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Avaliação e Recuperação de Áreas Degradadas - EAD

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AVALIAÇÃO E RECUPERAÇÃO
DE ÁREAS DEGRADADAS
PROF.A MA. RENATA RUARO
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Diretor de Ensino a Distância: 
Prof. Me. Fábio Oliveira Vaz
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Mariana Tait Romancini 
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão da Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ÁREAS DEGRADADAS ..................................................................................... 5
2 - PROCESSOS GERADORES DE DEGRADAÇÃO ................................................................................................... 8
2.1. DEGRADAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DO SOLO ................................................................................................... 10
2.1.1. EROSÃO E MOVIMENTO DE MASSAS ........................................................................................................... 11
2.1.2. EFEITOS DA DEGRADAÇÃO .......................................................................................................................... 15
2.1.3. ASPECTOS LEGAIS RELACIONADOS A RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ................................. 16
CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS 
DEGRADADAS E FATORES 
GERADORES DE DEGRADAÇÃO
PROF.A MA. RENATA RUARO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
AVALIAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE 
ÁREAS DEGRADADAS 
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INTRODUÇÃO
Nessa unidade veremos os principais conceitos à degradação dos ecossistemas, bem como 
os principais fatores geradores de degradação. Além disso, estudaremos os efeitos e consequências 
adversas ao ambiente causado por esses fatores, tanto em área rurais quanto urbanas. Um enfoque 
é dado aos processos erosivos e sua intensificação pelas atividades humanas.
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1 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ÁREAS DEGRADADAS
Desde o seu surgimento, o homem diferenciou-se dos demais animais pela capacidade 
de criação e aprendizagem. Assim, conquistou novos ambientes e desenvolveu, ao longo da 
evolução, diferentes modos de vida. Contudo, a partir da Revolução Industrial e intensificação 
das atividades agropecuárias, as atividades humanas exerceram uma crescente influência sobre os 
recursos naturais, seja pela extração ou pela deposição de rejeitos no ambiente. Como resultado, 
temos a poluição e degradação dos ecossistemas naturais.
Segundo a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6938/81, a poluição consiste na 
degradação da qualidade ambiental decorrente de atividades que direta ou indiretamente causem 
danos à saúde, segurança e bem estar da população; gerem condições adversas às atividades 
sociais e econômicas; prejudiquem a fauna e a flora; afetem as condições estéticas ou sanitárias do 
meio ambiente; e lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais legais. É 
importante ressaltar, que do ponto de vista legal e de controle da poluição, o conceito de poluição 
é associado às alterações provocadas pelas atividades humanas, expõe Braga (2005). 
O conceito de degradação, assim como o conceito de poluição, é associado às consequências 
ambientais negativas decorrentes das atividades humanas. Segundo o Manual de Recuperação de 
Áreas Degradadas pela Mineração do IBAMA (1990, p.13) a degradação de uma determinada 
área ocorre quando “a vegetação nativa e a fauna forem destruídas, removidas ou expulsas; a 
camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e o regime de vazão do 
sistema hídrico forem alterados”. Assim, áreas degradadas são áreas que, após sofrer um tipo 
de impacto, perdem a capacidade de retornar, de maneira natural, ao estado original, anterior 
ao impacto, segundo Martins (2009). Isso ocorre porque essas áreas perdem sua resiliência. A 
resiliência é uma propriedade dos ecossistemas relacionada à capacidade de recuperação às 
perturbações, naturais ou induzidas pelo homem, cita Ricklefs (2010). O conceito de degradação 
é diferente de perturbação (Quadro 1), pois áreas perturbadas são áreas que ainda possuem 
resiliência, ou seja, podem regenerar-se naturalmente após um impacto, explica Martins (2009), 
desde que o dano cesse.
Quadro 1 - Características dos processos de perturbação e degradação. Fonte: Martins (2009).
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A NBR 13030 (1999, p. 2) específica para atividades de mineração, define áreas degradadas 
como “áreas com diversos graus de alterações dos fatores bióticos e abióticos, causados pelas 
atividades de mineração”. Outra normativa que apresenta um conceito importante, relacionado 
ao solo, é a NBR 10703, na qual a degradação do solo é conceituada como a “alteração adversa 
das características do solo em relação aos seus diversos usos possíveis, tanto os estabelecidos 
em planejamento, como os potenciais” (ABNT, 1989, p.16). Esse último conceito contempla o 
entendimento do solo enquanto espaço geográfico, assim, ultrapassa o sentido de matéria ou 
componente predominante abiótico do ambiente, afirma Tavares (2008), considerando a perda 
de solo para uso humano.
Estima-se que cerca de 30% dos solos do mundo estão degradados, revela FAO (2015). 
Por isso, medidas de controle e recuperação são fundamentais para manutenção da qualidade 
ambiental e das atividades humanas dependentes dos recursos naturais. As medidas de 
recuperação são diversas e dependem da natureza e da dimensão do dano gerado. Em geral, são 
embasadas em três conceitos distintos (Figura 1). 
Figura 1 - Diferenciação entre os conceitos relacionados à RAD. Fonte: a autora.
A restauração é associada à ideia de retorno às condições originais da área, anterior ao 
impacto, coloca Martins (2010), conforme expõe a Figura 2. Isso quer dizer que a restauração 
deve promover o retorno às condições ecológicas da área, incluindo fatores como a vegetação, 
fauna e hidrologia. E por isso, esse termo é, muitas vezes, utilizado de maneira inadequada, 
considerando que a restauração, de fato, é um objetivo praticamente inatingível em muitos casosde degradação, comenta Tavares (2015). Segundo Martins (2009) em um sentido mais amplo, 
a restauração busca restaurar a integridade ecológica do ecossistema, sua diversidade biológica 
e estabilidade ao longo do tempo. Essa interpretação proporciona uma maior flexibilização na 
elaboração de projetos, tendo em vista que prevê a criação de condições ecológicas para que o 
ecossistema se regenere, indica Martins (2009). 
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Figura 2 - Conceitos de restauração, recuperação e reabilitação, após um processo de degradação. Fonte: 
<http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/estudos_ambientais/ea14.html>. Acesso em: 21 jan. 2018.
A lei n° 9.985 de 18/07/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
(SNUC), define a recuperação de áreas degradadas como a “restituição de um ecossistema ou 
de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente 
de sua condição original”. Vale a pena ressaltar aqui, que esse conceito estabelece que as ações 
de recuperação de áreas degradadas, podem não retornar o ambiente às condições originais, 
uma vez que muitos tipos de atividades humanas geram impactos irreversíveis nos ecossistemas. 
Desse modo, a recuperação pode ser entendida como um conjunto de ações necessárias para que 
a área degradada retorne a uma forma e utilização de acordo com um plano pré-estabelecido para 
o uso do solo, ou seja, volte a estar apta para algum uso produtivo em condições de equilíbrio 
ambiental, mostra Martins (2007). 
Por fim, na reabilitação a área degradada é destinada a uma dada forma de uso de solo, 
de acordo com projeto prévio e em condições compatíveis com a ocupação circunvizinha, trata-
se de reaproveitar a área para outra finalidade, conforme ABNT (1989). Um bom exemplo a ser 
citado aqui é o parque do Ibirapuera (Figura 3) em São Paulo, onde até a década de 50 era uma 
área utilizada para a extração de areia, e depois foi reabilitada para uso em recreação e lazer.
Figura 3 - Parque do Ibirapuera, São Paulo, antiga cava de extração de areia. Fonte: Dantas (2013).
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Sintetizando os conceitos abordados, vimos que a restauração busca a adoção de medidas 
para retornar as condições do ambiente similar ao que era encontrado antes do impacto ser 
gerado. Ao passo que a recuperação objetiva a implementação de medidas para reestabelecer as 
condições ambientais, que podem ser diferentes das condições originais. E por fim, na reabilitação 
um novo uso é destinado à área degradada. Diante disso, as ações de restauração, recuperação 
ou reabilitação são consideradas ações corretivas após um processo de degradação (Figura 4). Se 
nenhuma medida for adotada para controlar ou recuperar a área degradada, a área pode sofrer 
uma recuperação natural, em casos em que o dano é interrompido, ou continuar sofrendo danos, 
caso ocorra continuidade da degradação, aponta Sánchez (2006).
Figura 4 - Estágios de atuação no processo de recuperação de uma área degradada. Fonte: Sánchez (2006).
2 - PROCESSOS GERADORES DE DEGRADAÇÃO
A degradação ambiental é resultado da pressão excessiva do uso do solo e envolve 
componentes espaciais e temporais, resultando na redução da produtividade de biomassa e 
da biodiversidade, em mudanças na qualidade e disponibilidade de água e na diminuição da 
viabilidade econômica local, mostra Kazmierczak; Seabra (2007). De acordo com Decreto Federal 
97.632 (1989), os processos de degradação do ambiente induzem a perda ou alteração de suas 
propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais.
Diversos são os fatores causadores da degradação do solo (Figura 4), os quais podem agir 
de maneira direta ou indireta, mas quase sempre a maioria dos casos de degradação inicia-se 
com o desmatamento, que pode ser seguido por diversas formas de ocupação desordenada, como 
agricultura, com uso da queimada, crescimento desordenado das cidades, superpastoreio e uso 
do solo para disposição de diversos tipos de resíduos industriais e domésticos, sem tratamento 
adequado, cita Guerra (2014). 
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Figura 5 - Fatores de degradação dos ecossistemas florestais. Fonte: Martins (2009).
Historicamente, o modelo de desenvolvimento seguido em grande parte do Brasil, 
foi a substituição das florestas nativas para o plantio de culturas como o café e a soja, ou de 
pastagens e cana-de-açúcar, conforme Martins (2009). Isso resultou na fragmentação da 
Mata Atlântica e posteriormente da Floresta Amazônica. A expansão de áreas agrícolas foi e 
permanece como um dos principais fatores de degradação das florestas, todavia, a maioria das 
áreas de baixa produtividade, uma vez abandonadas, podem recuperar a cobertura florestal com 
a implementação de projetos de custos relativamente baixos, cita Martins (2009), dependendo da 
região e da magnitude do dano.
Segundo Martins (2009), as atividades de mineração, embora ocupem áreas menos 
extensas e localizadas, possuem um potencial de degradação do solo maior e uma recuperação 
mais complexa, lenta e de maior custo. Um exemplo de degradação pela atividade de mineração 
é o desastre ocorrido na cidade de Mariana em Minais gerais em novembro de 2015 (Figura 5). 
Nesse caso, a degradação foi intensificada pelo acidente ambiental, uma vez que a própria atividade 
por si já causa degradação. Mas, após o acidente a degradação ambiental tomou proporções bem 
maiores, atingindo níveis e áreas maiores. 
Figura 6 - Desastre ambiental em Mariana. Fonte: Castilho (2015).
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Documentário: Enquanto o trem não passa
Disponível em: <http://justicanostrilhos.org/2013/11/11/documentario-trata-dos-
-impactos-e-devastacao-da-mineracao-em-terras-brasileiras/>.
2.1. Degradação química e física do solo
A deterioração química pode ser provocada pela poluição, perda de nutrientes do solo, 
pela salinização e pela acidificação. A poluição ocorre principalmente pelo despejo de resíduos 
domésticos e industriais e pelo uso de agroquímicos no meio rural. Além disso, a aplicação 
excessiva de fertilizantes ácidos pode levar a acidificação do solo, cita Araújo (2010). Embora a 
poluição do solo possa ser causada por resíduos nas fases líquida e gasosa, é na fase sólida que se 
manifesta mais intensamente, por duas razões principais: i) as quantidade geradas são grandes 
e ii) as características de imobilidade dificultam o transporte no ambiente. Além disso, como 
vimos anteriormente no desastre ambiental em Minas Gerais, a degradação pode ser causada 
por processos de poluição por contaminantes como metais pesados, hidrocarbonetos (derrame 
de petróleo e derivados) e outras substâncias que podem alterar a qualidade do ambiente e ainda 
trazer riscos a saúde do homem. Aprenderemos mais sobre a contaminação do solo, bem como 
medidas para tratamento e remediação na última unidade desse material. 
A perda de nutrientes e matéria orgânica do solo pode ser provocada pela superexploração 
do solo e por processos erosivos, processos que iremos estudar no próximo tópico, conforme 
Araújo (2010). Já a salinização ocorre quando temos uma elevada concentração de sais na 
superfície do solo, explica Braga (2005). Esse processo ocorre por: i) manejo mal realizado da 
irrigação ou elevada concentração de sais na água de irrigação; ii) invasão da água do mar ou 
águas subterrâneas salinas em reservas de água doce; e iii) atividades humanas que aumentam 
a evaporação em solos com material salino ou lençol subterrâneo salino, afirma Araújo (2010).
Para melhor compreender os impactos e consequênciasadversas relacionadas 
às diversas atividades poluidoras e geradoras de degradação ambiental, sugeri-
mos a leitura da obra:
MATOS, A. T. Poluição Ambiental - Impactos no Meio Físico. Viçosa, MG, Universi-
dade Federal de Viçosa, 2010
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E você? Você tem contribuído para o aumento da poluição química do solo? Você 
dispõe o lixo que você gera de maneira adequada?
Entre as formas de degradação física do solo, pode-se destacar a compactação do solo, o 
selamento e a alteração na estrutura do solo. A compactação do solo está relacionada à redução 
de volume do solo por ação de pressão externa, como o tráfego de máquinas e pisoteio de 
animais, cita Tavares (2008). Essa redução no volume implica no aumento da densidade, redução 
da porosidade e permeabilidade do solo. Por isso, a água vai infiltrar com maior dificuldade 
e a concentração de gases será menor, pois ocorre uma redução nos espaços vazios do solo 
(poros). O selamento consiste na formação de uma camada densa na superfície do solo. Tanto 
na compactação quanto no selamento do solo, a infiltração de água é prejudicada, bem como o 
desenvolvimento de vegetais. A estrutura do solo consiste na organização das partículas do solo, 
e pode ser alterada pelo manejo do solo, processos erosivos, etc.
2.1.1. Erosão e movimento de massas
A erosão dos solos é considerada uma das principais causas da degradação dos solos, que 
pode ocorrer naturalmente pela ação humana. Quando a erosão é provocada pela ação humana 
é chamada de erosão acelerada. Nesse livro trataremos da erosão acelerada. A erosão superficial, 
também conhecida como erosão do solo consiste na remoção das camadas superficiais do 
solo pela ação da água ou de vento, conforme Araújo (2010). Os movimentos de massa por 
sua vez, estão relacionados ao movimento descendente de materiais que formam a encosta, e 
são popularmente conhecidos como deslizamentos e desmoronamentos, cita Araújo (2010), e 
ocorrem com frequência em áreas urbanas com ocupação inadequada de morros.
Segundo Araújo (2010) quando a erosão é causada pela ação do vento ela é chamada de 
erosão eólica, enquanto que quando é causada pela ação da água é chamada erosão hídrica ou 
pluvial, no caso da ação pela água da chuva, enquanto que a erosão fluvial é o desgaste provocado 
pelo leito dos rios tanto quando eles se excedem e avançam sobre as margens quanto quando a 
vegetação ciliar é removida e desprotege o relevo ao redor dos cursos d´água. A remoção da 
camada superficial do solo é um problema preocupante, pois elimina uma camada, geralmente 
rica em nutrientes e materiais orgânicos e minerais, importantes para o crescimento dos vegetais. 
A erosão hídrica envolve a desagregação, transporte e deposição de partículas
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Quadro 2 - Processos da erosão hídrica. Fonte: Capeche (2008)
Para prevenir e controlar os processos erosivos é preciso entender o mecanismo do 
processo. O processo inicia-se por forças de arrasto, de impacto ou de tração atingindo as 
partículas individuais da superfície do solo, e esse processo depende da velocidade e volume 
d’água e da forma e rugosidade do terreno, afirma Araújo (2010). As forças de inércia ou coesão 
entre as partículas resistem às forças de arrasto ou de tração exercidas pela água (Figura 6), 
dependendo das propriedades básicas e da estrutura física do solo, bem como das interações 
físicas e químicas que ocorrem no solo, coloca Araújo (2010).
Figura 7 - Diagrama esquemático das forças que agem sobre as partículas na superfície do solo. Fonte: 
Araújo (2010, p. 83).
Segundo Araújo (2010, p. 88) é chamado Efeito splash ou salpicamento o “resultado do 
impacto das gotas de chuva caindo sobre as partículas do solo expostas ou finas superfícies de 
água cobrindo o solo”. Quando o solo está protegido pela cobertura vegetal, parte da água que 
cai da chuva é interceptada pela vegetação, assim a vegetação atua como um amortecedor do 
impacto das gotas de chuva. No entanto, quando as gotas de chuva colidem com o solo desnudo 
e sem cultivo elas removem as partículas do solo (Figura 7), assim as superfícies expostas ou não 
protegidas são mais vulneráveis à erosão superficial, cita Araújo (2010). A quantidade de solo 
arrastado depende muito do tipo de solo, declividade/inclinação do terreno e da intensidade da 
chuva, afirma Zoccal (2007).
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Figura 8 - Impacto da água de chuva na superfície do solo. Fonte: Controle de Erosão, 2ª edição, janeiro 
de 1990 - SEA/DAEE.
De acordo com Araújo (2010), para proteger o solo da erosão, é preciso basicamente: 
i) reduzir as forças de tração ou de arrasto, reduzindo a velocidade do fluxo d’água sobre a 
superfície ou dissipando a energia em uma área protegida; e ii) aumentar a resistência à erosão 
por meio de proteção da superfície do solo com uma cobertura apropriada ou pelo aumento da 
força de ligação entre as partículas do solo, para que elas não sejam facilmente carregadas. 
Segundo Capeche (2008), erosão hídrica pode ser: i) laminar, quando o arraste do solo 
ocorre superficialmente no terreno (Figura 8a); ii) em sulcos/ravinas, quando o escorrimento/
enxurrada provoca a abertura de pequenos canais, pouco a medianamente profundos que 
podem evoluir para cavidades maiores – ravinas (Figura 6b); e iii) voçorocas, quando ocorre a 
abertura de grandes sulcos, os quais concentram grande quantidade de água (Figura 9) e são mais 
facilmente identificadas.
Figura 9 - a) erosão laminar; b) erosão em sulcos/ravinas. Fonte: Fürst (2017).
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As ravinas geralmente são mais graves que a erosão laminar, porque as velocidades do 
escoamento superficial são maiores nas ravinas, enquanto que as voçorocas são canais ainda 
maiores que as ravinas, e que não podem ser removidos apenas pelo preparo normal do solo, 
segundo ARAÚJO (2010). Além disso, as voçorocas tendem a se formar onde elevados volumes 
de escoamento superficial são concentrados e descarregados em encostas erodíveis, expõe Araújo 
(2010). Por isso, esse tipo de erosão é mais difícil de ser controlado. Se a área não for controlada, 
as chuvas frequentes podem levar ao desgaste e aprofundamento da voçoroca, aumentando ainda 
mais o processo de degradação. A ocorrência das voçorocas está relacionada diretamente com 
o ambiente que a cerca, principalmente o relevo, tipo de solo e cobertura vegetal, tendo maior 
probabilidade de ocorrer em solos desprotegidos, cita Capeche (2007).
Figura 10 - Voçoroca. Fonte: Natureza (2013).
A erosão eólica consiste na ação do vento causando a desagregação de rochas, bem como 
dos agregados do solo, e, ainda, no transporte e deposição do material desagregado, explica 
Capeche (2007). A erosão eólica também envolve o destacamento de partículas, o transporte e 
deposição, mas nesse caso a movimentação do solo pelo vento é iniciada como resultado da sua 
turbulência e velocidade coloca Araújo (2010).
A erodibilidade é suscetibilidade de um solo à erosão. Alguns solos, como os siltosos são 
naturalmente mais erodíveis do que outros tipos, como os argilosos, pois, em geral, o aumento da 
fração orgânica e do conteúdo de argila de um solo reduz sua erodibilidade, cita Araújo (2010). 
Segundo Araújo et al. (2010) as variáveis topográficas que influenciam a erosão pluvial são: i) 
ângulo da encosta, ii) comprimento da encosta e iii) tamanho e forma da bacia hidrográfica. 
Assim, cada caso de degradação deve ser avaliado conforme as características da região da área 
degradada.
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Para prognósticos de perda de solo em decorrência de processos erosivos pode ser 
utilizada uma equação semi-empírica denominada Equação Universal de Perdas de Solo (USLE – 
Universal Soil Loss Equation). Essa equação considera fatores como clima, topografia e cobertura 
vegetal, pois são fatores que afetam a erosão, coloca Araújo (2010). A perda anual de solo de um 
determinado local é determinada de acordo com a equação a seguir:
E= R. K. L.S. C. P
Em que E= a perda de solo por unidade de área; R= erosividade da chuva; K= erodibilidade 
do solo; L= comprimento da encosta; S= declividade da encosta; C= fator de cobertura do solo; e 
P= fator referente às práticas de controle da erosão. 
2.1.2. Efeitos da Degradação 
 
Segundo Campeche (2008), as principais consequências da erosão e degradação ambiental 
são:
➢ Redução ou perda da capacidade de produção dos solos agrícolas (maiores gastos com 
fertilizantes, agrotóxicos, crédito rural, etc);
➢ Esgotamento de fontes de água;
➢ Assoreamento dos corpos hídricos;
➢ Desmoronamentos;
➢ Descapitalização dos agricultores; 
➢ Abandono de terras e êxodo rural;
➢ Perda de solos;
➢ Aumento dos custos de produção;
➢ Redução de área de plantio;
➢ Redução da fauna silvestre;
➢ Redução da quantidade de água disponível para a população rural e urbana (seca de 
nascentes e menor vazão dos rios e córregos);
➢ Redução da qualidade da água na cidade e na área rural (água poluída);
➢ Risco de doenças pela contaminação do solo e água subterrânea. 
A sobreexploração do solo, como nos casos de monocultura sem reposição de nutrientes 
pode esgotar o solo, reduzindo sua produtividade e fertilidade. Esse empobrecimento do solo e a 
perda de seu potencial produtivo traduzem o preço que a sociedade paga pela ocorrência de erosão 
em áreas rurais, cita Braga (2005). Segundo Araújo (2010), a Avaliação Global da Degradação dos 
Solos (GLASOD) estimou que a perda de solos agrícolas, agrícolas, por exemplo, ocorre a uma 
taxa de 6 a 7 milhões de hectares por ano, com um adicional de 1,5 milhão de hectares perdidos, 
em decorrência da exploração de madeira, salinização e acidificação. Dessa forma, a perda de solo 
não quer dizer necessariamente que a terra desapareça, embora localmente isso possa acontecer, 
devido à transgressão marinha, ou a erosão de áreas costeiras, afirma Araújo (2010). Geralmente, 
isso significa que o solo deixará de ser utilizado para a produção porque houve degradação nas 
propriedades químicas e físicas do solo. 
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2.1.3. Aspectos legais relacionados a recuperação de áreas 
degradadas
Conhecer e compreender as principais legislações a respeito da Recuperação de áreas 
degradadas é muito importante para o profissional de Gestão Ambiental, uma vez que esse 
profissional poderá atuar na elaboração de projetos de recuperação ambiental. Tanto a avaliação 
de áreas degradadas, quanto a elaboração de projetos de recuperação, devem ser pautados na 
legislação ambiental pertinente à esse assunto, pois além de critérios técnicos mínimos a serem 
atendidos por cada projeto específico, aspectos legais devem ser considerados. 
As legislações sobre esse tema são recentes (primeiras leis sobre obrigatoriedade de se 
recuperar áreas degradadas datam do início da década de 1980). Essas leis surgiram, principalmente, 
a partir das discussões internacionais da Conferência de Nairóbi. Na década de 70, a preocupação 
das nações industrializadas com as questões ambientais resultou na Reunião Mundial sobre o 
Meio Ambiente Humano, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) na cidade 
de Estocolmo, em 1972. Dessa reunião resultou uma declaração com 21 princípios voltados, 
basicamente, para o controle da poluição hídrica. Na década de 80, a Conferência de Nairóbi, 
em 1982, foi convocada para uma avaliação da situação e, principalmente, dos resultados da 
aplicação dos princípios da anterior. Na Conferência de Nairóbi foi concluído que era necessário 
avançar no processo. Por isso, foram selecionadas duas prioridades: a criação de unidades de 
conservação e a recuperação de áreas degradadas.
A partir daí, a legislação tem evoluído e atualmente temos a obrigação legal de recuperação 
de áreas degradadas no que se refere à atividade de mineração, florestas e demais formas de 
vegetação, situadas em áreas de preservação permanente e áreas de reserva legal, por exemplo, no 
domínio da Mata Atlântica corresponde a um percentual de 20% da área total do imóvel rural, 
revela Almeida (2016).
Atualmente, todo empreendimento potencialmente impactante deve ser submetido ao 
processo de licenciamento ambiental, que consiste em um procedimento administrativo no 
qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação dos 
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais e potencialmente causadoras 
de degradação ao meio ambiente, coloca Sánchez (2006). Segundo Almeida (2016), embora a 
legislação ambiental preveja a participação popular no processo de licenciamento, falta uma 
maior participação em todo este processo, como também maior interesse dos órgãos públicos 
envolvidos na implementação de um sistema eficaz de controle e fiscalização, penalizando abusos 
contra o meio ambiente.
Atrelado ao processo de licenciamento ambiental, a recuperação de áreas degradadas 
pode ser considerada nas ações condicionantes (mitigadores e compensatórias) para diversos 
tipos de empreendimentos. Para o caso de mineração, por exemplo, a recuperação é obrigatória, 
prevista em legislação específica. De modo resumido, iremos ver na sequência principais leis 
aplicadas à recuperação de áreas degradadas:
➢ Lei Federal 6938/81 - Lei de Política Nacional de Meio Ambiente – uma lei pioneira 
relacionada ao meio ambiente e toda a estrutura governamental nos níveis federal, estadual e 
municipal. Instituiu a responsabilidade por ato lesivo ao ambiente, relacionada aos Princípios 
VIII relativo à Recuperação de áreas degradadas, e IX Proteção de áreas ameaçadas de degradação. 
Além disso, criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), com uma estrutura 
hierárquica, e o licenciamento ambiental.
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➢ Resolução CONAMA n. 001/86 - institui critérios básicos e diretrizes gerais para o 
Estudo de Impacto ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Dependendo 
do tipo e porte do empreendimento é exigido a realização prévia do EIA/RIMA, em que são 
realizados estudos/diagnósticos e a proposição de medidas para a mitigação de prováveis 
impactos ambientais.
➢ Constituição Federal de 1988 - Artigo 225 – Está previsto nesse artigo que aquele 
que explorar recursos minerais é obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo 
com solução técnica determinada pelo órgão ambiental competente. Ademais, a Constituição 
estabelece a criação de novas ferramentas aplicáveis para a conservação ambiental, como a ação 
popular, o mandato de segurança coletivo e o mandato de injunção, além de dar maior respaldo 
para os mecanismos já existentes. Outra questão interessante é que no terceiro parágrafo, a 
Constituição determina que os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, que causaram degradação 
ambiental, estarão sujeitos a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação 
de reparar os danos causados.
➢ Decreto-lei n. 97.632/89 – Esse decreto regulamentou a lei n. 6.938/81, obrigando 
a recuperação da área degradada como parte do Relatório de Impacto Ambiental para 
empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais, os quais devem apresentar 
o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). Segundo Almeida (2016), nenhum 
estado possui legislação específica sobre Recuperaçãode Áreas Degradadas, complementar à 
legislação federal já existente, por isso seria importante a ampliação da abrangência das leis por 
parte dos Estados, não exigindo somente do setor de mineração e de construção de rodovias, mas 
também a aplicação para outros setores potencialmente degradadores. 
➢ Lei Federal n. 9.605, de fevereiro de 1998 – Essa lei é conhecida como a lei dos 
crimes ambientais, pois dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas 
e atividades lesivas ao meio ambiente. Segundo essa lei, para aquele que deixar de recuperar 
a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou 
determinação do órgão competente, incidirá pena de detenção e multa. Além disso, esta lei 
prevê penalidades como prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, 
suspensão parcial ou total de atividades, prestação pecuniária e recolhimento domiciliar. A partir 
dessa lei, também foi criado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que é formalizado pelo 
órgão ambiental por meio do Ministério Público, com o cumprimento das obrigações estipuladas 
no TAC, traduzidas muitas vezes em ações de recuperação de áreas degradadas, o infrator pode 
conseguir uma redução de até 90% do valor da multa ambiental aplicada, explica Almeida (2016).
➢ Lei No 9.985, de 18 de julho de 2000 - institui o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza. Nessa importante lei, são estabelecidas as tipologias de Unidades de 
Conservação no país, bem como são diferencia os termos restauração, recuperação e reabilitação. 
➢ Resolução CONAMA n. 420/2009 - Dispõe sobre critérios e valores orientadores 
de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para 
o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência 
de atividades antrópicas. Essa resolução é um marco importante para recuperação de áreas 
contaminadas.
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➢ Instrução normativa n. 4, de 13 de abril de 2011 - esta instrução estabelece 
procedimentos para elaboração de Projeto de Recuperação de Área Degradada - PRAD. Essa 
instrução normativa orienta a elaboração do PRAD para apresentação aos órgãos federais. Esta 
instrução traz como anexos Termos de Referência e diferencia os tipos de PRAD (PRAD e PRAD 
simplificado), solicitados de acordo com cada caso na norma. A instrução estabelece que o PRAD 
deve conter informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que possibilitem a avaliação da 
degradação e a definição de medidas apropriadas para a recuperação da área. 
➢ Lei Federal n. 12.651/12 – Novo Código Florestal - o novo Código Florestal prevê 
a recomposição gradual das áreas de reserva legal e recuperação das áreas de preservação 
permanente em diferentes faixas, dependendo do tamanho dos imóveis rurais (ALMEIDA, 
2016). As áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal, que não possuírem mais 
sua vegetação natural, são consideradas degradadas, e assim, necessitam legalmente de serem 
recuperadas (ALMEIDA, 2016). Além disso, o código prevê a responsabilidade comum de União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de 
políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e 
sociais nas áreas urbanas e rurais, assim como a inovação para o uso sustentável e a recuperação, 
além de criação e mobilização de incentivos jurídicos e econômicos para fomentar a preservação 
e a recuperação da vegetação nativa (ALMEIDA, 2016). O código também estabeleceu outras 
ferramentas importante, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), obrigatório à todos os produtores 
rurais e o Programa de Regularização Ambiental (PRA), que possibilitam a demarcação de 
áreas para recuperação e conservação ambiental dentro da área da propriedade.
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 20
1 - ELABORAÇÃO DO PRAD ..................................................................................................................................... 21
1.1. ROTEIRO BÁSICO PARA A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE RECUPERAÇÃO ............................................... 21
2 - TÉCNICAS DE BIOENGENHARIA USADAS EM RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ........................ 23
2.1. CONTENÇÃO DE TALUDES E ENCOSTAS ........................................................................................................ 24
2.2. TÉCNICAS DE CONTENÇÃO DE VOÇOROCAS .............................................................................................. 29
2.3. IMPORTÂNCIA DA VEGETAÇÃO NA ESTABILIDADE DE ENCOSTAS E CONTROLE DE VOÇOROCAS ...... 36
PROJETOS DE RECUPERAÇÃO DE 
ÁREAS DEGRADADAS
PROF.A MA. RENATA RUARO
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DISCIPLINA:
AVALIAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE 
ÁREAS DEGRADADAS 
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INTRODUÇÃO
Nessa unidade, aprenderemos sobre as principais exigências e etapas para a elaboração 
do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas. Além disso, estudaremos técnicas usadas em 
recuperação de áreas degradadas em áreas urbanas e rurais, especialmente técnicas mecânicas e 
de bioengenharia empregadas na estabilização de encostas e contenção de voçorocas.
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1 - ELABORAÇÃO DO PRAD
Como vimos na unidade anterior, a elaboração do Plano de Recuperação de Áreas 
Degradadas (PRAD) visa atender às exigências previstas nos instrumentos legais apresentados. 
O PRAD foi inicialmente instituído para a recomposição de áreas degradadas pela atividade de 
mineração, sendo elaborado de acordo com as diretrizes fixadas pela NBR 13030, da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas, e outras normas pertinentes. Contudo, atualmente pode ser 
solicitado pelo órgão ambiental para outras atividades degradadoras ou modificadoras do meio 
ambiente, como para a implantação de linhas e redes de transmissão e construção de rodovias, 
por exemplo, ou também para recuperação de áreas agrícolas degradadas, conforme estabelecido 
no novo código florestal (Lei n⁰. 12. 651/2012). 
Segundo Almeida (2016), o PRAD tem como objetivo principal criar um plano 
sistemático, contendo as informações e especificações técnicas organizadas em etapas lógicas, 
para orientar a tecnologia de recuperação ambiental de áreas degradadas ou perturbadas. O 
PRAD deve reunir informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que possibilitem a 
avaliação da degradação ou alteração e a definição de medidas adequadas à recuperação da área, 
coloca IBAMA (2011). Cada PRAD deve ser elaborado de acordo com as características do local 
em que o dano ocorreu. Assim, o PRAD deve levar em conta características bióticas e abióticas 
da área e conhecimentos sobre o tipo de impacto causado. No Projeto deverão ser definidas as 
medidas necessárias à recuperação ou restauração da área degradada, considerando o conjunto 
de métodos, instruções e materiais, necessários para o retorno do sítio degradado à uma 
determinada forma de uso do solo visando à utilização, de acordo com o plano preestabelecido 
para o uso ou capacidade produtiva dos recursos ambientais. O PRAD deverá apresentar 
embasamento teórico que contemple as variáveis ambientais e seu funcionamento similar ao dos 
ecossistemas da região. Assim, ao ser protocolado no órgão ambiental (IBAMA, Órgão Estadual 
de Meio Ambiente ou Órgão Municipal de Meio Ambiente), deve ser acompanhado de estudos e 
outros documentos, que podem variar, dependendo do órgão responsável por sua avaliação e do 
tipode empreendimento. 
Atualmente existem vários termos de referência (roteiros) para a elaboração do PRAD, 
pois vários Estados disponibilizam diferentes termos de acordo com normas estaduais. Ao 
nível federal, existe uma Instrução Normativa nº 4/2011 do IBAMA que estabelece exigências 
mínimas e orientações para nortear a elaboração do PRAD. Essa normativa traz, ainda, na forma 
de anexos, Termos de Referência para estruturar o PRAD e PRAD Simplificado (aplicado em 
casos em que recuperação área é menos complexa).
1.1. Roteiro básico para a elaboração do projeto de 
recuperação 
Para a caracterização geral dos procedimentos e métodos para elaboração de PRAD 
utilizaremos como base a Instrução Normativa nº 4/2011. Assim, veremos as informações 
mínimas gerais que um PRAD deve conter.
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Na parte introdutória, são apresentados os objetivo do Projeto de recuperação, bem 
como a as metas, justificativa e caracterização da(s) área(s) a ser(em) recuperada(s). Para cada 
tipo de área degradada envolvida no projeto deve-se especificar e quantificar as áreas a serem 
recuperadas (ALMEIDA, 2016). Além disso, devem ser apresentadas informações gerais sobre a 
equipe responsável pelo projeto empreendimento, caracterização da área e objetivos do projeto, 
conforme descrito a seguir:
➢ Equipe responsável: Nome; CPF; formação profissional; número do registro no 
conselho profissional, Cadastro Técnico Federal do IBAMA, Anotação de Responsabilidade 
Técnica (ART), endereço e telefone.
➢ Empreendimento: Denominação (nome da propriedade e do proprietário); endereço; 
telefone, Área (ha); Atividades econômicas desenvolvidas, área degradada, atividade e 
substância retirada, responsável técnico pela atividade degradadora; relação de todas as licenças 
ambientais existentes no empreendimento e respectivos condicionantes. Roteiro de acesso ao 
empreendimento, além de croqui ou mapa com localização das estradas de acesso, e demarcação 
das áreas a serem exploradas ou degradadas.
➢ Caracterização da degradação: Nesse item deve-se identificar a área degradada ou 
alterada e informar se a área engloba Área de Reserva Legal e/ou Área de Preservação Permanente. 
Além disso, devem ser descritos os processos causadores de degradação, destacando as causas 
(Exemplos: pecuária, mineração e obras civis) e atividades causadoras de impactos (Exemplos: 
extração mineral de argila e alteração de curso d’água). Por fim, devem ser elencados os efeitos 
causados ao ambiente (Exemplos: perda de biodiversidade; alteração dos corpos hídricos; 
processos erosivos).
➢ Caracterização Ambiental da área: nesse item devem-se apresentar informações sobre 
os diagnósticos ambientais, contendo informações sobre: i) Meio físico caracterizar o relevo na 
propriedade, tipo de solo, erodibilidade, textura e estrutura, a sub-bacia e bacia hidrográfica nas 
quais está inserida a área (Citar todos os cursos d’água, nascentes e áreas úmidas existentes), 
classificação climática, precipitação média anual, período chuvoso e período seco, déficit hídrico, 
temperatura média anual, temperatura máxima e mínima; ii) Meio biótico: informar as espécies 
de fauna e flora (nome vulgar, científico e família) que ocorrem na área e no entorno; Informar 
as regiões fitoecológicas dominantes na região (espaço definido por uma florística de gêneros 
típicos e de formas biológicas características ex: Floresta Ombrófila Mista), e as espécies (nome 
comum, nome científico e família) que ocorrem na propriedade, destacando as áreas do projeto, 
Preservação Permanente, remanescente e Reserva Legal. Para a caracterização ambiental podem 
ser utilizados dados secundários e dados primários. Os dados secundários correspondem às 
informações já disponíveis, como informações sobre relevo, bacias hidrográficas e clima. Já os 
dados primários correspondem às informações levantadas no projeto, como análises físico-
químicas da água e do solo e inventário de espécies.
➢ Caracterização da Área a Ser Recuperada: descrever a situação original imediatamente 
antes da degradação ou alteração, ou ecossistema de referência e a situação atual, após a 
degradação, descrevendo alterações em componentes como relevo, solo e subsolo, hidrografia e 
cobertura vegetal.
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➢ Medidas de recuperação: informar os métodos e técnicas de recuperação da área 
degradada que serão utilizados, sendo que os mesmos deverão ser justificados, detalhando-se a 
relação com o diagnóstico e com o objetivo da recuperação da área degradada. Além disso, no 
PRAD deverá constar o Cronograma de execução das atividades, bem como informações sobre 
a manutenção das medidas de recuperação e programa de monitoramento da recuperação. Esse 
último é realizado para avaliar a efetividade das medidas implementadas, bem como para identificar 
a necessidade de medidas complementares. Para isso são adotadas variáveis indicadoras, como 
variáveis de qualidade do solo (Exemplos: matéria orgânica, condutividade elétrica da solução do 
solo, estrutura e densidade do solo); variáveis de qualidade da água (Exemplos: concentração de 
metais pesados, demanda bioquímica de oxigênio e pH), e variáveis bióticas (Exemplos: Riqueza 
de espécies, Abundância e frequência de espécies vegetais). 
Uma vez que o PRAD é protocolado no órgão ambiental, ele será avaliado pelos analistas 
ambientais, os quais podem propor alterações para a melhoria do programa de recuperação. Essas 
recomendações, geralmente, são elencadas em um parecer técnico emitido pelo órgão ambiental.
2 - TÉCNICAS DE BIOENGENHARIA USADAS EM 
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
A partir de agora aprenderemos sobre as principais estratégias utilizadas em programas 
de recuperação de áreas degradadas. Nessa unidade, veremos métodos físicos e as técnicas de 
bioengenharia empregadas na recuperação de áreas degradadas, especialmente para controle da 
erosão, estabilização de encostas (taludes) e contenção de voçorocas.
Para entendermos melhor e visualizar um exemplo de PRAD, sugerimos a leitura 
de um modelo de PRAD, considerando a elaboração, execução e monitoramento 
de áreas degradadas para implantação de linhas e redes de distribuição, veja a 
referência: 
Cemig Distribuição S.A. Programa de recuperação de áreas degradadas – PRAD 
para implantação de linhas e redes de distribuição: Modelo para elaboração, exe-
cução e monitoramento. 2013.
Disponível em: <ftp://ftp.cemig.com.br/licitaserv/530-H08657-ANEXOS%20E1/
CD%20MS-CS/Documenta%E7%E3o/Documenta%E7%E3o%20T%E9cnica%20
-%20Padr%E3o/PRAD%20para%20implanta%E7%E3o%20de%20linhas%20e%20
redes%20de%20distribui%E7%E3o%20%20Modelo_PRAD_v06.pdf>
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2.1. Contenção de taludes e encostas
Todas as encostas podem sofrer com a erosão do solo e com movimentos de massa 
(deslizamentos, desmoronamentos), expõe Araújo (2010), pois apresentam elevada declividade, 
o que também dificulta a recuperação, segundo Martins (2009). Em geral, podem ser encontrados 
três tipos de taludes, os taludes rodoviários e de mineração, e as encostas urbanas. Assim, cada 
tipo de talude pode representar uma situação especifica de degradação, propõe Martins (2009). 
Os taludes de corte são taludes naturais com algum tipo de escavação, enquanto que os taludes 
artificiais são aqueles construídos artificialmente, como nos aterros sanitários.
É importante destacar que taludes naturais como as encostas de morros em áreas 
urbanas quando apresentam declividade superior a 45° são considerados Áreas de Preservação 
Permanente (APP), assim muitos deslizamentos e desmoronamentos ocorrem em virtude da 
ocupação inadequada e não atendimento à legislação ambiental. Por isso, a vegetaçãodo solo 
deve ser mantida para evitar que deslizamentos e desmoronamentos ocorram. Um caso marcante 
no Brasil foi a tragédia provocada pelo deslizamento de terra no Morro do Bumba em Niterói-RJ 
ocorrida em 2010 em uma região que abrigava um antigo lixão no município.
Figura 11 - Deslizamento de terra no Morro do Bumba. Fonte: Gazeta do Povo (2010).
Segundo Araújo (2010), alguns princípios devem ser observados para o controle da 
erosão, dentre eles destaca-se: 1) o controle da velocidade do escoamento superficial ou 2) 
desvio desse escoamento de áreas íngremes e desprotegidas por meio da construção de drenos 
de interceptação; 3) proteção com cobertura vegetal viva ou morta; 4) Construção de bacias de 
sedimentação para que o solo erodido seja carregado pela enxurrada, e 5) a adoção de medidas 
de controle da erosão serão menos complexas se adotadas o mais cedo possível. 
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A maioria das estratégias utilizadas para contenção de encostas consiste em técnicas de 
bioengenharia, que em envolvem processos mecânicos associados à revegetação. Além disso, 
em muitos casos se faz necessário a recomposição topográfica, conhecida como sistematização 
(Figura 2), que envolve obras de engenharia civil para tornar o talude mais estável, cita Martins 
(2009). Essas obras são necessárias para tornar o talude adequado para receber a cobertura de 
vegetação, bem como para proteger da erosão, coloca Araújo (2010). Segundo Martins (2009), 
a sistematização engloba a definição do ângulo de inclinação do talude, a largura das bermas, a 
implantação de drenos para captação e drenagem da água da chuva.
Figura 12 - Sistematização de talude. Fonte: Martins (2009).
De acordo com Araújo (2010), os métodos de proteção das encostas e controle da erosão 
são classificados em três grupos: 1) Construções inertes (Emprego de estruturas inertes ou 
sistemas mecânicos); 2) Construções vivas (Plantio vegetal); e 3) Construções mistas (Associa 
técnicas de bioengenharia com plantio de vegetais).
As construções inertes são amplamente empregadas, considerando a disponibilidade, 
facilidade de instalação, existência de padrões e aceitação das técnicas pelos engenheiros 
projetistas, expõe Araújo (2010), pois é esperado que os materiais inertes, como o aço e o 
concreto, possuem propriedades previsíveis e invariáveis, além de que demoram muito tempo 
para se degradar. Existem várias estruturas inertes de contenção, com diferentes configurações, 
dentre as quais é possível destacar: 
➢ Muros: de arrimo (Figura 4)., de bloco articulado, de pedra, de saco solo-cimento, etc. 
Essas estruturas são empregadas para evitar movimentos de massas nas encostas. No Brasil, é 
comum também a construção de muro de solo-pneu, o qual é feito com pneus descartados. A 
utilização de pneus usados em obras geotécnicas apresenta-se como uma solução que combina 
a elevada resistência mecânica do material com o baixo custo, comparativamente aos materiais 
convencionais. Os muros para contenção de encostas são muito comuns em encostas rodoviárias.
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➢ Gabiões: são constituídos de gaiolas metálicas preenchidas com pedras (Figura 4). A 
vantagem dessa estrutura é que a rede metálica apresenta resistência mecânica elevada. 
Figura 13 - Estruturas de contenção: muros de arrimo e gabiões. Fonte: a autora.
➢ Estruturas de contenção com solo reforçado com geossintéticos: são estruturas 
sintéticas ou naturais, que possuem funções de reforço, filtração, drenagem, proteção, separação, 
controle de fluxo e controle de erosão superficial. As geogrelhas são bons exemplos dessa técnica 
(Figura 5), pois as grelhas reforçam o solo e dificultam a erosão.
Figura 15 - Aplicação de geogrelhas. Fonte: Roma (2013).
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➢ Crib walls: são estruturas formadas por elementos pré-moldados de concreto armado, 
madeira ou aço, que são montados em forma de fogueiras justapostas e interligadas. O espaço 
interno é preenchido com material granular resistente.
Figura 16 - Crib walls. Fonte: Portal Virtuhab (s.d.).
→ Cobertura do solo: consiste na adição de uma camada de cobertura morta, que pode 
ser de material artificial, conhecida como mulche, fabricada a partir de material sintético como 
fibra de vidro. Ou pode ser uma cobertura natural, conhecidas como biomantas, como fibra de 
coco. As mantas naturais são vantajosas porque são biodegradáveis e podem ser incorporadas 
ao solo do talude, enquanto que as sintéticas não são biodegradáveis, porém possuem vida útil 
superior, afirma Martins (2009).
Figura 17 - Aplicação de biomanta. Fonte: Projar (s.d.).
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As construções vivas usam o plantio de vegetais para controlar a erosão (Figura 8), pois a 
vegetação aumenta a resistência do solo à erosão. Vários tipos de vegetação herbácea e gramínea 
são utilizados nessa técnica, que pode ser por meio de estaquia, transplantio, tapetes de grama ou 
semeadura direta, comenta Araújo (2010). Segundo Martins (2009), alguns aspectos devem ser 
considerados nessa técnica, como o tipo de talude, inclinação do talude, localização do talude, 
clima da região, disponibilidade de sementes e mudas, e recursos financeiros disponíveis. Além 
disso, uma questão crucial é a escolha das espécies. Por isso, devem-se considerar as exigências 
ambientais das espécies, a fragilidade da espécie em relação ao vento e declividade, o sistema 
radicular da espécie (o ideal é que as raízes sejam profundas e vigoras, dependendo da situação), a 
associação com microrganismos fixadores de nitrogênio (importante para a nutrição do vegetal) 
e tempo de crescimento e cobertura do solo, cita Martins (2009). 
É importante sempre dar prioridade para o uso de espécies nativas da região (ARAÚJO 
et al., 2010).
Figura 18 - Revegetação de talude. Fonte: Diprotec (s.d.).
Por fim, as construções mistas empregam ao em mesmo tempo construções inertes e 
vivas, como é possível observar na figura 9, em que o plantio de espécies é associado com a 
colocação de biomanta.
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Figura 19 - Construção mista. Fonte: Sistema Vetiver (2012).
2.2. Técnicas de contenção de voçorocas 
 
Veremos agora medidas para prevenção da erosão e controle de voçorocas que podem 
ser aplicadas na recuperação de áreas urbanas e rurais. Visto que o problema da erosão não é 
restrito à áreas agrícolas, pois elas podem ser originadas por uma série de fatores como a retirada 
da vegetação, canalização e desvio inadequado das água pluviais nas estradas, construção de 
barragens e açudes, explica Campeche (2008). De acordo com Martins (2009), quando a erosão 
atinge o estágio de voçoroca o seu controle é difícil e oneroso, e muitas situações exigem 
intervenções com obras de engenharia, por isso, para evitar a erosão, o ideal é que sejam adotadas 
práticas conservacionistas no uso de solos agrícolas ou urbanos. 
As estratégias de recuperação são diferentes para as diferentes categorias de solos 
degradados. 
A primeira medida conservacionista consiste em atender a legislação sobre APPs e 
manter a vegetação em encostas íngremes, pois essas áreas são mais susceptíveis à erosão, e a 
cobertura florestal nessas áreas reduz a formação de enxurradas, aumenta a infiltração de água no 
solo e reduz o impacto das gotas de chuva, protegendo o solo da erosão (MARTINS, 2009). Além 
disso, a conservação da vegetação ciliar é importante também para proteção dos corpos hídricos 
e para evitar o assoreamento (acúmulode detritos ou partículas no leito dos rios). 
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Segundo Martins (2009), as principais medidas conservacionistas envolvem:
➢ Plantio em nível: nesse sistema as linhas de plantas acompanham o nível do terreno 
(Figura 20), e assim, atuam como uma barreira, reduzindo a velocidade da água do escoamento 
superficial e facilitando a infiltração.
➢ Plantio direto: nessa técnica a semente é colocada no solo não revolvido (sem prévia 
aração ou gradagem niveladora), incorporando os restos vegetais de uma cultura para a próxima. 
Essa técnica evita a erosão, pois reduz a exposição do solo aos fatores erosivos e melhora as 
características físicas e químicas do solo.
➢ Terraceamento: É uma das práticas mais eficientes para controlar a erosão de 
terras cultivadas. Os terraços são formados por um canal e um camalhão ou a combinação 
de camalhão e canal, construídos em nível em intervalos entre linhas da cultura plantada. Os 
terraços de infiltração interceptam a enxurrada e promovem a infiltração da água no canal do 
terraço, e os terraços de drenagem interceptam a enxurrada e a conduzem para um sistema de 
escoamento que pode ser uma grota vegetada ou um canal escoadouro. O espaçamento entre 
terraços é calculado de acordo com a capacidade de infiltração de água no solo, a resistência que 
o solo oferece à erosão e o uso e manejo do solo.
Figura 20 - Práticas de conservação do solo: a) plantio em nível; b) plantio direto e c) terraceamen-
to. Fonte: a autora.
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➢ Sistema agroflorestal: Compreendem os cultivos consorciados de espécies arbóreas 
com culturas agrícolas e/ou animais (Figura 21). Consistem em uma boa alternativa para 
agricultura familiar, pois possibilitam a redução nos custos em virtude da redução no uso de 
insumos e agrotóxicos.
Figura 21 - Sistema agroflorestal. Fonte: Aduba o Futuro (2017).
Para a contenção de voçorocas, as técnicas a serem adotadas irão depender das 
características do local e do tamanho da voçoroca. Por isso, o primeiro passo é analisar todo 
o entorno da área e identificar os fatores que geraram a voçoroca e que mantém o processo 
erosivo. Dependendo do tamanho da voçoroca e da relação custo benefício, pode-se optar pela 
recuperação total ou estabilização da área, com possibilidade de usá-la para outras finalidades 
como canal escoadouro vegetado para descarga da enxurrada de terraços, habitat para a fauna, 
área reflorestada, pastagem ou, até mesmo, ser reincorporada ao processo agrícola produtivo, 
explica Campeche (2008).
Para saber mais sobre as medidas de conservação do solo empregadas para evi-
tar a erosão sugerimos o vídeo descrito a seguir: 
Técnicas de conservação do solo e da água - Dia de Campo na TV
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Hot1ErGiOho>.
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Segundo Campeche (2008), independente do processo de formação das voçorocas, alguns 
procedimentos básicos deverão ser utilizados: 
➢ Isolamento da área de contribuição da formação da voçoroca: Esse procedimento 
objetiva eliminar os fatores que estejam influenciando e contribuindo para a concentração da 
água na área de contribuição (bacia de captação), e no interior da voçoroca, e interromper seu 
crescimento. Por isso, deve-se: evitar o entrada de animais; o tráfego de máquinas e veículos nas 
áreas adjacentes; a atividade agrícola sem práticas conservacionistas no entorno da voçoroca; 
atividades extrativistas, a alocação inadequada de estradas e caminhos que direcionam a 
enxurrada para a voçoroca, coloca Campeche (2008).
➢ Controle da erosão em toda a bacia de captação de água da voçoroca: objetiva 
executar práticas mecânicas e vegetativas a montante e nas laterais da voçoroca, a fim de desviar 
a água que cai em seu interior. Isto pode ser conseguido com sistemas de terraceamento, bacias 
de captação de água (Figura 22), plantio em nível, cobertura vegetal com espécies herbáceas, 
arbustivas e arbóreas, instalação de paliçadas de bambu e sacos de terra e, também, a implantação 
de cordões vegetados, cita Campeche (2008).
Figura 22 - Bacia de captação da água da chuva. Fonte: Campeche (2008).
Além disso, aberturas de canais de contorno à montante do início da voçoroca (Figura 
23) podem ser construídas para desviar a água da chuva, propõe Martins (2009).
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Figura 23 - Canal de contorno para desvio da água da chuva. Fonte: Martins (2009).
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➢ Drenagem da água subterrânea: quando a voçoroca atinge o lençol freático aparece 
uma mina de água subterrânea a qual deve ser captada e conduzida para fora da voçoroca até um 
leito de drenagem estável, para que o processo erosivo seja controlado, expõe Campeche (2008). 
Isso pode ser feito com dreno de pedra ou feixes de bambu. 
➢ Suavização dos taludes da voçoroca: muitas vezes, a suavização é necessária porque 
os taludes da voçoroca são muito íngremes para a implantação da vegetação protetora do solo, 
indica Campeche (2008). Isso pode ser realizado paredes utilizando-se paliçadas de bambu, por 
exemplo (Figura 24).
Figura 22 - Suavização dos taludes da voçoroca. Fonte: Campeche (2008). 
➢ Construção de barreiras artificiais e/ou naturais no interior das voçorocas: Essas 
barreiras funcionam como pequenas barragens para retenção de sedimentos que são carregados 
pelo escoamento superficial. Assim, elas evitam a erosão no interior da voçoroca, comenta 
Campeche (2008). Essas barreiras podem ser construídas ao longo da área da voçoroca (Figura 
23), e podem ser feitas de bambu (Figura 25), pedras, sacos de terra, madeira, galhos e troncos 
de árvores, entulhos, dentro outros materiais e geralmente são indicadas em estágios erosivos 
avançados.
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Figura 23 - Controle de erosão na bacia de capitação. Fonte: Campeche (2008). 
Figura 25 - Paliçadas de bambu utilizadas como barreiras de contenção. Fonte: Campeche (2008).
➢ Vegetação da voçoroca e área de contribuição: A seleção das espécies vegetais a serem 
utilizadas na vegetação das voçorocas e de sua área de contribuição vai depender das dimensões 
(largura e profundidade) da voçoroca e da viabilidade econômica de uso futuro da área para fins 
agrícolas ou civis, mostra Campeche (2008). É importante observar as espécies que ocorrem 
naturalmente na região e que conseguem se regenerar rapidamente na área degradada, explica 
Martins (2009).
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Assim, nas áreas onde as voçorocas apresentam dimensões que não comportem o seu 
fechamento com movimentação de terra, as espécies selecionadas devem apresentar crescimento 
rápido, possuir sistema radicular abundante, serem rústicas (adaptadas a condições de pequena 
fertilidade) e proporcionarem boa cobertura do solo, segundo Campeche (2008). Além disso, 
o plantio de leguminosas é importante porque essas espécies possuem capacidade natural de 
fixação biológica de nitrogênio, por meio da simbiose com bactérias do gênero Rhizobium e 
da associação com fungos micorrízicos, o que aumenta a eficiência na absorção de nutrientes, 
explica Campeche (2008). Por toda a área da voçoroca é recomendada a semeadura a lanço 
e/ou em pequenas covas de coquetéis de sementes de leguminosas herbáceas e arbustivas, 
conforme Martins (2009).Além disso, é recomendado o plantio de leguminosas de baixo porte 
e de crescimento rasteiro, pois essas espécies promovem, além da fixação do nitrogênio, rápida 
cobertura do solo, incorporação e manutenção de matéria orgânica, fatores que protegem o solo 
da erosão e melhoram sua fertilidade, cita Martins (2009). Em geral, a diversidade de espécies 
arbóreas que colonizam voçorocas é baixa, contudo, as espécies que conseguirem se estabelecer 
podem ser utilizadas na revegetação dessas áreas, uma vez que conseguiram crescer e, solo 
degradado, afirma Martins (2009). Para saber mais sobre controle e recuperação de voçorocas 
recomenda-se dois vídeos com exemplos práticas das técnicas estudadas.
As práticas mecânicas e edáficas descritas anteriormente ajudam a combater apenas o 
escoamento superficial, um dos fatores que causam a erosão e o surgimento de voçorocas. Outro 
fator importante é o impacto da gota da chuva na superfície do solo, que provoca a desagregação 
das partículas do solo, o carregamento de sedimentos pela enxurrada e a abertura de sulcos 
que irão originar as voçorocas, cita Campeche (2008). Por isso, é fundamental que o solo esteja 
protegido com algum tipo de cobertura vegetal. 
De acordo com Campeche (2008) para que o controle da voçoroca seja bem-sucedido, 
é preciso o monitoramento constante das estruturas construídas (paliçadas, terraços, cordões 
vegetados, etc). Além disso, é importante a realização de vistorias após chuvas fortes, a fim de 
avaliar possíveis danos e implementar reparos para a conservação das estruturas.
2.3. Importância da vegetação na estabilidade de encostas 
e controle de voçorocas 
A vegetação possui valiosa importância para a recuperação de áreas degradadas, tanto 
que separamos o final dessa unidade para discutirmos essa importância para a estabilidade das 
encostas e controle de voçorocas. A remoção da vegetação da encosta pode resultar no aumento 
das taxas de erosão aumentando os riscos de deslizamentos. Além disso, em áreas rurais a retirada 
da vegetação é associada com a ocorrência de voçorocas.
Como conter a evolução de voçorocas no meio rural - Dia de Campo na TV
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nN0Ido7z0vs>.
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As margens de rios e outros cursos d’ água também estão sujeitas à erosão e atrito pelo fluxo 
d água. Por isso, os processos erosivos são um dos principais fatores causadores de assoreamento 
de corpos hídricos. A força erosiva aumenta com a velocidade da água e a vegetação da encosta 
pode ajudar a reduzir a erosão (ARAÚJO, 2010). Assim, a vegetação ciliar consiste em zona 
‘tampão’ para retenção dos sedimentos carregados pelo escoamento superficial.
A parte aérea da vegetação e seus resíduos em decomposição protegem o solo de processos 
de mobilização e carreamento das partículas do solo, pela ação dos agentes erosivos, como vento 
e a água, salienta Couto (2010). Assim, a cobertura do solo com grama ou vegetação herbácea 
oferece melhor proteção contra a erosão laminar e contra a ação do vento.
Segundo Araújo (2010), a vegetação atua na proteção do solo por meio dos mecanismos 
de:
➢ Interceptação: as folhagens e resíduos vegetais absorvem a energia da chuva e impedem 
o destacamento do solo pelo impacto das gotas de chuva. 
➢ Contenção: o sistema radicular contém fisicamente as partículas do solo, enquanto as 
partes acima da superfície filtram os sedimentos do escoamento superficial. 
➢ Retardamento: os caules e as folhagens aumentam a rugosidade da superfície e reduzem 
a velocidade do escoamento superficial. 
➢ Infiltração: as plantas e seus resíduos ajudam a conservar a porosidade e permeabilidade 
do solo, atrasando ou impedindo o início do escoamento superficial.
Assim, a manutenção ou plantio vegetal, especialmente de espécies arbóreas apresenta 
diversos benefícios como: i) reforço do sistema radicular: pois as raízes reforçam o solo 
mecanicamente; ii) redução da umidade do solo: a evapotranspiração e a interceptação na 
folhagem podem ajudar a reduzir a elevada umidade no solo; iii) suporte e arqueamento: os 
caules ancorados e incrustados podem agir como suporte, reduzindo as forças de arraste das 
partícula; e iv) Sobrecarga: o peso da vegetação pode, em certos casos, aumentar a estabilidade, 
conforme Araújo (2010). 
Contudo, a vegetação arbórea também pode gerar prejuízos, pois apresentam risco de 
queda. Assim, recomenda-se o uso de estratégias de posicionamento adequado (Figura 25) de 
plantio de espécies arbóreas para recuperação e contenção de encostas, a fim de minimizar 
o risco de queda de árvores. Em geral, essas estratégias englobam medidas de plantio de 
arbóreas na base das encostas e plantio de arbustos e espécies de menor porte na região mais 
alta da encosta, cita Araújo (2010).
Figura 25 - Ilustração esquemática de estratégia de posicionamento de plantio em encosta. Fonte: Araújo 
(2010).
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Para finalizarmos essa unidade, é importante lembrar que entender processos, fatores e 
as causas da degradação do ambiente são requisitos básicos para um programa de recuperação 
bem sucedido. Inicialmente é preciso estabelecer uma relação causa-efeito, porque a eliminação 
dos fatores que originaram a degradação pode reverter a tendência de degradação e acionar os 
processos de recuperação. Além disso, as alternativas e soluções devem ser pensadas a partir 
do diagnóstico da área degradada e a partir do tipo de degradação. Vale ressaltar ainda, que o 
que vimos nessa unidade são exemplos de medidas que podem ser aplicadas em programas de 
recuperação, contudo, cada caso de degradação é único, e as alternativas de recuperação devem 
ser escolhidas levando-se em consideração os fatores geradores da degradação, as características 
do local e os recursos disponíveis para a implementação do programa. 
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 40
1 - SUCESSÃO ECOLÓGICA E REGENERAÇÃO NATURAL ..................................................................................... 41
1.1. ORIENTAÇÕES PARA REGENERAÇÃO NATURAL ............................................................................................45
1.2. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE ESPÉCIES PARA A RESTAURAÇÃO FLORESTAL ...................................... 46
2 - MODELOS SUCESSIONAIS ................................................................................................................................ 47
3 - MODELOS DE NUCLEAÇÃO .............................................................................................................................. 51
3.1. PLANTIOS DE MUDAS EM ILHAS DE ALTA DIVERSIDADE ............................................................................ 51
3.2. TRANSPOSIÇÃO DE GALHADA ........................................................................................................................ 52
3.3. TRANSPOSIÇÃO DE SOLO E BANDO DE SEMENTES DO SOLO ................................................................... 53
3.4. TRANSPOSIÇÃO DE CHUVA DE SEMENTES ................................................................................................. 53
3.5. UTILIZAÇÃO DE POLEIROS NATURAIS E ARTIFICIAIS ................................................................................ 54
3.6. MONITORAMENTO DO PROGRAMA DE RESTAURAÇÃO ............................................................................. 55
TÉCNICAS DE RESTAURAÇÃO 
FLORESTAL
PROF.A MA. RENATA RUARO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
AVALIAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE 
ÁREAS DEGRADADAS 
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INTRODUÇÃO
Nessa unidade, aprenderemos sobre as estratégias utilizadas para a restauração 
de ecossistemas degradados, assim, abordaremos diversos conhecimentos relacionados à 
reconstituição da estrutura do ecossistema e da dinâmica das espécies, especialmente no que se 
refere à sucessão ecológica e estrutura do ecossistema. Além disso, veremos algumas técnicas e 
modelos de restauração e nucleação, bem como critérios para a seleção de espécies vegetais. 
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1 - SUCESSÃO ECOLÓGICA E REGENERAÇÃO NATURAL
As comunidades em um dado ambiente existem num estado de fluxo contínuo, 
organismos morrem e outros nascem para tomar seus lugares; e a energia e os nutrientes fluem 
por meio da comunidade, segundo Ricklefs (2010). Entretanto, quando um habitat é perturbado, 
como uma floresta desmatada ou uma área de cerrado queimada, a comunidade pode lentamente 
se reconstituir. Isso ocorre porque após um distúrbio, espécies pioneiras adaptadas à habitats 
perturbados iniciam a colonização da área perturbada, coloca Ricklefs (2010). Essas espécies 
pioneiras induzem modificações no ambiente, as quais criam condições adequadas de microclima 
e solo para estabelecimento de outras espécies vegetais, as espécies secundárias, explica Almeida 
(2016). Essas modificações incluem, por exemplo, o sombreamento da superfície da terra, 
geração de detritos orgânicos para enriquecimento do solo e alteração no conteúdo de umidade 
do solo, cita Ricklefs (2010). Estas mudanças tornam o ambiente mais adequado para as espécies 
secundárias, que necessitam de menos luz e melhores condições de solo, comenta Almeida 
(2016).
A sequência de mudanças iniciadas pela perturbação é chamada de sucessão, e a 
associação de espécies atingida em último estágio é chamada de uma comunidade de clímax, 
mostra Ricklefs (2010). A sucessão primária é o estabelecimento e o desenvolvimento de 
comunidades em habitats recentemente formados ou destituídos de vida (por exemplo, dunas 
de areia e fluxos de lava). A regeneração de uma comunidade após uma perturbação é chamada 
de sucessão secundária, explica Ricklefs (2010). Quando uma floresta sofre um distúrbio, como 
uma queimada ou abertura de uma clareira, a sucessão secundária promove a colonização da área 
aberta e perturbada e conduz um aumento da complexidade estrutural e funcional do ecossistema, 
para uma comunidade estável (clímax), por meio da substituição de espécies ao longo do tempo 
e modificações nas condições ecológicas do local, expõe Martins (2009). Assim, quando falamos 
em restauração florestal estamos nos referindo a sucessão secundária. 
Como já citado, no processo de sucessão existe uma modificação na composição das 
espécies vegetais ao longo do tempo (Figura 26). Segundo Balieiro e Tavares (2008), o processo 
sucessional pode ser divido em 3 fases: 1) fase de clareira: a recomposição florestal é iniciada, 
há predominância de indivíduos jovens (plântulas e mudas) germinadas de bancos preexistentes 
no solo, e ou que chegaram a clareira; 2) fase de edificação: abrange a ocorrência de espécies 
vegetais finas e extremamente altas, em intenso crescimento vertical, dado a competição por luz; 
e 3) fase madura: nessa fase a maioria dos indivíduos chega a fase reprodutiva, a biomassa tente 
a se estabilizar na capacidade produtiva do ecossistema alcançado equilíbrio dinâmico. Nessa 
fase, há predomínio do crescimento em diâmetro das espécies, com expansão lateral das copas 
das árvores. A velocidade com que a floresta irá se reconstituir é inversamente proporcional ao 
tamanho e intensidade do dano a ela associado e diretamente relacionada ao seu potencial de 
regeneração, revela Balieiro e Tavares (2008).
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Figura 26 - Sucessão ecológica. Fonte: Toda Matéria (s.d.).
As espécies vegetais pioneiras, secundárias e clímax possuem diversas características 
distintas e o conhecimento dessas características é fundamental para o delineamento de um 
programa de restauração florestal. Essas diferenças nas características das espécies serão descritas 
a seguir, de acordo com Almeida (2016):
1) Espécies pioneiras
➢ Ocorrem em clareiras, bordas de fragmentos florestais, locais abertos e áreas degradadas;
➢ Possuem capacidade de adaptação em ambientes variados, não apresentam muitas 
exigências em relação aos nutrientes do solo, e possuem alta tolerância à luz e intolerantes à 
sombra;
➢ Apresentam pequeno ciclo de vida (10-20 anos) e rápido crescimento vegetativo;
➢ Apresentam floração e frutificação precoce (algumas espécies chegam a florescer ainda 
na fase de viveiro, 6 meses após semeio);
➢ As sementes em geral pequenas, produzidas em grandes quantidades;
➢ Conservação do poder germinativo das sementes por longos períodos - permanece no 
banco de sementes do solo;
➢ Frutos e folhas atrativas para animais silvestres;
➢ Dispersão de sementes por agentes generalistas;
➢ Sistemas radiculares de absorção mais desenvolvidos;
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ENSINO A DISTÂNCIA
➢ Elevada plasticidade fenotípica;
➢ Grande dispersão geográfica;
➢ Madeira clara e de baixa densidade;
Exemplos: Schinus terebinthifolius (Aroeira-mansa) e Vismia spp. (Maria Preta), Miconia 
spp. (Jacatirão, Quaresminha).
2) Secundárias Iniciais
➢ Ocorrem em locais totalmente abertos e semiabertos e clareiras na floresta. Essas 
espécies aceitam somente o sombreamento parcial;
➢ Tamanho das espécies varia entre 12-20 metros. 
➢ Sementes de tamanho pequeno e médio, e em geral, apresentam algum tipo de 
dormência;
➢ Em boas condições de iluminação da copa produzem boas quantidades de sementes;
➢ Sementes geralmente dispersas por pássaros, morcegos, gravidade e vento.
➢ Coexistem com as pioneiras, nas fases iniciais da sucessão, mas em menor densidade;
➢ Rápido crescimento vegetativo;
➢ Ciclo de vida médio (15-30 anos);
Exemplos: Bauhinia forficata (Pata-de-vaca) Inga spp. (Ingá) e Senna macranthera 
(Fedegoso).
3) Secundárias Tardias
➢ Ocorrem exclusivamente em sub-bosque, em áreas permanentemente sombreadas, 
crescem e completam seu ciclo à sombra. Na fase adulta, ocupam quase sempre os estratos 
superiores da floresta;
➢ Começam a ocorrer em estágios médios de sucessão;
➢ As mudas dessas espécies irão compor o banco de plântulas da floresta;
➢ As árvores deste grupo são normalmente de grande porte;
➢ Ciclo de vida longo;
➢ As sementes são dispersas por vento, gravidade e também por alguns animais; 
➢ Sementes médias e grandes;
Exemplos: Dalbergia nigra (Jacarandá) e Vochysia spp (Pau-de-tucano).
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ENSINO A DISTÂNCIA
4) Espécies Clímax
➢ Regeneram-se e se desenvolvem em plena sombra, sendo típicas de ambiente de floresta 
primária e de estágios avançados de sucessão;
➢ Na fase adulta, em florestas primárias ou em estágios avançados, ocupam os dosséis 
superiores da floresta;
➢ Em geral, as sementes possuem pequena viabilidade e, dificilmente, apresentam algum 
tipo de dormência, germinando logo que caem sobre o solo;
➢ As sementes grandes são dispersas por gravidade, por mamíferos e roedores;
➢ São espécies vegetais com estreita relação com animais polinizadores e dispersores;
➢ Apresentam baixa densidade por área (geralmente são espécies raras);
➢ Em geral, espécies de maior porte;
➢ Ciclo de vida longo muito longo, chegando acima de 100 anos;
➢ Definem a estrutura final da floresta;
➢ Crescimento vegetativo lento, alta densidade da madeira;
➢ Nesse grupo são encontradas espécies arbóreas produtoras de madeiras nobres, de alto 
valor econômico;

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