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Caderno IED (Introdução ao Estudo Do Direito) 2 Unidade - Professor Ricardo Maurício (FBDG)

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Conceito: 
• É a parte da teoria geral do direito que se propõe 
examinar as possibilidades de construção de um 
sistema jurídico. 
A noção de sistema jurídica: 
• A realidade é caótica, e o Direito também está 
inserido no caos, é possível com tudo, ordenar 
racionalmente os elementos normativos do Direito 
dentro de um modelo racional de compreensão. 
➢ Ex: o sistema jurídico, de todas as concepções 
desenvolvidas a mais importante continua a ser 
a proposta da pirâmide normativa de Hans 
Kelsen e seu discípulo Adolf Merkel. 
• Para Hans Kelsen e Merkel, o sistema jurídico seria 
um conjunto de normas hierarquizadas com base na 
maior ou menor generalidade, relacionando-se 
através de laços de validade. 
O problema da completude: as lacunas e a integração 
jurídica. 
• Um dos grandes debates da teoria do Direito diz 
respeito à completude de um lado os defensores 
da completude, geralmente positivistas, sustentam 
que o Direito conseguiria regular toda a vida social, 
não apresentando lacunas, o Direito regularia toda a 
vida pessoal. 
• De outro lado os defensores da incompletude, 
sustentam que a ordem jurídica não conseguiria 
disciplinar toda a vida em sociedade, surgindo 
assim, as lacunas. 
• Argumentos em prol da completude (visão 
positivista): 
➢ 1 – O Direito seria completo pois sempre seria 
possível utilizarmos o argumento lógico, tudo 
o que não está juridicamente proibido, está 
juridicamente permitido. 
➢ 2 – O Direito seria completo pois os jogadores 
são obrigados a decidir, mesmo diante da falta 
ou da obscuridade da lei, sendo a decisão 
judicial da resposta prevista pelo sistema jurid. 
 
 
 
 
➢ 3 – O Direito é tão completo que ele prevê os 
mecanismos de integração do Direito, quando 
surgirem lacunas provisórias. 
• Argumento em prol da incompletude: 
➢ 1 – O Direito é aberto pois a sociedade se 
transforma no plano cultural, gerando a 
necessidade da produção de novas normas 
jurídicas. 
➢ 2 – O Direito é aberto e lacunoso pois ele 
próprio já se reconhece como tal ao prever os 
instrumentos de integração. 
➢ 3 – O Direito é incompleto pois o legislador não 
consegue regular toda a vida social (o mito do 
legislador racional). 
• Integração jurídica: conceitos e integração jurídica. 
➢ No mundo jurídico existe 4 instrumentos de 
integração, que podem ser usados de modo 
isolado ou em conjunto, sem que haja 
hierarquia previa (analogia, costumes, 
princípios gerais do Direito e equidade). 
1. Analogia: é a aplicação de uma norma 
jurídica que trata de uma dada situação 
social, a uma outra situação social 
semelhante, que carece de uma previsão 
normativa expressa. 
2. Costume: é o conjunto de práticas sociais 
que criam uma instancia normativa que 
pode ser usada para o preenchimento das 
lacunas jurídicas. Ex: a possibilidade de 
preenchimento das lacunas contratuais 
através dos costumes, com base no código 
civil brasileiro. 
3. Princípios gerais do Direito: São princípios 
expressos ou implícitos que apontam os 
valores e fins maiores do sistema jurídico, 
aproximando o Direito da moral e 
potencializando a realização da justiça. Ex: 
aplicação do princípios da insignificância 
penal nos chamados crimes famélicos, (por 
sobrevivência). 
 
 
Introdução ao estudo do Direito 
2ª unidade 
Caderno IED – Prof. Ricardo Maurício FBDG 
Por: Carla Pirajá 
Lacunas jurídicas 
• São as imperfeições que comprometem a totalidade 
do sistema jurídico. 
• Existem 3 tipos de lacuna (as normativas, fáticas e 
valorativas/ axiológicas). 
➢ Normativa: Consiste na ausência de uma 
norma expressa que venha a tratar de um 
determinado fato da convivência humana 
✓ Ex: ausência da legislação sobre grandes 
fortunas no Brasil. 
➢ Fática ou ontológica: configura-se toda vez 
que a norma jurídica vigente perder contato 
com a realidade social, tendo em vista a perda 
de efetividade. 
✓ Ex: jogo do bicho, adultério. 
➢ Valorativa ou axiológica: Consiste na 
discrepância entre a norma e a noção de justiça 
existente num dado contexto histórico e social. 
Surge a partir da perda da legitimidade da 
normatividade jurídica. 
✓ Ex: legitima defesa da honra. 
✓ Art. 14 – obrigatoriedade do voto. 
Problema da coerência 
• Trata-se da necessidade de superação das eventuais 
contradições. Existentes entre as normas jurídicas, 
que geram uma situação de indefinibilidade dos 
conflitos. 
• Denomina-se antinomia jurídica o conflito entre 
uma norma que proíbe e uma norma que permite o 
mesmo comportamento humano. 
• A ciência jurídica oferece diversos critérios para a 
solução das antinomias, são eles o critério 
hierárquico; o critério cronológico; o critério da 
especialidade; e a ponderação de bens e interesses. 
• Os três primeiros são usados para a solução de 
conflitos entre regras jurídicas com a prevalência do 
critério hierárquico. 
• E por fim a ponderação de bens e interesses é usada 
para solucionar os conflitos entre os princípios 
jurídicos. 
Critério hierárquico: Havendo conflitos de diferentes 
normas, prevalece a de maior hierarquia (pirâmide 
normativa). 
(copiar caderno duda) 
• Trata-se do vínculo intersubjetivo que surge a partir 
da materialização de uma norma jurídica no mundo 
dos fatos, polarizando de um lado um sujeito ativo 
titular de um direito subjetivo e de um outro lado 
um sujeito passivo obrigado ao cumprimento de um 
dever jurídico. 
• Bem como é o nexo intersubjetivo que justifica a 
aplicação de uma sanção jurídica diante da 
ocorrência de uma ilicitude. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Características 
• Toda relação jurídica apresenta duas importantes 
características: a bilateralidade que decorre da 
intersubjetividade e a exterioridade que resulta da 
concretização de comportamentos humanos no 
mundo dos fatos. 
Elementos constitutivos da relação jurídica 
• Fato jurídico: 
➢ É todo e qualquer evento natural ou humano 
que materializa uma hipótese abstrata de uma 
norma jurídica, produzindo assim 
consequências do mundo do Direito. 
✓ Natural: portanto, independente da 
vontade humana, verifica-se o chamado 
fato jurídico em sentido restrito, (stricto 
sensu). Exemplo: a morte natural, a 
passagem do tempo. 
✓ Humano: Depende da vontade dos 
humanos, é um ato jurídico. Exemplo: 
contratos 
• Sujeito de direito: 
➢ São entes que integram os diversos polos da 
relação jurídica. 
✓ Personalizados: São entes que estão 
notados de personalidade, sendo a aptidão 
genérica para contrair obrigações e 
titularizar direitos, por força da 
possibilidade de convivência social. 
⎯ Nem todo sujeito de direito é pessoa. 
⎯ Há pessoas físicas ou naturais: dotadas 
da existência corpórea, que surge a 
partir do nascimento com vida. 
⎯ Há pessoas jurídicas: pessoas dotadas 
de existência abstrata ou ficta, criadas 
geralmente pelas pessoas físicas pela 
realização de alguma atividade social. 
⎯ Existe pessoas jurídicas de direito 
público que representam coletividades 
no plano internacional ou interno. Ex: 
organizações internacionais, estados 
soberanos et. 
• Despersonalizados: 
➢ São entes desprovidas de personalidade diante 
da impossibilidade de convivência social. Ex: 
Nascituro 
✓ Discutisse atualmente o surgimento de 
novos surgimento de novos sujeitos de 
direito. Ex: animais domésticos e entes 
dotados de inteligência artificial. 
Direito subjetivo 
• É o conjunto de faculdades e de poderes conferidos 
pelas normas jurídicas ao sujeito ativo da relação 
jurídica. 
• O direito de propriedade de as faculdades de 
usa/gozar/dispor e reaver um bem. 
 
• Tipos de direitos subjetivos: 
➢ Patrimoniais x não patrimoniais 
✓ Patrimoniais: São aqueles direitos que têm 
conteúdo econômico. Ex: direito de 
propriedade privada. 
✓ Não-patrimoniais: São aqueles que não têm 
conteúdo econômico. Ex: direito a vida. 
➢ Absoluto xrelativo 
✓ Absoluto: É aquele direito exercido contra 
toda a comunidade jurídica (sujeito passivo 
indeterminado). 
✓ Relativo: são aqueles direitos que são 
exercidos contra um sujeito passivo 
específico indeterminado. Ex: direito de 
crédito trabalhista. 
✓ É aquele direito exercido no âmbito das 
relações entres os particulares. Ex: crédito 
comercial 
Dever jurídico 
• É um conjunto de obrigações assumidas pelo sujeito 
passivo da relação jurídica. 
• Pode compreender isoladamente ou em conjunto 
qualquer destas obrigações: 
➢ De fazer (realizar um dado comportamento 
positivo, ex: prestação de serviço); 
➢ De dar (entrega de um bem, ex: pagamento de 
fatura de cartão de crédito); 
➢ De não fazer (necessidade de uma 
omissão/abstenção, ex: não matar, respeitar a 
integridade física alheia, sigilo profissional). 
 
• Tipos de dever jurídico: 
➢ Instantâneo x sucessivo 
✓ Instantâneo: aquele eu se consuma 
temporalmente em um único ato. Ex: 
pagamento a vista. 
✓ Sucessivo: se sujeito ao tempo compreendo 
a diversos atos. Ex: pagamento de pensão 
alimentícia. 
➢ Patrimonial x não patrimonial 
✓ Patrimonial: É aquele dever jurídico que 
possui conteúdo econômico. Ex: 
pagamento. 
✓ Não patrimonial: É aquele dever jurídico 
que não possui conteúdo econômico. Ex: 
respeito a vida, a realidade religiosa. 
➢ Publico x privado 
✓ Público: é aquele dever jurídico que é 
cumprido em uma relação entre o estado e 
particulares. Ex: prestação de serviço. 
✓ Privado: Consiste no dever jurídico 
cumprido pelos particulares, Ex: 
pagamento de salário. 
Ilicitude 
• É qualquer conduta positiva ou negativa que 
contraria os preceitos da normatividade jurídica. 
Trata-se da mais grave forma de infração ética. 
• Positivo: homicídio, omissão de socorro 
• Pode se configurar tanto pelo descuido do dever 
jurídico e na de implemento, tanto pelo exercício 
desproporcional de um direito, um abuso de direito. 
Jusnaturalismo 
• É uma doutrina dos direitos naturais, que são 
direitos absolutos e universais que resultariam de 
um código ético de justiça que estaria gravado na 
própria natureza humana. 
• Fases do jusnaturalismo: 
➢ Cosmológico: Identifica os direitos naturais e 
ajustiça com a ideia de uma harmonia cósmica. 
Se conectar com o universo. 
➢ Teológico: Identifica a justiça e os direitos 
naturais com a vontade de Deus. Foi a visão 
predominante na idade média. 
➢ Racionalista: Identifica os direitos naturais e a 
ideia e justiça com uma razão humana 
universal. Concepção típica da idade moderna, 
conseguiríamos acessar o conteúdo dos direitos 
humano e justiça através da razão e não da fé, 
se consolidando no Iluminismo. 
 
➢ Cosmopolita: Repousa a ideia de justiça e de 
direitos naturais no consenso internacional 
acerca dos direitos humanos, ou seja, ele surgiu 
após a segunda guerra, seu fundamento é 
baseado na nova norma forma dos antigos 
direitos naturais, ao contrário das versões 
anteriores, colocava elementos transcendentes, 
ONU. 
✓ Ele parte da ideia de que os países 
estabelecem pautas mínimas do que se deve 
ser entendido como justo, reconhece que 
cada sociedade pode modular e estabelecer 
seu próprio exercício dos direitos. 
• Balanço crítico: Embora o jusnaturalismo tenha o 
mérito de possibilitar o debate sobre a justiça, o 
movimento é criticado pela insegurança gerada 
noção de direitos naturais (onde eles estão? 
Expressão ampla de difícil definição), bem como, 
pela constatação da relatividade cultural do direito 
justo (cada sociedade entende de uma forma o 
significado dos direitos naturais). 
Positivismo legalista 
• Também chamado de exegetismo foi a escola 
jurídica surgia após as revoluções liberais 
burgueses depois do século 17 e 18. 
• Constitui-se num movimento que defende o 
chamado direito positivo: o direito criado pelo 
Estado. 
• A principal vertente do positivismo legalista foi a 
escola de exegese, formada pelo comentadores do 
código napoleônico de 1804. 
• Revolução francesa foi um grande destaque nessa 
vertente de escolas jurídicas. 
• Teses fundamentais: 
1. Afirmação da Lei como a única fonte do Direito 
(legalismo). 
2. Negação da existência de Direitos naturais, para 
os positivistas não haveria nada além do direito 
positivo, criado pelo Estado. 
3. Reconhecimento da perfeição racional do 
legislador. 
4. Defesa da completude da Lei (ausência de 
lacunas). 
5. Defesa da coerência do sistema legal (ausência 
de antinomias). 
6. Defesa da separação entre direito e moral, teoria 
dos círculos éticos separados. 
7. Neutralização política do poder judiciário, 
aplicação dogmática da lei, preservando a 
separação da ética (o juiz como a boca da lei). 
8. Defesa de uma interpretação literal da Lei. 
9. Afirmação da segurança jurídica como o ideal 
de justiça possível. 
• Balanço crítico: Embora o positivismo legalista 
tenha o mérito de desenvolver a ciência do direito, 
realçando a importância da legalidade, o 
positivismo legalista se equivoca a reduzir o direito 
a lei, ao acreditar na perfeição do legislador e ao 
limitar a atuação judicial. 
• Problemas: o Direito não se resumo a lei, além da 
perfeição racional do legislador, nenhum ser 
humano é perfeito, ademais, a ideia do juiz “Boca 
da lei”, tende a produzir ideias injustas. 
Historicismo jurídico 
• É uma corrente de pensamento jurídico surgido na 
Alemanha durante o século 19 como oposição ao 
positivismo legalista, seu maio expoente foi um 
jurista chamado Savigny. 
• Teses fundamentais: 
1. Defesa do costume como fonte do direito 
2. Afirmação do volksgeist: Espírito do povo, 
como fundamento do direito costumeiro 
3. Reconhecimento da imperfeição do legislador e 
da lei (existência de lacunas e de antinomias 
jurídicas 
4. Reconhecimento da possibilidade do costume 
contra a lei 
5. Reconhecimento da interpretação histórica do 
Direito (buscar os elementos do passado). 
6. Valorização do Direito Romano como 
referência histórica para a compreensão do 
fenômeno jurídico ocidental. 
7. Defesa do pluralismo jurídico, que representa a 
defesa do produto social do direito. 
• Balanço crítico: Embora o historicismo tenha a 
importância de situar o Direito como objeto 
cultural, rompendo com o idealismo das correntes 
anteriores, ele é criticado por subordinar o Direito a 
história, pela insegurança do Direito costumeiro e 
pela visão estereotipada do “espírito do povo”. 
✓ É como se o direito se tornasse uma parte da 
história, ao consagrar os costumes acaba 
abrindo espaço para as inseguranças pois não 
estão escritos. 
Sociologismo jurídico 
• Trata-se de outra importante corrente de oposição 
surgida na França durante o século 19, representou 
uma aplicação da sociologia aos estudos do Direito, 
diante da necessidade de solucionar os graves 
problemas sociais gerados pela revolução 
industrial. 
• Espalhou-se pelo mundo, atingindo diversas regiões 
do planeta, a exemplo, Inglaterra, Estados Unidos, 
Rússia, Escandinávia, América Latina e o Brasil. 
• Representa a aplicação dos estudos sociológicos ao 
fenômeno do jurídico. 
• Teses fundamentais: 
1. Estudo da ciência jurídica como a ciência dos 
fatos sociais (ênfase ao mundo do ser). 
2. Valorização da efetividade como atributo as 
normas jurídicas, correlação do direito com a 
realidade social. 
3. Defesa do pluralismo jurídico, ideia de que a 
sociedade cria o direito, não o estado. 
4. Reconhecimento da imperfeição racional da lei 
o do legislador. 
5. Reconhecimento da existência de lacunas e 
etinomias jurídicas. 
6. Defesa da jurisprudência como fonte do 
Direito, quando o historicismo defende o 
costume do sociologismo na jurisprudência. 
7. Possibilita a jurisprudência contra a lei. 
8. Valorização da opinião publica como referência 
para a interpretação judicia, juiz decidirá 
conformea opinião pública. 
Balanço critico: 
Teoria pura do Direito 
Pós-positivismo jurídico:

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