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Notas de Aula e Exercícios Topologia Universidade Estadual de Maringá Departamento de Matemática - 87020-900 Maringá-PR, Brasil 3 de agosto de 2022 Conteúdo 1 Espaços Conexos 1 1.1 Exercícios - Lista 1 (Seção 23) 1-5, 7,9,11,12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Exercícios - Lista 2 (Seção 24) 1-4, 8-11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.3 Exercícios - Lista 3 (Seção 25) 1,2,4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 2 Topologia Algébrica 6 2.1 Homotopia de Caminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1 Espaços Conexos 1.1 Exercícios - Lista 1 (Seção 23) 1-5, 7,9,11,12 1.2 Exercícios - Lista 2 (Seção 24) 1-4, 8-11 24.1) a) Mostre que nenhum dos espaços (0, 1), (0, 1] e [0, , 1] são homeomorfos dois a dois. 24.1) b) Suponha que existem mergulhos f : X → Y e g : Y → X. Mostre por um exemplo que X e Y não precisam ser homeomorfos 24.1) c) Mostre que Rn e R não são homeomorfos se n > 1. 24.2) Seja f : S1 → R uma função continua. Mostre que existe um ponto x ∈ S1 tal que f(x) = f(-x) Defina a função g : S1 :→ R como g(x) = f(x)− f(−x) De fato, g é contínua, pois é definida em função de f que é contínua por hipótese. Observe que −g(−x) = −(f(−x)−f(−(x))) = −(f(−x)−f(x)) = f(x)−f(−x) = g(x), ou seja −g(−x) = g(x) Vamos analisar os seguintes casos 1. f(x) = f(−x). Neste caso, g(x) = f(x) − f(−x) = f(x) − f(x) = 0, ou seja, g é a função nula e temos o desejado, uma vez que f(x)− f(−x) = 0 ⇐⇒ f(x) = f(−x) 2. f(x) > f(−x). Observe que g(x) = f(x) − f(−x) > 0. Multiplicando a igualdade por −1 obtemos que −g(x) < 0. No entanto, sabemos que −g(−x) = g(x), então g(−x) = −g(x) < 0, ou seja, g(−x) < 0 < g(x). Como S1 é conexo e R simplesmente ordenado podemos aplicar o TVI. Dessa forma, existe z ∈ S1 tal que g(z) = 0. Logo, g(z) = f(x) − f(−x) = 0 ⇐⇒ f(x) = f(−x). 3. f(x) < f(−x). Este caso é análogo ao caso 2. Em resumo g(x) = f(x) − f(−x) < 0 =⇒ g(−x) = −g(x) > 0g(x) < 0. Então existe z ∈ S1 tal que g(z) = 0 = f(x) − f(−x) ⇐⇒ f(x) = f(−x). ■ 1 24.3) Seja f : X → X contínua. Mostre que se X = [0, 1], existe um ponto x tal que f(x) = x. O ponto x é chamado de ponto fixo de f . O que acontece se X for [0, 1) ou (0, 1) . Primeiro, note que se f(0) = 0 ou f(1) = 1 temos o desejado. Considere então o caso em que f(0) > 0 e f(1) < 1 e considere a função contínua g : [0, 1] → R definida como: g(x) = f(x)− x De fato, g é continua pois é definida em função de f . Observe que g(0) = f(0) > 0 e g(1) = f(1)− 1 < 0. Como [0, 1] é conexo e R é simplesmente ordenado com a topologia da ordem, pelo TVI, existe z ∈ (0, 1) tal que g(z) = 0. Logo g(z) = f(z)− z = 0 ⇐⇒ f(z) = z. ■ 24.4) Seja X um conjunto ordenado com a topologia da ordem. Mostre que se X é conexo, então X é contínuo linear. Devemos provar: 1. Todo subconjunto não vazio A de X limitado superiormente possui um supremo; 2. Dados x, y ∈ X tais que x < y, existe z ∈ X tal que x < z < y. Primeiro, provemos o item 2). Suponha que X possui 2) ou mais elementos. Considere x, y ∈ X tal que x < y. Considere os raios (−∞, y) e (x,∞) de X. Suponha que não existe z ∈ X tal que x < z < y, ou seja z ≤ x ou z ≥ y. Assim, os raios abertos (−∞, y) e (x,∞) formam uma separação de X. De fato i x ∈ (−∞, y) e y ∈ (x,∞), pois x < y. Portanto, são não vazios. ii (−∞, y) ∩ (x,∞) = ∅, pois não existe z ∈ X tal que x < z < y. iii (−∞, y) ∪ (x,∞) = X, pois, dado z ∈ X, se z ≤ x, então z ∈ (−∞, y), ou se z ≥ y então z ∈ (x,∞). Logo, a união resulta em X. Um absurdo, pois X é conexo. Portanto, existe z ∈ X tal que x < z < y. Agora, provemos 1). Considere A ⊂ X um subconjunto não vazio e suponha que A não possui supremo. Considere M = {m ∈ X; y ≤ m ∀y ∈ A} o conjunto de limitantes superiores de A. Observe que: i M não possui elemento mínimo. De fato, como A não possui supremo, então não existe um menor limitante superior. ii M não é vazio. Como A é limitado superiormente, então existe m ∈ X tal que y ≤ m para todo y ∈ A. Logo, m ∈ M. Agora, considere C = ∪ y∈A(−∞, y) e D = ∪ m∈M(m,∞). Provemos que estes conjuntos formam uma separação de X. i C e D são não vazios. ii C ∩D = ∅. Se C ∩D ̸= ∅ então existe x ∈ C e x ∈ D. Então x ∈ (−∞, y) para algum y ∈ A, ou seja, x < y e como x ∈ D então x ∈ (m,∞) para algum m ∈ M, então m < x. Logo m < y. Uma contradição, uma vez que m é limitante superior de y. iii C ∪ D = X. Caso X ∪ D ̸= X. Então, existe a ∈ X tal que a /∈ C e a /∈ D. Como a /∈ C = ∪ y∈A(−∞, y), então y < a. Logo, a ∈ M, uma contradição. Logo, C ∪D = X Segue que, C e D formam uma separação de X. Um absurdo, uma vez que X é conexo. Portanto, A possui supremo. ■. 24.8) a) O produto de espaços conexos por caminho é necessariamente conexo por caminhos? Sim. Seja {Aα}α∈J uma família arbitrária de espaços conexos por caminhos e J um conjunto de índices. Seja ∏ α∈J Aα o produto cartesiano com a topologia produto. Considere x, y ∈ ∏ α∈J Aα. Como Aα é conexo por caminhos, então existe uma função contínua fα : [0, 1] → Aα de modo que fα(0) = xα e fα(1) = yα. Considere a seguinte função: f : [0, 1] → ∏ α∈J Aα t→ (fα(t))α∈J De fato, f é contínua pelo Teorema 19.6 (Munkres), uma vez que, cada função fα : [0, 1] → Aα é contínua. Além disso, f(0) = x e f(1) = y. Portanto, ∏ α∈J Aα é conexo por caminhos. ■ 2 24.8) b) Se A ⊂ X e A é conexo por caminhos, então A é necessariamente conexo por caminhos? Não (Lembre-se que este resultado é verdadeiro para espaços conexos). Exemplo da apostila, seno do topólogo. Escrever... □ 24.8) c) Se f : X → Y é contínua e X é conexo por caminhos, então f(X) é necessa- riamente conexo por caminhos? Sim. Suponha f : X → Y uma função contínua onde X é conexo por caminhos. Então, g : X → f(X) definida como g(x) = f(x) é contínua, pois, é a res- trição do contra-domínio de uma função contínua e sobrejetora. Como X é conexo por caminhos, então para cada g(x), g(y) ∈ f(X), existe uma função contínua h : [0, 1] ⊂ R → f(X) de modo que h(0) = x e h(1) = y. Segue que g ◦ h : [0, 1] ⊂ R → f(X) é contínua, pois é a composição de funções contínuas, e (g ◦ h)(0) = g(h(0)) = g(x) ∈ f(X) (g ◦ h)(1) = g(h(1)) = g(y) ∈ f(X). Logo, g ◦h é um caminho entre dois pontos arbitrários g(x) e g(y), pertencentes a f(X). Portanto f(X) é conexo por caminhos. ■ 24.8) d) Se {Aα} é uma coleção de subespaços de X conexos por caminhos e se ∩ Aα ̸= ∅ então ∪ Aα é necessariamente conexo por caminhos? Sim. Considere z ∈ ∩ α∈J Aα e x, y ∈ ∪ α∈J Aα. de fato x, z ∈ Ai para algum índice i ∈ J e como Ai é conexo por caminhos, então existe uma função contínua f : [0, 1] ⊂ R → Ai, tal que f(0) = x e f(1) = z. De modo análogo, como y, z ∈ Ak para algum índice k ∈ J e Ak é conexo por caminhos, existe uma função contínua g : [1, 2] ⊂ R → Ak, tal que g(1) = z e g(2) = y. Pelo teorema de construção de funções contínuas, podemos expandir o contra-domínio de f e g e obtermos as funções f ′ : [0, 1] → Ai ∪Ak g′ : [1, 2] → Ai ∪Ak contínuas. Como Ai ∩ Ak ̸= ∅ e f ′(1) = g′(1) = z com [0, 1] e [1, 2] fechados em R (topologia usual), podemos utilizar o Lema da Colagem, e definir a função contínua h : [0, 2] → Ai ∪Ak : h(x) = { f ′(x) se x ∈ [0, 1] g′(x) se x ∈ [1, 2] De fato, h é um caminho entre x, y, pois h(0) = f ′(0) = x e h(2) = g′(2) = y. Novamente, pelo teorema de construção de funções, podemos expandir o contra-domínio de h e definir a função h : [0, 2] → ∪ α∈J Aα como um caminho entre x, y. Por fim, como x, y são arbitrários, ∪ α∈J Aα é conexo por caminhos. ■ 24.9) Assuma que R é incontável. Mostre que se A ⊂ R2 é contável, então R2 − A é conexo por caminhos. Suponha que R é incontável. Dessa forma, existem incontáveis retas que passam por um ponto em R e não interceptam A. Consequentemente, para um par de pontos x, y ∈ R2 −A, existe um par de retas que se interceptam e não interceptam A. Temos então que ∃ r, r′ tal que x ∈ r e r ∩A = ∅ e y ∈ r′ tal que r′ ∩A = ∅. e r ∩ r′ ̸= ∅. Como ambas retas possuem um ponto em comum e são conexas por caminhos, então r ∩ r′ é conexo por caminhos,segundo o exercício 24.8) d). Portanto, existe um caminho entre x, y ∈ R2 − A e como estes pontos são arbitrários, R2 −A é conexo por caminhos. ■ 24.10) Mostre que se U é um subespaço aberto conexo de R2, então U é conexo por caminhos. Seja x ∈ U um subespaço aberto conexo de R2 e Cx o conjunto de pontos de U que podem ser ”ligados”a x por um caminho, ou seja, se y ∈ Cx, então existe uma função contínua f : [0, 1] ⊂ R → U tal que f(0) = y e f(1) = x. Considere R2 com a topologia euclidiana, então existe uma bola Bd(y, r) com r > 0 tal que Bd(y, r) ⊂ U . Como uma bola (aberta/fechada) é conexa por caminhos 1, então se z ∈ Bd(y, r), existe uma função contínua g : [0, 1] ⊂ R → Bd(y, r) 1Considere a bola unitária Bn = {x = (x1, . . . , xn) ∈ Rn; ||x|| ≤ 1} ⊂ Rn. Seja x, y ∈ Bn e defina fxy(t) → Rn com t ∈ [0, 1] como fxy(t) = (1−t)x+ty. Então ||fxy(t)|| = ||(1−t)x+ty|| ≤ ||(1−t)x||+||ty|| = |1−t|||x||+|t|||y|| ≤ |1− t|+ |t| = 1− t+ t = 1, ou seja, ||fxy(t)|| ≤ 1. 3 tal que g(0) = z e g(1) = y. Logo, é possível construir um caminho de z ∈ Bd(y, r) até x ∈ U pela função h : [0, 1] ⊂ R → U : h(x) = { g(2x) se x ∈ [0, 12 ] f(2(x− 12 )) se x ∈ [ 1 2 , 1], uma vez que h é contínua, pois, satisfaz as condições do Lema da Colagem, e h(0) = g(0) = z e também h(1) = f(2(1− 12 )) = f(1) = x. Dessa forma, Bd(y, r) ⊂ Cx. Logo, Cx é aberto em U . Agora, considere z ∈ U −Cx, ou seja, não existe um caminho de z até x. Novamente, podemos tomar uma bola Bd(z, r′) com r′ > 0 tal que Bd(z, r′) ⊂ U . Logo, nenhum ponto y ∈ Bd(z, r′) pode ser ligado por um caminho até x, pois caso contrário, seria possível ligar z até x, como já feito anteriormente. Dessa forma, Bd(z, r′) ⊂ U − C − x, ou seja, U − Cx é aberto, implicando que Cx é fechado. Logo, Cx é fechado e aberto, e pelo Lema 3.7, sabemos que os únicos conjuntos abertos e fechados de um subespaço conexo são os triviais. Portanto, Cx = U , ou seja, U é conexo por caminhos (É possível tal conclusão, pois, x é arbitrário). ■ 24.11) Se A é um subespaço conexo de X, então Int(A) e Bd(A) são conexos? Vale a volta? Interior não conexo, Fronteira Conexo. Seja X = {a, b, c, d} com a topologia T = {X, ∅, {a}, {b}, {a, b}, {a, b, d}}. E seja Y = {a, b, c} ⊂ X um subespaço com a topologia induzida TY = {Y, ∅, {a}, {b}, {a, b}}. De fato, Y é conexo, pois não existem abertos de TY que formam uma separação. Agora, pela definição de interior, como a união de abertos contidos em Y na topologia T , temos que Int(Y ) = {a, b}. Agora, para verificarmos se Int(Y ) é conexo ou desconexo, devemos olhar para a topologia induzida em Int(Y ), que é o conjunto {{a, b}, ∅, {a}, {b}}. Portanto, {a} ∪ {b} = {a, b} é uma separação e Int(A) Sabemos que Bd(Y ) = Y ∩X − Y . Segundo a definição de fecho, temos que este é formado pela intersecção de todos os conjuntos fechados de X que contem Y . Os fechados de X são os conjuntos de F = {∅, X, {b, c, d}, {a, c, d}, {c, d}, {c}}, logo, Y = X. Além disso, X − Y = {c}, então {c} = {c, d}. Logo Bd(Y ) = X ∩ {c, d} = {c, d}. Como a topologia induzida em Bd(Y ) = {c, d} é o conjunto {{c, d}, ∅, {d}}, temos que Bd(Y ) é conexo. Interior conexo, Fronteira Desconexa. Considere X = R2 com a topologia euclidiana e o subespaço A = {(x, y) ∈ R2;−1 ≤ x ≤ 1} um retângulo vertical. Temos que A é conexo por caminhos e Bd(A) = r1 ∪ r2 onde r1 = {(−1, y) ∈ R2} e r2 = {(1, y) ∈ R2} não é conexo. De fato, ri é diferente de vazio, pois (−1, 0) ∈ r1 e (1, 0) ∈ r2 e r1 ∩ r2 = ∅. Resta provar que r1 e r2 são abertos de Bd(A). De fato r1 = {(x, y);x < 0}∩ Bd(A), onde {(x, y);x < 0} (terceiro e quarto quadrante) é um aberto de R2 (união de bolas). Logo, r1 é aberto. Analogamente, r2 = {(x, y);x > 0}∩ Bd(A) é aberto em Bd(A). Portanto r1 e r2 foram uma separação de Bd(A). A volta não é valida, isto é, se Int(A) e Bd(A) conexos não implicam necessariamente que A ⊂ X é conexo. Seja X = R com a topologia usual e A = Q com a topologia induzida de X. Temos que Int(Q) = ∅, pois não existem abertos (a, b) ∈ R tal que (a, b) ⊂ Q. E também Bd(Q) = R, pois, para todo (x − ϵ, x + ϵ) com x ∈ Q e ϵ > 0, existem irracionais neste intervalo. Portanto, Bd(Q) = R e Int(Q) = ∅ são conexos, mas A = Q é desconexo. ■ 1.3 Exercícios - Lista 3 (Seção 25) 1,2,4 25.1) Quais são as componentes conexas e componentes conexas por caminhos de Rl. Quais as funções contínuas f : R → Rl? Considere A um subespaço com a topologia induzida de Rl com mais de um elemento. Seja a, b ∈ A e suponha sem perda de generalidade que a < b. Observe que (−∞, b) = ∪ a<b[a, b) e [b,+∞) são abertos de Rl e forma uma separação de Rl uma vez que são não vazios, disjuntos e (−∞, b) ∪ [b,+∞) = R. Consequentemente, A ∩ (−∞, b) ̸= ∅, pois a ∈ (−∞, b) e A∩ [b,+∞) ̸= ∅, pois b ∈ [b,+∞) e formam uma separação de A, pois, são não vazios, disjuntos e (A∩(−∞, b)) ∪ (A∩ [b,+∞)) = A∩((−∞, b)∪ [b,+∞)) = A∩R = A. Portanto, as componentes conexas de Rl são conjuntos unitários, pois dado qualquer conjunto com mais de dois elementos é possível definir uma separação para este. Segundo o Teorema 23.5 (Munkres), dado uma função contínua f : X → Y entre espaços topológicos e X conexo, então f(X) deve ser conexo. Neste caso, as funções contínuas f : R → Rl são constantes, pois f(R) ⊆ Rl deve ser conexo (componentes conexas são subespaços conexos). ■ 25.2) 4 25.4) Seja X localmente conexo por caminhos. Mostre que todo espaço conexo aberto em X é conexo por caminhos. Seja X um espaço localmente conexo por caminhos, ou seja, cada ponto x ∈ X admite vizinhanças arbitrariamente pequenas que são conexas (por caminhos), segundo a definição de conexidade (por caminhos) local. Seja U ⊂ X um subespaço conexo e aberto de X. Segundo o Teorema 25.4 (Munkres), cada componente conexa por caminhos de U é aberta, cuja união das componentes é U . Além disso, as componentes também são fechadas2. Considere a coleção V = {Vx;x ∈ U} de componentes conexas de U , onde x, y ∈ Vx se e somente se x ∼ y. De fato U é a união de elementos de V, segundo o Teorema 25.1 (Munkres). Tome x0 ∈ U . Como já dito, Vx0 é fechado. Então U −Vx0 = ∪ V−Vx0 Vx é aberto. Logo, Vx0 deve ser vazio ou o próprio U , pois os únicos abertos e fechados de um conjunto conexo são os triviais. Como Vx0 não é vazio, pois é uma componente, segue que U = Vx0 . Portanto U é conexo por caminhos. ■ 2Seja C uma componente conexa (por caminhos) de x. Então x ∈ C, e C ⊆ C.Mas, a componente de x é o maior conexo (por caminhos) contendo x, logo C ⊆ C. Portanto C = C. 5 2 Topologia Algébrica 2.1 Homotopia de Caminhos 51.1 Mostre que se h, h′ : X → Y são homotopicas e k, k′ : Y → Z são homotópicas, então k ◦ h e k′ ◦ h′ são homotópicas Seja G : X × I → Y a homotopia entre h e h′, isto é, G(x, 0) = h(x) e G(x, 1) = h′(x). Analogamente, seja H : Y × I → Z a homotopia entre k, k′. Afirmação: H ◦G : X → Z definida como H(G(x, t), t) é uma homotopia entre k ◦ h e k′ ◦ h′. 1. H ◦G é contínua, pois é composição de contínuas 2. (H ◦G)(x, 0) = H(G(x, 0), 0) = H(h(x), 0) = k(h(x)) = (k ◦ h)(x) 3. (H ◦G)(x, 1) = H(G(x, 1), 1) = H(h′(x), 1) = k′(h′(x)) = (k′ ◦ h′)(x) Portanto (k ◦ h) ≃ (k′ ◦ h′). ■ 51.2) Seja X,Y espaços topológicos, seja [X,Y ] o conjunto de classes de homotopia de X em Y . 51.2 a) Seja I = [0, 1]. Mostre que para qualquer X, o conjunto [X, I] possui um único elemento Considere f, g : X → I aplicações contínuas. Defina F : X × I → I como F (x, t) = (1− t)f(x) + tg(x) para todo x ∈ X. Observe que F (x, 0) = f(x) e F (x, 1) = g(x). Observe que se a, b ∈ I tal que a ≤ b e t ∈ [0, 1], temos que a ≤ (1 − t)a + tb ≤ b =⇒ (1− t)a+ tb ∈ I. Agora, defina Fi : X × I → I para i = 1, . . . , 4 como: F1(x, t) = f(x) F2(x, t) = (1− t) F3(x, t) = g(x) F4(x, t) = t Segue que F (x, t) = F2F1 + F4F3 = (1− t)f(x)− tg(x) é contínua, pois f e g são constantes e a soma + e diferença − de funções contínuas é contínua. Logo, F é uma homotopia entre f e g e como estas são arbitrárias segue que [X, I] possui um único elemento. ■ 51.2 b) Mostre que se Y é conexo por caminhos, o conjuntos [I, Y] possui um único elemento Seja f : I → Y uma aplicação contínua. vamos considerar ρf(0)(x) = f(0) para todo x ∈ X. Agora, defina H : I × I → Y como H(x, t) = f((1− t)x). De fato, H é contínua, pois f o é. Além disso, H(x, 0) = f(x) H(x, 1) = ρf(0)(x) = f(0) Agora, tome ρz : I → Y definida como ρz(x) = z para todo x ∈ I. Provemos que ρf(0) é homotópica à ρz. Por hipótese, Y é conexo por caminhos, então existe um caminho γ : I → Y tal que γ(0) = f(0) e γ(1) = z. Defina G : I × I → Y como G(x, t) = γ(t). G é contínua, e além disso, G(x, 0) = γ(0) = f(0) = ρf(0) G(x, 1) = γ(1) = z = ρz Logo, ρf(0) ≈ ρz =⇒ f ≈ ρz. Portanto, [I, Y ] possui um único elemento. ■ 51.3) Um espaço X é dito contrátil se a identidade iX : X → X é homotopicamente nula. 6 51.3 a) Mostre que I e R são contráteis. Defina H : I × I → I como H(x, t) = (1− t)x+ ct. Afirmação: H é uma homotopia entre iX e a aplicação constante ρ(x) = c para todo x ∈ X. 1. H é contínua 2. H(x, 0) = (1− 0)x+ c0 = x = iX(x) para todo x ∈ X. 3. H(x, 1) = (1− 1)t+ c1 = c = ρc(x) para todo x ∈ X. Portanto, IdX ≃ ρc (também vale para R). ■ 51.3 b) Mostre que um espaço contrátil é conexo Suponha X um espaço contrátil e seja a, b ∈ R. Vamos definir um caminho entre a e b. Defina ρ : X → X como ρc(x) = c para todo x ∈ X. Por hipótese, iX ≃ ρc, ou seja ix é homotopicamente nula. Agora, defina φ : [0, 1] → X um caminho de a até c como φ = H(a, t), onde H é definida no exercício anterior, porém com domínio X×I. Segue que φ(0) = H(a, 0) = ix(a) = a e φ(1) = H(a, 1) = ρc(a) = c. Agora, definiremos um caminho ψ : I → X de c até b como ψ(t) = H(b, t). Segue que ψ(0) = H(b, 0) = ix(b) = b e ψ(1) = H(b, 1) = ρc(b) = c. Por fim, defina o caminho reverso ψ = ψ(1− t). De fato, ψ(0) = ψ(1) = b e ψ(1) = ψ(0) = c. Logo, ψ é o caminho de c até b Por fim, o produto φ ∗ ψ é dado por: h(x) = { φ(2t) se t ∈ [0, 12 ] ψ(2t− 1) se t ∈ [ 12 , 1]. De fato, h(0) = φ(0) = a e h(1) = ψ(1) = ψ(0) = b. Portanto, h é um caminho entre a e b. Portanto, X é conexo por caminhos, logo, X é conexo. ■ 51.3 c) Mostre que se Y é contrátil, então para qualquer X, o conjunto [X,Y ] possui um único elemento. Considere as mesmas funções H, iy e ρc do exercício anterior. Seja f : X → Y uma função contínua arbitrária e defina G : X × I → Y como G(x, t) = H(f(x), t). Segue que 1. G é contínua 2. G(x, 0) = H(f(x), 0) = iy(f(x)) = f(x) 3. G(x, 1) = H(f(x), 1) = ρ(f(x)) = c Logo, G é uma homotopia entre f e (ρ◦f) constante. Como f é arbitrária, segue que [X,Y ] possui um único elemento. Mostre que se X é contrátil e Y é conexo por caminhos, então [X,Y ] possui um único elemento Considere uma aplicação qualquer f : X → Y . Defina f ◦ H : X × I → Y como (f ◦H)(x, y) = f(H(x, t)). Observe que o domínio de H é o mesmo que utilizamos no exercício b) e c), isto é, H : X × I → X. Afirmação: f ◦H é uma homotopia entre f e uma aplicação constante. 1. f ◦H é contínua, pois é composição de funções contínuas. 2. (f ◦H)(x, 0) = f(H(x, 0)) = f(ix(x)) = f(x) para todo x ∈ X. 3. (f ◦H)(x, 1) = f(H(x, 1)) = f(ρc(x)) = f(c) para todo x ∈ X. Logo, f ◦H é uma homotopia entre f e uma aplicação constante. Por hipótese, temos que Y é conexo por caminhos, então podemos definir um caminho entre f(c) e y ∈ Y . Seja, γ : I → Y tal caminho. Observe que até o momento definimos um caminho de f(x) até f(c) através da homotopia (f ◦ H) para um x ∈ X arbitrário. Como tanto f(x) quanto f(c) estão em X, desejamos construir um caminho de f(c) até y ∈ Y para então obtermos uma homotopia entre f e uma função constante em Y . Tomando G : X × I → Y definido como G(x, t) = γ(t) obtemos o desejado. Como f é arbitrário, temos que [X,Y ] possui um único elemento. ■ 7 Espaços Conexos Exercícios - Lista 1 (Seção 23) 1-5, 7,9,11,12 Exercícios - Lista 2 (Seção 24) 1-4, 8-11 Exercícios - Lista 3 (Seção 25) 1,2,4 Topologia Algébrica Homotopia de Caminhos
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