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Juventude e Criminalidade 02 1. Considerações Sobre Juventude e Criminalidade 4 Os Jovens em Quantidade no Mundo 5 Os Jovens em Quantidade no Brasil 7 2. A Juventude e a Criminalidade: O Consumo de Drogas 10 3. Direitos Humanos e ECA 18 4. Redução da Maioridade Penal 23 5. Sistemas Prisionais e Sócio Educativos 31 Sistemas Preventivos e Efetivação de Politicas Públicas 36 6. Referências Bibliográficas 42 03 4 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 1. Considerações Sobre Juventude e Criminalidade Fonte: Dom Total1 população jovem é entendida em qualquer que seja o país, como sinônimo de força, de renova- ção e até mesmo como representati- vidade da capacidade de preserva- ção do país adquirindo um protago- nismo em diversos aspectos, seja cultural, político ou mesmo social em um mundo globalizado, permea- do de informações que os tornam di- ferentes do que eram até a metade do século XX. Esse aspecto vem permitindo maior participação da juventude em 1 Retirado em https://domtotal.com/noticia/1308976/2018/11/mais-de-22-mil-jovens-infratores-estao-sob- regime-de-internacao-no-pais-diz-cnj/ processos antes ocupados apenas por pessoas com maior idade, o que pressupunha sabedoria e discerni- mento, contrariando especificamen- te a realidade. Dessa forma os jovens deman- dam condições próprias que possam permitir o crescimento e desenvolvi- mento correto, e nessa linha de en- tendimento estão presentes políticas públicas e privadas que permitem não apenas a participação deles na socie- dade como um todo, mas que tal par- ticipação seja eficiente e efetiva. A 5 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Ainda sobre as questões ine- rentes aos jovens, é de suma impor- tância entender que o desenvolvi- mento biológico deve ser entenden- do, sobretudo quando se depara com idades menores, como no caso dos adolescentes, demandando maior preocupação da sociedade nesse sentido. O fato de haver um volume nu- meroso de adolescentes e jovens nas camadas sociais faz com que haja, de igual maneira, maior preocupação com os reflexos sociais ocasionados, os quais necessitam de maior dever do Estado na prestação de assistên- cia voltada a juventude. Fazer com que os jovens sejam incluídos integralmente é um desa- fio social, notadamente quando se refere ao mercado de trabalho, tal se dá ante as violações de direitos que existem para essa parcela da popula- ção. Merece destaque nesse ponto conteúdos como as violações e abuso sexual, criminalidade em si e a situ- ação sócioeconômica em que estão inseridos. O reflexo dessa constatação na ordem social e econômica liga- se à maior suscetibilidade de pobreza, fome e marginaliza- ção, ao mesmo tempo em que impõe o dever do Estado de prestar maior assistência, espe- cialmente no que tange à inclu- são dos jovens na sociedade e no mercado de trabalho. Liga- se, ainda, às inúmeras violações de direitos perpetradas contra crianças e adolescentes, dentre as quais citam-se: o abuso se- xual (estupro, assédio sexual etc.); a pedofilia; a prostituição infantil; a exploração sexual in- fanto-juvenil; o trabalho ilegal; o trabalho escravo; a violência física (lesões corporais e mor- te); a violência psicológica; a grave omissão quanto às neces- sidades básicas alimentares. (MAZZUOLI, 2018, p. 322) Por mais que movimentos so- ciais atrelados a entidades como o UNICEF esteja presente em todo o mundo para resguardar os direitos da juventude, também, legislações especificas tenha vindo à baila é de suma importância fazer com que tais direitos sejam efetivamente respei- tados. No momento em que a Consti- tuição da República é abalizada no princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, dizer de uma po- pulação jovem sem o devido res- guardo e respeito de seus direitos considerando a condição de desen- volvimento. Os Jovens em Quantidade no Mundo Ainda que estejamos vivenci- ando tempos em que o mundo como um todo vem passando por um pro- cesso de envelhecimento, sendo ca- da vez maior a população idosa, o 6 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE número de jovens presentes da soci- edade é traduzido como a parcela atuante e considerável em números quantitativos. Conforme dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) a população jovem estimada em todo o mundo é de 1,8 bilhões com idades entre 10(dez) e 24 (vinte e qua- tro) anos, correspondendo, portanto, a ¼ da população mundial que atual- mente é de 7,7 bilhões de habitantes. Os países com menor número de jovens, conforme a ONU tem maior dificuldade de encontrar mão de obra, por exemplo, dentre esses países merece destaque, a título de exemplo o Japão, cuja população jo- vem é inferior a 15% da população total. O planejamento familiar na- quele país é cada vez menor, os ca- sais tem menos filhos e por conse- guinte menos jovens japoneses. O processo de imigração de outras na- cionalidades, especialmente de jo- vens contribuem para a manutenção de indústrias e fábricas, por exem- plo. Porém ao longo dos tempos até mesmo a presença de jovens de ou- tras nacionalidades vem diminuin- do, pois a permanência desses em suas cidades de origem é algo que vem se constatando ao longo do tempo quando estudado o compor- tamento e movimentação dos jovens pelo mundo. (IBGE, 2021) Gráfico 1: População Jovem no Japão Fonte: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS O gráfico acima trazido sobre a diminuição dos jovens em países de- senvolvidos, como o caso do Japão, serve apenas para ilustrar o que vem acontecendo em outros países como Itália (15%), Grécia (15,3%) e Portu- gal (15,9%), onde é possível identifi- car um número cada vez menor dessa população em tais países. (ONU, 2021) 15% 85% População Jovem no Japão Jovens Outras idades 7 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Os Jovens em Quantidade no Brasil Embora o Brasil também seja um país em que há um notável enve- lhecimento da população, ao contrá- rio de outros países anteriormente demonstrados vivencia um cenário em que a população jovem represen- ta, em números quantitativos, gran- de parcela da população do país. Em números atuais fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geogra- fia e Pesquisas (IBGE) a população estimada do Brasil é de aproximada- mente 214(duzentos e quatorze) mi- lhões de habitantes sendo a popula- ção jovem de aproximadamente 23% do total de habitantes. Assim, dos 214 (duzentos e quatorze) milhões de brasileiros, são 47,8 milhões de jovens, um número alto quando comparado aos demais países do mundo e conforme o Atlas da Juventude: “Estamos vivendo a maior população jovem de todos os tempos.” (ATLAS DA JUVENTUDE, 2021) Considerando os níveis nacio- nais a população jovem tem maior concentração em estados do país co- mo ocorre no estado do Rio de Ja- neiro, cuja população é estimada em 22,1% de pessoas com idade entre 10(dez) e 29(vinte) nove anos. Os números demográficos de- monstram um quantitativo superior à média mundial que atualmente é de 16,9% de população jovem em grandes capitais. Gráfico 2: Gráfico comparativo população jovem no mundo e no estado do Rio de Janeiro Fonte: IBGE/2021 0,00% 22,10% 0 0 00,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% Mundial Rio de janeiro População Jovem- Média Estatística Mundial Coluna1 8 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Esses números tem reflexo na sociedade como um todo, seja para uso das políticas públicas como acesso à educação, esportes, lazer, cultura como no uso do sistema pú- blico de saúde, fazendo com que haja investimentos específicos para essa faixa etária populacional. Frise-se aqui, que de modo in- feliz o estado do Rio de Janeiro tem níveisaltos de violência ligados a ju- ventude. Crimes que vão desde aqueles sem emprego de qualquer violência ao com requintes de barba- ridade, que vem sendo atrelados a tais números. Em conformidade com o tra- zido pelo ATLAS DA JUVENTUDE de 2021, a população jovem foi a que mais sofreu com o desemprego nos últimos anos, com diminuição de renda em torno de 11%, questões como o abandono das escolas é pre- ponderante nesse sentido, principal- mente quando considerado o fato de que apenas 8,9% do toda população jovem no Brasil conseguiu comple- tar o ensino superior completo, limi- tando ainda mais as possibilidade de manter no mercado de trabalho que vem se tornando cada vez mais com- petitivo. Essa falta de implemento de subsídios pra o pleno desenvolvi- mento desses jovens leva a crimina- lidade, especialmente quando se ob- serva a crescente no consumo e trá- fico de drogas e entorpecentes em uma parcela populacional com idade cada vez menor. 10 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 2. A Juventude e a Criminalidade: O Consumo de Drogas Fonte: Ibra Educacional2 criminalidade aflige os cida- dãos de forma geral e de igual maneira os governantes que devem buscar soluções aos problemas apresentados a fim de que possa garantir a sensação de bem estar nos habitantes daquela localidade. O aumento da criminalidade traz consigo a sensação de temor e inse- gurança para todos os componen- tes da sociedade, independente de classe econômica, cultural, idade e 2 Retirado em https://www.ibraeducacional.com.br/cursos/single/855 até mesmo da localidade onde es- tão inseridos. (PIO, 2021) Assim, não importam se fa- zem parte de bairros de classes al- tas ou de periferias, se residem em estados do norte ou sul, o medo ocasionado pela ampliação dos nú- meros de cometimento de crimes assola a todos. Conforme dispõe a Revista Veja (2021) O Brasil é o “terceiro país com menores indicies de paci- A 11 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE ficação da América do Sul”. Esses números podem ser traduzidos por diversos fatores como o fato de ser o maior em extensão territorial e populacional, por exemplo, mas a assertiva revela o medo que a cri- minalidade impõe a todos. Não obstante o fato de ser o maior país da América do Sul, a cri- minalidade no Brasil é algo que vem em constante crescente nos úl- timos tempos, sendo atribuído o fato a diversas razões e nesse rol, incluídos aqueles praticados por jovens. Os menores de 18(dezoito) anos também estão diretamente envolvidos em práticas criminosas. O número de adolescentes envolvi- dos na criminalidade está cres- cendo exponencialmente no país e no mundo. Jovens com menos de 18 anos foram responsáveis por 42% dos homicídios registrados este ano em Ribeirão Preto. O dado consta de levantamento inédito feito pela DIG (Delegacia de In- vestigações Gerais) na cidade. A pesquisa foi feita a partir da análise de todos os boletins de ocorrência que foram registra- dos na delegacia durante o ano. Até o fim de novembro, foram cadastrados 122 autores de ho- micídios, sendo que só cinco ca- sos têm autores indetermina- dos. Outros 117 foram identifi- cados. De acordo com o levan- tamento, 45% dos autores de homicídios têm entre 18 e 30 anos e 9% têm mais de 30 anos. (BRAGHETO, 2021) Dentre as práticas delitivas mais comuns praticadas merece destaque aquelas relacionadas ao tráfico e uso de entorpecentes, to- talizando aproximadamente 80% dos crimes. É possível observar que em quase sua totalidade os atos análo- gos a crimes que os adolescentes cometem são sem o emprego de vi- olência ou grave ameaça. Em sua maioria são descritos como furtos, tráfico ou consumo de entorpecen- tes. Condutas que ao serem interli- gadas demonstram com clareza a finalidade de conseguir recursos para o consumo de drogas. No caso dos crimes contra o patrimônio ato análogo ao roubo também está na galeria daqueles praticados por adolescentes, toda- via, num patamar menor quando comparados aos que são perpetra- dos sem o emprego de violência. 12 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Gráfico 1: Gráfico demonstrativo de atos análogos a crime praticados por adolescentes no Brasil Fonte: IBGE As questões inerentes ao au- mento da criminalidade e o consu- mo de drogas é fato que não se con- testa. Ainda que o uso de substân- cias entorpecentes estejam presen- tes na humanidade desde os seus primórdios sendo consumidas em diferentes tipos de população, no Brasil tem alcançado números que vem preocupando a sociedade co- mo um tempo. O fato de o consumo de drogas ser algo comum entre a população é crescente, fazendo com que os deba- tes que giram em torno desse con- teúdo também sejam também incre- mentados. Assim sendo, as conver- sas sobre o entendimento do que leva a esse aumento exagerado e as consequências trazidos pelo consu- mo e até mesmo pelo tráfico de dro- gas como forma de profissão são cada vez mais frequentes. É possível observar que o con- sumo frenético de drogas é de rele- vância social, especialmente quando o público é, em sua maioria, forma- do por jovens e adolescentes, que consomem de modo recorrente ex- pondo-se a vulnerabilidade de uso continuado. Crimes Hediondos 12% Furtos 32% Roubos 15% Tráfico de entorpecentes 41% Adolescentes Crimes Hediondos Furtos Roubos Tráfico de entorpecentes 13 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE A disposição que levam ao consumo de drogas faz com que a ju- ventude contemporânea seja dife- renciada daquela dos anos 60 em que se consumiam drogas como es- tilo de vida ou algo do gênero e não como disposição particular da atua- lidade. O consumo torna-se algo ne- cessário para a própria vida sem considerar os danos que causam. Por isso, o ordenamento jurídico dispõe sobre a matéria como forma de tutelar e resguardar a vida huma- na, já que o cerne dos delitos que en- volvem entorpecentes sejam eles pra consumo ou tráfico, é a vida do usu- ário e não questões patrimoniais. O consumo de drogas em nú- meros demonstrado por um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) demonstra que no ano de 2020, 7,4% dos jovens brasileiros com idade entre 18(dezoito) e 24 (vinte e quatro anos) assumiram ter feito o uso de alguma droga ilícita durante aquele ano. Ainda, do total de jovens en- trevistados 40,1% também assumi- ram que ingeriram álcool com fre- quência durante ao ano. Sendo o ál- cool a porta de entrada para o con- sumo de outras drogas é um número preocupando especialmente por se tratar da população jovem do país. O álcool e o tabaco enquanto drogas licitas não são computadas em dados sobre consumo de drogas exatamente pela permissão de uso. No entanto, o uso exacerbado tem também trazidos consequências re- levantes para a juventude, sendo causadores de tragédias que na grande maioria das vezes iniciaram- se com o consumo de álcool, levando a utilização de outros entorpecentes. A ingestão de bebidas alcoóli- cas é algo que faz parte da cultura do brasileiro e tem sido observada em pessoas com pouca idade, adoles- centes. A Secretaria Nacional Anti- drogas (SENAD)em pesquisa recen- te sobre esse tema identificou que a maioria dos brasileiros tem o pri- meiro contato com álcool antes de completarem 15(quinze) anos, em ambientes familiares ou com amigos muito próximos, em pequenas reu- niões ou mesmo em almoços e janta- res de família. O uso de drogas ilícitas se con- segue na maior parte das vezes em grupos, de maneira especial de jovens, a ingestão anual de bebida alcoólica é oito vezes maior que o de drogas ilícitas. As primeiras experiências com substâncias psicotrópicas acon- tecem, em sua maioria, nos pri- meirosanos da juventude, aos 15 anos, e o consumo de bebida alcoólica acresce e segue o avanço da idade. (KOPANAKIS, 2018, 9.104) Como dito essa assertiva é pre- ocupante já que quanto mais cedo o 14 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE contato com o álcool a abertura para outras drogas é evidente, pois é algo que tem se tornado comum a juven- tude como forma de aceitação e cur- tição entre eles. Desse modo, partindo da com- preensão de toda subjetividade que permeia a juventude, é fundamental analisar as relações sociais que tem levado ao consumo de drogas como forma de integração no universo so- cial. Outra droga lícita que também não faz parte das estatísticas de con- sumo de entorpecentes é o tabaco, que assim como o álcool é porta de entrada para outras drogas, consta- tando entre a juventude níveis eleva- dos de dependência seja por cigarros industrializados ou por cigarros ele- trônicos. Não se pode olvidar essas questões sobre as drogas licitas visto que estão diretamente ligadas as drogas ilícitas. No Brasil. o consumo não é apenas por pessoas de classes distintas sociais e sim em todos os níveis sociais e culturais. Atentando apenas para as dro- gas proibidas observa-se, de igual maneira diferentes tipos e maneiras de consumo. Vejamos: Gráfico 4: indicativo drogas mais consumidas por jovens no Brasil em 2020 Fonte: FIOCRUZ 41%; 41% 48%; 48% 4,00%; 4% 3%; 3% 1,20%; 1% 1,10%; 1% 1,80%; 2% Drogas mais consumidas por jovens no Brasil MACONHA COCAINA¨e CRACK LSD Esctasy INJETÁVEIS HEROÍNA OUTRAS DROGAS 15 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Da simples leitura do gráfico acima é possível identificar que a maconha, cocaína e crack são as dro- gas mais consumidas por jovens bra- sileiros no ano de 2020. Mas estão presentes a drogas sintéticas, além das injetáveis, opioides, medica- mentos controlados e solventes. (SENAD, 2020) Cada tipo de substância entor- pecente age de maneira diferente no organismo e com capacidade vician- te também diferenciada. Mas o que deve ser entendido que o consumo de determinada droga em detrimen- to da outra não depende da classe social que o indivíduo está integrado e sim da necessidade de consumo, ou seja, qual substancia é viciado. Importa dizer que a depen- dência química é tratada como do- ença pela OMS e não como simples desvio de conduta ou qualquer outro entendimento que não seja esse. Não são raros os casos que o dependente/usuário para a ser trafi- cante ou mesmo colaborador do trá- fico. Ou, ainda, esteja envolvido na criminalidade como forma de conse- guir recursos para bancar o vício, contribuindo diretamente para o au- mento da criminalidade. No estado do Rio de Janei- ro/Brasil, o perfil dos traficantes de droga são negros, pobres, que in- gressam no tráfico para consegui- rem pagar a droga para consumo e ajudar na renda familiar. (SENAD, 2020). Não são raros os casos relata- dos na mídia em casos de confronto de facções criminosas ou rivais pelo controle do tráfico de determinado local jovens estão envolvidos ou mesmo perdem a vida nesses con- frontos. Os contornos da violência pas- sam por uma construção social e desdobra-se em diversos aspectos que vão desde a física, psicológica, etc., sendo conceituada de forma que leva a existência de crimes sen- do cada vez mais crescente quando relacionados as questões de po- breza. Assim sendo, o envolvimento com o crime tem sido algo frequente levando a concretização da chamada “metáfora da destruição” diante do fato de se tratar de um caminho pe- rigoso de muita crueldade. Essa con- dição, imposta pelo tráfico leva ao entendimento de que o vício em en- torpecentes é um caminho de desa- gregação social, fazendo com que a necessidade do combate seja imi- nente. O controle sobre as questões que envolvem drogas faz com que o Estado ordene e exerça seu domínio sobre a conduta humana, por se tra- tar de crimes de saúde pública. As- sim, a sociedade, num sentido am- pliado de entendimento, tem disci- plinado a forma como deve agir 16 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE frente a essas questões. (FERFFE- MAN, 2019) Leis proibitivas estão no con- texto como forma de reprimenda e combate a marginalidade e as dro- gas. A Política Nacional Sobre Dro- gas do SENAD, expõe diferentes ações de reprimenda, e dentre ela a elaboração de leis proibitivas que le- vam não somente a imposição de pe- nas privativas de liberdade, mas também, questões educativas, de sa- úde, desmantelamento de quadri- lhas, enfraquecimento e empobreci- mento das quadrilhas envolvidas com o tráfico. Ora dentro do reconhecimento da necessidade de voltar-se ao usuá- rio com olhar de tratamento. A de- nominada justiça terapêutica tem sido cada vez mais aceita por juristas e equipe multifuncional que dispõe sobre a matéria, pois deve-se tratar as causas e consequências diante do fato cometido. Esse é o entendimento de Luiz Flávio Gomes sobre a justiça tera- pêutica. “Justiça Terapêutica: centra sua atenção no tratamento e, por conseguinte, apregoa a dissemina- ção dessa reação como forma ade- quada para cuidar do usuário ou do usuário/dependente”. (2018, p. 56) Nesse contexto, torna-se im- prescindível a análise das situações com olhar ampliado, enxergando os males que assolam a juventude ori- undos da criminalidade e o consumo de drogas, fazendo com que todos estejam envolvidos na propositura de mudança de comportamento pa- ra que haja de modo efetivo a trans- formação da juventude moderna nessas questões. A criminalidade representada atualmente pela juventude faz com que os discursos e práticas sejam re- pensados com necessidade de apro- fundamento dos debates e realiza- ções nesse âmbito. 18 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 3. Direitos Humanos e ECA Fonte: Unicef3 ideia protetiva de adolescentes e jovens, vem exatamente da condição de desenvolvimento em que eles estão. Desse modo, a Decla- ração Universal dos Direitos do Ho- mem datada de 1948 garante a pro- teção as crianças e adolescente, exa- tamente com o fito de se tornarem jovens e adultos completamente preparados para a vida adulta. Assim sendo, o artigo XXV, no parágrafo 2º traz em seu bojo essa condição legal protetiva social que 3 Retirado em https://www.unicef.org/brazil/os-direitos-das-criancas-e-dos-adolescentes abarca o mundo como um todo, ten- do em vista se tratar de uma orienta- ção mundial. A Organização Internacional do Trabalho desde o início do século passado também vem preocupando na proteção dos jovens buscando ba- nir qualquer tipo de exploração des- se tipo em âmbito trabalhista. Aqui merece destaque a Convenção nº 138, que motiva a possibilidade do jovem estar inserido no mercado de trabalho em condições dignas, sem A 19 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE que isso o prive da vivencia da ju- ventude em si, proibindo jornadas de trabalho sem limite, o trabalho noturno do menor de dezoito anos, dentre outros temas que visam exa- tamente a preservação da saúde e se- gurança. Denota-se que a proteção aos jovens em todo o cenário mundial vai ao encontro da contenção das mazelas deixadas pelo Poder Público e sociedade como um todo nesse as- pecto. Em resumo, é possível dizer que a proteção aos adolescentes, jo- vens e crianças tem sido uma preo- cupação mundial, envolvendo esfor- ços de diversas esferas nesse sen- tido. Nessa linha de pensamento a Lei 8.069/90- Estatuto da Criança e do Adolescente- vem trazendo um entendimento jurídico voltado a condição do menor dentro da legis- lação brasileira de modo diferenci- ado, sendo entendido como divisor de águas nesse sentido. O ECA foi concebido sob aótica de contraposição a um passado legislativo de controle social e re- pressão. A partir de então a inclusão, educação e reconhecimento passam a ser a tônica da lei, sendo os meno- res tendo seus direitos reconhecidos atuando como atores sociais efeti- vos. O desenvolvimento histórico é determinante na passagem da ideia de controle para proteção, notada- mente quando deixa de entender como delinquentes abandonados e passam a atribuir a todos o dever de cuidado mesmo quando encarados como violentos/perigosos. O crescente número de meno- res ocupando as ruas, cometendo delitos e em situação de mendicân- cia revelam as carências de socializa- ção com tendências antissociais de- terminados mudanças nas repri- mendas aplicadas. Dessa feita, as questões sociais são aventadas com mais ênfase, fa- zendo com que a expressão “menor” seja ampliada indo além do fator idade e abarcando também as ques- tões de desenvolvimento as quais são intrínsecas a eles. Aqui também é notado o cará- ter protetivo e integrador da lei con- cernente aos jovens a toda estrutura social, devendo ser aplicado aos me- nores de 18 anos conforme explici- tado em seu bojo. Permanece o caráter protetivo como na ordem mundo, sendo, des- sa feita, o dispositivo jurídico tam- bém fundamentando na questão da proteção integral e principalmente como cerne a educação, já que não prevê nenhum tipo de punição e sim de aplicação de medidas socioeduca- tivas. 20 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Afirma-se, portanto, que a partir de 1990 com o ECA os direitos fundamentais das crianças e adoles- centes são envolvidas por aspectos predominantemente pedagógicos atentando as particularidades das fases de desenvolvimento de cada uma. A proteção do adolescente, seja ele infrator ou não ganha desta- que no artigo 227 da Constituição da República quando ela determina que tal é ato direcionado à família, sociedade e Estado de modo conco- mitante, sem que um exime o dever do outro quanto ao menor, assim dispondo: Art 227- É dever da família, da sociedade e do Estado assegu- rar à criança e ao adolescente e ao jovem, com absoluta priori- dade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao la- zer, à profissionalização, à cul- tura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência fami- liar e comunitária, além de co- loca-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, cruelda- de e opressão. (BRASIL, 1988) A Constituição Federal foi clara na afirmativa e necessidade de resguardar os direitos dos menores, dado a todos a responsabilidade de fazê-lo, sendo norma fundamental e de total importância dentro do orde- namento jurídico brasileiro. A consequência prática de todo o Estatuto reside no reconheci- mento de que os adolescentes são detentores de todos os di- reitos que têm os adultos e que sejam aplicáveis à sua idade e mais direitos especiais que de- correm precisamente do seu es- tatuto antológico próprio de “pessoas em condição peculiar de desenvolvimento”. (CURY, 2019, p. 53) Considerando o fato de que é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação de direitos, ninguém pode eximir-se desta obri- gação. Qualquer atentado aos direi- tos fundamentais, por ação ou omis- são deverá ser apenada Assim diz o artigo 228 da Constituição Federal de 1988: “São penalmente inimputáveis os meno- res de dezoito anos, sujeitos às nor- mas da legislação especial.”. Além de afirmar sobre a imputabilidade a lei determina que seja seguida as nor- mas da legislação especial que no ca- so especifico é o ECA. Com essa compreensão todo menor não comete crime e sim ato infracional ou condutas análogas às descritas como crime pela lei penal. Todavia, as consequências dos atos são os mesmos ainda que a nomen- clatura seja outra. Desse modo, ainda que seja perceptível na legislação especifica um conjunto de normas que discipli- nam e reprimem os atos criminais 21 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE dos menores é de suma importância reconhecer as questões que justifi- cam esse tratamento ante a menori- dade. Por conseguinte, o entendi- mento de uma sociedade participati- va, harmoniosa e com comprometi- mento faz com que a busca por solu- ções práticas atinentes a segurança social seja considerada em sua tota- lidade, já que a segurança é um di- reito social voltado a todos. Um contorno socioeducativo é visível quando aplicada a pena aos infantes, disciplinando a prática dos atos infracionais com fundamentos socioeducativos e não somente pu- nitivos especificamente considerado o princípio da condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, im- prescindível para a ressocialização. Ante essa condição não é pos- sível afirmar que a ampliação da cri- minalidade por atos praticados por menores sejam somente atitudes an- tissociais, pois a legislação é especi- fica em dizer que esses comporta- mentos são atos infracionais, con- forme artigo 103 do ECA: “Consi- dera-se ato infracional conduta des- crita como crime ou contravenção penal.” Com isso o cárcere ou a priva- ção de liberdade é a última alterna- tiva aplicada como meio de pena ao menor, devendo se esgotarem todos os outros tipos de medidas socioe- ducativas garantidas É garantido o acesso de todo menor à Defensoria Pública, ao Mi- nistério Público e ao Poder Judiciá- rio, por qualquer de seus órgãos, sendo a assistência judiciária gra- tuita prestada a todos que a necessi- tem (art. 141, §§ 1º e 2º). Ao fazer referência a menores num primeiro entendimento jamais espera-se que sejam perpetradas condutas violentas no que tange a criminalidade e daí a explicação pa- ra o entendimento do princípio par- ticular de pessoa em desenvolvi- mento, necessitando para o cumpri- mento das medidas impostas que tais se deem em locais apropriados que sejam capazes de auxiliar no de- senvolvimento físico e psíquico re- sultando na ressocialização plena. Diante disso o sistema socioe- ducativo é pautado na culpabilidade normativa e não na forma como o ato foi praticado por menores. Ainda que o grau de reprovabilidade da conduta seja fator determinando no momento da aplicação da medida, a intervenção sempre será com a fina- lidade educativa para o infrator 22 23 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 4. Redução da Maioridade Penal Fonte: Observatório 3 Setor4 uando se fala em direitos e de- veres o contexto social, político e estrutural de cada época devem ser levados em consideração, já que nem sempre os direitos humanos fo- ram reconhecidos, quiçá respeita- dos. Por muito tempo vigorou a cha- mada “lei do mais forte”, quando aquele que era superior seja por for- ça física ou política ditava a forma de agir. Essa conjuntura sofre mudan- ças com as religiões e o impacto que elas causaram nos relacionamentos sociais dando outros contornos ao entendimento sobre a defesa da vida. 4 Retirado em https://observatorio3setor.org.br/media-center/radio/reducao-da-maioridade-penal/ As modificações sofridas pela sociedade com esses novos entendi- mentos fazem com que as legislações também acompanhassem os novos modelos sociais, sob o risco de tor- narem-se obsoletas e sem aplicabili- dade. Então, com a percepção de se- rem todos os sujeitos de direitos e aí incluídos os jovens, passa-se a com- preensão de valores que até então não são compreendidos, forçando a legislação a estar adequada a regula- ção de todos os envolvidos, especial- mente após a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Q 24 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Em tempos atuais o histórico de violência no país faz com que o menor seja percebido como perso- nagem ligado a violência, fazendo com que as normasdestinadas a eles sejam indagadas e deixam de lado o entendimento de permissibilidade, dando visão equivocada ao princípio da proteção trazido pelo ECA, enten- dendo como ineficazes ante a reali- dade e o texto legal. As discussões que pairam em torno da redução da maioridade pe- nal tem sido alvo de discussões há algum tempo, principalmente quan- do considerado o aumento da crimi- nalidade praticado por jovens. O entendimento de ser esse o instrumento correto para diminuir esses índices vem sendo amplamen- te argumentado, já que os menores de 18 (dezoito) anos são inimputá- veis conforme a lei penal vigente no país. Em todo meio social o dilema que paira sobre a redução da maio- ridade penal diante a violência pra- ticada por menores e a efetividade das normas contidas no Eca são cada vez mais evidentes. Diversas propostas de Emen- da à Constituição foram e conti- nuam sendo apresentadas com esse intuito. Foram contabilizadas, entre os anos de 1993 a 2013, 26 (vinte e seis) propostas nesse sentido, pre- tendendo a mudança do artigo 228 da Constituição Federal no sentido de diminuir a idade para a imputa- ção de crimes. A partir daí diversos outros pedidos foram apresentados com a mesma finalidade sob a argu- mentativa de diminuição da violên- cia e da criminalidade no Brasil. Atualmente a PEC 32/2019 está na Comissão de Constituição e Justiça para ser analisada e votada. Com efeito o entendimento é no sentido que com a redução da maioridade penal a possibilidade de conferir as penas impostas pelo Có- digo Penal Brasileiro e não o ECA tem a possibilidade de fazer com que os menores se afastem das práticas delitivas e consequentemente haja diminuição da violência. Como dito as opiniões se di- vergem nesse sentido, sendo aos que concordam para redução da maiori- dade penal para 16 (dezesseis anos) o fazem sob a argumentativa de que assim a possibilidade de aplicação das leis penais previstas aos maiores seria capaz de coibir a criminalidade cometida pelos menores. Assim, toda a sociedade passa- ria a entender que a sanção aplicada está adequada a faixa etária daquele que cometeu o crime, tendo em vista as cobranças sociais nesse sentido. Outro ponto que justificaria, em tese, a redução da maioridade penal é o fato de que os maiores de 17 (dezessete) anos estão aptos ao 25 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE exercício de seus direitos políticas e por consequência também deveriam ser penalizados por seus atos em es- fera criminal. A Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) das Câmaras Legislati- vas (Congresso Nacional) frequente- mente analisam questões nesse ins- tituto como a PEC mais recente nº 4/2019 a qual pretende a redução dessa maioridade para 16 anos, sob a argumentativa que é necessário adequar a inimputabilidade à reali- dade demográfica do Brasil a fim de que possa efetivamente combater a criminalidade. Além disso, são comuns movi- mentos sociais que envolvem víti- mas ou pessoas ligadas a essas víti- mas que pedem a redução para uma idade ainda menor 14 (quatorze) anos. Essa bandeira é levantada pelo “Movimento de Resistencia ao Cri- me” da cidade de São Paulo, que jus- tificam tal descimento na idade ava- liando as atrocidades e barbáries que vem sendo cometidas, utilizan- do ainda o Direito Comparado com outros países desenvolvidos. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, a responsabilidade penal acontece a partir dos 12 (doze) anos. Já na Suécia e na Suíça a responsa- bilidade acontece a partir dos 15 (quinze) anos de idade. As propostas de emenda à Constituição apresentam como van- tajosa a redução da maioridade pe- nal abalizados no sentido de dar a sociedade a sensação de segurança que tanto anseiam com a correção de uma “falha” no sistema de aplicação de penas, desconsiderando as medi- das socioeducativas já previstas no ECA como forma de punição. Insta dizer, ainda, que o fato de os menores de idade que tenham cometido qualquer ato análogo a crime atingem a maioridade sem ne- nhum antecedente criminal que pos- sa ser usado no momento da dosi- metria da pena em sua vida adulta. Essa fator, também é preponderante na defesa da redução da maioridade penal. Para aqueles que não concor- dam com a redução da maioridade penal, a principal justificativa en- contra-se no fato de serem os meno- res de idade, por sua condição física e biológica, pessoas em desenvolvi- mento. A ciência tem consigo a de- nominada neuroplasticidade que é capacidade do cérebro adaptar-se a novas situações, o que é recorrente entre os adolescentes e por isso en- tendem que não tem capacidade adequada para o julgamento de seus atos nesse período. Outros países como a Alema- nha, França e Itália coadunam do 26 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE mesmo entendimento sobre ser 18 (dezoito) anos a idade mínima para que se possa penalizar a pessoa por cometimento de crimes, exatamente por se tratarem de pessoas que estão ainda desenvolvendo em diferentes aspectos de sua vida, até mesmo o fí- sico. O ECA traz a expressa previsão da responsabilidade juvenil a partir dos 12 (doze) anos de idade. Então dizer que não há qualquer tipo de responsabilização ao menor de ida- de é um equívoco. Mesmo com no- menclaturas diversas da Lei Penal existem as sanções penais que desig- nam responsabilidade aos adoles- centes. A legislação especial, Lei 12.594/12 instituiu o Sistema Nacio- nal Socioeducativo (SINASE) que determina regras especificas para as crianças e adolescentes no que se re- fere as mediadas socioeducativas. As deliberações ali contidas vão desde como devem ser cumpridas tais me- didas, como devem ser os estabeleci- mentos para o cumprimento, os in- vestimentos, o treinamento da equi- pe dentre outros fatores que irão contribuir para a ressocialização desse menor respeitando seus limi- tes e condição especial. Para Miguel Reale Junior, o problema que envolve a criminali- dade na juventude não está respal- dado nas questões de idade e sim as condições socioeconômicas de como tem sido submetidos, pois em sua maioria é considerada como degra- dante, cheia de mazelas, seja por parte dos governantes, da sociedade e até mesmo das famílias. O ECA e as leis complementa- res por si só, enquanto arcabouço ju- rídico são suficientes para regular os adolescentes envolvidos na crimina- lidade, devendo existir, na integra, a aplicação correta conforme a previ- são legal, investindo em diferentes pontos não apenas na penalização do ato cometido. A redução não resolveria pro- blemas criminológicos como superlotação de presídios, vio- lência urbana, pobreza e margi- nalização dos adolescentes. O Estado tem o dever de proteger e tutelar o menor de 18 anos, devendo zelar pelo seu futuro, não estigmatizando nem cri- ando obstáculos para sua vida adulta, como uma ficha crimi- nal na adolescência, o que gera- ria barreiras futuras, por exem- plo, na busca de um emprego. Aliás, a decisão da redução da maioridade penal é questão de- licada, que requer inúmeras discussões e reflexões, devendo ser decidida com cautela e não em momento de clamor público ocasionado por um ou outro caso de crime bárbaro ou hedi- ondo. O artigo 112 do ECA determina quais são as medidas sócio educati- vas a serem impostas aos menores 27 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE no caso de cometimento de ato aná- logo ao crime. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medi- das: I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à co- munidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semi- liberdade; VI - internação em estabeleci- mento educacional; VII - qualquer uma das previs- tasno art. 101, I a VI. § 1º A medida aplicada ao ado- lescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as cir- cunstâncias e a gravidade da in- fração. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência men- tal receberão tratamento indivi- dual e especializado, em local adequado às suas condições. (ECA/90) As medidas de segurança aplicadas aos menores infratores são devidamente previstas no Esta- tuto e trazem determinações que devem punir desde os atos infraci- onais leves aos mais gravosos como a internação em estabelecimento educacional com a privação da li- berdade. A forma como deve se dar o cumprimento das medidas socioe- ducativas são regulamentadas pelo SINASE que traz no 1º artigo, pará- grafo 2º da Lei 12.594/12 a forma como as medidas socioeducativas são entendidas pela legislação. § 2º Entendem-se por medidas socioeducativas as previstas no art. 112 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), as quais têm por objetivos: I - a responsabilização do ado- lescente quanto às consequên- cias lesivas do ato infracional, sempre que possível incenti- vando a sua reparação; II - a integração social do ado- lescente e a garantia de seus di- reitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual de atendimen- to; e III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as dis- posições da sentença como pa- râmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direi- tos, observados os limites pre- vistos em lei. § 3º Entendem-se por progra- ma de atendimento a organiza- ção e o funcionamento, por uni- dade, das condições necessárias para o cumprimento das medi- das socioeducativas. § 4º Entende-se por unidade a base física necessária para a or- ganização e o funcionamento de programa de atendimento. § 5º Entendem-se por entidade de atendimento a pessoa jurídi- ca de direito público ou privado 28 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE que instala e mantém a unidade e os recursos humanos e mate- riais necessários ao desenvolvi- mento de programas de atendi- mento. (BRASIL, Lei 12.5964/ 12) Então além das medidas pro- postas no mencionado artigo 112 do ECA, no artigo acima citado estão as condições e entendimento sobre o que são as medidas socioeducativas. Nota-se que existe a reprova- ção do cometimento de crimes por menores, ainda a lei é clara quando afirma que o autor dos atos deve ser responsabilizado e esclarecido sobre as consequências de seus atos, com a devida reprovação como forma de dar conhecimento sobre os males de suas atitudes. Já o artigo 15 é especifico so- bre as formalidades para a inscrição do menor em regimes de privação de liberdade, resguardando a todo tem- po as garantias que seja cumprido em respeito a proteção integral da qual faz jus. Art. 15. São requisitos específi- cos para a inscrição de progra- mas de regime de semiliberda- de ou internação: I - a comprovação da existência de estabelecimento educacional com instalações adequadas e em conformidade com as nor- mas de referência; II - a previsão do processo e dos requisitos para a escolha do di- rigente; III - a apresentação das ativida- des de natureza coletiva; IV - a definição das estratégias para a gestão de conflitos, ve- dada a previsão de isolamento cautelar, exceto nos casos pre- vistos no § 2º do art. 49 desta Lei; e V - a previsão de regime disci- plinar nos termos do art. 72 desta Lei. (BRASIL, Lei 12.5964/12) Frise-se que a estrutura física do qual o menor deve ser internado deverá ser capaz de promover o seu bem estar e atender os requisitos que permitem a restrição da liber- dade. Essa previsão legal faz com que a ideia de não haver nenhuma penalidade ao menor que comete ato infracional seja deixada de lado, pois como visto há previsão nesse senti- do, apenas direcionada ao menor conforme a sua qualidade de pessoa em desenvolvimento. O grande clamor social pela re- dução da maioridade penal acontece quando se tem casos específicos co- mo o assassinato do casal de namo- rados Liandra Friedenbach e Felipe Silva no ano de 2003, em que foram mortos por Roberto Aparecido Alves Cardoso (Champinha) que a época dos fatos era adolescentes. O crime se deu com rituais de brutalidade chocando todo o país levantando o debate sobre a redução da maiori- dade penal, visto que a sensação de 29 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE impunibilidade pairou ante a confis- são do autor que não poupou deta- lhes de sua ação criminosa. Porém, o autor do fato e seus comparsas foram apenados e até a presente data Champinha vive em uma instituição de saúde, sob os cui- dados do estado, devido aos laudos que comprovam o transtorno de per- sonalidade o que é fato independen- te da idade do autor. Outros delitos ganharam des- taque na mídia, outros são corri- queiros na sociedade seja em gran- des centros ou pequenas cidades e por isso a discussão vai se tornando cada vez mais forte. Todavia, é rele- vante entender que apenas reduzir a idade para a aplicação de reprimen- das pode levar a uma via sem volta que é a de se ter adolescentes e cri- anças cada vez mais jovens recruta- das para a criminalidade. É imprescindível entender que as discussões sobre a violência en- volvem causas distintas e muito complexas e nem sempre o cárcere é a solução mais adequada para a so- lução dos problemas apresentados nesse sentido. A juventude merece atenção especializada, notadamente quando se tem a eles destinados va- lores específicos como a proteção in- tegral, devendo serem desenvolvido trabalhos que levam ao crescimento de forma integral, saudável e cons- trutivos. 30 31 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE 5. Sistemas Prisionais e Sócio Educativos Fonte: Rede Brasil Atual5 om as primeiras leis penais no Brasil, as penas passaram a ser individualizadas e cumpridas por aqueles que praticaram o crime. Portanto, desde a época do Brasil Império a busca por uma codificação criminal que regulamentação a prá- tica do crime em si e da forma como seria executada a pena imposta veio evoluindo até chegar em tempos atuais. Ao analisar as unidades prisio- nais em números fornecidos pelo Departamento Penitenciário Nacio- nal, do Ministério da Justiça e Segu- rança Pública, de janeiro a junho de 2020 dos 701.401 (setecentos e um mil, quatrocentos e um presos) cum- priam pena em sua maioria em peni- tenciarias estaduais, em regime fe- chado. 5 Retirado em https://www.redebrasilatual.com.br/ C 32 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Gráfico 5: regime de cumprimento de pena no Brasil- janeiro a junho 2020 Fonte: Departamento Penitenciário Nacional Outro número expressivo sobre a população carcerária é a de jovens que estão em estabelecimentos prisi- onais, cumprindo pena pelo cometi- mento de crimes previstos em lei pe- nal. Essa polução representa aproxi- madamente 50% dos presos no Brasil. Essa expressividade da quanti- dade de jovens encarcerados é reflexo da criminalidade. Atos que vem sendo por eles praticados comumente e rei- teradamente. Gráfico 6: Percentual de presos por idade Fonte: Departamento Penitenciário Nacional 344.190; 49% 101.805; 15% 43.325; 6% 209.172; 30% 213; 0%2.696; 0% Total de Presos Fechado Semiaberto Aberto Provisório Tratamento ambulatorial Medida de segurança 26% 24%19% 20% 8%1%2% POPULAÇÃO CARCERÁRIA Entre 18 e 24 anos Entre 25 e 19 anos Entre 30 e 34 anos Entre 35 a 45 anos Entre 45 a 60 anos Mais de 60 anos Sem informação 33 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE O total de vagas ofertadas de janeiro a junho de 2020 foram de 446.738 (quatrocentose quarenta e seis mil e setecentas e trinta e oito vagas), sendo essas 414.656 (quatro- centos e quatorze mil e seiscentas e cinquenta e seis) para o público masculino e 32.082 (trinta e dois mil e oitenta e duas) para o público fe- minino. Gráfico 7: População encarcerada- Homens e mulheres Fonte: Departamento Penitenciário Nacional Ao considerar os dados quan- titativos anteriormente demonstra- dos cuja população carcerária total é superior a de 700.000 (Setecentos mil) presos e a oferta de vagas, ao fa- zer uma conta aritmética simples de subtração resta comprovado que a demanda por vagas é muito superior a oferta disponível nos presídios. Nota-se que a situação é ainda mais gravosa quando se considera os pre- sídios femininos. O aumento dessa população sob cárcere leva a níveis alarmantes, sobretudo ao entender o fracasso na reeducação dos presos. [...] prisão não é um fracasso, sim, um sucesso, porque ela consegue (como nenhuma ou- tra instituição) produzir uma espécie de delinquência (nor- malmente violenta), inclusive organizada (desviando a aten- ção da massa em relação à cri- minalidade diária das camadas abastadas). Os mais famosos grupos organizados (PCC, Co- mando Vermelho etc.) nasce- ram dentro dos presídios (pre- cisamente porque é dentro de- les que os contatos são feitos, 93% 7% VAGAS NO SISTEMA PRISIONAL Masculino Feminino 34 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE que as experiências são troca- das, que os "soldados" são trei- nados etc.) (GOMES, 2018) Ao entender a pena privativa de liberdade como forma de reedu- car e a realidade do sistema prisio- nal é quase uma ilusão já que a teo- ria é muito diferente do que se iden- tifica na verdade. Entender o sistema prisional no Brasil, para muitas pessoas, é aquele em que determinadas classes são encarceradas e mantidas fora da sociedade como forma de resolução das questões de insegurança, especi- almente quando considerar que a população carcerária em suas maio- res é de pobres e desprovidos de po- líticas públicas eficientes. Esse pensamento tem levado à falência do sistema prisional, situa- ção que causa grande preocupação. Frisando que esse colapso não é pri- vilégio dos tempos atuais e sim vem se desenrolando por um tempo e pouco tem sido feito nesse sentido. Quando se faz a análise do sis- tema penitenciário numa perspecti- va de políticas penitenciárias a bus- ca pela ressocialização, com a reinte- gração dos presos na sociedade após o cumprimento da pena, de modo solidário e integral é uma forma de restabelecer garantias e consequen- te preservação das relações sociais. A realidade do sistema carce- rário brasileiro hodiernamente é de presídios superlotados, dificultando a ressocialização dos presos, mesmo a Lei de Execuções Penais estabele- cendo os ditames para isso. Como, por exemplo, a garantia de que cada preso deverá ser encarcerado em conformidade com a gravidade do delito por ele praticado. Assim, também há a determi- nação que não devem ser mistura- dos os jovens presos com aqueles de alta periculosidade ou reincidentes na prática criminosa com a finali- dade de não provocar, nesse tempo, o aumento dos conhecimentos sobre a criminalidade com a chamadas “escolas do crime” dentro dos presí- dios e penitenciarias. Cuidado espe- cial também é dado aos presos pro- visórios, que como o próprio nome diz, encontram-se reclusos por um período de tempo determinado den- tro do prescrito pela Lei Processual Penal. [...] o convívio em um ambiente promíscuo e cheio de influên- cias negativas causadas por es- ses criminosos fará com que ele adquira uma “subcultura carce- rária”, que se constitui num dos maiores obstáculos a ressociali- zação do recluso.” (ASSIS, 2018) O objetivo principal dessas medidas e fazer com que o condena- do, durante a execução da pena seja capaz de ser transformado e retor- 35 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE nar para a sociedade de modo dife- rente e não retorne à criminalidade. As falhas do sistema carcerário podem ser observadas em diferentes aspectos que vão desde a superlota- ção a problemas com estruturas físi- cas adequadas e outras questões que permeiam a falta de dignidade no cumprimento da pena. A administração é falha nesse sentido que são prejudicas pela falta de políticas públicas carcerárias e implicam em diferentes vetores que são traduzidos principalmente pela falta de material humano prejudi- cado pela falta de interesse social. A mídia frequentemente noticia rebeliões e conflitos em presídios e penitenciarias, diante disso é pratica- mente impossível pensar em ressoci- alização com tanta opressão e medo. Com isso a pena em sua essência per- de sua função com o encarceramento. Ao permitir que o condenado, especialmente jovem, cumpra sua pena em estabelecimentos prisio- nais que não tem condição de aten- dimento tem efeito inverso. Com isso, ao chegar no presidio, o jovem passa a ser visto como um marginal e é tratado e passa a ter atitudes de presos habituais e fatalmente tem-se o desenvolvimento de tendências criminosas por ele quando, a finali- dade da prisão era de anula-las. (ES- TEVES, 2020) O cumprimento da pena em momento algum deve deixar de exis- tir. Deve sim haver condenação para aquele que incidiu em crimes, isso é fato indubitável. No entanto, ao con- siderar a finalidade da pena e o en- carceramento o que deve ser preco- nizado é que tal ocorra dentro do es- perado com efetivação da ressociali- zação em ambientes que proporcio- nam e determinam mudanças de comportamento, especialmente de jovens, que é a maioria presa. É de suma importância que al- ternativas ao modelo tradicional se- ja, desenvolvidas, objetivando per- mitir o crescimento da juventude enquanto encarcerados e, nessa or- dem de ideias, existe o modelo APAC de cumprimento de pena. Importante frisar, que mesmo sendo um modelo alternativo para o cumprimento de penas, nesses esta- belecimentos prisionais a disciplina, respeito, confiança, dentre outros elementos são essenciais para o in- gresso e permanência no preso. A metodologia adotada pelo método das APAC’s faz com que toda a equipe multidisciplinar esteja de- vidamente treinada e preparada, caso contrário não obterá o sucesso pretendido. Já houveram relatos de insucesso de implantação do mé- todo APAC de cumprimento de pena exatamente por não se ter compro- metimento de toda equipe. 36 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Sistemas Preventivos e Efetivação de Políticas Pú- blicas A partir do momento que se fa- la de aplicação de leis, especialmen- te para a população jovem, espera-se que tal tenha a eficácia pretendida quando foi elaborada. Assim acon- tece quando se entende as penas no combate a marginalidade praticadas pela juventude. As leis não tem validade por si só, é imprescindível que exista toda uma estrutura por traz que venha fa- zer com que seja eficiente e eficaz em sua pretensão. Desse modo, deman- da que decisões sejam tomadas de forma conjunta e continuada para que a validade esteja adequada aos novos contornos sociais, que modifi- cam com dinamismo. Portanto, não basta que a lei escrita tenha eficácia jurídica se os reflexos sociais não são adequados. Como exemplo, cita-se o fato de ape- nar com pena privativa de liberdade e levar um jovem à prisão se a norma aplicada faz com que a forma de cumprimento devolva a sociedade uma pessoa pior do que a que en- trou. Sobressalte-se novamente, que a questão aqui não implicada na pena e no fato de condenação pela prática delitiva, e sim, como a pena é cumprida nos estabelecimentos prisionais. Não obstante, o ordenamento jurídico como um todo, esteja volta- do para a eficácia plena das normas impostas, ou seja, em âmbitojurí- dico e social a função social da pena deve ser evidenciada quando se pre- tende mudança no comportamento através da aplicação dos preceitos legais. A aplicação da norma é deter- minante, mas os efeitos também de- vem ser avaliados para que seja con- seguida a eficácia dessa colocação. Não se questiona, portanto, a relevância do resultado no processo para que se tenha um conceito de efetividade de uma norma. É preciso considerar sob o prisma constitucio- nal de dignidade da pessoa humana e das garantias constitucionais, no- tadamente quando o quadro é refe- rente a jovens. A juventude de qual- quer país fará com que o futuro seja diferente e nesse sentido o cumpri- mento de penas também deve estar evolvido, com uma ótica de educa- ção e cuidado. (LOPES, 2020) A realidade social é determi- nante no que tange ao compromisso de setores diversos, governamentais e particulares no sentido de desen- volvimento de uma consciência pú- blica que vai ao encontro da impor- tância de cuidado da juventude bra- 37 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE sileira, mesmo aquela envolvida na criminalidade, com a consolidação do que se chama de democracia. Especialmente no que tange a juventude e criminalidade a obser- vância de aspecto de historicidade é necessário para a compreensão, vis- to que as dicotomias existentes entre a realidade social e o cenário de de- sigualdade é evidente. Tal fenômeno não é algo da sociedade moderna, atual e sim, dos tempos do imperia- lismo passando pelo fortalecimento do capitalismo atual. A desigualdade social aumenta exponencialmente entre a juventu- de, como se comprova em dados co- mo os altos níveis de desemprego e a diminuição da renda, resultante da instabilidade político/econômica do Brasil e a falta de efetivação de polí- ticas públicas que busquem de for- ma concreta a diminuição dessas di- ferenças e consequente diminuição da criminalidade. Embora os elementos argu- mentativos sobre a delinquência ju- venil e fatores psicológicos o que é verdade em alguns casos, o que se percebe em sua maioria são fatores sociais como elemento fundamental para o aumento dos casos violentos. Não obstante a pré disposição para atos de delinquência como fa- tor genético, é possível firmar opini- ões apenas nesse fato que em muitos casos são reflexos de relações mal adaptadas que vem principalmente de suas próprias famílias. Sendo ca- paz de potencializar essa tendência biológica. Investimentos em educação e estruturação familiar são indispen- sáveis quando estamos diante de ní- veis elevados de criminalidade prati- cada por jovens, que por diversas ve- zes sem veem em situações nas quais delinquir é a única oportunidade. Reduzir a maioridade penal sem dar condições de crescimento e oportunidades ao jovem, é apenas uma alteração legislativa que não le- va em conta o sistema retributivo da qual se reveste a finalidade da pena. Com a aplicação de medidas socioe- ducativas espera-se que o infrator consiga suportar a penalidade e cumprir de forma que seja capaz de trazer restauração ao seu comporta- mento. É fundamental investir em procedimentos restaurativos, como tem acontecido com o incentivo de reconhecimento de paternidade e ações afins, que visam promover o conserto familiar e com isso trazes para o menor condições de estrutu- rar emocionalmente, pscicologica- mente e de acreditar que a crimina- lidade e/ou o uso de entorpecentes não é caminho viável para o reco- nhecimento social. O esforço social deve ser conti- nuo para que os jovens envolvidos 38 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE em práticas criminosas vejam condi- ções de ressocialização e superação, sentindo acolhimento e com isso consiga identificar seu valor social enquanto pessoa. Por diversas vezes a forma de punir o jovem pela Justiça Criminal convencional levam a situações ca- pazes de constranger o infrator e até mesmo a vítima. A pensar numa justiça de edu- cação, retributiva leva ao entendi- mento de reparação do dano que po- de ser transformador na vida do jo- vem. Levar ao entendimento de quem crime foi praticado, as conse- quências dele, sem legitimar ou ba- nalizar o “coitadismo” é capaz de fa- zer com que seja reconhecida a culpa individual e com isso o enfrenta- mento da situação que levou aquele caminho e assim realizar a preven- ção da criminalidade. 39 JUVENTUDE E CRIMINALIDADE Materiais Complementares Links “gratuitos” a serem con- sultados para um acrescentamento no estudo do aluno de assuntos que não poderão ser abordados na apos- tila em questão. ASSIS, Rafael Damasceno. As Pri- sões e o Direito Penitenciário no Brasil. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/arti- gos/x/34/82/3482/p.shtml. Acesso em agosto 2021 BRAGHETO, Alessandro. Jovens respondem por 42% de crimes prati- cados no Brasil. Folha de São Paulo, Ribeirão Preto, Domingo, 6 de de- zembro de 2020. Disponível em: https://www1.fo- lha.uol.com.br/fsp/ribei- rao/ri06129801.htm. Acesso em agosto de 2021 BRASIL, ATLAS DA JUVENTUDE. 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