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BIOÉTICA-AMBIENTAL-E-DESENVOLVIMENTO-SUSTENTÁVEL-DIAGRAMADA

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Bioética Ambiental e 
Desenvolvimento 
Sustentável 
 
 02 
 
 
 
1. Introdução 4 
Bioética Ambiental 5 
 
2. Construindo a Justiça Ambiental 9 
História do Movimento por Justiça Ambiental 10 
 
3. Ecofilosofia 15 
 
4. Ética e Valores 18 
 
5. O Pensamento Ecológico 21 
Corredores Ecológicos 21 
Agroecologia 24 
Ecotécnicas 24 
A Casa e o Ambiente 26 
 
6. Indicadores para Medir a Eficiência das Ações Ambientais
 29 
Desenvolvimento Sustentável 32 
O princípio 32 
A Evolução do Pensamento 33 
Os Desafios que Devemos Enfrentar 38 
Conclusão 40 
 
7. Referências Bibliográficas 42 
 
 
 03 
 
 
 
 
 
 4 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
1. Introdução 
 
 
Fonte: realizartepalestras.com.br1 
 
sforçamos-nos para oferecer 
um material condizente com a 
graduação daqueles que se candida-
taram a esta especialização, procu-
rando referências atualizadas, em-
bora saibamos que os clássicos são 
indispensáveis ao curso. 
As ideias aqui expostas, como 
não poderiam deixar de ser, não são 
neutras, afinal, opiniões e bases in-
telectuais fundamentam o trabalho 
dos diversos institutos educacionais, 
mas deixamos claro que não há in-
tenção de fazer apologia a esta ou 
 
1 Retirado em realizartepalestras.com.br 
aquela vertente, estamos cientes e 
primamos pelo conhecimento cien-
tífico, testado e provado pelos pes-
quisadores. Não obstante, o curso 
tenha objetivos claros, positivos e 
específicos, nos colocamos abertos 
para críticas e para opiniões, pois te-
mos consciência que nada está 
pronto e acabado e com certeza crí-
ticas e opiniões só irão acrescentar e 
melhorar nosso trabalho. 
Como os cursos baseados na 
Metodologia da Educação a Distân-
cia, vocês são livres para estudar da 
E 
 
 
5 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
melhor forma que possam organi-
zar-se, lembrando que: aprender 
sempre, refletir sobre a própria ex-
periência se somam e que a educa-
ção é demasiado importante para 
nossa formação e, por conseguinte, 
para a formação dos nossos/ seus 
alunos. A gestão do meio ambiente 
que envolve não somente os recur-
sos naturais bem como toda uma 
rede de relações entre os seres vivos, 
é um instrumento de melhoria da 
qualidade de vida, a partir da forma-
ção de cidadãos conscientes de sua 
participação local no contexto de 
conservação ambiental global. 
Para ela, o desafio do gestor 
que também é um educador ambien-
tal é com o futuro da vida, já que tem 
o intuito de formar uma atitude eco-
lógica nas pessoas. Um dos propósi-
tos desse gestor/educador é a visão 
socioambiental, que afirma que o 
meio ambiente é um espaço de rela-
ções culturais, sociais e naturais. 
Em 1988, a Constituição Fede-
ral e a Constituição de alguns Esta-
dos da Federação, declararam a ga-
rantia a todos do direito ao meio am-
biente ecologicamente equilibrado 
em que a educação ambiental está 
calcada. 
Em 1994 foi criado o PRONEA 
– Programa Nacional de Educação 
Ambiental e em 27 de abril de 1999, 
foi instituída a Política Nacional de 
Educação Ambiental, estabelecendo 
as linhas de atuação formal e não 
formal, para promover ações que es-
timulem a visão crítica e a postura 
pró-ativa por todos os setores da so-
ciedade. 
Dentre outros objetivos, o 
curso de Educação Ambiental volta-
se à capacitação de profissionais 
para as práticas relacionadas à pre-
servação ambiental, o que inclui a 
ética como veremos ao longo desta 
apostila. Ressaltamos que este ma-
terial trata-se de uma reunião do 
pensamento de vários autores que 
entendemos serem os mais impor-
tantes para a disciplina. Para maior 
interação com o aluno deixamos de 
lado algumas regras de redação ci-
entífica, mas nem por isso o trabalho 
deixa de ser científico. Desejamos a 
todos uma boa leitura e caso surjam 
algumas lacunas, ao final da apostila 
encontrarão nas referências consul-
tadas e utilizadas aporte para sanar 
dúvidas e aprofundar os conheci-
mentos. 
 
Bioética Ambiental 
 
Para Carvalho, Pessini e Cam-
pos Júnior (2006), o termo bioética 
com o sentido de ―[...] obrigações 
éticas não apenas com o homem, 
mas com todos os seres vivos‖, se-
gundo Engel (2004) foi usada pela 
primeira vez em trabalho publicado 
em 1927, por Fritz Jahr que definia o 
 
 
6 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
termo bioética como ―a emergência 
de obrigações éticas não apenas com 
o homem, mas a todos os seres vi-
vos‖. 
Westphal (2006 apud Carva-
lho, Pessino e Campos Junior, 
2006), afirma que a Bioética foi cri-
ada para designar a relação entre a 
vida humana, vegetal e animal em 
sentido amplo, colocando toda a bi-
osfera como tema de sua preocupa-
ção, assim como Lovelock em sua hi-
pótese Gaia. 
Justamente devido o tópico 
discorrer sobre a bioética voltada 
para o meio ambiente, precisamos 
entender conceitos preliminares 
como ecologia! 
A ecologia é uma ciência que 
tem contribuído para os debates so-
ciais, éticos, políticos e econômicos 
nas sociedades devido aos diversos 
problemas ambientais que acome-
tem o Planeta Terra, alguns citados 
abaixo: 
 Buraco na camada de ozônio; 
As mudanças climáticas; 
 Aquecimento global; 
 Agravamento das catástrofes 
naturais. 
 
Essas alterações do meio am-
biente provocam conflitos em dife-
rentes regiões, possibilitando a pro-
liferação de inúmeras doenças, a 
perda de habitats por diferentes po-
pulações e consequentemente a ex- 
tinção e/ou migração de espécies de 
seres vivos. Há também alterações 
dos ciclos de chuvas com impactos 
econômicos na agricultura e pecuá-
ria, entre outros. 
Assim, a Bioética ambiental 
surgiu para se pensar as relações ho-
mem- natureza no século XXI. 
Lembremos que o termo eco-
logia — do grego, óikos = morada; 
lógos = estudo, ou seja, estudo sobre 
a casa — foi criado pelo biólogo 
Ernst Haeckel, em 1866 (HAECKEL, 
1870). 
Essas alterações do meio am-
biente provocam conflitos em dife-
rentes regiões, possibilitando a pro-
liferação de inúmeras doenças, a 
perda de habitats por diferentes po-
pulações e consequentemente a ex-
tinção e/ou migração de espécies de 
seres vivos. Há também alterações 
dos ciclos de chuvas com impactos 
econômicos na agricultura e pecuá-
ria, entre outros. 
Assim, a Bioética ambiental 
surgiu para se pensar as relações ho-
mem- natureza no século XXI. 
Lembremos que o termo eco-
logia — do grego, óikos = morada; 
lógos = estudo, ou seja, estudo sobre 
a casa — foi criado pelo biólogo 
Ernst Haeckel, em 1866 (HAECKEL, 
1870). Seu significado — ciência que 
investiga a inter-relação entre os se-
res vivos em um dado espaço geo-
 
 
7 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
gráfico (sua casa) — está intima-
mente relacionado às questões am-
bientais. 
Em 1870, Haeckel refinou a 
definição do termo proposto por ele 
mesmo, conferindo uma amplitude 
maior, ao considerar a ecologia 
como um conjunto de conhecimen-
tos referente à economia da natu-
reza, a qual compreende o estudo de 
todas as inter-relações complexas 
denominadas por Darwin como as 
condições de luta pela existência 
(HAECKEL, 1870). 
Segundo Ricklefs (2003), a 
ecologia é o ramo da ciência que es-
tuda o ambiente natural e as rela-
ções dos organismos entre si e com 
os seus arredores. 
A definição acima representa 
não só uma flexibilidade da termino-
logia, mas principalmente um 
avanço do ponto de vista das inter-
cessões que podem ser observadas 
nos estudos ecológicos, as quais, 
hoje ultrapassam os aspectos unica-
mente ecológicos, alcançando as 
fronteiras de outros saberes, tais 
como os da Ética e da Bioética 
(BOFF, 2002). 
O entendimento sobre o funci-
onamento dos ecossistemas e as al-
terações antrópicas sobre o meio 
ambiente é necessário para as toma-
das de decisões políticas eeconômi-
cas, com o intuito de minimizar os 
impactos ambientais, as catástrofes 
naturais e os problemas de saúde 
pública que estão interligados ao uso 
desregrado do ambiente. 
Assim surge a bioética ambi-
ental - reflexão ética sobre os seres 
vivos e o ambiente – com a marcante 
preocupação ecológica, capaz de mi-
nimizar a deterioração das relações 
homem / natureza – compreen-
dendo que antes o homem que pre-
judicava o planeta Terra hoje preo-
cupa com a perpetuação da espécie 
humana e de sua qualidade de vida 
(POTTER, 1970). 
A associação entre a Bioética e 
Ecologia torna os cidadãos mais 
conscientes, atuando de forma res-
ponsável com o ambiente e possibi-
litando que a Terra permaneça habi-
tável e sustentável para as gerações 
presentes e futuras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
2. Construindo a Justiça Ambiental 
 
 
Fonte: agenciasertao.com2 
 
 justiça ambiental nasce da 
luta da sociedade civil contra a 
apropriação desigual dos recursos 
ambientais, o que joga a maior carga 
dos danos ambientais do desenvol-
vimento nas populações marginali-
zadas e vulneráveis. Por conse-
guinte, a reivindicação de justiça 
ambiental é também por justiça so-
cial. O movimento por justiça ambi-
ental tem sua origem nos anos 1980, 
nos movimento por direitos civis de 
grupos negros norte-americanos 
mobilizados contra a contaminação 
ambiental de suas áreas de moradia. 
No Brasil, um dos primeiros atos 
nesta direção foi a formação da Rede 
Brasileira por Justiça Ambiental. 
Seu documento de referência é a De-
 
2 Retirado em agenciasertao.com 
claração Final do Colóquio Interna-
cional Sobre Justiça Ambiental, Tra-
balho e Cidadania, realizado em Ni-
terói (RJ), em setembro de 2001. 
Como destaca a Declaração, no 
Brasil, trabalhadores e população 
em geral estão expostos continua-
mente a riscos ambientais, vivendo 
muitas vezes próximo ou em áreas 
contaminadas por resíduos tóxicos, 
sobre gasodutos e sob linhas de 
transmissão de eletricidade, ou ca-
rentes de saneamento básico e ame-
açadas por desmoronamentos e en-
chentes. Os grupos sociais de menor 
renda, em geral, são os que têm me-
nor acesso ao ar puro, à água potá-
vel, ao saneamento básico e à segu-
rança fundiária. As dinâmicas eco-
A 
 
 10 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
nômicas geram um processo de ex-
clusão territorial e social, que nas ci-
dades leva à periferização de popu-
lações e, no campo, ao trabalho pre-
carizado ou ao êxodo para os gran-
des centros urbanos. A Rede atua 
mediando a denúncia de casos de in-
justiça ambiental e facilitando a ar-
ticulação de movimentos sociais em 
torno da luta: 
a) Para que nenhum grupo so-
cial, étnico, racial ou de classe su-
porte uma parcela desproporcional 
das consequências ambientais nega-
tivas de operações econômicas, de 
decisões de políticas e de programas 
federais, estaduais e locais, assim 
como da ausência ou omissão de tais 
políticas; 
b) Pelo acesso justo e equitativo, 
direto e indireto, aos recursos ambi-
entais do país; 
c) Pelo amplo acesso às informa-
ções relevantes sobre o uso dos re-
cursos ambientais e a destinação de 
rejeitos, e a localização de fontes de 
riscos 
d) Ambientais, bem como aos 
processos democráticos e participa-
tivos na definição de políticas, pla-
nos, programas e projetos que lhes 
dizem respeito. 
 
História do Movimento por 
Justiça Ambiental 
 
O Movimento de Justiça Am-
biental constituiu-se nos EUA, nos 
anos 1980, fruto de uma articulação 
criativa entre lutas de caráter social, 
territorial, ambiental e de direitos 
civis. Já a partir do final dos anos 
1960, redefiniu-se em termos ambi-
entais um conjunto de embates con-
tra as condições inadequadas de sa-
neamento, de contaminação quí-
mica de locais de moradia e trabalho 
e disposição indevida de lixo tóxico e 
perigoso. 
Nos anos 1970, sindicatos pre-
ocupados com saúde ocupacional, 
grupos ambientalistas e organiza-
ções de minorias étnicas articula-
ram-se para elaborar em suas pautas 
respectivas o que entendiam por 
questões ambientais urbanas. 
Alguns estudos apontavam já a 
distribuição espacialmente desigual 
da poluição, segundo a raça das po-
pulações a ela mais expostas, sem, 
no entanto, que se tenha conseguido 
mudar a agenda pública. 
Em 1976-77, diversas negocia-
ções foram realizadas tentando 
montar coalizões destinadas a fazer 
entrar na pauta das entidades ambi-
entalistas tradicionais o combate à 
localização de lixo tóxico e perigoso 
predominantemente em áreas de 
concentração residencial de popula-
ção negra. 
A constituição de um movi-
mento afirmou-se a partir de experi-
ência concreta de luta inaugurada 
em Afton, no condado de Warren, na 
 
 11 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Carolina do Norte, em 1982. Ao to-
marem conhecimento da iminente 
contaminação da rede de abasteci-
mento de água da cidade caso fosse 
nela instalado um depósito de poli-
clorinato de bifenil, os habitantes do 
condado organizaram protestos ma-
ciços, deitando-se diante dos cami-
nhões que para lá traziam a perigosa 
carga. Com a percepção de que o cri-
tério racial estava fortemente pre-
sente na escolha da localização do 
depósito daquela carga tóxica, a luta 
radicalizou-se, resultando na prisão 
de 500 pessoas. A população de Af-
ton era composta de 84% de negros; 
o condado de Warren, de 64% e o es-
tado da Carolina do Norte, de 24% 
(HARTLEY, 1995, p. 278). 
Face a tais evidências, estreita-
ram-se as convergências entre o mo-
vimento dos direitos civis e dos di-
reitos ambientais. 
Nascido de lutas de base con-
tra iniquidades ambientais a nível 
local, o movimento culminou ele-
vando a justiça ambiental à condição 
de questão central na luta pelos di-
reitos civis. Ao mesmo tempo, ele in-
duziu a incorporação da desigual-
dade ambiental na agenda do movi-
mento ambientalista tradicional. 
Como o conhecimento cientí-
fico é correntemente evocado em es-
tratégias de redução das políticas 
ambientais a meras soluções técni-
cas, o movimento de justiça ambien-
tal estruturou suas estratégias de re-
sistência recorrendo de forma ino-
vadora à própria produção de co-
nhecimento. Notadamente, o movi-
mento recorreu aos resultados da 
pesquisa multidisciplinar que pro-
moveu sobre as condições da desi-
gualdade ambiental no país. Mo-
mento crucial desta experiência foi a 
pesquisa encomendada em 1987 
pela Comissão de Justiça Racial da 
United Church of Christ, que mos-
trou que a composição racial de uma 
comunidade é a variável mais apta a 
explicar a existência ou inexistência 
de depósitos de rejeitos perigosos de 
origem comercial em uma área 
(LAITURI; KIRBY, 1994, p. 125) 
Evidenciou-se, então, que a 
proporção de residentes que perten-
cem a minorias étnicas em comuni-
dades que abrigam depósitos de re-
síduos perigosos é igual ao dobro da 
proporção de minorias nas comuni-
dades desprovidas de tais instala-
ções. 
O fator raça revelou-se mais 
fortemente correlacionado com a 
distribuição locacional dos rejeitos 
perigosos do que o próprio fator 
baixa renda. 
Portanto, embora os fatores 
raça e classe de renda tenham se 
mostrado fortemente interligados, a 
raça apresentou-se como um indica-
 
 12 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
dor mais potente da coincidência en-
tre os locais onde as pessoas vivem e 
onde os resíduos tóxicos são deposi-
tados. 
Foi a partir desta pesquisa que 
o reverendo Benjamin Chavis cu-
nhou a expressão racismo ambiental 
para designar a imposição despro-
porcional – intencional ou não – de 
rejeitos perigosos às comunidades 
de cor (PINDERHUGHES, 1996, p. 
241). 
Dentre os fatores explicativos 
de tal fato, alinham-se a disponibili-
dade deterras baratas em comuni-
dades de minorias e suas vizinhan-
ças, a falta de oposição da população 
local, por fraqueza organizativa e ca-
rência de recursos políticos das co-
munidades de minorias, a falta de 
mobilidade espacial das minorias 
em razão de discriminação residen-
cial e, por fim, a sub-representação 
das minorias nas agências governa-
mentais responsáveis por decisões 
de localização dos rejeitos. Ou seja, 
fez- se evidente que forças de mer-
cado e práticas discriminatórias das 
agências governamentais concor-
rem de forma articulada para a pro-
dução das desigualdades ambien-
tais. 
A partir de 1987, as organiza-
ções de base começaram a discutir 
mais intensamente as ligações entre 
raça, pobreza e poluição, e pesquisa-
dores iniciaram estudos sobre as li-
gações entre problemas ambientais 
e injustiça social, procurando elabo-
rar os instrumentos de uma Avalia-
ção de Equidade Ambiental que pro-
curava introduzir variáveis sociais 
nos tradicionais estudos de avalia-
ção de impacto. 
Neste novo tipo de avaliação, a 
pesquisa participativa envolveria 
como coprodutores do conheci-
mento os próprios grupos sociais 
ambientalmente em desvantagem, 
viabilizando uma apropriada inte-
gração analítica entre processos bio-
físicos e processos sociais. Procu-
rava-se postular, assim, que aquilo 
que os trabalhadores, grupos étnicos 
e comunidades residenciais sabem 
sobre seus ambientes deve ser visto 
como parte do conhecimento rele-
vante para a elaboração não discri-
minatória das políticas ambientais. 
Mudanças se fizeram então 
sentir ao nível do próprio Estado. 
Pressionado pelo Congressional 
Black Caucus, em 1990, a Environ-
mental Protection Agency do go-
verno dos EUA criou um grupo de 
trabalho para estudar o risco ambi-
ental em comunidades de baixa 
renda. Dois anos mais tarde, este 
grupo concluiria que havia falta de 
dados para uma discussão da rela-
ção entre equidade e meio ambiente, 
e reconhecia que os dados disponí-
 
 13 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
veis apontavam tendências pertur-
badoras, sugerindo, por esta razão, 
maior participação das comunida-
des de baixa renda e minorias no 
processo decisório relativo às políti-
cas ambientais. 
Em 1991, os 600 delegados 
presentes à I Cúpula Nacional de Li-
deranças Ambientalistas de Povos 
de Cor aprovaram os 17 Princípios 
da Justiça Ambiental, estabelecendo 
uma agenda nacional para redese-
nhar a política ambiental dos EUA 
de modo a incorporar a pauta das 
minorias – comunidades amerín-
dias, latinas, afro- americanas e 
asio-americanas – tentando mudar 
o eixo de gravidade da atividade am-
bientalista nos EUA (BRADEN, 
1994, p. 10). 
O movimento de justiça ambi-
ental consolidou-se, assim, como 
uma rede multicultural e multirra-
cial nacional, e mais recentemente 
internacional (seis representantes 
do movimento dos EUA e das Filipi-
nas estiveram no Rio de Janeiro em 
1998, desenvolvendo contatos com 
ONGs, como o Ibase, e grupos aca-
dêmicos, como o IPPUR/UFRJ), ar-
ticulando entidades de direitos civis, 
grupos comunitários, organizações 
de trabalhadores, igrejas e intelectu-
ais no enfrentamento do racismo 
ambiental como uma forma de ra-
cismo institucional, buscando fun-
dir direitos civis e preocupações am-
bientais em uma mesma agenda e 
avançando na superação de vinte 
anos de dissociação e suspeita entre 
ambientalistas e movimento negro. 
A luta pelo reconhecimento da 
desigualdade ambiental nos EUA 
tem constituído um passo impor-
tante para a contestação do modelo 
de desenvolvimento. O lema do mo-
vimento tem sido poluição tóxica 
para ninguém, e não simplesmente o 
de deslocar a poluição de lugar ou 
exportar a injustiça ambiental para 
os países onde os trabalhadores es-
tejam menos organizados. Trata-se 
de discutir a pauta da chamada tran-
sição justa, de modo que a luta con-
tra a poluição desigual não destrua 
simplesmente o emprego dos traba-
lhadores das indústrias poluentes ou 
penalize as populações dos países 
menos industrializados para onde as 
transnacionais tenderiam a transfe-
rir suas fábricas sujas. O movimento 
de justiça ambiental vem procu-
rando, assim, se internacionalizar 
para construir uma resistência glo-
bal às dimensões globais da reestru-
turação espacial da poluição 
(ACSELRAD, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
3. Ecofilosofia 
 
 
Fonte: www.annurtv.com3 
 
 conhecimento é um processo 
dinâmico que não cessa, pois é 
movido pela própria curiosidade do 
homem em saber mais. Apesar de 
inúmeras perguntas já terem sido 
respondidas, muitas dúvidas perma-
necem e aguçam a curiosidade de fi-
lósofos e cientistas. 
No passado, o conhecimento 
tinha uma abordagem mais univer-
salista, pois vários filósofos eram 
médicos, artistas, matemáticos, físi-
cos ou cosmólogos. O saber não era 
fragmentado como temos hoje, e a 
Filosofia da Natureza mantinha to-
das as disciplinas integradas e traba-
lhando juntas. Desde os séculos VI e 
VII (a.C.), pensadores gregos como 
 
3 Retirado em www.annurtv.com 
Heráclito e Parmênides eram consi-
derados filósofos da natureza, pois 
tinham interesse em descobrir o 
princípio fundamental que criou o 
universo e toda a vida animal, vege-
tal e mineral contida no planeta. 
Na história da filosofia, eles 
também são conhecidos como os fi-
lósofos pré- socráticos, pois viveram 
antes do nascimento de Sócrates, 
mestre de Platão. Os antigos filóso-
fos da natureza queriam descobrir a 
mecânica do universo, de que ele era 
feito, como foi criado e qual seria a 
sua finalidade. Atualmente os sabe-
res são claramente divididos, com 
seus campos de ação bem delimita-
dos, produzindo conhecimento por 
O 
 
 16 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
meio de discursos específicos, como 
a matemática, a física ou a biologia. 
Nesse aspecto, o ressurgimento da 
Filosofia da Natureza chega em um 
momento muito importante, pois a 
ideia é estabelecer um diálogo que 
possa provocar uma nova interação 
de todas essas disciplinas. As ques-
tões atuais são muito complexas, e a 
integração dos vários campos do sa-
ber poderá resolver alguns proble-
mas que dificilmente serão solucio-
nados de uma maneira particular ou 
isolada. 
Segundo Gonçalves (2001), a 
ecofilosofia propõe reavaliar a rela-
ção do homem com a natureza, para 
a partir daí repensar valores práticos 
que possam ser revertidos em bene-
fício do meio ambiente. O ecofiló-
sofo tenta deslocar o objeto clássico 
da filosofia, que é o pensamento so-
bre o homem e suas produções, para 
a natureza. Essa proposta, na ver-
dade, retoma o projeto original dos 
filósofos gregos pré-socráticos, co-
nhecidos como filósofos da natu-
reza, que pensavam a physis (mundo 
físico) e o logos (pensamento, razão) 
numa mesma esfera. Para eles, fazer 
filosofia era fazer filosofia da natu-
reza. 
A ecofilosofia seria a parte prá-
tica da filosofia da natureza, como a 
ética é a parte prática da filosofia. 
Aborda as relações entre a filosofia e 
a ciência, e surgiu pela falta à cultura 
brasileira de um pensamento ecoló-
gico que sustente a prática de res-
peito à natureza. 
O surgimento da ecofilosofia 
ou ecoética surgiu na Alemanha 
quando os ecofilósofos criticavam a 
forte tendência do pensamento filo-
sófico ao antropocentrismo (a ati-
tude ou teoria que tem o homem 
como referencial único). 
A filosofia, desde o início, foi 
construída sobre o pressuposto da 
superioridade do homem em relação 
à natureza. Então os movimentos 
ecológicos representam a tentativa 
de desfazer um hábito, uma forma 
de pensar e de agir, que privilegia o 
homem em detrimento da natureza. 
Tem a importância de tentar rever-
ter esse quadro atual,de uma pre-
tensão de superioridade do ser hu-
mano em relação à natureza. 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 18 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
4. Ética e Valores 
 
 
Fonte: conhecimentocientifico.r7.com4 
 
 atual deterioração dos siste-
mas que mantém a vida na 
Terra ocorre, ao menos em parte, 
pela compreensão inadequada de 
nossa dependência em relação à 
esses sistemas, e por nossa não 
aceitação da responsabilidade sobre 
consequências futuras dessa dete-
rioração. Tendemos a atribuir um 
valor relativamente baixo à natu-
reza, aos recursos naturais e ao 
futuro. 
O mundo natural nos provê de 
muitos benefícios, os quais toma-
mos de graça. Além, de outros 
 
4 Retirado em conhecimentocientifico.r7.com 
valores, natureza e recursos naturais 
dão condições à vida vegetal e 
animal, fornecem a diversidade 
genética e proveem valores econô-
micos, recreativos, científicos, histó-
ricos, estéticos e religiosos. A 
natureza é um verdadeiro estoque de 
materiais essenciais para nossa vida 
diária - ela nos provê alimentos, 
vestimentas, abrigo, além de uma 
variedade de produtos para o 
comércio e indústria. Nosso sistema 
econômico e, por fim, nossa 
sobrevivência na Terra depende dos 
recursos naturais. 
A 
 
 19 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Entre as questões éticas 
relevantes aos recursos naturais 
encontram-se as seguintes: 
 Em que extensão deveríamos 
distribuir os recursos da Terra 
e o bem estar ambiental de 
acordo com os princípios de 
igualdade, utilidade ou 
habitação? 
 Ao se proteger recursos 
naturais, que equilíbrio deve 
haver entre autonomia indivi-
dual e coerção por parte do 
governo? 
 Em que extensão os padrões 
de governar o uso dos recursos 
naturais e a proteção am-
biental devem ser antro-
pocêntricos – enfatizan-do as 
necessidades humanas - ou 
egocêntricos - salientando a 
importância de se preservar os 
ecossistemas naturais? 
 
A qualidade ambiental está 
cada vez mais sendo vista não 
apenas como um bem público, mas 
como uma fonte de valores 
econômicos e sociais. Recentes 
experiências como trocas da dívida 
por natureza confirmam que os 
recursos naturais podem ter valor 
econômico quando são protegidos 
ao invés de explorados; por 
exemplo; uma organização norte 
americana não lucrativa, comprou e 
concordou em perdoar uma dívida 
externa boliviana em troca de um 
compromisso da Bolívia em 
proteger 3,7 milhões de acres de 
terras ameaçadas com o desma-
tamento. 
Então, condiz com o 
desenvolvimento sustentável cuidar 
para que as ações tomadas por 
indivíduos, grupos e nações não 
ameacem excessivamente a quali-
dade de vida presente e futura de 
outros. A educação deve ajudar os 
cidadãos a perceber que suas ações e 
escolhas individuais, hoje, afetam a 
qualidade de vida presente e futura 
de outros, e em última instância a 
habitabilidade da Terra. 
A atividade econômica, em 
particular, necessita de orientação 
ética; os negócios precisam começar 
a avaliar os impactos a longo prazo 
de suas ações, bem como os 
resultados a curto prazo. 
É necessário educar mais as 
pessoas, e especialmente os líderes, 
que vejam o mundo como um todo, 
que estejam preocupados com a 
proteção da biosfera que herdaram, 
e que estejam comprometidos em 
ajudar a assegurar uma qualidade de 
vida aceitável às gerações futuras. 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 21 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
5. O Pensamento Ecológico 
 
 
Fonte: ecoplansacosplasticos.com.br5 
 
Corredores Ecológicos 
 
 Brasil está adotando um novo 
modelo de conservação ambi-
ental para garantir a preservação in-
tegral da natureza. São os chamados 
corredores ecológicos, instrumento 
pelo qual duas áreas de preservação 
são interligadas por um corredor, vi-
sando uma integração melhor entre 
os ecossistemas de diferentes áreas 
de conservação. Este novo conceito 
de preservação, através de corredo-
res ecológicos, já é implementado no 
Canadá, Estados Unidos e Austrália. 
Em cinco anos, o governo pretende 
criar 18 corredores ecológicos, que 
 
5 Retirado em ecoplansacosplasticos.com.br 
abrangerão a Amazônia, a Caatinga, 
a zona costeira, o Pantanal, a Mata 
Atlântica e os campos sulinos. 
Existem 7 corredores prioritá-
rios que englobarão grandes áreas 
de preservação. Os projetos podem 
ultrapassar as fronteiras brasileiras, 
como é o caso do corredor Itenez-
Guaporé (em processo de imple-
mentação), que abrange parte do es-
tado de Rondônia e atravessa a fron-
teira com a Bolívia, interligando 70 
unidades de conservação e 12 áreas 
indígenas das bacias dos rios Gua-
poré, Itenez e Mamoré. Também 
está sendo desenvolvido o corredor 
do rio Paraná, que abrange o Parque 
O 
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 22 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Nacional da Foz do Iguaçu se esten-
dendo pelo território argentino. 
Os corredores ecológicos pro-
curam conectar as unidades de con-
servação existentes, formando gran-
des áreas de conservação onde os 
animais possam transitar livre-
mente: Com o avanço dos estudos na 
área de biologia da conservação, no-
tou-se que não era suficiente criar 
áreas de preservação. Havia a neces-
sidade de prolongar essas áreas, e 
com isso, poder alcançar determina-
das comunidades biológicas que se 
estendem para além dessas áreas. As 
espécies de animais precisam intera-
gir, pois quando você protege so-
mente um grupo de micos, como o 
leão-dourado, e deixa de proteger os 
outros grupos, estes provavelmente 
serão extintos, e isso diminui o po-
tencial genético da espécie, que fica 
restrito somente ao grupo preser-
vado. Com o corredor ecológico, a 
área protegida é ampliada, fazendo 
com que os animais interajam livre-
mente. 
Para formar um corredor, são 
levados em conta a preservação de 
espécies da fauna e flora ameaçados 
de extinção, a instalação de áreas 
protegidas para a conservação de 
amostras dos ecossistemas (par-
ques, reservas indígenas e áreas par-
ticulares de patrimônio natural) e o 
manejo integrado dos ecossistemas. 
Um exemplo de corredor que 
está sendo desenvolvido com su-
cesso é o projeto que abrange a Re-
serva de Desenvolvimento Sustentá-
vel Amanã, criada pelo governo do 
Amazonas, a Reserva de Desenvolvi-
mento Sustentável Mamirauá e o 
Parque Nacional do Jaú, e outras 
unidades de conservação que, jun-
tas, têm mais de hectares de flores-
tas protegidas, uma área maior que 
a Suíça. 
Todos os grupos envolvidos 
nos três projetos participam dos es-
tudos para formação do corredor. O 
Mamirauá, por exemplo, é composto 
por pesquisadores, extensionistas e 
grupos comunitários locais traba-
lhando de maneira integrada. 
Cerca de 20 pesquisadores das 
áreas de meio ambiente, de ciências 
sociais e de manejo de recursos na-
turais, estão baseados numa sede na 
cidade de Tefé- AM. 
Outros 20 extensionistas nas 
áreas de saúde, nutrição, educação 
ambiental, comunicação social e 
ecoturismo também fazem parte do 
grupo. O trabalho é feito de forma 
participativa, na qual todos os atores 
sociais (ONGs, pesquisadores, co-
munidades, empresários, governo, 
associações) envolvidos no projeto 
deixam a sua contribuição, com o 
objetivo de implementar uma solu-
ção sustentável viável para o corre-
dor. 
 
 23 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Os sete corredores prioritários 
são: 
1. Corredor Centro-Amazônico: 
inclui grandes extensões de florestas 
inundadas e de terra firme das ba-
cias dos rios Negro e Solimões. As 
florestas inundadas deste corredor 
têm alta diversidade e muitas espé-
cies endêmicas. Este corredor inclui 
a Reserva de Mamirauá, a Estação 
Ecológica de Anavilhanas, a Floresta 
Nacional de Tefé, oParque Nacional 
do Jaú, outras 9 unidades de conser-
vação e 14 áreas indígenas. 
2. Corredor Norte-Amazônico: 
está situado na fronteira norte do 
Brasil com a Colômbia e a Venezu-
ela, incluindo montanhas e ecossis-
temas de altitude ainda pratica-
mente intocados. Este corredor in-
clui o Parque Nacional do Pico da 
Neblina, a Floresta Nacional de Ro-
raima, o Parque Estadual da Serra 
do Araçá e outras 17 unidades de 
conservação. 
3. Corredor Oeste-Amazônico: é 
um ambiente que abriga muitas es-
pécies de aves, plantas e macacos. 
Este corredor provavelmente é o 
mais rico da 
4. Amazônia em termos de diver-
sidade e inclui o Parque Nacional da 
Serra do Divisor, a Reserva Extrati-
vista Chico Mendes, a Reserva Ex-
trativista do Rio Preto-Jacundá e 
outras 30 unidades de conservação. 
5. Corredor Sul amazônico: é vi-
talmente importante para proteger a 
fauna e a flora localizada entre os 
rios da margem direita (sul) do 
Amazonas: Tapajós, Madeira, Xingu 
e Tocantins. Este corredor inclui 
áreas localizadas nos estados do 
Amazonas, Pará e Maranhão, abri-
gando a Floresta Nacional de Tapa-
jós, o Parque Nacional da Amazônia, 
a Reserva Biológica de Gurupi e três 
outras unidades de conservação. 
6. Corredor do Ecótono Sul ama-
zônico (Amazônia-Cerrado): está lo-
calizado nas áreas de transição entre 
a Amazônia e o Cerrado, ecossis-
tema ameaçado pelo avanço agrope-
cuário. Este corredor inclui o Parque 
Nacional do Araguaia, no Tocantins. 
7. Corredor Central da Mata 
Atlântica: contém áreas de alta di-
versidade nos estados do Espírito 
Santo, Minas Gerais e costa sul da 
Bahia. Abriga muitas espécies de 
animais e plantas da planície cos-
teira. Este corredor inclui a Reserva 
Biológica de Sooretama, a Reserva 
Biológica de Linhares, a Reserva Bi-
ológica de Una, o Parque Nacional 
de Monte Pascoal, o Parque Nacio-
nal da Serra do Caparaó e outras 
unidades de conservação que juntas 
formam a maior concentração de 
fragmentos florestais da região. 
8. Corredor Sul da Mata Atlân-
tica: representa a maior concentra- 
 
 24 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
ção da Mata Atlântica contínua e, em 
termos ecológicos, é o mais viável 
para conservação. Este corredor in-
clui 27 unidades de conservação, 
como a Área de Proteção Ambiental 
da Serra do Mar, em São Paulo; a 
Área de Proteção Ambiental da 
Serra da Mantiqueira, em Minas Ge-
rais; o Parque Nacional da Serra da 
Bocaina e o Parque Nacional de Ita-
tiaia, no Rio de Janeiro; além da 
Área de Proteção Ambiental de Gua-
raqueçaba, no Paraná. 
 
Agroecologia 
 
A agroecologia se consolida 
como um modelo de produção de 
alimentos ambientalmente saudável 
e economicamente viável, que res-
gata o saber tradicional dos agricul-
tores. 
A transformação do modelo de 
agricultura tradicional em modelo 
agroecológico vem se dando em ra-
zão de questões de saúde, econômi-
cas e ideológicas. Devido ao uso in-
discriminado de agrotóxicos, a agri-
cultura tradicional tem afetado 
tanto a saúde dos agricultores 
quanto a dos consumidores, tor-
nando-a economicamente insusten-
tável. O modelo de desenvolvimento 
atual tem diversos aspectos negati-
vos, dentre eles a dependência dos 
agricultores familiares, em relação 
ao uso dos herbicidas, e a ditadura 
do conhecimento, que privilegia 
apenas o saber vindo de pesquisas 
universitárias e dos técnicos. Essa 
ditadura despreza as pesquisas de-
senvolvidas pelo agricultor em sua 
propriedade, resultando em conhe-
cimentos que podem ser repassados 
para outros agricultores. O processo 
atual deve ser mudado, pois nele 
também deve estar incluído o conhe-
cimento produzido pelo agricultor. 
A agricultura familiar é um 
modelo de desenvolvimento susten-
tável. A população vê hoje na agri-
cultura familiar uma excelente op-
ção aos métodos tradicionais, por 
apresentar maior qualidade dos ali-
mentos e por ser mais saudável, já 
que não se utiliza de produtos quí-
micos e tóxicos para combater as 
pragas. 
Este processo de mudança 
deve haver uma revalorização da 
vida no campo, com a criação de 
uma infraestrutura que atenda às 
necessidades dos agricultores e seus 
familiares. O crescimento da agroe-
cologia só será possível a partir da 
ampla recuperação do saber tradici-
onal dos agricultores. 
 
Ecotécnicas 
 
Podemos fazer uma boa rela-
ção entre a arquitetura tradicional 
com as ecotécnicas e denominar de 
arquitetura da vida! 
 
 25 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Já houve um tempo em que os 
arquitetos pisavam a terra para ob-
ter tijolos. 
Segundo Carneiro (2003) a ar-
quitetura próxima ao Homem, atra-
vés da sensibilização e da transmis-
são das ecotécnicas, é o principal ob-
jetivo do Instituto Tibá, no Rio de 
Janeiro, onde, para se chegar às me-
didas, é necessário passar pelo auto-
conhecimento. 
Tlayoltehuani ou, em asteca, 
usar o coração para tornar as coisas 
divinas é a palavra da vez. 
Usar a intuição, o lado direito 
do cérebro, deixar crescer a sensa-
ção, o desabrochar dos sentimentos, 
o fluir das percepções. Estamos fa-
lando de caminhos para desenvolver 
a criatividade, mas também falamos 
de arquitetura – de bioarquitetura e 
de tecnologia intuitiva. 
Foi a partir da reflexão sobre 
tlayoltehuani, que, há cerca de 15 
anos, o arquiteto holandês Johan 
van Lengen começou um processo 
de reformulação de sua arquitetura. 
Com formação no Canadá, após pas-
sar por países como Equador, Índia, 
Estados Unidos e México, ele resol-
veu concretizar seu sonho, de uma 
arquitetura voltada à vida, fundando 
no Brasil o Tibá – Instituto de Tec-
nologia Intuitiva e Bioarquitetura. 
A arquitetura próxima ao Ho-
mem, através da sensibilização e da 
transmissão das ecotécnicas, é o 
principal objetivo do Instituto Tibá, 
no Rio de Janeiro, onde, para se che-
gar às medidas, é necessário passar 
pelo autoconhecimento, tendo como 
parceiro nesta idealização o arqui-
teto brasileiro Valdo Felinto, atual 
coordenador executivo. 
Em tupi, o nome tibá indica lu-
gar onde muitas pessoas se encon-
tram e ainda, bênção dos ancestrais. 
Nesses 15 anos o Tibá já trabalhou 
com milhares de pessoas, universi-
dades, organizações não governa-
mentais, comunidades, instituições 
governamentais e organismos inter-
nacionais, sempre em prol da des-
construção da arquitetura baseada 
apenas em medidas, números e ci-
fras. 
Com muita ênfase na forma-
ção desta nova consciência – através 
de workshops, cursos, consultorias, 
treinamentos e vivências – o Tibá 
foi-se tornando referência para estu-
dantes e arquitetos de diferentes pa-
íses do mundo. 
Hoje, os representantes do 
Tibá trabalham bastante a convite 
de diversas universidades, aqui e no 
exterior. 
São inúmeras as técnicas que 
não agridem o meio ambiente. Teto 
verde, adobes, sanitários secos, uso 
de energia solar ou eólica, vigas de 
bambu. Mas de nada adianta se as 
pessoas não souberem lidar com 
elas. Um dos equívocos é cometido 
 
 26 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
por muitos representantes da classe 
política, que normalmente preferem 
lucrar com obras feitas com materi-
ais caros. E as ecotécnicas, em geral, 
são muito baratas – quando não são 
industrializadas. 
Em geral, as ecotécnicas de-
vem ser utilizadas em conjunto para 
que se obtenha um ambiente harmo-
nioso para se viver. O bason, ou sa-
nitário seco, é uma das técnicas mais 
difundidas. 
Através de um vaso sanitário 
com duas câmaras feitas com areia, 
cimento e tela plástica e um tubo de 
PVC para ventilação, é possível dis-
por de um sanitário sem utilização 
de água, onde se agrupam excre-
mentos que podem ser misturados 
ao lixo orgânico da cozinha. Sem 
contaminar o solo e sem deixar odo-
res. Ao final de um ano, o material 
acumulado no fundo de uma das câ-
maras está pronto,seco e inodoro 
para ser usado como composto ou 
adubo. 
Os arquitetos também ensi-
nam a construir o fogão solar: duas 
caixas de papelão, uma dentro da 
outra, intermediadas por isopor ou 
jornais. 
Colocado ao sol, com uma 
tampa de vidro ou plástico, o novo 
fogão cozinha alimentos em cerca de 
duas horas, dependendo do gênero. 
 
 
Sem uso algum de gás ou lenha. Es- 
tas e muitas outras ecotécnicas, 
como moinhos, filtros, biodigesto-
res, painéis e pisos, também são re-
passadas, sempre levando em conta 
o contexto. 
Afinal, a localização, a posição, 
o clima da casa, seu entorno e as pes-
soas que nela viverão são partes im-
prescindíveis do projeto. Hoje os 
projetos começam de trás para a 
frente: por último estão as pessoas, 
diz Johan van Lengen. Fonte: Re-
vista Senac; soluções sustentáveis, 
2003. 
 
A Casa e o Ambiente 
 
Johan ensina, no Manual do 
Arquiteto Descalço, que já está na 
sétima edição, como se inspirar no 
meio ambiente para encontrar a me-
lhor maneira de se construir uma 
casa e viver bem. Conheça algumas 
dicas: 
 A casa deve estar sempre de 
acordo com o clima – uma ja-
nela num lugar frio pode aque-
cer o ambiente, deixando pas-
sar o sol, mas se o clima for 
tropical seco a mesma janela 
pode esquentar demais o cô-
modo, tornando-o insuportá-
vel; 
 Plantas, em terrenos em de-
clive, devem seguir a forma do 
terreno, e não se forçar uma 
 
 
 
 27 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
construção como se fosse em 
região plana; 
 A distância entre as árvores e 
as casas regula a presença e a 
intensidade das brisas; 
 As casas devem ser localizadas 
longe de fontes de contamina-
ção; 
 Nos lotes, as melhores áreas 
devem ser destinadas a locais 
de reunião (praças, parques, 
escolas, teatros etc.). É um 
erro lotear um terreno empar-
tes iguais – é preciso prestar 
atenção às diferenças entre as 
áreas dentro do lote; 
 A casa não pode estar situada 
nem no topo nem na base de 
um monte; 
 Quando próximas a rios ou 
mares, as construções devem 
ser agrupadas onde a água en-
tra em direção à terra; 
 Em áreas de clima tropical 
quente, abaixo da linha do 
equador, a cozinha deve estar 
sempre voltada para o sul, 
para se evitar o calor do sol, 
que bate nas paredes do norte 
e do oeste; 
 As salas ficam mais bem loca-
lizadas voltadas para o oeste. 
Em zonas frias, são as partes 
mais quentes da casa durante 
a tarde, quando os habitantes 
as usam mais; 
 
 
 
 
 
 Uma boa ventilação é garan-
tida construindo-se banheiro e 
cozinha junto a paredes que 
deem para jardins, pátios ou 
ruas (SENAC, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
 
 29 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
6. Indicadores para Medir a Eficiência das Ações 
Ambientais 
 
 
Fonte: riciclare.com.br6 
 
alamos de ecologia, do papel 
dos seres humanos no meio 
ambiente, pois bem, chega-se então, 
ao entendimento simplificado que 
uma sociedade sustentável é aquela 
que assegura a saúde e vitalidade da 
vida e cultura humana do capital na-
tural, para a presente e as futuras ge-
rações. Neste ponto, é preciso falar 
do sistema de gestão ambiental que 
norteia e dá suporte às ações de pre-
servação e educação ambiental pro-
movido pelas instituições (aqui po-
demos entender não somente como 
empresas, mas também as escolas) 
que tem compromisso com o meio 
ambiente e com as gerações futuras. 
 
6 Retirado em riciclare.com.br 
Esse sistema gerencia ambien-
talmente cada empresa, e por conse-
quência, minimiza os problemas 
ambientais dela advindos, sendo 
primordial a participação contínua 
de todos os indivíduos. 
Embora se fale em instituição 
ou empresa formal, uma vez que esta 
é formada por pessoas, as ações aca-
bam por extrapolar seus limites 
atingindo familiares, amigos, uma 
gama de outras pessoas. Enfim, para 
que a gestão ambiental seja eficaz e 
eficiente, são utilizados os indicado-
res, instrumentos condutores que 
estabelecem objetivos sendo elabo-
rados para simplificar, quantificar, 
F 
30 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
30 
analisar, avaliar e comunicar os re-
sultados e as novas ações a serem to-
madas. No final da explicação destes 
indicadores, os quais partem dos 
cinco fundamentos que dão susten-
tação à Educação ambiental, tem-se 
o quadro 1, que apresenta as ações e 
os indicadores respectivos. 
1. Sensibilização e conscientiza-
ção: entende-se como o conheci-
mento genérico que é transmitido 
aos funcionários. Trata-se, em 
grande parte, da divulgação dos pro-
gramas e das atividades, bem como 
dos conceitos ambientais. É uma 
ação de envolvimento e motivação 
das pessoas. É, sem dúvida, um dos 
fundamentos mais importantes, 
pois é ―aqui que se ganha ou que se 
perde‖ as pessoas. Estes conheci-
mentos visam despertar o interesse 
das pessoas, levando-as a se sensibi-
lizarem pelos programas ambientais 
e a se conscientizarem da necessi-
dade de mudarem seus comporta-
mentos e valores. 
2. Conhecimento e compreen-
são: entende-se como conhecimento 
específico, geralmente para um pú-
blico-alvo ou para um aspecto ambi-
ental especial. Estes conhecimentos 
são elaborados por técnicos das 
áreas específicas abordadas. 
3. Habilidades: entende-se como 
as aptidões específicas adquiridas 
através dos treinamentos. Não são, 
necessariamente, iguais para todos 
os funcionários, uma vez que se re-
ferem a aspectos e públicos distin-
tos. 
4. Participação e Ação: aqui se 
compreende o engajamento das pes-
soas nos programas e nas ações edu-
cativas. Pode-se dizer que o objetivo 
educativo será atingido de fato se as 
pessoas participarem espontanea-
mente. Porém, o fato delas partici-
parem de qualquer forma, às vezes 
até por pressão, poderá trazer resul-
tados positivos, pois a repetição 
constante de um ato acaba gerando 
adaptação, e esta poderá levar a uma 
mudança consciente de valores e 
comportamentos. Sem contar, é 
claro, que toda ação positiva gera re-
sultados também positivos para a 
instituição. 
5. Mudança de valores e compor-
tamentos: este é o conjunto de indi-
cadores mais subjetivo de todos, 
pois dificilmente poderá ser medido 
numericamente – a não ser pelos re-
sultados obtidos nos programas im-
plantados. Além disto, não se refere 
apenas aquelas ações que objetivem 
resultados positivos para a institui-
ção, mas sim, refere-se à mudança 
consciente de cada indivíduo, pas-
sando a ter um comportamento dife-
rente na sua relação indivíduo-meio 
ambiente e sociedade-meio ambi-
ente. É aqui que realmente se pode 
31 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
31 
atingir uma mudança na qualidade 
de vida das pessoas (PEREIRA, 
1999). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FOnte: Adaptado de Pereira (1999, p. Fonte: Adaptado de Pereira (1999, p 151 a 155) 
 
 
32 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
32 
Desenvolvimento Susten-
tável 
 
O texto que segue na íntegra, 
de autoria de Daniel Bertoli Gonçal-
ves, agrônomo, mestre e doutor pela 
Universidade Federal de São Carlos 
sintetiza de maneira clara os desa-
fios da geração atual em relação ao 
Desenvolvimento Sustentável. Redi-
gido em 2005, vale a pena ler com 
atenção: 
O conceito de desenvolvi-
mento sustentável surgiu a partir 
dos estudos da Organização das Na-
ções Unidas sobre as mudanças cli-
máticas, no início da década de 
1970, como uma resposta à preocu-
pação da humanidade, diante da 
crise ambiental e social que se aba-
teu sobre o mundo desde a segunda 
metade do século passado. Esse con-
ceito, que procura conciliar a neces-
sidade de desenvolvimento econô-
mico da sociedade com a promoção 
do desenvolvimento social e com o 
respeitoao meio-ambiente, hoje é 
um tema indispensável na pauta de 
discussão das mais diversas organi-
zações, e nos mais diferentes níveis 
de organização da sociedade, como 
nas discussões sobre o desenvolvi-
mento dos municípios e das regiões, 
correntes no dia-a-dia de nossa soci-
edade. Este texto busca apresentar a 
evolução do conceito desde sua cria-
ção até o presente. 
O princípio 
 
O ano de 1968, segundo Ca-
margo (2003), foi o primeiro sinal 
de grave descontentamento popular 
com o modelo de capitalismo indus-
trial no final do seu ciclo, com a eclo-
são do protesto estudantil em ca-
deia, iniciado em Paris, em maio de 
1968, passando por Berkeley, Berlim 
e Rio de Janeiro. 
Aquele primeiro surto de glo-
balização dos movimentos sociais, 
segundo a autora, apontava para 
mudanças radicais que iriam se es-
tender a vastos domínios, influenci-
ando não apenas a economia e a so-
ciedade como também o próprio 
modelo civilizatório, com seus usos 
e costumes. A falsa ideia de uma evo-
lução sem limites e a ingênua crença 
na continuidade do progresso, se 
constituíam no inimigo comum de 
todas as frentes, e a grande questão 
que se levantava era: Para onde va-
mos? 
Em meio aos movimentos es-
tudantis e hippies dos anos 1960, 
emerge o novo ambientalismo, com 
objetivos e demandas bem definidos 
e consciente da dimensão política 
dos mesmos, chamando a atenção 
para as consequências devastadoras 
que um desenvolvimento sem limi-
tes estava provocando. 
Rompendo as muralhas da ci-
dadela econômica, o ecologismo 
33 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
33 
passa a questionar a racionalidade 
econômica em termos de seus pró-
prios critérios. Mais concretamente, 
o novo debate evidencia que, frente 
aos diversos impasses e problemas 
que o desenvolvimento industrial 
coloca, a solução ou superação dos 
mesmos pode exigir não uma nova 
arrancada, mas a adoção de medidas 
restritivas ao aumento da produção 
econômica, o que coloca a ideia de 
racionalidade ecológica como o 
princípio balizador e limitante da ra-
cionalidade econômica e do próprio 
desenvolvimento. 
O Clube de Roma, entidade 
formada por intelectuais e empresá-
rios, que não eram militantes ecolo-
gistas, foi uma iniciativa que surgiu 
das discussões a respeito da preser-
vação dos recursos naturais do pla-
neta Terra. Ele produziu os primei-
ros estudos científicos a respeito da 
preservação ambiental, que foram 
apresentados entre 1972 e 1974, e 
que relacionavam quatro grandes 
questões que deveriam ser solucio-
nadas para que se alcançasse a sus-
tentabilidade: controle do cresci-
mento populacional, controle do 
crescimento industrial, insuficiência 
da produção de alimentos, e o esgo-
tamento dos recursos naturais (CA-
MARGO, 2002). Após a publicação 
da obra ―Os Limites do Cresci-
mento‖, pelo Clube de Roma em 
1972, este conceito toma um grande 
impulso no debate mundial, atin-
gindo o ponto culminante na Confe-
rência das Nações Unidas de Esto-
colmo, naquele mesmo ano. 
A partir daí, desenvolvimento 
e meio ambiente passam a fundir-se 
no conceito de ecodesenvolvimento, 
que no início dos anos 1980 foi su-
plantado pelo conceito de desenvol-
vimento sustentável, passando a ser 
adotado como expressão oficial nos 
documentos da ONU, UICN e WWF. 
 
A Evolução do Pensamento 
 
A ideia de um novo modelo de 
desenvolvimento para o século XXI, 
compatibilizando as dimensões eco-
nômica, social e ambiental, surgiu 
para resolver, como ponto de par-
tida no plano conceitual, o velho di-
lema entre crescimento econômico e 
redução da miséria, de um lado, e 
preservação ambiental de outro. 
O conflito vinha, de fato, ar-
rastando-se por mais de vinte anos, 
em hostilidade aberta contra o mo-
vimento ambientalista, enquanto 
este, por sua vez, encarava o desen-
volvimento econômico como natu-
ralmente lesivo e os empresários 
como seus agentes mais representa-
tivos (CAMARGO, et al, 2004). 
Em 1987, a Comissão Mundial 
para o Meio Ambiente e o Desenvol-
vimento da Organização das Nações 
Unidas, na Noruega, elaborou um 
34 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
34 
documento denominado ―Nosso 
Futuro Comum‖ também conhecido 
como Relatório Brundtland, onde os 
governos signatários se comprome-
tiam a promover o desenvolvimento 
econômico e social em conformi-
dade com a preservação ambiental 
(CMMAD, 1987). Nesse relatório foi 
elaborada uma das definições mais 
difundidas do conceito: ―o desen-
volvimento sustentável é aquele que 
atende as necessidades do presente 
sem comprometer as possibilidades 
de as gerações futuras atenderem 
suas próprias necessidades. 
Este documento chamou a 
atenção do mundo sobre a necessi-
dade urgente de encontrar formas 
de desenvolvimento econômico que 
se sustentassem, sem a redução dra-
mática dos recursos naturais nem 
com danos ao meio ambiente. Defi-
niu também, três princípios essenci-
ais a serem cumpridos: desenvolvi-
mento econômico, proteção ambi-
ental e equidade social, sendo que 
para cumprir estas condições, se-
riam indispensáveis mudanças tec-
nológicas e sociais. 
Este relatório foi definitivo na 
decisão da Assembleia Geral das Na-
ções Unidas, para convocar a Confe-
rência sobre o Meio Ambiente e De-
senvolvimento, dada à necessidade 
de redefinir o conceito de desenvol-
vimento, para que o desenvolvi-
mento socioeconômico fosse inclu-
ído e assim a deterioração do meio 
ambiente fosse detida. Esta nova de-
finição poderia surgir somente com 
uma aliança entre os países desen-
volvidos e em desenvolvimento. 
Tanto o Relatório Brundtland 
quanto os demais documentos pro-
duzidos pelo Clube de Roma, sobre o 
Desenvolvimento Sustentável, fo-
ram fortemente criticados porque 
creditaram a situação de insustenta-
bilidade do planeta, principalmente, 
à condição de descontrole da popu-
lação e à miséria dos países do Ter-
ceiro Mundo, efetuando uma crítica 
muito branda à poluição ocasionada 
durante os últimos séculos pelos pa-
íses do Primeiro Mundo. 
Segundo Castro (1996), o 
repto imposto pelo novo ambienta-
lismo ao desenvolvimento foi o pre-
lúdio de um questionamento ainda 
mais radical: o da nova questão so-
cial, amadurecida no final dos anos 
1980. 
A dimensão de sustentabili-
dade social inerente ao conceito, não 
diz respeito apenas ao estabeleci-
mento de limites ou restrições à per-
sistência do desenvolvimento, mas 
implica na ultrapassagem do econô-
mico: não pela rejeição da eficiência 
econômica e nem pela abdicação do 
crescimento econômico, mas pela 
colocação dos mesmos a serviço de 
35 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
35 
um novo projeto societário, onde a 
finalidade social esteja ―justificada 
pelo postulado ético de solidarie-
dade intrageracional e de equidade, 
materializada em um contrato so-
cial‖ (SACHS, 1995, p. 26). É esta a 
abordagem de desenvolvimento so-
cial que adotamos neste trabalho. 
De acordo com Castro (1996), 
esse novo paradigma conhecido 
como desenvolvimento sustentável 
surge através de um esforço de re-
conceitualização do conceito de de-
senvolvimento, abalado pela crise 
ambiental e social. 
A teoria do desenvolvimento 
sustentável, ou ecodesenvolvi-
mento, parte do ponto em que a 
maior parte das teorias que procura-
ram desvendar os mistérios sociais e 
econômicos das últimas décadas não 
obteve sucesso. O modelo de indus-
trialização tardia ou modernização, 
que ocupou o cerne de diversas teo-
rias nos anos 1960 e 70, é capaz de 
modernizar alguns setores da econo-
mia, mas incapaz de oferecer um de-
senvolvimento equilibrado para 
uma sociedade inteira. 
De acordo com Brüseke 
(2003), a modernização, não acom-
panhada da intervenção do Estado 
racional e das correções partindo da 
sociedade civil, desestrutura a com-
posiçãosocial, a economia territo-
rial, e seu contexto ecológico. 
Emerge daí a necessidade de uma 
perspectiva multidimensional, que 
envolva economia, ecologia e polí-
tica ao mesmo tempo, como busca 
fazer a teoria do desenvolvimento 
sustentável. 
Para o autor, o conceito desen-
volvimento sustentável sinaliza uma 
alternativa às teorias e aos modelos 
tradicionais do desenvolvimento, 
desgastadas numa série infinita de 
frustrações. 
Segundo Cavalcanti (2003), 
sustentabilidade significa a possibi-
lidade de se obterem continuamente 
condições iguais ou superiores de 
vida para um grupo de pessoas e 
seus sucessores em dado ecossis-
tema. Tal conceito equivale à ideia 
de manutenção de nosso sistema de 
suporte da vida. Basicamente, trata-
se do reconhecimento do que é bio-
fisicamente possível em uma pers-
pectiva de longo prazo. 
Para o autor, o tipo de desen-
volvimento que o mundo experi-
mentou nos últimos duzentos anos, 
especialmente depois da Segunda 
Guerra Mundial, é insustentável. O 
desenvolvimento econômico não re-
presenta mais uma opção aberta, 
com possibilidades amplas para o 
mundo. A aceitação da ideia de de-
senvolvimento sustentável indica 
que se fixou voluntariamente um li-
mite para o progresso material, e a 
defesa da ideia de crescimento cons-
tante não passa de uma filosofia do 
36 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
36 
impossível. Entretanto, adotar a no-
ção de desenvolvimento sustentável 
corresponde a seguir uma prescrição 
de política. O dever da ciência é ex-
plicar como, de que forma, ela pode 
ser alcançada, quais são os cami-
nhos para a sustentabilidade. 
De acordo com Bezerra e Bur-
sztyn (2000), a sustentabilidade 
emerge da crise de esgotamento das 
concepções de desenvolvimento, en-
quadradas nas lógicas da racionali-
dade econômica liberal. Uma racio-
nalidade eufórica associada ao mo-
vimento incessante para frente da 
razão, da ciência, da técnica, da in-
dústria e do consumo, na qual o de-
senvolvimento – uma aspiração 
imanente da humanidade – expur-
gou de si tudo o que o contraria, ex-
cluindo de si a existência das regres-
sões que negam as consequências 
positivas do desenvolvimento. 
Em 1992, 172 governos reuni-
ram-se na cidade brasileira do Rio 
de Janeiro, para a Conferência das 
Nações Unidas para o Meio Ambi-
ente e Desenvolvimento (CNU-
MAD), que ficou conhecida como 
Conferência da Terra, um evento 
singular que se tornou um marco 
histórico para a humanidade. Os ob-
jetivos fundamentais da Conferência 
eram conseguir um equilíbrio justo 
entre as necessidades econômicas, 
sociais e ambientais das gerações 
presentes e futuras e firmar as bases 
para uma associação mundial entre 
os países desenvolvidos e em desen-
volvimento, assim como entre os go-
vernos e os setores da sociedade ci-
vil, enfocadas na compreensão das 
necessidades e os interesses co-
muns. 
Nesta Conferência, os repre-
sentantes dos governos, incluindo 
108 chefes de Estado e de Governo, 
aprovaram três acordos que deve-
riam erigir a Agenda 21, a Declara-
ção do Rio sobre o Meio Ambiente e 
o Desenvolvimento, que define os 
direitos e as obrigações dos estados 
sobre os princípios básicos do meio 
ambiente e desenvolvimento. 
É importante lembrar que não 
foi somente de chefes de Estado e de 
representantes oficiais que se cons-
tituiu a Rio-92, pois foi a participa-
ção da sociedade civil, de organiza-
ções não governamentais de cente-
nas de países, que fez do Rio a ver-
dadeira ―Babilônia‖, e foi graças a 
eles que um importante documento 
deixado de lado na conferência ofi-
cial, continuou vivo, passou por rea-
valiações, comissões internacionais 
nunca antes pensadas, foi ratificada 
pela Unesco, e finalmente aprovado 
pela ONU em 2002: A Carta da 
Terra, um documento de importân-
cia singular, equivalente à Declara-
ção Universal dos Direitos Humanos 
para a área de Meio Ambiente, cujo 
preâmbulo traz os seguintes dizeres: 
37 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
37 
Estamos diante de um mo-
mento crítico na história da Terra, 
numa época em que a humanidade 
deve escolher o seu futuro. À medida 
que o mundo torna-se cada vez mais 
interdependente e frágil, o futuro 
enfrenta, ao mesmo tempo, grandes 
perigos e grandes promessas. Para 
seguir adiante, devemos reconhecer 
que, no meio da uma magnífica di-
versidade de culturas e formas de 
vida, somos uma família humana e 
uma comunidade terrestre com um 
destino comum. Devemos somar 
forças para gerar uma sociedade 
sustentável global baseada no res-
peito pela natureza, nos direitos hu-
manos universais, na justiça econô-
mica e numa cultura da paz. Para 
chegar a este propósito, é imperativo 
que nós, os povos da Terra, declare-
mos nossa responsabilidade uns 
para com os outros, com a grande 
comunidade da vida, e com as futu-
ras gerações (A Carta da Terra, 
2004). 
A Comissão sobre o Desenvol-
vimento Sustentável das Nações 
Unidas (CDS) organizou para dez 
anos depois da Conferência do Rio a 
Conferência Mundial sobre Desen-
volvimento Sustentável em Joha-
nesburgo, África do Sul. Essa confe-
rência reuniu chefes de Estado e de 
Governo, organizações não governa-
mentais e empresários, que revisa-
ram e avaliaram o progresso do esta-
belecimento da Agenda 21, um plano 
de ação mundial para promover o 
desenvolvimento sustentável a uma 
escala local, nacional, regional e in-
ternacional. 
A meta geral da Conferência 
foi revigorar o compromisso mun-
dial a fim de um desenvolvimento 
sustentável e a cooperação Norte-
Sul, além de elevar a solidariedade 
internacional para a execução acele-
rada da Agenda 21. Um dos êxitos 
desta reunião foi o estabelecimento 
da necessidade de se criarem metas 
regionais e nacionais para o uso da 
energia renovável. 
De acordo com Camargo et al 
(2004), em uma análise sobre os dez 
anos que se passaram desde a Rio-
92, muitas foram as frustrações 
quanto as perspectivas positivas que 
foram lançadas, mas muito também 
se avançou, e o maior ganho da úl-
tima década foi o reconhecimento de 
que a solução para os problemas am-
bientais reside na noção de ―desen-
volvimento sustentável‖, tal como a 
havia proposto o relatório Brun-
dtland em 1987, sacramentado pelas 
Nações Unidas em 1992. Depois de 
uma fase experimental e delicada, 
hoje podemos considerá-lo vitorioso 
e atribuir ao Brasil um papel impor-
tante em sua consolidação como 
conceito operacional e pragmático 
 
38 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
38 
para os países em desenvolvimento. 
 
Os Desafios que Devemos En-
frentar 
 
Segundo Bezerra e Bursztyn 
(2000), em um trabalho preparató-
rio para a Agenda 21 brasileira, o de-
senvolvimento sustentável é um 
processo de aprendizagem social de 
longo prazo, balizado por políticas 
públicas orientadas por um plano 
nacional de desenvolvimento inter-
regionalizado e intraregionalmente 
endógeno. As políticas de desenvol-
vimento são processos de políticas 
públicas de Estados nacionais. Os 
estilos de desenvolvimento estão 
sustentados por políticas de Estado 
que, por sua vez, respaldam padrões 
de articulação muito determinados 
dos diversos segmentos sociais e 
econômicos com os recursos dispo-
níveis na natureza. 
O Estado brasileiro tem lugar 
nuclear na promoção e na regula-
mentação de políticas nacionais de 
desenvolvimento sustentável. Nota-
damente, na coordenação dos con-
flitos sociais implicados nas diver-
gências de interesses e lógicas de de-
senvolvimento, entre a pluralidade 
de atores sociais presentes na socie-
dade nacional e transnacional. 
O gerenciamento das escolhas 
tecnológicas atreladas aos processos 
produtivos é essencialmente um 
problema de política pública de ci-
ência e tecnologia para o desenvolvi-
mento sustentável. 
Para osautores, podemos con-
ceber o desenvolvimento sustentá-
vel como uma proposta que tem em 
seu horizonte uma modernidade 
ética, e não apenas uma moderni-
dade técnica (BUARQUE, 1994), 
pois a proposta do desenvolvimento 
sustentável implica incorporar o 
compromisso com a perenização da 
vida ao horizonte da intervenção 
transformadora do ‗mundo da ne-
cessidade‘. 
Se a modernidade técnica faz 
dos meios fins em si, a modernidade 
ética do princípio sustentabilidade‘ 
recoloca os fins como referência pri-
mordial, num quadro complexo de 
múltiplas dimensões (econômica, 
ambiental, social, política, cultural, 
institucional, etc.). 
Para Furtado (1992), o desafio 
que se coloca no umbral do século 
XXI é nada menos do que mudar o 
curso da civilização, deslocar o seu 
eixo da lógica dos meios a serviço da 
acumulação, num curto horizonte de 
tempo, para uma lógica dos fins em 
função do bem-estar social, do exer-
cício da liberdade e da cooperação 
entre os povos. 
Devemos nos empenhar para 
que essa seja a tarefa maior dentre 
39 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
39 
as que preocuparão os homens no 
correr do próximo século: estabele-
cer novas prioridades para a ação 
política em função de uma nova con-
cepção do desenvolvimento, posto 
ao alcance de todos os povos e capaz 
de preservar o equilíbrio ecológico. 
Essa mudança de rumo, se-
gundo o mesmo autor, exige que 
abandonemos muitas ilusões, que 
exorcizemos os fantasmas de uma 
modernidade que nos condena a um 
mimetismo cultural esterilizante. 
Devemos assumir nossa situação 
histórica e abrir caminho para o fu-
turo a partir do conhecimento de 
nossa realidade, assumir a própria 
identidade. 
Ainda segundo o mesmo au-
tor, nesse novo quadro que se confi-
gura, o destino dos povos dependerá 
menos das articulações dos centros 
de poder político e mais da dinâmica 
das sociedades civis. Não que o Es-
tado tenda a deliquescer, conforme a 
utopia socialista do século XIX, mas 
a possibilidade de que ele seja em-
polgado por minorias de espírito to-
talitário se reduzirá, se a vigilância 
da emergente sociedade civil inter-
nacional se fizer eficaz. 
Para Cavalcanti (2002), a no-
ção atual de desenvolvimento sus-
tentável representa uma reivindica-
ção do pensamento de Furtado: não 
é qualquer taxa de crescimento da 
economia que pode ser perseguida; 
há que se pensar antes naquilo que é 
(ecologicamente) sustentável, ou 
seja, possível, durável, realizável. 
Quanto a isso vale mencionar 
o questionamento feito por Furtado 
em 1974: 
―Por que ignorar na medição 
do PIB, o custo para a coletividade 
da destruição dos recursos naturais 
não renováveis, e o dos solos e flo-
restas (dificilmente renováveis)? 
Por que ignorar a poluição das águas 
e a destruição total dos peixes nos 
rios em que as usinas despejam seus 
resíduos?‖ (FURTADO, 1974). 
Ramos (2003) alerta que o 
problema de insustentabilidade não 
está apenas no desenvolvimento, é 
preciso reconhecer que o nosso 
modo de vida se tornou insustentá-
vel, e este é muito mais difícil de mu-
dar, pois implica, como discutimos, 
aperfeiçoamento individual e cole-
tivo, simultaneamente. 
Segundo o autor, parece não 
haver saída: ou acreditamos que o 
ser humano, tal como é, pode cons-
truir um mundo melhor para si, para 
seus semelhantes, no presente e no 
futuro, ou cabe reconhecer o fra-
casso de nossa existência, e admitir 
que a busca de um desenvolvimento 
sustentável seja ilusória, apenas 
uma forma de adiar o inevitável fim. 
É preciso iniciar um aprendizado in-
4
0 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
40 
dividual e coletivo que nos leve a ou-
tras formas de manifestação con-
creta de nossa natureza e que possi-
bilite uma perspectiva de mudança 
em nosso modo de viver. 
 
Conclusão 
 
É possível afirmar que chega-
mos ao início do século XXI com um 
conceito de desenvolvimento sus-
tentável bem mais amadurecido, 
que não está mais restrito às discus-
sões acadêmicas e políticas, de de-
fensores e contestadores, mas que se 
popularizou por todos os continen-
tes, passando a fazer parte da vida 
cotidiana das pessoas. 
Um conceito que está presente 
desde as pequenas atitudes diferen-
ciadas de comportamento, como a 
separação e a reciclagem do lixo do-
méstico, tomadas pelo cidadão co-
mum, até as grandes estratégias e in-
vestidas comerciais de algumas em-
presas as quais se especializaram em 
atender um mercado consumidor 
em franco crescimento, que hoje co-
bra essa qualidade diferenciada 
tanto dos produtos que consome, 
quanto dos processos produtivos 
que o envolvem; uma verdade que 
abre grandes perspectivas para o fu-
turo. 
 
 
 
Uma forma de desenvolvi-
mento que não está mais no plano 
abstrato, e que se mostra cada dia 
mais real e possível, principalmente 
no plano local (GONÇALVES, 
2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 41 
42 
 
 
BIOÉTICA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
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