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Trabalhos Feitos - Hidroterapia

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1. Introdução 
1.1. Antecedentes Históricos 
A hidroterapia, como uma modalidade de reabilitação, possui uma longa 
história e é tão importante atualmente quando foi no passado. O uso desta prática é 
tão antiga quanto a história da humanidade e informações sobre as atividades 
aquáticas têm sido documentadas tanto para propósitos recreacionais quanto 
terapêuticos apesar do fato de sua popularidade ter oscilado durante as épocas. 
 A história da hidroterapia como uma modalidade utilizada na fisiatria data de 
milhares de anos. Não se sabe em que momento a hidroterapia foi primeiramente 
utilizada de maneira terapêutica, porém registros datando de 2400 a.C. sugerem que 
a cultura proto-indiana usava instalações higiênicas e que os antigos egípcios, 
assírios e muçulmanos faziam uso das fontes minerais para propósitos curativos. Os 
médicos japoneses, assim como os chineses, gregos, romanos faziam uso dos 
banhos bem quentes para a redução da fadiga, para a promoção da cicatrização das 
feridas e para o combate da depressão e da melancolia, e isso bem antes da vinda 
de Cristo, isso porque água era cultuada pelos povos antigos, especialmente as 
fontes de águas puras. 
 Por volta de 339 d.C. alguns dos banhos, antes usados pelos romanos em 
atividades intelectuais, recreacionais e de saúde e higiene, passaram a ser usados 
somente com o propósito de cura e o tratamento era indicado em primeiro lugar para 
os sintomas de doenças reumáticas, paralisia e efeitos posteriores a lesões. Com o 
declínio do Império Romano, houve uma queda no uso de banhos, sendo proibidos 
pela Igreja durante a Idade Média e só por volta dos séculos XV, XVI e XVII médicos 
europeus buscaram conhecimento sobre a água com propósito de cura. 
Apesar da terapia natural não ter reconhecimento no século XVIII, grandes 
pioneiros da hidroterapia escreveram tratados, livros e trabalhos sobre o uso da 
água e seus efeitos benéficos. E só no final do século XIX os exercícios aquáticos 
começaram a ser sistematicamente desenvolvidos. 
 As duas guerras mundiais, especialmente a Segunda, salientaram a 
necessidade do uso da água para os exercícios e a manutenção do 
condicionamento e agiram como precursoras para o ressurgimento atual do uso da 
piscina de hidroterapia e a utilização da imersão total como uma forma de 
reabilitação para uma ampla faixa de doenças. 
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 Atualmente, junto com o estudo da fisiologia dos exercícios aquáticos, o 
reconhecimento dos tratamentos para os quais as características e propriedades da 
água podem ser utilizadas para criar técnicas que acentuem a atividade aquática 
como uma parte integral de todo tratamento físico e psicológico e das condições 
variadas de muitos irá assegurar o lugar da hidroterapia para a reabilitação total. 
 
2. Efeitos Fisiológicos da Água 
Os efeitos fisiológicos da água são resultantes do exercício executado e variam 
de acordo com as temperaturas da água, a pressão hidrostática, a duração do 
tratamento e a intensidade dos exercícios. Outro fator importante é que as reações 
fisiológicas podem ser modificadas pelas condições da doença de cada paciente 
(BIASOLI; MACHADO, 2006). 
Muitos efeitos terapêuticos benéficos obtidos com a imersão na água aquecida 
(como o relaxamento, a analgesia, a redução do impacto e da agressão sobre as 
articulações) são associados aos efeitos possíveis de se obter com os exercícios 
realizados quando se exploram as diferentes propriedades físicas da água, como: 
pressão hidrostática, condutibilidade térmica, viscosidade e densidade diferentes. 
Enquanto que na água fria os efeitos se diferem. Isso faz com que não só o fluxo 
sanguíneo e a termorregulação sejam afetados, mas também o metabolismo, o 
sistema nervoso e a secreção de glândulas, acontecendo, principalmente, pela 
capacidade de condução de calor da água. Nos diversos sistemas os efeitos são 
bem diferentes dos efeitos com atividades terrestres (MASI, 2003). 
 
2.1. Sistema termorregulador 
A temperatura corporal é mantida por meio do equilíbrio entre a produção de 
calor, gerada pela combustão alimentar, fígado e músculos, e a perda calórica. O 
hipotálamo é a estrutura responsável por controlar esse equilíbrio térmico através de 
mecanismos termorregulatórios, as quais são: irradiação, condução, convecção e 
evaporação. Se a água estiver quente os mecanismos de perda de calor do corpo 
não estarão atuando, com exceção da evaporação que ocorrerá através do suor por 
meio do corpo. Com isso haverá uma vasodilatação periférica, levando ao aumento 
do suprimento sanguíneo periférico, pois o sangue transportará o calor da região 
central para ser resfriado na região periférica, que leva ao aumento do metabolismo 
da pele e dos músculos e, consequentemente, ao aumento do metabolismo geral. E 
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ainda, um aumento da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas à medida 
que a temperatura interna elevar-se, para manter a temperatura corporal estável 
(BIASOLI, 2006). 
 
2.2. Sistema cardiorrespiratório 
O estresse cardiovascular em exercícios terapêuticos é consideravelmente maior 
na água do que em terra, devido à pressão hidrostática sobre o tórax e estômago, 
que força o coração a trabalhar mais forte. Com isso haverá melhora da capacidade 
aeróbica, nas trocas gasosas, aumento no consumo de energia, auxílio no retorno 
venoso, assim também como uma melhoria da irrigação sanguínea, resultando na 
estabilidade da pressão arterial. 
A frequência cardíaca (FC) é dada pelo número de batimentos por minuto (bpm) 
realizados pelo coração. Vários estudos têm demostrado que a FC na imersão e nos 
exercícios aquáticos é alterada. Alguns pesquisadores relatam haver um aumento 
da FC, enquanto outros, uma diminuição da mesma (MASI, 2003). 
Candeloro e Caromano (2008) afirmam que com imersão até o pescoço, em 
repouso, ocorre o efeito da pressão hidrostática agindo sobre todo o corpo e 
produzindo deslocamento de aproximadamente 700 ml de sangue, que são 
desviados das extremidades e vasos abdominais para os grandes vasos do tórax, 
causando aumento significativo na pressão intraventricular direita, no volume de 
ejeção e no débito cardíaco. Em consequência, ocorre diminuição da resistência 
vascular sistêmica, resultando na diminuição da pressão arterial (PA). Com o 
aumento do retorno venoso, os barorreceptores desencadeiam o aumento do 
volume de enchimento cardíaco e o volume ejetado por contração, reduzindo de 
forma reflexa a FC. Esse mecanismo sendo denominado reflexo do mergulho. 
 
2.3. Secreção de glândulas e Sistema renal 
Haverá uma maior liberação de hormônio antidiurético (ADH) e aldosterona, 
aumentando a reabsorção de água e de sódio pelos túbulos renais. Com a variação 
do pH e da profundidade na qual o corpo está submerso, há aumento dos fluidos 
corporais, levando ao aumento da diurese profunda. Isso porque o sangue, ao ser 
bem distribuído, melhora a circulação venosa e, consequentemente, a resposta renal 
e o estímulo ao processo de micção. 
 
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2.4. Sistema Musculoesquelético 
Os exercícios físicos podem começar nas primeiras fases do tratamento, de 
modo que os músculos possam ser relaxados e o metabolismo estimulado, 
ocorrendo: Redução do espasmo muscular e das dores, diminuição da fadiga 
muscular, melhora da performance geral (trabalho de agonistas e antagonistas 
igualmente), recuperação de lesões, melhora do condicionamento físico, auxílio no 
alongamento muscular, aumento ou manutenção das ADMs e melhora da 
resistência e da força muscular (BIASOLI, 2006). 
 
3. Conclusão 
As respostas fisiológicas em meio líquido diferem das respostas no meio 
terrestre, por conta das propriedades físicasda água. Profissionais que trabalham 
com atividades aquáticas devem observar estas diferenças fisiológicas tanto em 
atividades que visam a recreação como para o treinamento, pois estas variáveis 
influenciam no desempenho das atividades e bem estar dos alunos e clientes. 
Sendo assim, exercícios realizados em meio líquido devem ser programados e 
executados levando em consideração a profundidade da imersão, temperatura da 
água, posição adotada para obter um resultado satisfatório. 
 
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REFERÊNCIAS 
 
BIASOLI, Maria Cristina; MACHADO, Christiane Márcia Cassiano. Hidroterapia: 
aplicabilidades clínicas. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, Vol. 63 - Nº 5, 
2006. Disponível em: 
<http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3288>. Acesso em 
11 de Ago. 2015. 
 
CAMPION, Margaret Reid. Hidroterapia Princípios e Prática. 1ª ed. São Paulo: 
Manole, 2000. 
 
CANDELORO, Juliana Monteiro; CAROMANO, Fátima Aparecida. Efeitos de um 
programa de hidroterapia na pressão arterial e frequência cardíaca de 
mulheres idosas sedentárias. Fisioter. Pesqui. [online]. 2008, vol.15, n.1, pp. 26-
32. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
29502008000100005>. Acesso em 11 de Ago. 2015. 
 
 
MASI, Fabricio Di. Hidro: Propriedades Físicas e Aspectos Fisiológicos. 2 ed. 
Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

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