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Dengue e arboviroses Dengue e arboviroses Arbovirose urbana mais prevalente nas Américas Atinge principalmente os países tropicais e subtropicais Causada por um vírus de RNA do gênero Flavivirus e da família Flaviviridae No Brasil -> trasmissão da dengue ocorre pela picada das fêmeas infectadas da espécie Aedes aegypti 4 sorotipos circulantes na população -> DENV-1, DENV-2, DENV-3 e o DENV-4 Em termos de virulência, o 2 é o que mais se destaca, seguido pelo 3, depois o 4 e, por último, o sorotipo 1 Doença de notificação compulsória -> notificar casos confirmados e suspeitos Epidemiologia da dengue Dengue e arboviroses Epidemiologia da dengue Dengue e arboviroses 1ª infecção: Picada da fêmea do Aedes aegypti infectada -> inoculação do vírus na corrente sanguínea Vírus desloca-se para monócitos, linfócitos e musculatura esquelética Vírus utiliza maquinaria viral para se multiplicar Novos vírus são liberados na corrente sanguínea Disseminação sistêmica do vírus Estímulo da produção de citocinas pró-inflamatórias (fase sintomática da doença) -> TNF-alfa e IL-6 Inflamação e aumento da permeabilidade da parede vascular 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Fisiopatogenia da dengue Dengue e arboviroses Infecção sequencial: Indivíduos já possuem anticorpos heterólogos subneutralizantes da classe IgG adquiridos da infecção anterior Picada da fêmea do Aedes aegypti infectada -> inoculação do vírus na corrente sanguínea Anticorpos formam imunocomplexos com o vírus Imunocomplexos são fagocitados por fagócitos mononucleares Infecção celular e replicação viral Mobilização de mais fagócitos pela ativação de linfócitos TCD4+ e TCD8+ e IFN-gama e disseminação sistêmica do vírus -> medula óssea, fígado, baço Mediadores inflamatórios liberados pelo sistema imune -> lesão vascular (perda de plasma e hemorragia) Aumento de TNF-alfa -> trombocitopenia Aumento de IL-6 -> febre 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Fisiopatogenia da dengue Dengue e arboviroses Infecções podem ser sintomáticas (oligossintomáticas a grave) ou assintomáticas Fase febril: - Febre > ou igual a 38°C é a primeira manifestação -> início abrupto, duração de 2-7 dias - Cefaleia, astenia, mialgia, dor retro-orbitária - Anorexia, náuseas, vômitos e diarreia - Lesão exantemática tipo maculopapular com ou sem prurido -> face, tronco, membros, regiões palmares e plantares - Maioria dos pacientes se recupera após fase febril Quadro clínico da dengue Dengue e arboviroses Fase crítica: - Inicia com declínio da febre (defervescência) -> 3º e 7º dia - Podem surgir sinais de alarme para gravidade - Possível ocorrência de choque por extravasamento plasmático Quadro clínico da dengue Dengue e arboviroses Dengue grave: - Extravasamento plásmático pronunciado -> acúmulo de líquido e hemorragias graves - Disfunção orgânica -> coração, pulmões, rins, fígado e SNC - Derrame pleural e ascite - Aumento do hematócrito e redução dos níveis de albumina sérica - Choque (quando volume crítico de plasma é perdido por extravasamento) -> rápida instalação (4º-5º dia) e curta duração (12-24h) - Acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada Quadro clínico da dengue Dengue e arboviroses Quadro clínico da dengue Dengue e arboviroses Fase de recuperação: - 24-48h após fase crítica -> reabsorção gradual do fluido que havia extravasado para o compartimento extravascular - Melhora do estado geral do paciente - Retorno progressivo do apetite - Redução de sintomas gastrointestinais - Estabilizção do estado hemodinâmico - Melhora do débito urinário - Exantema com ou sem prurido pode persistir - Comum ocorrência de bradicardia e mudança no eletrocardiograma Quadro clínico da dengue Dengue e arboviroses Clínico, epidemiológico e laboratorial Diagnóstico laboratorial: Exames específicos - Métodos diretos: isolamento viral ou RT-PCR - Métodos indiretos: ELISA para pesquisa deanticorpos neutralizantes IgM ou de antígeno NS1, teste de neutralização por redução de placas (PRNT), inibição da hemoaglutinação (IH), estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por imunohistoquímica (IHQ) OBS: antígeno NS1 (teste rápido) -> marcador de fase aguda da infecção, mesmo antes do aparecimento dos anticorpos das classes IgM e IgG, encontrado com 24 horas após o início dos sintomas e detectável até o 3º dia da infecção (resultado negativo não exclui diagnóstico) Exames inespecíficos - Hemograma: leucopenia, linfocitopenia, presença de linfócitos atípicos, alterações nas transaminases e número de plaquetas normal ou diminuído (em caso de dengue hemorrágica ocorre plaquetopenia abaixo de 100.000 plaquetas/mm³) Diagnóstico da dengue Dengue e arboviroses Diagnóstico da dengue Dengue e arboviroses Combate ao mosquito (principal forma) -> eliminação de criadouros, saneamento básico, uso racional de inseticidas Usar calça comprida e blusa de manga comprida em tempos de epidemia Passar repelente diariamente nas áreas expostas do corpo Telas de proteção em todas as janelas e portas da casa Evitar ir em locais com epidemia da dengue Prevenção da dengue Dengue e arboviroses Tratamento da dengue Dengue e arboviroses Tratamento da dengue Dengue e arboviroses Iniciar hidratação dos pacientes de imediato de acordo com a classificação, enquanto aguarda exames laboratoriais Grupo A: - Hidratação oral para pacientes do grupo A e B - Hidratação venosa para pacientes dos grupos C e D - Exames laboratoriais complementares a critério médico -Paracetamol ou dipirona -> não utilizar AAS ou outros AINEs - Repouso - Hidratação oral de adultos: 60 ml/kg/dia (1/3 com solução salina e 2/3 restantes com ingestão de líquidos caseiros como água, suco de frutas, soro caseiro, chás, água de coco etc.) - Hidratação oral em crianças até 10 kg: 130 ml/kg/dia (1/3 na forma de soro de reidratação oral (SRO) e o restante através da oferta de água, sucos e chás) - Hidratação oral em crianças de 10 a 20 kg: 100 ml /kg/dia (1/3 na forma de soro de reidratação oral (SRO) e o restante através da oferta de água, sucos e chás) - Hidratação oral em crianças acima de 20 kg: 80 ml/kg/dia (1/3 na forma de soro de reidratação oral (SRO) e o restante através da oferta de água, sucos e chás) Tratamento da dengue Dengue e arboviroses Grupo B: Grupo C: - Solicitar exames complementares -> hemograma completo (obrigatório para todos os pacientes) e sorologia - Deixar paciente em observação até resultado dos exames - Paracetamol ou dipirona - Hidratação oral conforme recomendado para grupo A - Iniciar reposição volêmica imediata -> 10 ml/kg de soro fisiológico na primeira hora - Exames complementares obrigatórios -> hemograma e dosagem de albumina sérica e transaminases - Radiografia de tórax e USG abdominal - Solicitação de outros examens conforme necessidade - Reavaliação clínica dos sinais vitais - Manter a hidratação de 10 ml/kg/hora, na segunda hora, até a avaliação do hematócrito que deverá ocorrer em duas horas (após a etapa de reposição volêmica) - Repetir a fase de expansão até três vezes caso não haja melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos - Se houver melhora clínica e laboratorial após a(s) fase(s) de expansão, iniciar a fase de manutenção -> 1ª rimeira fase: 25 ml/kg em 6 horas; 2ª fase: 25 ml/kg em 8 horas, sendo 1/3 com soro fisiológico e 2/3 com soro glicosado - Exames para confirmação de dengue são obrigatórios para os pacientes do grupo C, mas não são essenciais para conduta clínica Tratamento da dengue Dengue e arboviroses Grupo D: - Iniciar imediatamente fase de expansão rápida parenteral -> solução salina isotônica: 20 ml/kg em até 20 minutos - Exames complementares obrigatórios -> hemograma e dosagem de albumina sérica e transaminases - Radiografia de tórax e USG abdominal - Solicitação de outros examens conforme necessidade - Reavaliação clínica dos sinais vitais - Repetir a fase de expansão até três vezes caso não haja melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos - Se o hematócrito estiver em ascensão,após a reposição volêmica adequada –> utilizar expansores plasmáticos (albumina 0,5-1 g/kg) - Na presença de hemorragia -> transfundir concentrado de hemácias (10 a 15 ml/kg/dia) - Na presença de coagulopatias -> avaliar necessidade de uso de plasma fresco (10 ml/kg), vitamina K endovenosa e crioprecipitado (1 U para cada 5-10 kg) - Considerar a transfusão de plaquetas nas seguintes condições: sangramento persistente não controlado, depois de corrigidos os fatores de coagulação e do choque, e com trombocitopenia e INR maior que 1,5 vezes o valor normal - Exames para confirmação de dengue são obrigatórios para os pacientes do grupo D, mas não são essenciais para conduta clínica Tratamento da dengue Dengue e arboviroses Causada pelo ZIKV -> arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae Em 2015 foram identificados os primeiros casos do vírus Zika em amostras de soro de pacientes da cidade de Natal, RN Vírus Zika circula em outros estados brasileiros Formas de transmissão do vírus documentadas, além da vetorial (picada da fêmea do Aedes aegypti) -> sexual, pós-transfusional e vertical (transplacentária) Relacionado a um aumento no número de casos de microcefalia e síndrome de Guillain-Barré no Brasil Doença de notificação compulsória Epidemiologia da zika Dengue e arboviroses Picada do inseto vetor infectado inocula os vírus na pele Vírus se replicam em fibroblastos da pele e são capturados pelas células dendríticas e levados para os linfonodos mais próximos, onde infectam monócitos e macrófagos que entram na corrente sanguínea e disseminam os vírus para vários órgãos As respostas de células T representam um aspecto crucial da resposta imune adaptativa à infecção Vírus possui afinidade com células do SNC Morte neuronal e a consequente eliminação da massa de células mortas por fagocitose (neuronofagia) apresentam-se como uma provável explicação para a redução do volume encefálico observado em milhares de neonatos em regiões com circulação do vírus da Zika Fisiopatogenia da zika Dengue e arboviroses Período de incubação de 7-10 dias Autolimitada na maioria das vezes -> 2-7 dias Infecção pode ser assintomática ou sintomática Manifestação sintomática pode ter amplo espectro de apresentação: - Febre baixa (≤38,5°C) ou ausente - Exantema maculopapular pruriginoso ou não -> distribuição craniocaudal de início precoce - Conjutivite não purulenta - Poliartralgia (dor articular) -> em alguns casos podem se estender por até 30 dias de seu início, com um padrão recidivante - Edema periarticular (ao redor das articulações) - Cefaleia - Linfonodomegalia - Astenia (fadiga do corpo) - Mialgia (dor muscular) - Complicações neurológicas e malformações congênitas Quadro clínico da zika Dengue e arboviroses Clínico, epidemiológico e laboratorial Diagnóstico laboratorial: - Métodos diretos: isolamento viral ou RT-PCR -Métodos indiretos: ELISA para pesquisa deanticorpos IgM/IgG, teste de neutralização por redução de placas (PRNT), inibição da hemoaglutinação (IH), estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por imunohistoquímica (IHQ) Diagnóstico da zika Dengue e arboviroses Combate ao mosquito (principal forma) -> eliminação de criadouros, saneamento básico, uso racional de inseticidas Usar calça comprida e blusa de manga comprida em tempos de epidemia Passar repelente diariamente nas áreas expostas do corpo Telas de proteção em todas as janelas e portas da casa Evitar ir em locais com epidemia da zika Prevenção da zika Dengue e arboviroses Repouso relativo, enquanto durar a febre Estímulo à ingestão de líquidos Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre Não administração de ácido acetilsalicílico Administração de anti-histamínicos para prurido Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em casos de sensação de formigamento de membros ou alterações do nível de consciência (para investigação de síndrome de Guillain-Barré e de outros quadros neurológicos) Ante a queixa de alteração visual, encaminhamento ao oftalmologista para avaliação e tratamento Tratamento da zika Dengue e arboviroses Causada pelo CHIKV -> arbovírus da família Togaviridae e do gênero Alphavirus Transmissão pela picada das fêmeas infectadas da espécie Aedes aegypti e Aedes albopictus, vertical ou transfusional Nome chikungunya deriva de uma palavra em Makonde "aquele que se dobra" No Brasil a transmissão autóctone foi confirmada no segundo semestre de 2014 Todos os estados do Brasil registram ocorrência de casos autóctones Doença de notificação compulsória Epidemiologia da chikungunya Dengue e arboviroses Vírus invade diretamente e se replica nas articulações Vírus infecta diretamente a sinóvia e músculos Produção de citocina pró- inflamatórias, quimiocinas e recrutamento de leucócitos Artrite crônica deve-se à replicação viral persistente, RNA viral persistente que conduz uma resposta inflamatória e autoimunidade Fisiopatogenia da chikungunya Dengue e arboviroses Fase aguda: fase febril - Duração de 5-14 dias - Febre alta de início súbito (>38,5° C) -> contínua, intermitente ou bifásica, e possui curta duração - Queda de temperatura não é associada à piora dos sintomas, como na dengue - Poliartralgia (90% dos casos) -> poliarticular, bilateral, simétrica, acometimento de grandes e pequenas articulações e e, com frequência, regiões mais distais - Dorsalgia - Exantema macular ou maculopapular em tronco e extremidades (inclusive palmas das mãos e pés) -> 2º-5º dia após início da febre - Outras manifestações cutâneas -> dermatite esfoliativa, lesões vesiculobolhosas, hiperpigmentação, fotossensibilidade, lesões simulando eritema nodoso e úlceras orais - Cefaleia - Mialgia -> leve a moderada - Fadiga - Rigidez articular matinal e limitação para realizar atividades cotidianas - Descompensação de comorbidades - Prurido -> pode estar presente e ser generalizado ou apenas localizado na região palmoplantar Quadro clínico da chikungunya Dengue e arboviroses Fase pós-aguda: Fase crônica: - Duração de até 3 meses - Febre desaparece -Pode haver melhora da artralgia (com ou sem recorrências) persistência ou agravamento desta - Pode ocorrer síndrome do túnel do carpo - Comprometimento articular costuma ser acompanhado por edema de intensidade variável - Pode ocorrer astenia, recorrência do prurido generalizado e exantema maculopapular e lesões purpúricas - Alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica, fadiga, alopecia e sintomas depressivos - Duração > 3 meses até 6 anos - Persistência ou recorrência dos sinais e dos sintomas - Dor articular, musculo-esquelética e neuropática - Alguns pacientes poderão evoluir com artropatia destrutiva, semelhante à artrite psoriática ou reumatoide - Outras manifestações descritas são: fadiga, cefaleia, prurido, alopecia, exantema, bursite, tenossinovite, disestesias, parestesias, fenômeno de Raynaud, alterações cerebelares, distúrbios do sono, alterações da memória, deficit de atenção, alterações do humor, turvação visual e depressão OBS: fatores de risco para cronificação são: idade > 45 anos, artropatia preexistente e maior intensidade do quadro na fase aguda Quadro clínico da chikungunya Dengue e arboviroses Clínico, epidemiológico e laboratorial Diagnóstico laboratorial: Exames específicos - Métodos diretos: isolamento viral ou RT-PCR -Métodos indiretos: ELISA para pesquisa deanticorpos IgM/IgG, teste de neutralização por redução de placas (PRNT), inibição da hemoaglutinação (IH), estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por imunohistoquímica (IHQ) Exames inespecíficos - Hemograma -> leucopenia, linfopenia (< 1.000 cels/mm³), trombocitopenia (< 100.000 cels/mm³) - Proteína C -> elevada - VHS -> elevado Diagnóstico da chikungunya Dengue e arboviroses Combate ao mosquito (principal forma) -> eliminação de criadouros, saneamento básico, uso racional de inseticidas Usar calça comprida e blusa de manga comprida em tempos de epidemia Passarrepelente diariamente nas áreas expostas do corpo Telas de proteção em todas as janelas e portas da casa Evitar ir em locais com epidemia da chicungunya Prevenção da chikungunya Dengue e arboviroses Não há tratamento antiviral específico para chikungunya Terapia utilizada: analgesia e suporte Estimular a hidratação oral dos pacientes AINEs e corticosteroides não devem ser utilizados na fase aguda da doença AAS é contraindicado na fase aguda, pelo risco de síndrome de Reye e de sangramento Fisioterapia e/ou exercícios de intensidade leve ou moderada Acompanhamento diário das gestantes com suspeita de chikungunya (fase aguda), pelo risco de sofrimento fetal Todos os recém-nascidos cujas mães tiveram sintomas iniciados em até sete dias antes do parto devem ser mantidos internados para observação, pelo período de até 7 dias, acompanhados da mãe Tratamento da chiKungunya Dengue e arboviroses Causada pelo vírus amarílico -> arbovirus do gênero Flavivírus e família Flaviridae Vírus é endêmico em áreas tropicais da África, América Central e América do Sul Mosquito da espécie Aedes aegypti -> principal transmissor da febre amarela urbana Mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes -> principais transmissores da febre amarela silvestre Grandes epidemias de febre amarela ocorrem quando pessoas infectadas introduzem o vírus em áreas densamente povoadas com alta densidade de mosquitos e onde a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma imunidade devido à falta de vacinação No Brasil, a doença tem um padrão sazonal -> maior transmissão entre dezembro e maio Epidemiologia da febre amarela Dengue e arboviroses Picada do mosquito vetor Inoculação do vírus na corrente sanguínea Em poucas horas o vírus atinge os nódulos linfáticos regionais Nos linfonodos infectam linfócitos e macrófagos, prioritariamente, e iniciam sua replicação Vírus são levados dos vasos linfáticos para a corrente sanguínea (período virêmico) -> período de transmissibilidade da doença aos mosquitos vetores (algumas horas até 7 dias) Vírus atinge seu órgão-alvo -> fígado Vírus invade hepatócitos e células de Küpffer Necrose focal seguida de lise envolvendo hepatócitos da parte média dos lóbulos hepáticos Alguns hepatócitos sofrem apoptose e esteatose do tipo micro e multivacuolar 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Fisiopatogenia da febre amarela Dengue e arboviroses Fisiopatogenia da febre amarela Dengue e arboviroses Espectro clínico da febre amarela pode variar desde infecções assintomáticas até quadros graves e fatais Maioria dos casos corresponde às formas leves ou infecções assintomáticas É uma doença dinâmica com possibilidade de piora importante em período de horas ou dias -> evolução para o óbito ocorre em 7 a 14 dias Período de infecção: Período de remissão: - Duração de 3 dias - Início súbito - Sintomas inespecíficos -> febre, calafrios, cefaleia, lombalgia, mialgias generalizadas, prostração, náuseas e vômitos - Duração de poucas horas a 2 dias - Declínio da temperatura - Diminuição da intensidade dos sintomas -> sensação de melhora no paciente Quadro clínico da febre amarela Dengue e arboviroses Período toxêmico: - Reaparecimento da febre - Diarreia e vômitos têm aspecto de borra de café - Insuficiência hepatorrenal -> icterícia, oligúria, anúria e albuminúria - Manifestações hemorrágicas -> gengivorragias, epistaxe, otorragia, hematêmese, melena, hematúria, sangramentos em locais de punção venosa - Prostração intensa - Comprometimento do sensório -> obnubilação mental e torpor, havendo evolução para coma e morte - Sinal de Faget -> dissociação pulso-temperatura Quadro clínico da febre amarela Dengue e arboviroses Clínico, epidemiológico e laboratorial Diagnóstico laboratorial: Exames específicos - Sorologia com captura de anticorpos IgM pela técnica de ELISA -> a partir do 7º dia de sintoma - Teste de inibição da hemaglutinação - Teste de pesquisa de anticorpos da classe IgG pela técnica de ELISA - Teste de soroneutralização - Isolamento viral em cultura - Pesquisa do genoma viral por técnica de RT-PCR - Pesquisa de antígeno viral por muno-histoquímica com amostra de tecidos Exames inespecíficos - Prova de função hepática -> bilirrubina direta e total, aminotransferases - Prova de função renal -> ureia e creatinina - Proteína C reativa Diagnóstico da febre amarela Dengue e arboviroses Não há nenhum medicamento antiviral específico para febre amarela Tratamento é apenas sintomático Deve ser realizado sob hospitalização -> paciente deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado No caso de uso de paracetamol, evitar uso de doses superiores a 3 g/dia Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em unidade de terapia intensiva (UTI) Tratamento de desidratação, falência do fígado e dos rins Infecções bacterianas associadas podem ser tratadas com antibióticos Tratamento da febre amarela Dengue e arboviroses Vacinação -> dose única Controle do mosquito Preparação de resposta às epidemias - Exceção de: crianças com menos de 9 meses mulheres grávidas, pessoas com alergias graves à proteína do ovo, pessoas como imunodeficiência grave devido aos sintomas de HIV/aids e outras causas, ou quem possui disfunção na glândula timo Prevenção da febre amarela Dengue e arboviroses BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Chikungunya: manejo clínico. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 65 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança. 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 58 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 5. ed. Brasília Ministério da Saúde, 2021. 1.126 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 6. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 816 p. OLIVEIRA, E. C. L. et al. Alterações hematológicas em pacientes com dengue. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, n. 6, p. 682-685, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/fGPMvgDv9mz49fwTzLzLrDC/?format=pdf. Acesso em: 05 abr. 2022. Referências Reumatologia Reumatologia A articulação é composta por: - Cartilagem articular (hialina): tecido avascular e desprovido de inervação altamente resistente e elástico -> 95% macromoléculas (colágeno tipo II e proteoglicanos) e água e 5% condrócitos - Osso: estrutura rígida que ajuda no amortecimento do impacto - Sinóvia (membrana sinovial): principal tecido de nutrição e defesa da articulação -> sinoviócitos, células mononucleares e macrófagos - Líquido sinovial: lubrificante amarelo transparente da articulação, rico em ácido hialurônico - Cápsula fibrosa: isolamento do ambiente intra-articular - Meninsco, ligamentos, tendões e músculos: estabilizadores da articulação - Bursas: alcochoamento das articulações (entre tendões e ossos) A articulação Reumatologia Artropatias inflamatórias crônicas: artrite + duração > 6 semanas - Artrite reumatóide: acomete grandes e pequenas articulações periféricas, simétrica, fator reumatóide positivo, artrite acentuada e erosiva - Artropatias soronegativas: ausência de fator reumatóide, sinais flogísticos nas articulações acometidas, assimétrica, erosão óssea, HLA B27 - Doenças difusas do tecido conjuntivo (colagenoses): artrite periférica, sinais flogísticos discretos ou ausentes, não erosivas, fator reumatóide com baixos títulos quando positivo, manifestações extra-articulares exuberantes e polimórficas, fator antinuclear Classificação das doenças reumáticas Reumatologia Síndrome antifosfolípide: trombose e aborto; anticorpo anti-cardiolipina e outros Osteoartrite: puramente articular, incidiosa, quadro extra-articulares, fator reumatóide e antinuclear ausentes, > 50 anos,afeta articulações de carga Artropatias microcristalinas (gota): surtos autolimitados de monoartrite Artropatias infecciosas: envolvimento de 1 ou poucas articulações Artropatias reativas (febre reumática): aguda, migratória, bastante dolorosa, autolimitada, sem sequelas Artropatias metabólicas (osteoporose): não causa manifestações articulares Artropatias dependentes de outros sistemas Reumatismo de partes moles (fibromialgia) Vasculites Artropatias diversas Classificação das doenças reumáticas Reumatologia Avaliação das manifestações articulares: Número de articulações envolvidas: monoarticular (1), oligoarticular (2-4), poliarticular (> 4) Simetria x assimetria Duração: aguda x crônica (> 6 semanas) Topografia: axial x periférica Tipos de sinais flogísticos: edema, eritema, calor, derrame articular Rigidez matinal Tipo de dor: inflamatória x mecânica Intensidade Evolução da dor: progressiva x surtos x episódios autolimitados Localização da dor: difusa x localizada x regional 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Propedêutica reumatológica Reumatologia Avaliação das manifestações extra-articulares: - Pele e mucosas: fotossensibilidade, esclerodermia, alopécia, fenômeno de Raynaud, vasculite cutânea, eritema nodoso, entre outros - Coração e pulmões: pleurite, pericardite, hipertensão arterial, hipertensão pulmonar, entre outros - Aparelho genito-urinário: nefrites, cistites, uretrites e cervicites - Sistema digestório: diarreia, disfagia, refluxo gastro-esofágico, xerostomia - Olhos: conjutivite, uveíte, xeroftalmia, entre outros - Sistema nervoso: neuropatias, convulsão e coréia Propedêutica reumatológica Reumatologia Definição: Epidemiologia: - Doença inflamatória crônica - Etiologia desconhecida - Artrite simétrica e aditiva das pequenas e grandes articulações - Pode apresentar manifestações gerais e envolvimento de outros órgãos e sistemas - Maior prevalência a partir dos 40 anos - Mais prevalente em mulheres (7:1) - Predisposção genética -> antígenos HLA-DR4 e DR-1 - Fumo e fatores ambientais e hormonais são fatores de risco Artrite reumatóide Reumatologia Fisiopatologia: - Um possível agente infeccioso, viral ou bacteriano inicia processo em indivíduos geneticamente predispostos, em condições ambientais favoráveis - Resposta imunológica desregulada dirigida contra este antígeno - Interações celulares e secreção local de citocinas e de fatores de crescimento em um processo inflamatório crônico - Participação essencial dos linfócitos T auxiliadores (CD4) na passagem da imunidade inata para adaptativa - Ativação de monócitos, macrófagos e outras células presentes na articulação (sinoviócitos, condrócitos, células endoteliais e osteoblastos) -> produção de citocinas pró-inflamatórias - Edema da membrana sinovial - Proliferação das células de revestimento da membrana sinovial, aparecimento de fibrose e tecido de granulação (pannus) - Destruição da cartilagem e erosão óssea - Instabilidade articular e subluxação - Formação de nódulos reumatóides -> área central de necrose e restos celulares, cercada por várias camadas de células monocíticas Artrite reumatóide Reumatologia Quadro clínico: - Manifestação insidiosa - Quadro prodrômico de várias semanas de evolução -> fadiga, fraqueza, mal-estar, enrijecimento articular, artralgias e mialgias vagas - Acometimento poliarticular (articulações falango-falangeanas proximais, metacarpo- falangeanas, metatarso-falangeanas, punho, joelho, cotovelo e tornozelo) -> envolvimento simétrico e aditivo - Deformidades em dedos das mãos e dos pés -> dedos em pescoço de cisne - Subluxação e desvio ulnar dos dedos - Rigidez matinal > 60 min -> melhora com movimentação - Manifestações extra-articulares -> nódulos reumatóides, síndrome de Sjögren, vasculite, acometimento dos sistemas respiratório, cardiovascular, hematopoiético, Síndrome de Felty (AR + esplenomegalia + neutropenia), Síndrome de Still (artrite crônica juvenil) Artrite reumatóide Reumatologia Artrite reumatóide Reumatologia Diagnóstico: - Clínico -> presença de manifestações clínicas características e exclusão de outras artrites inflamatórias - Fator reumatóide (FR) positivo contribui para o diagnóstico -> não é específico ou patognomônico - Anti-CCP (anticorpo anti-peptídeos cíclicos citrulinados) -> mais específico, contribui para o diagnóstico principalmente nos casos iniciais e com FR negativo - Radiografia com alterações características -> porose justa articular, erosões, redução do espaço articular Artrite reumatóide Reumatologia Tratamento: - Objetiva manter capacidade funcional do paciente - Idealmente iniciar tratamento de forma precoce -> dentro das 12 primeiras semanas - Repouso, drogas anti-inflamatórias, talas, fisioterapia e cirurgia ortopédica - Todos os pacientes devem ser tratados com medicamentos modificadores do curso da doença (MMCD) -> antimaláricos (cloroquina 3-4mg/kg/dia e hidroxicloroquina – 6mg/kg/dia), sulfassalazina (0,5a1g, 2 ou 3 vezes/dia), metotrexato (padrão-ouro) e leflunomide (20mg/dia) - Uso de corticóides em casos de difícil controle e pelo menor tempo possível Artrite reumatóide Reumatologia Definição: Epidemiologia: - Doença inflamatória crônica - Auto-imune -> formação de imuno-complexos - Doença sistêmica - Prevalência em mulheres em idade fértil (10:1) - 20-30 anos de idade - Distribuição étinica universal, com maior predominância em afrodescendêntes - 10 a 20 % dos pacientes com LES apresentam história familiar de alguma doença auto- imune ou mesmo de lúpus - Influência genética -> HLA B8 de classe I Lúpus Reumatologia Fisiopatologia: Produção anormal de auto-anticorpos pelas células B Resposta imunológica inadequada - Início ou agravamento pelas alterações dos valores de estrogênio -> aumento da 16-alfa hidroxiestrona e prolactina - Alteração no metabolismo dos andrógenos -> baixos níveis de testosterona nos homens e de dehidroepiandosterona nas mulheres - Exposição à luz solar -> irradiação UV - Vírus Epstein Barr (EBV), o mixovírus, parvovírus, retrovírus podem participar do início da doença 1. 2. Lúpus Reumatologia Quadro clínico: - Febre contínua ou intermitente - Linfoadenopatia generalizada - Hepato e esplenomegalia - Perda de peso - Fadiga - Eritema facial em asa de borboleta (rash malar) -> altamente fotossensível - Fenômeno de Raynaud - Vasculite cutânea - Úlceras orais -> mais dolorosas e persistentes do que a afta - Alopecia difusa - Lesões tipo lúpus discóide - Artralgias e artrites -> pequenas e grandes articulações, padrão simétrico (pouca deformidade e ausência de erosão) - Pericardite, pleurite, anemia, lesão renal Lúpus Reumatologia Lúpus Reumatologia Diagnóstico: baseia-se em manifestações clínicas e alterações laboratoriais - Critérios de classificação de pacientes com LES (SLICC Classification Criteria) -> paciente deve presentar, no mínimo, 4 critérios (pelo menos 1 clínico e 1 imunológico) Exames laboratoriais - Fator antinuclear (FAN) em altos títulos -> positividade não é específica de LES, mas tem alto valor preditivo negativo - Anti ds-DNA, anti-Sm, anti-P -> auxiliam no diagnóstico da doença - Redução das proteínas do sistema complemento -> C3, C4 - Hemograma -> avalia anemia, leucopenia, trombocitopenia por atividade de doença e droga - Exame do sedimento urinário -> avalia proteinúria, hematúria, leucocitúria, cilindrúria - VHS e PCR Lúpus Reumatologia Lúpus Reumatologia Tratamento: - Requer definição da extensão e gravidade da doença - Tratamento multidisciplinar - Atividade física regular e adequação da dieta - Uso de antimaláricos (hidroxicloroquina) -> padrão-ouro para todos os casos - Casos leves -> hidroxicloroquina e/ou predinisona, metotrexato, leflunomida e azatioprina (AZA) se necessário - Uso criterioso e menos intenso de corticoesteroides -> pulsoterapia com esteroides para as condições com risco de vida seja feita com metilprednisolona 500 mg IV durante 3 dias Lúpus Reumatologia Definição: Epidemiologia: Fisiopatologia:- Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC): doença auto-imune rara e sistêmica, a qual apresenta altos anticorpos anti-U1 ribonucleoproteína (RNP) e manifestações clínicas comuns a mais de uma colagenose, incluindo lúpus eritematoso sistêmico (LES), polimiosite (PM), esclerose sistêmica (ES) e dermatomiosite (DM) - Síndromes de superposição: doença rara em que há presença de mais de uma doença do tecido conjuntivo em um mesmo paciente - Prevalência no sexo feminino (9:1) - Maior incidência aos 40 anos - Maior prevalência na etnia oriental - Etiologia desconhecida - Comprometimento vascular disseminado -> proliferação da camada íntima e hipertrofia da camada média em artérias e arteríolas em todos os tecidos - Processo inflamatório crônico associadas à lesão vascular Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC) Reumatologia Quadro clínico:: - Início incidioso - Artralgia -> 100% dos pacientes - Poliartrite - Fenômeno de Raynaud -> pode manifestar-se de forma grave - Edema difuso de dedos e mãos - Fraqueza muscular - Manifestações sistêmicas -> febre, adinamia, perda de peso - Esclerodactilia -> espessamento da pele dos dedos distalmente às articulações metacarpofalangeanas - Lesões cutâneas eritematosas -> livedo reticular, teleangiectasias, eritema malartrato - Sistema digestivo alto -> é frequentemente acometido - Quadro pulmonar -> responsável por alto índice de morbidade - Hipertensão pulmonar -> maior causa de mortalidade - Xeroftalmia (olho seco) - Trombocitopenia - Comprometimento renal e manifestações neuropsiquiátricas -> raros Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC) Reumatologia Diagnóstico: - Dados clínicos de história e exame físico + presença do auto-anticorpo anti-U1RNP(anti-RNP) em títulos superiores a 1:1000 por hemaglutinação + exames complementares Exames complementares - Hemograma completo - Pesquisa dos auto-anticorpos anti-RNP, anti-Sm e anti-DNAn - Dosagem de CPK e aldolase no soro - RX simples de tórax e testes funcionais com determinação da capacidade de difusão de monóxido de carbono (CO) - Esofagograma contrastado com bario - Eletroneuromiografia Diagnóstico diferencial - Lúpus eritematoso sistêmico (LES), esclerose sistêmica (ES), artrite reumatóide (AR) e dermato-polimiosite (DPM) - Os auto-anticorpos anti-DNAn (nativo ou dupla hélice) e o anti-Sm são altamente específicos para LES e portanto devem estar negativos para o diagnóstico de DMTC Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC) Reumatologia Tratamento: - Controle do processo inflamatório e da evolução da doença - Corticoterapia -> maioria absoluta dos casos - Drogas citotóxicas (metotraxate, azatioprina, micofenolato de mofetil, ciclofosfamida, entre outras) -> controle da evolução da doença - Colchicina -> doença fibrótica leve ou moderada da pele - Cloroquina, sulfassalazina e leflunomida -> doença articula - Tratamento específico para quadro esofágico e o fenômeno de Raynaud Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC) Reumatologia Definição: osteoartrose ou osteoartrite Epidemiologia: Fisiopatologia: - Prevalência de 100% na população > 85 anos - Maior acometimento da articulação do joelho - Acometimento de ambos os sexos igualmente - Uma das principais causas de perda de horas de trabalho - Desequilíbrio entre a degradação e o processo de reparação tecidual -> falência cartilaginosa - Aumento da atividade das metaloproteases (enzimas que degradam a cartilagem) - Substituição de colágeno do tipo II por colágeno do tipo I na cartilagem - Redução progressiva da espessura da cartilagem -> desnudamento do osso subcondral - Osso subcondral sofre intensa remodelação -> aumento da densidade e formação de "calos ósseos" (osteófitos ou "bico de papagaio") - Morte dos condrócitos Artrose Reumatologia Classificação: Quadro clínico: - Idiopática -> localizada ou generalizada (85% dos casos atinge as mãos) - Secundária -> localizada ou generalizada (maioria das vezes articulações que suportam carga) - Dor articular de duração e intensidade variáveis de acordo com o estado evolutivo da doença - Aparece com o início do movimento e melhora com o repouso - Evolução lenta -> meses a anos - Tende a ser difusa - Perda gradual da estabilidade articular -> limitações do movimento - Encurtamento de ligamentos, tendões, cápsula e músculos - Dor à palpação, crepitação (fina ou grosseira) aos movimentos e alargamento articular rígida à palpação (osteófitos) - Rigidez matinal, geralmente de curta duração (menos de 15 minutos) - Osteoartrite nodal (acometimento das articulações interfalangeanas) -> nódulos de Heberden e Bouchard Artrose Reumatologia Artrose Reumatologia Diagnóstico: história clínica e sintomas + achados de imagem Tratamento: - História: dor insidiosa, com poucos sinais inflamatórios em indivíduos acima de 50 anos, atingindo joelhos, quadris, coluna e mãos - Achados de imagem (radiografia, TC) -> redução do espaço articular, esclerose óssea subcondral e osteófitos - Exames laboratoriais normais -> exclusão de causas inflamatórias Não medicamentoso - Educação do paciente, programa de repouso e exercícios, bengala, palmilhas e calçados anti–impacto, estimulação elétrica transcutânea, acupuntura, cirurgia Medicamentoso - Ação rápida: analgésicos, AINEs e os miorelaxantes (1ª linha) ou corticóide, colchicina (2ª linha) - Ação lenta: diacereína, cloroquina, sulfato de glicosamina, sulato de condroitina, hidroxiprolina, ácido hialurônico, extratos insaponificados de soja e abacate (tratamento dos sintomas) ou modificadores de doença (condroprotetores) Artrose Reumatologia Definição: Epidemiologia: Fisiopatologia: - Doença auto-imune - Aumento dos níveis séricos de ácido úrico > 7mg/100 mL (hiperuricemia) -> formação de cristais de monourato de sódio nos mais diversos tecidos (articulações, regiões periarticulares, rins e subcutâneo) - Acomete principalmente homens (10:1) - Incidência entre 30 e 60 anos - Prevalência maior na etnia caucasiana - Forte influência hereditária - Aumento da produção de ácido úrico e/ou diminuição da excreção de ácido úrico pelo rim - Gota primária: gota idiopática e gota associada a defeito enzimático que leva ao aumento na produção de ácido úrico - Gota secundária: elevação do turnover de ácidos nuclêicos, tratamento quimioterápico, hiperparatiroidismo psoríase, estresse físico, estresse emocional ou diminuição na eliminação renal de ácido úrico por insuficiência e uso de drogas, intoxicação por chumbo e acidose metabólica Gota Reumatologia Quadro clínico: Hiperuricemia assintomática - Indivíduo com nível sérico de ácido úrico > 7 mg/100 mL - Ausência de manifestações clínicas Artrite gotosa aguda - Crises agudas de artrite -> início repentino e rápido desenvolvimento da dor (< 24h) - Artrite -> quase sempre monoarticular (metatarso-falangeana, membros inferiores e membros superiores) - Edema, aumento de temperatura e eritema na articulação acometida - Duração de 3-10 dias Período intercrítico e ataques recorrentes - Crises recorrentes com periodicidade de 2-4 meses -Tendência ao acometimento de mais articulações - Dor no intervalo entre as crises pode persistir - Alterações persistentes ao exame físico e radiográfico articular Gota Reumatologia Diagnóstico: Gota tofácea crônica - Pacientes com mais de 5 anos de doença - Depósito de urato nas articulações e tecidos subcutâneos periarticulares (bursa olecraneana no cotovelo, tendão do calcâneo, mãos e pés, principalmente na região dorsal, joelhos tornozelos, antebraços, punhos e orelha externa) -> formação de tofos Gota renal e urolitíase - Acometimento renal por urolitíase -> cálculos renais por ácido úrico - Nefropatia úrica -> acúmulo de ácido úrico no interstício renal - História sugestiva de gota - Hiperuricemia (>7 mg/100 mL) -Presença de tofos -> achado patognomônico - Quadro radiológico sugestivo -> erosões ósseas em forma de concha (saca-bocados), neoformações ósseas, cistos ósseos, esclerose óssea, tofos Gota Reumatologia Tratamento: Exames laboratoriais - Ácido úricosérico - Provas de atividade inflamatória -> VHS, PCR - Uricosúria de 24h - Punção do líquido sinovial - Hemograma completo - Dosagem de colesterol, glicemia e triglicérides Exames de imagem - Raio-X e TC Crise articular - 1ª linha: AAS - 2ª linha: corticoide - 3ª linha: colchicina Hiperuricemia - Uricosúricos -> benzbromarona, probenecide, sulfinpirazona - Inibidores da síntese de ácido úrico -> alopurinol Gota Reumatologia Gota Reumatologia COSTALLAT, Lílian T. L. Doenças indiferenciadas, doença mista do tecido conjuntivo e síndrome de superposição. In: CARVALHO, Antonio P. et al. Reumatologia: diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. p. 467-473. DELLAVANCE, Alessandra et al. O laboratório nas doenças reumáticas. In: CARVALHO, Antonio P. et al. Reumatologia: diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. p. 65-81. LANNA, Cristiana C. D.; FERREIRA, Gilda A.; TELLES, Rosa W. Lupus eritematoso sistêmico. In: CARVALHO, Antonio P. et al. Reumatologia: diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. p. 378-410. MAGALHÃES, Eduardo P.; SAMARA, Adil M. Anamnese e exame físico. In: CARVALHO, Antonio P. et al. Reumatologia: diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. p. 41-64. PINTO, Maria R. C. et al. Artrite reumatóide. In: CARVALHO, Antonio P. et al. Reumatologia: diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. p. 303-328. Referências Antitérmicos Antitérmicos AINEs estão entre os agentes terapêuticos mais amplamente utilizados AINEs possuem efeitos indesejáveis significativos, particularmente nos indivíduos idosos -> alterações digestivas A recomendação para uso de antitérmicos em crianças deve ser feita quando a febre está associada a desconforto evidente (choro intenso, irritabilidade, redução da atividade, redução do apetite, distúrbio do sono) e não baseado em um número de temperatura predeterminado Em adultos e crianças, usam-se os mesmos esquemas terapêuticos para controle de dor e febre A via de administração preferencial é a oral Contraindicação: esquema alternado de administração do paracetamol, ibuprofeno e dipirona não mostra benefícios em relação ao esquema monoterapêutico em nenhuma associação utilizada Indicações e contraindicações Antitérmicos AINEs têm 3 efeitos farmacológicos principais: anti- inflamatório, analgésico e antipirético Efeito antipirético é obtido pela inibição da produção de prostaglandinas (PGE2) no hipotálamo pela inibição das ciclooxigenases (COX-1 e COX-2) OBS: paracetamol e dipirona inibem produção de COX-3 a nível do SNC Mecanismo de ação Antitérmicos Posologia Antitérmicos Posologia Antitérmicos Posologia Antitérmicos Posologia Antitérmicos BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Uso racional de medicamentos: temas selecionados. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 156 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) PEREIRA, N. G. Febre e seus mecanismos. Exame clínico e encaminhamento. Diagnóstico do paciente febril. In: COURA, J. R. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. p. 240-248. PURSSELL, E. Uso de antipiréticos em crianças: mais do que apenas temperatura. J Pediatr, v. 89, p. 1-3, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jped/a/DWcbvV4QYZFVcz9x3ws3Dvs/?format=pdf&lang=pt. Referências Antibióticos Antibióticos Bactérias são células procarióticas -> mais simples do que as eucarióticas e mais antigas evolutivamente - Geralmente não possuem organelas envoltas por membranas - Citoplasma - Ribossomos 70S - Membrana plasmática - DNA circular - Nucleoide -> contém RNA - Parede celular de peptideoglicano - Flagelos -> locomoção -Cápsula -> importante mecanismo de virulência bacteriana - Plasmídeo -> codifica informações como genes de resistência a antibióticos ou para a produção de toxinas Estrutura e metabolismo bacterianos Antibióticos Formatos: - Esfera: cocos - Bastão: bacilos - Espiral: espiroquetas Estrutura e metabolismo bacterianos Antibióticos Crescimento bacteriano: ocorre por divisão binária ou brotamento Fatores necessários para crescimento bacteriano: Aeróbios obrigatórios: só crescem na presença de oxigênio Anaeróbios obrigatórios: podem ser mortos pelo oxigênio e não utilizam ele para suas reações de produção de energia Anaeróbios facultativos: crescem na presença do ar atmosférico, mas podem também crescer na sua ausência - Físicos: pH, temperatura, pressão osmótica, atmosfera gasosa -Químicos: carbono, nitrogênio, enxofre, fósforo e oligoelementos Estrutura e metabolismo bacterianos Antibióticos Gram-positivas: Gram-negativas: - Adquirem coloração azul na coloração de Gram - Camada espessa de peptídeoglicano, ácidos teicoicos e fosfato - Sensíveis à penicilina - Adquirem coloração vermelha na coloração de Gram - Fina camada de peptídeoglicano no espaço periplasmático e uma membrana externa –> bicamada lipídica que contém lipopolissacarídeos/endotoxina (LPS), lipoproteínas e porinas - Costumam ser resistentes a determinados antibióticos -> importância clínica - Treponema pallidum (sífilis), Vibrio cholerae (cólera), Chlamydia trachomatis (clamidíase), Neisseria meningitidis (meningite bacteriana), Neisseria gonorrhoeae (gonorreia), Yersinia pestis (peste bubônica), Bordetella pertussis (coqueluche), Salmonella (febre tifoide), Escherichia coli (infecções intestinais e urinária) Bactérias gram-positivas e gram-negativas Antibióticos Bactérias gram-positivas e gram-negativas Antibióticos Cepas resistente presentes na comunidade: - Salmonela spp. e Shigella spp. -> resistentes às quinolonas - Neisseria spp. -> resistente à penicilina - Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae -> resistentes à penicilina e aos macrolídeos - Staphylococcus aureus MRSA -> resistente à meticilina (oxacilina) - Acinetobacter spp. e Pseudomonas aeruginosa -> resistentes a cefalosporinas, carbapenêmicos, quinolonas e aminoglicosídeos - Klebsiella pneumoniae -> resistentes às cefalosporinas - KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) -> resistentes aos carbapenêmicos Resistência bacteriana Antibióticos Fatores que favorecem a resistência bacteriana: - Uso frequente ou inadequado de antimicrobianos no ambiente hospitalar - Uso crescente de dispositivos e procedimentos invasivos - Aumento da sobrevida de pacientes imunodeprimidos - Falhas em estabelecer medidas de prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde - Enorme quantidade de antimicrobianos utilizados na agricultura e na criação de animais Resistência bacteriana Antibióticos Mecanismos de resistência bacteriana: - Alterações no sítio de ação do antimicrobiano -> causadas por mutações ou modificações devido à produção de enzimas bacterianas - Modificação da molécula de antimicrobiano por enzimas bacterianas - Alteração dos canais de entrada (porinas) do antimicrobiano na célula bacteriana - Expulsão dos agentes antimicrobianos após a sua entrada na célula bacteriana -> hiperexpressão dos sistemas de efluxo bacteriano Resistência bacteriana Antibióticos Mecanismos de ação dos antibióticos Antibióticos Antibióticos dependentes do tempo: o que importa é o tempo de exposição acima da concentração inibitória mínima (CIM) para atingir efeito contra os microorganismos sensíveis -> necessário maior frequência de administração - Penicilinas -Cefalosporinas - Vancomicina - Claritromicina Esquema posológico dos antibióticos Antibióticos Antibióticos dependentes da concentração: o que importa é a concentração da droga, que quanto maior for, mais rápida será a erradicação do patógeno-> necessário alta dose de administração - Aminoglicosídeos - Metronidazol Esquema posológico dos antibióticos Antibióticos Antibióticos dependentes da área sob a curva de concentração (AUC): o que importa é a concentração da droga e o tempo e o tempo de exposição acima da curva de concentração inibitóriamínima - Fluoroquinolonas - Azitromicina - Linezolida Esquema posológico dos antibióticos Antibióticos Grupos de beta-lactâmicos pertencentes à classe: penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos e monobactans Atuam em sítios bacterianos específicos Não têm um alvo comum com a célula humana São preferencialmente utilizados, pois apresentam menos reações adversas Anel betalactâmico em sua estrutura química Compartilham o mesmo modo de ação Possuem espectro de ação e propriedades farmacocinéticas bem distintas Atuam inibindo a síntese de peptideoglicanos Beta-lactâmicos Antibióticos Formação da parede celular de peptídeoglicano: - Formadas pela repetição intercalada de unidades dos dissacarídeos ácido N- acetilmurâmico (NAM) e N-acetilglucosamina (NAG) - Cadeias curtas de pentapeptídeos terminadas em uma sequência D-Asp-D-Ala- D-Ala fazem a conexão entre NAM de uma camada com Nam da camada subjacente - Grupo de enzimas chamadas transpeptidases catalisam a formação das ligações cruzadas Beta-lactâmicos Antibióticos Etapas da formação da parede celular de peptídeoglicano: 1º estágio: - Ocorre no citoplasma - Formação do percursor: difosfato de uridina (UDP)-acetilmuramil-pentapeptídeo - A última reação da síntese desse composto consiste na adição de D-alanil-n- alanina 2º estágio: - Formação de um polímero longo: ligação do UDP-acetilmurarnilpentapeptídeo com a UDP-acetilglicosarnina Beta-lactâmicos Antibióticos 3º estágio: - Ocorre fora da membrana celular das bactérias gram-positivas e dentro do espaço periplasmático das bactérias gram-negativas - Finalização da ligação cruzada - Efetuada pelas enzimas peptidoglicano-glicosil transferases -> proteínas ligadoras de penicilinas (PLPs) - Inibida pelos antibióticos beta-lactâmicos e glicopeptidicos, inclusive a vancomicina (por um mecanismo diferente daquele dos beta-lactâmicos) -Os antimicrobianos betalactâmicos inibem eficientemente a ação dessas transpeptidases, porque estas enzimas os reconhecem como análogos estruturais dos terminais D-alanina-D- alanina -> enfraquecimento da parede celular, lise celular e morte por pressão osmótica (bactericidas) Beta-lactâmicos Antibióticos Beta-lactâmicos Antibióticos Química: - Anel de tiazolidina + anel beta-lactâmico + cadeia lateral - Núcleo da penicilina é o principal requisito estrutural para a atividade biológica -> alteração nessa região leva à perda de toda atividade antibactericida significativa - Cadeia lateral determina características farmacológicas de cada tipo específico de penicilina - Penicilinas semissintéticas são produzidas a partir do acréscimo de cadeias laterais -> alteram a sensibilidade dos compostos resultantes às enzimas inativadoras (beta-lactamases) Mecanismo de ação: inibição da síntese da parede celular bacteriana de bacilos gram-negativos aeróbicos e facultativos e gram-positivos Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos Classificação: Penicilinas naturais ou benzilpenicilinas: - Tipos: penicilina cristalina, penicilinas G e penicilina V - Excreção renal -> ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal - Alimento interfere na absorção - As 1ªs penicilinas não eram utilizadas via oral -> mais potentes via parenteral (sensíveis ao ácido estomacal), mas mesmo assim tinham efeito pouco duradouro, necessitando várias aplicações - As 1ªs penicilinas não eram ativas contra gram-negativas - Foram desenvolvidos sais que, associados à penicilina, diminuíam sua solubilidade, ampliando seu tempo de ação -> benzilpenicilina-procaína ou benzil-penicilina- benzantina ("benzetacil") Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos PENICILINA CRISTALINA OU AQUOSA - Restrita ao uso IV - Meia-vida de 30-40 min - Ampla distribuição em todos os tecidos do corpo - Ultrapassa a BHE em concentrações terapêuticas -> tratamento opcional para meningites causadas por cepas sensíveis PENICILINA G PROCAÍNA - Apenas para uso IM - Associação com procaína retarda o pico máximo e aumenta os níveis séricos e teciduais por um período de 12 h - Sensível à ação das penicilases - Altamente ativa contra cepas sensíveis de cocos gram-positivos Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos PENICILINA G BENZANTINA - Apenas para uso IM - Penicilina de depósito, pouco hidrossolúvel -> níveis séricos permanecem por 15 a 30 dias, conforme a dose utilizada - Fármaco de escolha para o tratamento da sífilis e profilaxia de febre reumática PENICILINA V (FENOXIMETILPENICILINA) - Apenas para uso oral - Níveis séricos de 2 a 5 vezes maiores do que os obtidos com as penicilinas G administradas via IM - Distribuição tecidual similar à penicilina G Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos Aminopenicilinas: - Penicilinas semissintéticas -> adição de grupo amino na cadeia lateral - Espectro de ação mais amplo do que as benzilpenicilinas -> atividade contra gram-negativos e gram-positivos - Boa absorção oral e parenteral - Cepas resistentes à penicilina devem ser consideradas resistentes às aminopenicilinas - Tipos: ampicilina e amoxicilina - Excreção renal (ajuste de dose) e hepática - Meia-vida: 80 min - Sem interferência do alimento na absorção Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos AMPICILINA - Meia-vida: 3h - Não deve ser utilizada com intervalos maiores que 6 h - Boa distribuição em todos os compartimentos orgânicos - Bem absorvida via oral -> ingestão de alimentos diminui sua absorção - Ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal AMOXICILINA - Grupo hidroxila na cadeia benzênica - Alcança níveis no LCR inferiores à ampicilina -> não é vantajosa para o tratamento de pacientes com meningoencefalites bacterianas - Amoxicilina é preferida à ampicilina para utilização oral, com intervalos de 8 h - Menos eficaz do que a ampicilina no tratamento da shigelose Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos Penicilinas resistentes à penicilase: - Desenvolvidas devido à produção de betalactamases pelos estafilococos após criação da penicilina G - Tipo: oxacilina -> equivalente à meticilina - Excreção renal e hepática (sem necessidade de ajuste de dose) OXACILINA - Apenas para uso IV - Fármaco de escolha para cepas de Staphylococcus aureus sensíveis (MSSA) Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos Penicilinas de amplo espectro: - Penicilinas associadas com inibidores de beta-lactamases - Inibidores de beta-lactamases: ácido clavulânico, sulbactam, tazobactam - Os inibidores de beta-lactamases, quando associados a antimicrobianos beta-lactâmicos, ligam-se às beta-lactamases, evitando a hidrólise do anel beta-lactâmico e potencializando sua atividade -> potencializam o efeito das penicilinas por inibirem a sua degradação Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos AMOXICILINA + ÁCIDO CLAVULÂNICO - Meia-vida: 1h - Excelente atividade contra S. aureus e anaeróbios produtores da betalactamases - Ativo contra H. influenzae e Moraxella catarrhalis produtoras de betalactamases TICARCILINA + ÁCIDO CLAVULÂNICO - Meia-vida: 1h - Indicada em infecções graves causadas por E. coli, Klebsiella spp., Proteus spp., Enterobacter spp., Pseudomonas aeruginosa, Serratia spp., Providencia spp., S. aureus sensível a meticilina (oxacilina) e Bacteroides fragili Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos AMPICILINA + SULBACTAM - Meia-vida: 1h - Ativa contra cepas produtoras de betalactamases, incluindo S. aureus, H. influenzae, M. catarrhalis, E. coli, Proteus spp., Providencia spp., Klebsiella spp. e anaeróbios - Boa atividade contra cepas de Acinetobacter spp. -> excelente opção para o tratamento de infecções por esse microrganismo - Não têm atividade contra P. aeruginosa ou cepas de Enterobacteriaceae indutoras de betalactamases PIPERACILINA + TAZOBACTAM - Meia-vida: 0,7 a 1,2 h - Ativa contra todas as cepas de S. aureus sensível a meticilina (oxacilina), estreptococos, enterococos e anaeróbios - Maioria das P. aeruginosa é resistente a essa associação - In vitro e in vivo, todos os anaeróbios gram-positivos e negativos são suscetíveis à combinação Beta-lactâmicos: penicilinasAntibióticos Principais indicações: - Microrganismos sensíveis em pneumonias comunitárias por pneumococo - Otites e sinusites - Faringites e epiglotites - Infecções cutâneas por estreptococos (erisipelas) - Meningites bacterianas - Infecções do aparelho reprodutor - Endocardites bacterianas Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos Efeitos adversos: Interações medicamentosas: - Em geral, pouca toxicidade - Causa mais comum de alergia aos fármacos - Efeitos adversos mais comuns: náusea, vômitos e diarreia - Antibióticos bacteriostáticos - Contraceptivos orais -AINEs - Probenecida (tratamento da gota) -Alopurinol -Metotrexato - Varfarina Beta-lactâmicos: penicilinas Antibióticos Química: Mecanismo de ação: inibição da síntese da parede celular bacteriana de bacilos gram-negativos aeróbicos e facultativos e gram-positivos-> mecanismos semelhantes aos das penicilinas Classificação em gerações: - Núcleo ácido 7-aminocefalosporâmico - Mais estáveis em ácido diluído - Altamente resistentes às penicilases - Derivados semissintéticos da cefalosporina C -> produzida pelo fungo Cephalosporium - Da 1ª para a 3ª geração a atividade contra gram-negativo vai aumentando e atividade contra gram-positivo vai diminuindo Beta-lactâmicos: cefalosporinas Antibióticos 1ª geração: cefalexina, cefadroxila, cefaclor, cefalotina e cefazolina - Boa atividade contra bactérias gram-positivas (estafilococus) e atividade moderada contra gram- negativas - Muito susceptível às beta-lactamases - Possui atividade contra MSSA - Não possui atividade contra MRSA - Úteis em grande quantidade de infecções mais cotidianas - Excretadas inalteradas na urina -> ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal moderada a grave 2ª geração: cefuroxima e cefoxitina - Atividade ligeiramente aumentada contra bactérias gram-negativas - Não possui atividade contra MRSA - Subgrupo com atividade aumentada contra H. influenzae (cefuroxima) - Subgrupo com atividade contra Bacterióides (cefaminas) Beta-lactâmicos: cefalosporinas Antibióticos 3ª geração: ceftriaxona, cefotaxima e ceftazidima - Menos ativas que a 1ª geração contra gram-positivos - Maior atividade contra Enterobacteriacea, incluindo cepas produtoras de beta-lactamases - Terapia de escolha para meningite gram-negativa - Alternativas úteis aos aminoglicosídeos no tratamento de infecções gram-negativas resistentes a outros betalactâmicos OBS: hoje em dia utiliza-se mais as de 3ª do que as de 2ª geração pelo fato de ambas terem o mesmo perfil de ação OBS 2: Ceftriaxona -> t1/2 de 6,4h; administrada 1-2x/dia; terapia de gonorreia resistente à penicilina, doença de Lyme, meningite por H. influenzae e meninigite em crianças; pode causar síndrome da pseudolitíase biliar (formação de "lodo" no tratao biliar composto por cristais de ceftriaxona); excretada na bile; não necessário ajuste de dose em pacientes com insufuciência renal 4ª geração: cefepima e cefoperazona - Espectro ampliado de atividade em comparação com a 3ª geração - Maior estabilidade à hidrólise por beta-lactamases mediadas por plasmídios e cromossomos - Úteis no tratamento empírico de infecções graves dos pacientes hospitalizados (gram-positivos) Beta-lactâmicos: cefalosporinas Antibióticos Beta-lactâmicos: cefalosporinas Características gerais: Efeitos adversos: efeitos sobre TGI (náuseas, vômitos, diarreia), assim como a maioria doas antibióticos, devido efeito sobre a flora comensal residente Interações medicamentosas: a mais importante é com os antiácidos, que podem reduzir efeito das cefalosporinas 5ª geração: ceftobiprole e ceftarolina - Possui atividade contra MRSA - Tratamento empírico das infecções hospitalares, nas quais se espera resistência - Administração oral: cefalexina, cefradina, cefaclor, cefadroxila, loracarbefe, cefprozila, cefpodoxima proxetila, ceftibuteno e cefuroxima axetila - Administração IM ou IV: demais cefalosporinas - Excreção pincipalmente renal (exceção: cefpiramida e cefoperazona -> excreção pela bile) - Penetração no LCR (exceto 1ª e 2ª geração), placenta, pleura, líquido sinovial, pericárdio, humor aquoso - Risco de reações cruzadas (alérgicas) entre cefalosporinas e penicilinas -> nem todos os pacientes alérgicos à penicilina possuem contraindicação absoluta às cefalosporinas, apenas aqueles que tiveram reações graves e recentes (até 6 meses) contra as penicilinas - Em geral, são bem toleradas Química: Mecanismo de ação: - Anel beta-lactâmico acoplado e uma estrutura anular de cinco elementos - Difere das penicilinas por ser insaturado e conter um átomo de carbono em lugar do átomo de enxofre - Derivados de um composto produzido por Streptomyces cattleya - O mesmo dos beta-lactâmicos - Muito resistente à hidrólise pela maioria das beta-lactamases - Espectro de ação mais amplo do que os outros beta-lactâmicos - Atividade contra microorganismos aeróbicos e anaeróbicos -> Estreptococos, Enterococos, Estafilococos e Listeria Antibióticos Beta-lactâmicos: carbapenéns Antibióticos Fármacos: meropeném, imipeném, doripeném, ertapeném, aztreonam - Meropeném apresenta amplo espectro de atividade contra gram- positivos e gram-negativos, mas não é adequadamente eficaz contra MRSA - Imipeném apresenta atividade um pouco superior contra gram-positivos e o - Ertapeném não tem atividade contra P. aeruginosa e A. baumannii - Aztreonam não tem ação contra gram-positivos -> mesmo espectro de ação dos aminoglicosídeos, mas mecanismo de ação dos carbapenéns Beta-lactâmicos: carbapenéns Antibióticos Características gerais: Efeitos adversos: - Baixa ligação à proteína plasmática - Excreção predominantemente renal (ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal) - Penetração na maioria dos sítios de infecção - Utilizados no tratamento de infecções em que exista forte suspeita de microbiota aeróbia e anaeróbia e infecções causadas por organismos multirresistentes -> bactérias hospitalares resistentes a cefalosporinas - Espectro de ação mais amplo do que os demais beta-lactâmicos - Não possuem atividade contra MRSA - Apenas via parenteral - Reações cruzadas com penicilinas e cefalosporinas - Ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal - Geralmente são bem tolerados - Podem reduzir o limiar de convulsão Beta-lactâmicos: carbapenéns Antibióticos Química: peptídeos não ribossomais cíclicos ou policíclicos glicosilados Mecanismo de ação: Mecanismos de resistência bacteriana: - Inibem a síntese da parede celular de bactérias sensíveis através de sua ligação de alta afinidade à extremidade terminal D-alanil-D-alanina de unidades precursoras da parede celula - Incapazes de penetrar na membrana externa de bactérias gram- negativas - Bactericidas contra cepas sensíveis -> exceção de enterococos - Não há reação cruzada entre glicopeptídeos e beta-lactâmicos - Alteração do alvo D-alanil-D-alanina em D-alanil-D-lactato ou D-alanil- D-serina - Cepas que são resistentes a múltiplos antibióticos, incluindo estreptomicina, gentamicina e ampicilina Inibidores da síntese da parede celular: glicopeptídeos https://en.wikipedia.org/wiki/Nonribosomal_peptide https://en.wikipedia.org/wiki/Glycosylation Antibióticos Fármacos: vancomicina e teicoplanina Vancomicina: - Meia-vida: 6h - Utilizada contra MRSA e outros microorganismos multirresistentes - Atividade antimicrobiana contra estafilococos, cocos gram-positivos e bacilos gram-positivos -> não tem atividade contra gram-negativos - Não é absorvida significativamente por via oral -> utilizada por essa via somente para o tratamento de infecções graves por C. dificile - VRSA: Estafilococus aureus resistente à vancomicina - Excreção renal (necessário ajuste de dose) - Efeitos colaterais: febre, calafrios e flebite, e o mais temido é a ototoxicidade Inibidores da síntese da parede celular: glicopeptídeos Antibióticos Teicoplanina: - Meia-vida: 100h - Excelente atividade bactericida contra organismos gram-positivos aeróbios e anaeróbios - Não é ativa contra bactérias gram-negativas - Pode exibiratividade contra Enterococcus faecium carreadores do gene VanB ou VanD, que apresentam resistência à vancomicina - Não é absorvida por via oral - Excelente penetração nos tecidos e fluidos de tecido - Pobre penetração no LCR - Excreção renal (ajuste de dose) - Efeitos adversos: dor no local da injeção, flebite, erupção cutânea, broncospasmo e eosinofilia -> nefrotoxicidade e ototoxicidade são raras Inibidores da síntese da parede celular: glicopeptídeos Antibióticos Química: peptídeo cíclico de 13 aminoácidos ligados a uma cauda lipofílica com alto peso molecula Mecanismo de ação: Fármaco: daptomicina Características gerais: Efeitos adversos: lesão do sistema musculoesquelético (rabdomiólise) - Liga-se às membranas bacterianas -> despolarização, perda do potencial de membrana e morte celular - Atividade bactericida que depende da concentração - Seletivamente ativo contra bactérias gram-positivas aeróbicas, facultativas e anaeróbica - Administração IV -> pouco absorvida por via oral - Toxicidade direta para o músculo impede a sua injeção IM - Ajuste da dose quando a depuração da creatinina é < 30 mL/min Inibidores da síntese da parede celular: lipopeptídeos Antibióticos Química: Mecanismo de ação: Fármacos: gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e espectinomicina - Aminoaçúcares ligados a um anel aminociclitol por ligações glicosídicas - São concentração-dependentes - Efeito pós-antibiótico -> persistência de uma atividade bactericida residual após a queda da concentração sérica abaixo da concentração inibitória mínima CIM) - Atividade antimicrobiana acentuadamente reduzida no ambiente anaeróbico - Ligam-se aos polissomos (subunidade 30S dos ribossomos) -> interferem na síntese de proteínas, levando a erros de leitura e terminação precoce da tradução do mRNA - Inibidores bactericidas da síntese proteica Inibidores da síntese proteica: aminoglicosídeos Antibióticos Inibidores da síntese proteica: aminoglicosídeos Antibióticos Mecanismos de resistência bacteriana: Características gerais: Efeitos adversos: - Alteração dos sítios de ligação no ribossomo - Alteração na permeabilidade - Modificação enzimática do fármaco - Administrar via IM ou IV -> pouco absorvíveis via oral - Quanto maior a concentração do fármaco, mais rápido e maior o seu efeito bactericida - Distribuem-se bem no líquido extracelular, mas sua concentração intracelular é pequena - Associação com beta-lactâmicos aumenta atividae contra gram-positivos - Em geral NÃO são 1ª linha de tratamentos - São eliminados quase que inalterados por filtração glomerular (ajuste de dose em pacientes com insufuciência renal) - Somente contra bactérias aeróbicas - Ototoxicidade e disfunção vestibular - Nefrotoxicidade - Bloqueio neuromuscular - Pouco potencial alergênico - Sem colite pseudomembranosa Inibidores da síntese proteica: aminoglicosídeos Antibióticos Antibioticoterapia em pacientes gestantes Antibióticos Antibioticoterapia em lactantes Antibióticos BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. EYLER, R. F.; SHVETS, K. Clinical Pharmacology of Antibiotics. Clinical Journal of the American Society of Nephrology, v. 14, n. 7, p. 1080-90, 2019. GALES, A. C. et al. Antimicrobianos. In: SALOMÃO, R. et al. Infectologia: bases clínicas e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 533-56 Referências
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