2019. Disponível em: https://assets.kpmg/content/dam/kpmg/br/pdf/2020/01/br- demonstra%C3%A7%C3%B5es-financeirasi-ilustrativas-2019.pdf. Acesso em: 20 jul. 2020. LAGIOIA, U. T. Pronunciamentos contábeis na prática. Volume 4. São Paulo: Atlas, 2014. LIMA, V. M.; COSTA, S. T. da S.; ALVES, F. C. O balanço social e suas contribuições para uma gestão estratégica empresarial eficiente. Revista GeTeC, v. 8, n. 20, 2019. OLIVEIRA, J. A. P de. Empresas na sociedade: sustentabilidade e responsabilidade social. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. PEREZ JUNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e Análise das Demonstrações Financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. RIBEIRO, O. M. Noções de demonstrações contábeis. São Paulo: Érica, 2020. RIBEIRO, O. M. Demonstrações Financeiras: mudanças na Lei da Sociedades por ações: como era e como ficou. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2014a. RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2014b. SÁ, A. L de. Dicionário de Contabilidade. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1998. SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
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