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9 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 13 16 Histórico do Financiamento da Educação no Brasil ______________ O Financiamento da Educação Dispostos em Lei _________________ CAPÍTULO 02 INSTITUIÇÕES AUXILIARES Constitucionalização da Educação e a Participação da População do Financiamento da Educação ________________________________ 33 27Recapitulando ________________________________________________ 18Projetos Educacionais e seus Financiamentos __________________ 38 Instituições Auxiliares na Escola – APM, Conselho de Escola e Conselho Participativo de Classe e Série _______________________ Recapitulando _________________________________________________ 48 CAPÍTULO 03 RESPONSABILIDADE FISCAL Licitações, Assembleias e Prestação de Contas _________________ 53 CACS – Conselhos de Acompanhamento e Controle Social – (Con- selho Municipal de Educação e Conselho do Fundeb) ___________ 60 10 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S Recapitulando __________________________________________________ 67 Fechando a Unidade ____________________________________________ 73 Referências _____________________________________________________ 76 11 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S O financiamento da educação no Brasil tem como “carro-chefe” o Fundeb- Fundo disposto pela Constituição Federal art. 212. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valori- zação dos Profissionais da Educação – Fundeb é o maior fundo para arrecadação de verbas para o ensino básico provindo dos impostos da União, estados e municípios. Paralelamente ao Fundeb, dispomos ainda em nosso país, de vários Programas para complementação das verbas, como por exemplo, o PDDE- Programa Dinheiro Direto da Escola, que garante mais autono- mia na utilização dos recursos financeiros, já que o dinheiro deve ter apli- cação pela APM – Associação de Pais e Mestres da escola, e prestado contas pela mesma instituição, juntamente com o diretor de escola. A Constituição Federal e o próprio processo de democratiza- ção da sociedade brasileira garantiu, como analisaremos nesse módu- lo, maior autonomia nos gastos públicos e nas decisões pela sociedade civil, para tanto, foram criados diversos mecanismos de controle social Nacionais, Estaduais e Municipais. Atualmente, no âmbito educacional, dispomos em nossos mu- nicípios do Conselho Municipal de Educação, que visa garantir e acom- panhar as questões pedagógicas das escolas, Conselho do Fundeb – CACS de acompanhamento social que garante que os recursos federais, estaduais e municipais sejam devidamente aplicados na educação e o Conselho de Alimentação Escolar – CAE, responsável por acompanhar e monitorar os recursos federais repassados pelo FNDE para a alimentação escolar e garantir boas práticas de sanitárias e de higiene dos alimentos. Nas unidades escolares, com o advento da gestão democráti- ca das escolas públicas, também se amplia o organograma da escola, surgindo diversas instituições auxiliares que garantem maior autonomia e personificação dos objetivos escolares, estudados nesse módulo pelo Conselho de Escola, Conselho de Classe e Série Participativo, Grêmio Estudantil e Associação de Pais e Mestres. Todos os meios de participação e controle estudados garantem que a gestão democrática da escola pública seja efetivamente alcança- da, no entanto, é também responsabilidade, tanto da gestão da escola, como de alguns dos órgãos apontados nos parágrafos acima, a presta- ção de contas à União, assunto a ser tratado no último capítulo desse módulo, essencial e que garante os repasses de verbas da União. Esperamos que os futuros gestores, ao estudarem esse mó- dulo, estejam preparados para atuar nas escolas, de modo a garantir a autonomia e democracia dos órgãos auxiliares da escola, bem como informados das suas responsabilidades em relação as prestações de 12 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S contas, função primordial de um bom gestor. 13 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S HISTÓRICO DO FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL No Brasil colônia os responsáveis pela educação pública no país eram os jesuítas, no entanto, no século XVIII, quando foram expul- sos, o governo de Portugal se responsabilizou pela educação no Brasil. O Governo de Portugal financiava a educação na colônia por meio de um tributo denominado: “Subsídio Literário” (BRASIL, 2006). A Constituição Brasileira de 1934 fixou a obrigatoriedade de um Plano Nacional de Educação que contemplasse todas as modali- dades de ensino, bem como orientasse e fiscalizasse sua efetivação, também por esse dispositivo legal ficou estabelecido que a União desti- nasse 10% de seus impostos para a educação, os Estados e o Distrito O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S 13 14 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S Federal 20% e para o ensino das zonas rurais a União destinaria 20% das cotas anuais de educação. Em 1946, a Carta Magna estabeleceu que a União fizesse o repasse por ano, nunca menos de 10%, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nunca menos de 20% da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino (BRASIL, 2006). Com a LDB de 1961 as porcentagens foram alteradas para que a União repassasse 12% das suas arrecadações, enquanto os Estados, o Distrito Federal e os municípios 20%, nesse período também foi ela- borado o Plano de Educação para o período de 1962 -1970. Segundo Callegari (2008) com o “golpe militar” houve o en- fraquecimento dos governos estaduais e municipais nas decisões. O governo de 1964 tinha foco o autoritarismo que foi reproduzido pelas secretarias e órgãos da educação de estados e municípios, contribuin- do para a ineficiência da gestão educacional do país. Conforme Callegari (2008) a Emenda Constitucional de 1969 que referia-se à vinculação de financiamento limitou-se aos municípios e a União, que já não vinha cumprindo com o disposto da antiga LDB, ficou desobrigada a cumpri-la, essa emenda pode ser considerada um caos para o financiamento da educação brasileira na época. Somente em 1983 com a Emenda Calmon voltou-se a prever a aplicação de 13% pela União e 20% pelos Estados, Distrito Federal e Municípios da receita proveniente de impostos na manutenção e desen- volvimento do ensino (CALLEGARI, 2008). Atualmente os dispositivos legais que garantem o repasse de verbas são: a Constituição Federal de 1988, que obriga a União a apli- car no mínimo 18% e os estados e municípios nunca menos que 25%de receita de seus impostos e a LDBEN 9394/96, que garantem a divisão das competências e responsabilidades entre a União, os Estados e os Municípios (BRASIL, 1996). Em 1996 foi criado o FUNDEF – Fundo Nacional de Desen- volvimento do Ensino Fundamental, que vigorou entre 1998-2006 que regulamentou a distribuição da receita arrecadada pelos municípios e estados de impostos para o desenvolvimento do ensino fundamental, no entanto, esse fundo cuidou apenas para a distribuição de 15% dos recursos arrecadados distribuídos por número de matriculas no ensino fundamental.(DAVIES, 2006). Segundo Davies (2006), o FUNDEF foi um mecanismo para estimulo da municipalização, já que os municípios não queriam deixar a parcela de suas receitas. Como resultado dessa política, contudo, ocorreram dificuldades financeiras nas outras modalidades de ensino, pois, esse fundo era exclusivo para o ensino fundamental. Nesse tem- 15 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S po, houve um avanço no atendimento do ensino fundamental, porém, dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 1995 a 2005, mostraram baixo rendimento dos alunos, ou seja, a quantidade de alunos na escola não seguiu com mesma equidade. Excedido o prazo do FUNDEF, criou-se o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB com prazo de 14 anos, a principal alteração realizada para suprir os problemas do antigo fundo foi que os recursos são distribuídos pelo numero de alunos no ensino básico. (MEC, 2006). Outra modificação do FUNDEB foi o aumento dos impostos para compor esse fundo, acrescentando-se como exemplo o IPVA e Imposto sobre Renda e cota parte de 50% do Imposto Territorial Rural, conhecido como ITR devido aos municípios que impulsionaram o finan- ciamento educacional (MEC, 2006). Os recursos do FUNDEB de cada estado são repartidos na pro- porção das matriculas na educação básica das redes de ensino estaduais e municipais. Em cada Estado, proporcionalmente às respectivas matrí- culas são obtidas pelo Censo Escolar, portanto é de responsabilidade do gestor manter sempre atualizado o sistema de matrículas (BRASIL, 2007). Além do FUNDEB o governo federal financia também programas nacionais para as escolas públicas de educação básica conforme seguem: • Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE • Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE • Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE • Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE • Programa Nacional de Saúde no Escolar • PNSE, Programa Nacional do Livro Didático • PNLD (Que estudaremos nas próximas unidades) Tendo como base para cálculo o número de alunos matricula- dos, tanto o antigo FUNDEF, quanto o FUNDEB, acabam produzindo diferenças grandes entre estados e municípios, já que algumas cidades, por exemplo, receberão proporcionalmente, das suas arrecadações, podendo gerar defasagens no financiamento, principalmente quando não houver complementação pela União. Investir em Educação é investir no futuro! É tarefa de todos cobrar os governantes para que as medidas previstas no PNE sejam cumpridas e que os recursos sejam bem geridos e todas as crianças 16 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S e jovens tenham direito à Educação de qualidade garantido. Nesse sentido infere-se que a educação necessita de uma política educacional com uma melhor distribuição, de acordo com ne- cessidades regionais, e não com o número de alunos matriculados ou referentes arrecadações, seria necessário, portanto, para a melhoria da qualidade na educação e sua integralidade, que fossem revistas as for- mas de distribuição do dinheiro destinado à educação (DAVIES, 2006). Disposto em lei, a constituição federal de 88 estabeleceu que a União deve aplicar na manutenção e desenvolvimento do ensino, no mínimo, 18%, os Estados, o DF e os municípios 25% da receita resultante de impostos - essa manobra resultou em prejuí- zo aos municípios que tem baixa arrecadação. Para promover a igualdade e equidade de ensino nas escolas públicas, seria necessário um valor mais adequado, o que legitimaria um projeto político pedagógico das escolas. Não há como desconsiderar que o Brasil tem umas das maio- res economias do mundo e investe tão pouco em relação a sua arre- cadação, que consta ainda com um dos piores índices educacionais. (SANTOS E VIERA, 2019). Atualmente a maior parte do financiamento da educação provém do FUNBEB – Programa que prevê a distribuição do di- nheiro de acordo com as matrículas na educação básica. O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO DISPOSTOS EM LEI A meta 20 do Plano Nacional de Educação (PNE) visa ampliar o investimento na área dos atuais 6,5% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Entre as estratégias para atingir essa meta, está à implan- tação do Custo Aluno Qualidade (CAQ), um parâmetro que, na prática, 17 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S inverte a lógica que hoje define o valor mínimo do Fundeb, porque não parte do valor arrecadado, mas do custo de oferta de uma Educação de qualidade para qualquer aluno, de qualquer local do País. Infelizmente, a implementação do CAQ está atrasada. Até junho de 2016 o governo deveria ter lançado o Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), um parâmetro de partida que, segundo o PNE, deveria ser incrementado até se chegar, ao final da vigência do Plano, ao CAQ. (BRASIL, 2014). Em relação às transferências obrigatórias do MEC aos entes federados, como a da merenda escolar, do Fundo de Manutenção e De- senvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Programa Dinheiro Direto na Escola, o repasse é direto, feito com base no censo escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. (MEC, 2019). O PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) tem como objetivo, o custeio de atividades nas escolas e também pequenas manutenções e intervenções, como pintura, resoluções de problemas elétricos e pequenos investimentos. Essas práticas são executadas, no dia a dia, pelo diretor da escola e que, por isso, necessitam de atenção especial, principalmente por conta da prestação de conta realizada ao final de cada ano. (MEC, 2019). O diretor deve se atentar, entre outras coisas, ao manual do PDDE, no qual é explicado como pode ser gasto o dinheiro. No PD- DEWeb o diretor escolhe qual a porcentagem que do dinheiro que virá para a escola, ele poderá gastar com custeio (manutenção) e capital (novos produtos) e, então, garantir junto com a Associação de Pais e Mestres a adequada escolha e gastos. Os estados e municípios precisam apresentar as presta- ções de contas no prazo predeterminado para não deixar de rece- ber nenhuma parcela dos recursos. Atualmente o dinheiro que abastece a Educação deriva de duas fontes principais. A primeira, responsável por cerca de 20% do to- tal de verbas, é o salário-educação, uma contribuição social feita pelas empresas ao governo, com valor correspondente a 2,5% da folha de pagamento anual. Os outros 80% vêm dos impostos, que são converti- dos em orçamento municipal, estadual ou federal. O passo seguinte, o repasse às escolas, é regulado pela Constituição brasileira, por meio de uma regra pouco encontrada em outros países. É a chamada "vincula- 18 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S ção de recursos", que determina um percentual mínimo do orçamento a ser investido em Educação. (MEC, 2019). A maior parte dos recursos (cerca de 60% do total) é consumi- da pelo pagamento de gestores, professores e funcionários. Outros 27% são destinados à manutenção e ao funcionamento das instituições de ensino, 6,6% para reformas e construções de novas escolas, 6% para os chamados encargos sociais (contribuições previdenciárias e trabalhistas) e apenas 0,4% na área de pesquisa e desenvolvimento. (MEC, 2019). A Educação Básica fica com a maior parte do bolo - 84,5%, sendo 64% para o Ensino Fundamental, 13% para o Ensino Médio e 7,5% para a Educação Infantil. O Ensino Superior fica com uma fatia de 15,5%, no entanto, o gasto do governo com cada aluno de faculdade é, de longe, o mais elevado de todos os níveis de ensino. (MEC, 2019). As opiniões costumam se dividir.De um lado, ficam os que de- fendem que os recursos destinados à área são insuficientes - e que, se não houver incremento, será impossível vencer o desafio da qualidade do ensino. De outro, estão os que argumentam que o investimento já chegou a níveis suficientes - e o grande problema seria o gerenciamen- to adequado dessa verba. Na busca de pistas para a resposta, uma saída possível é comparar o investimento brasileiro com o de outros países. Na maioria desses confrontos, o Brasil sai perdendo, indepen- dentemente do critério adotado. O gasto público social é um indicador, considera os gastos governamentais no atendimento aos chamados direitos sociais: saúde, saneamento, habitação, previdência e educação. Quanto maior o gasto da área, maior a importância relativa dela. No caso brasileiro, de cada 100 reais investidos em políticas sociais, 16 vão para a Educação, o que comparado a outros países, não deixa a desejar. (MEC, 2019. Na tentativa de diminuir as desigualdades regionais, a defini- ção de um valor mínimo por aluno e o controle da aplicação dos re- cursos (algumas despesas, como a remuneração dos professores, têm percentuais mínimos obrigatórios, que não podem ser modificados nos âmbitos estaduais e municipais) são os méritos do Fundeb. O fato é que alguns estudiosos da área argumentam que o ta- manho da ajuda vinda da União ainda não é o suficiente para dar conta de garantir educação com qualidade e equidade. PROJETOS EDUCACIONAIS E SEUS FINANCIAMENTOS Considerando a multiplicidade que representa a educação no Brasil é importante implementar políticas diferenciadas para cada eta- 19 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S pa e modalidade da educação básica, considerando as especificidades das diferentes regiões e públicos. Diversas são as ações desenvolvidas pelo MEC, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação. Ações que perpassam a aprendizagem do aluno, a valorização do profissional de educação, a infraestrutura física e pedagógica da escola e o apoio aos entes federados. Todos os programas educacionais existentes levam em consideração o censo escolar, portanto, o gestor deve manter sem- pre atualizado o sistema de matrículas e sistema do PDDEWeb. Muitas são as ações do governo federal para se elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em 2007, foi criado o Pro- grama Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância), com o objetivo de prestar apoio técnico e financeiro a municípios, para construção e aquisi- ção de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas, possibilitan- do o acesso de crianças à educação infantil da rede pública. (MEC, 2019) Em 2011, o programa passou a fazer parte do Programa de Ace- leração do Crescimento (PAC 2). As unidades construídas no âmbito do Proinfância foram dotadas de ambientes essenciais para a aprendizagem das crianças, como: salas de aula, sala de informática, bibliotecas, sanitá- rios, fraldários, recreio coberto, parque, refeitório, entre outros ambientes, que permitem a realização de atividades pedagógicas, recreativas, es- portivas e de alimentação, além das administrativas e de serviço, também por esse programa foram repassados recursos para equipar as escolas em fase final de construção, com itens padronizados e adequados ao funcionamento das creches e pré-escolas. (MEC, 2019). Importante estratégia relativa à educação infantil foi o progra- ma “Ação Brasil Carinhoso” que é um recurso suplementar, para os mu- nicípios que atendem crianças de zero a 48 meses, beneficiárias em creches públicas ou conveniadas com o poder público. (MEC, 2019) Outra importante ação no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento foi a construção e a cobertura de quadras esportivas esco- lares, que teve o objetivo de melhorar a estrutura física para realização de atividades pedagógicas, recreativas, culturais e esportivas em escolas públicas de ensino fundamental e médio. A proposta atendeu a 10.116 escolas até 2014, sendo 6.116 para construção de quadras cobertas e 20 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S quatro mil para cobertura de quadras já existentes. (MEC, 2019) Com relação à alfabetização das crianças, foi lançado em 2012 o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, que constitui um compromisso formal assumido pelos Governos Federal, do Distrito Fe- deral, dos Estados e Municípios, de assegurar que todas as crianças estivessem alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental. Envolvia um conjunto integrado de iniciativas, de materiais e de referências curriculares e pedagógicas, que foi dispo- nibilizado aos entes federados. O projeto teve como eixos estruturantes: formação continuada de professores alfabetizadores, os quais recebe- ram bolsas de estudo por dois anos. (MEC, 2019). O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) destina recursos financeiros, de forma suplementar, diretamente às escolas, para serem empregados na aquisição de material permanente e de consumo, na re- alização de pequenos reparos e ainda no desenvolvimento de atividades educacionais complementares. O PDDE reforça a autonomia escolar e o controle social, mediante a decisão participativa descentralizada sobre o emprego dos recursos por meio da APM- Associação de Pais e Mestres. O Programa Mais Educação (PME) representa a estratégia mais significativa do Governo Federal para indução da agenda da educação in- tegral em jornada ampliada. O PME visa a ampliar o tempo de permanên- cia dos estudantes na escola e os espaços utilizados para a educação escolar, por meio da articulação com os equipamentos públicos e comu- nitários, bem como ampliar as oportunidades educativas de alunos e suas comunidades. Há ainda recursos para complementação da alimentação escolar dos alunos que participam das atividades e envio de equipamentos às escolas, além de formação específica para professores. (MEC, 2019). Destaca-se ainda a implementação da política de educação espe- cial na perspectiva da educação inclusiva, uma vez que todas as iniciativas governamentais devem considerar a eliminação de barreiras e inclusão da pessoa com deficiência.De acordo com o Censo Inep, em 2012, a taxa de inclusão de estudantes de 4 a 17 anos público-alvo da educação especial em classe regular alcançou 84,3%, o que reflete a efetividade da política de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. (MEC, 2019). No âmbito da Política Nacional de Educação Especial, o Ônibus Escolar Acessível, ofertado pelo Programa Caminho da Escola, apresen- ta-se como uma oportunidade para que municípios, estados e o Distrito Federal iniciem ou ampliem o acesso, a participação e a aprendizagem dos estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida nas classes co- muns de ensino regular, assim, como no atendimento educacional espe- cializado, oferecido de forma complementar ou suplementar no contratur- no escolar, garantindo a transversalidade da educação especial em todas 21 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S as etapas, níveis e modalidades de ensino. (MEC, 2019). O Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) apoia a organização e a oferta do Atendimento Educacional Espe- cializado (AEE), complementar ou suplementar à escolarização de estudan- tes, público-alvo da educação especial. As SRM dispõem de equipamen- tos, mobiliários e materiais pedagógicos e de acessibilidade, destinados a atender às especificidades educacionais dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdota- ção matriculadosem classes comuns do ensino regular, assegurando-lhes condições de acesso, participação e aprendizagem. (MEC, 2019). O Programa Escola Acessível objetiva promover condições de acessibilidade ao ambiente físico, aos recursos didáticos e pedagógicos e à comunicação e informação nas escolas que foram contempladas pelo Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. (MEC, 2019). Com relação ao Ensino Médio, o Programa Nacional pelo For- talecimento do Ensino Médio, lançado em 2013, tem como objetivos promover a valorização e a formação continuada dos professores e co- ordenadores pedagógicos que atuam nas áreas urbanas e rurais nesse nível de ensino; contribuir para o aperfeiçoamento da formação dos pro- fessores e coordenadores pedagógicos do Ensino Médio; e rediscutir e atualizar as práticas docentes em conformidade com as Diretrizes Cur- riculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM) (MEC, 2019). Outra importante iniciativa do Governo Federal, com vistas a induzir o redesenho dos currículos do Ensino Médio, é o Programa En- sino Médio Inovador (ProEMI). O Programa apoia os estados na bus- ca da universalização do atendimento do ensino médio, por meio da reestruturação do currículo escolar, ampliando o tempo na escola e a diversidade de práticas pedagógicas, de forma a atender às necessida- des e expectativas dos estudantes desse nível de ensino. No campo da educação em tempo integral, o ProEMI articula as dimensões trabalho, ciência, cultura e tecnologia, conforme descrito nas Diretrizes Curricula- res Nacionais de Ensino Médio. (MEC, 2019). Com o objetivo melhorar a qualidade da educação do campo, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo), que oferece apoio técnico e financeiro aos municípios, estados e Distrito Federal para a implementação da política de educa- ção do campo. As ações desenvolvidas no âmbito do Programa são voltadas ao acesso e a permanência na escola, à aprendizagem e à valorização do universo cultural das populações do campo, sendo es- truturado em quatro eixos: Gestão e Práticas Pedagógicas; Formação Inicial e Continuada de Professores; Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional e Infraestrutura Física e Tecnológica. 22 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S Especialmente para jovens e adultos, que em suas histórias de vida tiveram seus direitos sociais negados, sem acesso a processos educacionais formais ou com trajetórias interrompidas, a oferta educa- cional que integre a educação profissional com a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos é uma questão de direito a ser garantido pelo Estado Brasileiro. No que se refere à ampliação de oportunidades de alfabetização e escolarização a jovens e adultos, é importante mencionar o Programa Brasil Alfabetizado (PBA) e o Progra- ma Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem) (MEC, 2019). Destaca-se, ainda, a elaboração pelo MEC e pelo Ministério da Justiça do Plano de Implementação da Educação no Âmbito do Sistema Prisional, contemplando os seguintes eixos: Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos; Educação Profissional e Tecnológica; Formação de Profissionais da Educação e dos Agentes Penitenciários; Aquisição de Equipamentos, Mobiliários, Materiais Pedagógicos e Literários e In- fraestrutura Física. O ProJovem Urbano objetiva elevar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos, que sejam alfabetizados e não tenham concluído o ensino fundamental, visando à conclusão desta etapa por meio da modalidade de EJA integrada à qualificação profissional e o desenvolvimento de ações comunitárias com exercício da cidadania, na forma de cursos com 18 meses de duração. Aos entes federados que aderem ao ProJovem Urbano são repassados recursos calculados com base na meta de atendimento e na frequência dos alunos matriculados para o desenvolvimento das ações previstas (MEC, 2019). O Programa contempla também atendimento a jovens das uni- dades prisionais e a jovens moradores dos municípios com os maiores índices de violência contra a juventude negra, integrante do Plano Juven- tude Viva. No âmbito da educação escolar indígena, em 2013 foi lançado o Programa Nacional dos Territórios Etnoeducacionais (PNTEE), conjun- to articulado de ações de apoio técnico e financeiro do MEC aos siste- mas de ensino para a organização, fortalecimento e gestão da Educação Escolar Indígena, que tem como objetivo ampliar e qualificar a oferta da educação básica e superior para os povos indígenas. (MEC, 2019). Entre as diversas ações executadas pelo MEC, destacam-se ainda as ações de distribuição de materiais, recursos pedagógicos e equipamentos, e apoio financeiro aos entes federados, que contribuem para o cumprimento das metas de qualidade. As ações dos programas do livro envolvem a aquisição e distribuição de livros didáticos e literá- rios com objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade da educa- ção, encaminhando material de apoio didático e pedagógico acessível a todos os alunos e professores do ensino público. O acesso aos livros 23 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S permite aos professores enriquecer o trabalho desenvolvido em sala de aula e aos alunos obter conhecimento e cultura. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), executado em ciclos trienais alternados, tem como objetivo prover as escolas públi- cas de educação básica com livros didáticos, dicionários e obras de literatura complementares de apoio em sala de aula. Adicionalmente, são distribuídas versões acessíveis (áudio, Braille e MecDaisy) dos li- vros aprovados e escolhidos no âmbito do PNLD, a todos os alunos da educação pública inclusiva. Também foram adquiridos os manuais dos professores em versão digital, para disponibilização nos tabletes educa- cionais que estão sendo adquiridos para todos os professores do ensino médio das escolas da rede pública nacional. Destaca-se, ainda, o PNLD Campo e o PNLD EJA. O PNLD Campo, realizado pela primeira vez em 2013, considera as especifici- dades da organização pedagógica e a realidade sociocultural das popu- lações do campo, beneficiando estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental. Já o PNLD EJA é destinado aos alunos de alfabetização do PBA e da modalidade de EJA do ensino fundamental. O Programa Nacio- nal Biblioteca da Escola (PNBE) disponibiliza às escolas de ensino públi- co, no âmbito da educação infantil, do ensino fundamental, do ensino mé- dio e da EJA, obras de literatura, de referência, de pesquisa e de outros materiais relativos ao currículo nas áreas de conhecimento da educação básica, com vista à democratização do acesso às fontes de informação, ao fomento à leitura, à formação de alunos e professores leitores e ao apoio à atualização e ao desenvolvimento profissional do professor. O Programa Caminho da Escola objetiva renovar e padroni- zar a frota de veículos escolares, de forma a garantir a segurança e a qualidade do transporte dos estudantes e contribuir para a redução da evasão escolar. Existem três formas para estados e municípios parti- ciparem do Programa: com recursos próprios, bastando aderir ao pre- gão; via assistência financeira no âmbito do PAR; ou por meio de finan- ciamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que disponibiliza linha de crédito especial para a aquisição de ônibus zero quilômetro e de embarcações novas (MEC, 2019). O Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pna- te) visa a promover o acesso e a permanência nos estabelecimentos escolares dos alunos da educação básica residentes em área rural que utilizem transporte escolar, mediante a assistência financeira, em caráter suplementar, aos entes federados. O Programa consiste na transferência automáticade recursos financeiros, sem necessidade de convênio ou outro instrumento congênere, para custear despesas com manutenção do veículo ou da embarcação (MEC, 2019). 24 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) contribui para a oferta de alimentação adequada e saudável e para a educação alimentar e nutricional, com respeito à cultura, à tradição e aos hábitos alimentares saudáveis, pautando-se na sustentabilidade, sazonalidade e diversificação agrícola da localidade. Como um dos grandes avanços do Pnae, destaca-se a aquisição, de no mínimo 30%, de gêneros ali- mentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor fami- liar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas, conforme a Lei n° 11.947, de 16 de junho de 2009. Com relação ao acesso às tecnologias de informação, o Pro- grama Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) tem como objetivo promover o uso pedagógico das tecnologias da informação e comunica- ção nas redes públicas, urbanas e rurais, de educação básica. O Pro- grama é implementado em três frentes: distribuição de equipamentos (laboratórios, computadores interativos, lousas digitais, laptops educa- cionais e tabletes), formação continuada de professores e produção e disponibilização de conteúdos digitais educacionais (MEC, 2019). A formação continuada permite que o professor se atualize e esteja permanentemente fazendo a ligação entre teoria e prática, funda- mental para o bom desempenho em sala de aula. O MEC tem ampliado suas políticas voltadas à formação inicial e continuada de professores da educação básica, em parceria com as instituições de ensino superior e com os sistemas de ensino estaduais e municipais. Em relação à formação inicial de professores, o Plano Nacio- nal de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), na mo- dalidade presencial, induz e fomenta a oferta de turmas especiais em cursos de licenciatura para professores em exercício na rede pública de educação básica, que não possuam grau em licenciatura na área, disci- plina ou etapa em que exercem a docência. Por meio da Rede Nacional de Formação Continuada de Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública (Renaform), são disponibilizados cursos presenciais, se- mipresenciais e a distância, nos níveis de extensão, aperfeiçoamento e especialização, abarcando as temáticas de Direitos Humanos, Gênero e Diversidade Sexual, Direitos de Crianças e Adolescentes, Educação para as Relações Étnico-Raciais, História e Cultura Afro-brasileira e Afri- cana, Educação Escolar Quilombola, História e Cultura dos Povos Indí- genas, Educação de Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Especial e Educação Ambiental. O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) foi instituído com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no país na modalidade a distância, com foco na forma- 25 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S ção inicial e continuada para professores da educação básica. O Sistema UAB é integrado por Instituições Federais de Ensino e polos de apoio pre- sencial, distribuídos em todas as unidades da Federação. Além dos cursos de licenciatura, são ofertados cursos de pós-graduação lato e stricto sensu. A busca por qualidade pressupõe um instrumento de aferição que permita acompanhar a evolução da melhoria do ensino, nesse sentido, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) representa a ini- ciativa de reunir num só indicador, dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. Ele agrega ao enfoque dos resultados das avaliações em larga escala a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. Cabe ressaltar a importância do Sistema de Avaliação da Educa- ção Básica (Saeb). O sistema contribui para a melhoria da qualidade dessa etapa de ensino e para a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos para a formulação, a reformulação, o monitoramento e a avaliação das políticas públicas. Além disso, oferece dados e indicadores que possibilitem maior compreensão dos fatores que influenciam o desem- penho dos alunos nas áreas e anos avaliados. Este Sistema é composto por três avaliações de larga escala: Avaliação Nacional de Alfabetização, Prova Brasil e Avaliação Nacional da Educação Básica. Como pode ser analisado, existem diversos programas educacionais paralelos, que complementam o financiamento da educação básica que, apesar de ser um investimento alto, ainda se mostra insuficiente. Nesse primeiro capítulo estudamos a repercussão histórica do financiamento educacional no Brasil, país que pode ser considerado com alto grau de arrecadação, mas não conseguiu ainda encontrar ma- neiras para distribuir sua renda de forma igualitária. Apresentamos inicialmente o maior programa de financiamento educacional do Brasil – FUNDEB, o qual financia a educação básica com distribuição de acordo com as matrículas dos alunos e, também, como dis- posto na constituição vinte e cinco por cento da arrecadação do município deve a partir desse programa reverter- se para a área educacional, o que na verdade se configura um dos maiores problemas no programa, pois existem municípios em que a arrecadação é muito baixa, o que gera um fi- 26 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S nanciamento insuficiente e uma divisão de verbas de forma não equitativa. Apesar de ser uma boa quantidade de dinheiro, o FUNDEB não consegue “dar conta” de todo o financiamento educacional brasilei- ra, assim, durante os anos, surgiram diversos programas educacionais visando suprir essa lacuna. Estudamos diversos programas e ressaltam-se entre eles: O PDDE – visando maior autonomia do uso do dinheiro que chega direta- mente na escola à manutenção da mesma; o Programa Mais Educação – garantindo escola em tempo integral e acesso a meios culturais; Pro- grama Caminho da escola – gerando acesso aos que não conseguem chegar para o Atendimento Educacional Especializado; O PNLD – para a compra de livros didáticos e paradidáticos e o Pnate- Programa Na- cional de Transporte Escolar que atribuiu autonomia aos municípios do uso da verba para o transporte escolar. Enfim, para que todos os programas educacionais exerçam, de fato, a função a que para foram elaborados, é necessário acompanha- mento, não só político, mas também social. 27 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2012 Banca: ESAF Órgão: MPEG Prova: Analista técnico. Sobre o financiamento da educação brasileira, podemos afirmar ser correto, exceto que: a) Parte dos recursos destinados para essa finalidade é proveniente da Receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. b) A Constituição Federal determina que União aplique, no mínimo, 18% para educação e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 25%. c) A maior parte dos recursos para o Ensino Superior é proveniente do governo federal, enquanto Estados e Municípios destinam mais recur- sos para o Ensino Fundamental. d) A legislação educacional brasileira estabelece que os recursos públi- cos sejam destinados às escolas públicas, não podendo ser dirigidos a escolas privadas. e) O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorizaçãodos Profissionais da Educação (FUNDEB) estabelece aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que destinem recur- sos para a Educação Básica. QUESTÃO 2 Ano: 2010 Banca: CESGRANRIO Órgão: Prefeitura de Salvador Prova: Professor O financiamento da educação brasileira conta com investimentos públicos, tais como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Sobre esse Fundo, analise as armações a seguir: I - É formado por impostos vinculados à educação no âmbito dos estados, municípios e, quando necessário, da União. II - É constituído por impostos vinculados ou não à educação no âmbito dos estados, municípios e da União. III - Objetiva a inclusão dos alunos do Ensino Fundamental por meio do incremento do financiamento educacional. IV - Visa à inclusão de todos os alunos do sistema de ensino a par- tir do incremento do financiamento educacional. São corretas APENAS as afirmações a) I e II. b) I e III. c) I e IV. d) I, II e IV. 28 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S e) II, III e IV QUESTÃO 3 Ano: 2014 Banca: UNDEP Órgão: IF-SP Prova: Professor. Sobre o financiamento da educação escolar no Brasil, é INCORRE- TO armar que a) o salário-educação é a principal contribuição social, cobrada por meio da alíquota de 2,5% sobre a folha de pagamento das empresas. b) os recursos do salário-educação são destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, podendo ser utilizados para peque- nos reparos de manutenção das escolas e para a merenda escolar. c) é estabelecido na Constituição Federal que a União deve utilizar 25% e os estados e municípios 18%, no mínimo, da receita resultante dos impostos na manutenção e no desenvolvimento do ensino. d) os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FundeB) podem ser usados na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio. QUESTÃO 4 Ano: 2017 Banca: IMA Órgão: Prefeitura de Penalva - MA Com relação às políticas de valorização dos profissionais de edu- cação no Brasil, sobre o (FUNDEB) Fundo de Manutenção e Desen- volvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. ( ) Atende toda a educação básica, da creche ao ensino médio. ( ) Atende exclusivamente a educação infantil e ensino fundamental. ( ) Financia todas as etapas da educação básica e reserva recursos para os programas direcionados a jovens e adultos. ( ) Sua estratégia é distribuir os recursos pelo país, levando em consideração o desenvolvimento social e econômico das regiões. ( ) É um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual ( ) Todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva no ensino médio. A sequência CORRETA é: A) V-F-V-V-V-F B) V-V-V-F-V-V C) F-V-V-F-V-V D) V-V-F-F-V-V QUESTÃO 5 Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: SECULT-CE 29 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S Considerando as bases legais da educação nacional, relacione cor- retamente as leis apresentadas a seguir com as suas finalidades, nu- merando os parênteses abaixo de acordo com a seguinte indicação: 1. Lei Nº 9.394/96: LDB 2. Lei do FUNDEB ( ) Garante o financiamento de toda a educação básica. ( ) Determina que, no mínimo, 60% dos recursos se destinem à re- muneração dos profissionais do magistério. ( ) Estabelece que os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, dentre outros, condições adequadas de trabalho. ( ) Determina que na distribuição dos recursos da educação sejam consideradas exclusivamente as matrículas presenciais efetivas, conforme os dados apurados no censo escolar mais atualizado. A sequência correta, de cima para baixo, é: A) 1, 1, 2, 1. B) 2, 2, 1, 2. C) 2, 1, 1, 2. D) 1, 2, 2, 1 QUESTÃO 6 Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal A Lei federal n 11.494/2007, que Regulamenta o Fundo de Manu- tenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação − FUNDEB − estabeleceu fatores de ponderações aplicáveis entre diferentes etapas, modalidades e ti- pos de estabelecimentos de ensino da educação básica para o cál- culo dos montantes a serem recebidos pelos Estados, Municípios e Distrito Federal dos fundos, matéria também regulamentada por resoluções posteriores. Em relação à utilização desses recursos oriundos do FUNDEB é correto afirmar que: A) Os recursos poderão ser aplicados indistintamente pelos Estados, Municípios e Distrito Federal, como garantia ou contrapartida de opera- ções de crédito, internas ou externas, contraídas bem como as obras de infraestrutura, realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar, em especial as de saneamento básico. B) Os recursos serão aplicados pelos Estados e Municípios proporcio- nalmente considerando os fatores de ponderação entre etapas, modali- dades e tipos de estabelecimento de ensino da educação básica, assim como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como forma de com- pensação das desigualdades no desenvolvimento regional. C) Os recursos poderão ser aplicados em programas suplementares de 30 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e psicoló- gica, e outras formas de assistência social, desde que o ente federado respeite o gasto de pelo menos 60% em pagamento de remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública. D) É vedada a utilização dos recursos dos Fundos, no financiamento das despesas não consideradas como de manutenção e desenvolvimento da educação básica, em especial às com pagamento de realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino. E) Os recursos poderão ser aplicados indistintamente entre etapas, mo- dalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação básica nos seus respectivos âmbitos de atuação prioritária, desde que seja em manutenção e desenvolvimento do ensino e respeitado o mínimo de 60% em pagamento de remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública. QUESTÃO 7 Ano: 2018 Banca: UFLA Órgão: UFLA “Podemos observar no cenário da educação infantil a presença de po- líticas focalizadas, seletivas e compensatórias, expressas pelo número reduzido de creches mantidas pelo poder público, pela predominância de critérios socioeconômicos e exigência do trabalho materno no preen- chimento de vagas nas instituições, pela indefinição orçamentária, pelos embates nos objetivos pedagógicos, etc.” (ANDRADE, 2010, p. 24). O fragmento acima cita dificuldades ainda enfrentadas na Educa- ção Infantil. No mesmo sentido, Kramer (2006) em seu texto “As crianças de 0 a 6 anos nas políticas educacionais no Brasil: edu- cação infantil e/é fundamental” aponta também alguns desafios. Dentre os desafios apresentados por Kramer no texto, a alternativa que descreve a ação já implementada legalmente é: A) Organização dos sistemas municipais. B) Inclusão da Educação Infantil no FUNDEB. C) Articulação da educação infantil com o ensino fundamental. D) Articulação das políticas de educação infantil com as políticas sociais QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE O financiamento da educação no Brasil sofreu diversas alterações durante os anos, no entanto, devemos considerar que atualmente o maior progra- ma de financiamento da educação ocorre pelo FUNDEB. O FUNDEB pode ser considerado como uma continuação do FUNDEF, que vigorou nos anosde 2006-2016. Explique as principais alterações entre os programas 31 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S TREINO INÉDITO O programa: Dinheiro Direto na Escola – PDDE é uma forma do dinheiro chegar diretamente na mão do gestor escolar, esse pro- grama garante certa autonomia da escola. Podemos dizer também que garante a participação da comunidade escolar, pois, os res- ponsáveis pelo uso do dinheiro devem ser: A) Somente o diretor da escola B) A APM- Associação de pais e mestres C) O Conselho de escola D) O Conselho de classe e série E) Os alunos da escola NA MÍDIA JOÃO QUESTIONA FIM DO FUNDEB: 'COMO FICARÁ A EDUCA- ÇÃO DO PAÍS?' O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), durante o programa Fala Governador desta segunda-feira (11), revelou sua preocupação com o fim do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), prevista para 2020 se não for aprovada uma altera- ção na Constituição. “O Fundeb está para acabar e, acabando, como fica a educação do país? Isso é muito preocupante e nós vamos levar esse e outros as- suntos para a próximo Fórum Nacional dos Governadores, em Brasília, onde vamos apresentar propostas ao governo federal”, contou. Fonte: Paraiba.com.br Data: 11 fev. 2019. Leia a notícia na íntegra: http://www.paraiba.com.br/2019/02/11/46016-joao-azevedo-questiona- -fim-do-fundeb-como-ficara-a-educacao-do-pais NA PRÁTICA Não há como ter um retrocesso do que está garantido na Constituição Federal, no entanto, o programa acaba em 2020, e podemos ter perdas irreparáveis para o financiamento da educação brasileira. Atualmente existem dois projetos de lei tramitando pela Câmara dos Deputados para fixar o Fundeb. Seguimos aguardando como ficará o programa, contudo, a educação no Brasil, muito provavelmente, não retornará aos patamares iniciais. PARA SABER MAIS Filme sobre o assunto:“A Educação Proibida” (2012, Argentina), de Ger- man Doin e Verónica Guzzo. 32 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S Acesse os links: portal.mec.gov.br › Celpe-Bras › Secretarias › SEB - Educação Básica portal.mec.gov.br/financiamento-municipal 33 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S CONSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E A PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO DO FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO A proposta de um Plano de Educação com objetivo de coorde- nar e fiscalizar a política educacional já existe desde a década de 1930, a partir da criação do Conselho Nacional de Educação em 1931 e da divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932. No conjunto das atribuições previstas no decreto de criação do Conselho Nacional de Educação, em 1931 já apontava a criação de um Projeto Nacional de Educação, o que mais tarde veio a se tornar o Plano Nacio- nal de Educação (BRASIL, 2014). De acordo com Boaventura (2000) já se apontava no Manifesto INSTITUIÇÕES AUXILIARES 33 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S 34 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S dos Pioneiros a necessidade da formulação de uma política educacional para todo o país, com um projeto que fosse além de uma gestão gover- namental. A Constituição Federal de 1934 estabeleceu, após intensa influ- ência do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova como exigência da federação, “fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e fis- calizar a sua execução, em todo o território do país”. (SAVIANI, 1999). Em 1937, o CNE - Conselho Nacional de Educação propôs um a elaboração de um Plano Nacional de Educação que não findou-se, por conta da suspensão dos trabalhos da Câmara dos Deputados. (SA- VIANI, 1999). Apenas em 1960 foi elaborado um novo rascunho de plano pelo CFE- Conselho Federal de Educação vinculado ao uso dos recur- sos da educação vindos da federação, no entanto, não foi concluído antes de ser enviado para o legislativo. Entre as décadas de 70 e 80, durante a ditadura militar, a ela- boração dos planos de educação esteve atrelada aos processos mais gerais de planejamento centralizado do governo nacional da ditadura militar sem a consulta, no entanto, de profissionais do campo educacio- nal. (SAVIANI, 1999). Teixeira (2004) compreende que as lutas pela democratização da sociedade brasileira trouxeram, na década de 1980, propostas de participação da sociedade civil em diferentes instâncias da administra- ção pública e inspiraram a criação de conselhos municipais de educa- ção, amparados pela legislação federal, apontando tais conselhos como locus de discussão e de participação nas questões de educação. Em meio a esse processo de democratização do ensino e im- pulso à participação social eclodiu forte crítica sobre a escola pensada como uma empresa, a tese que deu o título de Doutorado e, que futura- mente, foi editada no livro de Paro (1988), pode ser considerada como início deste período, tratando a administração escolar como um proces- so de transformação social. O autor defende a construção de uma nova teoria da Administração Escolar, que se preocupe com a especificidade da educação e, sobretudo, com a injusta ordem social posta. Para o autor, a superação desta ordem pressupunha nova e diferente base de organização das escolas, fundada na democracia participativa. É na práxis administrativa escolar, enquanto ação humana transformadora adequada a objetivos educativos de interesse das classes trabalhadoras que se encontrarão as formas de gesto mais adequadas a cada situação e mo- mento histórico determinados (PARO, 1988, p.252). 35 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S Segundo Paro (1988), para que uma administração escolar seja realmente democrática, todos devem participar das decisões que estão ligadas ao funcionamento e organização da escola. O autor enfatiza que, na administração democrática, é importante que todos conheçam e com- partilhem os princípios e métodos de uma nova administração, voltada aos interesses da classe trabalhadora. O autor propõe, inclusive, que a formação de educadores deva contemplar, em parte, uma formação ad- ministrativa, não só àqueles que se interessam em ser diretores de esco- la, pois, todos são responsáveis pelas decisões e resultados escolares. Bonavides (2006) define três modelos de democracia, o primeiro inspirado na Grécia antiga, que considera que o povo deve se autogover- nar, sem intermediários, denominada democracia direta. O segundo mode- lo, chamado democracia indireta ou representativa, em que a população elege seus representantes, os quais tem total autonomia para governar, delegando assim todo o poder político ao eleito. O último modelo de de- mocracia delimitado pelo autor e também o modelo adotado quando tra- tamos de democracia no presente trabalho é o semi-direto, no qual além da participação da escolha dos representantes, a vontade popular possui mecanismos que garantem a interferência do controle sobre as decisões políticas Nesse caso, existe um equilíbrio entre decisões políticas e von- tade popular, pois, as decisões parlamentares podem ser limitadas pelo povo, em determinadas situações, como é o caso dos referendos. A partir do modelo semi-direto ou participativo de democracia, o qual no movimento descrito nos últimos parágrafos, muitos estados in- cluem em seus textos constitucionais instrumentos para intervenção po- pular na atividade estatal, assim ocorreucom a Constituição brasileira em 1988 que, sob intensa mobilização popular, incorporou a obrigação de se estabelecer um plano nacional de educação decenal, que tivesse como plano de fundo a gestão democrática com ampla participação so- cial e, nesse movimento, os conselhos foram fortalecidos a ponto de se estruturarem, dentro do princípio da autonomia, se tornando essencial no processo de gestão democrática da educação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 incorporou a gestão democrática, na qual se destaca a necessidade de integração escola-comunidade, a participação dos docentes na elabo- ração do projeto político-pedagógico, dos pais em órgãos colegiados e a progressiva autonomia destinada à escola pública de educação básica, impulsionando a criação dos Conselhos Municipais de Educação (CME). É importante salientar que o CME é um Órgão colegiado de caráter técnico, normativo e decisório do sistema municipal de ensino, que assessora a Secretaria Municipal da Educação, de forma a asse- gurar a participação da comunidade no aperfeiçoamento da educação 36 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S municipal (MONLEVADE, 2003). Nesse particular, segundo Teixeira (2004), é importante salientar que o estado de São Paulo, antes mesmo da aprovação da LDB, regu- larizou esse processo mediante lei estadual, que estabeleceu as normas para a criação, composição, atribuições e funcionamento dos Conselhos Municipais e Regionais de Educação: Lei Estadual n. 9.143, de 9/3/1995. Na LDB 9394/96 se determinou o prazo de um ano para a União encaminhar ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educa- ção e, no entanto, somente 13 anos depois da promulgação da Consti- tuição Federal e quatro anos após a LDB, foi aprovado o Plano Nacional de Educação com vigência de 2001 a 2010, tendo como principal pro- blema enfrentado em sua aprovação e execução os recursos financei- ros utilizados para se alcançar as metas estabelecidas. (BRASIL, 2014). Conforme Teixeira (2004), os planos nacionais estaduais e mu- nicipais de educação são diretrizes, que determinam metas para que a garantia do direito à educação de qualidade se desenvolva em um mu- nicípio, estado ou país. Os planos abordam o conjunto do atendimento educacional existente em um território, envolvendo redes municipais, estaduais, federais e as instituições privadas que atuam em diferentes níveis da educação: da educação básica à superior. Trata-se, pois, do principal instrumento da política pública educacional. Destaca-se que o plano que se findou em 2010 previu que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, elaborassem planos dece- nais correspondentes, no entanto, do final do período de vigor do PNE, metade das cidades e estados não haviam elaborado ainda seus planos estaduais e municipais de educação. Além do estreitamento das verbas, a descentralização do pla- no nacional nas políticas educacionais brasileiros, a falta de orientação e colaboração entre os entes federados, bem como política brasileira, por vezes, avessa à construção democrática de planos de longo prazo, têm sido consideradas explicações para esta situação, a qual se espe- rava transformar com a elaboração do novo PNE e outras ações volta- das à participação nos processos de construção e revisão dos Planos Estaduais e Municipais de Educação (BRASIL, 2014). Nesse sentido, o novo Plano Nacional de Educação (PNE), san- cionado em junho de 2014, estabeleceu a elaboração e a revisão dos planos municipais e estaduais de educação a partir de amplos processos participativos e embates dos vários sujeitos da sociedade sobre a edu- cação, conforme o Art. 8º “os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão elaborar seus correspondentes planos de educação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas no PNE, no prazo de 1 (um) ano” (BRASIL, 2014). 37 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S Diante da política educacional proposta houve ampla mobilização nacional para a aprovação dos planos estaduais e municipais, sendo que todos os estados do país elaboraram seus planos, e os municípios também quase em sua totalidade no Estado de São Paulo estão em execução. A respeito da participação social na elaboração e acompanha- mento dos planos nota-se a seguir: § 2o Os processos de elaboração e adequação dos planos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de que trata o caput deste artigo, serão realizados com ampla participação de representantes da co- munidade educacional e da sociedade civil. Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da edu- cação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo re- cursos e apoio técnico da União para tanto. 19.5) estratégia das metas: estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como instrumen- tos de participação e fiscalização na gestão escolar e educacional, inclusive por meio de programas de formação de conselheiros, assegurando se condi- ções de funcionamento autônomo (BRASIL, 2014) Observa-se que o princípio da gestão democrática, além de ser um preceito legal, configura-se atualmente como uma exigência política e ética, possibilitando a participação da sociedade civil na definição e acompanhamento das políticas públicas educacionais nos sistemas de ensino do país. A constituição garante a participação dos agentes escolares nas decisões, portanto, gestor deverá flexibilizar essa participação. Para oportunizar a atuação dos agentes sociais, tornam-se ne- cessárias a criação e a ressignificação de mecanismos institucionais, de participação direta e representativa dos segmentos envolvidos com a edu- cação, dentre os quais se destaca o Conselho Municipal de Educação, exercendo o papel de articulador e mediador das demandas educacionais do município, junto com os gestores do poder público municipal. Nesse sentido, o Conselho Municipal de Educação, na qualidade de órgão de composição plural e de ampla representatividade social, através do exer- cício de suas funções: normativa, consultiva, propositora e fiscalizadora, ocupa posição fundamental na efetivação da gestão democrática dentro 38 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S das possibilidades dos Planos Municipais de Educação, o qual viabiliza a autonomia do município no gerenciamento de suas políticas educacionais. Aula sobre o assunto: https://www.youtube.com/watch?- v=Us5xyodRxaM Acesse os links:http://www.deolhonosplanos.org.br/ e http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/pne.pdf Observação: Sobre a temática, é importante que o aluno note a relevância do assunto dentro do seu campo de atuação. INSTITUIÇÕES AUXILIARES NA ESCOLA – APM, CONSELHO DE ESCOLA E CONSELHO PARTICIPATIVO DE CLASSE E SÉRIE Os órgãos colegiados, como Conselho Escolar, a Associação de Pais e Mestres, o Grêmio Estudantil, são fundamentais nas escolas para uma gestão democrática, pois, esses garantem, a prática da par- ticipação na escola, a descentralização do poder e da busca por uma educação de qualidade. Uma gestão considerada democrática investe na autonomia dos sujeitos na tomada de decisões, promovendo um trabalho coletivo na construção da cidadania e efetivação do processo democrático. Os Conselhos Escolares, na medida em que reúnem diferentes segmentos da escola, como diretores, professores, equipe pedagógica, funcioná- rios administrativos, alunos, pais, entre outros, têm um papel estratégi- co no processode democratização. A Associação de Pais e Mestres pode exercer várias funções como: colaborar com a direção da escola para atingir os objetivos edu- cacionais; representar as aspirações da comunidade e dos pais de alu- nos perante a escola; mobilizar os recursos humanos, materiais e finan- ceiros da comunidade para auxiliar a escola; trabalhar para a melhoria do ensino e da aprendizagem; desenvolver atividades de assistência ao escolar nas áreas socioeconômica e de saúde; conservar e manter a infraestrutura escolar, os equipamentos e as instalações; promover programação de atividades culturais e de lazer que envolvam a partici- pação conjunta de pais, professores, alunos e comunidade. Uma APM forte e com objetivos voltados para o bem da co- munidade escolar pode contribuir para o fortalecimento de uma escola 39 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S democrática e de qualidade. O Grêmio estudantil, composto pelos alunos, pode ser uma das primeiras oportunidades que os jovens têm em participar de maneira or- ganizada das decisões de uma instituição, agindo em uma perspectiva política em benefício, no caso da escola, da qualidade de ensino. As- sim, os estudantes têm voz nas decisões da escola, apresentando suas ideias e opiniões com atuação mais responsável. A participação dos vários segmentos representados na escola resulta em uma gestão democrática e desenvolve a consciência social dos seus participantes, que buscam uma escola pública de qualidade. A gestão democrática na escola é participação de todos (comu- nidade, sociedade, pais, APM, Grêmio Escolar, etc.) em busca da quali- dade. Temos que compreender que o maior desafio é fazer da escola o lugar onde o aluno irá sentir-se apoiado por todos e motivado em conti- nuar seus estudos e assim, obter sucesso em seu papel social e pessoal. Esse sentir-se parte é um ponto fundamental do processo democrático. Apesar da participação dos atores escolares nas decisões, instituída pelos órgãos auxiliares, que será nosso próximo assun- to, a responsabilidade fiscal ainda recai sobre a figura do diretor de escola, que deverá estar atento. O gestor deve ser uma pessoa que tem um olhar especial, tan- to para o aluno, quanto para o professor, e decidir no coletivo os anseios de toda a comunidade escolar. O gestor deve colocar em prática o que foi acordado por todos, e não somente o que ele acha necessário. Para isso, ele fará a mediação, um negociador de tais ações, para que real- mente se efetive na escola. Muitas vezes não é utilizado todo o potencial da APM, mas ela deve ser fortalecida, para poder dar suporte ao gestor. A APM – Associação de Pais e Mestres caracteriza-se as- sociação jurídica sem fins lucrativos, cujo objetivo essencial é in- tegrar a comunidade, o poder público, a escola e a família, buscan- do o desempenho mais eficiente do processo educativo. 40 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S O conselho Escolar constitui-se de um órgão colegiado, de natureza consultiva e deliberativa, sendo o órgão máximo de decisão, distribuído entre os segmentos de professores, especia- listas em educação, auxiliares de educação, pais e alunos. Dando autonomia à Associação de Pais e Mestres, esse co- legiado se sentirá parte de todo o processo e estará sempre atuante. Essa democratização poderá se expandir para os professores, deven- do fazer também da sala de aula um local democrático. Os alunos po- deriam aprender muito, se fossem entendidos em seus anseios pelo simples fato de serem ouvidos e compreendidos, podendo organizar e tornar efetivas as propostas do Grêmio Estudantil. O Conselho de Classe e série é um conselho formado pelos professores coordenadores, diretor e vice-diretor, em que ao final do bimestre se reúne para discutir a respeito do acompanhamento peda- gógico dos alunos da escola. Em 2007 foi aprovada a lei 5084 de 06 de Dezembro, conside- rando o art. 34 da referida lei que dispõe sobre a gestão democrática da escola, com observância dos princípios de autonomia, coerência, pluralismo de ideias e concepções pedagógicas e co-responsabilidade da comunidade escolar e que far-se-á mediante: I – participação de seus profissionais na elaboração, implementação e ava- liação da proposta pedagógica; II – participação dos diferentes segmentos da comunidade escolar – dire- ção, professores, pais, alunos e funcionários – nos processos consultivos e decisórios, através do Conselho de Escola, Conselho de Classe e Série e Associação de Pais e Mestres; III – autonomia da gestão pedagógica, administrativa e financeira, respeita- das as diretrizes e normas vigentes; IV – transparência nos procedimentos pedagógicos e financeiros, garantin- do-se responsabilidade e o zelo comum na manutenção e otimização do uso, aplicação e distribuição adequada dos recursos públicos; V – valorização da escola enquanto espaço privilegiado de execução do pro- cesso educacional. A partir das leis acima, várias escolas se organizaram para es- tabelecer um conselho participativo, que visasse além da participação dos professores, também a presença dos pais e alunos, para discutirem juntos os problemas de aprendizagem dos alunos. É certo que os profis- sionais da educação têm formação específica, no entanto, alunos e pais de alunos podem expressar suas necessidades e ideais da comunidade em torno da escola. Realizar em conselho de classe participativo, no entanto, não é ta- 41 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S refa fácil, os alunos devem eleger seus representantes para a participação, que deverão levar as problemáticas discutidas em sala, e realizar a devolu- tiva aos alunos, do que foi tratado no dia do conselho. A seguir, apresenta- mos um modelo de organização do conselho de classe e série participativo: • 1º Passo – em sala de aula a) Roda de Conversa em cada classe com o professor titular sobre: - Conselho de Classe/ano; - Organização; - Quem representará a classe nesse dia; b) Eleição de 04 representantes ou mais por classe (titular e suplentes), podendo ser realizado de acordo com a preferência da es- cola (eleição aberta ou secreta). Sugerimos que para o conselho tenham também alunos convi- dados pelo professor e/ou equipe gestora (criando oportunidades para que os alunos com dificuldades de aprendizagem e/ou comportamento também vivenciem este momento). c) Informar aos pais sobre a representatividade do filho no Con- selho de Escola, solicitando autorização dos mesmos. Estes precisam ser comunicados sobre o horário que deverão levar e buscar o filho na primeira hora do conselho. • 2º Passo – em sala de aula a) Roda de Conversa II, em cada classe, com professor titular ou coordenador pedagógico sobre: - Questões do cotidiano escolar, elaboradas pela equipe esco- lar, de modo que possa auxiliar as ações a serem planejadas. • 3º Passo – Antes do Dia do Conselho Convidar os pais do Conselho de Classe, APM e/ou outros. Sugerimos que a cada conselho sejam convidados pais diferentes. • 4º Passo - Dia do Conselho a) Participação dos representantes de classe. b) Participação dos representantes dos pais do Conselho de Escola, APM e/ou outros (convite). Sugerimos que sejam convidados pais que ainda não tenham participado deste momento. c) Apresentar as mudanças e melhorias que foram realizadas a partir dos registros em cartazes (sala de aula) no Conselho final do ano de 2018 e/ou Planejamento/Atividades iniciais com os alunos. d) Divulgar em cartaz no dia do Conselho as ações propostas. e) As mesmas deverão constar na Ata do Conselho e serão assinadas pelos alunos e pais participantes. • 5º Passo – Após Conselho Manter os registros das ações propostas paraque as mesmas 42 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S sejam utilizadas como suporte nas discussões da equipe escolar e se- rem avaliadas no próximo Conselho Participativo. Os passos elencados acima são apenas exemplos de como pode ser pensado o conselho de classe participativo, esse dia pode ser organizado de outras formas, mas é importante que haja a participação efetiva de pais e alunos, e que seja realizada a devolutiva aos alunos e pais, das discussões e acertos realizados nessa data. Outra instituição muito comum nas escolas, regulamentada pela lei nº 7.398, de 4 de novembro de 1985, que visa à plena participa- ção e vivência democrática dos alunos, é o Grêmio Estudantil, que se constitui em uma organização sem fins lucrativos, que representa o in- teresse dos estudantes, e que tem fins cívicos, culturais, educacionais, desportivos e sociais. O grêmio é o órgão máximo de representação dos estudantes da escola. A eleição do Grêmio ocorre sempre no início do ano letivo, no qual após publicação do edital, pela direção da escola, os alunos são convidados a formarem “chapas” para apresentação de suas propostas. Então ocorrem eleições para escolha da chapa vencedora. A chapa eleita realiza assembleias regulares para a discussão dos problemas escolares, também devem registrar em ata as reuniões e discussões realizadas para posterior acompanhamento e fiscalização. Após apresentadas algumas das instituições escolares (APM, Conselho de Escola, Conselho de Classe e Série Participativo e Grêmio Estudantil) concluímos que existem espaços de participação e engajamen- to da comunidade na escola. Atualmente a escola, por meio dos dispositi- vos legais, encontra-se “aberta” às discussões e à efetiva participação, o que ocorre muitas vezes, é que essas instituições existem apenas no papel e, por vezes, mesmo com vontade popular, a burocracia ou autoridade do gestor escolar acaba por “podar” a participação da comunidade. A seguir, apresentam-se dois meios de verbas educacionais, em que a Associação de Pais e Mestres e também as outras entidades têm autonomia para decidir sobre a utilização das verbas, e inclusive elaborar meios para arrecadá-las. Vídeo: https://slideplayer.com.br/slide/1387159/ Livro: Grêmio Estudantil e participação do estudante (Apa- recida da Graça Carlos) 43 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S PDDE Criado em 1995, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) tem por finalidade prestar assistência financeira às escolas, em caráter su- plementar, a fim de contribuir para manutenção e melhoria da infraestrutura física e pedagógica, com consequente elevação do desempenho escolar. Também visa fortalecer a participação social e a autogestão escolar. Conforme Resolução nº 6, de 27 de fevereiro de 2018, os re- passes dos recursos se dão em duas parcelas durante o ano, devendo o pagamento da primeira parcela ser efetivado até 30 de abril e o da segunda parcela até 30 de setembro de cada exercício às EEx, UEx e EM que cumprirem as exigências de atualização cadastral até a data de efetivação dos pagamentos. O programa engloba várias ações que possuem finalidades e públicos-alvo específicos, embora a transferência e a gestão dos recur- sos sigam os mesmos moldes operacionais do PDDE. As Ações Agregadas estão agrupadas em três tipos de contas da seguinte forma: Fonte: MEC, 2019. Conforme consultado no MEC (2019) o PDDE destina-se às es- colas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal, às escolas privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho Nacional de Assis- tência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de atendimento direto e gratuito ao público e aos polos presen- ciais do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) que ofertem progra- mas de formação inicial ou continuada a profissionais da educação básica. No entanto, para que as escolas e os alunos das redes pública e privada de educação especial recebam a verba, elas precisam estar inscritas no Censo Escolar do ano anterior. As escolas públicas com mais de 50 alunos matriculados devem criar suas UEx e a aderir ao programa por meio do Sistema PDDEweb até o último dia útil de outu- bro. As UEx, EEx e EM precisam, ainda, estar quites com a prestação 44 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S de contas de exercícios anteriores. Recursos Próprios De acordo com Poli (2019) a Associação de Pais e Mestres – APM é pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos, é uma instituição auxiliar da escola, que objetiva colaborar no aprimoramento do processo educacional, na assistência ao discente e na integração família-escola-co- munidade. (Decretos nº 12.983/1978, 48.408/2004 e 50.756/2006). A primeira finalidade da APM é colaborar com a escola no apri- moramento do processo educacional, isto é, no aprimoramento do pro- cesso de aprendizagem, dos métodos de ensino e do sistema de avalia- ção da aprendizagem. A segunda finalidade da APM é a assistência ao escolar; a terceira, a integração família-escola-comunidade. A APM das escolas públicas brasileiras sempre foi assistencia- lista, a exemplo da antiga “Caixa Escolar”. A Caixa Escolar, nos anos 1950 e 1960, atenuavam os problemas dos alunos carentes do ensino primário, fornecendo-lhes alimentação, material escolar e uniforme. Os recursos eram advindos da comunidade local, além da venda da meren- da aos que podiam pagar e a queriam consumir. (POLI, 2019). O Estado tinha participação no fornecimento de material escolar. Embora já existisse algumas arrecadações de APM desde os anos 1950. O primeiro dispositivo legal a tratar dessa associação, no seu formato atual, foi a Lei Estadual n.º 1.490/1977, que nasceu do Projeto de Lei nº 72/1976, de autoria do então deputado estadual Néfi Tales. Nela o autor enfatiza a necessidade de se instituir e regularizar as Associações de Pais e Mestres. “Com o crescimento descomunal da rede de ensino paulista, ficou difícil à Administração dar o necessário atendimento a todos os prédios escolares do Estado”. Portanto, a APM viria para auxiliar as escolas públicas estadu- ais, em razão da expansão desordenada da rede e consequente ingerên- cia de pessoas físicas e jurídicas nessas unidades escolares. (POLI, 2019). A Administração Pública paulista não conseguia gerenciar a contento as escolas públicas que compunham a sua rede, de modo a suprir suas necessidades básicas. A sociedade civil, diante de tal situ- ação, já vinha se organizando em associações privadas, buscando dar suporte às escolas públicas estaduais na aquisição de materiais bási- cos ao desenvolvimento das atividades pedagógicas e na manutenção dos prédios. Algumas instituições estavam indo além, “influenciando nas diretrizes pedagógicas definidas pelo Estado”. Segundo o deputado Néfi Tales, “vários estabelecimentos de ensino tiveram suas atividades parcialmente suspensas, devido ao precário estado de conservação de 45 G E ST Ã O F IN A N C E IR A E G E ST Ã O D E P R O C E SS O S A D M IN IS TR A TI V O S - G R U P O P R O M IN A S seus prédios, ou por falta de material escolar”. (POLI, 2019). Aprovada a Lei nº 1.490, de 12 de dezembro de 1977, que disci- plina o funcionamento das Associações de Pais e Mestres, em seu art. 1º - fica instituída a Associação de Pais e Mestres, como entidade de caráter privado, em todos os estabelecimentos oficiais de ensino, com a finalidade de auxiliar supletivamente a direção das escolas na consecução de seus objetivos educacionais. A relativa lei afirma que os recursos
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