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ELETROTERMOFOTOTERAPIA Heloísa Maria Elaine Licha Coutinho Thaís Ferreira Petroni Baptista Imprimir CONHECENDO A DISCIPLINA Olá, aluno, seja bem-vindo à disciplina de Eletrotermofototerapia. Nela abordaremos aspectos importantes para a compreensão dos recursos eletroterápicos que são trabalhados na área da estética corporal, facial e capilar. São de suma importância os conteúdos abordados nesta disciplina uma vez que serão a base para a compreensão das ações e das reações �siológicas que ocorrem em nosso corpo a partir do emprego dos recursos eletroterápicos para os tratamentos das diferentes disfunções estéticas. Quando pensamos em eletrotermofototerapia, deparamo-nos com um universo vasto e que atinge diversas áreas, as quais vão desde fenômenos físicos e elétricos até reações químicas e biológicas proporcionadas por eles a nível celular em contato com o nosso corpo. Assim, compreender e identi�car os conceitos físicos básicos e sua aplicação é essencial. A eletroterapia consiste na aplicação de corrente elétrica com �nalidade terapêutica. Diante dessa informação, pode ser que neste momento você esteja se perguntando: mas de que maneira esse conteúdo se encaixa na pro�ssão que escolhi? Ao pensarmos na área da estética, de imediato surgem em nossos pensamentos os equipamentos ou aparelhos que a cada dia surgem no mercado com propostas inovadoras, não é verdade? Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s Sendo assim, o primeiro passo para entender os efeitos �siológicos e bioquímicos que eles promovem em nosso corpo é entender os princípios básicos da física e da eletricidade. Muitos equipamentos trazem em seu manual programações prontas para tratar as disfunções estéticas, mas você, enquanto pro�ssional, sem entender o mecanismo de ação dele, conseguiria aplicá-lo em seu cliente? Concorda que saber programar o equipamento e, para isso, saber os princípios da eletroterapia, o uso, a forma de ação da corrente a nível celular, as indicações e as contraindicações é de fundamental importância? Provavelmente muitos de vocês já �zeram tratamentos estéticos os quais utilizaram recursos eletroterápicos como o ultrassom, a vacuoterapia e a radiofrequência, certo? O pro�ssional que o atendeu explicou o fenômeno que o tratamento proporcionaria ao seu corpo ou de que maneira os resultados seriam obtidos? Essas perguntas são justamente para levá-lo a re�etir sobre a importância desta disciplina e de conhecer os princípios físicos das correntes elétricas através dos parâmetros de frequência, intensidade e tipo de corrente, além de conhecer a forma de ação de cada uma delas em nosso organismo. Vamos conhecer os conteúdos que serão abordados neste livro e a aplicabilidade deles na área da estética? Conforme mencionado acima, vamos adentrar no universo da eletroterapia, e o primeiro aspecto a ser abordado é a corrente elétrica, os princípios físicos que norteiam esse fenômeno e sua relação com a estética. A eletricidade atua a nível celular e nos tecidos do corpo pelos quais �ui, sendo que a extensão da resposta depende do comportamento especí�co da corrente empregada. O �uxo da corrente elétrica, ou seja, o �uxo de elétrons, desencadeia alterações químicas nos materiais e nos tecidos que a recebem, dessa forma todos os recursos eletroterápicos usados nos diferentes procedimentos estéticos partem de 0 V e r a n o ta çõ e s alguma forma de energia que, em contato com os tecidos corporais, promovem ações �siológicas. Neste livro abordaremos as diversas tecnologias conhecidas no universo da estética, um mercado que cresce a cada dia e que nos encanta. Vamos começar? 0 V e r a n o ta çõ e s NÃO PODE FALTAR PRINCÍPIOS FÍSICOS DA CORRENTE ELÉTRICA Heloísa Maria Elaine Licha Coutinho Imprimir CONVITE AO ESTUDO Olá, seja bem-vindo! Vamos iniciar agora o livro de Eletrotermofototerapia. O conteúdo a ser desenvolvido nesta seção é de suma importância para sua vida pro�ssional, pois nela você encontrará conceitos básicos e essenciais da eletroterapia, conceitos estes que estarão presentes em cada aplicação dos recursos eletroterápicos, também chamados de equipamentos, em toda a esfera da estética. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s Tais recursos, quando aplicados no corpo, promovem reações e benefícios os quais você, futuro pro�ssional, deverá conhecer. A eletroterapia é um recurso que utiliza a corrente elétrica com o objetivo de promover a analgesia, a redução de edemas, o fortalecimento muscular, e que é aplicado para o tratamento de diversas disfunções estéticas faciais e corporais. As correntes terapêuticas podem ser classi�cadas de diferentes maneiras, sendo: • Pelos efeitos que elas produzem sobre o organismo. • Pela frequência de repetição dos impulsos elétricos. • Segundo as formas de impulso elétrico. Os efeitos promovidos pelas estimulações elétricas dependerão do tipo de intensidade da corrente administrada bem como das características do tecido alvo. Correntes terapêuticas As correntes utilizadas na estética através dos recursos eletroterápicos são: Corrente contínua ou galvânica Tem a característica de ser monofásica e contínua, de modo que o �uxo de corrente se dá em direção ao polo positivo, não sendo intervalado por ciclos. Esta corrente pode apresentar diferentes efeitos bioquímicos em seus polos. Historicamente, é identi�cada como a mais antiga corrente empregada de forma terapêutica. Uma técnica muito usada na estética e que utiliza esta corrente é a ionização. Corrente alternada Trata-se de uma corrente cujo �uxo contínuo de elétrons é bidirecional, ou seja, em um momento, o �uxo de elétrons é em direção ao polo positivo, em outro, o �uxo é em direção ao polo negativo, ocorrendo, assim, uma inversão de polaridade. 0 V e r a n o ta çõ e s Para que o estímulo elétrico alcance o tecido do cliente, é necessário que se estabeleça um circuito elétrico. A �m de se estabelecer esse circuito, faz-se necessária uma fonte elétrica representada por uma tomada, onde a distribuição de energia vai variar de 127 V a 220 V (padrão nacional). Tal fonte de tensão impulsiona uma corrente elétrica em direção ao eletroestimulador, que é um modulador de corrente (esculpe uma onda elétrica), a qual é transferida, por meio de cabos condutores, até os eletrodos que estão em contato direto com a pele do paciente. Dessa forma, o estímulo elétrico ocorrerá na região entre os eletrodos. Os eletrodos são constituídos de �os de cobre isolados por um material emborrachado cuja função é impedir que o meio externo interferira no �uxo da corrente elétrica. A extremidade dos eletrodos possui estruturas chamadas de conectores, os quais são diferenciados pelas cores vermelha e preta. Eles são plugados aos eletrodos que estão em contato com a pele. O conector da cor preta é o cátodo, que possui carga elétrica negativa. Sendo assim, íons ou moléculas com carga positiva serão atraídos em direção a ele, e íons ou moléculas com carga elétrica negativa serão repelidos. O conector de coloração vermelha corresponde ao ânodo, que possui carga elétrica positiva. Sendo assim, íons e moléculas de carga elétrica negativa serão atraídos em direção a ele. Alguns parâmetros ou grandezas físicas são fundamentais para a busca dos efeitos biológicos gerados pelos estímulos elétricos. E são essas grandezas, parâmetros empregados, tipos de corrente e interação com os tecidos biológicos que serão abordados neste livro. Na área da estética, essa aplicabilidade está relacionada com os equipamentos conhecidos como ultrassom, corrente russa, criolipólise, radiofrequência, vacuoterapia, jato de plasma e eletrocautério. PRATICAR PARA APRENDER 0 V e r a n o ta çõ e s Começaremos esta seção tratando dos princípios da eletroterapia e de sua relação com a atuação do pro�ssionalda estética. Interação dos agentes físicos com os agentes biológicos Considera-se agente físico terapêutico todo material ou ação empregada para obter ou estimular uma resposta �siológica no organismo e que desencadeie uma resposta terapêutica. Neste raciocínio, todo agente físico será portador de uma energia, a qual poderá ser térmica, mecânica ou eletromagnética e que, na sua interação com o material biológico (a pele), cederá ou receberá parte dessa energia. É importante lembrar que nosso organismo é formado por células, as quais necessitam de energia para seu completo funcionamento. Por diversos motivos, a energia das nossas células, especialmente em quadros patológicos, estará de�ciente e, portanto, precisará de uma fonte eterna de estimulação para se recompor ou ter sua manutenção favorecida. Nesse sentido, é muito importante termos claros os conceitos de agentes físicos e energia. Assim, sempre que falamos em agentes físicos, fazemos referência a um tipo de energia que será gerada e liberada por determinado equipamento e absorvida por um tecido biológico. Essas energias, ao interagirem com os tecidos biológicos ou orgânicos, produzem respostas. A primária é uma reação química. Um exemplo dela, na área da estética, é na aplicação da galvanoterapia para o envelhecimento cutâneo, resultando na produção de ácido sobre o eletrodo positivo e hidróxido de sódio no eletrodo negativo, o que gera, consequentemente, importantes alterações no pH cutâneo. Essa sequência de respostas está condicionada ao tipo de energia emitida, bem como à forma por meio da qual será transferida aos tecidos. Figura 1.1 | Representação esquemática da interação dos agentes físicos com o meio biológico 0 V e r a n o ta çõ e s Fonte: adaptada de Agne (2013). Se a quantidade de estímulos for adequada, teremos uma ação terapêutica de acordo com a corrente empregada; em contrapartida, se ela for empregada de maneira inadequada, excessivamente, poderá acarretar uma ação lesiva no organismo. A �m de que possamos entender os efeitos dos agentes físicos, é necessário estabelecer parâmetros para a interação deles com o meio biológico (AGNE, 2013). Assim, com o intuito de que os efeitos desejados ocorram, será estabelecida uma relação do estímulo com a resposta, ou seja, existirá uma estreita relação entre a dosimetria (quantidade de energia distribuída em determinada área) e os efeitos produzidos pelos agentes físicos. Outro ponto muito importante é que, além da escolha do agente físico, faz-se necessário estabelecer todos os parâmetros de emissão dele, como a intensidade e a forma. Um agente físico pode produzir efeitos totalmente opostos, isto é, podem-se estabelecer parâmetros direcionados aos efeitos terapêuticos ou, caso a dosimetria seja muito alta, é possível que haja dano tissular. Vamos tratar agora da parte básica da eletroterapia, que são os conceitos básicos da física, os quais norteiam toda a disciplina. 0 V e r a n o ta çõ e s Matéria é tudo o que tem massa e que ocupa lugar no espaço (por exemplo, ar, cadeira, caneta). Toda matéria é constituída por átomos, compostos por partículas subatômicas, os prótons, que possuem carga elétrica positiva e estão localizados no núcleo do átomo; os nêutrons, que não apresentam carga; e os elétrons, que têm carga elétrica negativa. Os prótons e os nêutrons têm a mesma massa e o mesmo tamanho, já os elétrons possuem massa inferior. Existem dois tipos de cargas: a chamada positiva, representada pelo símbolo (+), e a negativa, representada pelo símbolo (-). Adotou-se a carga positiva para o tipo de carga do próton e a negativa para o tipo de carga do elétron. Foi constatado também que a interação entre essas cargas ocorre da seguinte forma: cargas com o mesmo sinal se repelem enquanto cargas com sinais opostos se atraem, característica básica de uma corrente muito usada na estética que é chamada de corrente galvânica. A corrente elétrica é caracterizada como sendo um “�uxo de elétrons entre os extremos de um condutor, de forma ordenada quando submetidos a uma diferença de potencial” (AGNE, 2013). Esse movimento, ou �uxo ordenado de elétrons, em direção à pele deverá vencer a resistência dela e, então, estimular as diferentes inervações. Luciana é estudante do curso de Estética e Cosmética e está por iniciar seu estágio obrigatório supervisionado. Após a realização da divisão dos alunos em suas respectivas áreas de estágio, Luciana foi selecionada para a área de Eletrotermofototerapia. Ela sempre teve curiosidade sobre a ação da eletroterapia no organismo e sobre o funcionamento do equipamento pelos princípios físicos da corrente elétrica, pois sabe que estes conceitos farão parte de sua vida pro�ssional. Luciana, muito dedicada, resolve, então, rever os conteúdos da disciplina ministrada em sala de aula para se preparar ainda mais e ter uma ótima atuação em seu estágio. 0 V e r a n o ta çõ e s Lembrou-se das aulas de Eletrotermofototerapia, durante as quais os docentes do curso sempre advertiram sobre a necessidade de os equipamentos terem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um órgão que é regulamentado pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Ela tem como principal objetivo realizar atos administrativos em prol da saúde, como �scalizar, autuar, intervir e aplicar alvarás para a efetivação da segurança da saúde no País. O equipamento, tendo registro na Anvisa, é uma segurança e uma maneira de evitar acidentes e de oferecer um trabalho e�ciente e seguro aos clientes. Ao chegar na clínica, seu local de estágio, Luciana encontra a docente Juliana, que será sua supervisora. Juliana informa que os atendimentos serão prestados à comunidade e apresenta o setor de eletrotermofototerapia, o qual conta com muitos aparelhos que serão utilizados pelos alunos. A supervisora apresenta cada aparelho, relata suas principais características, indicações e contraindicações. Luciana �cou encantada com a quantidade de recursos e de benefícios proporcionados por esses aparelhos. Ao observar atentamente alguns deles, Luciana notou que o �o que conecta os equipamentos eletroterápicos à rede elétrica tem diâmetro bem maior do que os �os os quais conectam os eletrodos ao cliente. Você já parou para pensar se existe uma razão para isto? Será que os �os que conectam os eletrodos são mais �nos somente por aparência ou para �carem menos pesados e mais “bonitos” esteticamente? Vamos ajudar Luciana a responder esses questionamentos! Caro aluno, observe quantos conceitos são necessários para a aplicação dos recursos eletroterápicos. A união da teoria com a prática, no decorrer das disciplinas, fará de você um pro�ssional diferenciado para o mercado de trabalho. CONCEITO-CHAVE HISTÓRICO DA ELETROTERAPIA 0 V e r a n o ta çõ e s A eletroterapia consiste na aplicação de corrente elétrica com �nalidade terapêutica. Se pensarmos em termos históricos, o emprego da corrente elétrica para �ns terapêuticos advém de tempos remotos, nos quais o agente gerador da corrente era um peixe capaz de produzir uma descarga relatada como analgésica. A história da aplicação da corrente elétrica com �ns terapêuticos oferece uma trajetória bastante extensa, sendo que os primeiros registros datam de 2750 a.C., quando os egípcios utilizavam descargas de peixes elétricos com �nalidade terapêutica (AGNE, 2006). Algumas espécies de peixes elétricos eram empregadas em tratamentos em que se fazia necessária a descarga elétrica. Entre essas espécies estavam a arraia elétrica da família Torpedinidae, conhecida como peixe torpedo, o peixe gato da família Malapteruridae e o bagre elétrico do Congo. A intensidade medida nessas espécies varia de 450 a 600 volts. O método conhecido como iontoforese, por exemplo, teve origem em 1745 quando houve a tentativa de administrar medicamentos por via transcutânea com a ajuda de uma máquina elétrica de corrente elétrica contínua.Agne (2006) cita que Werner von Siemens (1844) utilizou a corrente farádica para a analgesia do nervo trigêmeo facial e que, na mesma época, dentistas americanos utilizaram a corrente farádica para anestesia local. A evolução da eletroterapia está alicerçada nas respostas �siológicas aos diferentes estímulos elétricos a que o corpo é capaz de responder. O berço da eletroterapia é a Europa, mas a utilização desse recurso foi disseminada por todo o mundo. No Brasil, o advento da eletroterapia ocorreu entre 1879 e 1883 no Rio de Janeiro. A evolução da eletroterapia está alicerçada nessas teorias, pois, ao descobrirem os processos das respostas �siológicas aos diferentes estímulos elétricos, iniciou-se pelo mundo uma grande revolução na produção de novas modalidades de eletroestimulação. 0 V e r a n o ta çõ e s A eletricidade atua em cada célula e em cada tecido pelo qual ela �ui, e o tipo e a extensão da resposta proporcionada dependem do comportamento especí�co diante das características da corrente aplicada entre elas, do tipo de corrente, da intensidade, da duração e da frequência, os quais serão tratados nesta seção. AGENTES FÍSICOS Para Agne (2013), o termo agente físico é todo material ou ação empregada para obter uma resposta �siológica no organismo e que, por sua vez, desencadeia um efeito terapêutico. Dessa forma, todo agente físico será portador de energia, a qual poderá ser térmica, mecânica ou eletromagnética e cuja interação com o material biológico (corpo) fará com que ceda toda ou parte de sua energia. BASES FÍSICAS DA CORRENTE ELÉTRICA A eletricidade é de�nida como uma forma básica de energia e pode produzir efeitos signi�cativos sobre os tecidos biológicos. A matéria é constituída por átomos, os quais são as menores partículas de um elemento e são formados por elétrons, prótons e nêutrons. O átomo é feito de um núcleo central carregado positivamente (constituído de prótons carregados positivamente e nêutrons sem carga) e de partículas carregadas negativamente (elétrons) que orbitam ao redor desse núcleo, lembrando um sistema solar em miniatura. Os elétrons e os prótons são elementos que possuem carga elétrica. Na natureza, existem dois tipos de cargas, uma positiva, representada pelo sinal (+), e uma negativa (-). Com isso, adotou-se a carga positiva para o próton e a negativa para o elétron. As interações entre essas cargas ocorrem por meio do princípio da atração cargas de sinais diferentes e da repulsão de sinais iguais. Assim, um elétron e um próton são atraídos um para o outro, enquanto dois elétrons se repelem. 0 V e r a n o ta çõ e s A unidade de carga é o coulomb (C). Um elétron tem uma carga de 1,6 X IO"19 C, de modo que é necessário um número muito grande de elétrons (6,2 X IO18) para fazer um coulomb. CAMPOS ELÉTRICOS Pode-se dizer que, em torno de qualquer partícula carregada, existe um campo elétrico. Se uma carga menor, que está livre para se mover, é colocada no campo, os trajetos por onde se movimentará são chamados de linhas de força (ou linhas de campo). Quando há corrente elétrica em um condutor, não somente este é submetido a alterações, mas também a região que o circunda. Forma-se, dessa maneira, um campo eletromagnético em volta do condutor. Quanto maior a intensidade da corrente no condutor, mais forte é o campo eletromagnético ao seu redor. Vamos agora conhecer os parâmetros físicos que envolvem os recursos eletroterápicos. O primeiro deles é a corrente elétrica. CORRENTE ELÉTRICA Corrente elétrica é o �uxo de carga elétrica, geralmente elétrons, medido em ampère (A). Em alguns materiais, como os metais, os átomos são ligados de modo a formar uma estrutura do tipo treliça e a carga é transportada por elétrons (KITCHEN, 2003). Agne (2013) explica também que corrente é um �uxo ordenado de elétrons entre os extremos de um condutor quando submetidos a uma diferença de potencial. “Em materiais nos quais os átomos são livres para se moverem, a carga é transportada por íons. Um líquido no qual os íons são os transportadores de carga é chamado de eletrólito” (KITCHEN, 2003, p. 28). 0 V e r a n o ta çõ e s A corrente elétrica que �ui dentro de um condutor é medida por um equipamento amperímetro, e a unidade em que é dada é o ampère. Esse �uxo ordenado de elétrons vai em direção à pele quando devem vencer a resistência dela e, então, estimular as diferentes inervações. Existem dois tipos de corrente elétrica: a contínua, que é caracterizada pelo �uxo de elétrons em uma única direção, e a alternada, que é aquela em que a corrente �ui primeiro por um caminho e depois por outro. Nos tecidos biológicos, podem ser aplicadas, através dos eletrodos de superfície, a corrente contínua (�uxo constante) e a alternada (�uxo bifásico). TIPOS DE CORRENTES ELÉTRICAS • Corrente contínua ou galvânica: é monofásica e contínua, de modo que o �uxo de corrente se dá em direção ao polo positivo e não é intervalado por ciclo. Esta corrente pode apresentar diferentes efeitos bioquímicos em seus polos. • Corrente alternada: é caracterizada por um �uxo bidirecional contínuo de elétrons, ou seja, em um momento o �uxo de elétrons vai em direção ao polo positivo, em outro, vai em direção ao polo negativo, ocorrendo, assim, uma inversão de polaridade. CONDUTORES ELÉTRICOS Condutores são todas as substâncias nas quais “as partículas carregadas se movimentam simplesmente quando são colocadas em um campo elétrico”. Agne (2013) diz que um corpo carregado eletricamente pode transmitir essa carga a outros corpos, materiais ou elementos condutores. Os tecidos biológicos, por exemplo, contêm partículas carregadas na forma de íons, como sódio (Na+), potássio (K+) ou cloreto (Cl-). A partir disso, embora as capacidades de movimentação iônica sejam variáveis de acordo com cada tecido, pode-se dizer que o corpo humano é um condutor de corrente elétrica. 0 V e r a n o ta çõ e s A condutividade vai depender do maior ou do menor conteúdo de água como solvente e de seus solutos (AGNE, 2006). Sendo assim, o músculo e o nervo são bons condutores, enquanto que a pele e a gordura são condutores fracos. Por sua vez, um material isolante não tem condução de carga livre e, dessa forma, é incapaz de conduzir corrente elétrica, ou seja, ao contrário das substâncias que permitem movimento fácil de partículas carregadas em um campo elétrico, os isolantes são substâncias que tendem a não permitir o movimento livre de íons ou de elétrons, como a borracha e muitos plásticos. A relação entre a corrente elétrica e seus efeitos biológicos é explicada pela Lei de Ohm, a qual faz referência a três grandezas físicas, sendo elas: intensidade, tensão e resistência. INTENSIDADE DA CORRENTE A intensidade da corrente elétrica consiste na quantidade de carga elétrica que atravessa a secção reta de um condutor na unidade tempo. A unidade de medida da corrente é o ampère (A) – também o microampère (μA) ou o miliampère (mA). Aumentando-se a intensidade em um aparelho, aumenta-se a unidade motora recrutada, a área atingida, bem como sua magnitude. Quando aplicamos uma intensidade de corrente em um procedimento estético, o cliente pode fazer referência a uma percepção, por exemplo, uma sensação de “formigamento”, de “pinicar”, quando trabalhamos com equipamentos. Outra característica importante é que, quando ocorre um aumento da intensidade da corrente no aparelho, ocorre também um aumento no recrutamento da unidade motora recrutada. TENSÃO ELÉTRICA (VOLTAGEM) É caracterizada pela letra V e consiste na diferença de potencial que deverá existir entre dois �os condutores de corrente (AGNE, 2013). É a pressão que faz com que haja �uxo de elétrons no condutor. As tomadas elétricas têm uma tensão entre 0 V e r a n o ta çõ e s 127 V e 220 V. RESISTÊNCIA Envolve diferentes estruturas, desde os eletrodos até a pele e seus anexos. Consiste na maior ou na menor di�culdade ou oposiçãoà passagem dos elétrons no interior de um condutor ou ainda na di�culdade com que um �uxo eletrônico percorre um circuito físico (�os, eletrodos) ou biológicos (pele, músculo, adiposidade). A relação que existe entre essas três grandezas faz jus à necessidade de se empregar uma corrente elétrica para gerar seus efeitos (AGNE, 2013). FREQUÊNCIA De�nimos como frequência a relação entre os estímulos na unidade de tempo (segundos), os quais são expressos em Hz. É o número de ciclos por segundo (ciclos, voltas, oscilações), ou seja, a quantidade de pulsos em um determinado tempo. Por exemplo, se tivermos uma frequência de 1500 Hz, signi�ca que temos um estímulo passando mil e quinhentas vezes por segundo. A frequência também serve para classi�car as correntes terapêuticas em baixa, média e alta. A frequência tem relação inversa com a duração do impulso elétrico. Dessa forma, Agne (2013) explicita que é considerada uma corrente de baixa frequência aquela cujo valor não ultrapasse 150 Hz. POTÊNCIA Outra variável encontrada nos equipamentos da eletroterapia diz respeito à potência dos aparelhos, a qual é de�nida como a conversão da energia elétrica em outras formas de energia. Para exempli�car, vamos pensar em um equipamento muito usado na eletroterapia, que é o ultrassom. Nele a corrente elétrica é transformada em energia mecânica, que é medida em W/cm². A potência é o parâmetro que provoca 0 V e r a n o ta çõ e s a sensação agradável ou desagradável no paciente, sendo assim pode-se reduzir a potência quando o paciente demonstrar desconforto diante de algum agente físico elétrico. ELETRODOS São materiais condutores cuja função é a de ser uma interface entre um estimulador e os tecidos humanos. Os eletrodos são o ponto de conversão entre o �uxo de elétrons liberado pelo gerador (equipamento) e o �uxo de íons dentro dos tecidos biológicos. São necessários pelo menos dois eletrodos para completar o circuito elétrico e para levar a corrente do estimulador até os tecidos-alvo. • Eletrodos de contato: são aplicados diretamente sobre a pele; os mais utilizados são os de borracha condutora �exível, os autoadesivos e as placas metálicas revestidas por esponja umedecida. • Eletrodos autoadesivos: devem ser de uso individual e têm uma durabilidade menor, no entanto são eletrodos práticos que podem ser �xados em pontos mais difíceis e em regiões menores, como a face, que não necessita de um meio condutor (gel eletrolítico) e que é boa condutora de corrente elétrica. Não devem ser usados em regiões maiores, uma vez que, por necessitar de uma demanda maior de corrente, podem causar desconforto nos clientes. Figura 1.2 | Eletrodo autoadesivo 0 V e r a n o ta çõ e s Fonte: elaborada pela autora. ELETRODOS DE CONTATO, CARBONO OU SILICONE Esses eletrodos são maiores e suportam uma grande demanda de energia; necessitam de faixas ou �tas adesivas para a �xação na pele, além de um gel condutor que deve cobrir toda a área antes da aplicação. São utilizados em regiões maiores do corpo e, após o uso, a limpeza deve ser realizada com água corrente e detergente neutro a�m de remover resíduos e aumentar a durabilidade. A composição desses eletrodos é uma associação de borracha siliconada por carbono e/ou materiais polímeros responsáveis pela transmissão do �uxo elétrico. Para que haja uma transmissão efetiva do estímulo na interface eletrodo-pele, faz- se necessária a aplicação de um agente de acoplamento, que pode ser líquido ou em gel. Atualmente, a indústria de aparelhos de ultrassom voltados para tratamentos estéticos tem fabricado aparelhos de ultrassom com frequência de 5 MHz, veiculando propostas de tratamento para as regiões da face. Figura 1.3 | Eletrodo de contato 0 V e r a n o ta çõ e s Fonte: elaborada pela autora. ELETRODOS METÁLICOS Segundo Agne (2006), os eletrodos metálicos, apesar de bons condutores, requerem certos cuidados. A parte metálica deve ser menor do que a parte da esponja, garantindo que esta �que coberta e não entre em contato com a pele. Um cuidado adicional é com as “quinas” dos eletrodos, que devem ter formas arredondadas e bordas arrematadas, tomando cuidado para que o eletrodo esteja sempre úmido e em contato uniforme com a superfície de contato, evitando queimaduras do tipo eletroquímica. Os eletrodos dos equipamentos são dispositivos que, ao entrar em contato com a pele do cliente, são os responsáveis pela transferência do estímulo elétrico. MEIO DE CONTATO/AGENTE DE CONTATO O agente de acoplamento, também conhecido por meio de contato ou agente de contato, estabelece o contato entre o eletrodo de superfície e o cliente que receberá o tratamento a ser realizado. A �m de que a transmissão ocorra de maneira e�caz, faz-se necessária a aplicação deste condutor que tem a função de uniformizar o contato e de reduzir a impedância da pele. 0 V e r a n o ta çõ e s ASSIMILE Você sabia que na pele, e mais especi�camente na epiderme, a oposição da corrente elétrica se altera de acordo com a concentração de água e com a espessura da camada córnea? Isso se dá porque a queratina é a principal barreira para a passagem dos tecidos. Nos demais tecidos, os diferentes valores de impedância, resultantes da concentração de água, determinarão a via pela qual o estímulo elétrico �ui. O posicionamento e a distância entre os eletrodos são fatores que podem modi�car a resistência imposta e, consequentemente, o nível das respostas biológicas. REFLITA Pensando em um parâmetro físico citado em nosso estudo, no caso a frequência, qual seria a frequência desta com a largura do pulso? Lembre-se: sempre que for alterada a frequência de um equipamento, é o repouso do pulso que está sofrendo alteração. E essa alteração impactará na “sensibilidade “da corrente para quem a recebe? Falamos sobre a corrente elétrica e você já re�etiu de que maneira ela age em nosso corpo. Dessa maneira, no quadro a seguir, podemos observar a intensidade da corrente elétrica e o respectivo “dano biológico” a que ela pode levar o indivíduo: Quadro 1.1 | Corrente elétrica e dano biológico Corrente Elétrica Dano Biológico I Até 10 mA Dor e contração muscular. II De 10 mA até 20 mA Aumento das contrações musculares. III De 20 até 100 mA Parada respiratória. IV De 100 mA até 3 A Fibrilação ventricular que pode ser fatal. 0 V e r a n o ta çõ e s Corrente Elétrica Dano Biológico V Acima de 3 A Parada cardíaca, queimaduras graves. Fonte: adaptado de Duran (2003, p. 178). EXEMPLIFICANDO Considerando as diversas formas de trabalho que fazem uso da eletroterapia, a cada ano que passa, têm surgido novos equipamentos os quais utilizam essas correntes para proporcionar diferentes efeitos no organismo humano. Podemos citar os seguintes exemplos, de acordo com Agne (2013): Efeitos eletroquímicos gerados pelas correntes polarizadas, principalmente a corrente galvânica, a qual, quando tem a corrente elétrica passando por soluções eletrolíticas, produz o deslocamento de íons da solução para os polos de entrada e de saída da corrente, produzindo, no nível deles, diversas reações químicas. Efeitos motores sobre os nervos e músculos com o objetivo de fortalecimento muscular. Efeitos sensitivos que estimulam a analgesia (redução da dor). Efeitos de aporte energético para a melhora do metabolismo celular, como a microcorrente e o ultrassom. Efeito eletromagnético quando uma corrente elétrica circula por um condutor, produz um deslocamento, o qual mostra que a corrente elétrica gera um campo eletromagnético. Nesta seção foram abordados os conteúdos relacionados aos princípios físicos das correntes elétricas, os quais são requisitos básicos da eletroterapia e constituem o primeiro passo para adentrar nesse universo. FAÇA VALER A PENA 0 V e r a n o ta çõ e s Questão 1 Leia o trecho a seguir: É caracterizada por um �uxo ordenado de partículas portadoras de carga elétrica ou por um deslocamentode cargas dentro de um condutor quando existe uma diferença de potencial elétrico entre as extremidades. Apresenta a característica de ser monofásica e contínua. Sendo assim, o �uxo de corrente se dá em direção ao polo positivo, de modo que não é intervalado por ciclos. Essa corrente pode apresentar diferentes efeitos bioquímicos em seus polos. De acordo com o conteúdo estudado, assinale a alternativa que relacione corretamente os conceitos ao texto-base: a. Corrente elétrica com característica alternada. b. Corrente elétrica com característica contínua. c. Elétron e prótons com características bifásicas. d. Potência com características bifásicas. e. Elétron e prótons com características positivas. Questão 2 Os eletrodos são materiais condutores que constituem a interface entre o equipamento de eletroterapia e os tecidos humanos. Eles podem ser de contato ou percutâneos. Quando a corrente atinge um eletrodo, a energia é, então, transmitida pelo tecido e se propaga através dele até atingir o outro eletrodo par. Sobre os eletrodos, analise as seguintes a�rmativas: I. Para os eletrodos de borracha, é necessário utilizar um meio de acoplamento para facilitar a passagem da corrente elétrica. II. Eletrodos adesivos dispensam o uso de gel. III. O contato uniforme com a pele garante uma �xação segura. É correto o que se a�rma em: a. I, II e III estão corretas. 0 V e r a n o ta çõ e s REFERÊNCIAS AGNE, J. Eletrotermofototerapia. Santa Maria: Editora Andreoli, 2013. AGNE, J. E. Eu sei eletroterapia. Santa Maria: Pallotti, 2006. ANDRADE, G. et al. Métodos e Técnicas de avaliação estética. Porto Alegre: SAGAH, 2018. p.187-194. E-book. b. Somente I está correta. c. Somente II está correta. d. Somente I e II estão corretas. e. Somente I e III estão corretas. Questão 3 Dentre as diversas funções da pele, uma delas consiste na barreira que ela forma para impedir a penetração ativa de diferentes estruturas. Essa barreira recebe o nome de impedância cutânea quando estamos nos referindo às estruturas elétricas. A di�culdade de penetração desses agentes, conhecida como resistência cutânea, diminui de forma inversamente proporcional à frequência dos impulsos elétricos. A a�rmação “A di�culdade de penetração desses agentes, conhecida como resistência cutânea, diminui de forma inversamente proporcional à frequência dos impulsos elétricos” refere-se: a. Aos elétrons que estão dispersos na eletrosfera. b. Ao potencial de repulsão exclusivo da membrana plasmática. c. À resistência elétrica. d. À intensidade de corrente. e. À resistência de uma impedância cutânea. 0 V e r a n o ta çõ e s BOLFE, V. J.; RIBAS, S. I.; MONTEBELO, M. I. L.; GUIRRO, R. R. J. Comportamento da impedância elétrica dos tecidos biológicos durante estimulação elétrica transcutânea. Rev. bras. �sioter., São Carlos, v. 11, n. 2, mar./abr. 2007. Disponível em: https://bit.ly/3hL6TTZ. Acesso em: 17 jun. 2021. CALISSI; RODRIGUES, P. A.; PETRI, T. Eletroterapia facial e corporal avançada. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-book. CANVA. Crie o seu próprio mapa conceitual online com o Canva. Canva, [S. l., s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/2UhwJXq. Acesso em: 17 jun. 2021. COMO fazer um mapa conceitual. [S. l.: s. n., s. d.]. 1 vídeo (8 min). Publicado pelo canal Lucidchart Português. Disponível em: https://bit.ly/3676MML. Acesso em: 9 nov. 2020. CREATELY. Creately, [S. l., s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3Am3GCA. Acesso em: 17 jun. 2021. CURTO-CIRCUITO!!! Será que vai explodir? [S. l.: s. n., s. d.]. 1 vídeo (16 min). Publicado pelo canal Física com Douglas Gomes. Disponível em: https://bit.ly/3ArxwG2. Acesso em: 11 nov. 2020. DURAN, J. E. R. Biofísica – fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003. p. 178. FASSHEBER, D. et al. Disfunções dermatológicas aplicadas à estética. Porto Alegre: SAGAH, 2018. p. 137-196. E-book. KITCHEN. S. Eletroterapia – Prática, baseada em evidência. Barueri: Manole, 2003. LOPES, F. M. et al. Introdução e Fundamentos da Estética e Cosmética. Porto Alegre: SAGAH, 2017. p. 188-191. E-book. LUCIDCHART. Lucidchart, [S. l., s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3AhBpx7. Acesso em: 17 jun. 2021. MATIELLO, A. A. et al. Fundamentos de eletrostática. Disponível em: https://bit.ly/3jE6uFs. Acesso em: 11 nov. 2020. 0 V e r a n o ta çõ e s https://www.scielo.br/j/rbfis/a/PSbW3W5RQkVVfDy9R5MSxdL/?lang=pt https://www.canva.com/pt_br/graficos/mapa-conceitual/ https://www.youtube.com/watch?v=F54SWctP7-E https://app.creately.com/diagram/ https://www.youtube.com/watch?v=r3WeXBOLuSI https://lucid.app/pt/pricing/lucidchart#/createAccount https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595026841/ NELSON, R. M.; HAYES, K. W.; CURRIER, D. P. Eletroterapia Clínica. Barueri: Manole, 2003. E-book. PEREZ, E.; VASCONCELOS, M. G. Técnicas estéticas corporais. São Paulo: Érica, 2014. E-book. PRINCÍPIOS Básicos de Estimulação Elétrica (aula II). [S. l.: s. n., s. d.]. 1 vídeo (11 min). Publicado pelo canal PEDRO ANDREO: Fisioterapia e ciência. Disponível em: https://bit.ly/3dG5ufU. Acesso em: 15 out. 2020. RODRIGUES, P. A. et al. Eletroterapia facial e corporal avançada. Porto Alegre: SAGAH, 2018. p. 61. E-book. ROSA, P. V. da.; LOPES, F. M. Eletroterapia facial e corporal básica. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-book. 0 V e r a n o ta çõ e s https://www.youtube.com/watch?v=fo6nNSeZQeY&t=17s FOCO NO MERCADO DE TRABALHO PRINCÍPIOS FÍSICOS DA CORRENTE ELÉTRICA Heloísa Maria Elaine Licha Coutinho Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Vamos agora relembrar alguns conceitos para auxiliar Luciana em suas respostas. Em se tratando de corrente elétrica, vamos partir do princípio de que a matéria é feita de átomos, as menores partículas de um elemento. O átomo é feito de um núcleo central carregado positivamente (constituído de prótons carregados Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s positivamente e nêutrons sem carga), com partículas carregadas negativamente (elétrons) orbitando ao seu redor e que lembram um “sistema solar”. Um átomo contém a mesma quantidade de prótons e de elétrons e, desse modo, não apresenta uma carga resultante. Se esse equilíbrio é destruído, o átomo tem uma carga resultante diferente de zero e é chamado de íon. Se um elétron é removido do átomo, este se torna um íon positivo; enquanto que, se um elétron é acrescentado ao átomo, ele se torna um íon negativo. Duas partículas de cargas opostas se atraem e duas partículas com a mesma carga se repelem (empurram-se para longe uma da outra). Assim, um elétron e um próton são atraídos um para o outro, enquanto dois elétrons se repelem. Em torno de qualquer partícula carregada, existe um campo elétrico. Corrente elétrica é o �uxo de carga elétrica (geralmente elétrons). Em alguns materiais (por exemplo, metais), nos quais os átomos são ligados formando uma estrutura tipo treliça, a carga é transportada por elétrons. Há dois tipos de corrente elétricas: a corrente direta (CD), que é aquela na qual o �uxo de elétrons está em uma direção apenas; e a corrente alternada (CA), que é aquela na qual a corrente �ui primeiro por um caminho e depois por outro. Pensando nas características da corrente elétrica, vamos ajudar Luciana na resolução de seus questionamentos. Ela observou que o �o que conecta os equipamentos eletroterápicos à rede elétrica tem diâmetro bem maior do que os �os que conectam os eletrodos ao cliente. Você já parou para pensar se existe uma razão para isto? Será que os �os que conectam os eletrodos são mais �nos somete por aparência ou para �carem menos pesados e mais “bonitos” esteticamente? Observe que estamos falando de corrente elétrica, assim os �os dos eletrodos devem apresentar maior resistência à passagem da corrente ao paciente do que o �o que conectado ao equipamento. Isso ocorre por um simples motivo: aenergia 0 V e r a n o ta çõ e s elétrica emitida ao paciente deverá ser de intensidade muito baixa, medida em miliamperagem (mA), enquanto que a energia para fazer o aparelho funcionar deverá ser maior, medida em amperagem. Uma observação importante também diz respeito à intensidade. Vamos imaginar que o equipamento tenha mal funcionamento e que, ao sofrer um curto-circuito, produza uma descarga elétrica muito intensa em direção aos eletrodos. O que aconteceria se os �os dos eletrodos fossem de diâmetro maior? Essa descarga causaria danos especialmente na pele do cliente. Como esses �os são de diâmetros pequenos, acabam rompendo e, com isso, a descarga não chega ao cliente e, caso chegue, não causa danos signi�cativos. Pronto! A dúvida de Luciana foi esclarecida. Agora ela poderá seguir com o estágio tranquilamente e você obteve ainda mais conhecimentos. AVANÇANDO NA PRÁTICA A IMPEDÂNCIA CUTÂNEA: UM OBSTÁCULO À PASSAGEM DA CORRENTE ELÉTRICA Ana Laura é estudante do último semestre do curso de Estética e Cosmética e começou a fazer estágio em uma clínica de grande porte e com movimento intenso de clientes. É uma clínica que trabalha com diferentes tipos de tratamentos, dentre os quais a eletroterapia, que consiste no uso da corrente elétrica para o tratamento das diferentes disfunções estéticas faciais e corporais. Um dos recursos utilizados na clínica para tratar a �acidez muscular é a eletroestimulação muscular, conhecida como corrente russa, e que, quando bem empregada, proporciona efeitos satisfatórios para os clientes. Ana Laura observou que a esteticista responsável pela clínica, Letícia, antes de qualquer procedimento, realiza uma anamnese detalhada da cliente e uma avaliação com uma inspeção visual minuciosa, o que despertou seu interesse. Como sempre foi uma aluna muito dedicada, questionou o porquê da inspeção minuciosa uma vez que o tratamento seria empregado para a área corporal. Será que esse questionamento de Ana Laura tem fundamento? Vamos analisar juntos? 0 V e r a n o ta çõ e s RESOLUÇÃO Dentre as diversas funções da pele está a barreira que ela forma com o intuito de impedir a penetração ativa de diferentes estruturas. Essa barreira recebe o nome de impedância cutânea quando estamos nos referindo às estruturas elétricas. No entanto, ela poderá ser vencida quando a carga elétrica for de intensidade alta. A di�culdade de penetração desses agentes, conhecida como resistência cutânea, diminui de forma inversamente proporcional à frequência dos impulsos elétricos. A impedância é a resistência de um circuito à uma corrente, que depende da natureza dos tecidos biológicos e da frequência da estimulação. Como fatores de impedância, podemos citar: excesso de pelos, pele seca, ossos e unhas. A pele, além de ser a estrutura de união dos eletrodos da eletroestimulação, também é a primeira resistência biológica à passagem de corrente elétrica. Dessa forma, antes da colocação dos eletrodos, o pro�ssional deverá fazer uma inspeção a �m de identi�car cortes ou cicatrizações recentes, pois nessas situações não se deve colocar os eletrodos, já que a resistência será mínima ou inexistente e gerará desconforto ao paciente. Outro ponto a ser veri�cado são as condições nutricionais da pele do cliente. Se ela estiver ressecada, haverá uma maior resistência à eletroestimulação; se for excessivamente oleosa, haverá um aumento da resistência à passagem da corrente e, neste caso, o eletrodo deverá estar mais bem aderido à pele. Os pelos corporais também resultam no aumento da resistência à passagem da corrente elétrica e devem ser removidos antes da aplicação da corrente. 0 V e r a n o ta çõ e s NÃO PODE FALTAR CORRENTE CONTÍNUA, IONIZAÇÃO, ELETROLIFTING Heloísa Maria Elaine Licha Coutinho Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Olá, aluno! Seja bem-vindo à Seção 1.2! Quando consideramos a direção das partículas elétricas dos elétrons, as correntes são diferenciadas em dois tipos: uma corrente direta, unidirecional ou contínua e outra bidirecional ou alternada. Assim, já o convido a conhecer as características de cada umas delas, pois seus efeitos têm respostas importantes nos procedimentos estéticos. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s A corrente contínua unidirecional é aquela em que o �uxo de elétrons tem sempre o mesmo sentido, sendo que este pode ser constante, por isso chamado de contínuo, ou pausado, de modo que passa a ser chamado pulsado. Uma corrente unidirecional pode variar sua intensidade no tempo, por exemplo, em uma pilha ou em uma bateria, a corrente �ui sempre do polo positivo para o polo negativo (AGNE, 2013). O conceito de corrente unidirecional não é exatamente igual para a física e para a eletroterapia, pois nessa a corrente se encontra contínua sem mudança de polaridade, mesmo que a voltagem seja variável. Nesse sentido, na eletroterapia, utiliza-se o termo corrente galvânica ou polarizada para se referir a uma corrente contínua. Caro aluno, a partir deste momento, vamos nos referir à corrente galvânica para a estética e, sendo assim, é muito importante diferenciar os impulsos quanto a sua capacidade de gerar ou não efeito galvânico na pele, o que ocorre quando existem diferenças positivas e negativas. Você sabia que os impulsos elétricos podem ser monofásicos e bifásicos? Eles devem sempre ser identi�cados com relação a sua polaridade, de modo que, quando estão acima do eixo divisor (ponto neutro), a polaridade está positiva e, enquanto estão abaixo deste, a polaridade está negativa. Cada um desses polos re�ete na pele reações diferentes, por isso é muito importante que você, pro�ssional da estética, conheça tais reações. O polo, inicialmente positivo, fornece ao polo negativo uma corrente cujo valor parte de zero, atinge um máximo, volta ao zero e, a seguir, torna o polo, até então negativo, positivo e inicia o ciclo ao contrário. Cada movimento alternante dos elétrons é um ciclo, e a frequência da corrente é o número de ciclos/segundo expresso em Hz (AGNE, 2013). Quando se pode observar a alternância entre as fases das correntes positivas e negativas, estas são denominadas correntes alternadas ou bifásicas e bipolares. 0 V e r a n o ta çõ e s Figura 1.4 | Corrente alternada Fonte: Agne (2013, p. 69). Figura 1.5 | Corrente contínua Fonte: Agne (2013, p. 69). O uso da corrente galvânica nos procedimentos estéticos Ana Júlia é uma pro�ssional competente, que sempre amou as aplicações da eletroterapia e os efeitos �siológicos proporcionados por ela. Sempre que vai atender um paciente, ela relembra os pontos importantes das características da corrente galvânica. Vamos, então, junto com ela relembrar esses importantes fundamentos. Sabemos que a corrente galvânica converte a corrente alternada, recebida de uma tomada elétrica, em uma corrente contínua também chamada de corrente direta. Dessa forma, os elétrons �uem continuamente na mesma direção. Tendo em vista a área da estética, a corrente galvânica promove duas reações importantes e aplicáveis, sendo elas a desincrustação e a iontoforese. 0 V e r a n o ta çõ e s Durante a aplicação, o cliente pode relatar uma sensação de sabor metálico na boca, que é algo normal de acordo com a corrente empregada. Como esses equipamentos promovem reações �siológicas no nosso corpo, é muito importante que Ana Júlia se atente aos cuidados que devem ser tomados no momento da aplicação. Por exemplo, a desincrustação não deve ser usada sobre telangiectasia, acne com pústulas ou áreas in�amadas. Um outro cuidado que Ana Júlia sempre tem, com o intuito de evitar possíveis complicações à saúde, é a não utilização da corrente galvânica em grávidas, em usuários de marca-passos ou próteses e em pessoas com problemas cardíacos, hipertensão descompensada ou epilepsia. Um dos recursos também muito usados é a iontoforese, que consisteno processo de usar a corrente elétrica para introduzir produtos solúveis em água na pele. Esse processo permite transferir os íons (átomos ou moléculas que possuem uma carga elétrica) da solução aplicada para as camadas mais profundas da pele. Assim, a corrente �ui por soluções condutoras das polaridades positiva e negativa. Tal processo é conhecido como ionização, separação de uma substância em íons. Teoricamente, a iontoforese ocorre com base nas leis universais da atração. Por exemplo, o negativo atrai o positivo e vice-versa. Semelhante a uma resposta magnética, a iontoforese cria uma troca dos íons ou cargas negativas e positivas. Levando em consideração que na ionização temos a penetração, na pele, dos ativos contidos nos produtos, é importante identi�car a polaridade daqueles que serão aplicados. A partir disso, se se veri�car que um produto apresenta polaridade negativa no momento da aplicação, o pro�ssional deverá infundi-lo com o eletrodo ajustado no negativo; isto é, é ele quem segura o eletrodo negativo, e o cliente segura o eletrodo positivo. Se o produto for positivo, o cliente e o esteticista usam os eletrodos opostos. Alguns fabricantes podem incluir ingredientes, no mesmo frasco, simultaneamente positivos e negativos. Nesse caso, o produto deve ser ionizado por 3 a 5 minutos no negativo, seguidos por 3 a 5 minutos no positivo. 0 V e r a n o ta çõ e s Diante do exposto, vamos a nossa situação-problema: Você é aluno do último semestre do curso de Estética e Cosmética e sempre esteve muito atento às aulas práticas ministradas por seus docentes, pois considerava-as a parte mais emocionante do curso. Para �nalizá-lo, você terá de ministrar uma aula cujo tema é corrente galvânica. Uma das formas de abordar essa temática seria por meio da construção de uma mapa conceitual que descreveria esse recurso, pontuaria os equipamentos que fazem uso dessa corrente, listaria os objetivos da técnica, os efeitos �siológicos e indicaria as indicações e as contraindicações do uso da corrente. Como o universo da estética é grandioso, vamos continuar a desvendar os seus mistérios! CONCEITO-CHAVE A corrente – objeto de estudo desta seção – que é chamada galvânica tem como característica apresentar um �uxo constante de elétrons em uma só direção, ou seja, o �uxo da corrente não sofre interrupção nem varia de intensidade na unidade tempo, por isso é igualmente conhecida como corrente contínua. Além disso, é conhecida também como monofásica por apresentar a manutenção da polaridade. A galvanoterapia está dividida em três fases: 1. Período de fechamento do circuito: caracteriza-se pelo tempo transcorrido desde o fechamento do circuito até a chegada da corrente à intensidade previamente estabelecida. 2. Período de estado: é a permanência da intensidade durante todo o tempo da aplicação, sendo conhecido também como período útil de tratamento, que corresponde ao tempo em que a corrente elétrica passa pelo condutor. 3. Período de abertura do circuito: é quando a intensidade da corrente, ao �nalizar a sessão, descende até zero de forma progressiva. 0 V e r a n o ta çõ e s A evolução histórica identi�ca a galvanoterapia como a mais antiga a ser empregada dentre todos os estímulos elétricos (AGNE, 2013). Para a aplicação da galvanoterapia, deve ser analisada a composição do meio biológico, o qual é formado por células, tecidos e líquidos que contêm uma série de substâncias e elementos químicos em forma de íons, moléculas e partículas com carga elétrica. Essa composição de soluções e dispersões está separada por membranas seletivamente permeáveis ou semipermeáveis que geram gradientes ou desequilíbrios entre as proporções das distintas soluções próximas entre si, como pressão osmótica, diferença de potencial elétrico e nível de polarização. Tais desequilíbrios fazem com que se produzam constantemente reações químicas e intercâmbio de íons, cujo comportamento é devido à constante intenção de reequilibrar diferenças elétricas ou químicas, em cumprimento às leis metabólicas (AGNE, 2013). Sabe-se que, em uma solução, os íons se dispersam pelo meio e se associam com outros íons próximos devido às cargas elétricas existentes neles (atraindo ou rejeitando) (AGNE, 2013). O fenômeno descrito recebe o nome de eletroforese e promove efeitos no organismo. É muito importante citar que substâncias como sais, ácidos e bases podem ser dissociadas quimicamente quando em contato com uma corrente de �uxo constante, sem alteração de polaridade. A eletrólise, ou separação dos íons numa solução líquida, parece ser um dos principais efeitos da galvanoterapia. Esse fenômeno faz com que a matéria viva (o organismo) se comporte como um condutor de segunda ordem (onde se manifestam mudanças químicas), ao contrário do que acontece com os condutores de primeira ordem (que não manifestam alterações químicas), como os metais. Luigi Galvani, em 1770, foi o precursor da corrente galvânica, pois foi quando realizou uma aplicação a �m de estimular nervos e músculos de rãs, gerando, posteriormente, inúmeros estudos nessa área. 0 V e r a n o ta çõ e s A corrente galvânica é de�nida como uma corrente em que o movimento das cargas de mesmo sinal ocorre sempre no mesmo sentido e com intensidade �xa. É um tipo de corrente elétrica chamada também de corrente direta ou contínua de baixa frequência. Para que a corrente galvânica atravesse os tecidos corporais, é necessário introduzir nela dois polos, um negativo e um positivo. O eletrodo positivo é chamado de cátodo e o eletrodo negativo é chamado de ânodo. Os eletrodos utilizados na corrente galvânica são sempre um positivo, de cor vermelha, e um negativo, de cor preta, sendo necessário, obrigatoriamente, que os dois eletrodos estejam em contato com a pele do cliente para completar o circuito elétrico. Quando a corrente atinge os eletrodos, gera-se um efeito de eletrólise, que corresponde às mudanças químicas. ELETRÓLISE Consiste no contato direto do eletrodo com os íons, os quais, ao cederem ou agregarem elétrons, acabam alterando suas propriedades físicas (AGNE, 2013). Dessa forma, a esponja umedecida que separa a pele do eletrodo fará uma barreira para evitar a eletrólise nos eletrodos metálicos, promovendo a concentração iônica e, consequentemente, a eletroforese. Assim sendo, este é o motivo de evitar o uso de eletrodos autoadesivos ou de carbono durante a estimulação com corrente galvânica. O emprego da galvanoterapia transcutânea ocorre através de dois eletrodos separados por um tecido ou por esponja umedecidos sobre a pele, sendo fundamental para o sucesso do tratamento a identi�cação da polaridade deles. Assim, por convenção internacional, o polo positivo deverá ser identi�cado pela cor vermelha e o polo negativo pela cor preta. O eletrodo menor é chamado de eletrodo ativo e o maior de dispersivo ou neutro, que serve para fechar o circuito elétrico e que não produzirá efeitos químicos sobre a pele. Esses polos são conhecidos também como ânodo (+) e cátodo (-). No 0 V e r a n o ta çõ e s eletrodo positivo, ocorre a reação de oxidação e, no eletrodo negativo, ocorre a reação de redução. EFEITOS DO USO TERAPÊUTICO DA CORRENTE GALVÂNICA De acordo com Guirro e Guirro (2004), a ação terapêutica da corrente galvânica acontecerá mediante dois processos: galvanização e iontoforese ou ionização. Ambos os processos ocorrem, em grande parte, pelos efeitos polares da corrente galvânica sobre os tecidos. Galvanização A galvanização é de�nida como o uso terapêutico da corrente galvânica, que diz respeito à utilização exclusiva dos efeitos polares promovidos por ela. Os tecidos do organismo humano possuem em sua composição uma quantidade importante de íons carregados positiva e negativamente, dissolvidos nos líquidos corporais. Esses líquidos carregados de íons podem ser colocados em movimento de maneira ordenada por meio da aplicação de uma corrente polarizadasobre a pele. O movimento dos íons dentro dos tecidos corporais gera alterações químicas e físicas, as quais são resultado do efeito polar que a corrente galvânica gera sobre os tecidos corporais. Estes efeitos são de�nidos como: • Eletroquímico. • Osmótico. • Modi�cações vasomotoras. • Alterações de excitabilidade. Efeito Eletroquímico O fenômeno da condução de carga elétrica através dos eletrólitos (soluções resultantes de substâncias ionizáveis dissolvidas) recebe o nome de eletrólise, a qual ocorre se o campo elétrico tiver a mesma direção (MATIELLO et al., 2018). 0 V e r a n o ta çõ e s Dessa forma, por ação do campo elétrico, os íons positivos se dirigem ao polo negativo e os íons negativos ao polo positivo, fenômeno conhecido como efeito interpolar da galvanoterapia. Os efeitos �siológicos da corrente galvânica se darão basicamente pelas mudanças eletroquímicas que acontecem nos âmbitos celular e tecidual da pele do cliente por meio de um processo chamado de eletroforese, o qual se refere aos movimentos de íons em tecidos humanos a partir da indução por correntes elétricas, que farão os elétrons se movimentarem de um eletrodo para outro de acordo com a polaridade do tecido. Essas mudanças físicas e químicas ocorrerão inicialmente na junção eletrodo/pele do cliente, e o resultado é a formação de ácido no eletrodo positivo e de base no eletrodo negativo, os quais se estenderão pela pele do cliente. Tais mudanças vão gerar uma alteração no pH da pele do cliente, causando efeitos profundos nos tecidos e de maneira re�exa. Essas alterações eletroquímicas vão gerar, no local em que se aplica o eletrodo de polo positivo, pela ação do efeito ácido, resultados analgésicos em razão da redução do metabolismo local e do edema. Além disso, o polo positivo produzirá, no tecido, outros efeitos como: desidratação, efeito sedativo, vasoconstritor, menor hiperemia, atração de íons de O2, controle de sangramentos por aumentar a coagulabilidade dos tecidos, efeito germicida e de coagulação. Em contrapartida, no polo negativo, pela ação das bases, haverá efeitos estimulantes dos tecidos, aumentando o metabolismo local (MATIELLO et al., 2018). Nesse caso, têm-se efeitos de aumento de hiperemia local, hidratação do tecido, aumento da chance de sangramentos, menos germicida. Efeito osmótico A ação da corrente elétrica continua sobre os tecidos, efeitos da aplicação de uma corrente galvânica, que gera uma mudança nas estruturas membranosas das células dos tecidos humano por meio de uma modi�cação na água contida neles. 0 V e r a n o ta çõ e s Os efeitos osmóticos ocorrem pelo fato de ânions (negativo) terem maior massa que os cátions (positivos) e, consequentemente, movimentarem-se numa velocidade menor. Dessa maneira, os cátions, por apresentarem menor massa, são atraídos para o cátodo com uma velocidade maior. Para Matiello et al. (2018), esses dois processos geram um desequilíbrio por diferenças de concentração iônica e são capazes de promover a mobilização da água no sentido do cátodo, uma vez que ocorre essa diferença nas pressões osmóticas. Modi�cações vasomotoras A aplicação da corrente galvânica causa vasodilatação sob o local onde se encontram os eletrodos, assim como aumento da temperatura local. Esse processo é determinado pela ionização local, efeito que não se mantém apenas ali, expandindo-se para áreas vizinhas e atingindo tecidos mais profundos, como o subcutâneo, a fáscia e os músculos super�ciais. Alterações na excitabilidade Essas alterações ocorrem localmente, na região de aplicação da corrente, por meio das alterações no potencial de repouso da membrana celular. Vale lembrar que a membrana celular apresenta seu ambiente interno carregado negativamente em situação de repouso quando comparado ao meio externo. A ação da corrente pode excitar ou relaxar a membrana, e isso ocorre por meio dos efeitos de permeabilidade do sódio, de maneira que a aplicação da corrente torna a membrana mais permeável do que o normal quando aplicado o polo cátodo. IONIZAÇÃO O objetivo dessa ação da corrente galvânica é aumentar a penetração de ativos através da pele em razão de um gradiente potencial constante. É utilizado na área da estética para a permeação de ativos cosméticos através da pele do cliente. Constitui um procedimento não invasivo e não doloroso, por isso sua grande utilização. 0 V e r a n o ta çõ e s A ação ocorre por meio da aplicação de dois eletrodos metálicos sobre a pele do cliente e da conexão deles a uma fonte geradora de corrente galvânica. Em contato com a solução eletrolítica (uma substância carregada positiva ou negativamente e com ação terapêutica), há movimentação de íons e transferência deles para os tecidos corporais. Dessa maneira, o tratamento consiste na aplicação de íons medicamentosos no interior de tecidos a partir da pele do cliente, pela ação da corrente galvânica. Vale ressaltar que a passagem da corrente pela solução eletrolítica produz íons, que são eletricamente carregados e migram pelos tecidos de acordo com a carga elétrica que possuem. Íons positivos são repelidos pelos polos positivos e atraídos pelos negativos. Enquanto os negativos são atraídos pelos positivos e repelidos pelos negativos, valendo aqui a regra “os opostos se atraem”. A corrente galvânica permite esse efeito, pois é uma corrente contínua, constante e unidirecional. O uso da corrente galvânica por meio do efeito de ionização é muito antigo. Data do começo do século XX, quando Le Duc realizou uma experiência amplamente aceita. Nesse experimento, ele buscou mostrar os efeitos da ionização nos tecidos humanos por meio de uma vivência com coelhos, na qual buscou realizar a iontoforese com a aplicação de uma estricnina, substância que promove efeitos estimulantes sobre o sistema nervoso central. A solução foi aplicada em um dos coelhos por meio do polo positivo e em outro coelho por meio do polo negativo com a aplicação da corrente galvânica. O resultado foi o seguinte: o coelho estimulado pelo polo positivo sofreu convulsões e morreu, enquanto o outro coelho, estimulado pelo polo negativo, nada sofreu. Essa experiência mostrou que a solução somente foi permeada para os tecidos corporais quando colocada no eletrodo correto. Dessa maneira, a substância é permeada para dentro do tecido de acordo com as suas características polares, que determinarão o sentido do �uxo dos íons quando aplicada a corrente galvânica sobre eles. 0 V e r a n o ta çõ e s Figura 1.6 | Ionização Fonte: acervo da autora. PARÂMETROS UTILIZADOS NA APLICAÇÃO DA CORRENTE GALVÂNICA Preparo do paciente Neste momento, o pro�ssional explicará ao cliente o processo do tratamento no que diz respeito às sensações na aplicação, ao teste de intensidade e ao objetivo do tratamento. É preciso ter um cuidado especial na intensidade da corrente para que não haja uma queimadura. Preparação da área tratada A principal resistência encontrada pela corrente galvânica para chegar aos tecidos corporais, assim como as demais correntes elétricas terapêuticas, é a epiderme. Dessa forma, é importante que se busque reduzir essa resistência ao máximo. Para isso, pode-se umedecer e aquecer a área a ser tratada, assim como higienizar a pele com água morna e sabão para reduzir a oleosidade do local. Um a�namento da região córnea através de uma esfoliação é importante antes da aplicação da corrente. Eletrodos e sua aplicação 0 V e r a n o ta çõ e s Os princípios de aplicação dos eletrodos visam produzir uma densidade de corrente uniforme através da área cutânea que receberá o tratamento. Para isso, é preciso fornecer um circuito elétrico completo, de maneira que a corrente entre no tecido por um local e saia por outro. Normalmente, na área da estética e da terapêutica, apenas um eletrodo é de interesse terapêutico, de modo que o outro apenas servirá para completar o circuito adequadamente. Inicialmente se faza escolha dos eletrodos que servirão de interface entre a pele e a corrente. Pode-se optar por gases, esponjas ou toalha apropriada (MATIELLO et al., 2018). A compressa deve ser espessa o su�ciente para conter água no interior e �car com aproximadamente 1 cm de espessura. Além disso, estará associada a um eletrodo de borracha de carbono maleável, a uma chapa de alumínio ou a uma folha de metal, desde que sua espessura seja menor que a compressa e que o eletrodo tenha a superfície reta e com bordas arredondadas e regulares. O eletrodo e a compressa precisam estar bem aderidos a �m de garantir uma homogeneidade da corrente para o tecido. Os tipos de eletrodos mais utilizados são os eletrodos de metais associados a esponjas de feltro umedecidas. Sempre serão utilizados dois eletrodos, um ativo, que será aplicado no local onde se objetiva o tratamento, o qual poderá ser o positivo ou o negativo dependendo dos objetivos do tratamento, e um eletrodo chamado de dispersivo, que servirá para fechar o circuito elétrico (MATIELLO et al., 2018). Nenhuma das bordas do eletrodo deve tocar a pele do cliente, pois o mínimo contato pode gerar lesões por queimaduras. Após a aplicação, os eletrodos devem ser lavados a �m de remover sujidade e produtos químicos. Quanto à colocação, esta pode ser longitudinal ou transversal e deve utilizar, obrigatoriamente, dois eletrodos (bipolar). Aplicação da corrente Ao iniciar a aplicação, é importante que o equipamento esteja regulado com intensidade zero, evitando que o cliente sinta a corrente de maneira abrupta. 0 V e r a n o ta çõ e s Após conectar os eletrodos, é preciso conferir se tudo está colocado de maneira correta; só então o pro�ssional porderá ligar o aparelho e aumentar a intensidade gradualmente (MATIELLO et al., 2018). Intensidade da corrente Deve ser mensurada antes da aplicação e não deve ultrapassar 0,1 mA/cm2 de uma corrente que possui ação físico-química. Os efeitos não ocorrem nem de maneira sensorial nem com estimulação motora, portanto a intensidade da corrente não deverá afetar nem o limiar sensitivo, nem motor, nem deverá ser dolorosa. Desse modo, a terapia poderá ser aplicada sem o cliente referir sensações ou apenas com uma leve sensação de formigamento ou cócegas. Tempo de aplicação Pode variar de acordo com o tamanho do eletrodo usado e também da área a ser tratada, não podendo ultrapassar o período de 10 a 15 minutos. ASSIMILE Efeitos �siológicos da galvanização Efeitos �siológicos decorrentes da aplicação de corrente galvânica: estimulação sensorial, hiperemia, eletrotônus, alívio da dor, aceleração da cicatrização e eletrólise depilatória. Estimulação sensorial Durante a passagem de corrente pelos tecidos do organismo, o cliente sente uma sensação de formigamento, decorrente da ação da corrente. Alguns clientes podem relatar sensação de coceira ou leve irritação. Hiperemia Ao passar pelo tecido humano, a corrente galvânica vai gerar um eritema abaixo dos eletrodos, o que indica que está havendo, no tecido, uma situação de hiperemia capilar. Esse eritema tem duração aproximada de 20 0 V e r a n o ta çõ e s minutos e parece estar associado à melhora da nutrição da área, de modo a melhorar as condições do tecido aplicado. Alívio da dor A ação da corrente galvânica sobre os tecidos corporais pode auxiliar no quadro de dor por meio dos efeitos eletroquímicos que ocorrem em âmbito celular (MATIELLO et al., 2018). Processo de cicatrização Sabe-se que correntes elétricas de baixa intensidade agem sobre os tecidos promovendo ações de melhora da cicatrização. Isso está relacionado à aceleração na formação de novos tecidos por meio da aplicação da corrente elétrica. A velocidade de cicatrização em tecidos moles, como em feridas cutâneas super�ciais abertas, tem sido favorecida com o uso de corrente galvânica. Acredita-se que esse efeito seja causado pelo aumento da proliferação de células epiteliais e do tecido conjuntivo. REFLITA A corrente galvânica aplicada à estética propicia inúmeros benefícios aos tecidos corporais, atuando no tratamento de disfunções estéticas corporais e faciais. Para tanto, pode ser empregada em três importantes métodos de tratamento: técnica de desincruste, ionização (iontoforese) e eletrolifting. Desincruste É uma técnica usada na área da estética facial que faz uso da corrente galvânica e cujo objetivo é facilitar a retirada do excesso de secreção sebácea da superfície da pele, reduzindo assim a oleosidade. Para tanto, faz-se uso, além da corrente galvânica, de um ativo cosmético especí�co (MATIELLO et al., 2018). O mecanismo pelo qual a técnica de desincruste age é baseado na ação conjunta da corrente contínua galvânica aplicada à pele e de um ativo cosmético com capacidade de saponi�cação, de modo a realizar assim uma 0 V e r a n o ta çõ e s higienização profunda da pele do cliente. Pela ação da corrente e do ativo cosmético, essa associação causa um processo eletroquímico, transformando o sebo em sabão e eliminando-o da pele facilmente (MATIELLO et al., 2018). Ionização Nesta técnica, ocorre a introdução de íons nos tecidos corporais por meio da aplicação de uma corrente elétrica contínua. Passou a ser amplamente empregada na área clínica por apresentar vantagens como: baixo custo, esterilidade, não invasiva e indolor ao cliente (PRENTICE, 2014). A corrente galvânica, assim como pode estimular o movimento dos íons nos tecidos, pode atuar também sobre os princípios ativos carregados eletricamente, induzindo a penetração deles nos tecidos corporais através da pele. Diante disso, os efeitos da ionização são basicamente a associação dos efeitos da corrente elétrica aos efeitos dos cosméticos e dos medicamentos. A este processo damos o nome de ionização: quando se utiliza uma substância cosmética ou medicamentosa para que ela penetre na pele seguindo o princípio do movimento de íons. A técnica de ionização necessita obrigatoriamente da utilização de dois eletrodos, um ativo, que será o utilizado para repelir a substância aplicada na pele de modo que ela penetre mais; e outro passivo ou dispersivo, que servirá apenas para fechar o circuito elétrico. O eletrodo ativo será aplicado diretamente sobre o local da disfunção, enquanto o passivo pode ser colocado em um local distante do de tratamento. Eletrolifting Utiliza a corrente elétrica contínua galvânica. Entretanto, na técnica de eletrolifting, a corrente galvânica é utilizada numa intensidade mais baixa, reduzida em microampères, abaixo de 1 mA, por isso se chama corrente 0 V e r a n o ta çõ e s microgalvânica. Essa técnica é também conhecida por galvanopuntura. Para a técnica, utiliza-se um equipamento elétrico que disponha dessa corrente; a ele se acopla um eletrodo na forma de caneta que pode ou não estar associado a uma agulha acoplada no eletrodo, a qual fará pequenas perfurações na pele de modo a estimulá-la ainda mais (AGNE, 2017). A galvanopuntura pode ser realizada com a caneta ou com uma agulha de 5 mm que será acoplada ao equipamento no eletrodo negativo, gerando sutis agressões na camada super�cial da epiderme, com o intuito de gerar uma lesão controlada e incentivar a produção de novas células, de colágeno elastina, aumentando a circulação e a nutrição tecidual e agindo sobre tecidos que se encontrem com redução das atividades �siológicas. Esse procedimento é indicado para o tratamento de rugas �nas, linhas de expressão e estrias. Essa técnica gera uma lesão tecidual e, em resposta a ela, o organismo produz uma in�amação aguda no local, com sinais de hiperemia e alterações vasomotoras, como o aumento da vascularização local. Ainda em resposta a essa lesão, o organismo desencadeia uma onda de processos �siológicos, resultando em um processo in�amatório local que faz com que um novo tecido cicatricial se forme na região. A técnica de eletrolifting pode ser indicada no tratamento de disfunções estéticascorporais ou faciais. As indicações mais comuns são nos casos de estrias, rugas e cicatrizes, nos quais o tecido dessas regiões encontra-se com funções reduzidas. No caso de rugas, o eletrolifting, quando aplicado, vai gerar estimulação no trajeto da ruga, causando uma lesão tecidual local e aumentando a síntese de colágeno na formação de um novo tecido epitelial que preencherá esse espaço da ruga (FASSHEBER et al., 2018). Parâmetros utilizados 0 V e r a n o ta çõ e s No eletrolifting são utilizados dois eletrodos, sendo um o eletrodo dispersivo ou passivo, que será positivo, e o outro um eletrodo negativo, onde a agulha será acoplada. No caso da aplicação por meio do método de varredura, que não utiliza a agulha, o procedimento é semelhante e também necessitará de dois eletrodos para completar o circuito. O eletrodo passivo poderá ser uma placa envolta em uma esponja umedecida ou um eletrodo tipo bastonete, que �cará em contato com o cliente num local próximo à área de tratamento, apenas para fechar o circuito elétrico. A agulha a ser utilizada deve ser �na, rígida e pontiaguda e deve ser descartada após o uso. Com relação à intensidade da corrente, ela vai variar de acordo com o tratamento proposto. Para rugas �nas faciais, a intensidade varia em torno de 70 μA; para rugas profundas, utiliza-se uma intensidade média de 150 μA; e, para as estrias, utiliza-se uma intensidade entre 150 a 200 μA. Isso, porém, pode variar bastante em razão da sensibilidade de cada cliente e da região em que será aplicada. O fato de a sensibilidade dos clientes à corrente melhorar conforme o andamento do tratamento é um indicativo positivo, pois retrata a melhora da sensibilidade à corrente. EXEMPLIFICANDO Efeitos �siológicos da corrente galvânica Efeitos polares Segundo Agne (2013), esses efeitos ocorrem diretamente na pele sob os eletrodos e consistem nas reações produzidas pela chegada e consequente acúmulo de íons nesse nível. Sob o eletrodo positivo, são produzidos na pele ácidos com a liberação de oxigênio, ou seja, há a formação de ácido clorídrico (HCl), que deixa a pele ressecada. 0 V e r a n o ta çõ e s Sob o polo negativo, para o qual são atraídos sódio e outros cátions similares, forma-se uma reação alcalina (OHNa), o que deixa a pele com aspecto úmido e maleável. Essa reação local se manifesta com vasodilatação e excitação nervosa (AGNE, 2013). São observados os seguintes efeitos na pele na região dos eletrodos: • Eletrodo positivo: reação ácida e com excesso de carga, o que pode ocasionar, quando não gerenciado, uma queimadura química tipo ácida, com característica seca. Redução do pH e, consequentemente, a acidez tecidual além da vasoconstrição. • Eletrodo negativo: reação alcalina com característica úmida e macia, além de elevação do pH e vasodilatação. Efeitos interpolares São caracterizados pelos efeitos produzidos no interior dos tecidos, mais especi�camente no segmento interposto entre os dois polos (eletrodos). Os principais efeitos interpolares são: • Ação vasomotora e tró�ca: é claramente observada sobre a pele que estava em contato com o eletrodo; esse efeito é resultante da ativação da circulação e do movimento iônico intracelular. A hiperemia produz o aumento do metabolismo ao aportar a maior quantidade de oxigênio. A galvanoterapia aumenta ao limiar de excitabilidade das �bras nervosas sensitivas, produzindo a diminuição dos estímulos dolorosos. Pode ocorrer analgesia pela diminuição da acidez e pela diminuição da pressão de locais congestionados estimulada pela reação ácida do polo positivo em direção ao polo negativo. Quadro 1.2 | Efeitos da corrente galvânica 0 V e r a n o ta çõ e s Efeitos sob eletrodo negativo Efeitos sob eletrodo positivo Efeitos sob eletrodo negativo Efeitos sob eletrodo positivo Seus efeitos se dão pela formação de reações alcalinas. Seus efeitos se dão pela formação de uma solução ácida no local. É estimulante. É analgésico. Indicações na estética: uso para peles sem brilho e opacas, de modo a estimular a circulação local, a vasodilatação e a hidratação da pele. Indicações na estética: efeitos sedativos locais no caso de in�amações agudas, que cursem com edema e in�amação local, visando drenar a região e reduzir o processo in�amatório local. Causa vasodilatação local. Realiza vasoconstrição nos tecidos. Eleva o pH do tecido. Reduz o pH do tecido. Rejeita íons negativos. Rejeita íons positivos. Fonte: elaborado pela autora. Nesta seção discorremos sobre a corrente galvânica, que se destaca por ser uma corrente elétrica de baixa frequência, polar e com �uxo constante de elétrons em uma só direção; na qual não ocorre interrupção nem variação de intensidade durante o �uxo da corrente na unidade tempo. Pode ser chamada de corrente constante, corrente contínua-CC, corrente direta, unidirecional ou ainda corrente galvânica e é utilizada de maneira ampla na estética para diversos tratamentos faciais e corporais. FAÇA VALER A PENA Questão 1 0 V e r a n o ta çõ e s Pesquisadores atribuem a patogênese das estrias às alterações em componentes da matriz extracelular, incluindo �brilina, elastina e colágeno. Pesquisas também apontam como causa a redução de genes codi�cadores de colágeno, elastina e �bronectina, além de acentuada alteração no metabolismo dos �broblastos. Há, ainda, evidências de que as estrias resultam do rompimento das �bras elásticas devido a forças de tensão. CORDEIRO, R.C.T.; MORAES, A.M. Striae distensae: physiopathology. Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 1, n. 3, 2009 (adaptado). Enade, 2019. Com base nas informações apresentadas, é correto a�rmar que a modalidade terapêutica mais compatível com a �siopatologia da estria é: a. O eletroli�ting, pois, ao aquecer o tecido, faz com que as �bras colágenas sofram desnaturação e se contraiam, levando à retração do tecido e à contração imediata das �bras colágenas, que, ao se retraírem, tornam-se mais e�cientes na sustentação da pele. b. O desincrust, pois promove o movimento das cargas elétricas de mesmo sinal, mesmo sentido e intensidade �xa, causando hiperemia e edema local devido à mobilização eletroiônica da água e das células sanguíneas, bem como eletroendosmose. c. O eletrolifting (corrente galvânica), pois promove um processo in�amatório no local, o que aumenta o número de �broblastos jovens e a neovascularização, possibilitando o retorno da sensibilidade dolorosa. d. A estimulação elétrica alternada de média frequência, pois a propagação de suas cargas elétricas nos nervos e músculos gera mudanças na atividade metabólica, permitindo que as �bras musculares e as �bras nervosas sensitivas e motoras sejam excitadas pelos pulsos aplicados e sofram modi�cações biológicas. e. O eletrolifting, cuja ação da sucção pulsada com pressão em mmHg gera uma “prega �xa” na pele e aumenta os �uxos sanguíneo e linfático, permitindo a elevação da oxigenação cutânea e a melhora da nutrição celular, o que vai auxiliar na eliminação de produtos do metabolismo e na melhora do tônus da pele. Questão 2 A corrente galvânica é uma das formas de trabalhar com a eletroterapia em centros de estética. Trata-se de uma corrente que se caracteriza por um �uxo unidirecional contínuo, apresentando efeitos polares. Na ionização facial, utilizamos essa corrente com o intuito de promover tratamentos estéticos. Para o tratamento das disfunções estéticas faciais, a ionização tem como características: a. Administração via transcutânea de enzimas digestivas que consomem a gordura facial, favorecendo a 0 V e r a n o ta çõ e s REFERÊNCIAS AGNE, J. E. Criolipólise e outras tecnologias no manejo do tecido adiposo. Santa Maria: Editora Andreoli, 2016. AGEN, J. E. Eletrotermofototerapia. Santa Maria: Editora Andreoli, 2013. AGNE, J. E. Eletrotermoterapia: teoria e prática. Santa Maria: Orium, 2005. BORGES, F. dos S. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções
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