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JUVENTUDE-E-CRIMINALIDADE-DIAGRAMADA

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Juventude 
e Criminalidade 
 
 02 
 
 
1. Considerações Sobre Juventude e Criminalidade 4 
Os Jovens em Quantidade no Mundo 5 
Os Jovens em Quantidade no Brasil 7 
 
2. A Juventude e a Criminalidade: O Consumo 
de Drogas 10 
 
3. Direitos Humanos e ECA 18 
 
4. Redução da Maioridade Penal 23 
 
5. Sistemas Prisionais e Sócio Educativos 31 
Sistemas Preventivos e Efetivação 
de Politicas Públicas 36 
 
6. Referências Bibliográficas 42 
 
 
 03 
 
 
 
 
 
 4 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
1. Considerações Sobre Juventude e Criminalidade 
 
 
Fonte: Dom Total1 
 
população jovem é entendida 
em qualquer que seja o país, 
como sinônimo de força, de renova-
ção e até mesmo como representati-
vidade da capacidade de preserva-
ção do país adquirindo um protago-
nismo em diversos aspectos, seja 
cultural, político ou mesmo social 
em um mundo globalizado, permea-
do de informações que os tornam di-
ferentes do que eram até a metade 
do século XX. 
Esse aspecto vem permitindo 
maior participação da juventude em 
 
1 Retirado em https://domtotal.com/noticia/1308976/2018/11/mais-de-22-mil-jovens-infratores-estao-sob-
regime-de-internacao-no-pais-diz-cnj/ 
processos antes ocupados apenas 
por pessoas com maior idade, o que 
pressupunha sabedoria e discerni-
mento, contrariando especificamen-
te a realidade. 
Dessa forma os jovens deman-
dam condições próprias que possam 
permitir o crescimento e desenvolvi-
mento correto, e nessa linha de en-
tendimento estão presentes políticas 
públicas e privadas que permitem não 
apenas a participação deles na socie-
dade como um todo, mas que tal par-
ticipação seja eficiente e efetiva. 
A 
 
 
5 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Ainda sobre as questões ine-
rentes aos jovens, é de suma impor-
tância entender que o desenvolvi-
mento biológico deve ser entenden-
do, sobretudo quando se depara com 
idades menores, como no caso dos 
adolescentes, demandando maior 
preocupação da sociedade nesse 
sentido. 
O fato de haver um volume nu-
meroso de adolescentes e jovens nas 
camadas sociais faz com que haja, de 
igual maneira, maior preocupação 
com os reflexos sociais ocasionados, 
os quais necessitam de maior dever 
do Estado na prestação de assistên-
cia voltada a juventude. 
Fazer com que os jovens sejam 
incluídos integralmente é um desa-
fio social, notadamente quando se 
refere ao mercado de trabalho, tal se 
dá ante as violações de direitos que 
existem para essa parcela da popula-
ção. Merece destaque nesse ponto 
conteúdos como as violações e abuso 
sexual, criminalidade em si e a situ-
ação sócioeconômica em que estão 
inseridos. 
 
O reflexo dessa constatação na 
ordem social e econômica liga-
se à maior suscetibilidade de 
pobreza, fome e marginaliza-
ção, ao mesmo tempo em que 
impõe o dever do Estado de 
prestar maior assistência, espe-
cialmente no que tange à inclu-
são dos jovens na sociedade e 
no mercado de trabalho. Liga-
se, ainda, às inúmeras violações 
de direitos perpetradas contra 
crianças e adolescentes, dentre 
as quais citam-se: o abuso se-
xual (estupro, assédio sexual 
etc.); a pedofilia; a prostituição 
infantil; a exploração sexual in-
fanto-juvenil; o trabalho ilegal; 
o trabalho escravo; a violência 
física (lesões corporais e mor-
te); a violência psicológica; a 
grave omissão quanto às neces-
sidades básicas alimentares. 
(MAZZUOLI, 2018, p. 322) 
 
Por mais que movimentos so-
ciais atrelados a entidades como o 
UNICEF esteja presente em todo o 
mundo para resguardar os direitos 
da juventude, também, legislações 
especificas tenha vindo à baila é de 
suma importância fazer com que tais 
direitos sejam efetivamente respei-
tados. 
No momento em que a Consti-
tuição da República é abalizada no 
princípio fundamental da dignidade 
da pessoa humana, dizer de uma po-
pulação jovem sem o devido res-
guardo e respeito de seus direitos 
considerando a condição de desen-
volvimento. 
 
Os Jovens em Quantidade 
no Mundo 
 
Ainda que estejamos vivenci-
ando tempos em que o mundo como 
um todo vem passando por um pro-
cesso de envelhecimento, sendo ca-
da vez maior a população idosa, o 
 
 
6 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
número de jovens presentes da soci-
edade é traduzido como a parcela 
atuante e considerável em números 
quantitativos. 
Conforme dados fornecidos 
pela Organização das Nações Unidas 
(ONU) a população jovem estimada 
em todo o mundo é de 1,8 bilhões com 
idades entre 10(dez) e 24 (vinte e qua-
tro) anos, correspondendo, portanto, 
a ¼ da população mundial que atual-
mente é de 7,7 bilhões de habitantes. 
Os países com menor número 
de jovens, conforme a ONU tem 
maior dificuldade de encontrar mão 
de obra, por exemplo, dentre esses 
países merece destaque, a título de 
exemplo o Japão, cuja população jo-
vem é inferior a 15% da população 
total. 
O planejamento familiar na-
quele país é cada vez menor, os ca-
sais tem menos filhos e por conse-
guinte menos jovens japoneses. O 
processo de imigração de outras na-
cionalidades, especialmente de jo-
vens contribuem para a manutenção 
de indústrias e fábricas, por exem-
plo. Porém ao longo dos tempos até 
mesmo a presença de jovens de ou-
tras nacionalidades vem diminuin-
do, pois a permanência desses em 
suas cidades de origem é algo que 
vem se constatando ao longo do 
tempo quando estudado o compor-
tamento e movimentação dos jovens 
pelo mundo. (IBGE, 2021) 
 
Gráfico 1: População Jovem no Japão 
 
 
Fonte: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 
 
O gráfico acima trazido sobre a 
diminuição dos jovens em países de-
senvolvidos, como o caso do Japão, 
serve apenas para ilustrar o que vem 
acontecendo em outros países como 
Itália (15%), Grécia (15,3%) e Portu-
gal (15,9%), onde é possível identifi-
car um número cada vez menor 
dessa população em tais países. 
(ONU, 2021) 
15%
85%
População Jovem no Japão
Jovens
Outras idades
 
 
7 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Os Jovens em Quantidade no 
Brasil 
 
Embora o Brasil também seja 
um país em que há um notável enve-
lhecimento da população, ao contrá-
rio de outros países anteriormente 
demonstrados vivencia um cenário 
em que a população jovem represen-
ta, em números quantitativos, gran-
de parcela da população do país. 
Em números atuais fornecidos 
pelo Instituto Brasileiro de Geogra-
fia e Pesquisas (IBGE) a população 
estimada do Brasil é de aproximada-
mente 214(duzentos e quatorze) mi-
lhões de habitantes sendo a popula- 
ção jovem de aproximadamente 
23% do total de habitantes. 
Assim, dos 214 (duzentos e 
quatorze) milhões de brasileiros, são 
47,8 milhões de jovens, um número 
alto quando comparado aos demais 
países do mundo e conforme o Atlas 
da Juventude: “Estamos vivendo a 
maior população jovem de todos os 
tempos.” (ATLAS DA JUVENTUDE, 
2021) 
Considerando os níveis nacio-
nais a população jovem tem maior 
concentração em estados do país co-
mo ocorre no estado do Rio de Ja-
neiro, cuja população é estimada em 
22,1% de pessoas com idade entre 
10(dez) e 29(vinte) nove anos. 
Os números demográficos de-
monstram um quantitativo superior 
à média mundial que atualmente é 
de 16,9% de população jovem em 
grandes capitais. 
 
Gráfico 2: Gráfico comparativo população jovem no mundo e no estado do 
Rio de Janeiro 
 
 
Fonte: IBGE/2021 
0,00%
22,10%
0 0 00,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
Mundial Rio de janeiro
População Jovem- Média Estatística
Mundial Coluna1
 
 
8 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Esses números tem reflexo na 
sociedade como um todo, seja para 
uso das políticas públicas como 
acesso à educação, esportes, lazer, 
cultura como no uso do sistema pú-
blico de saúde, fazendo com que 
haja investimentos específicos para 
essa faixa etária populacional. 
Frise-se aqui, que de modo in-
feliz o estado do Rio de Janeiro tem 
níveisaltos de violência ligados a ju-
ventude. Crimes que vão desde 
aqueles sem emprego de qualquer 
violência ao com requintes de barba-
ridade, que vem sendo atrelados a 
tais números. 
Em conformidade com o tra-
zido pelo ATLAS DA JUVENTUDE 
de 2021, a população jovem foi a que 
mais sofreu com o desemprego nos 
últimos anos, com diminuição de 
renda em torno de 11%, questões 
como o abandono das escolas é pre-
ponderante nesse sentido, principal-
mente quando considerado o fato de 
que apenas 8,9% do toda população 
jovem no Brasil conseguiu comple-
tar o ensino superior completo, limi-
tando ainda mais as possibilidade de 
manter no mercado de trabalho que 
vem se tornando cada vez mais com-
petitivo. 
Essa falta de implemento de 
subsídios pra o pleno desenvolvi-
mento desses jovens leva a crimina-
lidade, especialmente quando se ob-
serva a crescente no consumo e trá-
fico de drogas e entorpecentes em 
uma parcela populacional com idade 
cada vez menor. 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
2. A Juventude e a Criminalidade: O Consumo de 
Drogas 
 
 
Fonte: Ibra Educacional2 
 
criminalidade aflige os cida-
dãos de forma geral e de igual 
maneira os governantes que devem 
buscar soluções aos problemas 
apresentados a fim de que possa 
garantir a sensação de bem estar 
nos habitantes daquela localidade. 
O aumento da criminalidade traz 
consigo a sensação de temor e inse-
gurança para todos os componen-
tes da sociedade, independente de 
classe econômica, cultural, idade e 
 
2 Retirado em https://www.ibraeducacional.com.br/cursos/single/855 
até mesmo da localidade onde es-
tão inseridos. (PIO, 2021) 
Assim, não importam se fa-
zem parte de bairros de classes al-
tas ou de periferias, se residem em 
estados do norte ou sul, o medo 
ocasionado pela ampliação dos nú-
meros de cometimento de crimes 
assola a todos. 
Conforme dispõe a Revista 
Veja (2021) O Brasil é o “terceiro 
país com menores indicies de paci- 
 
A 
 
 11 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
ficação da América do Sul”. Esses 
números podem ser traduzidos por 
diversos fatores como o fato de ser 
o maior em extensão territorial e 
populacional, por exemplo, mas a 
assertiva revela o medo que a cri-
minalidade impõe a todos. 
Não obstante o fato de ser o 
maior país da América do Sul, a cri-
minalidade no Brasil é algo que 
vem em constante crescente nos úl-
timos tempos, sendo atribuído o 
fato a diversas razões e nesse rol, 
incluídos aqueles praticados por 
jovens. 
Os menores de 18(dezoito) 
anos também estão diretamente 
envolvidos em práticas criminosas. 
O número de adolescentes envolvi-
dos na criminalidade está cres-
cendo exponencialmente no país e 
no mundo. 
 
Jovens com menos de 18 anos 
foram responsáveis por 42% 
dos homicídios registrados este 
ano em Ribeirão Preto. O dado 
consta de levantamento inédito 
feito pela DIG (Delegacia de In-
vestigações Gerais) na cidade. A 
pesquisa foi feita a partir da 
análise de todos os boletins de 
ocorrência que foram registra-
dos na delegacia durante o ano. 
Até o fim de novembro, foram 
cadastrados 122 autores de ho-
micídios, sendo que só cinco ca-
sos têm autores indetermina-
dos. Outros 117 foram identifi-
cados. De acordo com o levan-
tamento, 45% dos autores de 
homicídios têm entre 18 e 30 
anos e 9% têm mais de 30 anos. 
(BRAGHETO, 2021) 
 
Dentre as práticas delitivas 
mais comuns praticadas merece 
destaque aquelas relacionadas ao 
tráfico e uso de entorpecentes, to-
talizando aproximadamente 80% 
dos crimes. 
É possível observar que em 
quase sua totalidade os atos análo-
gos a crimes que os adolescentes 
cometem são sem o emprego de vi-
olência ou grave ameaça. Em sua 
maioria são descritos como furtos, 
tráfico ou consumo de entorpecen-
tes. Condutas que ao serem interli-
gadas demonstram com clareza a 
finalidade de conseguir recursos 
para o consumo de drogas. 
No caso dos crimes contra o 
patrimônio ato análogo ao roubo 
também está na galeria daqueles 
praticados por adolescentes, toda-
via, num patamar menor quando 
comparados aos que são perpetra-
dos sem o emprego de violência. 
 
 
 
 
 
 12 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Gráfico 1: Gráfico demonstrativo de atos análogos a crime praticados 
por adolescentes no Brasil 
 
 
Fonte: IBGE 
 
As questões inerentes ao au-
mento da criminalidade e o consu-
mo de drogas é fato que não se con-
testa. Ainda que o uso de substân-
cias entorpecentes estejam presen-
tes na humanidade desde os seus 
primórdios sendo consumidas em 
diferentes tipos de população, no 
Brasil tem alcançado números que 
vem preocupando a sociedade co-
mo um tempo. 
O fato de o consumo de drogas 
ser algo comum entre a população é 
crescente, fazendo com que os deba-
tes que giram em torno desse con- 
 
teúdo também sejam também incre-
mentados. Assim sendo, as conver-
sas sobre o entendimento do que 
leva a esse aumento exagerado e as 
consequências trazidos pelo consu-
mo e até mesmo pelo tráfico de dro-
gas como forma de profissão são 
cada vez mais frequentes. 
É possível observar que o con-
sumo frenético de drogas é de rele-
vância social, especialmente quando 
o público é, em sua maioria, forma-
do por jovens e adolescentes, que 
consomem de modo recorrente ex-
pondo-se a vulnerabilidade de uso 
continuado. 
Crimes Hediondos
12%
Furtos
32%
Roubos
15%
Tráfico de 
entorpecentes
41%
Adolescentes
Crimes Hediondos
Furtos
Roubos
Tráfico de entorpecentes
 
 13 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
A disposição que levam ao 
consumo de drogas faz com que a ju-
ventude contemporânea seja dife-
renciada daquela dos anos 60 em 
que se consumiam drogas como es-
tilo de vida ou algo do gênero e não 
como disposição particular da atua-
lidade. 
O consumo torna-se algo ne-
cessário para a própria vida sem 
considerar os danos que causam. 
Por isso, o ordenamento jurídico 
dispõe sobre a matéria como forma 
de tutelar e resguardar a vida huma-
na, já que o cerne dos delitos que en-
volvem entorpecentes sejam eles pra 
consumo ou tráfico, é a vida do usu-
ário e não questões patrimoniais. 
O consumo de drogas em nú-
meros demonstrado por um estudo 
feito pela Fundação Oswaldo Cruz 
(FIOCRUZ) demonstra que no ano 
de 2020, 7,4% dos jovens brasileiros 
com idade entre 18(dezoito) e 24 
(vinte e quatro anos) assumiram ter 
feito o uso de alguma droga ilícita 
durante aquele ano. 
Ainda, do total de jovens en-
trevistados 40,1% também assumi-
ram que ingeriram álcool com fre-
quência durante ao ano. Sendo o ál-
cool a porta de entrada para o con-
sumo de outras drogas é um número 
preocupando especialmente por se 
tratar da população jovem do país. 
O álcool e o tabaco enquanto 
drogas licitas não são computadas 
em dados sobre consumo de drogas 
exatamente pela permissão de uso. 
No entanto, o uso exacerbado tem 
também trazidos consequências re-
levantes para a juventude, sendo 
causadores de tragédias que na 
grande maioria das vezes iniciaram-
se com o consumo de álcool, levando 
a utilização de outros entorpecentes. 
A ingestão de bebidas alcoóli-
cas é algo que faz parte da cultura do 
brasileiro e tem sido observada em 
pessoas com pouca idade, adoles-
centes. A Secretaria Nacional Anti-
drogas (SENAD)em pesquisa recen-
te sobre esse tema identificou que a 
maioria dos brasileiros tem o pri-
meiro contato com álcool antes de 
completarem 15(quinze) anos, em 
ambientes familiares ou com amigos 
muito próximos, em pequenas reu-
niões ou mesmo em almoços e janta-
res de família. 
 
O uso de drogas ilícitas se con-
segue na maior parte das vezes 
em grupos, de maneira especial 
de jovens, a ingestão anual de 
bebida alcoólica é oito vezes 
maior que o de drogas ilícitas. 
As primeiras experiências com 
substâncias psicotrópicas acon-
tecem, em sua maioria, nos pri-
meirosanos da juventude, aos 
15 anos, e o consumo de bebida 
alcoólica acresce e segue o 
avanço da idade. (KOPANAKIS, 
2018, 9.104) 
 
Como dito essa assertiva é pre-
ocupante já que quanto mais cedo o 
 
 14 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
contato com o álcool a abertura para 
outras drogas é evidente, pois é algo 
que tem se tornado comum a juven-
tude como forma de aceitação e cur-
tição entre eles. 
Desse modo, partindo da com-
preensão de toda subjetividade que 
permeia a juventude, é fundamental 
analisar as relações sociais que tem 
levado ao consumo de drogas como 
forma de integração no universo so-
cial. 
Outra droga lícita que também 
não faz parte das estatísticas de con-
sumo de entorpecentes é o tabaco, 
que assim como o álcool é porta de 
entrada para outras drogas, consta-
tando entre a juventude níveis eleva-
dos de dependência seja por cigarros 
industrializados ou por cigarros ele-
trônicos. 
Não se pode olvidar essas 
questões sobre as drogas licitas visto 
que estão diretamente ligadas as 
drogas ilícitas. No Brasil. o consumo 
não é apenas por pessoas de classes 
distintas sociais e sim em todos os 
níveis sociais e culturais. 
Atentando apenas para as dro-
gas proibidas observa-se, de igual 
maneira diferentes tipos e maneiras 
de consumo. Vejamos: 
 
Gráfico 4: indicativo drogas mais consumidas por jovens no Brasil em 2020 
 
 
Fonte: FIOCRUZ 
 
41%; 41%
48%; 48%
4,00%; 4%
3%; 3%
1,20%; 1%
1,10%; 1%
1,80%; 2%
Drogas mais consumidas por jovens no Brasil
MACONHA
COCAINA¨e CRACK
LSD
Esctasy
INJETÁVEIS
HEROÍNA
OUTRAS DROGAS
 
 15 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Da simples leitura do gráfico 
acima é possível identificar que a 
maconha, cocaína e crack são as dro-
gas mais consumidas por jovens bra-
sileiros no ano de 2020. Mas estão 
presentes a drogas sintéticas, além 
das injetáveis, opioides, medica-
mentos controlados e solventes. 
(SENAD, 2020) 
Cada tipo de substância entor-
pecente age de maneira diferente no 
organismo e com capacidade vician-
te também diferenciada. Mas o que 
deve ser entendido que o consumo 
de determinada droga em detrimen-
to da outra não depende da classe 
social que o indivíduo está integrado 
e sim da necessidade de consumo, 
ou seja, qual substancia é viciado. 
Importa dizer que a depen-
dência química é tratada como do-
ença pela OMS e não como simples 
desvio de conduta ou qualquer outro 
entendimento que não seja esse. 
Não são raros os casos que o 
dependente/usuário para a ser trafi-
cante ou mesmo colaborador do trá-
fico. Ou, ainda, esteja envolvido na 
criminalidade como forma de conse-
guir recursos para bancar o vício, 
contribuindo diretamente para o au-
mento da criminalidade. 
No estado do Rio de Janei-
ro/Brasil, o perfil dos traficantes de 
droga são negros, pobres, que in-
gressam no tráfico para consegui-
rem pagar a droga para consumo e 
ajudar na renda familiar. (SENAD, 
2020). Não são raros os casos relata-
dos na mídia em casos de confronto 
de facções criminosas ou rivais pelo 
controle do tráfico de determinado 
local jovens estão envolvidos ou 
mesmo perdem a vida nesses con-
frontos. 
Os contornos da violência pas-
sam por uma construção social e 
desdobra-se em diversos aspectos 
que vão desde a física, psicológica, 
etc., sendo conceituada de forma 
que leva a existência de crimes sen-
do cada vez mais crescente quando 
relacionados as questões de po-
breza. 
Assim sendo, o envolvimento 
com o crime tem sido algo frequente 
levando a concretização da chamada 
“metáfora da destruição” diante do 
fato de se tratar de um caminho pe-
rigoso de muita crueldade. Essa con-
dição, imposta pelo tráfico leva ao 
entendimento de que o vício em en-
torpecentes é um caminho de desa-
gregação social, fazendo com que a 
necessidade do combate seja imi-
nente. 
O controle sobre as questões 
que envolvem drogas faz com que o 
Estado ordene e exerça seu domínio 
sobre a conduta humana, por se tra-
tar de crimes de saúde pública. As-
sim, a sociedade, num sentido am-
pliado de entendimento, tem disci-
plinado a forma como deve agir 
 
 16 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
frente a essas questões. (FERFFE-
MAN, 2019) 
Leis proibitivas estão no con-
texto como forma de reprimenda e 
combate a marginalidade e as dro-
gas. A Política Nacional Sobre Dro-
gas do SENAD, expõe diferentes 
ações de reprimenda, e dentre ela a 
elaboração de leis proibitivas que le-
vam não somente a imposição de pe-
nas privativas de liberdade, mas 
também, questões educativas, de sa-
úde, desmantelamento de quadri-
lhas, enfraquecimento e empobreci-
mento das quadrilhas envolvidas 
com o tráfico. 
Ora dentro do reconhecimento 
da necessidade de voltar-se ao usuá-
rio com olhar de tratamento. A de-
nominada justiça terapêutica tem 
sido cada vez mais aceita por juristas 
e equipe multifuncional que dispõe 
sobre a matéria, pois deve-se tratar 
as causas e consequências diante do 
fato cometido. 
Esse é o entendimento de Luiz 
Flávio Gomes sobre a justiça tera-
pêutica. “Justiça Terapêutica: centra 
sua atenção no tratamento e, por 
conseguinte, apregoa a dissemina-
ção dessa reação como forma ade-
quada para cuidar do usuário ou do 
usuário/dependente”. (2018, p. 56) 
Nesse contexto, torna-se im-
prescindível a análise das situações 
com olhar ampliado, enxergando os 
males que assolam a juventude ori-
undos da criminalidade e o consumo 
de drogas, fazendo com que todos 
estejam envolvidos na propositura 
de mudança de comportamento pa-
ra que haja de modo efetivo a trans-
formação da juventude moderna 
nessas questões. 
A criminalidade representada 
atualmente pela juventude faz com 
que os discursos e práticas sejam re-
pensados com necessidade de apro-
fundamento dos debates e realiza-
ções nesse âmbito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
3. Direitos Humanos e ECA 
 
 
Fonte: Unicef3 
 
ideia protetiva de adolescentes 
e jovens, vem exatamente da 
condição de desenvolvimento em 
que eles estão. Desse modo, a Decla-
ração Universal dos Direitos do Ho-
mem datada de 1948 garante a pro-
teção as crianças e adolescente, exa-
tamente com o fito de se tornarem 
jovens e adultos completamente 
preparados para a vida adulta. 
Assim sendo, o artigo XXV, no 
parágrafo 2º traz em seu bojo essa 
condição legal protetiva social que 
 
3 Retirado em https://www.unicef.org/brazil/os-direitos-das-criancas-e-dos-adolescentes 
abarca o mundo como um todo, ten-
do em vista se tratar de uma orienta-
ção mundial. 
A Organização Internacional 
do Trabalho desde o início do século 
passado também vem preocupando 
na proteção dos jovens buscando ba-
nir qualquer tipo de exploração des-
se tipo em âmbito trabalhista. Aqui 
merece destaque a Convenção nº 
138, que motiva a possibilidade do 
jovem estar inserido no mercado de 
trabalho em condições dignas, sem 
A 
 
 19 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
que isso o prive da vivencia da ju-
ventude em si, proibindo jornadas 
de trabalho sem limite, o trabalho 
noturno do menor de dezoito anos, 
dentre outros temas que visam exa-
tamente a preservação da saúde e se-
gurança. 
Denota-se que a proteção aos 
jovens em todo o cenário mundial 
vai ao encontro da contenção das 
mazelas deixadas pelo Poder Público 
e sociedade como um todo nesse as-
pecto. 
Em resumo, é possível dizer 
que a proteção aos adolescentes, jo-
vens e crianças tem sido uma preo-
cupação mundial, envolvendo esfor-
ços de diversas esferas nesse sen-
tido. 
Nessa linha de pensamento a 
Lei 8.069/90- Estatuto da Criança e 
do Adolescente- vem trazendo um 
entendimento jurídico voltado a 
condição do menor dentro da legis-
lação brasileira de modo diferenci-
ado, sendo entendido como divisor 
de águas nesse sentido. 
O ECA foi concebido sob aótica de contraposição a um passado 
legislativo de controle social e re-
pressão. A partir de então a inclusão, 
educação e reconhecimento passam 
a ser a tônica da lei, sendo os meno-
res tendo seus direitos reconhecidos 
atuando como atores sociais efeti-
vos. 
O desenvolvimento histórico é 
determinante na passagem da ideia 
de controle para proteção, notada-
mente quando deixa de entender 
como delinquentes abandonados e 
passam a atribuir a todos o dever de 
cuidado mesmo quando encarados 
como violentos/perigosos. 
O crescente número de meno-
res ocupando as ruas, cometendo 
delitos e em situação de mendicân-
cia revelam as carências de socializa-
ção com tendências antissociais de-
terminados mudanças nas repri-
mendas aplicadas. 
Dessa feita, as questões sociais 
são aventadas com mais ênfase, fa-
zendo com que a expressão “menor” 
seja ampliada indo além do fator 
idade e abarcando também as ques-
tões de desenvolvimento as quais 
são intrínsecas a eles. 
Aqui também é notado o cará-
ter protetivo e integrador da lei con-
cernente aos jovens a toda estrutura 
social, devendo ser aplicado aos me-
nores de 18 anos conforme explici-
tado em seu bojo. 
Permanece o caráter protetivo 
como na ordem mundo, sendo, des-
sa feita, o dispositivo jurídico tam-
bém fundamentando na questão da 
proteção integral e principalmente 
como cerne a educação, já que não 
prevê nenhum tipo de punição e sim 
de aplicação de medidas socioeduca-
tivas. 
 
 20 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Afirma-se, portanto, que a 
partir de 1990 com o ECA os direitos 
fundamentais das crianças e adoles-
centes são envolvidas por aspectos 
predominantemente pedagógicos 
atentando as particularidades das 
fases de desenvolvimento de cada 
uma. 
A proteção do adolescente, 
seja ele infrator ou não ganha desta-
que no artigo 227 da Constituição da 
República quando ela determina 
que tal é ato direcionado à família, 
sociedade e Estado de modo conco-
mitante, sem que um exime o dever 
do outro quanto ao menor, assim 
dispondo: 
 
Art 227- É dever da família, da 
sociedade e do Estado assegu-
rar à criança e ao adolescente e 
ao jovem, com absoluta priori-
dade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao la-
zer, à profissionalização, à cul-
tura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência fami-
liar e comunitária, além de co-
loca-los a salvo de toda forma 
de negligencia, discriminação, 
exploração, violência, cruelda-
de e opressão. (BRASIL, 1988) 
 
A Constituição Federal foi 
clara na afirmativa e necessidade de 
resguardar os direitos dos menores, 
dado a todos a responsabilidade de 
fazê-lo, sendo norma fundamental e 
de total importância dentro do orde-
namento jurídico brasileiro. 
 
A consequência prática de todo 
o Estatuto reside no reconheci-
mento de que os adolescentes 
são detentores de todos os di-
reitos que têm os adultos e que 
sejam aplicáveis à sua idade e 
mais direitos especiais que de-
correm precisamente do seu es-
tatuto antológico próprio de 
“pessoas em condição peculiar 
de desenvolvimento”. (CURY, 
2019, p. 53) 
 
Considerando o fato de que é 
dever de todos prevenir a ocorrência 
de ameaça ou violação de direitos, 
ninguém pode eximir-se desta obri-
gação. Qualquer atentado aos direi-
tos fundamentais, por ação ou omis-
são deverá ser apenada 
Assim diz o artigo 228 da 
Constituição Federal de 1988: “São 
penalmente inimputáveis os meno-
res de dezoito anos, sujeitos às nor-
mas da legislação especial.”. Além de 
afirmar sobre a imputabilidade a lei 
determina que seja seguida as nor-
mas da legislação especial que no ca-
so especifico é o ECA. 
Com essa compreensão todo 
menor não comete crime e sim ato 
infracional ou condutas análogas às 
descritas como crime pela lei penal. 
Todavia, as consequências dos atos 
são os mesmos ainda que a nomen-
clatura seja outra. 
Desse modo, ainda que seja 
perceptível na legislação especifica 
um conjunto de normas que discipli-
nam e reprimem os atos criminais 
 
 21 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
dos menores é de suma importância 
reconhecer as questões que justifi-
cam esse tratamento ante a menori-
dade. 
Por conseguinte, o entendi-
mento de uma sociedade participati-
va, harmoniosa e com comprometi-
mento faz com que a busca por solu-
ções práticas atinentes a segurança 
social seja considerada em sua tota-
lidade, já que a segurança é um di-
reito social voltado a todos. 
Um contorno socioeducativo é 
visível quando aplicada a pena aos 
infantes, disciplinando a prática dos 
atos infracionais com fundamentos 
socioeducativos e não somente pu-
nitivos especificamente considerado 
o princípio da condição peculiar de 
pessoa em desenvolvimento, im-
prescindível para a ressocialização. 
Ante essa condição não é pos-
sível afirmar que a ampliação da cri-
minalidade por atos praticados por 
menores sejam somente atitudes an-
tissociais, pois a legislação é especi-
fica em dizer que esses comporta-
mentos são atos infracionais, con-
forme artigo 103 do ECA: “Consi-
dera-se ato infracional conduta des-
crita como crime ou contravenção 
penal.” 
Com isso o cárcere ou a priva-
ção de liberdade é a última alterna-
tiva aplicada como meio de pena ao 
menor, devendo se esgotarem todos 
os outros tipos de medidas socioe-
ducativas garantidas 
É garantido o acesso de todo 
menor à Defensoria Pública, ao Mi-
nistério Público e ao Poder Judiciá-
rio, por qualquer de seus órgãos, 
sendo a assistência judiciária gra-
tuita prestada a todos que a necessi-
tem (art. 141, §§ 1º e 2º). 
Ao fazer referência a menores 
num primeiro entendimento jamais 
espera-se que sejam perpetradas 
condutas violentas no que tange a 
criminalidade e daí a explicação pa-
ra o entendimento do princípio par-
ticular de pessoa em desenvolvi-
mento, necessitando para o cumpri-
mento das medidas impostas que 
tais se deem em locais apropriados 
que sejam capazes de auxiliar no de-
senvolvimento físico e psíquico re-
sultando na ressocialização plena. 
Diante disso o sistema socioe-
ducativo é pautado na culpabilidade 
normativa e não na forma como o 
ato foi praticado por menores. Ainda 
que o grau de reprovabilidade da 
conduta seja fator determinando no 
momento da aplicação da medida, a 
intervenção sempre será com a fina-
lidade educativa para o infrator 
 
22 
 
 
 
 23 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
4. Redução da Maioridade Penal 
 
 
Fonte: Observatório 3 Setor4 
 
uando se fala em direitos e de-
veres o contexto social, político 
e estrutural de cada época devem ser 
levados em consideração, já que 
nem sempre os direitos humanos fo-
ram reconhecidos, quiçá respeita-
dos. Por muito tempo vigorou a cha-
mada “lei do mais forte”, quando 
aquele que era superior seja por for-
ça física ou política ditava a forma de 
agir. Essa conjuntura sofre mudan-
ças com as religiões e o impacto que 
elas causaram nos relacionamentos 
sociais dando outros contornos ao 
entendimento sobre a defesa da 
vida. 
 
4 Retirado em https://observatorio3setor.org.br/media-center/radio/reducao-da-maioridade-penal/ 
As modificações sofridas pela 
sociedade com esses novos entendi-
mentos fazem com que as legislações 
também acompanhassem os novos 
modelos sociais, sob o risco de tor-
narem-se obsoletas e sem aplicabili-
dade. 
Então, com a percepção de se-
rem todos os sujeitos de direitos e aí 
incluídos os jovens, passa-se a com-
preensão de valores que até então 
não são compreendidos, forçando a 
legislação a estar adequada a regula-
ção de todos os envolvidos, especial-
mente após a Declaração Universal 
dos Direitos do Homem. 
Q 
 
 24 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Em tempos atuais o histórico 
de violência no país faz com que o 
menor seja percebido como perso-
nagem ligado a violência, fazendo 
com que as normasdestinadas a eles 
sejam indagadas e deixam de lado o 
entendimento de permissibilidade, 
dando visão equivocada ao princípio 
da proteção trazido pelo ECA, enten-
dendo como ineficazes ante a reali-
dade e o texto legal. 
As discussões que pairam em 
torno da redução da maioridade pe-
nal tem sido alvo de discussões há 
algum tempo, principalmente quan-
do considerado o aumento da crimi-
nalidade praticado por jovens. 
O entendimento de ser esse o 
instrumento correto para diminuir 
esses índices vem sendo amplamen-
te argumentado, já que os menores 
de 18 (dezoito) anos são inimputá-
veis conforme a lei penal vigente no 
país. 
Em todo meio social o dilema 
que paira sobre a redução da maio-
ridade penal diante a violência pra-
ticada por menores e a efetividade 
das normas contidas no Eca são cada 
vez mais evidentes. 
Diversas propostas de Emen-
da à Constituição foram e conti-
nuam sendo apresentadas com esse 
intuito. Foram contabilizadas, entre 
os anos de 1993 a 2013, 26 (vinte e 
seis) propostas nesse sentido, pre-
tendendo a mudança do artigo 228 
da Constituição Federal no sentido 
de diminuir a idade para a imputa-
ção de crimes. A partir daí diversos 
outros pedidos foram apresentados 
com a mesma finalidade sob a argu-
mentativa de diminuição da violên-
cia e da criminalidade no Brasil. 
Atualmente a PEC 32/2019 está na 
Comissão de Constituição e Justiça 
para ser analisada e votada. 
Com efeito o entendimento é 
no sentido que com a redução da 
maioridade penal a possibilidade de 
conferir as penas impostas pelo Có-
digo Penal Brasileiro e não o ECA 
tem a possibilidade de fazer com que 
os menores se afastem das práticas 
delitivas e consequentemente haja 
diminuição da violência. 
Como dito as opiniões se di-
vergem nesse sentido, sendo aos que 
concordam para redução da maiori-
dade penal para 16 (dezesseis anos) 
o fazem sob a argumentativa de que 
assim a possibilidade de aplicação 
das leis penais previstas aos maiores 
seria capaz de coibir a criminalidade 
cometida pelos menores. 
Assim, toda a sociedade passa-
ria a entender que a sanção aplicada 
está adequada a faixa etária daquele 
que cometeu o crime, tendo em vista 
as cobranças sociais nesse sentido. 
Outro ponto que justificaria, 
em tese, a redução da maioridade 
penal é o fato de que os maiores de 
17 (dezessete) anos estão aptos ao 
 
 25 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
exercício de seus direitos políticas e 
por consequência também deveriam 
ser penalizados por seus atos em es-
fera criminal. 
A Comissão de Constituição de 
Justiça (CCJ) das Câmaras Legislati-
vas (Congresso Nacional) frequente-
mente analisam questões nesse ins-
tituto como a PEC mais recente nº 
4/2019 a qual pretende a redução 
dessa maioridade para 16 anos, sob 
a argumentativa que é necessário 
adequar a inimputabilidade à reali-
dade demográfica do Brasil a fim de 
que possa efetivamente combater a 
criminalidade. 
Além disso, são comuns movi-
mentos sociais que envolvem víti-
mas ou pessoas ligadas a essas víti-
mas que pedem a redução para uma 
idade ainda menor 14 (quatorze) 
anos. Essa bandeira é levantada pelo 
“Movimento de Resistencia ao Cri-
me” da cidade de São Paulo, que jus-
tificam tal descimento na idade ava-
liando as atrocidades e barbáries 
que vem sendo cometidas, utilizan-
do ainda o Direito Comparado com 
outros países desenvolvidos. Nos 
Estados Unidos da América, por 
exemplo, a responsabilidade penal 
acontece a partir dos 12 (doze) anos. 
Já na Suécia e na Suíça a responsa-
bilidade acontece a partir dos 15 
(quinze) anos de idade. 
As propostas de emenda à 
Constituição apresentam como van-
tajosa a redução da maioridade pe-
nal abalizados no sentido de dar a 
sociedade a sensação de segurança 
que tanto anseiam com a correção de 
uma “falha” no sistema de aplicação 
de penas, desconsiderando as medi-
das socioeducativas já previstas no 
ECA como forma de punição. 
Insta dizer, ainda, que o fato 
de os menores de idade que tenham 
cometido qualquer ato análogo a 
crime atingem a maioridade sem ne-
nhum antecedente criminal que pos-
sa ser usado no momento da dosi-
metria da pena em sua vida adulta. 
Essa fator, também é preponderante 
na defesa da redução da maioridade 
penal. 
Para aqueles que não concor-
dam com a redução da maioridade 
penal, a principal justificativa en-
contra-se no fato de serem os meno-
res de idade, por sua condição física 
e biológica, pessoas em desenvolvi-
mento. A ciência tem consigo a de-
nominada neuroplasticidade que é 
capacidade do cérebro adaptar-se a 
novas situações, o que é recorrente 
entre os adolescentes e por isso en-
tendem que não tem capacidade 
adequada para o julgamento de seus 
atos nesse período. 
Outros países como a Alema-
nha, França e Itália coadunam do 
 
 
 26 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
mesmo entendimento sobre ser 18 
(dezoito) anos a idade mínima para 
que se possa penalizar a pessoa por 
cometimento de crimes, exatamente 
por se tratarem de pessoas que estão 
ainda desenvolvendo em diferentes 
aspectos de sua vida, até mesmo o fí-
sico. 
O ECA traz a expressa previsão 
da responsabilidade juvenil a partir 
dos 12 (doze) anos de idade. Então 
dizer que não há qualquer tipo de 
responsabilização ao menor de ida-
de é um equívoco. Mesmo com no-
menclaturas diversas da Lei Penal 
existem as sanções penais que desig-
nam responsabilidade aos adoles-
centes. 
A legislação especial, Lei 
12.594/12 instituiu o Sistema Nacio-
nal Socioeducativo (SINASE) que 
determina regras especificas para as 
crianças e adolescentes no que se re-
fere as mediadas socioeducativas. As 
deliberações ali contidas vão desde 
como devem ser cumpridas tais me-
didas, como devem ser os estabeleci-
mentos para o cumprimento, os in-
vestimentos, o treinamento da equi-
pe dentre outros fatores que irão 
contribuir para a ressocialização 
desse menor respeitando seus limi-
tes e condição especial. 
Para Miguel Reale Junior, o 
problema que envolve a criminali-
dade na juventude não está respal-
dado nas questões de idade e sim as 
condições socioeconômicas de como 
tem sido submetidos, pois em sua 
maioria é considerada como degra-
dante, cheia de mazelas, seja por 
parte dos governantes, da sociedade 
e até mesmo das famílias. 
O ECA e as leis complementa-
res por si só, enquanto arcabouço ju-
rídico são suficientes para regular os 
adolescentes envolvidos na crimina-
lidade, devendo existir, na integra, a 
aplicação correta conforme a previ-
são legal, investindo em diferentes 
pontos não apenas na penalização 
do ato cometido. 
 
A redução não resolveria pro-
blemas criminológicos como 
superlotação de presídios, vio-
lência urbana, pobreza e margi-
nalização dos adolescentes. O 
Estado tem o dever de proteger 
e tutelar o menor de 18 anos, 
devendo zelar pelo seu futuro, 
não estigmatizando nem cri-
ando obstáculos para sua vida 
adulta, como uma ficha crimi-
nal na adolescência, o que gera-
ria barreiras futuras, por exem-
plo, na busca de um emprego. 
Aliás, a decisão da redução da 
maioridade penal é questão de-
licada, que requer inúmeras 
discussões e reflexões, devendo 
ser decidida com cautela e não 
em momento de clamor público 
ocasionado por um ou outro 
caso de crime bárbaro ou hedi-
ondo. 
 
O artigo 112 do ECA determina 
quais são as medidas sócio educati-
vas a serem impostas aos menores 
 
 27 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
no caso de cometimento de ato aná-
logo ao crime. 
 
Art. 112. Verificada a prática de 
ato infracional, a autoridade 
competente poderá aplicar ao 
adolescente as seguintes medi-
das: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o 
dano; 
III - prestação de serviços à co-
munidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semi-
liberdade; 
VI - internação em estabeleci-
mento educacional; 
VII - qualquer uma das previs-
tasno art. 101, I a VI. 
§ 1º A medida aplicada ao ado-
lescente levará em conta a sua 
capacidade de cumpri-la, as cir-
cunstâncias e a gravidade da in-
fração. 
§ 2º Em hipótese alguma e sob 
pretexto algum, será admitida a 
prestação de trabalho forçado. 
§ 3º Os adolescentes portadores 
de doença ou deficiência men-
tal receberão tratamento indivi-
dual e especializado, em local 
adequado às suas condições. 
(ECA/90) 
 
As medidas de segurança 
aplicadas aos menores infratores 
são devidamente previstas no Esta-
tuto e trazem determinações que 
devem punir desde os atos infraci-
onais leves aos mais gravosos como 
a internação em estabelecimento 
educacional com a privação da li-
berdade. 
A forma como deve se dar o 
cumprimento das medidas socioe-
ducativas são regulamentadas pelo 
SINASE que traz no 1º artigo, pará-
grafo 2º da Lei 12.594/12 a forma 
como as medidas socioeducativas 
são entendidas pela legislação. 
 
§ 2º Entendem-se por medidas 
socioeducativas as previstas no 
art. 112 da Lei nº 8.069, de 13 
de julho de 1990 (Estatuto da 
Criança e do Adolescente), as 
quais têm por objetivos: 
I - a responsabilização do ado-
lescente quanto às consequên-
cias lesivas do ato infracional, 
sempre que possível incenti-
vando a sua reparação; 
II - a integração social do ado-
lescente e a garantia de seus di-
reitos individuais e sociais, por 
meio do cumprimento de seu 
plano individual de atendimen-
to; e 
III - a desaprovação da conduta 
infracional, efetivando as dis-
posições da sentença como pa-
râmetro máximo de privação de 
liberdade ou restrição de direi-
tos, observados os limites pre-
vistos em lei. 
§ 3º Entendem-se por progra-
ma de atendimento a organiza-
ção e o funcionamento, por uni-
dade, das condições necessárias 
para o cumprimento das medi-
das socioeducativas. 
§ 4º Entende-se por unidade a 
base física necessária para a or-
ganização e o funcionamento de 
programa de atendimento. 
§ 5º Entendem-se por entidade 
de atendimento a pessoa jurídi-
ca de direito público ou privado 
 
 
 
 28 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
que instala e mantém a unidade 
e os recursos humanos e mate-
riais necessários ao desenvolvi-
mento de programas de atendi-
mento. (BRASIL, Lei 12.5964/ 
12) 
 
Então além das medidas pro-
postas no mencionado artigo 112 do 
ECA, no artigo acima citado estão as 
condições e entendimento sobre o 
que são as medidas socioeducativas. 
Nota-se que existe a reprova-
ção do cometimento de crimes por 
menores, ainda a lei é clara quando 
afirma que o autor dos atos deve ser 
responsabilizado e esclarecido sobre 
as consequências de seus atos, com a 
devida reprovação como forma de 
dar conhecimento sobre os males de 
suas atitudes. 
Já o artigo 15 é especifico so-
bre as formalidades para a inscrição 
do menor em regimes de privação de 
liberdade, resguardando a todo tem-
po as garantias que seja cumprido 
em respeito a proteção integral da 
qual faz jus. 
 
Art. 15. São requisitos específi-
cos para a inscrição de progra-
mas de regime de semiliberda-
de ou internação: 
I - a comprovação da existência 
de estabelecimento educacional 
com instalações adequadas e 
em conformidade com as nor-
mas de referência; 
II - a previsão do processo e dos 
requisitos para a escolha do di-
rigente; 
III - a apresentação das ativida-
des de natureza coletiva; 
IV - a definição das estratégias 
para a gestão de conflitos, ve-
dada a previsão de isolamento 
cautelar, exceto nos casos pre-
vistos no § 2º do art. 49 desta 
Lei; e 
V - a previsão de regime disci-
plinar nos termos do art. 72 
desta Lei. (BRASIL, Lei 
12.5964/12) 
 
Frise-se que a estrutura física 
do qual o menor deve ser internado 
deverá ser capaz de promover o seu 
bem estar e atender os requisitos 
que permitem a restrição da liber-
dade. 
Essa previsão legal faz com 
que a ideia de não haver nenhuma 
penalidade ao menor que comete ato 
infracional seja deixada de lado, pois 
como visto há previsão nesse senti-
do, apenas direcionada ao menor 
conforme a sua qualidade de pessoa 
em desenvolvimento. 
O grande clamor social pela re-
dução da maioridade penal acontece 
quando se tem casos específicos co-
mo o assassinato do casal de namo-
rados Liandra Friedenbach e Felipe 
Silva no ano de 2003, em que foram 
mortos por Roberto Aparecido Alves 
Cardoso (Champinha) que a época 
dos fatos era adolescentes. O crime 
se deu com rituais de brutalidade 
chocando todo o país levantando o 
debate sobre a redução da maiori-
dade penal, visto que a sensação de 
 
 29 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
impunibilidade pairou ante a confis-
são do autor que não poupou deta-
lhes de sua ação criminosa. 
Porém, o autor do fato e seus 
comparsas foram apenados e até a 
presente data Champinha vive em 
uma instituição de saúde, sob os cui-
dados do estado, devido aos laudos 
que comprovam o transtorno de per-
sonalidade o que é fato independen-
te da idade do autor. 
Outros delitos ganharam des-
taque na mídia, outros são corri-
queiros na sociedade seja em gran-
des centros ou pequenas cidades e 
por isso a discussão vai se tornando 
cada vez mais forte. Todavia, é rele-
vante entender que apenas reduzir a 
idade para a aplicação de reprimen-
das pode levar a uma via sem volta 
que é a de se ter adolescentes e cri-
anças cada vez mais jovens recruta-
das para a criminalidade. 
É imprescindível entender que 
as discussões sobre a violência en-
volvem causas distintas e muito 
complexas e nem sempre o cárcere é 
a solução mais adequada para a so-
lução dos problemas apresentados 
nesse sentido. A juventude merece 
atenção especializada, notadamente 
quando se tem a eles destinados va-
lores específicos como a proteção in-
tegral, devendo serem desenvolvido 
trabalhos que levam ao crescimento 
de forma integral, saudável e cons-
trutivos. 
 
30 
 
 
 
 31 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
5. Sistemas Prisionais e Sócio Educativos 
 
 
Fonte: Rede Brasil Atual5 
 
om as primeiras leis penais no 
Brasil, as penas passaram a ser 
individualizadas e cumpridas por 
aqueles que praticaram o crime. 
Portanto, desde a época do Brasil 
Império a busca por uma codificação 
criminal que regulamentação a prá-
tica do crime em si e da forma como 
seria executada a pena imposta veio 
evoluindo até chegar em tempos 
atuais. 
Ao analisar as unidades prisio-
nais em números fornecidos pelo 
Departamento Penitenciário Nacio- 
nal, do Ministério da Justiça e Segu-
rança Pública, de janeiro a junho de 
2020 dos 701.401 (setecentos e um 
mil, quatrocentos e um presos) cum-
priam pena em sua maioria em peni-
tenciarias estaduais, em regime fe-
chado. 
 
 
 
 
5 Retirado em https://www.redebrasilatual.com.br/ 
C 
 
 32 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Gráfico 5: regime de cumprimento de pena no Brasil- janeiro a junho 2020 
 
 
Fonte: Departamento Penitenciário Nacional 
 
Outro número expressivo sobre 
a população carcerária é a de jovens 
que estão em estabelecimentos prisi-
onais, cumprindo pena pelo cometi-
mento de crimes previstos em lei pe- 
 
 
nal. Essa polução representa aproxi-
madamente 50% dos presos no Brasil. 
Essa expressividade da quanti-
dade de jovens encarcerados é reflexo 
da criminalidade. Atos que vem sendo 
por eles praticados comumente e rei-
teradamente. 
Gráfico 6: Percentual de presos por idade 
 
 
Fonte: Departamento Penitenciário Nacional 
344.190; 49%
101.805; 15%
43.325; 6%
209.172; 30%
213; 0%2.696; 0%
Total de Presos
Fechado
Semiaberto
Aberto
Provisório
Tratamento ambulatorial
Medida de segurança
26%
24%19%
20%
8%1%2%
POPULAÇÃO CARCERÁRIA
Entre 18 e 24 anos
Entre 25 e 19 anos
Entre 30 e 34 anos
Entre 35 a 45 anos
Entre 45 a 60 anos
Mais de 60 anos
Sem informação
 
 33 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
O total de vagas ofertadas de 
janeiro a junho de 2020 foram de 
446.738 (quatrocentose quarenta e 
seis mil e setecentas e trinta e oito 
vagas), sendo essas 414.656 (quatro- 
centos e quatorze mil e seiscentas e 
cinquenta e seis) para o público 
masculino e 32.082 (trinta e dois mil 
e oitenta e duas) para o público fe-
minino. 
 
Gráfico 7: População encarcerada- Homens e mulheres 
 
 
Fonte: Departamento Penitenciário Nacional 
 
Ao considerar os dados quan-
titativos anteriormente demonstra-
dos cuja população carcerária total é 
superior a de 700.000 (Setecentos 
mil) presos e a oferta de vagas, ao fa-
zer uma conta aritmética simples de 
subtração resta comprovado que a 
demanda por vagas é muito superior 
a oferta disponível nos presídios. 
Nota-se que a situação é ainda mais 
gravosa quando se considera os pre-
sídios femininos. 
O aumento dessa população 
sob cárcere leva a níveis alarmantes, 
sobretudo ao entender o fracasso na 
reeducação dos presos. 
 
[...] prisão não é um fracasso, 
sim, um sucesso, porque ela 
consegue (como nenhuma ou-
tra instituição) produzir uma 
espécie de delinquência (nor-
malmente violenta), inclusive 
organizada (desviando a aten-
ção da massa em relação à cri-
minalidade diária das camadas 
abastadas). Os mais famosos 
grupos organizados (PCC, Co-
mando Vermelho etc.) nasce-
ram dentro dos presídios (pre-
cisamente porque é dentro de-
les que os contatos são feitos, 
93%
7%
VAGAS NO SISTEMA PRISIONAL 
Masculino
Feminino
 
 34 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
que as experiências são troca-
das, que os "soldados" são trei-
nados etc.) (GOMES, 2018) 
 
Ao entender a pena privativa 
de liberdade como forma de reedu-
car e a realidade do sistema prisio-
nal é quase uma ilusão já que a teo-
ria é muito diferente do que se iden-
tifica na verdade. 
Entender o sistema prisional 
no Brasil, para muitas pessoas, é 
aquele em que determinadas classes 
são encarceradas e mantidas fora da 
sociedade como forma de resolução 
das questões de insegurança, especi-
almente quando considerar que a 
população carcerária em suas maio-
res é de pobres e desprovidos de po-
líticas públicas eficientes. 
Esse pensamento tem levado à 
falência do sistema prisional, situa-
ção que causa grande preocupação. 
Frisando que esse colapso não é pri-
vilégio dos tempos atuais e sim vem 
se desenrolando por um tempo e 
pouco tem sido feito nesse sentido. 
Quando se faz a análise do sis-
tema penitenciário numa perspecti-
va de políticas penitenciárias a bus-
ca pela ressocialização, com a reinte-
gração dos presos na sociedade após 
o cumprimento da pena, de modo 
solidário e integral é uma forma de 
restabelecer garantias e consequen-
te preservação das relações sociais. 
A realidade do sistema carce-
rário brasileiro hodiernamente é de 
presídios superlotados, dificultando 
a ressocialização dos presos, mesmo 
a Lei de Execuções Penais estabele-
cendo os ditames para isso. Como, 
por exemplo, a garantia de que cada 
preso deverá ser encarcerado em 
conformidade com a gravidade do 
delito por ele praticado. 
Assim, também há a determi-
nação que não devem ser mistura-
dos os jovens presos com aqueles de 
alta periculosidade ou reincidentes 
na prática criminosa com a finali-
dade de não provocar, nesse tempo, 
o aumento dos conhecimentos sobre 
a criminalidade com a chamadas 
“escolas do crime” dentro dos presí-
dios e penitenciarias. Cuidado espe-
cial também é dado aos presos pro-
visórios, que como o próprio nome 
diz, encontram-se reclusos por um 
período de tempo determinado den-
tro do prescrito pela Lei Processual 
Penal. 
 
[...] o convívio em um ambiente 
promíscuo e cheio de influên-
cias negativas causadas por es-
ses criminosos fará com que ele 
adquira uma “subcultura carce-
rária”, que se constitui num dos 
maiores obstáculos a ressociali-
zação do recluso.” (ASSIS, 
2018) 
 
O objetivo principal dessas 
medidas e fazer com que o condena-
do, durante a execução da pena seja 
capaz de ser transformado e retor- 
 
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JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
nar para a sociedade de modo dife-
rente e não retorne à criminalidade. 
As falhas do sistema carcerário 
podem ser observadas em diferentes 
aspectos que vão desde a superlota-
ção a problemas com estruturas físi-
cas adequadas e outras questões que 
permeiam a falta de dignidade no 
cumprimento da pena. 
A administração é falha nesse 
sentido que são prejudicas pela falta 
de políticas públicas carcerárias e 
implicam em diferentes vetores que 
são traduzidos principalmente pela 
falta de material humano prejudi-
cado pela falta de interesse social. 
A mídia frequentemente noticia 
rebeliões e conflitos em presídios e 
penitenciarias, diante disso é pratica-
mente impossível pensar em ressoci-
alização com tanta opressão e medo. 
Com isso a pena em sua essência per-
de sua função com o encarceramento. 
Ao permitir que o condenado, 
especialmente jovem, cumpra sua 
pena em estabelecimentos prisio-
nais que não tem condição de aten-
dimento tem efeito inverso. Com 
isso, ao chegar no presidio, o jovem 
passa a ser visto como um marginal 
e é tratado e passa a ter atitudes de 
presos habituais e fatalmente tem-se 
o desenvolvimento de tendências 
criminosas por ele quando, a finali-
dade da prisão era de anula-las. (ES-
TEVES, 2020) 
O cumprimento da pena em 
momento algum deve deixar de exis-
tir. Deve sim haver condenação para 
aquele que incidiu em crimes, isso é 
fato indubitável. No entanto, ao con-
siderar a finalidade da pena e o en-
carceramento o que deve ser preco-
nizado é que tal ocorra dentro do es-
perado com efetivação da ressociali-
zação em ambientes que proporcio-
nam e determinam mudanças de 
comportamento, especialmente de 
jovens, que é a maioria presa. 
É de suma importância que al-
ternativas ao modelo tradicional se-
ja, desenvolvidas, objetivando per-
mitir o crescimento da juventude 
enquanto encarcerados e, nessa or-
dem de ideias, existe o modelo APAC 
de cumprimento de pena. 
Importante frisar, que mesmo 
sendo um modelo alternativo para o 
cumprimento de penas, nesses esta-
belecimentos prisionais a disciplina, 
respeito, confiança, dentre outros 
elementos são essenciais para o in-
gresso e permanência no preso. 
A metodologia adotada pelo 
método das APAC’s faz com que toda 
a equipe multidisciplinar esteja de-
vidamente treinada e preparada, 
caso contrário não obterá o sucesso 
pretendido. Já houveram relatos de 
insucesso de implantação do mé-
todo APAC de cumprimento de pena 
exatamente por não se ter compro-
metimento de toda equipe. 
 
 36 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Sistemas Preventivos e 
Efetivação de Políticas Pú-
blicas 
 
A partir do momento que se fa-
la de aplicação de leis, especialmen-
te para a população jovem, espera-se 
que tal tenha a eficácia pretendida 
quando foi elaborada. Assim acon-
tece quando se entende as penas no 
combate a marginalidade praticadas 
pela juventude. 
As leis não tem validade por si 
só, é imprescindível que exista toda 
uma estrutura por traz que venha fa-
zer com que seja eficiente e eficaz em 
sua pretensão. Desse modo, deman-
da que decisões sejam tomadas de 
forma conjunta e continuada para 
que a validade esteja adequada aos 
novos contornos sociais, que modifi-
cam com dinamismo. 
Portanto, não basta que a lei 
escrita tenha eficácia jurídica se os 
reflexos sociais não são adequados. 
Como exemplo, cita-se o fato de ape-
nar com pena privativa de liberdade 
e levar um jovem à prisão se a norma 
aplicada faz com que a forma de 
cumprimento devolva a sociedade 
uma pessoa pior do que a que en-
trou. 
Sobressalte-se novamente, 
que a questão aqui não implicada na 
pena e no fato de condenação pela 
prática delitiva, e sim, como a pena 
é cumprida nos estabelecimentos 
prisionais. 
Não obstante, o ordenamento 
jurídico como um todo, esteja volta-
do para a eficácia plena das normas 
impostas, ou seja, em âmbitojurí-
dico e social a função social da pena 
deve ser evidenciada quando se pre-
tende mudança no comportamento 
através da aplicação dos preceitos 
legais. 
A aplicação da norma é deter-
minante, mas os efeitos também de-
vem ser avaliados para que seja con-
seguida a eficácia dessa colocação. 
Não se questiona, portanto, a 
relevância do resultado no processo 
para que se tenha um conceito de 
efetividade de uma norma. É preciso 
considerar sob o prisma constitucio-
nal de dignidade da pessoa humana 
e das garantias constitucionais, no-
tadamente quando o quadro é refe-
rente a jovens. A juventude de qual-
quer país fará com que o futuro seja 
diferente e nesse sentido o cumpri-
mento de penas também deve estar 
evolvido, com uma ótica de educa-
ção e cuidado. (LOPES, 2020) 
A realidade social é determi-
nante no que tange ao compromisso 
de setores diversos, governamentais 
e particulares no sentido de desen-
volvimento de uma consciência pú-
blica que vai ao encontro da impor-
tância de cuidado da juventude bra- 
 
 
 37 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
sileira, mesmo aquela envolvida na 
criminalidade, com a consolidação 
do que se chama de democracia. 
Especialmente no que tange a 
juventude e criminalidade a obser-
vância de aspecto de historicidade é 
necessário para a compreensão, vis-
to que as dicotomias existentes entre 
a realidade social e o cenário de de-
sigualdade é evidente. Tal fenômeno 
não é algo da sociedade moderna, 
atual e sim, dos tempos do imperia-
lismo passando pelo fortalecimento 
do capitalismo atual. 
A desigualdade social aumenta 
exponencialmente entre a juventu-
de, como se comprova em dados co-
mo os altos níveis de desemprego e a 
diminuição da renda, resultante da 
instabilidade político/econômica do 
Brasil e a falta de efetivação de polí-
ticas públicas que busquem de for-
ma concreta a diminuição dessas di-
ferenças e consequente diminuição 
da criminalidade. 
Embora os elementos argu-
mentativos sobre a delinquência ju-
venil e fatores psicológicos o que é 
verdade em alguns casos, o que se 
percebe em sua maioria são fatores 
sociais como elemento fundamental 
para o aumento dos casos violentos. 
Não obstante a pré disposição 
para atos de delinquência como fa-
tor genético, é possível firmar opini-
ões apenas nesse fato que em muitos 
casos são reflexos de relações mal 
adaptadas que vem principalmente 
de suas próprias famílias. Sendo ca-
paz de potencializar essa tendência 
biológica. 
Investimentos em educação e 
estruturação familiar são indispen-
sáveis quando estamos diante de ní-
veis elevados de criminalidade prati-
cada por jovens, que por diversas ve-
zes sem veem em situações nas quais 
delinquir é a única oportunidade. 
Reduzir a maioridade penal 
sem dar condições de crescimento e 
oportunidades ao jovem, é apenas 
uma alteração legislativa que não le-
va em conta o sistema retributivo da 
qual se reveste a finalidade da pena. 
Com a aplicação de medidas socioe-
ducativas espera-se que o infrator 
consiga suportar a penalidade e 
cumprir de forma que seja capaz de 
trazer restauração ao seu comporta-
mento. 
É fundamental investir em 
procedimentos restaurativos, como 
tem acontecido com o incentivo de 
reconhecimento de paternidade e 
ações afins, que visam promover o 
conserto familiar e com isso trazes 
para o menor condições de estrutu-
rar emocionalmente, pscicologica-
mente e de acreditar que a crimina-
lidade e/ou o uso de entorpecentes 
não é caminho viável para o reco-
nhecimento social. 
O esforço social deve ser conti-
nuo para que os jovens envolvidos 
 
 38 
JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
em práticas criminosas vejam condi-
ções de ressocialização e superação, 
sentindo acolhimento e com isso 
consiga identificar seu valor social 
enquanto pessoa. 
Por diversas vezes a forma de 
punir o jovem pela Justiça Criminal 
convencional levam a situações ca-
pazes de constranger o infrator e até 
mesmo a vítima. 
A pensar numa justiça de edu-
cação, retributiva leva ao entendi-
mento de reparação do dano que po-
de ser transformador na vida do jo-
vem. 
Levar ao entendimento de 
quem crime foi praticado, as conse-
quências dele, sem legitimar ou ba-
nalizar o “coitadismo” é capaz de fa-
zer com que seja reconhecida a culpa 
individual e com isso o enfrenta-
mento da situação que levou aquele 
caminho e assim realizar a preven-
ção da criminalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 
Materiais Complementares 
 
Links “gratuitos” a serem con-
sultados para um acrescentamento 
no estudo do aluno de assuntos que 
não poderão ser abordados na apos-
tila em questão. 
 
ASSIS, Rafael Damasceno. As Pri-
sões e o Direito Penitenciário no 
Brasil. Disponível em: 
http://www.direitonet.com.br/arti-
gos/x/34/82/3482/p.shtml. Acesso 
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