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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/325985538 RELATÓRIO TÉCNICO DA EXPEDIÇÃO BOTÂNICA À REGIÃO DOS RIOS CROA E ALAGOINHA, MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO SUL-ACRE Technical Report · May 2007 DOI: 10.13140/RG.2.2.17446.42567 CITATIONS 0 READS 398 2 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Ecologia e Anatomia de Organismos Epifíticos em Florestas Primárias e Urbanas do Oeste do Acre View project Ecologia do Fogo e Impacto na Floresta Tropical Ocidental// Fire Ecology and Impact in the Western Tropical Forest View project Marcus Athaydes Liesenfeld Universidade Federal do Acre 42 PUBLICATIONS 80 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Marcus Athaydes Liesenfeld on 26 June 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/325985538_RELATORIO_TECNICO_DA_EXPEDICAO_BOTANICA_A_REGIAO_DOS_RIOS_CROA_E_ALAGOINHA_MUNICIPIO_DE_CRUZEIRO_DO_SUL-ACRE?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/325985538_RELATORIO_TECNICO_DA_EXPEDICAO_BOTANICA_A_REGIAO_DOS_RIOS_CROA_E_ALAGOINHA_MUNICIPIO_DE_CRUZEIRO_DO_SUL-ACRE?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Ecologia-e-Anatomia-de-Organismos-Epifiticos-em-Florestas-Primarias-e-Urbanas-do-Oeste-do-Acre?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Ecologia-do-Fogo-e-Impacto-na-Floresta-Tropical-Ocidental-Fire-Ecology-and-Impact-in-the-Western-Tropical-Forest?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marcus-Liesenfeld?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marcus-Liesenfeld?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade-Federal-do-Acre?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marcus-Liesenfeld?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marcus-Liesenfeld?enrichId=rgreq-b55bf9b43be14f5a857cc19d44b05637-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNTk4NTUzODtBUzo2NDE1NzI0NDE5NjA0NDhAMTUyOTk3NDE5ODc2Mw%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Laudo Botânico RESEX – Croa Alagoinha – UFAC/IBAMA Abril de 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS IBAMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC FLORESTA – CRUZEIRO DO SUL RELATÓRIO TÉCNICO DA EXPEDIÇÃO BOTÂNICA À REGIÃO DOS RIOS CROA E ALAGOINHA, MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO SUL – ACRE Responsáveis técnicos: Profa. Dra. Marta Dias de Moraes Prof. MSc. Marcus Vinicius Athaydes Liesenfeld Cruzeiro do Sul, abril de 2007. LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. ii COLABORAÇÃO TÉCNICA ENTRE UFAC Campus Floresta E CNPT/ IBAMA - Acre PROCESSO DE CRIACAO DA RESEX CROA ALAGOINHA (PROJETO ARPA TERMO DE REFERÊNCIA/2006/RESEX Rio Croa - Alagoinha/IBAMA/AC (01.02.0X.02 - Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental; 01.02.0X.02.01 - Realizar diagnóstico sócio- ambiental). LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. iii EQUIPE PROFA. DRA. MARTA DIAS MORAES (CCBN/UFAC/CAMPUS FLORESTA) PROF. MSC. MARCUS V. ATHAYDES LIESENFELD (CCBN/UFAC/CAMPUS FLORESTA) EDÍLSON (TÉC. PARA-TAXONOMISTA DCN/UFAC/RB) GIVANILDO PEREIRA ORTEGA (TÉCNICO CCBN/UFAC/CAMPUS FLORESTA) FRANCISCO EDIR DE FRANÇA (MATEIRO) ALBERTO (MATEIRO) QUIM (MATEIRO) COLABORADORES PROF. DR. MARCOS SILVEIRA (DCN/UFAC/CAMPUS SEDE RIO BRANCO) PROF. MSC. RODRIGO PERÉA SERRANO (CCBN/UFAC/CAMPUS FLORESTA) BIÓL. OSMAR DA SILVA TORRES (TÉCNICO CCBN/UFAC/CAMPUS FLORESTA) LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. iv SUMÁRIO I. INTRODUÇÃO 2 I.1. INFLUÊNCIAS FLORÍSTICAS NA REGIÃO DOS RIOS CROA-ALAGOINHA 2 II. OBJETIVOS 3 III. MATERIAIS E MÉTODOS 3 III.1. CRONOGRAMA 3 III.2. INVENTÁRIO FLORISTICO EXPEDITO 4 III.3. COLETA DE MATERIAL BOTÂNICO 4 III.4. CARACTERIZAÇÃO DAS FITOFISIONOMIAS 4 IV. RESULTADOS 5 IV.1. INVENTÁRIO FLORISTICO EXPEDITO NO RIO CROA-ALAGOINHA 5 IV.2. A FISIONOMIA DAS FLORESTAS DE TERRA FIRME DO RIO CROA 10 IV.3. NOTAS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES DE ARECACEAE 11 IV.4. A FISIONOMIA DA VEGETAÇÃO RIBEIRINHA DO RIO CROA 11 V. CONSIDERAÇÕES FINAIS 12 VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14 VII. ANEXO: REGISTRO FOTOGRÁFICO DO LAUDO BOTÂNICO ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED. LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 2 I. INTRODUÇÃO O presente relatório vem no intuito de contribuir com os estudos prévios necessários para subsidiar a criação da RESEX Rio Croa – Alagoinha. Trata-se de um levantamento botânico expedito, resultado de uma única expedição botânica. Oportunamente foram também incluídos dados secundários. O escopo central de trabalhos como este é assegurar a vocação florestal da Amazônia por meio da manutenção da vegetação nativa, devido sobretudo ao seu valor intrínseco, mas também devido ao seu valor econômico, de seus serviços ambientais, ao valor biológico, à importância social e antropológica e ao potencial turístico e energético. Com os resultados decorrentes deste trabalho, esperamos colaborar como incentivo às atividades que mantêm a cobertura florestal, visando um desenvolvimento social justo e ecologicamente correto. Este relatório é fruto de uma parceria entre a equipe do CNPT IBAMA em Cruzeiro do Sul e o Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta – Universidade da Floresta, com a colaboração de professores da referida Instituição Superior de Ensino e do técnico para-taxonomista Edílson do Parque Zoobotânico – UFAC - Rio Branco/ Jardim Botânico de Nova Iorque (NYBG). Inestimável, também, foi a participação da comunidade local, em todas as etapas desta expedição. Para a definição de ações de manejo de recursos naturais, torna-se crucial ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade, incluindo estudos que possam orientar decisões políticas e sociais para o desenvolvimento sustentável e a conservação (Meirelles-Filho 2004). Dessa forma, objetivamos neste trabalho, produzir uma de espécies ocorrentes entre os rios Croa e Alagoinha, constituintes da bacia do Rio Juruá, e ao longo do curso dos mesmos, coisa inéditaaté então, com a tarefa de ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade florística da região. As fisionomias vegetacionais foram observadas e em parte descritas. Adicionalmente são feitas referências à distribuição de espécies consideradas importantes para oportuno/ atual manejo na área da Unidade. Ao longo de quatro dias a equipe composta de dois professores, um para-taxonomista, um ajudante técnico da UFAC e três mateiros locais, percorreu um total de doze quilômetros de trilhas e 30 quilômetros de percurso dentro dos rios Croa e Alagoinha, o que significou a amostragem em dois rios com paisagens distintas, bem como formações florestais e fisionomias vegetacionais diferentes, incluindo buritizais, patoazais, terra firme com baboca e terra firme. Terra firme com baboca (babocais) são locais com solo de pouca permeabilidade que apresentam pequenas depressões, que permitem o acúmulo de água no período chuvoso. Ali se encontram espécies de plantas adaptadas ao solo encharcado, principalmente palmeiras. I.1. INFLUÊNCIAS FLORÍSTICAS NA REGIÃO DOS RIOS CROA-ALAGOINHA A abundância relativa de palmeiras e leguminosas separa floristicamente as regiões leste e sudoeste da Amazônia. A família Fabaceae predomina nas florestas do leste e Arecaceae no setor ocidental (Terborgh & Andresen 1998). O Estado do Acre apresenta uma flora com endemismos locais, espécies raras, disjunções e diversidade arbórea alta (Governo do Estado do Acre 2000). A porção oeste do Estado é composta de um mosaico de formações florestais muito diverso. A influência das palmeiras – Família Arecaceae é bastante saliente ao longo dos ambientes amostrados. De uma maneira geral, a riqueza biológica da região registra não apenas a ocorrência de espécies raras ou desconhecidas de pássaros, insetos, anfíbios e plantas, mas também a ocorrência de espécies andinas e sub-andinas (Silveira et al. 2002). A riqueza de ambientes condiciona o aparecimento de diversos tipos florestais, entre estes, a floresta aberta com palmeiras, a floresta aberta com bambu (tabocal), florestas de várzea e lagos, floresta densa na planície aluvial ou nas serras e as campinaranas. A flora da bacia do Jur uá ́ recebe i nf luênci a de outras fl oras, como a do Peru, Equador e Guianas, bem como de espécies que ocorrem no México e em outros países da América Central. Existe também influência de espécies originárias do Cerrado e da Mata Atlântica (Daly e Silveira 2002). LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 3 II. OBJETIVOS O objetivo geral foi realizar a caracterização botânica da região do Croa-Alagoinha, através da confecção de uma lista florística e da caracterização das fisionomias florestais. Adicionalmente são feitas referências à distribuição de espécies consideradas interessantes para oportuno/ atual manejo na área da Unidade. Os objetivos específicos são: - Realizar levantamento preliminar de Fanerógamas; - Identificar as espécies características das fisionomias florestais encontradas; - Efetuar mapeamento parcial da distribuição de espécies-alvo na área. III. MATERIAIS E MÉTODOS III.1. CRONOGRAMA O cronograma consistiu em uma expedição de coleta, com duração de cinco (5) dias, onde percorremos uma transecção (sentido Leste – Oeste) na região entre os rios Alagoinha e Croa (Floresta Aberta com Palmeiras), e ao longo das margens do Rio Croa (Floresta Aberta com Palmeiras em Áreas Aluviais) – Figura 1. Segue abaixo a descrição das atividades executadas: 10 de abril de 2007, 8:00 Saída CZS 11:00 Chegada a ponte do rio Alagoinha; Embarque na canoa até o Mundo Novo; 13:50 Chegada ao Mundo Novo; uma breve trilha até o local de pouso, casa do Sr. Leônidas, ainda dentro do PDS Jamil Jereissati. No restante do dia fizemos coletas na propriedade do Sr. Leônidas (07o48’17”, 72o29’46”). 11 de abril de 2007 7:00 Saída da casa do Sr. Leônidas, no Mundo Novo, em direção ao Rio Croa pelo varadouro; Dois dos mateiros foram na frente com o material pesado e com a tarefa de montarem o acampamento (tapiri) no meio do caminho (07o48’30”, 72o32’00”). Durante o dia fizemos coleta do material botânico, anotação dos pontos de GPS e observações e descrições de fisionomia da floresta; 14:00 Chegada no acampamento. Almoço. No restante do dia, percorremos parte da trilha e seguimos fazendo coletas e observações. Pernoite no acampamento. 12 de abril de 2007 7:00 Saída do acampamento. O combinado do outro dia dos mateiros irem na frente foi seguido novamente. Eles avançaram na frente, abrindo o piquete e marcando o caminho, carregados com o rancho e mochilas pessoais. Durante o dia fizemos coleta do material botânico, anotação dos pontos de GPS e observações e descrições de fisionomia da floresta; 16:00 Chegada na casa do morador Sr. Quim (07o47’17”, 72o34’17”). Como a chuva havia aumentado, guardamos a tarde para anotações e prensagem do material botânico. 13 de abril de 2007 6:30 Café da manhã na casa do Sr. Quim. Reunião para encaminhar as atividades do dia. Coletas e observações no entorno da residência, em área de borda de floresta. 10:00 Saída para o subir o Rio Croa além do último morador (UTM 766341.7/9136492.5). O percurso, a partir do Casa do Sr. Coco, foi todo feito em canoa a remo, para facilitar as manobras durante as coletas nas margens e curvas fechadas. 14:00 Retorno casa do Sr. Quim. Prensagem do material botânico, almoço e início do percurso de baixada. Coletas e observações ao longo das margens do Rio Croa. 18:00 Chegada na comunidade Nova Era do Rio Croa. Prensagem do material. 14 de abril de 2007 7:00 Coletas e observações no trecho entre a Nova Era e a ponte do Rio Croa. Coletas e observações no entorno imediato das residências. 11:00 Prensagem do material. Retorno para Cruzeiro do Sul. 14:00 Chegada em Cruzeiro do Sul. 15:00 – 22:00 Identificação do material botânico coletado, com auxílio de bibliografia. 15 de abril de 2007 6:00 – 10:00 Identificação do material botânico coletado, com auxílio de bibliografia. LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 4 III.2. INVENTÁRIO FLORISTICO EXPEDITO As informações apresentadas na Tabela 1 foram adquiridas através do uso de duas metodologias básicas realizadas por equipe de pesquisadores, a pé e de barco, contando com o auxilio de para-botânico, mateiros, moradores e técnico da UFAC campus Floresta: Observação direta de elementos da vegetação em fase vegetativa, na qual geralmente espécies de porte arbóreo e com algum tipo de uso eram reconhecidas, especialmente pelo para-botânico com ampla experiência com a vegetação acreana. Coletas de material botânico em fase reprodutiva. III.3. COLETA DE MATERIAL BOTÂNICO Todos os materiais férteis de fanerógamas foram coletados, seguindo procedimentos normais de uma coleta botânica, permitindo documentar a ocorrência de espécies previstas e/ou observadas e aquelas cuja presença no local não era conhecida. Como se trata de uma região com um baixíssimo número de coletas, espécies novas, desconhecidas da ciência, podem figurar entre as coletadas, podendo somente ser descritas a partir da coleta e depósito em herbário. No caso de árvores, arbustos e lianas, são coletados pequenos fragmentos de plantas, permanecendo os indivíduos vivos, e nos casos em que se coleta a planta inteira (pequenas ervas) é observada a sua população na área de modo a coletar o mínimo indispensável. Sempre que possível, foram coletados 4 números do mesmo indivíduo. No caso de espécies possivelmente raras foram coletados 5 ou 6 números. As coletas receberam os números de coleta M.D.Moraes, 837 a M.D.Moraes, 949. Especialistas procederão a determinação do material não identificado ao nível específico e em alguns poucos casos ao nível genérico. Procederão também as classificações no caso de espécies novas para a ciência. O material coletado será depositado nos herbários UFAC de Rio Branco e da UFAC CampusFloresta, INPA (Manaus) e no caso de posterior identificação será enviada para o herbário da instituição do pesquisador responsável pela identificação. III.4. CARACTERIZAÇÃO DAS FITOFISIONOMIAS Para caracterizar as fitofisionomias foi percorrida uma transecção de 12 km, entre os rios Alagoinha e Croa, no sentido Leste -> Oeste. As diferentes fisionomias existentes podem refletir diretamente as condições edáficas do trecho. Ao longo da transecção, informações sobre ocorrência de diversas espécies foram sendo anotadas, com relação a sua presença e ausência no trecho percorrido e possíveis associações específicas de distribuição foram também referidas. Espécies que se destacaram na abundância em determinado trecho, ou associações que tenham sido bastante freqüentes são descritas para cada formação. Da mesma maneira foi feita uma descrição e caracterização botânica, sumária, das áreas amostradas, como base nas coletas realizadas e nas observações in loco dos ambientes. As espécies caracterizadas como espécies-alvo de manejo, para cada formação florestal ou fitofisionomia florestal são da mesma forma citadas, sendo este levantamento bastante preliminar. As informações sobre espécies-alvo de manejo são complementares aos outros relatórios do presente Laudo Biológico (Relatório Etnobotânico). Todo o trajeto e as informações foram georeferenciadas com o auxilio de um GPS GARMIM MAP (South’Amrc 69). LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 5 IV. RESULTADOS IV.1. INVENTÁRIO FLORISTICO EXPEDITO NO RIO CROA-ALAGOINHA A listagem do inventário florístico expedito inclui um total de 69 famílias, 168 gêneros e 206 espécies. As 10 famílias melhor representadas em número de espécies em ordem decrescente são: LEGUMINOSAE (26 spp.), ARECACEAE (17 spp.), RUBIACEAE (15 spp.), ARACEAE (12 spp.), APOCYNACEAE (8 spp.), ANNONACEAE, LECYTHIDACEAE , MALVACEAE, e MORACEAE com 6 espécies cada, EUPHORBIACEAE e SOLANACEAE com 5 spp. Cada. Os gêneros melhor representados em número de espécies foram Philodendron (6 spp.) e Anthurium (4 spp.), ambos da família ARACEAE; Astrocarium e Geonoma, da família ARECACEAE, com 4 espécies cada e Solanum da família SOLANACEAE com 4 espécies. Na Tabela 1 encontra-se a listagem completa das espécies amostradas por avistamento e coletadas. Uma série de imagens das espécies coletas e da expedição, encontra-se no Anexo 1. TABELA 1: Lista preliminar das espécies vegetais, com Família botânica, Nome científico, Nome popular, Hábito e Número do coletor, encontradas durante a expedição botânica para a criação da RESEX Croa – Alagoinha, Cruzeiro do Sul – AC. A lista inclui espécies avistadas em estado vegetativo e, coletadas, em estado fértil (v. no coletor). Hábito: erv.: erva; lian.: liana; arv.: árvore; avt.: arvoreta; arb.: arbusto; epf.: epífita; hpf.: hemi-epífita. FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR HÁBITO N° COLET. ACANTHACEAE Aphelandra aurantiaca var. aurantiaca erv M.D.Moraes 892 AMARANTHACEAE Chamissoa altissima lian M.D.Moraes 915 ANACARDIACEAE Anacardium giganteum cajuí arv Tapirira guianensis pau-pombo arv ANNONACEAE Annona muricata araticum arv Annona sp. arv M.D.Moraes 909 Duguetia sp. envira-conduru arv Guateria sp. arv M.D.Moraes 914 Unonopsis sp. envireira arv Xylopia sp. embireira arv APOCYNACEAE Aspidosperma cf. macrocarpon pereiro arv Aspidosperma cf. vargasii amarelão arv Aspidosperma sp. carapanaúba- amarela arv Couma sp. sorva arv Himatanthus sucuuba sucuba arv Odontadenia sp. lian M.D.Moraes 931 Tabernaemontana sp. grão-de-galo arv Tabernaemontana undulata sananga arb M.D.Moraes 922/947 ARACEAE Anthurium sp.1 antúrio lian M.D.Moraes 848 Anthurium sp.2 antúrio hpf M.D.Moraes 863 Anthurium sp.3 antúrio hpf M.D.Moraes 869 Anthurium sp.4 antúrio hpf M.D.Moraes 870 Dracontium sp. milho-de-cobra arv Heteropsis riedelianum hpf M.D.Moraes 866 Philodendron sp.1 lian M.D.Moraes 844 Philodendron sp.2 ambé-de-terra- firme hpf M.D.Moraes 858 Philodendron sp.3 hpf M.D.Moraes 859 Philodendron sp.4 hpf M.D.Moraes 868 Philodendron sp.5 hpf M.D.Moraes 874 Philodendron sp.6 erv M.D.Moraes 899 LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 6 FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR HÁBITO N° COLET. ARECACEAE Astrocaryum jauari juarí arv Astrocaryum murumuru murmuru arv Astrocaryum sp. marajá arv Astrocaryum tucuma tucumã arv Attalea butyracea jací arv Bactris sp. marajá arb M.D.Moraes 846 Euterpe precatoria açaí arv Geonoma brongniartii ubim arb M.D.Moraes 902 Geonoma camana ubim arb M.D.Moraes 851/861 Geonoma deversa ubim arb M.D.Moraes 876 Geonoma sp. arb M.D.Moraes 882 Iriartea deltoidea paxiubão arv Mauritia flexuosa buriti arv Oenocarpus bataua patoá arv Phytelephas macrocarpa jarina arv Socratea exorrhiza paxiubinha arv Syagrus smithii catolé arv ASTERACEAE Eclipta alba erv Mikania micrantha lian ARISTOLOCHIACEAE Aristolochia sp. cipó-mil-homens lian M.D.Moraes 945 BALANOPHORACEAE Helosis cayennensis erv M.D.Moraes 901 BIGNONIACEAE Arrabidea sp. cipó-branco lian Jacaranda copaia marupá arv Lundia densiflora lian M.D.Moraes 926 Tabebuia cf.serratifolia ipê-amarelo arv BIXACEAE Bixa orellana urucum avt M.D.Moraes 900 BROMELIACEAE Bilbergia sp. epf M.D.Moraes 881/887 BURSERACEAE Protium hebetatum breu arv Tetragastris altissima breu-vermelho arv CACTACEAE Epiphyllum cf. phyllanthus epf CELASTRACEAE Cheiloclinium sp.1 cipó-gogó avt M.D.Moraes 879 Cheiloclinium sp.2 lian CHRYSOBALANACEAE Hirtella hispidula caripé arv M.D.Moraes 839 Licania sp. macucu arv CLUSIACEAE Calophyllum brasiliense jacareúba arv COMBRETACEAE Combretum laxum escova-de- macaco lian M.D.Moraes 918 Terminalia oblonga mirindiba lian M.D.Moraes 897 COMMELINACEAE Dichorisandra sp. erv COSTACEAE Costus sp. cana-de-macaco erv CUCURBITACEAE Fevillea sp. andiroba-de-rama arv Gurania sp.1 gurdião lian M.D.Moraes 850 Gurania sp.2 gurdião lian M.D.Moraes 944 CYPERACEAE Cyperus sp. tiririca erv DILLENIACEAE Davilla sp. lian M.D.Moraes 932 Doliocarpus amazonicus cipó-fogo lian ELAEOCARPACEAE Sloanea sp. urucurana arv EUPHORBIACEAE Conceveiba guianensis gramixó arv Drypetes sp. sernambi-de- índio arv Hevea brasiliensis seringueira arv Hura crepitans assacú arv Sapium glandulosum burra-leiteira arv GENTIANACEAE Voyria aphylla erv M.D.Moraes 849 GESNERIACEAE Besleria sp. hpf M.D.Moraes 852 HELICONIACEAE Heliconia sp.1 sororoca erv continua LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 7 FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR HÁBITO N° COLET. Heliconia sp.2 sororoca erv HYPERICACEAE Vismia cf. guianensis lacre arv LAURACEAE Mezilaurus itauba itaúba arv Ocotea sp. canela arv M.D.Moraes 916 LECYTHIDACEAE Couratari macrosperma tauarí-com- sapopema arv Couratari sp. tauarí arv Couroupita guianensis coeté-de-macuco arv Eschweilera sp.1 castanharana arv Eschweilera sp.2 matá-matá arv Gustavia augusta tauari-liso arv LEGUMINOSAE- CAESALPINIOIDEAE Apuleia leiocarpa garapeira, cumarú arv Bauhinia sp. pata-de-vaca lian M.D.Moraes 928 Copaifera sp. copaíba arv Dialium guianensis pororoca arv Hymenaea parviflora jutaí arv Macrolobium microcalyx araparí arv M.D.Moraes 921 Schizolobium amazonicum paricá arv Swietenia macrophylla aguano, mogno arv Tachigali sp. taxi-vermelho arv LEGUMINOSAE- MIMOSOIDEAE Acacia sp. arv M.D.Moraes 912 Albizia sp. fava-seca arv Dinizia excelsa angelim-casca- grossa arv Inga alba ingá-vermelha arv Inga cf. barbata ingá-peludo arv Inga cf. nobilis ingá-canela arv Inga sp.1 arv M.D.Moraes 925 Inga sp.2 ingá-de-várzea arv Inga sp.3 ingá-ferro arv Parkia pendula angico arv Uncaria guianensis unha-de-gato cipó Mimosoidae sp.1 angelim- vermelhoarv LEGUMINOSAE- PAPILIONOIDEAE cf. Ormosia sp. mulungú-de-rama arv Dalbergia sp. cipó-sangue lian Hymenolobium sp. angelim- amargoso, abelheiro, favelão arv Pterocarpus sp. arv M.D.Moraes 938 Vatairea fusca sucupira-amarela arv LORANTHACEAE Phthirusa sp. parasita M.D.Moraes 943 LYTHRACEAE Adenaria floribunda orana avt M.D.Moraes 896 MALPIGHIACEAE Byrsonima poeppigiana murici avt M.D.Moraes 920 Mascagnia macrodisca jagube lian MALVACEAE Bombacopsis macrocalyx munguba arv M.D.Moraes 905 Eriotheca sp. samaúma arv Malvaviscus cf. palmatus lian M.D.Moraes 906 Peiba echinata malva-pente-de- macaco arv Pseudobombax sp. samaúma-preta arv Theobroma sylvestre cacauí arv LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 8 FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR HÁBITO N° COLET. MARANTACEAE Ischnosiphon puberulus aruma erv M.D.Moraes 893 MELASTOMATACEAE Maieta poeppigii arb M.D.Moraes 841 Miconia sp. buxixu arb M.D.Moraes 884 Tococa sp. buxixu-de- formiga arb M.D.Moraes 853 MELIACEAE Carapa guianensis andiroba arv Guarea pubescens jitó arv M.D.Moraes 862 Trichilia sp. maraximbé- branco arv MORACEAE Brosimum sp. inharé arv Castilla ulei caucho-amarelo arv Clarisia sp. guariuba-roxa arv Ficus trigona apuí, ofê arv M.D.Moraes 910/930 Naucleopsis sp. muiratinga, pama-de-várzea avt M.D.Moraes 894 Perebea sp. moratinga arv MYRISTICACEAE Virola mollisima ucuúba avt M.D.Moraes 867 Virola sp. ucuúba-vermelha arv MYRSINACEAE Cybianthus sp. arb M.D.Moraes 895 MYRTACEAE Calyptranthes sp. avt M.D.Moraes 888 Myrcia sylvatica arv M.D.Moraes 939 Myrciaria dubia camu-camu arv NYCTAGINACEAE Neea spruceana joão-mole avt M.D.Moraes 911 NYMPHAEACEAE Nymphaea sp. aquat. M.D.Moraes 891 Victoria amazonica vitória-régia erv M.D.Moraes 934 OCHNACEAE Ouratea sp. arv M.D.Moraes 845 OLACACEAE Minquartia guianensis quari-quara arv ONAGRACEAE Ludwidgia helmitorrhiza erv M.D.Moraes 927 ORCHIDACEAE Cattleya sp. epf M.D.Moraes 941 Polystachya foliosa epf M.D.Moraes 940 Sobralia sp. epf M.D.Moraes 890 PASSIFLORACEAE Mitostemma sp. arv M.D.Moraes 942 Passiflora spinosa lian M.D.Moraes 875 PIPERACEAE Piper sp. pimenta-longa arb M.D.Moraes 871 POACEAE Parodiolyra micrantha erv M.D.Moraes 857 Poaceae sp.1 erv M.D.Moraes 886 POLYGONACEAE Polygonum acuminatum erv M.D.Moraes 946 Triplaris sp. tachi-da-várzea arv RUBIACEAE Alibertia sp. apuruí avt Bertiera guianensis fruto-de-jacamin arb M.D.Moraes 903 Borojoa claviflora apuru arv M.D.Moraes 877 Calycophyllum spruceanum mulateiro arv M.D.Moraes 933 Capirona decorticans mamaluco arv Chomelia sp. avt M.D.Moraes 908 Duroia saccifera sapequeiro avt M.D.Moraes 863b Faramea sp. arb M.D.Moraes 865 Geophila repens erv M.D.Moraes 847 Palicourea corymbifera pau-jacaré arb M.D.Moraes 864 Palicourea guianensis pau-jacaré avt M.D.Moraes 838 Psychotria sp.1 arb M.D.Moraes 855 Psychotria sp.2 avt M.D.Moraes 860 Sipanea hispida arb M.D.Moraes 837 Warsewiczia coccinea rabo-de-arara arv Zanthoxylum sp. limãozinho arv SALICACEAE Casearia arborea laranjinha arv LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 9 FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR HÁBITO N° COLET. SAPINDACEAE Allophylus cobbe arv M.D.Moraes 907 Allophylus sp. lian M.D.Moraes 913 Paullinia sp. lian M.D.Moraes 929 Paullinia uloptera lian M.D.Moraes 924 SAPOTACEAE Ecclinusa sp. golosa; biorana- golosa arv Manilkara sp. massaranduba arv Pouteria sp. arv SIPARUNACEAE Siparuna sp. quariquara-de- igapó avt M.D.Moraes 843 SOLANACEAE Brunfelsia grandiflora manacá avt M.D.Moraes 856 Solanum barbeyanum lian M.D.Moraes 923 Solanum cf. quaesitum jurubeba arb M.D.Moraes 898 Solanum sp2 arv M.D.Moraes 937 Solanum sp3 arv M.D.Moraes 949 URTICACEAE Cecropia gigantea embaúba arv Cecropia sp. arv M.D.Moraes 948 Coussapoa sp. apuí arv Pourouma sp. torém-liso avt VERBENACEAE Aegiphila microcalycina lian M.D.Moraes 936 VIOLACEAE Amphrirrox sp. avt M.D.Moraes 840 Leonia glycycarpa gogó-de-guariba avt M.D.Moraes 904 VOCHYSIACEAE Erisma sp. guaruba arv Qualea tessmannii catuaba-amarela arv ZAMIACEAE Zamia ulei batata-de- catuaba, batata- de-anta arb M.D.Moraes 883 ZINGIBERACEAE cf. Renealmia sp. erv M.D.Moraes 885 LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 10 IV.2. A FISIONOMIA DAS FLORESTAS DE TERRA FIRME DO RIO CROA A classificação fitofisionômica proposta por Veloso e colaboradores (1991), indica que na área proposta para criação da Unidade a fitofisionomia predominante é a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas. O Zoneamento Ecológico Econômico do Acre indica na área proposta as seguintes fisionomias florestais (Governo do Estado do Acre 2000): Floresta Aberta com Palmeira, Floresta Aberta com Bambu mais Floresta Aberta com Palmeira, Floresta Aberta com Palmeira em Áreas Aluviais e, Floresta Densa mais Floresta Aberta com Palmeiras. As florestas amostradas para o presente laudo são todas Florestas Abertas com Palmeiras, e podem ser divididas em dois grupos: de terra firme (e terra firme com baboca) e de várzea (áreas aluviais). Parte da vegetação de macrófitas aquáticas foi também investigada e será descrita no decorrer do trabalho. Na Tabela 1 encontra-se a listagem completa das espécies amostradas por avistamento e coletadas. Uma série de imagens das espécies coletas e da expedição, encontra-se no Anexo 1. Estudos indicam que as Florestas de Terra Firme apresentam alta diversidade, grande porcentagem de espécies com baixa densidade e com baixa similaridade florística com áreas contíguas (v. Nelson e Oliveira 2001, para uma revisão). Silva e colaboradores (1992) registraram, em uma série de levantamentos na bacia do Rio Juruá, 556 espécies (DAP ≥ 10 cm), variando de 213 a 270 espécies/ ha, uma das maiores diversidades de árvores registrada para a Amazônia. Chrysobalanaceae, Lecythidaceae, Leguminosae e Sapotaceae representaram as famílias com maior IVI, indicando uma participação expressiva, tanto em área basal do tronco, freqüência e riqueza específica. As florestas de terra firme na área proposta para criação da Unidade estão caracterizadas, basicamente, pela alta densidade de palmeiras e cipós, e, diferentemente de outras fisionomias do Estado (Silveira et al. 1996), com ausência de tabocais. As florestas de terra firme apresentam dossel aberto, com presença de diversas espécies de palmeiras e de espécies arbóreas de grande porte. Aparentemente, as espécie arbóreas de maior porte, mais comuns ao longo da transecção realizada são o tauarí (Couratari sp. e C. macrosperma – Lecythidaceae) e a massaranduba, Manilkara sp. As florestas de terra firme com baboca, aparentemente, são semelhantes em composição com a terra firme, com exceção da densidade do sub-bosque. As espécies massaranduba, mirindiba (Terminalia sp.) e o tauarí são mais freqüentes na terra firme, enquanto o miratoá (Apuleia leiocarpa) predomina junto às áreas úmidas (babocais). As espécies breu (Protium hebetatum) e jacareúba (Calophyllum brasiliense), amostradas durante o trajeto, têm sua distribuição restrita ao Alto Juruá (M. Silveira, comunic. pessoal). No subbosque destas florestas podem ser encontradas diversas arvoretas da Família Rubiaceae (Chomelia sp.; Duroia saccifera; Faramea sp.; Palicourea corymbifera; Palicourea guianensis; Psychotria spp.; Sipanea hispida). Em alguns trechos, normalmente junto aos babocais, o sub-bosque apresenta-se mais denso, com muitas rubiáceas, pteridófitas e também melastomatáceas (Maieta poeppigii, Miconia spp., Tococa spp.). Apesar de não ser prioridade de coleta, diversas pteridófitas puderam ser amostradas durante o trajeto do inventário. Pela aparente riqueza encontrada e pela escassez de dados do grupo, é recomendável que se procedam levantamentos específicos para ogrupo, a fim de aumentar o conhecimento em Pteridophyta no Alto Juruá. A abundância de espécimes da Família Araceae é uma característica desta floresta que chama bastante a atenção. São espécies geralmente hemiepífitas e epífitas, que são facilmente observadas nos troncos das árvores e sobre troncos caídos no chão da floresta. Ao todo foram observadas e coletadas para posterior identificação quatro morfoespécies do gênero Anthurium, seis morfoespécies de Philodendron, além de Dracontium sp. e Heteropsis riedelianum. A presença de espécimes de Passiflora spinosa – Passifloraceae (Anexo 1; Figura 2), coletada nas coordenadas 07o48’19”S, 72o31’42”W indica que a floresta é bem preservada, uma vez que esta espécie é indicadora de floresta primária. LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 11 IV.3. NOTAS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES DE ARECACEAE A família Arecaceae é o principal componente do dossel de muitas formações de floresta primária na Amazônia, juntamente a Leguminosae, Lecythidaceae, Moraceae e Lauraceae (Nelson e Oliveira 2001). As florestas amostradas apresentam este mesmo padrão, e as seguintes espécies de palmeiras podem ser facilmente encontradas no dossel da floresta: Astrocaryum murumuru (murmurú); Astrocaryum tucum (tucumã); Attalea butyracea (jací); Euterpe precatoria (açai); Iriartea deltoidea (paxiubão); Mauritia flexuosa (buriti); Oenocarpus bataua (patoá); Socratea exorrhiza (paxiubinha). O sub-bosque da Floresta Aberta com Palmeiras é ainda dominado pela regeneração de muitas espécies da mesma família, além da ocorrência pujante de indivíduos de palmeiras de sub-bosque, como espécies dos gêneros Bactris spp. e Geonoma (G. brongniartii; G. camana; G. deversa). Segundo autores (v. Vormisto et al. 2004, para uma revisão) as palmeiras são indicadoras de ambientes e de gradientes edáficos e topográficos. Foi observado que na transecção percorrida ficou bem evidente o limite de distribuição de determinadas espécies de palmeiras. Junto ao Rio Alagoinha (07o48’17”; 72o29’46”) até aproximadamente 3 km sentido leste – oeste, estão ausentes algumas espécies como jací, açaí, murmurú e paxiubinha. Depois de 3 a 4 km começam a aparecer açaí e paxiubinha. Somente mais no centrinho, junto ao divisor d’água das microbacias dos rios Alagoinha e Croa é que aparecem as palmeiras jací, paxiubão e murmurú. Diversos agrupamentos de buritis (Mauritia flexuosa) marcam justamente a área que representa o divisor d’água das duas microbacias (07o48’36”; 72o33’22”). Os buritizais estão sobre áreas bastante úmidas, com muitas babocas. Neste ponto pode-se observar o solo bem encharcado, com diversas espécies de palmeiras de sub-bosque, e ainda a presença das palmeiras marajá (Astrocaryum spp.; Bactris spp.), e o juarí (Astrocaryum jauari). Chamou atenção a alta freqüência e a altura dos indivíduos de patauá, Oenocarpus bataua, que variou entre 25 e 30 metros de altura (localização: 07o47’60”; 72o31’11”). Os cachos de frutos estavam bastante carregados. Phytelephas macrocarpa (jarina) foi ausente durante todo o percurso, vindo a aparecer somente junto às margens do Rio Croa. Apesar de listados pelo Levantamento Etnobotânico de 2003 (Pantoja et al. 2003), cocão e uricuri não foram observados durante o percurso de amostragem. A palmeira catolé (Syagrus smithii) foi vista, mas em baixa freqüência no percurso. IV.4. A FISIONOMIA DA VEGETAÇÃO RIBEIRINHA DO RIO CROA As margens dos Rio Alagoinha não puderam ser amostradas nesta oportunidade, ficando para uma das próximas excursões. Observamos da canoa, rapidamente, uma boa variedade de epífitas nas margens do referido rio, e da mesma forma uma boa quantidade de material fértil. Por outro lado, as margens do Rio Croa foram razoavelmente bem exploradas e amostradas, incluindo um bom trecho rio acima, após o último morador (observação pertinente: este último morador está há somente dois meses instalado no local, assim, entende-se que o impacto local ainda é bem baixo). A distância em linha reta percorrida na direção Sul foi de 1 km. São florestas em áreas aluviais (Floresta Aberta com Palmeiras em Áreas Aluviais), incluindo aquelas áreas conhecidas como “restinga”, áreas aluviais que somente são cobertas com água quando a inundação é grande. “Restingas”, portanto, são áreas na maior parte do tempo secas, em meio às áreas inundadas. O local onde localiza-se a sede comunidade Nova Era é uma área de “restinga”. Junto a algumas margens e nos remansos, acumulam-se populações de macrófitas aquáticas, principalmente a pasta (Pistia stratiotes - Araceae), espécie invasora e dominante nestas formações. Inclusive a presença excessiva da espécie no local, segundo relatos dos moradores, tem se constituído em um dos principais problemas de manejo. As macrófitas multiplicam-se por crescimento vegetativo, e podem dobrar seu número populacional em um intervalo de tempo muito curto. A pasta em excesso, associada às outras vegetações flutuantes, fecha os canais de circulação das canoas, prejudicando a locomoção e o modo de vida dos moradores locais. Além da pasta e em associação com ela, podemos encontrar gramíneas, ciperáceas, algumas leguminosas flutuantes, e uma espécie que chama grande atenção pelo seu aspecto ornamental: a vitória- régia (Victoria amazonica). Podem ser observadas ainda as espécies Polygonum acuminatum, Ludwidgia helmitorrhiza, e as pteridófitas flutuantes Azolla sp. e Ceratopteris sp. LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 12 O trecho acima do último morador é o trecho em melhor condições de conservação. A pteridófita flutuante Ceratopteris sp. (Anexo 1 – Figura 4) inclusive, é observável somente nas partes mais altas amostradas do Rio Croa, o que pode significar um indicador de ambientes bem conservados. Nestes trechos, a vegetação avança por sobre o rio e este apresenta-se bastante sinuoso. Comparativamente, as áreas mais abaixo do rio estão com as margens bem mexidas, com vegetação ruderal, pioneiras e iniciais dominando. Algumas espécies representativas destes ambientes são: embaúba (Cecropia gigantea), jutaí (Hymenaea parviflora), assacú (Hura crepitans), apuí (Ficus trigona), samaúma-preta (Pseudobombax sp.), os ingás (Inga barbata, Inga alba, Inga nobilis e Inga spp.), joão-mole (Neea spruceana), e a munguba (Bombacopsis macrocalyx), que nesta época apresenta-se sem folhas e com o início da floração de suas enormes flores brancas polinizadas por morcegos. Diferentemente do Rio Alagoinha, o Rio Croa, numa primeira amostragem, não apresentou muitas espécies/ indivíduos de epífitas. As mais comuns foram espécimes da família Bromeliaceae (Bilbergia sp.). Orquidaceae foi pouco avistada, com exceção de três espécimes dos gêneros Cattleya, Polystachya e Sobralia. Somente uma espécie de Cactaceae pode ser amostrada. Um pequeno grupo de indivíduos de Epiphyllum cf. phyllanthus foi encontrada no trecho do Rio Croa acima do último morador, flutuando em um tipo de “balseiro”. Segundo M. Silveira (comunic. pessoal), se confirmada a identificação, este será o primeiro registro da espécie para o Alto Juruá. V. CONSIDERAÇÕES FINAIS A área proposta para criação da Reserva Extrativista está incluída, segundo o Mapa das Áreas Prioritárias para a Biodiversidade (Instituto Socioambiental 2001), dentro das Novas áreas identificadas pelos grupos regionais, e dentro da Área de Extrema Importância Biológica (toda a margem direita do Rio Juruá pertence à área proposta, segundo Seminário de Consulta, Macapá 1999). Os resultados do referido seminário antecipam que devem ser executadas ações de médio prazo para criação de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável no local. Apontam ainda a necessidade, a médio e longo prazos, que se realizem estudos para definição de áreas prioritárias, bem como inventários biológicos e que se implementem ações de fiscalização. Apesar do grande esforçodos levantamentos botânicos efetuados na Amazônia brasileira, de uma maneira geral, objetivados em entender a estrutura e a composição florística destas florestas, pouco se sabe sobre as diferenças florísticas regionais. Esta lacuna de dados pode causar uma má interpretação da florística, com a definição artificial de espécies endêmicas e/ ou raras. Não obstante, a região ocidental da Amazônia é a de maior diversidade (Oliveira e Daly, 1999). Poucos levantamentos botânicos foram feitos nesta região. A maior parte dos levantamentos localizam-se junto às sedes dos municípios (Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves). Especificamente na bacia do Croa – Alagoinha, mais parte da bacia do Rio Valparaíso ao sul, os resultados do presente trabalho são os primeiros a serem obtidos. Situação semelhante acontece no rio Tarauacá, onde é indicada, pelo trabalho referido acima, a extrema importância florística da região. Dentre as espécies arbóreas amostradas, algumas figuram entre as mais ameaçadas em termos de redução populacional, causada pela exploração madeireira segundo Martini et al. (1994). Apesar de não serem muitas, são em número significativo (tabela 2). Dentre as espécies citadas no referido trabalho, está Minquartia guianensis (quari-quara), que ocupa a oitava posição no ranking das mais ameaçadas. Diversas espécies de Licania spp. são citada na lista. Na amostragem observamos uma espécie deste gênero que permanece sem identificação ao nível específico. LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 13 Tabela 2. Lista das espécies madeireiras, Família botânica e Nome popular, amostradas durante a expedição botânica para a criação da RESEX Croa – Alagoinha (Cruzeiro do Sul – AC), que são citadas na lista de espécies ameaçadas de redução populacional ocasionada pela exploração madeireira (Segundo: Martini et al. 1994). NOME DA ESPÉCIE FAMÍLIA NOME POPULAR USO Anacardium giganteum ANACARDIACEAE cajuí Tapirira guianensis ANACARDIACEAE pau pombo densidade média Tabebuia cf.serratifolia BIGNONIACEAE ipê-amarelo alta densidade Tetragastris altissima BURSERACEAE breu-vermelho densidade média Hevea brasiliensis EUPHORBIACEAE seringueira Látex para borracha Hura crepitans EUPHORBIACEAE assacú Mezilaurus itauba LAURACEAE itaúba densidade alta Couroupita guianensis LECYTHIDACEAE coeté-de-macuco Apuleia leiocarpa LEG.-CAESALPINIOIDEAE garapeira, cumarú densidade alta Dialium guianensis LEG.-CAESALPINIOIDEAE pororoca densidade alta Copaifera sp. LEG.-MIMOSOIDEAE copaíba densidade média Dinizia excelsa LEG.-MIMOSOIDEAE angelim-casca-sgrossa Inga alba LEG.-MIMOSOIDEAE ingá-vermelha Parkia pendula LEG.-MIMOSOIDEAE angico densidade baixa Schizolobium amazonicum LEG.-MIMOSOIDEAE paricá Bombacopsis macrocalyx MALVACEAE munguba Carapa guianensis MELIACEAE andiroba Swietenia macrophylla MELIACEAE aguano, mogno densidade alta Minquartia guianensis OLACACEAE quari-quara densidade alta Muitas das amostras coletadas na presente oportunidade podem significar ocorrência de espécies raras, endêmicas ou mesmo desconhecidas para a ciência, ressaltando, portanto, a importância florística da região. É oportuno salientar, principalmente em decorrência da conclusão da BR 364, que o entorno da sede dos municípios de Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul é considerado como eixo de desenvolvimento, o que fatalmente resultará em grande pressão antrópica nos próximos anos. Pela risco que implica a proximidade das áreas amostradas do asfalto (em média de 8 a 10 km, em linha reta), corrobora-se a necessidade e a iniciativa de ser criada uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, do tipo Reserva Extrativista, no intuito de preservar a integridade das fisionomias da região. Foram amostradas, durante esta única expedição botânica, 110 espécies de árvores no trajeto percorrido. Se comparados aos dados de Silva e colaboradores (1992), os resultados demonstram uma boa amostragem de árvores, considerando o tempo curto de uma única excursão de campo e à época do ano. A intenção, portanto, é que essa lista, como preliminar, possa ser ampliada no decurso dos levantamentos do Plano de Manejo, etapa vindoura. Os levantamentos botânicos na região do Croa estão somente começando. Deve-se considerar a necessidade e a importância de recuperar as áreas alteradas, principalmente ao longo da margem dos rios Juruá e Croa, no restabelecimento das funções ecossistêmicas, ressaltando-se a importância destas áreas como zonas-tampão de amortecimento das florestas melhor preservadas. LAUDO BOTÂNICO RESEX – CROA ALAGOINHA – UFAC/IBAMA ABRIL DE 2007. 14 VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DALY, D. C.; SILVEIRA, M. (2002). Aspectos Florísticos da Bacia do Ato Juruá: História Botânica, Peculiaridades, Afinidades e Importância para a Conservação. In: M. Carneiro & M. Almeida, eds. Enciclopédia da Floresta. Companhia das Letras, São Paulo. GOVERNO DO ESTADO DO ACRE (2000). Zoneamento Ecológico – Econômico do Acre. Recursos Naturais e Meio Ambiente, vol. 1. Rio Branco, Ministério do Meio Ambiente/ Cooperação Brasil-Alemanha/ PPG-7. INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (2001). Biodiversidade na Amazônia Brasileira. Capobianco, J.P.R et al. (Orgs.). 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