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Conceito: • É a parte da teoria geral do direito que se propõe examinar as possibilidades de construção de um sistema jurídico. A noção de sistema jurídica: • A realidade é caótica, e o Direito também está inserido no caos, é possível com tudo, ordenar racionalmente os elementos normativos do Direito dentro de um modelo racional de compreensão. ➢ Ex: o sistema jurídico, de todas as concepções desenvolvidas a mais importante continua a ser a proposta da pirâmide normativa de Hans Kelsen e seu discípulo Adolf Merkel. • Para Hans Kelsen e Merkel, o sistema jurídico seria um conjunto de normas hierarquizadas com base na maior ou menor generalidade, relacionando-se através de laços de validade. O problema da completude: as lacunas e a integração jurídica. • Um dos grandes debates da teoria do Direito diz respeito à completude de um lado os defensores da completude, geralmente positivistas, sustentam que o Direito conseguiria regular toda a vida social, não apresentando lacunas, o Direito regularia toda a vida pessoal. • De outro lado os defensores da incompletude, sustentam que a ordem jurídica não conseguiria disciplinar toda a vida em sociedade, surgindo assim, as lacunas. • Argumentos em prol da completude (visão positivista): ➢ 1 – O Direito seria completo pois sempre seria possível utilizarmos o argumento lógico, tudo o que não está juridicamente proibido, está juridicamente permitido. ➢ 2 – O Direito seria completo pois os jogadores são obrigados a decidir, mesmo diante da falta ou da obscuridade da lei, sendo a decisão judicial da resposta prevista pelo sistema jurid. ➢ 3 – O Direito é tão completo que ele prevê os mecanismos de integração do Direito, quando surgirem lacunas provisórias. • Argumento em prol da incompletude: ➢ 1 – O Direito é aberto pois a sociedade se transforma no plano cultural, gerando a necessidade da produção de novas normas jurídicas. ➢ 2 – O Direito é aberto e lacunoso pois ele próprio já se reconhece como tal ao prever os instrumentos de integração. ➢ 3 – O Direito é incompleto pois o legislador não consegue regular toda a vida social (o mito do legislador racional). • Integração jurídica: conceitos e integração jurídica. ➢ No mundo jurídico existe 4 instrumentos de integração, que podem ser usados de modo isolado ou em conjunto, sem que haja hierarquia previa (analogia, costumes, princípios gerais do Direito e equidade). 1. Analogia: é a aplicação de uma norma jurídica que trata de uma dada situação social, a uma outra situação social semelhante, que carece de uma previsão normativa expressa. 2. Costume: é o conjunto de práticas sociais que criam uma instancia normativa que pode ser usada para o preenchimento das lacunas jurídicas. Ex: a possibilidade de preenchimento das lacunas contratuais através dos costumes, com base no código civil brasileiro. 3. Princípios gerais do Direito: São princípios expressos ou implícitos que apontam os valores e fins maiores do sistema jurídico, aproximando o Direito da moral e potencializando a realização da justiça. Ex: aplicação do princípios da insignificância penal nos chamados crimes famélicos, (por sobrevivência). Introdução ao estudo do Direito 2ª unidade Caderno IED – Prof. Ricardo Maurício FBDG Por: Carla Pirajá Lacunas jurídicas • São as imperfeições que comprometem a totalidade do sistema jurídico. • Existem 3 tipos de lacuna (as normativas, fáticas e valorativas/ axiológicas). ➢ Normativa: Consiste na ausência de uma norma expressa que venha a tratar de um determinado fato da convivência humana ✓ Ex: ausência da legislação sobre grandes fortunas no Brasil. ➢ Fática ou ontológica: configura-se toda vez que a norma jurídica vigente perder contato com a realidade social, tendo em vista a perda de efetividade. ✓ Ex: jogo do bicho, adultério. ➢ Valorativa ou axiológica: Consiste na discrepância entre a norma e a noção de justiça existente num dado contexto histórico e social. Surge a partir da perda da legitimidade da normatividade jurídica. ✓ Ex: legitima defesa da honra. ✓ Art. 14 – obrigatoriedade do voto. Problema da coerência • Trata-se da necessidade de superação das eventuais contradições. Existentes entre as normas jurídicas, que geram uma situação de indefinibilidade dos conflitos. • Denomina-se antinomia jurídica o conflito entre uma norma que proíbe e uma norma que permite o mesmo comportamento humano. • A ciência jurídica oferece diversos critérios para a solução das antinomias, são eles o critério hierárquico; o critério cronológico; o critério da especialidade; e a ponderação de bens e interesses. • Os três primeiros são usados para a solução de conflitos entre regras jurídicas com a prevalência do critério hierárquico. • E por fim a ponderação de bens e interesses é usada para solucionar os conflitos entre os princípios jurídicos. Critério hierárquico: Havendo conflitos de diferentes normas, prevalece a de maior hierarquia (pirâmide normativa). (copiar caderno duda) • Trata-se do vínculo intersubjetivo que surge a partir da materialização de uma norma jurídica no mundo dos fatos, polarizando de um lado um sujeito ativo titular de um direito subjetivo e de um outro lado um sujeito passivo obrigado ao cumprimento de um dever jurídico. • Bem como é o nexo intersubjetivo que justifica a aplicação de uma sanção jurídica diante da ocorrência de uma ilicitude. Características • Toda relação jurídica apresenta duas importantes características: a bilateralidade que decorre da intersubjetividade e a exterioridade que resulta da concretização de comportamentos humanos no mundo dos fatos. Elementos constitutivos da relação jurídica • Fato jurídico: ➢ É todo e qualquer evento natural ou humano que materializa uma hipótese abstrata de uma norma jurídica, produzindo assim consequências do mundo do Direito. ✓ Natural: portanto, independente da vontade humana, verifica-se o chamado fato jurídico em sentido restrito, (stricto sensu). Exemplo: a morte natural, a passagem do tempo. ✓ Humano: Depende da vontade dos humanos, é um ato jurídico. Exemplo: contratos • Sujeito de direito: ➢ São entes que integram os diversos polos da relação jurídica. ✓ Personalizados: São entes que estão notados de personalidade, sendo a aptidão genérica para contrair obrigações e titularizar direitos, por força da possibilidade de convivência social. ⎯ Nem todo sujeito de direito é pessoa. ⎯ Há pessoas físicas ou naturais: dotadas da existência corpórea, que surge a partir do nascimento com vida. ⎯ Há pessoas jurídicas: pessoas dotadas de existência abstrata ou ficta, criadas geralmente pelas pessoas físicas pela realização de alguma atividade social. ⎯ Existe pessoas jurídicas de direito público que representam coletividades no plano internacional ou interno. Ex: organizações internacionais, estados soberanos et. • Despersonalizados: ➢ São entes desprovidas de personalidade diante da impossibilidade de convivência social. Ex: Nascituro ✓ Discutisse atualmente o surgimento de novos surgimento de novos sujeitos de direito. Ex: animais domésticos e entes dotados de inteligência artificial. Direito subjetivo • É o conjunto de faculdades e de poderes conferidos pelas normas jurídicas ao sujeito ativo da relação jurídica. • O direito de propriedade de as faculdades de usa/gozar/dispor e reaver um bem. • Tipos de direitos subjetivos: ➢ Patrimoniais x não patrimoniais ✓ Patrimoniais: São aqueles direitos que têm conteúdo econômico. Ex: direito de propriedade privada. ✓ Não-patrimoniais: São aqueles que não têm conteúdo econômico. Ex: direito a vida. ➢ Absoluto xrelativo ✓ Absoluto: É aquele direito exercido contra toda a comunidade jurídica (sujeito passivo indeterminado). ✓ Relativo: são aqueles direitos que são exercidos contra um sujeito passivo específico indeterminado. Ex: direito de crédito trabalhista. ✓ É aquele direito exercido no âmbito das relações entres os particulares. Ex: crédito comercial Dever jurídico • É um conjunto de obrigações assumidas pelo sujeito passivo da relação jurídica. • Pode compreender isoladamente ou em conjunto qualquer destas obrigações: ➢ De fazer (realizar um dado comportamento positivo, ex: prestação de serviço); ➢ De dar (entrega de um bem, ex: pagamento de fatura de cartão de crédito); ➢ De não fazer (necessidade de uma omissão/abstenção, ex: não matar, respeitar a integridade física alheia, sigilo profissional). • Tipos de dever jurídico: ➢ Instantâneo x sucessivo ✓ Instantâneo: aquele eu se consuma temporalmente em um único ato. Ex: pagamento a vista. ✓ Sucessivo: se sujeito ao tempo compreendo a diversos atos. Ex: pagamento de pensão alimentícia. ➢ Patrimonial x não patrimonial ✓ Patrimonial: É aquele dever jurídico que possui conteúdo econômico. Ex: pagamento. ✓ Não patrimonial: É aquele dever jurídico que não possui conteúdo econômico. Ex: respeito a vida, a realidade religiosa. ➢ Publico x privado ✓ Público: é aquele dever jurídico que é cumprido em uma relação entre o estado e particulares. Ex: prestação de serviço. ✓ Privado: Consiste no dever jurídico cumprido pelos particulares, Ex: pagamento de salário. Ilicitude • É qualquer conduta positiva ou negativa que contraria os preceitos da normatividade jurídica. Trata-se da mais grave forma de infração ética. • Positivo: homicídio, omissão de socorro • Pode se configurar tanto pelo descuido do dever jurídico e na de implemento, tanto pelo exercício desproporcional de um direito, um abuso de direito. Jusnaturalismo • É uma doutrina dos direitos naturais, que são direitos absolutos e universais que resultariam de um código ético de justiça que estaria gravado na própria natureza humana. • Fases do jusnaturalismo: ➢ Cosmológico: Identifica os direitos naturais e ajustiça com a ideia de uma harmonia cósmica. Se conectar com o universo. ➢ Teológico: Identifica a justiça e os direitos naturais com a vontade de Deus. Foi a visão predominante na idade média. ➢ Racionalista: Identifica os direitos naturais e a ideia e justiça com uma razão humana universal. Concepção típica da idade moderna, conseguiríamos acessar o conteúdo dos direitos humano e justiça através da razão e não da fé, se consolidando no Iluminismo. ➢ Cosmopolita: Repousa a ideia de justiça e de direitos naturais no consenso internacional acerca dos direitos humanos, ou seja, ele surgiu após a segunda guerra, seu fundamento é baseado na nova norma forma dos antigos direitos naturais, ao contrário das versões anteriores, colocava elementos transcendentes, ONU. ✓ Ele parte da ideia de que os países estabelecem pautas mínimas do que se deve ser entendido como justo, reconhece que cada sociedade pode modular e estabelecer seu próprio exercício dos direitos. • Balanço crítico: Embora o jusnaturalismo tenha o mérito de possibilitar o debate sobre a justiça, o movimento é criticado pela insegurança gerada noção de direitos naturais (onde eles estão? Expressão ampla de difícil definição), bem como, pela constatação da relatividade cultural do direito justo (cada sociedade entende de uma forma o significado dos direitos naturais). Positivismo legalista • Também chamado de exegetismo foi a escola jurídica surgia após as revoluções liberais burgueses depois do século 17 e 18. • Constitui-se num movimento que defende o chamado direito positivo: o direito criado pelo Estado. • A principal vertente do positivismo legalista foi a escola de exegese, formada pelo comentadores do código napoleônico de 1804. • Revolução francesa foi um grande destaque nessa vertente de escolas jurídicas. • Teses fundamentais: 1. Afirmação da Lei como a única fonte do Direito (legalismo). 2. Negação da existência de Direitos naturais, para os positivistas não haveria nada além do direito positivo, criado pelo Estado. 3. Reconhecimento da perfeição racional do legislador. 4. Defesa da completude da Lei (ausência de lacunas). 5. Defesa da coerência do sistema legal (ausência de antinomias). 6. Defesa da separação entre direito e moral, teoria dos círculos éticos separados. 7. Neutralização política do poder judiciário, aplicação dogmática da lei, preservando a separação da ética (o juiz como a boca da lei). 8. Defesa de uma interpretação literal da Lei. 9. Afirmação da segurança jurídica como o ideal de justiça possível. • Balanço crítico: Embora o positivismo legalista tenha o mérito de desenvolver a ciência do direito, realçando a importância da legalidade, o positivismo legalista se equivoca a reduzir o direito a lei, ao acreditar na perfeição do legislador e ao limitar a atuação judicial. • Problemas: o Direito não se resumo a lei, além da perfeição racional do legislador, nenhum ser humano é perfeito, ademais, a ideia do juiz “Boca da lei”, tende a produzir ideias injustas. Historicismo jurídico • É uma corrente de pensamento jurídico surgido na Alemanha durante o século 19 como oposição ao positivismo legalista, seu maio expoente foi um jurista chamado Savigny. • Teses fundamentais: 1. Defesa do costume como fonte do direito 2. Afirmação do volksgeist: Espírito do povo, como fundamento do direito costumeiro 3. Reconhecimento da imperfeição do legislador e da lei (existência de lacunas e de antinomias jurídicas 4. Reconhecimento da possibilidade do costume contra a lei 5. Reconhecimento da interpretação histórica do Direito (buscar os elementos do passado). 6. Valorização do Direito Romano como referência histórica para a compreensão do fenômeno jurídico ocidental. 7. Defesa do pluralismo jurídico, que representa a defesa do produto social do direito. • Balanço crítico: Embora o historicismo tenha a importância de situar o Direito como objeto cultural, rompendo com o idealismo das correntes anteriores, ele é criticado por subordinar o Direito a história, pela insegurança do Direito costumeiro e pela visão estereotipada do “espírito do povo”. ✓ É como se o direito se tornasse uma parte da história, ao consagrar os costumes acaba abrindo espaço para as inseguranças pois não estão escritos. Sociologismo jurídico • Trata-se de outra importante corrente de oposição surgida na França durante o século 19, representou uma aplicação da sociologia aos estudos do Direito, diante da necessidade de solucionar os graves problemas sociais gerados pela revolução industrial. • Espalhou-se pelo mundo, atingindo diversas regiões do planeta, a exemplo, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia, Escandinávia, América Latina e o Brasil. • Representa a aplicação dos estudos sociológicos ao fenômeno do jurídico. • Teses fundamentais: 1. Estudo da ciência jurídica como a ciência dos fatos sociais (ênfase ao mundo do ser). 2. Valorização da efetividade como atributo as normas jurídicas, correlação do direito com a realidade social. 3. Defesa do pluralismo jurídico, ideia de que a sociedade cria o direito, não o estado. 4. Reconhecimento da imperfeição racional da lei o do legislador. 5. Reconhecimento da existência de lacunas e etinomias jurídicas. 6. Defesa da jurisprudência como fonte do Direito, quando o historicismo defende o costume do sociologismo na jurisprudência. 7. Possibilita a jurisprudência contra a lei. 8. Valorização da opinião publica como referência para a interpretação judicia, juiz decidirá conformea opinião pública. Balanço critico: Teoria pura do Direito Pós-positivismo jurídico:
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