Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Assistência Farmacêutica João Paulo Manfré dos Santos © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Luana Mercurio Supervisão da Disciplina Joselmo Willamys Duarte Revisão Técnica Joselmo Willamys Duarte 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Santos, João Paulo Manfré dos S237a Assistência farmacêutica / João Paulo Manfré dos Santos, Flávia Soares Lassie. Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 176p. ISBN 978-85-522-1652-0 1. Assistência Farmacêutica. 2. Atenção Farmacêutica. 3. Farmacêutico no SUS. I. Lassie, Flávia Soares. II. Título. CDD 615.1 Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753 Sumário Unidade 1 Histórico e evolução da assistência farmacêutica ..................................... 7 Seção 1 Contextualização da assistência farmacêutica ................................ 8 Seção 2 Evolução da assistência farmacêutica no Brasil ............................19 Seção 3 Relações de medicamentos essenciais ............................................30 Unidade 2 O ciclo da assistência farmacêutica ...........................................................47 Seção 1 Aspectos gerais do ciclo da assistência farmacêutica ...................48 Seção 2 Seleção, programação, aquisição e armazenamento de medicamento .....................................................................................59 Seção 3 Distribuição, prescrição, dispensação e processos finais .............70 Unidade 3 Introdução à atenção farmacêutica ...........................................................87 Seção 1 Introdução à atenção farmacêutica ................................................89 Seção 2 Métodos usados no acompanhamento farmacoterapêutico ....101 Seção 3 Controle e prevenção de complicações relacionadas aos medicamentos ................................................................................114 Unidade 4 Assistência farmacêutica no âmbito hospitalar ....................................135 Seção 1 Assistência farmacêutica em hospitais ........................................136 Seção 2 Atividades do farmacêutico na assistência farmacêutica hospitalar ........................................................................................148 Seção 3 Uso racional de medicamentos ....................................................160 Palavras do autor Caríssimo leitor, é com muita satisfação que lhe apresentamos esta obra cujo tema central será a Assistência Farmacêutica, importante para a formação profissional e para que se garanta o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para uma atuação de destaque e alinhada com as necessidades da sociedade. Para isso trabalharemos com a compreensão do desenvolvimento histó- rico da assistência farmacêutica até os dias atuais; passaremos pelas carac- terísticas do ciclo da assistência farmacêutica e discutiremos como se dá a atenção farmacêutica nesse contexto; isso tudo para alcançarmos, ao final, a compreensão da assistência farmacêutica no ambiente hospitalar. Na primeira unidade da obra, teremos os conteúdos da história da assis- tência farmacêutica, como ela está inserida no Sistema Único de Saúde e os medicamentos essenciais para realização da mesma. Na segunda unidade, trataremos dos aspectos gerais do ciclo da assis- tência farmacêutica, discutiremos sobre o processo de seleção, programação e aquisição de medicamentos, os aspectos do armazenamento, distribuição e dispensação de medicamentos, conceitos fundamentais para a compreensão do material como um todo. Já na terceira unidade, discutiremos sobre a atenção farmacêutica, perpassando por normatização, experiências bem-sucedidas, métodos para acompanhamento farmacoterapêutico e estratégias para controle e prevenção de complicações relacionadas aos medicamentos. Por fim, na quarta unidade da obra, debateremos a assistência farmacêu- tica no âmbito hospitalar com foco na evolução dessa área; quais são suas diretrizes nas atividades e atribuições; e como se dá o uso racional de medica- mentos, elementos de farmacoepidemiologia e de farmacoeconomia. Pois bem, você pode observar que teremos um material bem complexo, robusto e interessante para sua formação. Desejo a você muito sucesso nesta jornada e espero que este conteúdo venha a contribuir para a transformação de sua vida através da educação. Dedique-se, aprofunde seus conhecimentos e faça a diferença! Bons estudos! Unidade 1 João Paulo Manfré dos Santos Histórico e evolução da assistência farmacêutica Convite ao estudo O Sistema Único de Saúde (SUS) e a saúde pública brasileira são temas recorrentes em todas as esferas de governo. Sobre isso convido-lhe a fazer uma reflexão: quantas propagandas e materiais publicitários você já viu sobre as ações envolvendo o SUS e a saúde pública? Creio que muitas, assim como já deve ter ouvido, assistido ou lido críticas ao SUS e à saúde pública nos últimos anos. Mas, para entendermos todo o processo evolutivo e sabermos quais os próximos passos a serem seguidos, nada melhor do que olhar para a história e refletir sobre as diferentes óticas e contextos do processo em que estamos inseridos atualmente, principalmente no tocante ao Sistema Único de Saúde e suas relações com a evolução da assistência farmacêutica. Por isso, teremos como mote a compreensão sobre o desenvolvimento histórico da assistência farmacêutica com seus principais marcos e caminhos, os quais nos levaram até o modelo que temos atualmente. Esse tema mostra-se relevante para que você seja capaz de atuar com uma visão ampla sobre os princípios intrínsecos da assistência farmacêutica e de aplicar seus conheciementos, de forma satisfatória e destacada, na promoção, proteção e recuperação da saúde, não importando em qual contexto estará inserido, seja ele público ou privado. Para responder aos questionamentos que serão levantados, versaremos sobre o histórico da assistência farmacêutica, das políticas públicas de saúde no Brasil, e sobre as principais conquistas da assistência farmacêutica na década 1990. Também teremos o modelo e a configuração da assistência farmacêutica no SUS, a lei dos genéricos, a política nacional de medica- mentos, os aspectos estratégicos e operacionais, bem como a análise e discussão da relação de medicamentos essenciais. 8 Seção 1 Contextualização da assistência farmacêutica Diálogo aberto Estimado aluno, você talvez seja um dos milhares de brasileiros que necessitam do SUS para ter atenção à saúde; mas, mesmo que não seja parte desse contingente, certamente conhecealguém que necessite do SUS. E cito isso para que você busque em suas memórias as dificuldades existentes e reflita se este sistema está evoluindo adequadamente no contexto da assis- tência farmacêutica. Nesse sentido, apresentamos o caso de Alice, senhora viúva de 87 anos de idade que é pensionista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Seus proventos, como a maioria dos aposentados e pensionistas brasi- leiros, não são suficientes para adquirir todos os medicamentos prescritos por seu médico, considerando que ela apresenta uma série de comorbi- dades que necessitam de tratamento farmacológico contínuo. Ao procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) para verificar a possibilidade de obter os medicamentos através do SUS, ela foi direcionada para o setor de triagem do local, que identificou prontamente suas necessidades, realizou seu atendi- mento e procedeu com os agendamentos necessários para, posteriormente, encaminhá-la ao farmacêutico da Unidade. Durante a consulta, Alice ficou pensando: desde quando havia aquele serviço no Sistema Único de Saúde? Será que a Unidade de Saúde pode conceder qualquer tipo de medicamento? E, por fim, ao conversar com o profissional responsável, Alice quis entender melhor quais são os medicamentos obrigatoriamente cedidos pelo Estado e quais são de responsabilidade da União. Assim sendo, os questionamentos de Alice ao farmacêutico da Unidade Básica de Saúde durante a consulta fizeram com que ele buscasse seus conhecimentos relacionados à assistência farmacêutica para que pudesse proceder com as orienta- ções necessárias, sanando, assim, as dúvidas da paciente. Mas, e você, futuro farma- cêutico, saberia responder as perguntas de Alice? Aliás, você sabe sobre a evolução histórica da assistência farmacêutica na saúde pública brasileira? O que acha de usarmos os conteúdos relacionados ao histórico da assistência farmacêutica e das políticas públicas de saúde no Brasil que levaram aos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde? E que tal conhecermos a Política Nacional de Medicamentos e entendermos a Política Nacional da Assistência Farmacêutica? Com certeza, se alcançarmos esses objetivos, você notará uma clara compreensão dos seus futuros desafios enquanto profissional da saúde e do seu papel social! 9 Não pode faltar Para iniciarmos nosso processo de construção das respostas aos questio- namentos de Alice, precisaremos retornar um pouco à história e às ações que levaram aos modelos atuais de saúde, à configuração da assistência farma- cêutica no Brasil e às políticas dela originadas. Dentro desse contexto histórico, veremos que a assistência farmacêu- tica é parte estratégica da Política Nacional de Saúde, que se justifica pela sociedade em constante transformação e permeada por profundos debates políticos e ideológicos inerentes à evolução social, e que tem como objetivo maior dirimir as contradições, a desigualdade e a exclusão. Você notará que a inclusão da assistência farmacêutica na saúde pública ocorreu por programas isolados e desarticulados para a disponibilização de medicamentos, fato que deixava alguns usuários sem cobertura. Apresentaremos a seguir os princi- pais pontos históricos da assistência farmacêutica em ordem cronológica e com menções às ações e atividades realizadas à época. O marco histórico dos mecanismos de acesso da população aos medica- mentos aconteceu com a criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), que possibilitavam aos beneficiários a compra de alguns medica- mentos por preços especiais, menores do que os praticados no mercado, tendo o Estado como cofinanciador e cogestor de um amplo sistema que, a partir desta, passaria a assumir o dispêndio da atenção médica. Em 1967, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) autoriza a prestação da assistência farmacêutica pela previdência social em diferentes modalidades, tais como o fornecimento direto de medicamentos, o finan- ciamento parcial de medicamentos, o financiamento total para aquisição de medicamentos, a consignação de medicamentos a empresas conveniadas e o copagamento por beneficiários. Posteriormente a essa fase, em 1971, surge a Central de Medicamentos (CEME), órgão ligado à presidência da República, responsável pelo fornecimento mínimo de medicamentos à população carente e que, em 1974, foi transferido para o Ministério da Previdência Social, passando, em 1985, a ser parte do Ministério da Saúde com funções reduzidas para aquisição e distribuição de medicamentos. Concomitantemente, o fornecimento de medicamentos de alto custo pelo serviço público se iniciou a partir da segunda metade da década de 1970 por pressões de associações de usuários e de médicos do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), sendo realizada, na época, pela CEME. Todavia, em 1982, houve a regulamentação para aquisição de medicamentos que não estivessem na Relação Nacional de Medicamentos 10 Essenciais (Rename), dependendo da natureza e da gravidade da doença, em caráter excepcional, ainda sob responsabilidade do INAMPS. Toda essa evolução na disponibilização de medicamentos à população levou à realização de um evento, em 1988, que foi marcante na história da assistência farmacêutica: o I Encontro Nacional de Assistência Farmacêutica e Política de Medicamentos por meio do qual foram elaboradas propostas de assistência farmacêutica que, mais tarde, embasariam o SUS (Sistema Único de Saúde) com a presença de farmacêuticos em todas as fases. Diante dos fatos, em 1990 surge a Lei nº 8.080, que rege o SUS e define o compromisso público de garantia à assistência integral à saúde, inclusive a farmacêutica, confirmando a garantia constitucional do direito à saúde. A partir daí, a assistência farmacêutica torna-se elemento fundamental no SUS e parte integrante da Política Nacional de Saúde (PNS), a qual garante o acesso da população aos serviços farmacêuticos e a medicamentos e insumos. Assimile Portanto, podemos e devemos considerar que a assistência farmacêu- tica traz a contextualização das concepções de estado, do mercado farmacêutico e das políticas de saúde, perpassando historicamente a assistência do farmacêutico à saúde das pessoas, o que acontecia nas boticas até a fase da industrialização, da expansão do comércio e da organização dos serviços de saúde. E mesmo com toda a evolução vivenciada na área, inúmeros são os desafios, os quais vão desde dificul- dades na infraestrutura e operação a dificuldades no atendimento da demanda populacional por medicamentos. Todas essas considerações apresentadas anteriormente visam a destacar o desenvolvimento da assistência farmacêutica como parte estratégica da Política Nacional de Saúde (PNS), fato que ficará cada vez mais claro no decorrer do material. Dessa maneira, podemos inferir que a assistência farmacêutica com foco em abastecimento de medicamentos auxiliou na promoção da cidadania em alinhamento com o princípio constitucional do direto à saúde e da univer- salidade do SUS. Além desse princípio constitucional, observamos também outros princípios do SUS presentes no âmbito da assistência farmacêutica: um deles é a descentralização, que se encontra mais visível nos recursos para fornecer medicamentos à população; outro é o da integralidade, uma vez que o fornecimento de medicamentos satisfaz as necessidades da população, o que é exemplificado pela adoção e revisão permanente da Rename e pelo Uso Apropriado de Medicamentos (UAM), sendo este de grande repercussão econômica e relacionado à mudança de comportamento da população, de 11 profissionais da saúde, de gestores e de consumidores. Além disso, a assis- tência farmacêutica busca, dentro das suas ações, promover a equidade, ou seja, fornecer medicamentos para aqueles que realmente necessitam pelo prazo necessário para a solução do caso. Outro marco histórico importante nesse mesmo ano é a promulgação da Lei nº 8.142 que estabelece a participaçãoda comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde e aborda aspectos da transferência de recursos finan- ceiros intergovernamentais na área da saúde. Já em 1993, houve a quebra do paradigma sobre o que se entendia por medicamentos excepcionais e estabeleceu-se a primeira lista de medica- mentos, que foi sendo ampliada ao longo do tempo. Em 1997, o Decreto Presidencial n° 2.283 extingue a CEME, responsável pelo fornecimento de medicamentos, até mesmo os excepcionais, para que, em 1998, fosse promulgada a Política Nacional de Medicamentos através da Portaria 3.916, que estabelece a priorização do acesso universal aos medicamentos essenciais e a promoção do uso racional destes. Assim, por ser consi- derada um marco para a assistência farmacêutica devido a seu caráter de instrumento balizador da política de medicamentos no Brasil, nela destaca-se a Rename como um importante instrumento para elencar os produtos necessários para tratamento e controle da maioria dos problemas de saúde, promover o uso racional e orientar o financiamento de medicamentos na assistência farmacêutica. Aqui devemos aprofundar nossos conhecimentos sobre a Política Nacional de Medicamentos e, consequentemente, sobre a Assistência Farmacêutica, já que estão integradas aos princípios do SUS e já que esta política objetiva garantir a segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos com a promoção do uso racional destes e a regulação do acesso da população aos medicamentos essenciais através da ampliação da disponibilidade de produtos no Sistema Único de Saúde. A Política Nacional de Medicamentos promoveu o diálogo entre duas grandes diretrizes da Assistência Farmacêutica, a Regulamentação Sanitária de Medicamentos e a Garantia da Segurança, Eficácia e Qualidade dos Medicamentos, marcado pela criação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Lei n° 9.782, de 1999. Assim, a Política Nacional de Medicamentos também contempla a diretriz da Promoção do Uso Racional de Medicamentos com ações individuais e articuladas que envolvem diversos atores desse processo: paciente, profissionais de saúde, gestores e instituições relacionadas à saúde e ao sistema de saúde. Em resumo, podemos inferir que a Política Nacional de Medicamentos serve como um instrumento orientador e transversal aos diferentes governos 12 cujos interesses são totalmente antagônicos aos do mercado farmacêutico e aos do sistema público de saúde. Seguindo nesse processo evolutivo, em 2000, foram elaborados os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que caminharam com a assistência farmacêutica e estabeleceram as doenças que necessitavam de medicamentos excepcionais. Simultaneamente às evoluções relacionadas aos medicamentos excepcio- nais, foi publicada, em 2002, a Portaria nº 1.318, que definiu os valores de repasse do Ministério da Saúde aos estados para cada procedimento padro- nizado, surgindo assim o termo “medicamentos de alto custo”. Porém, obser- vou-se, na época, que os repasses não condiziam com o custo total desses medicamentos, ficando aos estados a responsabilidade do restante do custeio que, com o passar do tempo, foi tornando inviável a operação pelos elevados custos operacionais (centros de referência, profissionais e medicamentos). Em face da necessidade de inserir a assistência farmacêutica no contexto das ações de saúde, em 2003, é criado o Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF). Nesse mesmo ano aconteceu a I Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica (CNMAF), a qual gerou a Resolução nº 338 da Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) como parte integrante da Política Nacional de Saúde. Nesse contexto, a PNAF foi definida como sendo o conjunto de ações para promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, visando ao acesso e ao uso racional do medicamento. Exemplificando A partir da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, diversos programas foram originados, como o Programa Farmácia Popular do Brasil (Decreto n° 5.090, de 2004) que garante o acesso a medicamentos e seu uso racional, além do Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farma- cêutica (Hórus), cujo objetivo é fornecer informações fidedignas sobre o acesso, o perfil de utilização, a demanda e o estoque de medicamentos. Em 2006, a Portaria nº 2.577 surge com o intuito de definir as regras para execução do Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional (CMDE) e as responsabilidades de cada gestor, entretanto essas regras não ficam muito claras. Então, nesse mesmo ano, foi publicada a Portaria nº 399, do Pacto Pela Saúde, que definiu os cinco blocos de financiamento do SUS e estabeleceu um bloco específico para a assistência farmacêutica, o qual foi dividido em três partes: 13 • CBAF (Componente Básico de Assistência Farmacêutica): respon- sável pela aquisição de medicamentos e insumos para atenção básica. • Componente Estratégia da Assistência Farmacêutica: responsável pelo financiamento de medicamentos para doenças endêmicas. • CMDE (Componente de Medicamento de Dispensação Excepcional): responsável pelo fornecimento de medicamentos de elevado valor unitário. Ainda seguindo nessa evolução, em 2009, a Portaria nº 2.981 define o CEAF (Componente Especializado de Assistência Farmacêutica) como substituto do CMDE, seguindo protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde. Visando regular as formas de acesso aos medicamentos disponibilizados pelo SUS, em 2011, é editado o Decreto nº 7.508 e é criada a Lei nº 12.401, que aborda a assistência farmacêutica e a incorporação de tecnologias em saúde no SUS, além do Decreto nº 7.508, que altera a organização desse Sistema, o planejamento, a assistência à saúde e a articulação inter-federativa. Nesse contexto, em 2013, a Portaria nº 1.554 estabelece um novo marco regulatório do CEAF com a inclusão de novos medicamentos, transferência de medicamentos para o CBAF e a atualização dos valores de ressarcimento. Encerrando a nossa trajetória histórica, em 2017, a Portaria nº 3.992 estabelece o financiamento e a transferência dos recursos federais para ações e serviços públicos de saúde, o que impacta diretamente na organização e operação da assistência farmacêutica. Veja na Figura 1.1 essa linha do tempo com os marcos do fortalecimento das políticas farmacêuticas ao longo das últimas décadas. 14 Figura 1.1 | Marcos das políticas voltadas ao contexto da assistência farmacêutica no Brasil CEMEJUN-71 SET-73 JAN-75 JAN-77 SET-78 JAN-87 OUT-88 JUL-97 OUT-98 JAN-99 FEV-99 MAI-00 JUN-03 MAI-04 MAI-04 JUN-06 MAI-09 ABR-11 JUN-12 AGO-14 PNI RENAME LISTA MODELO DE MEDICAMENTOS DA OMS PROGRAMA FARMÁCIA BÁSICA CONFERÊNCIA DE ALMA-ATA SUS FIM DA CEME PNM ANVISA GENÉRICOS CPI MEDICAMENTOS DAF E CMED CONFERÊNCIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA FARMÁCIA POPULAR PNAF PNPMF DECIIS CONITEC LEI FARMÁCIA COMO ESTABELECIMENTO DE SAÚDE Fonte: adaptada de BRASIL, 2018, p. 12. Disponível em: Reflita Observamos então que, ao longo do tempo, a assistência farmacêutica vem se consolidando como um dos principais pilares do SUS e está em contínuo processo de normatização, controle e evolução. Essa visão mais ampla é necessária para compreendermos como estamos na atual conjuntura e quais serão as prováveis evoluções nessa área. E você, caro aluno, é capaz de enxergar os próximos passos do processo evolutivo da assistência farmacêutica? No Brasil, um ponto que merece muito destaque é a forma como vem sendo implementada a assistência farmacêutica pela União, estados e municípios por meio das pactuações nas Comissões Bipartites e Tripartites que definem finan- ciamentos, eleição dos medicamentos, e formas de acesso a estes. 15 Por se tratar dos aspectos históricos que envolvem uma evolução de aproximadamente 30 anos em um país com dimensões continentais, desigual e complexo, que passou por inúmeras mudanças políticas, sociaise econô- micas, a escolha dos recortes históricos partiu do pressuposto dos atos regulatórios que expressam um esforço nacional de implementação, mas que não garantem o sucesso futuro das ações voltadas à assistência farmacêutica. Sem medo de errar Vimos o caso de Alice: pensionista do INSS que buscou a Unidade Básica de Saúde (UBS) para verificar a possibilidade de obter os medica- mentos através do SUS. Lá ela foi atendida pelo farmacêutico e vivenciou a experiência da assistência farmacêutica. Durante a consulta, fez uma série de questionamentos sobre essa assistência, visando encontrar respostas para questões que a intrigavam. Basicamente, para respondermos os questiona- mentos de Alice, precisamos compreender a evolução histórica da assistência farmacêutica na saúde pública brasileira e as suas relações com as políticas públicas de saúde no Brasil. Assim, temos que o processo de construção da assistência farmacêutica inicia-se, basicamente, na década de 1930, porém somente nos últimos 30 anos é que foram observadas evoluções significativas e mais robustas, capazes de garantir à população o acesso e o uso racional de medicamentos. Além disso, precisamos compreender que, ainda que se trate de um aspecto político e, por isso, esteja sujeito aos vieses ideológicos de cada gestão, a assistência farmacêutica necessita ter salvaguardado o seu papel social de dirimir as contradições, desigualdades e exclusões observadas na sociedade brasileira. O início de seu processo de construção deu-se por meio de programas isolados e desarticulados, mas que evoluíram para políticas mais abran- gentes e amplas, como a Política Nacional de Medicamentos e a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, que corroboram com as diretrizes do SUS. Atualmente, o foco está na maior eficiência operacional que garante a equidade e universalidade do acesso à Assistência Farmacêutica, foco este que necessita de um amplo esforço nacional para que possa garantir o sucesso, no presente e no futuro, da assistência farmacêutica. 16 Avançando na prática Farmácia Popular Joaquina, após realizar consulta médica, teve prescrito para seu caso uma série de medicamentos. Ao verificar a quantidade destes, buscou a Farmácia Popular para proceder com a compra e, assim, iniciar seu tratamento. Porém, ao chegar à Farmácia Popular, foi atendida pelo farmacêutico responsável pela unidade e desco- briu que nem todos os medicamentos dos quais precisava estavam disponíveis, o que a deixou intrigada. Durante a conversa com o profissional, dona Joaquina quis entender como funcionava esse programa e quais os critérios de elegibilidade dos medicamentos. Vamos auxiliar o profissional farmacêutico a responder os questio- namentos de Joaquina? Para isso, vamos iniciar explicando sobre as principais características do Programa de Farmácia Popular? Resolução da situação-problema O programa Farmácia Popular foi criado em 13 de abril de 2004, através da Lei n° 10.858, posteriormente regulamentada pelo Decreto n° 5.090, de 20 de maio de 2004. O programa tem por objetivo ofertar à população mais uma alternativa de acesso aos medicamentos considerados essenciais, com o intuito de atender a uma diretriz importante da Política Nacional de Assistência Farmacêutica por meio de estabelecimentos credenciados que requerem uma série de documentos às pessoas que desejem fazer uso desse programa. Portanto, caso algum dos medicamentos prescritos para Joaquina não esteja na lista de medicamentos essenciais (Rename), ela não conseguirá no programa Farmácia Popular. Faça valer a pena 1. A assistência farmacêutica está em constante processo evolutivo, no qual observamos a descentralização, a universalidade e a equidade do acesso, importantes para a aderência às políticas existentes e ao SUS. Nesse contexto, analise as assertivas a seguir e se existe relação entre elas: I. Até a década de 1990, a assistência farmacêutica era essencialmente realizada por farmácias e drogarias privadas. PORQUE II. O governo federal criou o Programa Farmácia Popular e centralizou apenas em farmácias estatais a oferta de medicamentos essenciais. 17 A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: a. As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não justifica a I. b. As asserções I e II são verdadeiras e a II justifica a I. c. A asserção I é verdadeira e a II, falsa. d. A asserção I é falsa e a II, verdadeira. e. As asserções I e II são falsas. 2. A assistência farmacêutica é considerada como um dos principais elementos do Sistema Único de Saúde por permitir que suas premissas sejam amplamente atendidas e as garantias constitucionais sejam realizadas. I. A assistência farmacêutica desenvolve ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. II. A assistência farmacêutica estimula o consumo de medicamentos em todos os casos. III. A assistência farmacêutica tem o medicamento como seu insumo principal. IV. A assistência farmacêutica realiza ações de uso racional de medicamentos. É correto o que se afirma em: a. Somente as sentenças I, II e III estão corretas. b. Somente as sentenças I, II e IV estão corretas. c. Somente as sentenças I, III e IV estão corretas. d. Somente as sentenças II, III e IV estão corretas. e. Somente as sentenças II e IV estão corretas. 3. Como a assistência farmacêutica está inserida no contexto do Sistema Único de Saúde, suas ações estão totalmente alinhadas com as diretrizes que norteiam o sistema público de saúde do Brasil. Com base nessas informa- ções, relacione a coluna A dos princípios do SUS às características da assis- tência farmacêutica na coluna B. COLUNA A COLUNA B I. Princípio da universilidade 1. A assistência farmacêutica fornece medica- mentos essenciais à população, até mesmo os considerados de alto custo. 18 COLUNA A COLUNA B II. Princípio da equidade 2. A assistência farmacêutica é acessível a todos os cidadãos brasileiros. III. Princípio da integralidade 3. A assistência farmacêutica tem em suas ações o desenvolvimento da cultura do uso racional dos medicamentos, para que todos tenham as mesmas condições de acesso. Assinale a alternativa que associa corretamente as colunas. a. I-1; II-2; III-3. b. I-2; II-3; III-1. c. I-3; II-1; III-2. d. I-1; II-3; III-2. e. I-2; II-1; III-3. 19 Seção 2 Evolução da assistência farmacêutica no Brasil Diálogo aberto Estimado aluno, seja muito bem-vindo à nossa seção de estudos. É com imenso prazer que o convidamos para estudar os conceitos da assistência farmacêutica, suas principais conquistas na década de 1990, as perspectivas trazidas pela lei dos genéricos para a área e seus avanços no âmbito do Sistema Único de Saúde. Esses são conteúdos importantíssimos para a formação profissional, pois inúmeras vezes somos expostos tanto aos benefícios da assistência farmacêutica quanto aos desafios, seja como usuários, seja como cidadãos ou até mesmo como profissionais, já que o desenvolvimento da sociedade passa pela necessidade de garantirmos a toda a população direitos básicos, como é o caso da saúde. Para discutirmos esses temas, voltamos à UBS onde um farmacêutico local fazia o atendimento à paciente Alice, senhora viúva com várias comor- bidades e em uso crônico de alguns medicamentos. Ela tem 87 anos, é pensio- nista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e seus proventos não são suficientes para adquirir todos os medicamentos prescritos pelo seu médico. Durante o atendimento, o farmacêutico conversou bastante com a paciente sobre a assistência farmacêutica. Particularmente naquele dia, o farmacêu- tico da UBS estava recebendo a visita de um colega farmacêutico do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e, antes de terminar o atendimento a dona Alice nas dependências da farmácia da UBS, os dois colegas de profissão conversaram brevemente sobre ela. No meio dessa discussão, o farmacêutico do NASF levantou alguns pontos ao seu colega, pois tinha dúvidas como: quais seriamas bases que fundamentam a assistência farmacêutica? Como se deu o processo histórico e os avanços da assistência farmacêutica no contexto do Sistema Único de Saúde? Qual a opinião do colega a respeito das perspectivas trazidas para a assis- tência farmacêutica a partir da lei dos genéricos? Como poderíamos ajudar o farmacêutico da UBS a esclarecer as dúvidas do seu colega do NASF? A compreensão e aprofundamento sobre os conteúdos desta seção promoverão o desenvolvimento necessário das competências e habilidades para destacada atuação na assistência farmacêutica, bem como permitirá a tomada de decisão pautada nos desafios e necessidades sociais relacionadas ao papel do farmacêutico dentro deste contexto. Bons estudos! 20 Não pode faltar Caro aluno, chegou o momento de discutirmos sobre os pontos levan- tados em nossa situação-problema para estabelecermos um raciocínio que seja capaz de aliar a compreensão dos conteúdos com o desenvolvimento das competências e habilidades necessárias para uma atuação de destaque no mercado de trabalho. Iniciaremos, então, discorrendo sobre os conceitos da assistência farmacêutica. Essa é uma área bem complexa e envolve a atuação de vários profissionais do ramo da saúde, como o próprio farmacêutico. Possui por bases concei- tuais a realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, seja ela no contexto individual, seja no contexto coletivo, as quais se voltam principalmente para o medicamento e seu uso racional. Essas bases conceituais são extrapoladas para todos os aspectos que envolvem a assistência farmacêutica, seja na pesquisa, no desenvolvimento e na produção de medicamentos e insumos, seja na seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade, acompanha- mento e avaliação da utilização desses medicamentos e insumos. Esses aspectos permitem que sejam obtidos resultados concretos que balizam tomadas de decisão voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população e para o cumprimento do papel social do profissional farmacêutico. Dessa maneira, podemos considerar que a atuação do farmacêutico no contexto da assistência farmacêutica está voltada para os interesses sociais que fomentaram o desenvolvimento de políticas e ações dessa área, princi- palmente das observadas a partir da década de 1990 com a institucionali- zação do Sistema Único de Saúde. Essa atuação visa a formar novas posturas profissionais e institucionais que estejam em sinergia com a quebra de paradigmas relacionados à assis- tência farmacêutica existente até então, a qual tinha como principal propó- sito a distribuição de medicamentos, ação contrária aos conceitos estabele- cidos nas legislações que tratam do tema. Diante disso, a assistência farmacêutica necessita ampliar a percepção da atuação profissional, extrapolando a cadeia de gestão de medicamentos para ter o usuário como centro das atenções e das ações. 21 Assimile Assistência farmacêutica é um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao acesso e uso racional. Isso nos leva a refletir sobre as conquistas obtidas pela assistência farma- cêutica na década de 1990, na qual foi possível observar enorme esforço do Ministério da Saúde para o fortalecimento do ramo através de medidas como a capacitação dos recursos humanos, principalmente da classe dos farmacêuticos. Observamos também que, nessa década, o princípio da integralidade do Sistema Único de Saúde foi identificado como a grande resposta às necessi- dades de saúde da época, o que ponderou todas as ações e políticas implan- tadas, inclusive as de assistência farmacêutica. Assim sendo, durante a década de 1990 a Anvisa instituiu as Boas Práticas de Dispensação, com impacto direto sobre o uso racional de medicamentos. Já em 1998 foi criado o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos, composto por representantes de várias instituições, redefi- nido em 2013 e que desenvolveu ações de destaque, tais como o Congresso Brasileiro de Uso Racional de Medicamentos, além de materiais educativos, recomendações de órgãos regulatórios e campanhas. A Anvisa também instituiu o Sistema Nacional de Farmacovigilância, que contou com forte apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e de grupos nacionais que defendiam o uso racional de medicamentos. Ainda no final da década de 1990, podemos observar que algumas associa- ções independentes surgiram no Brasil com o objetivo de promover o uso apropriado dos medicamentos, além da realização de parcerias com organi- zações internacionais de diferentes continentes. Nesse sentido, trazemos como exemplos o Núcleo de Assistência Farmacêutica (NAF/ENSP/Fiocruz, criado em 1998) e o Centro Colaborador da OPAS/OMS, que tem atuado em temas relevantes relacionadas ao uso apropriado de medicamentos. Dessa maneira, percebemos que a primeira década do Sistema Único de Saúde foi marcada pelas perspectivas a longo prazo a partir da publicação da Política Nacional de Medicamentos em 1998, com diretrizes específicas para a promoção da produção de medicamentos e o desenvolvimento científico e tecnológico da área. 22 Além disso, houve também outros grandes avanços como a aprovação da política de genéricos (Lei n° 9.787/1999) e do projeto guarda-chuva, que estabeleceu a produção de medicamentos antirretrovirais no contexto da epidemia de HIV/AIDS. Observe no quadro a seguir alguns eventos que marcaram a regulação da assistência farmacêutico no Brasil na década de 1990. Quadro 1.1 | Regulação Sanitária da Década de 1990 Relacionada à Assistência Farmacêutica Regulação Características Decreto nº 793/1993 Decreto presidencial que aborda impor- tantes questões relacionadas aos genéricos no Brasil. Portaria MS/GM nº 1565/1994 Estabelece as diretrizes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). CPI (Comissão Parlamentar de Inquéri- tos) 1999 Averiguação das falsificações de medica- mentos e a identificação da necessidade de proposição de várias ações regulatórias. Lei nº 9781/1999 Cria a Agência Nacional de Vigilância Sa- nitária (Anvisa) com modelo de agência autônoma. Lei nº 9787/1999 Lei de genéricos que normatiza os aspectos de qualidade e substituição de medicamentos. Fonte: adaptado de Bermudez et al. (2018). Reflita A criação do Sistema Único de Saúde, regulamentado pelas Leis Orgânicas da Saúde – Lei nº 8080/1990 e Lei nº 8142/1990 –, teve como objetivos audaciosos assegurar os princípios de universalidade, integra- lidade e equidade. Com base no que estudamos e nas evidências atuais, questiona-se: esses princípios foram atendidos pela assistência farma- cêutica? Quais os desafios futuros para garantir que o Sistema Único de Saúde tenha o sucesso esperado no âmbito da assistência farmacêutica? Com o objetivo de promover, proteger e recuperar a saúde através de insumos e medicamentos, em 1999 foi promulgada a lei dos genéricos (Lei n° 9.787/1999), com o objetivo de ofertar medicamentos de qualidade e de baixo custo, com vistas à garantia de maior acesso destes à população. 23 Essa lei determinou que os medicamentos e as prescrições médicas, no âmbito do Sistema Único de Saúde, adotassem a denominação do princípio ativo para que as compras do Sistema Único de Saúde dessem preferência ao medicamento genérico, tendo em vista o menor custo relacionado ele. Veja na Figura 1.2, como se deu a evolução da participação dos medicamentos genéricos no mercado após a implantação da lei. Figura 1.2 | Evolução dos medicamentos genéricos genéricos referência similares 2001 2002 2003 2004 2005 53 833 365 147 517 276 198 385 237 306 403 271 399 406 338 0 800 700 600 500 400 300 200 100 900 M M U S$ Fonte: adaptada de Quental et al. (2008). Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2008.v13suo- ppl0/619-628/. Acesso em: 10 set. 2019.Boa parte dessa aceitação deu-se em razão da exigência regulatória de que fossem realizados estudos de equivalência farmacêutica (demonstrando que o genérico possui o mesmo fármaco, na mesma quantidade e forma farma- cêutica que o medicamento de referência) e bioequivalência (demonstrando que o genérico e o medicamento de referência, quando administrados nas mesmas doses e condições experimentais, não apresentam diferenças estatis- ticamente significantes em relação à biodisponibilidade). Porém, um ponto que necessita de profunda reflexão está relacionado ao fato de que o incentivo aos medicamentos genéricos não estimula a inovação de fármacos, pois não existe a possibilidade de inovação incremental, já que esse medicamento necessita ser uma cópia idêntica do medicamento de referência. Assim, cabe a nós olharmos mais para o lado da experiência dos genéricos dentro da articulação política de saúde como parte de uma estratégia mais abrangente de ganhos de aumento da oferta e redução de preços. https://www.scielosp.org/article/csc/2008.v13suppl0/619-628/ https://www.scielosp.org/article/csc/2008.v13suppl0/619-628/ 24 Exemplificando O estudo de Vieira e Zucchi (2006) exemplifica bem a redução de preços que os medicamentos genéricos proporcionaram em relação aos medicamentos de referência, redução esta que fica maior quando existem mais laboratórios ofertando os mesmos genéricos, em face da concorrência acirrada desse setor. É possível notarmos os avanços alcançados pelo Sistema Único de Saúde desde a sua criação, os quais envolvem os avanços científicos e tecnológicos, especialmente os relativos a diagnósticos e tratamentos que contribuíram para a relevância do uso de medicamentos na promoção e recuperação da saúde e na prevenção de doenças. Há que se destacar que muitos desses avanços estão na esfera da assistência farmacêutica e refletem o esforço conjunto dos atores envolvidos na aplicação e implantação dessa política no Sistema Único de Saúde. Um exemplo clássico desse avanço está na grande presença de sistemas informatizados para a gestão da assis- tência farmacêutica nos municípios, o que gera um desafio enorme relacionado à integração em rede com os diferentes serviços de saúde. Outros exemplos positivos são: a presença de serviços farmacêuticos clínicos no gerenciamento da terapia medicamentosa, mesmo que de forma incipiente; a institucionalização da assistência farmacêutica nos municípios brasi- leiros, presentes nos planos municipais de saúde; e a existência da lista padronizada de medicamentos. Porém, persistem desafios importantes na ampliação e garantia do acesso dentro das premissas do Sistema Único de Saúde, principalmente no tocante à gestão e logística de insumos e medicamentos. Um ponto de destaque é a situação sanitária desses medicamentos, cujas condições inadequadas de armaze- namento podem impactar negativamente na qualidade, eficácia e segurança deles. Dessa maneira, podemos determinar que a assistência farmacêu- tica vem se consolidando e se aprimorando ao longo das últimas décadas, estabelecendo, assim, uma mudança cultural importante para atingir seus objetivos de promoção da saúde, prevenção de doenças e recuperação de doenças e agravos, os quais estão focados na conscientização e na educação da população através do uso racional de medicamentos. Diversas políticas foram implantadas nesse processo e estão alinhadas com a necessidade de se estabelecer as boas práticas da assistência farmacêutica, sem se esquecer das lacunas e desafios que se apresentam e que devem ser mapeados para elabo- ração de estratégias efetivas. 25 Sem medo de errar No dia em que Alice estava em atendimento na Unidade Básica de Saúde, o farmacêutico responsável recebeu a visita de um colega do NASF, com o qual conversou bastante sobre a paciente. Entre os temas discutidos estavam algumas dúvidas relacionadas aos serviços disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, como se as ações presentes hoje na Unidade Básica de Saúde sempre estiveram presentes ou surgiram como resultado de modificações ao longo do tempo. A assistência farmacêutica é resultado, principalmente, de ações desen- volvidas na década de 1990 com a institucionalização do Sistema Único de Saúde e de políticas voltadas para a assistência farmacêutica e o uso racional de medicamentos, assim como para o desenvolvimento científico e tecno- lógico, por exemplo, a política de genéricos. Como resultado da atuação de diversos profissionais da área da saúde, com destaque ao papel do farmacêu- tico, o centro das suas ações está alinhado ao uso racional de medicamentos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população e fazer cumprir o papel social do farmacêutico. A Lei n° 9.787/1999 (Lei dos Genéricos) buscou garantir maior acesso aos medicamentos através de produtos de qualidade e de baixo custo, além de determinar outras ações no âmbito do Sistema Único de Saúde, como a adoção da denominação do princípio ativo deles, para que as compras do Sistema Único de Saúde dessem preferência ao medicamento genérico em igualdade de preço e demais condições de aquisição. Em resumo, os avanços obtidos na assistência farmacêutica refletem o esforço conjunto de todos os profissionais envolvidos, como a presença de serviços farmacêuticos clínicos no gerenciamento da terapia medicamentosa e a existência de lista padronizada de medicamentos. Mas desafios também se apresentam e necessitarão de elaboração de estratégias efetivas para gestão e logística de insumos e medicamentos, por exemplo, nas condições de armazenamento e na segurança dos fármacos. Avançando na prática Farmácia clínica e evolução da assistência farmacêutica Na UBS central de um município, o farmacêutico do NASF foi designado para realizar uma palestra voltada aos técnicos de farmácia das outras UBSs do município, e o tema era a farmácia clínica e a assistência farmacêutica. Durante 26 a palestra, as principais dúvidas dos técnicos foram sobre as atividades laborais, tais como: a atribuição do farmacêutico clínico em farmácias privadas ou públicas é exclusivamente dispensar medicamentos? O farmacêutico pode atuar em áreas relacionadas à assistência farmacêutica, neste ou em outros segmentos? Colocando-se no lugar do farmacêutico palestrante, como você respon- deria a esses questionamentos? Resolução da situação-problema As transformações que a profissão do farmacêutico vem sofrendo ao longo do tempo levaram-no do status que conhecemos hoje à farmácia clínica, na qual a atuação do profissional aproxima o paciente/cliente da equipe de saúde e possibilita o desenvolvimento das potencialidades relacio- nadas à farmacoterapia, alinhado ao que é preconizado e estabelecido nos conceitos da assistência farmacêutica, cujo objeto central passa pelas garan- tias de fornecimento e uso seguro e racional de medicamentos, para que, através da farmacoterapia, seja possível melhorar a qualidade de vida do paciente/cliente. Portanto, as atribuições do farmacêutico transcendem apenas a dispen- sação de medicamentos e passa por inúmeras atividades de gestão e plane- jamento, principalmente, quando o foco de trabalho é o Sistema Único de Saúde e a assistência farmacêutica. Faça valer a pena 1. Os medicamentos genéricos já são uma realidade no cotidiano da população brasileira, e isso só foi possível devido à política que objetivou democratizar o acesso aos medicamentos de referência. Com base nesse contexto, analise a imagem a seguir, que apresenta a fonte de obtenção dos medicamentos genéricos estratificado por classe econômica. 27 SUS Farmácia privada Programa Farmácia Popular Outra A/B C D/E 3,2 18,7 46,3 31,8 14,7 34,6 48,4 11,6 33,3 52,8 2,3 2,3 0 20,0 40,0 60,0 80,0 100 (% ) Fonte: Bertoldi et al., 2016. BERTOLDI, A. D. et al. Utilização de medicamentos genéricos na população brasileira: uma avaliação da PNAUM 2014. Rev Saúde Publica, Pelotas, v. 50, supl. 2, p. 11s,2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf. Acesso em: 16 set. 2019. Assinale a alternativa que contenha a interpretação correta: a. O Programa de Farmácia Popular apresenta-se como a principal fonte de distribuição de medicamentos genéricos nas classes A/B. b. O Sistema Único de Saúde apresenta-se como a principal fonte de distribuição de medicamentos genéricos na classe C. c. A farmácia privada apresenta-se como a principal fonte de distri- buição de medicamentos genéricos nas classes D/E. d. O Programa de Farmácia Popular apresenta-se como a principal fonte de distribuição de medicamentos genéricos na classe C. e. A farmácia privada apresenta-se como a principal fonte de distri- buição de medicamentos genéricos nas classes D/E. http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf 28 2. Os medicamentos genéricos vieram instituídos de uma missão: ampliar a assistência farmacêutica e promover saúde à população. A imagem a seguir apresenta os tipos de problemas de saúde, divididos em agudos ou crônicos, tratados com medicamentos genéricos de acordo com a idade dos usuários. 24,7 28,3 25,9 24,9 25,1 24,3 35,1 34,7 0-9 anos 10-19 anos 20-59 anos ≥ 60 anos Agudo Problema de saúde Crônico (% ) 0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 Fonte: Bertoldi et al., 2016. BERTOLDI, A. D. et al. Utilização de medicamentos genéricos na população brasileira: uma avaliação da PNAUM 2014. Rev Saúde Pública, Pelotas, v. 50, supl. 2, p. 11s, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf. Acesso em: 16 set. 2019. Assinale a alternativa que contenha a interpretação correta: a. Na faixa de 0 a 9 anos, observa-se maior uso de medicamentos genéricos no tratamento de casos agudos. b. Na faixa de 10 a 19 anos, observa-se maior uso de medicamentos genéricos no tratamento de casos crônicos. c. Na faixa de 20-59, anos observa-se maior uso de medicamentos genéricos no tratamento de casos agudos. d. Na faixa de idade acima de 60 anos, observa-se maior uso de medica- mentos genéricos no tratamento de casos crônicos. e. Não é possível realizar inferência acerca do uso de medicamentos genéricos baseados em casos agudos e crônicos. http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf 29 3. O movimento sanitarista, junto com era democrática que vivemos desde o final da década de 1980, culminou no desenvolvimento de políticas de saúde que proporcionam aos cidadãos o direto à saúde. Nesse sentido, a assistência farmacêutica se desenvolveu dentro desse contexto e, juntamente com ela, outras políticas surgiram para consolidar as diretrizes do Sistema Único de Saúde. Sobre isso, analise as assertivas a seguir e se existe relação entre elas: I. A Política Nacional de Medicamentos foi lançada em 1998 com o objetivo de reorientar a assistência farmacêutica no Brasil. PORQUE II. Em 1995, entrava uma nova categoria de medicamentos nas farmá- cias brasileiras, a dos medicamentos genéricos. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 30 Seção 3 Relações de medicamentos essenciais Diálogo aberto O noticiário está repleto de informações relacionadas às dificuldades enfrentadas pelo Sistema Único de Saúde para ofertar aos seus usuários os medicamentos necessários para tratamento. Muitos desses problemas estão ligados aos limitados recursos financeiros que obrigam o estabelecimento a critérios de elegibilidade que visam a garantir tratamento farmacoterapêutico às doenças mais prevalentes. Temos como exemplo o caso de Alice, senhora viúva de 87 anos de idade que é pensionista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e cujos proventos não são suficientes para adquirir todos os medicamentos prescritos por seu médico para tratar uma série de comorbidades que apresenta e que necessitam de tratamento farmacológico contínuo. Ao procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) para obter os medicamentos através do SUS, foi direcionada para o setor de triagem, que identificou suas necessidades e a encaminhou ao farmacêutico da unidade. Alice fez vários questionamentos para entender como funcionava a assistência farmacêutica da unidade. Em um deles, a paciente quis saber se a responsabilidade de fornecer os medicamentos a ela seria do município, do estado, ou da União. Novamente, proponho que você se coloque no lugar do profissional e responda: quais são os medicamentos essenciais para a atenção primária à saúde? Será que realmente existe uma relação de medicamentos essenciais? Não pode faltar A Política Nacional de Medicamentos estabelece a implementação de um novo modelo de assistência farmacêutica básica através do atendimento das necessidades e prioridades locais. Consequentemente, as responsabili- dades das esferas de governo nas políticas de medicamentos convergem para assegurar o acesso da população ao tratamento farmacoterapêutico, sendo que o Ministério da Saúde preconiza como essencial a descentralização da aquisição e da distribuição destes medicamentos, com vistas a atender o indicado pela Política Nacional de Medicamentos. 31 Porém, cabe destacar que essa descentralização não exime os gestores federais e estaduais das responsabilidades relativas à aquisição e distribuição de medica- mentos essenciais, pois as decisões tomadas por todas as esferas de governo devem ser pautadas estritamente em critérios técnicos e bem estabelecidos. Assim, para que as políticas de medicamentos alcancem os resul- tados almejados, as três esferas gestoras do Sistema Único de Saúde devem promover o contínuo desenvolvimento e capacitação de recursos humanos, configurando mecanismos privilegiados de articulação intersetorial. Todavia, o cotidiano evidencia o quanto é difícil assegurar à população o acesso aos medicamentos, mesmo que este acesso seja um direito garantido constitucionalmente aos usuários do Sistema Único de Saúde, o que deixa evidente o abismo existente entre o SUS legal e o SUS real. Assimile É responsabilidade do Estado, dentro das suas três esferas de governo, a garantia do direito à saúde (Constituição Federal de 1988), enfatizada pela Política Nacional de Medicamentos, que trabalha em linha com a Constituição e a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde como uma política universalista e igualitária. A Política Nacional de Medicamentos tem como objetivo garantir o acesso da população aos medicamentos essenciais, diante disso, a Relação Nacional de Medicamentos (Rename) assume papel de destaque por ser uma das diretrizes e prioridades da Política Nacional de Medicamentos, tornan- do-se um eixo estratégico da Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Em 1975, a Rename foi instituída por meio da Portaria nº 233, do Ministério da Previdência e Assistência Social, com a proposta de ser perio- dicamente revisada. A Rename é, atualmente, pautada na Prática Baseada em Evidências, pois é através dessa relação que são procedidas as orientações das ações de planejamento e organização da assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde, uma vez que essa relação de medicamentos serve como base para elaboração e organização das listas estaduais e municipais. De acordo com a Rename, os medicamentos ditos essenciais são aqueles definidos pelo Sistema Único de Saúde para garantir o acesso do usuário ao trata- mento medicamentoso, sendo que todos os medicamentospresentes nela estão nos Componentes de Financiamento da Assistência Farmacêutica (Componente Básico – CBAF, Componente Estratégico – CESAF e Componente Especializado – CEAF), na Relação Nacional de Insumos Farmacêuticos, na Relação Nacional de Medicamentos de Uso Hospitalar e nos fitoterápicos e homeopáticos. 32 A Rename busca proporcionar racionalidade à utilização de medica- mentos através da eficácia, da qualidade e do custo-efetividade, que apresenta como vantagens: • Retirada de substâncias ineficazes ou tóxicas. • Opção por medicamentos de melhor custo-efetividade em relação a medicamentos equivalentes. • Gerência mais eficiente de um estoque limitado de fármacos. • Aderência ao que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS): eficácia, segurança, conveniência, qualidade e comparação de custo. Em face disso, a Rename é considerada como o eixo cíclico da assistência farmacêutica, pois é a partir dela que as demais atividades de programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação são desenvolvidas. Além do mais, é através da Rename que se abrangem medicamentos necessá- rios para o tratamento e controle das doenças consideradas prioritárias, bem como garante-se a melhoria no acesso, na equidade, na qualidade e na efici- ência dos sistemas de saúde por meio da redução dos gastos desnecessários, não sendo este um procedimento estático, mas para o qual se consideram as novas evidências sobre os medicamentos e os tratamentos disponíveis. Então, os medicamentos considerados na Rename são aqueles que: • Apresentam menores riscos. • Têm baixo custo. • Têm prioridade aos medicamentos genéricos. • Atendam quadro epidemiológico do país. • Representam prioridades em saúde pública. • Têm evidências de ensaios clínicos aleatórios, revisões sistemáticas e metanálises. • Apresentam aplicabilidade às condições nacionais. Em face de tudo o que foi descrito, entendemos a seriedade de haver um empenho multidisciplinar para que os prescritores possam notar a impor- tância dessa lista e dar prioridade à Rename, pois é sabido que existem problemas relacionados ao desabastecimento e à judicialização da assistência farmacêutica, que, muitas vezes, indicam até medicamentos importados que podem estar prescritos na farmacoterapia. 33 Assim, observa-se um grande desafio para garantir que haja ampla disse- minação da Rename a todos os níveis de gestão pública da saúde, abrangendo prescritores, setores acadêmicos, serviços de saúde e organismos profissionais. Reflita Se a Rename serve como base ao desenvolvimento científico e tecno- lógico para produção de medicamentos, como podemos garantir que esse desenvolvimento esteja voltado para o controle das enfermidades prioritárias em saúde pública nos diversos níveis de atenção? Estados também devem elaborar suas próprias listas de medicamentos essenciais e, rotineiramente, atualizá-las com vistas a fortalecer o processo de descentralização da gestão, além de priorizar e direcionar a aplicação de recursos financeiros das três esferas de governo. Assim, temos que a seleção dos medicamentos essenciais para os estados compõe a Relação Estadual de Medicamentos Essenciais (Resme), que deve utilizar a Rename como base, mas que pode incorporar medicações especí- ficas e complementares, desde que sejam assumidos os financiadores respon- sáveis. A elaboração da Resme segue critérios técnicos bem estabelecidos e elaborados por uma eficiente equipe multidisciplinar. Temos então os instrumentos de gestão utilizados nesta seleção, que são o Plano Estadual de Saúde e o Relatório de Gestão, que estabelecem também a forma de acompanhamento e avaliação das atividades realizadas pelo Estado nos municípios. A Resme existe com a finalidade de otimizar o acesso da população aos medicamentos necessários e de fornecer tratamentos de maior qualidade e segurança para o usuário. Essa relação é definida pelo gestor estadual com base no perfil epidemiológico do estado e no elenco de medicamentos a serem adquiridos diretamente por ele, entre os quais estão os medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. Veja uma repre- sentação esquemática desses componentes na Figura 1.3. 34 Figura 1.3 | Construção das relações de medicamentos Políticas Públicas de Saúde Política Nacional de Medicamentos Seleção de MedicamentosSeleção de Medicamentos Relação de medicamentos nacional, estadual e municipal e outras listas Pedidos administrativos Situação epidemiológica Pedidos judiciais Modelos de atenção Pactuação entre as esferas de gestão envolvidos Atendimento de critérios técnicos, orçamentários, financeiros, administrativos e legais Fonte: Oliveira, Grochocki e Pinheiro (2011, p. 110). Segundo o Ministério da Saúde, as secretarias estaduais são as respon- sáveis pelas pactuações nas Comissões Intergestoras Bipartite do Elenco de Referência Estadual, de acordo com a necessidade local ou regional, finan- ciada pelos recursos oriundos do Elenco de Referência Nacional. Para isso, as Secretarias Estaduais devem encaminhar ao Ministério da Saúde o documento resultante das Comissões Intergestoras Bipartites (resolução ou deliberação). O Conselho Estadual de Saúde, dependendo da dinâmica de trabalho no estado, participa do processo de discussão e/ou ratificação do elenco de medicamentos essenciais e, como esse conselho permite a participação de diferentes atores, este se torna um fator enriquecedor, podendo ser conside- rado como fundamental para que o processo se realize. Em resumo, o processo de revisão do elenco estadual se dá pela conso- lidação da revisão do elenco no âmbito estadual, que gera a Resme e a pactuação na Comissão Intergestora Bipartite, a qual emite a deliberação ou resolução. Veja na Figura 1.4 esse processo. 35 Figura 1.4 | Processo de revisão do elenco estadual de medicamentos E st ad u al Relação estadual de medicamentos Consolidação da revisão do elenco no âmbito estadual Pactuação na CIBDeliberação/Resolução CIB Fonte: adaptada de Oliveira, Grochocki e Pinheiro (2011, p. 117). Já a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume) é que garante o acesso aos medicamentos da atenção básica nos municípios brasi- leiros. Essa lista é baseada na Rename e considera a prevalência e incidência de doenças e a organização dos serviços de saúde. Os critérios mais utilizados pelos municípios para seleção, programação e aquisição dos medicamentos são: • Estar presente na Rename. • Custo. • Ser solicitado pelos prescritores. Além disso, a adoção da Remume pelos municípios tem como aspecto positivo a possibilidade de padronização e ampliação da capacidade geren- cial deles. Porém, em casos de aquisição de medicamentos fora da Remume, há o prejuízo de não possuir financiamento com recursos federais e estaduais. Cabe destacar que a elaboração de uma Remume adequada pode propor- cionar maior disponibilidade de medicamentos à população, evitar processos judiciais, garantir maior diversidade de fármacos, ter maior aderência de prescritores, reduzir gastos e evitar a duplicidade farmacológica. Exemplificando É papel do gestor municipal a elaboração da Remume baseada nas necessidades decorrentes do perfil nosológico da população do município. Porém, em casos de prescrição não padronizada, falta de conhecimento do prescritor dos medicamentos disponibilizados e diminuição do acesso dos usuários aos medicamentos essenciais, pode haver dificuldades na padronização dos medicamentos na Remume. 36 Em resumo, as listas de medicamentos essenciais, sejam elas nacionais, estaduais ou municipais, servem como importantes indicadores de qualidade das prescrições, já que são concebidas a partir da epidemiologia e de critérios de eficácia, segurança e qualidade de medicamentos. Por isso, suas atuali- zações devem ser periódicas, realizadas por uma comissão multidisciplinar que trabalhe conjuntamente à divulgação das listas aos prescritores e com o abastecimentoregular dos medicamentos. Sem medo de errar Alice, usuária do SUS, ao receber atendimento na UBS para obter os medicamentos prescritos a ela, foi direcionada para o farmacêutico da unidade. Como ela estava preocupada com a garantia de abastecimento desses remédios para seu tratamento, perguntou se a responsabilidade por eles seria do município, do estado ou da União. Com base nos questiona- mentos de Alice, também foi proposto que você, aluno, refletisse sobre quais são os medicamentos essenciais para a atenção primária à saúde. Existiria uma relação de medicamentos essenciais? Assim, fica evidente que é de responsabilidade do Estado, dentro de suas três esferas de governo, a garantia do direito à saúde, sendo que a Política Nacional de Medicamentos auxilia na garantia da oferta desse direito consti- tucional por meio de uma política universalista e igualitária. Ela garante o acesso da população aos medicamentos essenciais através da Relação Nacional de Medicamentos (Rename), que serve de diretriz e prioridade para as demais listas. A Rename é pautada na Prática Baseada em Evidências, pois é através dela que são realizadas as ações de planejamento e organização da assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde, uma vez que essa relação serve como base para elaboração e organização das listas estaduais e municipais. Todos os medicamentos presentes na Rename estão nos Componentes de Financiamento da Assistência Farmacêutica (Componente Básico – CBAF, Componente Estratégico – CESAF e Componente Especializado – CEAF), na Relação Nacional de Insumos Farmacêuticos, na Relação Nacional de Medicamentos de Uso Hospitalar e nos fitoterápicos e homeopáticos. Diante disso, a Rename é considerada o eixo cíclico da assistência farmacêutica, pois é a partir dela que as demais atividades de programação, aquisição, armaze- namento, distribuição e dispensação são desenvolvidas. Dessa forma, os medicamentos considerados na Rename são os que apresentam menores riscos, baixo custo, prioridade aos medicamentos genéricos, atendimento ao quadro epidemiológico do país, prioridades em 37 saúde pública, evidências de ensaios clínicos aleatórios, revisões sistemáticas e metanálises e aplicabilidade às condições nacionais. Os estados também devem elaborar suas próprias listas de medicamentos essenciais e, rotineiramente, atualizá-las, com vistas a fortalecer o processo de descentralização da gestão e de priorizar e direcionar a aplicação de recursos financeiros das três esferas de governo. A seleção de medicamentos essenciais para os estados compõe a Resme, que deve utilizar a Rename como base, podendo incorporar medicações específicas e complementares desde que sejam assumidos os financiadores responsáveis. Além disso, a nível municipal, temos a Remume, que garante o acesso dos municípios brasileiros aos medicamentos da atenção básica, com base na Rename, considerando a prevalência e incidência de doenças e organização dos serviços de saúde. Avançando na prática Medicamento fora da Remume O farmacêutico responsável pela assistência farmacêutica de um município recebeu uma prescrição realizada pelo médico de Unidade Básica de Saúde próxima, com a indicação de medicamentos que não estavam presentes na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume). O farmacêutico estava em dúvida se esses medicamentos deveriam estar no estoque e se o médico poderia prescrevê-los. No lugar do farmacêutico, como você resolveria essa situação? Resolução da situação-problema É possível, sim, que haja a prescrição de medicamentos inexistentes na lista da Remume, ato que pode ser justificado pela inadequação da lista à realidade e à necessidade de saúde da população, o que gera lacunas terapêu- ticas. Além disso, não parece ser impeditivo aos prescritores a indicação de medica- mentos não essenciais, mesmo com todo o regulatório que preconiza a prescrição de medicamentos listados na Remume, de preferência os genéricos. Nesse sentido, podemos determinar que parte dos medicamentos prescritos não estão na Remume e, por isso, há necessidade de divulgar essa lista para os profissionais que prescrevem medicamentos. Assim, para que haja o sucesso da Remume, é necessária uma atualização permanente do 38 elenco de medicamentos, feita por uma equipe multidisciplinar, que garanta o abastecimento regular de medicamentos na farmácia. Faça valer a pena 1. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é que define a lista de medicamentos que serão disponibilizados no Sistema Único de Saúde para atender as necessidades epidemiológicas da população brasileira. Tomando como referência a Rename, julgue as afirmativas a seguir em verda- deiras (V) ou falsas (F). ( ) Todos os itens presentes na Rename devem estar presentes na Relação Estadual de Medicamentos Essenciais (Resme). ( ) Todos os itens presentes na Resme devem estar presentes na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume). ( ) Todos os itens presentes na Remume devem estar presentes na Rename. ( ) Todos os itens presentes na Resme devem estar presentes na Rename. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a. V – F – V – F. b. V – F – F – V. c. V – V – F – F. d. F – F – V – V. e. F – V – F – V. 2. Em uma situação em que os dados epidemiológicos de duas cidades do mesmo estado são bem divergentes, a assistência farmacêutica desses municí- pios terá necessidades diferentes e precisará garantir o direito constitucional da saúde às populações. Considerando as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir: I. A Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume) dos dois municípios, obrigatoriamente, precisa ser a mesma, pois são do mesmo estado. II. A Relação Estadual de Medicamentos Essenciais (Resme) deve ser abrangente o suficiente para atender as demandas dos dois municípios. 39 III. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) deve ser abrangente o suficiente para atender as demandas dos dois municípios. IV. A Remume dos dois municípios pode e deve ser diferente. 3. A assistência farmacêutica é uma das políticas do Sistema Único de Saúde (SUS) e como tal é fundamental para a promoção e recuperação da saúde e para a prevenção de doenças; ela possui como uma das principais caracterís- ticas a garantia à população do acesso e do uso racional de medicamentos. Com base na assistência farmacêutica, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é composta pelos medicamentos e insumos disponibilizados no SUS. PORQUE II. A Rename seleciona e padroniza medicamentos indicados para o atendimento de doenças ou de agravos no âmbito do SUS, com vistas a garantir o acesso do usuário ao tratamento medicamentoso. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. Referências ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Custo de tratamento. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/genericos/cidadao/custo.htm. Acesso em: 10 set. 2019. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Rede Sentinela – histórico. Brasília: Anvisa, 2003. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/rede-sentinela. Acesso em: 10 set. 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE MEDICAMENTOS GENÉRICOS. Pró-Genéricos. Disponível em: http://www.progenericos.org.br. Acesso em: 10 set. 2019. ASSUNÇÃO, I. A.; SANTOS, K.; BLATT, C. R.. Relação municipal de medicamentos essen- ciais: semelhanças e diferenças. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 34, n. 3, p. 431-439, 2013. Disponível em: http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/viewFile/2575/1471. Acesso em: 11 out. 2019. BARRETO, J. L. Análise da gestão descentralizada da assistência farmacêutica: um estudo em municípios baianos. 2007. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/8335. Acesso em 20 set. 2019. BERMUDEZ, J. A. Z.; BARROS, M. B. A. Perfil do acesso e da utilização de medicamentos da população brasileira: contribuições e desafios da PNAUM – Inquérito Domiciliar. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 50, Supl. 2, p. 2s, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/ s1518-8787.201605000supl2ap. Acesso em: 11 set. 2019. BERMUDEZ, J. A. Z.; OLIVEIRA, M. A.; LUIZA, V. L. Assistência Farmacêutica. In: GIOVANELLA, L. et al. (Eds.). Políticas e sistema de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008. BERMUDEZ, Jorge Antonio Zepeda et al. Assistência Farmacêutica nos 30 anos do SUS na perspectiva da integralidade. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 6, p. 1937-1949, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pi- d=S1413-81232018000601937&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 9 set. 2019. BERTOLDI, A. D. et al. Utilização de medicamentos genéricos na população brasileira: uma avaliação da PNAUM 2014. Rev. Saúde Pública, Pelotas, v. 50, supl. 2, p. 11s, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120. pdf. Acesso em: 16 set. 2019. BOMFIM, R. L. Agenda única de saúde: a busca do acesso universal e a garantia do direito à saúde. 2008. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: http://www.bdtd.uerj.br/ tde_arquivos/44/TDE-2012-05-30T161733Z-2329/Publico/Regina%20Lucia%20Dodds%20 Bomfim-tese.pdf. Acesso em: 11 out. 2019. http://www.anvisa.gov.br/hotsite/genericos/cidadao/custo.htm http://portal.anvisa.gov.br/rede-sentinela http://www.progenericos.org.br http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/viewFile/2575/1471 http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/viewFile/2575/1471 https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/8335 https://doi.org/10.1590/s1518-8787.201605000supl2ap https://doi.org/10.1590/s1518-8787.201605000supl2ap http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232018000601937&script=sci_abstract&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232018000601937&script=sci_abstract&tlng=pt http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf http://www.scielo.br/pdf/rsp/v50s2/pt_0034-8910-rsp-s2-S01518-87872016050006120.pdf http://www.bdtd.uerj.br/tde_arquivos/44/TDE-2012-05-30T161733Z-2329/Publico/Regina Lucia Dodds Bomfim-tese.pdf http://www.bdtd.uerj.br/tde_arquivos/44/TDE-2012-05-30T161733Z-2329/Publico/Regina Lucia Dodds Bomfim-tese.pdf http://www.bdtd.uerj.br/tde_arquivos/44/TDE-2012-05-30T161733Z-2329/Publico/Regina Lucia Dodds Bomfim-tese.pdf BONFIM, J. R. de A.; MAGALHÃES, P. de C. Rename 2012: avanço ou retrocesso para a difusão de medicamentos essenciais. Boletim Farmaco Terapêutica, v. 17, n. 2, p. 9-15, 2013. Disponível em: http://revistas.cff.org.br/?journal=boletimfarmacoterapeutica&page=arti- cle&op=view&path%5B%5D=1155&path%5B%5D=908. Acesso em: 11 out. 2019. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n° 328, de 22 de julho de 1999. Dispõe sobre requisitos exigidos para a dispensação de produtos de interesse à saúde em farmácias e drogarias. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucao_ sanitaria/328.pdf. Acesso em: 10 set. 2019. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 6 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 maio 2004. Seção 1, p.52. 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/ res0338_06_05_2004.html. Acesso em: 9 set. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 6 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html. Acesso em: 11 out. 2019. BRASIL. Decreto nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923. Crea, em cada uma das emprezas de estradas de ferro existentes no paiz, uma caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos ernpregados. 1923. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/historicos/ dpl/DPL4682-1923.htm. Acesso em: 9 set. 2019. BRASIL. Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. Altera a Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9787.htm. Acesso em: 11 set. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 6 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html. Acesso em: 11 out. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Da excepcionalidade às linhas de cuidado: o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. Brasília: Ministério da Saúde, 2010a. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/livro-da-excepcionalidade- -as-linhas-de-cuidado-o-ceaf.pdf. Acesso em: 9 set. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 1.555, de 27 de junho de 2007. Institui o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt1555_27_06_2007.html. Acesso em: 10 set. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 204, de 29 de janeiro de 2007. Regulamenta o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com o respectivo monitoramento e controle. 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt0204_29_01_2007_ comp.html. Acesso em: 9 set. 2019. http://revistas.cff.org.br/?journal=boletimfarmacoterapeutica&page=article&op=view&path%5B%5D=1155&path%5B%5D=908 http://revistas.cff.org.br/?journal=boletimfarmacoterapeutica&page=article&op=view&path%5B%5D=1155&path%5B%5D=908 http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucao_sanitaria/328.pdf http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucao_sanitaria/328.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9787.htm http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/livro-da-excepcionalidade-as-linhas-de-cuidado-o-ceaf.pdf http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/livro-da-excepcionalidade-as-linhas-de-cuidado-o-ceaf.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt1555_27_06_2007.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt1555_27_06_2007.html BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 834, de 14 de maio de 2013. Redefine o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos no âmbito do Ministério da Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0834_14_05_2013. html. Acesso em: 10 set. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 841, de 2 de maio de 2012. Publica a Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde (RENASES) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e dá outras providências. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2012/prt0841_02_05_2012.html. Acesso em: 11 out.
Compartilhar