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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL 2 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com T429d Thiebaut, Alexandre Haleson dos Santos. Direito trabalhista e Legislação social / Alexandre Haleson dos Santos Thiebaut. – Serra : Multivix, 2017. 72 f. : il. ; 30 cm Inclui referências. 1. Direito do trabalho. 2. Previdência social - Legislação. II.Faculdade Multivix –NeaD. III. Título. CDD: 341.6 EDITORIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Felix Soares Multivix Educação à Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EAD 4 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Gru- po Multivix como parte do seleto grupo das Insti- tuições de Ensino Superior de excelência no Bra- sil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO Bem-vindos à disciplina de Direito Trabalhista e Legislação Social na qual iremos demonstrar os principais temas atuais para aprofundar seus conhecimentos sobre a temática no curso de direito e legislação social da Faculdade Multivix Ensino a Distância. Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada em 06 unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, são subdivididos em seções (tópicos), aten- dendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem. De forma geral na disciplina histórico do direito do trabalho, que trata da evolução histórica, procuraremos compreender como a legislação trabalhista vem se atualizando. Descrevere- mos ponto a ponto da evolução por datas e acontecimentos. Ao longo da disciplina promove- remos uma discussão partindo da contextualização atual, destacando pontos relevantes para assim realizar um bom curso. Esperamos que, até o final da disciplina vocês possam: - Ampliar a compreensão sobre a visão atual e contextualizada da legislação trabalhista; - Conhecer da aplicação e ferramentas deste tema; - Identificar os aspectos relevantes relacionados à temática; - Compreender sua importância. Antes de iniciar a leitura, gostaríamos que vocês parassem um instante para refletir sobre al- gumas questões. A temática apesar de estar bem organizada, estruturada, atualizada e orien- tada, para maior evolução dos estudos, se faz necessário pesquisa complementares, não se restringindo apenas ao material, que como orientação, pode ser utilizado os livros das refe- rências bibliográficas. A educação continuada, atualizada é de suma importância e de vastos meios para crescimento pessoal, educacional e profissional. Enfim, esperamos promover refle- xões sobre o assunto e desejamos sucesso e bons estudos! APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 6 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMÁRIO 2UNIDADE 1UNIDADE 1 NOÇÕES FUNDAMENTAIS E RELAÇÃO DE EMPREGO: IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL 11 1.1 HISTÓRICO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 11 1.2 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO 15 1.2.1 DIVISÃO DAS FONTES DO DIREITO DO TRABALHO 15 1.2.2 HIERARQUIAS ENTRE AS FONTES 16 1.3PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 16 1.4 RELAÇÃO DE TRABALHO E EMPREGO 17 1.4.1 EMPREGADO 17 1.4.2 EMPREGADOR 19 1.5 IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL 19 1.5.1 CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL (CTPS) 20 1.5.2 LIVRO OU FICHA DE REGISTRO DE EMPREGADOS 22 2 CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO E OBRIGAÇÕES DECORRENTES DO CONTRATO DE TRABALHO 25 2.1 NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO 25 2.2 DURAÇÃO 26 2.2.1 CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO 26 2.2.2 CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO 27 2.3 ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 27 2.3.1 TRANSFERÊNCIA DE EMPREGADO 28 2.4 SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO 30 2.5 REGRAS QUE ESTARÃO ENTRANDO EM VIGOR COM A REFORMA TRABALHISTA 31 3 JORNADA DE TRABALHO 34 3.1 TIPOS DE JORNADAS DE TRABALHO 35 3.2 LIMITAÇÕES ÀS JORNADAS DE TRABALHO 35 3.3 FORMAS DE PRORROGAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO 36 3.3.1 MODALIDADES 37 3.4 APONTAMENTO SOBRE A REFORMA TRABALHISTA REFERENTE AO TEMA 38 3UNIDADE 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO 4UNIDADE 5UNIDADE 42 42 42 43 43 44 44 45 45 46 46 47 48 48 52 52 54 54 54 54 55 55 55 56 56 56 56 57 57 57 58 4 FÉRIAS E DESCANSO SEMANAL REMUNERADO 4.1 CONDIÇÕES DE MANUTENÇÃO DO DSR 4.2 PAGAMENTO DO DSR 4.3 FÉRIAS 4.3.1 PERÍODOS 4.3.2 DURAÇÃO DAS FÉRIAS 4.3.3 CONCESSÃO FORA DO PERÍODO 4.3.4 POSSIBILIDADE DE FRACIONAMENTO 4.3.5 DIREITO DE COINCIDÊNCIA 4.3.6 COMUNICAÇÃO E PAGAMENTO DAS FÉRIAS 4.3.7 ABONO DE FÉRIAS 4.3.8 EFEITOS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO PARA O CASO DE FÉRIAS 4.3.9 PRESCRIÇÃO DAS FÉRIAS 4.3.10 FÉRIAS COLETIVAS 5 SALÁRIO, REMUNERAÇÃO E ADICIONAIS LEGAIS 5.1 PARCELAS INTEGRANTES DO SALÁRIO 5.1.1 COMISSÕES 5.1.2 PERCENTAGENS 5.1.3 GRATIFICAÇÕES 5.1.4 DIÁRIAS PARA VIAGENS 5.1.5 ABONOS 5.2 REGRAS E PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO DO SALÁRIO 5.2.1 PERIODICIDADE DO PAGAMENTO DO SALÁRIO 5.2.2 ATRASO NO PAGAMENTO DO SALÁRIO 5.2.3 PAGAMENTOS DO SALÁRIO EM AUDIÊNCIA JUDICIAL 5.2.4 PROVA DO PAGAMENTO 5.2.5 IRREDUTIBILIDADE SALARIAL 5.2.6 DESCONTOS LEGAIS 5.3 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO 5.3.1 FORMA DE PAGAMENTO 5.3.2 13º SALÁRIO PROPORCIONAL 5.3.3 SEGURO DESEMPREGO 58 8 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 6 TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO, PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA E APOSENTADORIA 62 6.9 FORMAS DE PAGAMENTO DA RECISÃO CONTRATUAL 63 6.10 MULTAS 63 6.11 HOMOLOGAÇÕES DAS RESCISÕES CONTRATUAIS 63 6.1 ÓRGÃOS COMPETENTES PARA HOMOLOGAR AS RESCISÕES 64 6.2 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 64 6.3 PREVIDÊNCIA, ASSISTÊNCIA SOCIAL E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR 64 6.4 COBERTURA DE ATENDIMENTO 65 6.5 IGUALDADE DE PRESTAÇÕES 66 6.6 DISTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS 66 6.7 IRREDUTIBILIDADE DOS BENEFÍCIOS 67 6.7.1 IGUALDADE NO CUSTEIO 68 6.7.2 DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO 68 6.7.3 DEMOCRACIA E DESCENTRALIZAÇÃO NA GESTÃO. 69 6.8 OBJETIVOS DO SISTEMA DE SEGURIDADE SOCIAL 69 6.8.1 CAMPO DE APLICAÇÃO INDIVIDUAL 70 6UNIDADE 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 10 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Desenvolver uma análise crítica, social e ética do direito trabalhista e previdenciário; > Aplicação pessoal e profissional. UNIDADE 1 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO 1 NOÇÕES FUNDAMENTAIS E RELAÇÃO DE EMPREGO: IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL A presente unidade trata da evolução histórica do direito do trabalho no Brasil até as princi- pais leis e apontamentos atuais, pois, a CLT teve importância fundamental na história do direito trabalhista no Brasil. Todavia, com o passar do tempo, foi se tornando ultrapassada, obsoleta, dando ensejo a diversas leis complementares. Destaca ainda as fontes e os principais princí- pios que norteiam os entendimentos e aplica- ções trabalhistas, demonstrando o critério de hierarquia que possa existir entre uma norma e outra. 1.1 HISTÓRICO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL Dentre as influências externas, que exerceram forte pressão no sentido de levar o Brasil a elaborar leis trabalhistas, destacam-se as transformações que ocorriam na Europa e a crescente elaboração legislativa de proteção ao trabalhador. Além dis- so, destaca-se o compromisso internacional assumido pelo Brasil ao participar da Organização Internacional do Trabalho, criada pelo Tratado de Versalhes (1919), que propunha a observância das normas trabalhistas. Os fatores internos que mais influenciaram o surgimento do Direito do Trabalho no Brasil foram: o movimento operário do qual participaram imigrantes com inspirações anarquistas, caracterizado por inúmeras greves em fins de 1800 e início de 1900; Pretendemos elucidar a formação do Direito do Trabalho no Brasil a fim de demonstrar as influências sofridas, pelo processo referido, por diversos fatores externos e internos. 12 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO o surto industrial, efeito da Primeira Guerra Mundial, com a elevação do número de fábricas e operários; e a política trabalhista de Getúlio (1930). O início da formação e consolidação histórica do Direito do Trabalho no Brasil se deu com a abolição da escravatura em 1888. Com a assinatura da Lei Áurea, iniciou-se, de certa forma, a re- ferência histórica do Direito do Trabalho Brasileiro. Tal lei reuniu pressupostos para a configuração do novo ramo jurídico especializado e eliminou o sistema de escravidão que persistia até o momento, incompatível com o ramo jus trabalhista. Como conse- quência disso, houve um grande estímulo da estruturação na relação empregatícia (empregado x empregador). Salienta-se que, antes de 1888, havia experiências de relação de emprego tão despre- zíveis que não abriam espaço significativo para o florescimento das condições viabili- zadoras do ramo jus trabalhista. Por esse motivo, não mereceram registro importante nas duas primeiras fases da História do Brasil. Costuma-se dividir a evolução histórica do Direito do Trabalho Brasileiro em fases, sendo o primeiro período considerado significativo para a evolução do Direito do Trabalho no Brasil. Intitulada de Manifesta- ções Incipientes ou Esparsas, desenvolveu-se entre os anos de 1888 até 1930. Carac- terizou-se pela presença de movimentos operários sem grande capacidade de orga- nização e pressão, seja pelo seu surgimento e dimensão no quadro econômico-social da época, ou pela influência anarquista hegemônica no segmento mais mobilizado de suas lideranças próprias. Ainda junto dessa insipiência na atuação coletiva dos trabalhadores, também inexistiu uma dinâmica legislativa intensa e contínua por parte do Estado, em face da chama- da questão social. No Brasil preponderava nesta época o liberalismo, que propunha a não intervenção estatal na economia, inibindo a atuação normativa heterônoma no mercado de trabalho. Além disso, esse liberalismo estaria associado ao pacto de descentralização política regional (típico da República Velha), que restringia a possibi- lidade de surgimento de uma legislação heterônoma federal trabalhista significativa.Neste período, destacou-se o surgimento ainda assistemático e disperso de várias normas jus trabalhistas, associadas a outras normas relacionadas à questão social. São elas: 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO ATENÇÃO Decreto nº439/1890, que estabelecia as bases para organização da assistência à infância desvalida; Decreto nº843/1890, que concedia vantagens ao Banco dos Operários;Decreto nº1162/1890, que derrogou a tipificação da greve como ilícito penal, mantendo como crime apenas os atos de violência praticados no desen- rolar do movimento;Decreto nº221/1890, que estabeleceu a concessão de fé- rias de 15 dias aos ferroviários e ainda suas aposentadorias;Decreto Legislativo nº1150/1904, que concedeu facilidades para o pagamento de dívidas de traba- lhadores rurais, benefício estendido posteriormente aos trabalhadores urbanos;- Decreto Legislativo nº1637/1907, que facultou a criação de sindicatos profissio- nais e sociedades cooperativas. A Constituição de 1937, que mencionou em seu texto a Justiça do Trabalho, induziu ao aperfeiçoamento do sistema à proporção em que elevava seu patamar institucio- nal. Com o Decreto nº1237/39, a Justiça do Trabalho foi efetivamente regulamentada. A última das direções traduzia-se nas variadas ações voltadas para abafar manifes- tações políticas ou operárias autonomistas ou simplesmente contrárias à estratégia oficial montada. O primeiro marco das ações combinadas foi a Lei de Nacionalização do Trabalho, reduzindo a participação de imigrantes no segmento obreiro do país (Decreto nº19482/30, estabelecendo um mínimo de 2/3 de trabalhadores nacionais no conjunto de assalariados de cada empresa). A essa medida estrutural seguiram-se os diversos incentivos ao sindicalismo oficial (monopólio de ação junto às Comissões Mistas de Conciliação e exclusivismo de par- ticipação nos Institutos de Aposentadorias e Pensões), incentivos que seriam trans- formados, logo após, em expresso monopólio jurídico de organização, atuação e representação sindical. Finalmente, por quase todo o período getulista, houve uma contínua e perseverante repressão estatal sobre as lideranças e organizações autono- mistas ou adversas obreiras. Após alguns anos, o modelo jus trabalhista foi estruturado e reunido em um único diploma normativo, denominado CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), por meio do Decreto nº5452/43. 14 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Consolidação das Leis do Trabalho (1943) é a sistematização das leis esparsas existentes na época, acrescidas de novos institutos criados pelos juristas que a elaboraram. A Consolida- ção não é um código, segundo Amauri Masca- ro Nascimento, pois sua principal função foi a de reunião das leis já existentes e não a criação, como num código de leis novas. Trata-se da pri- meira lei geral, aplicável a todos os empregados sem distinção da natureza do trabalho técnico, manual ou intelectual. A CLT teve importância fundamental na histó- ria do direito trabalhista no Brasil, todavia, com o passar do tempo, foi se tornando ultrapassa- da, obsoleta. Não correspondia mais às novas ideias. Por isso, fez-se necessário o surgimen- to de muitas outras leis posteriores a ela: Lei nº 605/49 sobre repouso semanal; Lei nº 4090/62 sobre gratificação natalina e 13º salário (ambas em vigor) e outras já alte- radas (a Lei de Greve de 1964 e a Lei do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço de 1966, substituídas por leis posteriores). Depois de 1945, com a chamada redemocratização do país, o modelo de organiza- ção sindical que parecia ter sido uma imposição artificial da ditadura varguista, não sofreu alterações que afetassem sua essência. Na verdade, o conjunto do modelo jus trabalhista oriundo do período entre 1930 e 1945 é que se manteve quase intocado. À exceção do sistema previdenciário, que na década de 60 foi afastado da estrutura corporativa sindical e dissociado desse tradicional modelo jus trabalhista, não se as- siste, quer na fase democrático-populista de 1945-1964, quer na fase do regime mili- tar implantado em 1964, época da implementação de modificações substantivas no velho modelo jus trabalhista autoritário-corporativo imperante no país. A partir de 1964, o Estado promulgou leis de política salarial continuamente modi- ficada, visando o controle da inflação e a melhoria dos salários, objetivos não alcan- çáveis até 1993, quando começou a crescer as ideias da livre negociação através do contrato coletivo de trabalho. Vale lembrar, no entanto, que já existiram outras leis: Lei nº62/35, aplicável a industriários e comerciários e outros vários decretos específicos de cada profissão. 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO 1.2 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO As fontes do direito do trabalho podem ser classificadas como um conjunto de nor- mas jurídicas, normas essa que regulamentam as relações de trabalho existentes, podendo ser considerado, inclusive, trabalhadores autônomos. Pois trata-se de uma parte do direito mais específica visando a adequação e cumprimento do direito do indivíduo enquanto trabalhador. 1.2.1 DIVISÃO DAS FONTES DO DIREITO DO TRABALHO A) FONTES MATERIAIS: São as fontes relacionadas ou que se referem á nossa sociedade. Isso engloba todos os aspectos sociais, tais como, fatores econômicos, políticos, sociológicos, filosóficos entre outros. Essas servirão para embasamento e/ou orientação para criação de novas leis ou melhoramentos das já existentes, criando assim novos parâmetros para enten- dimento das necessidades do trabalhador de acordo com o dia a dia e com evolução, pois as mudanças delimitam e obrigam a criação de novas regras e normas ou a re- visão daquelas que se encontram obsoletas. Afinal, as mudanças no mercado de tra- balho e na maneira de produção se renovam constantemente, daí a importância da fonte material dentro do direito do trabalho, pois ela visa o coletivo, tenta compensar a desigualdade trabalhista e diminuir o conflito de interesse comumente gerado em relações de trabalho (NETO, 2014). B) FONTES FORMAIS: Essa será o meio pelas quais as leis serão cumpridas. Podemos citar como exemplo de fontes de leis formais a Constituição Federal e suas ementas, decretos, portaria entre outras. As fontes formais se subdividirão em Heterônomas (estatal), ou seja, todas aquelas ligadas às fontes formais propriamente ditas, que serão baseadas na nossa lei, através da constituição federal, tratados, regulamentos e etc. E autônomas (não estatal), que será relacionada às fontes materiais no que se refere aos costumes sociais e acordos coletivos de trabalho, normalmente feito entre um sindicato e as empresas, entre outros (CAVALCANTE, 2014). 16 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.2.2 HIERARQUIAS ENTRE AS FONTES A lei, seja ela do trabalho ou não, obedecerá sempre a uma hierarquia, que servirá para atribuir uma prioridade na aplicação das diversas fontes do direito do trabalho. Essa hierarquia, em se tratando de leis do trabalho, e de extrema importância, deve ser cumprida de maneira rigorosa. Podemos dizer que nenhuma lei pode ser criada para contrariar uma Lei constitucional, já existente, ou pelo menos, essa deverá servir para favorecer o trabalhador. Por isso existe a hierarquia entre as fontes e essa hierar- quia deverá ser respeitada. Essa determinação deixa claro como deve ser o “o princí- pio da norma mais favorável ao trabalhador”,desde que compatível com o sistema e com as normas hierarquicamente superiores. Entretanto, podemos dizer que não haverá uma hierarquia taxativa ou pré-definida, apenas deverá ser analisada sua aplicação de maneira a não gerar, ou pelo menos tentar minimizar, os conflitos e permitir que se aplique a lei mais benéfica para o tra- balhador, conforme citado anteriormente. Por isso, a importância do entendimento de cada classificação e o bom senso do judiciário trabalhista na definição, criação e melhoramento e, principalmente, na sua aplicação será de extrema importância, de- vido ao rigor estabelecido pela própria Constituição Federal (ALMEIDA, 2013). 1.3 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO São várias as classificações e estão ligadas diretamente ao trabalhador. A CLT em seu artigo 8º vem consagrar a função integrativa dos Princípios gerais do Direito, ao sa- lientar sua aplicação somente para casos em que há omissão legal e contratual. • Assim podemos enumerá-los como: • Princípio da Proteção do trabalhador; • Princípio da Irrenunciabilidade dos Direitos Trabalhistas; • Princípio da Primazia da Realidade; • Princípio da Continuidade da Relação de Emprego; • Princípio da Integralidade e da Intangibilidade do Salário; 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO • Princípio da Não-Discriminação; • Princípio da Irredutibilidade do Salário; • Princípio da Razoabilidade; • Princípio da Boa Fé; • Princípio da Autonomia da Vontade. 1.4 RELAÇÃO DE TRABALHO E EMPREGO Importante destacar que todo empregado será uma espécie de trabalhador, mas nem todo trabalhador poderá ser considerado empregado, pois teremos como exemplo os casos dos autônomos e estagiários, que poderão ser considerados trabalhadores, mas não empregados, pois são regidos por leis que não são a CLT. 1.4.1 EMPREGADO O art. 3º da CLT determina que “considera-se empregado toda pessoa física que pres- tar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e me- diante salário”. A doutrina acrescenta a essa definição outro requisito: a prestação pessoal do serviço. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO DO EMPREGADO “Todo empregado será uma espécie de trabalhador, mas nem todo trabalhador será empregado” São cinco os elementos essenciais da definição de empregado: pessoalidade, habi- tualidade, subordinação, salário e pessoa física. A presença desses cinco elementos é requisito sempre indispensável para o sujeito, que realize um determinado trabalho, ser enquadrado como empregado. 18 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO a) Pessoa física: empregado é sempre pessoa física ou natural. Não é possível, dada a natureza personalíssima das obrigações que ele assume, admitir-se a hipótese de um empregado pessoa jurídica. A proteção da legislação trabalhista é destinada à pessoa física, ao ser humano que trabalha. Os serviços prestados por pessoa jurídica são regulados pelo Direito Civil. b) Habitualidade (ou não-eventualidade): empregado é um trabalhador não even- tual, que presta continuamente seus serviços. Deve haver habitualidade na prestação laboral, já que o contrato de trabalho é de prestação sucessiva, que não se exaure numa única prestação. Se os serviços prestados pelo trabalhador são eventuais, este não será empregado, mas sim um trabalhador eventual, não alcançado pelos direitos estabelecidos na CLT. A continuidade não significa, necessariamente, trabalho diário. É bem verdade que na maioria das vezes a prestação dos serviços pelo empregado é feita diariamente, mas não há essa necessidade para caracterizar a relação de emprego. A continuidade pode ser caracterizada, por exemplo, pela prestação de serviços de um profissional duas ou três vezes por semana, desde que nos mesmos dias e horário (ALMEIDA, 2013). Diversamente, se couber ao próprio trabalhador definir os dias e horários em que prestará os serviços, ou ainda estabelecer a periodicidade da prestação, conforme sua conveniência ou sua agenda, estará descaracterizada a continuidade. c) Subordinação (ou dependência): empregado é um trabalhador cuja atividade é exercida sob dependência de outrem, para quem ela é dirigida. Isso significa que o empregado é dirigido por outrem, uma vez que a subordinação o coloca na condição de sujeição em relação ao empregador. Se os serviços executados não são subordina- dos, o trabalhador não será empregado, mas sim trabalhador autônomo, não regido pela CLT. d) Salário: empregado é um trabalhador assalariado, portanto, alguém que, pelo ser- viço que presta, recebe uma retribuição. Caso os serviços sejam prestados gratuita- mente pela sua própria natureza (voluntário, de finalidade cívica, assistencial, religio- so, etc.) não se configurará a relação de emprego. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO e) Pessoalidade: empregado é um trabalhador que presta pessoalmente os serviços ao empregador. O contrato de trabalho é ajustado em função de determinada pes- soa, razão porque é considerado intuitu personae. Assim, o empregador tem o direito de contar com a execução dos serviços por determinada e específica pessoa e não por outra qualquer. Não pode o empregado fazer-se substituir por outra pessoa sem o consentimento do empregador. 1.4.2 EMPREGADOR A CLT determina que “considera-se em- pregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade eco- nômica, admite, assalaria e dirige a presta- ção pessoal de serviços” (art. 2º). A empresa é comumente conceituada como uma atividade organizada para a pro- dução ou circulação de bens ou serviços destinados ao mercado, com objetivo de lucro. No âmbito do Direito do Trabalho, a CLT expressamente estabelece a exigên- cia de que ela assuma os riscos do negócio. Assim, a empresa deve assumir tanto os resultados positivos quanto os negativos do empreendimento, não podendo estes últimos serem transferidos ao empregado (MARTINS, 2015). Não é elemento essencial da definição de empregador a pessoalidade. Embora esse requisito seja imprescindível para a conceituação de empregado, não o é para a de em- pregador. Prova disso é o fato de o empregador poder ser substituído normalmente no comando dos negócios, sem que sejam afetadas em qualquer aspecto as relações de emprego existentes com os trabalhadores da empresa. O empregado, ao contrário não pode se fazer substituir livremente, conforme já estudamos (MARTINS, 2015). 1.5 IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL Forma pela qual o empregado é individualizado e organizado quanto à busca do contrato de trabalho, trazendo assim uma segurança jurídica para a empresa e o empregado. “A empresa é comumente con- ceituada como uma atividade organizada para a produção ou circulação de bens” 20 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.5.1 CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL (CTPS) A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é o principal documento de iden- tificação profissional do trabalhador. Nela são anotados os elementos mais importan- tes concernentes às relações de emprego passadas e presentes do trabalhador e as alterações relevantes havidas em seus contratos de trabalho, bem como informações do interesse da Previdência Social (MARTINS, 2016). A importância desse documento para o trabalhador é bastante evidente, servindo ele como instrumento de prova em favor do empregado, não só no que tange à existên- cia do contrato de trabalho, mas também quanto às condições estabelecidasno pac- to, como valor e composição do salário, condições especiais, férias, etc. Além disso, a CTPS é o meio de prova usualmente utilizado para a comprovação perante o INSS do tempo de serviço vinculado à Previdência Social, para fins de obtenção de aposenta- doria, recebimento de benefícios e etc (NETO, 2014). DISPÕE A CLT QUE EM SEU ART.13 “a Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que de caráter temporá- rio, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada”. ATENÇÃO A) EMISSÃO DA CTPS A CTPS será emitida pelas Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs) ou, median- te convênio, por órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, dos Esta- dos, do Distrito Federal ou dos Municípios. No caso de não serem firmados convênios com esses órgãos, poderão ser conve- niados sindicatos para emissão da CTPS. 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO B) APRESENTAÇÃO E DEVOLUÇÃO DA CTPS Art. 29. O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar na CTPS, em relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia. C) VEDAÇÃO A ANOTAÇÕES DESABONADORAS: É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do em-pregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CLT, art. 29,§ 4º, com a redação dada pela Lei nº 10270, de 29-08-2001). Trata-se de uma norma de proteção ao trabalhador. Essa regra salutar e mo-ralizante impede que o empregador, ao dispensar o empregado, “suje” sua CTPS, descrevendo aspectos negativos de sua conduta. Tal vedação impede, por exemplo, que o empregador descreva na CTPS do empregado a falta grave que tenha ensejado a sua dispensa por justa causa. Impede mesmo a simples menção ao fato de o empregado haver sido dispensado por justa causa. 22 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.5.2 LIVRO OU FICHA DE REGISTRO DE EMPREGADOS Além das anotações na CTPS, o empregador está obrigado, relativamente a cada trabalha- dor, a efetuar o registro de empregados em fichas, livros ou sistemas eletrônicos, confor- me instruções do Ministério do Trabalho (CLT, art. 41). O registro do empregado também tem a na- tureza de prova do contrato do trabalho, mas é documento do empregador, servindo de base para o fornecimento de esclarecimentos, quando solicitados pela fiscalização trabalhista da DRT. Não se confunde com a CTPS, especial- mente porque esta pertence ao trabalhador, enquanto o livro de registro é de propriedade do empregador. Ao contrário do que ocorre com a CTPS, o registro do empregado nos livros ou fichas deverá ser efetuado imediatamente, antes do início da prestação de serviços, sob pena de multa administrativa (CLT, art. 47). É importante frisar que a obrigação de registro abrange todos os empregados da empresa, independentemente da atividade exercida. O registro inclui a qualificação civil e profissional do empregado, os dados relativos à sua admissão, férias, acidentes, etc. INDICAÇÃO DE VÍDEO Do registro do funcionário: http://www.youtube.com/watch?v=HdJ4Ni9UHug 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO ANOTAÇÕES 24 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 2 > Desenvolver uma análise crítica, social e ética do direito trabalhista e previdenciário referente aos contratos de trabalho; > Compreensão das obrigações, direitos e deveres do contrato de trabalho; > Despertar a pesquisa da temática; > Aplicação pessoal e profissional. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO 2 CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO E OBRIGAÇÕES DECORRENTES DO CONTRATO DE TRABALHO A presente unidade trata do contrato de trabalho e formalidade fundamental para o desenvolvimento da atividade como empregado. Na CLT o início de suas informações iniciais ocorrem no art. 442, destacando as aplicações trabalhistas, demonstrando a importância deste instituto. 2.1 NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO A doutrina deixa esclarecida e de forma predominante que o contrato de trabalho tem natureza contratual. A CLT no seu art. 442 dispõe que “Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”. São as seguintes, as características do contrato de trabalho: • Bilateral (direitos e obrigações para ambos); • Oneroso (remuneração, requisito essencial); • Comutativo (prestações equivalentes com celebração do ajuste); • Consensual (anuência das partes); • Contrato de adesão (o empregado, limita-se a aceitar as cláusulas e condições previamente estabelecidas pelo empregador); • Pessoal (o empregado não pode se fazer substituir na prestação laboral sem o consentimento do empregador); • Execução continuada (a execução se prolonga no tempo). 26 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO LEIA MAIS (Tipos de contrato de trabalho) http://www.economias.pt/tipos-de-contratos-de-trabalho (Modelos de contrato de trabalho) http://www.jurisway.org.br/v2/modelos1.asp?idmodelo=117 2.2 DURAÇÃO Quanto à sua duração, os contratos podem ser celebrados por prazo determinado ou in- determinado. A CLT fixa o prazo máximo de dois anos para os contratos a prazo determinado em geral, e de noventa dias para o contrato de experiência (art. 445 e 451). Admite-se uma única prorrogação, que deve ser feita dentro dos prazos que a lei fixou. Havendo uma segunda prorrogação, ainda que dentro do prazo legal, o contrato passará a ser considerado por prazo indeterminado (ALMEIDA, 2013). 2.2.1 CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO É a forma comum de contratação, a qual será sempre presumida se houver dúvida. Assim, aquele que alegar a determinação do prazo deverá prová-la, na forma e pelos meios admitidos em direito. Caso não tenha êxito, consideramos que o contrato é por prazo indeterminado (MARTINS, 2016). “Forma comum e mais usada para contratação” 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO 2.2.2 CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO A CLT define o contrato a prazo determinado como “o contrato de trabalho cuja vigên- cia dependa de termo prefixado, ou da execução de serviços especificados, ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada” (art.443). Em seguida, fixa as hipóteses que autorizam sua celebração válida, ao dispor que “o contrato por prazo determinado só será válido em se tratando”: 1. De serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; 2. De atividades empresariais de caráter transitório; 3. De contrato de experiência (art. 443, § 2º). 2.3 ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO “Forma especial de contratação. FIQUE ATENTO ÀS REGRAS” A CLT dispõe que, nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e aindaassim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia” (CLT, art. 468). Essa garantia é conhecida como princípio da imodificabilidade ou inalterabilidade das condições de trabalho, e impede até mesmo a modificação bilateral, isto é, a con- sentida pelo trabalhador, desde que dela possam resultar-lhe prejuízos. Ressalte-se, porém, que o princípio da imodificabilidade refere-se apenas ao contrato individual de trabalho, à alteração pactuada diretamente entre empregador e em- pregado (art. 7, XIII). 28 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Como exceção ao princípio da inalterabilidade, temos o princípio do jus variandi. Este princípio consiste no direito que possui o empregador de alterar unilateralmente, em casos excepcionais, as condições de trabalho dos seus empregados. Representa o jus variand um abrandamento do princípio da imodificabilidade das condições de trabalho. São exemplos do jus variandi: 1. Empregador que dispensa o empregado da função de confiança que exercia e determina seu retorno à função anterior; 2. Mudança de horário; 3. Modificação de seção ou departamento; 4. Transferência do local de trabalho. 2.3.1 TRANSFERÊNCIA DE EMPREGADO A possibilidade de transferência do empregado decorre do princípio do jus variandi do empregador, segundo o qual o empresário, como decorrência do poder de di- reção que tem sobre seus negócios, possui prerrogativa de fazer pequenas modifi- cações no contrato de trabalho, desde que atendidas as condições previstas em lei (ALMEIDA, 2013). A CLT só considera transferência o ato pelo qual o empregado passa a trabalhar em outra localidade, diferente da estipulada em contrato, e desde que importe em mu- dança de domicílio (art. 469). Deve-se notar que, mesmo nas hipóteses em que não reste caracterizada a transfe- rência, caso a mudança implique aumento nos gastos do empregado decorrentes do deslocamento a seu novo local de trabalho, a jurisprudência do TST garante-lhe um suplemento salarial correspondente ao valor do acréscimo havido nas suas despesas de transporte (Enunciado nº 29). Em regra, a CLT exige a anuência do empregado para que seja considerada lícita sua transferência. Todavia, excepciona essa regra, ao estabelecer que “não estão compreendidos nessa proibição os empregados que exerçam cargos de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferên- cia, quando esta decorra de real necessidade de serviço” (CLT, art. 469, § 1º). 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO Assim, a transferência do empregado que exerce cargo de confiança não depende do requisito “real necessidade de serviço”. Essa expressão, constante da parte final do § 1º do art. 469 da CLT, aplica-se somente aos casos de transferência do empregado em decorrência de cláusula explícita ou implícita constante do contrato de trabalho. A cláusula explícita deve ser entendida como expressa, escrita. Considera-se existente cláusula implícita quando as características intrínsecas da atividade desempenhada permitem que se presuma subtendida a necessidade de transferência. É o caso do aeronauta, do motorista rodoviário, do vendedor viajante, etc. Ressaltamos, entre- tanto, que mesmo em caso de cláusula autorizadora da transferência expressa no contrato, ou mesmo implícita, a transferência só será lícita se comprovada a real ne- cessidade do serviço (MANNRICH, 2012). Por outro lado, é lícita a transferência do empregado no caso de extinção do estabe- lecimento em que trabalha, mesmo que esta seja determinada contra a vontade do empregado. A expressão “extinção do estabelecimento” tem sentido amplo, alcançando situações como o fechamento de apenas uma das filiais da empresa ou mesmo a mudança da empresa de uma cidade para outra. No caso de trabalhador da construção civil, por exemplo, a conclusão de uma obra em determinada localidade autoriza sua transfe- rência definitiva para outra obra empreendida pelo mesmo empregador, equiparan- do-se o fim da primeira obra à extinção de estabelecimento (MANNRICH, 2012). Nesta hipótese, não está o empregador obrigado ao pagamento do adicional de transferência, uma vez que este só é devido nas transferências por necessidade de serviço. O adicional de transferência corresponde a um acréscimo de 25% sobre o valor do sa- lário que o empregado estiver percebendo na localidade. Esse adicional só é devido quando a transferência decorre de necessidade de serviço. Além do requisito necessidade de serviço, o adicional só será devido na transferên- cia provisória. Se a transferência é definitiva, não há que se falar em pagamento de adicional. Não será devido o adicional se a transferência for resultante de ato de pro- moção do empregado, com o seu consentimento e com aumento do salário na nova localidade. 30 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O adicional não se incorpora ao salário do empregado. No término do período da transferência, poderá ser normalmente suprimido pela empresa. As despesas que o empregado necessitar efetuar em razão de sua transferência serão pagas pelo empregador, seja a transferência provisória ou definitiva, pois em ambos os casos haverá ônus para o empregado (ALMEIDA, 2013). Apesar da previsão de transferência de empregados, alguns são considerados pela CLT como intransferíveis. É o caso do empregado eleito para o cargo de administra- ção sindical, que não pode ser transferido para localidade que dificulte ou impeça o desempenho de suas atribuições sindicais (art. 543). O empregado nessas condições perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou voluntariamente aceita (art. 543, § 1º). 2.4 SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO Situações previstas entre o artigo 471 e 476 da CLT determinam que na suspensão do contrato de trabalho, quando o empregado fica afastado, não recebendo salário, e sem que seja contado o período de afastamento como tempo de serviço, serão ca- racterizadas hipóteses de suspensão os afastamentos decorrentes de doença a partir do 16º dia até a alta médica, a suspensão disciplinar, as faltas injustificadas e etc. ATENÇÃO O prazo de 48 horas concedido pela CLT refere-se apenas à anotação da CTPS, e não ao registro do empregado. SITUAÇÕES SUSPENSÃO INTERRUPÇÃO Greve X Auxílio doença Após o dia de número 15 Até o dia número 15 Acidente de trabalho X 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO SITUAÇÕES SUSPENSÃO INTERRUPÇÃO Serviço militar X Férias X Licença maternidade X Licença paternidade X Aborto Se for criminoso Natural Aviso prévio X A tabela demonstra em quais situações o contrato de trabalho será suspenso ou interrompido. Deve ser analisado caso a caso. 2.5 REGRAS QUE ESTARÃO ENTRANDO EM VIGOR COM A REFORMA TRABALHISTA Com a aprovação da reforma trabalhista pelo Senado Federal, que foi sancionada pelo presidente Michel Temer, os trabalhadores brasileiros que entrarão no merca- do podem ser admitidos por até seis tipos de contrato de trabalho. O texto final cria duas novas modalidades de contratação, que hoje não existem: o home office, que regulamenta o trabalho de casa, estabelecendo regras para esse tipo de contrato, e o trabalho intermitente, por jornada ou hora de serviço. Antes, o empregador podia contratar por tempo indeterminado, por tempo parcial, para trabalho temporário e como aprendiz (SCHIAVI, 2017).ATENÇÃO Em se tratando da jornada intermitente permite que o profissional trabalhe apenas alguns dias da semana, ou atue apenas algumas horas por dia, desde que tudo isso seja negociado com o contratante. Nesses casos, a empresa deve avisar ao funcionário com pelo menos cinco dias de antecedência que precisará dos serviços (SCHIAVI, 2017). 32 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO De acordo com as novas regras, o período de inatividade, ou seja, aquele em que o trabalhador não está no desempenho da função, não será considerado tempo à dis- posição da empresa, podendo o profissional negociar outros contratos ou serviços a outros empregadores. O texto aprovado também estabelece que o valor da hora de trabalho não poderá ser menor que o valor horário do salário-mínimo, tampouco in- ferior à de outros funcionários da empresa (SILVA, 2017). INDICAÇÃO DE VÍDEO Do registro do funcionário http://www.controlarbrasil.com.br/index.php?option=com_content&view=arti- cle&id=10&Itemid=23 ANOTAÇÕES 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 3 > Desenvolver uma análise crítica, social e ética sobre o tema jornada de trabalho; > Atualização sobre a regras pertinentes à jornada de trabalho; > Sistema de descanso intrajornada e interjornada. 34 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3 JORNADA DE TRABALHO Em regra, a Lei brasileira considera a jornada de trabalho como tempo à disposição do empregador no centro de trabalho (CLT, art. 4º). É necessário que o empregado esteja à disposição do empregador. Computa-se o tempo a partir do momento em que o empregado chega à empresa até o instante em que dela se retira. Não precisa estar efetivamente trabalhando, basta a presunção de que o empregado está aguar- dando ordens ou executando ordens. Em certos casos, porém, considera-se no cômputo da jornada de trabalho o tempo de deslocamento do trabalhador de sua residência até o local de trabalho e vice-ver- sa. É o chamado tempo in itinere. Nesse caso, a jornada de trabalho começa a ser computada a partir do ingresso do empregado na condução fornecida pelo empre- gador e termina com a saída do empregado da referida condução, ao regressar para sua residência. Finalmente, a partir de junho de 2001, o legislador trabalhista reconheceu expressamente o cômputo do tempo in itinere na jornada de trabalho (CLT, art. 58, § 2º, com a redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.06.2001). Apesar da Lei da Reforma Trabalhista ter revogado a previsão das horas in itinere na CLT, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) pacificou entendimento de que o pagamento pelo tempo de deslocamento do empregado é norma de caráter social irrevogável, devendo tal direito trabalhista continuar ser aplicado. O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer condução. Por último, devem ser incluídas na jornada de traba- lho as horas de sobreaviso, em que o empregado per- manecer em sua casa à disposição do empregador, aguardando ser chamado a qualquer momento para o serviço, como, por exemplo, no caso dos ferroviários (CLT, art. 244, § 2º). Não deixe de ler essa temática na referência bibliográfica indicada. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO 3.1 TIPOS DE JORNADAS DE TRABALHO MODALIDADES PERÍODO Diurna Entre 5h e 22h Noturna Entre 22h e 5h Mista Parte diurna/Parte noturna Revezamento Por período pré-fixado ATENÇÃO O trabalhador rural tem critério diferente quanto ao período da jornada: é con- siderado noturno o trabalho realizado entre as 21 h de um dia e as 5 h do outro, na lavoura, e entre as 20 h de um dia e as 4 h do outro, na pecuária. 3.2 LIMITAÇÕES ÀS JORNADAS DE TRABALHO A Constituição Federal no seu art. 7º, XIII, estabelece que o limite máximo da jornada normal de trabalho diário é de 8 horas, e o limite semanal é de 44 horas. E, no inciso XIV, do mesmo artigo, diz que a jornada normal para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva, é de 6 horas. As limitações acima mencionadas referem-se aos empregados em geral, todavia alguns possuem horários diferenciados, como veremos posteriormente. A Constituição Federal fixa a duração máxima da jornada normal em turnos de re- vezamento de 6 horas, salvo acordo ou convenção coletiva de trabalho fixando outra duração (art. 7º, XIV). 36 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O revezamento ocorre quando equipes de trabalhadores se sucedem na mesma empresa, no mesmo local de serviço, cada trabalhador cumprindo individualmente diferentes períodos de trabalho (manhã, tarde e noite), em forma de rodízio, que per- mitem o funcionamento ininterrupto da empresa. O que justifica a redução da jornada de oito para seis horas não é o simples fato de o trabalho ser prestado ininterruptamente, continuadamente. É o revezamento, a mudança de horário na sua prestação. Se a empresa funciona em turnos ininterrup- tos, durante 24 horas por dia, mas os trabalhadores laboram, cada qual, sempre no mesmo horário, a jornada poderá ser de oito horas. Porém, se a empresa impõe reve- zamento de horário ao empregado (num dia ele trabalha de manhã, noutro à tarde, noutro à noite, por exemplo), sendo ele obrigado a trabalhar segundo os horários pre- vistos em uma escala de serviço, a jornada normal máxima passa a ser de seis horas (ALMEIDA, 2012). 3.3 FORMAS DE PRORROGAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO ACORDO DE PRORROGAÇÃO DE HORAS COMPENSAÇÃO DE HORAS OU BANCO DE HORAS HORAS EXTRAS Até 2h diárias Até 2h diárias Até 2h diárias Adicional mínimo de 50% Adicional mínimo de 50% Adicional mínimo de 50% Obrigatoriamente escrito Por acordo ou convenção co- letiva Mediante necessidade da atividade, função ou empre- gador, sobre anuência do empregado. Sempre deve ser autorizada pelo empregador. Entre empregado e empregador Entre empregado, emprega- dor e o sindicato Empregado e empregador Implica para o empregado a obri- gatoriedade de fazer horas extras quando requisitado Acordo mediante o qual as horas excedentes das nor- mais prestadas num dia, po- derão ser compensadas com a correspondente diminuição em outro dia Pode ser por critérios de força maior, conclusão de serviços inadiáveis, reposição de para- lisações... 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO O adicional de horas extras tem natureza salarial. As horas extras habituais e o respec- tivo adicional integram o cálculo: da remuneração das férias (Enunciado nº 151); do repouso semanal remunerado (Enunciado nº 172); do décimo terceiro salário (Enun- ciado nº 145); do aviso prévio indenizado (art. 487, § 5º da CLT); do recolhimento do FGTS (Enunciado nº 63); do recolhimento das contribuições previdenciárias. Sobre a questão de intervalos para o trabalhador, a lei obriga a concessão de interva- los ao empregado, para que o mesmo possa se alimentar, descansar, restaurando a pessoa humana do trabalhador. O horário de trabalho dos empregadosconstará obrigatoriamente de quadro de ho- rário, segundo modelo aprovado pelo Ministério do Trabalho, a ser fixado em lugar visível na empresa, devendo ser discriminativo, no caso de não ser único o horário para todos os empregados. 3.3.1 MODALIDADES A) INTERVALOS INTERJORNADAS: ART. 66 DA CLT Entre duas jornadas de trabalho deve haver um intervalo mínimo de 11 horas, não podendo o empregado assumir o serviço em um dia sem antes ver respeitado esse descanso em relação ao fim do trabalho do dia anterior. A contagem das 11 horas inicia-se no momento em que o empregado efetivamente cessa seu trabalho, seja de serviço normal ou de suplementar. Além do descanso mínimo de 11 horas entre duas jornadas, será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 horas consecutivas. Assim, se o empregado trabalha de segunda a sábado, há necessidade de que as 11h de intervalo interjorna- da sejam, somadas com as 24h do descanso semanal remunerado, correspondentes a 35 h de descanso. B) INTERVALOS INTRAJORNADA: ART. 71 DA CLT A CLT obriga a concessão dos seguintes intervalos intrajornada (art. 71, §2º): De 15 minutos, quando o trabalho é prestado por mais de 4 horas e até 6 horas; e De 1 a 2 horas, nas jornadas excedentes de 6 horas. 38 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Em regra, os intervalos não são remunerados, salvo naqueles casos expressamente previstos em lei, como os intervalos de 10 minutos a cada 90 minutos de serviço do pessoal que trabalha com mecanografia (CLT, art. 72). ATENÇÃO Sempre que não concedido o intervalo, serão duas as sanções ao empregador: • Pagamento do período como hora extra, com adicional de, no mínimo, 50%; • Multa administrativa, aplicada pela fiscalização do trabalho. Excepcionalmente, nas jornadas excedentes de 6 horas, o limite mínimo de 1 hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato administrativo do Ministro do Trabalho, quando verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios e desde que os empregados não estejam em regime de horas extras. O Ministério do Trabalho tem reduzido esse intervalo para até 30 minutos, em jornadas diurnas; e, nos períodos noturnos para até 40 minutos. 3.4 APONTAMENTO SOBRE A REFORMA TRABALHISTA REFERENTE AO TEMA De acordo com as novas regras, as empresas poderão contratar trabalhadores para cumprir jornadas de 12 horas. No entanto, nesses casos, deverá haver obrigatoria- mente um intervalo de 36 horas antes do retorno à empresa. O limite máximo de horas trabalhadas para as jornadas semanal (44 horas) e mensal (220 horas) segue inalterado (SILVA, 2017). 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO Além disso, vale destacar que a mudança não permite que os trabalhadores contrata- dos para jornadas de 8 horas ou menos trabalhem 12 horas por dia. Para tal feito, será necessário aderir à nova regra, onde a empresa terá de fazer previamente um acordo individual por escrito com o profissional fixando sua carga horária em 12 horas ou um acordo coletivo com o sindicato. A partir de então, o turno será de 12/36. A empresa não poderá exigir que o profissional trabalhe ora em jornadas de 8 horas, ora em jor- nadas de 12 horas, até porque isso pode burla o sistema de horas extras (SILVA, 2017). Precisa ficar claro, que não são todos os setores que poderão passar a adotar o turno de 12/36. Algumas categorias são proibidas de estender suas jornadas. É necessário que o trabalhador cheque com seu sindicato se a sua profissão permite dias de tra- balho mais longos. Como exemplo temos o empregado de callcenter, cujo o limite de jornada é de seis horas. Extremamente inviável fazer 12/36 em um callcenter (SCHIAVI, 2017). Com a nova redação proposta, deixam de ser consideradas como parte da jornada atividades como alimentação, descanso, higiene pessoal, troca do uniforme e estudo. Anteriormente, a Justiça entendia como período de trabalho todo o tempo em que o funcionário estava à disposição do empregador dentro da empresa (SCHIAVI, 2017). Importante destacar, que o turno de 12/36 já existia, mas precisava ser estabelecido por acordo ou convenção coletivo da categoria. ATENÇÃO Em casos excepcionais, considerando as características próprias da atividade, admite-se a jornada sem intervalos para descanso, como no caso dos vigilantes. 40 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ANOTAÇÕES 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 4 > Desenvolver uma análise crítica, social e ética do direito trabalhista em relação as férias e descanso semanal remunerado; > Período aquisitivo; > Período concessivo; > Formas e regras do DSR. 42 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4 FÉRIAS E DESCANSO SEMANAL REMUNERADO Descanso Semanal Remunerado (DSR) é o período de 24 horas consecutivas na se- mana em que o empregado, embora percebendo remuneração, deixa de prestar ser- viços ao empregador. O trabalhador faz jus ao repouso, como o nome explicita, uma vez por semana, de preferência aos domingos. Os feriados, embora evidentemente não sejam semanais, configuram, também, hipóteses de descanso remunerado do trabalhador. As férias correspondem ao período do contrato de trabalho em que o empregado não presta serviços, com o fim de restaurar suas energias, mas recebe remuneração do empregador. O legislador, considerando que o trabalho contínuo é prejudicial à saúde, confere um período de descanso prolongado ao trabalhador, após o período de doze meses, a fim de assegurar sua saúde física e mental. 4.1 CONDIÇÕES DE MANUTENÇÃO DO DSR É condição para a manutenção da remuneração do repouso semanal a frequência integral (assiduidade e pontualidade) do empregado durante a semana, entendida esta como o período de segunda-feira a sábado, anterior à semana em que recair o dia do repouso semanal (HOVARTH JUNIOR, 2004). Se não foi completado o trabalho integral dos seis dias precedentes, o empregado perde o direito à remuneração do descanso, mas conserva o direito ao repouso. 4.2 PAGAMENTO DO DSR Não permite a lei que o empregado deixe de ter descanso semanal, ainda que rece- bendo pagamento substitutivo da falta de descanso. Apenas nos feriados, dias nos quais também é garantido o repouso remunerado, e nas empresas em que pelas exigências técnicas não for possível dar o descanso aos domingos, a lei permite a 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO conversão do descanso em pagamento. O pagamento deverá ser feito em dobro, não sendo devido esse pagamento dobrado se o empregador conceder a folga em outro dia (TST, Enunciado nº 146). 4.3 FÉRIAS Determinadas entre os arts. 129 a 138 da CLT, as férias correspondem ao período do contrato de trabalho em que o empregado não presta serviços, com o fim de restau- rar suas energias, mas recebe remuneração do empregador. O legislador, considerando que o trabalho contínuo é prejudicial à saúde, confere um período de descanso prolongado ao trabalhador, após o período de doze meses, a fim de assegurar sua saúde física e mental (ALMEIDA, 2012). Diz-se que as férias são individuaisquando esse direito é concedido a apenas um em- pregado ou a alguns empregados simultaneamente. Não a todos ao mesmo tempo, hipótese de férias coletivas. 4.3.1 PERÍODOS PERÍODO AQUISITIVO Para o empregado ter direito a férias, há necessidade de cumprir um período que é denominado de período aquisitivo daquele direito. No momento em que é admiti- do na empresa, começa a correr o período aquisitivo, e somente após 12 meses de vigência do contrato de trabalho do empregado é que haverá o direito às férias (CLT, art. 130). O cumprimento do período aquisitivo constitui condição para a concessão das férias ao trabalhador. PERÍODO CONCESSIVO Completado o período aquisitivo, que é de 12 meses, o empregador terá de conce- der as férias nos 12 meses subsequentes, período a que se dá o nome de período concessivo. 44 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A concessão das férias é ato exclusivo do empregador, independendo de pedido ou concordância do empregado. É o empregador que irá determinar a data da conces- são das férias do empregado, da forma que melhor atenda aos interesses da empre- sa. O empregado, salvo as exceções dos parágrafos 1º e 2º do art. 36 da CLT, não tem direito de escolha (ALMEIDA, 2013). 4.3.2 DURAÇÃO DAS FÉRIAS As férias dos empregados em geral são gozadas em dias corridos, úteis e não úteis, sendo que a sua duração depende da assiduidade do empregado, sofrendo diminui- ção na proporção das suas faltas injustificadas. Nº DE FALTAS INJUSTIFICADAS NO PERÍODO AQUISITIVO DURAÇÃO DO PERÍODO DE FÉRIAS Até 5 30 dias corridos De 6 a 14 24 dias corridos De 15 a 23 18 dias corridos De 24 a 32 12 dias corridos Acima de 32 Nenhum dia de férias O período de ferias é computado como tempo de serviço do empregado na empresa, para todos os efeitos. 4.3.3 CONCESSÃO FORA DO PERÍODO Depois de esgotado o período concessivo de férias, sem que o empregador as tenha concedido, poderá o empregado ajuizar reclamação trabalhista pedindo ao juiz a fi- xação das férias, por sentença, para o fim de gozá-las. Nessa circunstância, o juiz terá poderes para fixar o período das férias, nos termos do art. 137, § 1º da CLT. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO 4.3.4 POSSIBILIDADE DE FRACIONAMENTO Em regra as férias devem ser concedidas de uma só vez, em um único período. So- mente em casos excepcionais é possível o fracionamento em dois períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 5 dias (CLT, Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. § 1º Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um.) O fato de o empregado ter suas férias reduzidas em razão de faltas não afetará a pos- sibilidade de fracionamento, contanto que ele permaneça com direito a, pelo menos, 20 dias corridos de férias. Por exemplo, o trabalhador com 6 a 14 faltas injustificadas no período aquisitivo (portanto com direito a 24 dias de férias) poderá ter suas férias fracionadas em um período de 14 dias e outro de 10 dias. 4.3.5 DIREITO DE COINCIDÊNCIA A CLT prevê direito de coincidência para os estudantes menores de 18 anos, que têm o direito de que suas férias no serviço sejam coincidentes com as férias escolares, isto é, o empregador deverá escolher o período de férias do menor estudante dentro do período de férias escolares (CLT, art. 136, § 2º). 46 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Os membros da mesma família que trabalharem no mesmo estabelecimento ou empresa igualmente terão direito de coincidência das férias de todos, que serão, as- sim, gozadas na mesma época, se assim o desejarem e se disso não resultar prejuízos ao empregador (CLT, art. 136, § 1º). Aqueles que estejam vivendo em situação de união estável, também possuem este direito 4.3.6 COMUNICAÇÃO E PAGAMENTO DAS FÉRIAS A concessão das férias será comunicada, por escrito, ao empregado, com antecedência de, no mínimo 30 dias. Dessa comunicação, o empregado dará recibo (CLT, art. 135). O empregado não poderá entrar no gozo das férias sem apresentar a CTPS ao empre- gador para que nela seja anotada a respectiva concessão, anotação esta que também deve ser feita no livro ou ficha de registro do empregado (CLT, art. 135, §§ 1º e 2º). O pagamento das férias e, se for o caso, o do respectivo abono de férias serão efetua- dos até 2 dias antes do início do respectivo período de gozo, devendo o empregado dar quitação do recebimento (CLT, art. 145). Durante as férias a remuneração do empregado será a mesma, como se estivesse em serviço, devendo seu valor ser idêntico ao de seu salário na data da concessão, acres- cido de um terço (CF, art. 7º, XVII). Se o salário for pago por comissão ou percentagem, apurar-se-á a média dos paga- mentos dos 12 meses anteriores à concessão. 4.3.7 ABONO DE FÉRIAS A lei permite a transformação de 1/3 das férias em pagamento em dinheiro. Haverá a redução do número de dias de férias e o proporcional aumento no ganho do empregado. O abono de férias deverá ser requerido até 15 dias antes do término do período aquisitivo (CLT, art. 143, § 1º). O prazo para o pagamento do abono ao empregado é o mesmo estabelecido para o pagamento das férias, isto é, até dois dias antes do início das férias. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO Nas férias coletivas, a conversão do abono de férias deverá ser objeto de negociação coletiva entre o empregador e o sindicato representativo dos trabalhadores, indepen- dendo de requerimento individual de sua concessão. O abono pecuniário deve ser calculado sobre a remuneração das férias já acrescida do adicional de um terço, previsto constitucionalmente. Se a remuneração do em- pregado é de R$ 900,00 (novecentos reais), e vier ele solicitar o abono pecuniário, este terá o valor de R$ 400,00, que corresponde a 1/3 de R$ 1.200,00, valor da remunera- ção acrescida de 1/3 constitucional (R$900,00 + R$ 300,00 = R$1.200,00). 4.3.8 EFEITOS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO PARA O CASO DE FÉRIAS A extinção do contrato de trabalho faz surgir para o empregado direito à indenização dos períodos de férias que, até o momento da dispensa, ele tenha adquirido e não gozado. FÉRIAS VENCIDAS Férias vencidas são aquelas cujo período aquisitivo já foi completado e que não fo- ram ainda concedidas ao empregado. Dispõe a CLT no seu art. 146: “Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa, será devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso, correspondente ao período de férias cujo direito tenha adquirido”. As férias vencidas são devidas em todas as hipóteses de dispensa: com justa causa, sem justa causa, no pedido de demissão, e ainda no término do contrato a prazo de- terminado (com duração superior a um ano). FÉRIAS PROPORCIONAIS As férias proporcionais são aquelas cujo período aquisitivo não está completo no mo- mento da rescisão. É o caso, por exemplo, do empregado dispensado com 7 meses de trabalho, ou daquele com 2 anos e 7 meses de trabalho. 48 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O valor a serpago é proporcional, correspondendo a 1/12 por mês do período aquisi- tivo, contando-se a fração superior a 14 dias como um mês e desprezando-se a igual ou inferior (CLT, art. 146, parágrafo único). • As férias indenizadas, sejam vencidas ou proporcionais, são devidas com o adi- cional de um terço constitucional (CF, art. 7º, XVII). • Férias proporcionais para empregados com mais de 1 ano de casa: CLT, art. 146, parágrafo único: “De acordo com o dispositivo legal, se o empregado possui mais de um ano de casa, sempre terá direito ao pagamento das férias proporcionais, exceto em uma única hipótese: a dispensa com justa causa.” Férias proporcionais para empregados com menos de 1 ano de casa: CLT, art. 147 No caso do empregado com menos de 12 meses de casa, só haverá direito à indeni- zação das férias proporcionais em duas hipóteses de cessação do contrato de traba- lho: dispensa sem justa causa e término do contrato a prazo determinado. 4.3.9 PRESCRIÇÃO DAS FÉRIAS Extinto o contrato de trabalho, o empregado tem o prazo de 2 anos para ingressar com a ação trabalhista. Durante a relação de emprego, o prazo prescricional é de 5 anos (CF, art. 7º, XXIX). Com relação às férias, a prescrição de 5 anos, durante o contrato de trabalho, é con- tada a partir do fim do período concessivo. O prazo prescricional de 2 anos, após a extinção do contrato de trabalho, conta-se, evidentemente, a partir da data de cessa- ção do ajuste. 4.3.10 FÉRIAS COLETIVAS A CLT permite que sejam concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa. Bem assim, permite o fracionamento das férias em até dois períodos anuais, desde que nenhum deles seja inferior a 10 dias. (CLT, art. 139, “caput” e § 1º). 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO Incube exclusivamente ao empregador a decisão sobre a conveniência de conceder férias coletivas, o momento de sua concessão, o fracionamento, bem assim sobre sua abrangência (se alcançará todos os estabelecimentos da empresa, alguns estabeleci- mentos ou mesmo um único setor). FORMALIDADES A SEREM CUMPRIDAS NA CONCESSÃO DE FÉRIAS COLETIVAS A CLT exige a prévia comunicação à DRT e ao sindicato dos trabalhadores, com a antecedência mínima de 15 dias, informando as datas de início e de fim das férias coletivas, bem assim dos estabelecimentos ou setores atingidos pela medida (art. 139, § 2º). Conclui-se do dispositivo acima que a Lei não exige que a empresa solicite autoriza- ção da DRT ou do sindicato dos trabalhadores para a concessão das férias coletivas. Deverá apenas comunicar-lhes que irá concedê-las, com a antecedência mínima de 15 dias. ABONO PECUNIÁRIO A CLT admite a possibilidade de conversão de 1/3 das férias coletivas em pagamento em dinheiro. O abono, nesse caso, deverá ser ajustado mediante negociação coletiva da respectiva categoria profissional, independendo de requerimento individual do trabalhador. (art. 143, § 2º). Isto é, prevalecerá a vontade manifestada pelo Sindicato, submetendo-se a ela os trabalhadores. FÉRIAS COLETIVAS PROPORCIONAIS Havendo a concessão de férias coletivas, os empregados contratados há menos de 12 meses gozarão, na oportunidade, de férias proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo (CLT, art. 140). As férias proporcionais dos empregados com menos de 12 meses de empresa deve-rão ser concedidas observando-se a seguinte tabela: 50 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FRAÇÃO DO ANO TRABALHADA ATÉ 5FALTAS DE 6 A 14 FALTAS DE 15 A 23 FALTAS DE 24 A 32 FALTAS 1/12 2,5 dias 2 dias 1,5 dia 1 dia 2/12 5 dias 4 dias 3 dias 2 dias 3/12 7,5 dias 6 dias 4,5 dias 3 dias 4/12 10 dias 8 dias 6 dias 4 dias 5/12 12,5 dias 10 dias 7,5 dias 5 dias 6/12 15 dias 12 dias 9 dias 6 dias 7/12 17,5 dias 14 dias 10,5dias 7 dias 8/12 20 dias* 16 dias 12 dias 8 dias 9/12 22,5dias* 18 dias 13,5 dias 9 dias 10/12 25 dias* 20 dias* 15 dias 10 dias 11/12 27,5dias* 22 dias* 16,5 dias 11 dias Fonte: CLT. * Hipóteses em que será cabível o fracionamento das férias. A doutrina não aceita o desconto da remuneração, assim como a exigência de qual- quer compensação futura, em face da inexistência de previsão legal. O ônus, no caso, deve ser suportado pelo empregador, a quem favorecem as férias coletivas. O período concedido a mais será considerado licença remunerada. Por outro lado, se as férias coletivas concedidas forem inferiores ao período a que o trabalhador teria direito, o período remanescente deverá ser concedido pelo empre- gador em outra oportunidade, dentro do período concessivo. O período remanescen- te poderá ser concedido de forma individual. Assim, se o empregado tinha direito a 30 dias de férias e a empresa só concedeu férias coletivas de 15 dias, os outros 15 dias deverão ser concedidos dentro do período concessivo, sob pena de pagamento em dobro pelo empregador. IMPORTANTE RESSALTAR: Pode acontecer, porém, de a empresa ter interesse em conceder, a todos os seus empregados, férias coletivas com duração de 30 dias. Nessa hipótese, como fica a situação dos empregados que só têm direito a férias proporcionais? Poderá a empresa, posteriormente descontar da remuneração desses empregados os dias a mais que obtiveram de férias? Ou, poderá exigir-lhes a compensação desses dias com futuros períodos de férias? 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO ANOTAÇÕES 52 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 5 SALÁRIO, REMUNERAÇÃO E ADICIONAIS LEGAIS A distinção clássica entre os dois institutos - salário e remuneração - é aquela que apon- ta como elemento diferenciador a inclusão ou não das gorjetas. A CLT, em seu art. 457, adota essa linha, ao dispor que a remunera- ção compreende a salário mais as gorjetas. O salário corresponde ao valor econômi- co pago diretamente pelo empregador ao empregado. A remuneração inclui o salário indireto, pago por terceiros (gorjetas), e o sa- lário direto pago pelo empregador (em di- nheiro ou utilidades). Assim, pode ser dito que a distinção clássica entre os dois institutos, salário e remunera- ção, é aquela que aponta como elemento diferenciador a inclusão ou não das gorjetas. A CLT, em seu art. 457, adota essa linha, ao dispor que a remuneração compreende a salário mais as gorjetas. O salário corresponde ao valor econômico pago diretamente pelo empregador ao empregado, já a remuneração inclui o salário indireto, pago por terceiros (gorjetas), e o salário direto pago pelo empregador (em dinheiro ou utilidades). 5.1 PARCELAS INTEGRANTES DO SALÁRIO O art. 457, § 1º e 2º da CLT determina a seguinte redação: § 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as co- missões pagas pelo empregador. ATENÇÃO É admitida no Brasil a contratação de empregados tendo como forma de salário apenas comissão, todavia o empregador é obrigado a garantir o salário mínimo, quando as comissões não atingirem esse valor. 53 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: UNIDADE 5 > Desenvolver uma análise crítica, social e ética do direito trabalhista em relação ao salário e remuneração; > Formas de pagamento de salário e suas regras; > Regras para remuneração e sua composição. 54 DIREITO
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