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Universidade de Brasília – UnB BALLESTRIN, Luciana. O Debate Pós-Democrático no Século XXI. p. 149-164. De acordo com o artigo "O Debate Pós-democrático no Século XXI" de Luciana Ballestrin, no ano de 2016, quatro eventos com cunho antidemocráticos ao redor do mundo colocaram em questão os limites da democracia como a conhecemos. A partir desses eventos, foi possível notar a emergência de discursos autoritários, que utilizam das instituições democráticas para a fragilização da própria democracia. Em vista disso, a autora afirma que enfrentamos atualmente a maior crise global do modelo democrático desde a Guerra Fria. A partir desse cenário, é possível inserir no debate o termo "pós-democracia", surgido pela primeira vez nos anos 1990 e sendo melhor desenvolvido no decorrer dos anos 2000.Nesse sentido, o significado principal do termo, que se define pela "esterilização da democracia pelas contradições que sua convivência com o neoliberalismo provoca"(BALLESTRIN, p.153), foi se agregando com o passar do tempo. A autora apresenta o conceito "pós-democracia" como “democracia sem demos” ("povo", em grego), em outras palavras, “o povo desaparece da cena política – seu papel na tomada de decisões é substituído por uma aristocracia tecnocrática e a soberania popular, pela soberania do mercado” (Stavrakakis, 2016 apud Goldenberg, 2019, n.p.). Na realidade pós-democrática, a democracia e a política passam por um processo de esvaziamento enquanto a economia passa por um processo de ampliação, consequências da crise do modelo neoliberal. Desse modo, o autor Colin Crouch, citado pela autora, considera a democracia como vítima do mercado, sendo que as corporações globais possuem grande participação no seu processo de esvaziamento. No Brasil, de acordo com Ballestrin, o fenômeno da pós-democracia pôde ser percebido, principalmente, no golpe institucional que levou à destituição da Presidente Dilma em 2016. Todavia, esse contexto pode ser percebido também no cotidiano da população brasileira, por meio do seu afastamento frente à política, criando um sentimento generalizado de aversão à política e à própria democracia. Isso se explica por meio da promoção de um combate à corrupção protagonizado por instituições nacionais, responsáveis por distorcer os significados de democracia e justiça no Brasil, o que conduziu o país à pós-democracia. Ao invés de fortalecer a democracia, esse suposto combate à corrupção foi responsável por sua destruição ao produzir discursos relacionando política e corrupção, provocando na população um sentimento de rejeição à política e, consequentemente, à democracia. RESUMÃO: Atualmente, observam-se diferentes processos de desdemocratização e autocratização em âmbito global, regional e nacional, os quais colocam um urgente desafio analítico e normativo à disciplina da Ciência Política. O presente artigo observa a importância da introdução da questão neoliberal no debate disciplinar sobre a democracia e sua crise na contemporaneidade, entendendo o neoliberalismo como força desdemocratizante, já há décadas observada nos países latino-americanos. São debatidos as potencialidades e os limites para a aplicação do conceito “pós-democrático” no contexto das democracias situadas no sul global, já que ele carrega um anglo-eurocentrismo metodológico e um liberalismo ideológico particulares às realidades norte-americana e europeia. A ideia de um Brasil pós-democrático é aventada em um exercício interpretativo que adverte para os cuidados da importação teórica não contextualizada histórica e geopoliticamente.
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