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22\04\13 Tema da Aula: O MONOPÓLIO ESTATAL DO PETRÓLEO. Fontes: O petróleo como fonte de energia surge na segunda metade do sec. XIX, momento em que surge a Standard Oil, a primeira grande empresa petrolífera. Havia bacias na América Latina, no México e na Argentina, sendo descoberta, posteriormente, pelos ingleses, uma nova baciano Cáucaso (Russia), que gerou disputa entre ingleses e russos. O petróleo no Oriente Médio só foi surgir a partir dos anos 40 do sec. XX, quando ingleses encontram bacias no Ira (British Petrolium). Ainda, conjuntamente com a Holanda, os ingleses encontram petróleo na Indonésia. Os americanos, por sua vez, criaram grandes empresas, as chamadas “gigantes do petróleo”, momento em que se encontrou no México, a época, a maior reserva de petróleo do mundo. A Argentina, na Patagônia, descobriu petróleo em 1907, tendo sido o primeiro país a criar uma estatal (YPF) responsável pela extração de petróleo em território nacional e no mundo, em 1922.Tal modelo passou a ser seguido por vários países mesmo por aqueles que não tinham petróleo, como a França, tendo em vista se tratar de um mineral estratégico e de intima relação com o desenvolvimento. Essa política deu origem aos monopólios (modelo típico de nossa constituição), seja de extração e/ou de distribuição. • A época, quem tinha empresa para explorar o petróleo: EUA; Inglaterra; e Franca (1928). Na União Soviética, Cáucaso, o petróleo é nacionalizado e estatizado, passando a ser uma arma diplomática, vez que vendia o petróleo a comunidade internacional. Historia: No México, com a revolução de 1917, nacionalizou-se o solo e os recursos minerais (incluindo-se o petróleo), o que gerou uma crise com os EUA e Inglaterra (ambos não reconheciam o novo governo mexicano). Em 1938, volta-se a regra que nacionalizou o petróleo, do governo revolucionário (que existe até hoje), vez que, no governo deLazaro Cárdenas, diversas denunciasdemonstraram que as multinacionais,presentes no país, não seguiam a legislação trabalhista. Nesse contexto, foi criada a multinacional PeMex. Os Estados Unidos, ante a situação anterior, em 1938, até começaram a pressionar,no âmbito internacional, a venda de petróleo mexicano, e a Inglaterra, por sua vez, rompeu relações com o México. Todavia, já em 1938, o mundo se encaminhava para a segunda guerra mundial, por isso, os EUA voltam atrás e passam a comprar o petróleo mexicano, fazendo um acordo com México, em que este indenizaria às petrolíferas que foram expulsas em suaves prestações. No que toca à Inglaterra, precisando de petróleo, voltou a comprar o petróleo mexicano, sendo que as petrolíferas inglesas só foram indenizadas ao final da guerra. Na Argentinaa estatal (YPF) será organizada pelo general Enrique Mosconi, pai da política petrolífera da Argentina, que criou um modelo que foi seguido por diversos países. Para poder captar recursos, foram feitos intensos investimentos em refino, o que fez, em poucos anos,com que a estatal argentina fosse uma das maiores empresas do país, concorrendo em pé de igualdade com as petrolíferas norte americanas. Todavia, quando se tentou nacionalizar o petróleo, em 1916, na década seguinte vem o golpe militar argentino que impede a proposta. Já em 1999, Carlos Menem, ante a crise argentina, privatizou a YPF, a qual veio a ser re-estatizada em 2011/2012 pela Cristina Kirchner. No Brasil o subsolo foi nacionalizado em 1934, quando ainda nem havia sido descoberto petróleo em território brasileiro. Em 1938 vem à primeira legislação específica sobre petróleo (dentro do código de minas criou-se um capitulo especifico para opetróleo), em que se declara que o petróleo é de domínio publico, submetido a monopólio da União, não sendo reconhecido nenhum domínio privado sobre elas. • Decreto-lei de1938 –aqui que se acrescenta o capítulo sobre o petróleo no código de minas. Cria-se o Conselho Nacional do Petróleo (CNP). • Conselho Federal de Comercio Exterior: servia para a discussão secreta de políticas que envolviam o petróleo, de forma escondida do Ministério das relações Exteriores, pois Oswaldo Aranha era muito próximo dos EUA.É dissoque decorre o decreto Lei 398\38, que declara ser o abastecimento de petróleo questão de utilidade pública, sendo a competência para tais questões exclusiva da União. A organização da extração do petróleo foi feita em outro decreto. As jazidas de petróleo foram consideradas de domínio indiscutível da União, ficando, na prática, o monopólio em torno do Conselho Nacional de Petróleo. Diante da ausência de petróleo na época, o Brasil, assim como a Argentina, passa a investir em refino, mas se deparou com a falta de estrutura (dado o contexto de guerra, não conseguiu importar maquinário). Ao final do Estado Novo, diante da pressão dos EUA, entram no Brasil duas refinarias privadas (fato que levará ao “Petróleo é nosso”). No governo de Dutra, foi criado o Estatuto do Petróleo, que permitia a exploração pela iniciativa privada. Isso gerou uma grande manifestação popular contra o Estatuto do Petróleo, a qual se misturou com a campanha eleitoral e faz com que Getúlio fosse reeleito.O envio de projeto de criação a Petrobras não foi considerado pela população como suficiente. O projeto falava na criação de uma empresa de economia mista, mas sem mencionar diretamente o monopólio estatal, o que havia na prática. A pressão popular fez com que a própria oposição a Vargas (UDN) defendesse o monopólio estatal do petróleo. Ademais, considerou-se que a uma sociedade de economia mista seria insuficiente para responder aos anseios nacionais – a mudança de discurso da oposição, a qual sempre foi a favor da internacionalização do petróleo, se deu como meio de não desagradar à opinião pública, mas tentando inviabilizar a estrutura de monopólio para depois afirmar a sua inaplicabilidade no contexto brasileiro. A lei 2004\53 foi aprovada instituindo o monopólio estatal do petróleo brasileiro, menos no que concerne à distribuição de combustíveis derivados, ficando vedada a expansão das distribuidoras estrangeiras já existentes no Brasil. Logo após o suicídio de Vargas, a UDN tenta revogar respectiva lei, tendo sido derrotada por maioria escandalosa dentro do Congresso. A Petrobras foi consolidada no governo de JK nos setores de refino, de tal sorte que a capacidade de produção brasileira supera o consumo em pouco tempo. Na carta de 1967, o congresso nacional incluiu um art.que estabelecia que o monopólio estatal do petróleo era da União. Como uma parte das forças armadas era a favor, o então presidente Castelo Branco não se manifestou (no entanto quanto este ascendeu ao poder, reverteu as expropriações de refinarias realizadas no governo de João Goulart). A política de refinarias foi deixada de lado para que fossem feitos investimentos em outras áreas, tais como a petroquímica e a distribuição.Foi criada, assim, a BR distribuidoraem 72, além da expansão para o mercado internacional, chegando-se a descobrir campos de petróleo no Iraque, como ideia de garantir fornecedores, sem haver uma forte preocupação com a autossuficiência. Com a crise de 1973, tal pensamento precisou ser alterado. Tem inicio, então, a exploração na plataforma continental. Em 1973 é descoberta a bacia de Campos. Assim, é desenvolvida uma tecnologia de retirada de petróleo em alto mar. Geisel cria o modelo dos contratos de risco, os quais tinham por ideia a exploração conjunta de petróleo pela Petrobras com empresas estrangeiras, o que era perigoso. Diante da pressão popular, as multinacionais, já não muito interessadas, não foram bem recebidas. Na assembleia constituinte de 87, a ideia de ampliar o monopólio para a distribuição é derrotada por pouco e os contrato de risco foram proibidos de forma expressa. No art. 238da CF o petróleo étratado como tema de utilidade pública eas refinarias que já estavam em funcionamento no país, regulamentadas pelo decreto-lei 2004,ficaram fora do monopólio. Hoje, aparentemente só resta uma. O conselho nacional do petróleo foi extinto em 90. Com a Lei do Petróleo (Lei 9478\97), foi revogada a Lei 2004\53 e foi criada a Agencia Nacional de Petróleo. Em 1997 foi liberalizada a importação de combustíveis. Além disso, FHC propôs a flexibilização do monopólio do petróleo, sob a justificativa de que não era mais estratégico. Essa proposta gerou a EC 9\95, a qual alterou a redação do art. 177 para estabelecer nos seus parágrafos que a União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos. Todavia, a expressão Constituem monopólio da Uniãopermaneceu no texto, mas, mesmo assim, muita gente passou a afirmar que foi instituída no Brasil a livre concorrência no setor petrolífero. Ademais, no parágrafo primeiro foi usado o verbo poderá o que significa que não necessariamente a exploração de petróleo deve se dar em conjunto com a iniciativa privada – o regime de concessões é absolutamente inconstitucional (ver texto do Cleve), pois confere a propriedade do produto da lavra ao concessionário. A constituição colocou o petróleo em art. diverso dos demais recursos minerais justamente para tratá-lo como monopólio da União. Todos os países que têm reservas não usam o modelo de concessão. (aqui se trata dos royalties – recompensa em dinheiro pela exploração de bem mineral. União é competente para instituir, por ser renda originária, a instituição, cobrança e arrecadação, já que ela é a proprietária do bem) (lei da Petrobras diz que 4% vai para os Estados e 1% para os Municípios, em caso de exploração em terra e “offshore”) A união detinha 82 % das ações da Petrobras. FHC as vendeu até o limite de 51%. Houve, portanto, uma privatização branda da empresa, o que gerou complicações para o Brasil no contexto da exploração do pré-sal. Cessão onerosa – o governo se valeu de barris de petróleo para recuperar ações na Petrobras, ficando com 64% das ações. Foi elaborada a lei (...) que criou uma empresa pública para administrar os contratos de extração do Pré-Sal. A lei 12351\10 deu ao regime de exploração do pré-sal o que se entende por partilha de produção, este sim adequado ao regime constitucional, pois o produto da lavra não deixa de ser da união. A lei 9478\97 é visivelmente uma lei anti- Petrobrás, ao passo que a lei 12351\10 é uma lei pró Petrobrás. STF, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, estabeleceu entendimento incorreto.Ao invés de revogar o art. 26 da lei do petróleo, criou um regime esquizofrênico. A grande polêmica desse estudo são os royalties, que correspondem a uma retribuição paga pelo uso de um direito, no caso, a utilização de um recurso natural que é exaurível. São, portanto, uma receita originária da União, decorrente da exploração do patrimônio do Estado, não se tratando de imposto ou qualquer outra receita derivada. Financeirização das rendas petrolíferas por parte do Rio de Janeiro – o governo federal se antecipou e fez um acordo com o governador do Rio, que praticamente hipotecou os créditos futuros do Rio de Janeiro por meio de medida provisória. O governo do Rio vendeu o que não tinha. FHC transformou o critério de pagamento do royalty em algo extremamente territorial. O que interessa é a distancia físicae não a efetiva presença das indústrias. Não interessa, portanto, o efetivo impacto. Todavia, essa regra não seria aplicável à Plataforma Continental, fato que eleva o entendimento de que há obrigação de se distribuir os royalties a todos. 06\05\2013 Tema da Aula: POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICO. Política de desenvolvimento energético: No final de 1890 chega em São Paulo a chamada São Paulo Light and Power, empresa canadense especializada no setor energético. Tinha uma política extensiva, expandindo- se para o Rio de Janeiro. Em 1920, vem para o Brasil uma outra empresa, dessa vez americana, a Light. O regime jurídico da política energética é dado, em maior parte, pelos municípios, pois se destina à iluminação pública. A Light impunha o seu próprio modelo de contrato pautado pelas concessões. Houve muitas brigas judiciais entre a administração do município de São Paulo e a Light – esta foi estatizada pela Eletropaulo em 1960 –, a qual contava com a defesa de Miguel Reale, chefe do departamento jurídico da light durante muitos anos. Além do poder do serviço de utilidade pública, a política de tarifa era chamada de clausula ouro – tinha-se vinculação do valor do serviço prestado à moeda estrangeira (dólar, libra, ouro) com mecanismo de revisão da tarifa automático, ou seja, de acordo com a variação cambial. Assim, o concessionário nunca tinha prejuízos, pois assim que aumentava o valor da moeda estrangeira, aumentava-se também o repasse. Havia poucas normas federais sobre a questão elétrica e poucas normas estaduais sobre aproveitamento hidráulico ou elétrico. A única norma federal que existia era a de aproveitamento do potencial hidrelétrico de Paulo Afonso. No inicio do sec. XX Odomiro Golveia começa uma indústria têxtil, próximo à cachoeira de Paulo Afonso. Dificuldades são impostas por autoridades em virtude da má impressão que a Inglaterra, detentora do monopólio da indústria têxtil tinha à época. Com a CF de 1930, tal situação muda. O Governo provisório de Getúlio, por meio de decreto 24643\34, proíbe expressamente a transferência de direitos referentes à aguas e energia elétrica, a não ser mediante autorização da União – o problema passa para a União, não é mais local. Um outro decreto (23.501/33) obrigou que todos os contratos no Brasil fossem pautados em moeda nacional, extinguindo-se a clausula ouro. Projeto de código de Águas – Alfredo Valadão: inspirado no modelo norte americano, estabelece que somente a União pode legislar sobre as águas. Sua exploração depende de autorização da União. Características: - Supremacia da União, gestora da indústria elétrica e do potencial hidráulico, não mais os municípios. - Separação de águas e potencial hidráulico: este último é sempre da União, diferentemente das águas que dependem de sua localização. O concessionário age como se estado fosse, sendo que a utilização das aguas nunca sairá do poder concedente. - As águas passam a ser pautadas pelo regime de direito público. A light foi relutante em se adequar ao código de aguas e, alegando direitos adquiridos ao regime anterior, entra em uma grande briga judicial contra o poder público brasileiro. Enquanto isso, o governo Vargas, no estado Novo, cria o conselho nacional de aguas e energia. Ainda por causa das brigas com as concessionárias, o Estado só vai passar a atuar diretamente na geração de energia elétrica em 1945, com a CHESF – hidrelétrica do Rio São Francisco, sociedade de economia mista. A CF de 1946 mantém a exclusividade da união em legislar sobre o assunto. Somente ela pode autorizar concessão para exploração de energia elétrica. Tem-se, ainda, uma novidade, a criação de imposto direcionado ao setor elétrico, vindo a ser posteriormente destinado ao Fundo Geral de Eletrificação – no segundo governo Vargas. – que serviria ao desenvolvimento de infraestrutura de energia elétrica no país, proposto pelo plano nacional de eletrificação. No inicio dos anos 50, os estados começam a criar suas redes de transmissão, geração e distribuição de energia. É proposta, ainda, a criação da Eletrobrás. Aprovada após a morte de Getúlio Vargas, no começo do governo João Goulart, em 1961. Governo JK criou em 1957, Furnas – sociedade de economia mista – e baixou o decreto presidencial 41.019/57, regulamentando o art. 178 do Código de águas – regula a concessão de energia. Vindo a ser chamado de código de energias, pois regulamenta intensamente o regime de concessão. Governo Jango/Janio – Como referido, criou-se a Eletrobras. Fato interessante foi no Rio Grande do Sul, em que havia uma concessionária de serviços energéticos,Amforp, do mesmo porte da Light, que Leonel Brizola expropriou (encampou) e direcionou a realização do serviço a estatal gaúcha que realizava o serviço. Isso criou uma crise diplomática com os EUA, os quais pressionaram de todas as formas o governo Jango a reverter o processo, o que, não ocorre, sendo resolvido via indenização, que não satisfaz os americanos. Governo Militar – aproveitou-se, com o fim da concessão nos anos 60, a estrutura da light – esta foi encampada. Os militares mantiveram a energia elétrica como competência da União e vão tentar expandir a rede de transmissão. Cria-se a usina de Itaipu, usina binacional, Brasil/Paraguai, que correspondia aos anseios dos militares no que se refere à dominação econômica de países vizinhos (poder-se-ia muito bem implantá-la mais a montante do rio, mas ante tal política de controle/vinculação político-econômico optou- se pela bi-nacionalidade) (Para que a Argentina, mais a jusante do prata, aceitasse a anunciação do acordo de Itaipu, realizou-se acordo com o pais que acabou construindo sua hidrelétrica binacional, também, com o Paraguai). Além disso, o governo militar termina o processo de federalização das concessões. Em 1978, o art. 20, 8º (dos bens da União) os potenciais hidráulicos e serviços públicos relacionados à energia passam para a competência da União – somente esta legisla sobre energia. A CF 88 manteve o potencial hidrelétrico para União, sendo esta a única capaz de legislar sobre o assunto, no entanto extinguiu o imposto único da energia elétrica, sendo ele fundido ao ICMS (agora o imposto é dos Estados, mas a concessão é da União). Ou seja, tem-se um serviço federal, de controle da União, mas que os impostos vão para os Estados. A Eletropaulo e a Cesp são concessionarias federais, por isso, os Estados ganham essa renda de forma livres, pois não possuem competência constitucional em relação ao setor energético. Governo FHC resolveu reestruturar o setor energético. Criou-se (com as leis 8987/95 e 9074/95) uma autarquia especial (agencia), a Aneel. Para fazer essa reestruturação do setor elétrico foi contratada uma consultoria inglesa, a qual pensava britanicamente em matéria de energia, ou seja, com base no carvão mineral. Assim, optou-se pela desagregação do sistema, pautando-se em termoelétricas. Alem disso, foram criadas instituições como: MAE – Mercado Atacadista de Energia – com o propósito de empresas comprassem energia em espécies de bolsas de negociação de energia elétrica, as quais serviriam para regular o mercado. ONS – Operadora Nacional do Sistema – CNPE – Conselho Nacional de Política Energética – aumentando-se a matriz energética do pais, pautada-se em termoelétricas e não em hidroelétricas. Pela lei 9648/98, Eletrobrás e suas subsidiárias foram reestruturadas, e posteriormente colocadas no programa nacional de desestatização. Problema: a energia elétrica foi entendida como mercadoria (comoditie) e não como serviço público. Houve uma crença de que o mercado, por si só, geraria preços mais baratos, o que foi um fracasso desde o inicio. Isso levou a uma situação caótica que em 2001 desembocou no apagão, com a total desmoralização da Aneel. O apagão foi usado como bandeira eleitoral de Lula, que ganhou a eleição e colocou a Dilma no ministério de minas e energia. Foi elaborado um modelo de reestruturação total, todavia aplicou-se um parcial do setor de energia elétrica, que voltou a ser serviço público. Lei 10847/04: cria empresa pública responsável pelo planejamento e expansão do setor elétrico. Lei 10848/04: Extingue o Mercado de Comercialização de Energia e cria a Câmara de Comercio de Energia – CCE, novo local de comercialização de energia (agora sem mercado, mas com leilão – tudo funciona em um regime de contratos futuros, especulando-se os preços oferecidos de forma mais barata. A rede, cujo 25% do capital era do BNDES, faliu. Não há garantia de fornecimento. Cria-se uma “brincadeira” de bolsa com a energia elétrica e as grandes industrias – briga de fornecedor e consumidor. As concessões nunca terminam, acabariam no final de 2013, mas o governo Dilma lançou lei de redução de tarifa para os grandes consumidores, o que resultou em uma renovação das concessões que se adequavam às condições estabelecidas (todos aderiram menos a Cemig e duas empresas do R. Grande do Sul e Paraná). Iniciou-se um novo período de 25 anos de concessão, a qual nunca termina (assim como no setor de telefonia e, também, o setor de televisão e rádio, para a qual não há nem mesmo previsão de termino, pois quando tal é suscitada a imprensa acusa tentativas do governo de censurar a imprensa a vantagem é que pelo menos um setor esta falido, que é o de jornal. A folha de são Paulo é a única que não esta a beira da falência, mas é sustentada pelo Uol. A Abril vive de propaganda, como é o caso da Veja). Em termos de energia, continua-se com um modelo remendado, sem a menor preocupação com planejamento e direção. A Eletrobrás continua a ser a principal empresa do setor, sendo que no geral, não houve grandes mudanças em relação ao que se viu no governo de FHC (eleva-se, somente, a diferença no atual governo por conta da tentativa de se tentar ampliar a produção por meio de investimento publico). A matriz energética brasileira é uma das melhores do mundo, pois é constituída em sua maior parte de energia renovável (80%), podendo ser chamada de matriz limpa. Antigamente, a construção de hidrelétricas correspondia a um gigantesco maleficio ambiental. Hoje, a tecnologia mudou, de tal sorte que os malefícios gerados com a construção de hidrelétricas acabaram sendo menores (diminuiu-se muito a área alagada). Há ainda o caminho da energia nuclear, no qual não se pode errar, mas ante nossas reservas é opção viável. Todavia Angra evidencia que o país não esta preparado. Ideal: garantia do desenvolvimento energético sem depender de fontes externas, evitando-se a vulnerabilidade em relação a choques externos – soberania. Os EUA se metem no Oriente Médio para proteger a sua cadeia de fornecimento energético, pois ela é baseada na importação. Por isso, também fazem pesados investimentos no setor militar, pois se for preciso entrarão em qualquer briga para garantir o seu fornecimento, pois o que esta em jogo é a sua cadeia energética, a qual, entrando em crise, pode levar ao colapso todo o país. 13\05\13 O direito de propriedade e o direito à propriedade Os institutos de direito romano foram reelaborados no século XIX para servir de base para a regulamentação dos direitos de propriedade. No conceito liberal de propriedade o direito de propriedade é visto como direito natural positivado pelos códigos. Nesses termos, é inerente ao ser humano. É da natureza humana ser proprietário. A propriedade é a verdadeira manifestação da soberania do indivíduo e, por isso, não é histórica. Aqueles que não fossem detentores do direito de propriedade seria incompetente, não diligente, preguiçoso, ou não poderia ter propriedade por conta da vontade divina. A propriedade é fruto do trabalho. O direito e o poder público existem, nesse sentido, para garantir o direito de propriedade. Essa concepção é evidente na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa é a concepção de propriedade que esta nos códigos Civis, pois se trata de um direito de natureza patrimonialista e visa proteger a circulação de bens. Trata-se de uma logica de sistema que foi feita à época da Revolução industrial, com uma conotação e individualismo extremado. Isso começa a ser contestado ao final do século XIX, mas ganha força mesmo é no século XX. Há uma grande diferença entre os institutos que regulam a propriedade nos códigos civis de 1916 e 2002. Otto vonGierke_ privatista alemão do século XIX: É um dissidente. Elabora uma teoria da corporação. Ao final do século XIX, da uma aula inaugural sobre a função social do direito privado. É um autor que falaem funcionalização do direito e função social da propriedade. Junto com Leon Duguit vem da doutrina tradicional e fazem a ela uma crítica. Karl Renner é proveniente da corrente austro marxista_ primeiro presidente da Áustria quando ela foi restaurada da primeira guerra mundial. Não se trata, portanto, apenas de um jurista, tendo participado ativamente das políticas europeias de seu tempo. Para ele, a propriedade é a relação histórica que o ordenamento jurídico deu para a manutenção de um vinculo jurídico entre a pessoa e o bem. Abandona, portanto, a visão jusnaturalista da sociedade. Trata-se do processo de funcionalização_ como a função da propriedade se modifica conforme mudam as relações produtivas sem que a sociedade seja consideravelmente planificada. Pontos chave: 1- O termo função social não é limitação ao direito de propriedade. O lucro conferido pelo direito não é alterado, mas apenas o valor. A função social é uma mudança do fundamento da sociedade e não tem nada a ver com a planificação da propriedade. Que tem propriedade, além de obrigações, tem também determinados deveres. A constituição de Weimar não tinha limites de reforma constitucional. É então proposto um projeto de alteração. Schmitt_ teoria da constituição: ideia da garantia institucional, a qual protege a instituição tradicional. A desapropriação é regulamentada no sistema para não ser feita. Só a união pode desapropriar para reforma agraria. Art. 186 da CF_ a função social é cumprida quando a propriedade quando a constituição obedece a certos requisitos. A propriedade produtiva, pela leitura da CF, não é insuscetível de ser repartida por reforma agraria. A propriedade só é produtiva de acordo com os parâmetros que a lei segue. Função social é uma mudança na concepção de propriedade, mas ao mesmo tempo não tem nada a ver com a coletivização do direito de propriedade, mas sim com a legitimação do direito a partir do obedecimento a certos padrões de comportamento. Essa tentativa de romper com o modelo do século XIX começou com as constituições e, em alguns casos, chegam ás legislações ordinárias. Propriedade que não cumpre a sua função social não tem proteção do ordenamento e, portanto, pode ser desapropriada. Assim, merece indenização? Há uma polêmica. 20\05\13 Formação histórica da propriedade no Brasil. A formação da propriedade no Brasil é diferente, o que explica muitas das questões com as quais nos defrontamos no dia a dia. Trata-se de um problema de formação da estrutura fundiária que veio da colonização. A estruturação do regime da propriedade no Brasil: tirando as aberrações jurídicas que defendem ser a propriedade uma espécie de direito natural(Ives Gandra) o regime de propriedade no Brasil veio com a colonização portuguesa. O regime de propriedade portuguesa era um pouco diverso do resto dos países europeus. Todo o solo da América portuguesa era propriedade da coroa, ou seja, em um primeiro momento, não existia terra privada. A propriedade privada que viesse a existir na colônia advinha diretamente da coroa, através de doações. A fonte da propriedade privada era da coroa. A história das terras no Brasil é a história da apropriação privada de terras publicas. O instituto das sesmarias foi o primeiro modelo de propriedade a surgir no Brasil. Elas surgiram no século XIV, ao fim da idade média. Foi criada para resolver uma crise de abastecimento que existia em Portugal naquela época. Aquele que não cultivasse na terra a perderia, de tal sorte que a terra seria doada a quem nela cultivasse. Foi a forma encontrada pelo reino para resolver a crise de abastecimento que existia no momento. A característica é a gratuidade (o rei dá propriedade e não a vende) e a condicionalidade ( para poder ficar com a terra era necessário nela cultivas). Quando o Brasil foi descoberto, tal modelo foi transplantado para o Brasil e, a despeito de a lei ter sido a mesma, houve aqui diferenças em relação ao regime de Portugal. O rei então cria as primeiras capitanias hereditárias, mas não concede ao donatário o direito de conceder sesmarias. O Brasil, em sua grande extensão territorial, era mais difícil de ocupar, o que implicou em uma flexibilização do regime de sesmarias. Nesse sentido, não havia imite no tamanho das terras que foram concedidas. Ademais, um mesmo colono podia ser contemplado com várias sesmarias. A sesmaria, como presente do rei, era gratuita e, por isso, não podia ser vendida. Criou-se então um mercado paralelo para a venda dessas propriedades. Para o trabalho na terra, foram importados escravos africanos. Cria-se então um regime colonial de agricultura de exportação. A base da economia era o latifúndio e a mão de obra escrava. Havia muita terra, o que dava margem, inclusive, para o desperdício. Isso significa que houve um uso predatório da terra, sem preocupação, por exemplo, com aquela rotação de culturas que existia na Europa, dada a abundancia de terra que existia á disposição. A exploração da propriedade se deu em ciclos, sendo o primeiro o do açúcar, depois da mineração e depois do café. Crises de abastecimento e falta de comida: as lavouras tinham sua produção voltada para os produtos que seriam comercializados em Portugal, principalmente na época da cana de açúcar. Não havia incentivo por parte do governo português no sentido da produção de alimentos. Houve ainda uma crise na legitimidade da propriedade, sendo que muitas delas foram garantidas pela posse de indivíduos que podiam se valer do uso da força. Raimundo Faoro: os donos do poder_é difícil se aceitar a tese da dominação portuguesa, pois a coroa não tinha condições nem mesmo de defender o seu próprio território na Europa. A coroa conseguia ter alguns controles, mas não todos. é o caso, por exemplo do diamante, monopólio da coroa. Ainda que tivesse sido criado um criado dentro do estado (distrito diamantino) não era possível controlar totalmente o contrabando. Em 17\07\1822 dom Pedro baixou uma resolução revogando o regime de sesmarias até a Assembleia Constituinte, na qual seria decidido o regime de propriedade do Brasil. Dom Pedro foi influenciado por José Bonifácio, critico veemente do regime de propriedade no país e a favor de uma espécie de “reforma agraria”. José Bonifácio via uma falta de vínculos internos entre as diferentes regiões do país. o seu projeto era o de independência de uma nação, razão pela qual propôs que as sesmaria que não estivessem sendo cultivadas voltassem ao domínio público. Os que detivessem terra sem justo título, assim como os detentores de sesmarias, também retornariam ao domínio público se não estivessem sendo cultivadas. José Bonifácio era, portanto, contra a escravidão, a qual resultava em um empecilho à criação de uma nação em território brasileiro. Nenhum de seus projetos conseguiu ser regulamentado. Dissolvida a assembleia, a carta de 1824 foi outorgada pelo imperador sem resolver a questão da propriedade nopaís. Desta data ate 1850, a propriedade continuou sem regulamentação, sendo que a única maneira de adquiri-la era pela posse. Neste ano, finalmente foi aprovada a lei que extinguiu de verdade o trafico de escravos_ Lei Euzébio de Queiroz. A abolição do trafico de escravos foi a sentença de morte da escravidão, pois não havia mais como repor o contingente de trabalhadores escravos. O grande setor que gerava dinheiro na economia brasileira do século XIX era o trafico de escravos. O ultimo desembarque de escravos, já clandestino, se deu no Rio de Janeiro, no ano de 1852. Ordem do regime jurídico da propriedade_ Lei de Terras601\1850. O fim do trafico negreiro fez com que fosse aprovada a lei de terras, dada a necessidade de dar legitimidade aos direitos de propriedade que existiam até então, os quais careciam dos respectivos títulos. Trata-se de uma cópia de uma discussão que se travava na Inglaterra para a colonização da Austrália.Wakefield_ como fazer uma colonização viável em um país com abundancia de terras. Deveriam ser criadas dificuldades para a obtenção de terras porque com a falta de acesso á terra, a população deveria trabalhar nas fazendas e, assim, trabalhar nas fazendas e, assim, contribuir com a economia de exportação, o que à época dava dinheiro. Por isso, os meios tradicionais de obtenção de propriedade, tais como a posse, deveriam ser suprimidos. Assim, a compra deveria ser instituída como único meio de aquisição da propriedade. Aqueles de menir renda não teriam, portanto, condições de adquirir terra, sendo, portanto, relegados à condição de trabalhadores. A lei de terras legitimou todas as sesmarias, assim como as posses mansas e pacíficas. Assim, todos os latifúndios foram regularizados, ou seja, ganharam título e o restante das terras foi considerado terras devolutas, ou seja, terras dos Estados. Isso fez com que se tornasse comum a pratica da grilagem. O modelo de exploração continuou a ser o mesmo. O trabalho passou a ser livre, mas com as mesmas condições degradantes da escravidão, que só veio a ser abolida formalmente em 1888. Com a república, as terras devolutas passam da propriedade da União para a dos Estados. Não há grandes mudanças na regulamentação do regime de propriedade, Como política fundiária, a questão da terra só chegou ao Estado Brasileiro nos anos 30. Foi ai que se começou em falar em reforma agraria, que nada mais é do que a redistribuição da propriedade, mas não é contra o direito de propriedade. Na reforma agraria há um aumento do número de propriedade, ao passo que na coletivização ocorre a sua extinção. A reforma agraria se trata de um processo de redistribuição de redistribuição de rendas. A CF de 1934 foi a que mais deu discricionariedade ao legislativo para reduzir o âmbito do direito de propriedade. A CF de 1945 trata da questão da propriedade nos arts 141, δ 16, e 147_ justa e previa indenização em dinheiro para a reforma agraria. Esse era o no que existia para a realização da reforma agraria, pois o governo nunca tinha dinheiro para pagar. No segundo governo de Vargas, foram implementadas tentativas de contornar essa situação (criação da comissão nacional de política agraria_ tentativa de estabelecer como seria a criação de uma política de reforma agraria. Chega a propor que no caso de latifúndios improdutivos não seria necessária a indenização, o que foi objeto de resistência no congresso). Juscelino mexe na questão agraria de forma indireta, ao tratar das desigualdades regionais e criar a Sudene, sob a influencia de Celso Furtado. Tudo era feito de forma indireta, sem se falar em reforma agraria, ainda mais com a ocorrência da revolução cubana. Foi criado no nordeste no ano de 1950 o grupo das ligas camponesas. No sul foi formado o Master (movimento dos sem terra), o qual teve força no governo estadual de Brizola no Rio Grande do Sul. No governo de Jango, a reforma agraria era uma das principais reformas de base. Criou- se uma forte pressão entre os grupos que eram a favor e os grupos que eram contra. A questão era mudar o art. 141, δ 16 da CF de 1946, o que passou a ser visto pelos setores mais conservadores como a manutenção da ordem capitalista no país. Em 11 de outubro de 1962 foi criada a superintendência de reforma agraria, cuja missão era criar condições para a execução de uma reforma agraria no país. houve uma apelação do presidente pela mobilização popular, em vista da força dos setores mais conservadores dentro do congresso. No comício de 13 de março, Jango assina decreto 13700 que coloca como passível de desapropriação todos os imóveis com mais de x km² de extensão, próximos a rodovias e açudes. Isso levou ao golpe de 1964. No governo militar, foi editada a emenda 10\64, que alterou o art. 141, que passou a prever que a indenização seria feito em títulos de indenização da divida pública. Além disso, foi também aprovada a lei 4504\64, o Estatuto da Terra, que esta em vigor ate os dias de hoje, em boa parte. A sua técnica era combater o minifúndio e o latifúndio improdutivo, sendo a prioridade a modernização e o aumento da produtividade. A propriedade rural deveria ser adaptada a um novo padrão produtivo, sendo que foi ai que teve inicio o agro business_ trata-se de uma gestão empresarial e mais racional da grande propriedade, para que fosse gerida com mais racionalidade. Em 1970 foi também criado o INCRA, para gerenciar a reforma agraria que nunca foi feita. No pós 88, o MST se destacou na pressão pela reforma agraria. Houve uma serie de assentamentos, mas o problema continuou sem solução. Com a exploração de commodities surgiu o falso entendimento que a questão agraria havia sido resolvida no país.Todavia, com isso a reforma agraria acabou tendo menos chances de ser implementada, pois o seu alvo não é a produção de artigos de exportação, mas sim alimentos para o mercado interno. A questão da terra não esta resolvida ate os dias de hoje, pois não deixaram de existir conflitos no campo. Prova disso, foi o escândalo que surgiu quando o ex-presidente Lula colocou o boné do MST. A atual presidenta foi a que menos assentou famílias, depois do ex presidente Collor. A propriedade urbana é diferente da rural, pois a ela os serviços agregam valor (por isso é também chamada de propriedade de serviços). Todavia, ela também é um caos. Existe em jogo a autonomia municipal, o que faz o que cada cidade tenha as suas peculiaridades. Teoria do fato consumado_ prédios são construídos na ilegalidade com a crença de que depois de prontos, mesmo depois de prontos, não serão demolidos. 27\05\13 Política de desenvolvimento urbano. Função social da cidade. Política agrícola e fundiária. Reforma Agrária. As teorias econômicas são incorporadas em uma perspectiva temporal e isso diz respeito ao sistema financeiro, pois este, ao tratar da moeda e do crédito, no fundo esta determinando quem tem recursos no presente e quem os terá no futuro, ou seja, determina a distribuição de recursos no decorrer do tempo. O sistema financeiro não tem nada a ver com o direito financeiro e nem tampouco com a ordem financeira, embora uma parte do direito financeiro esteja nela, embora equivocadamente. Políticas de crédito: credito não tem nada a ver com mercado, pois não é o mercado que define o crédito, mas sim a política econômica do estado, a qual define a oferta de credito (disponibilidade de recursos) na economia. A moeda é um instituto eminentemente jurídico, a qual é produto da linguagem jurídica, mais do que qualquer outra coisa. Assume a função de intermediária das trocas que ocorrem dentro da sociedade, organizando-as. Sem a moeda, o que existe é o escambo. A moeda permite a dissociação das trocas em duas operações, quais sejam, a compra e a venda. Mais do que isso, no capitalismo se pode comprar sem precisar vender, assim com se pode vender sem precisar comprar. Funções da moeda: 1. Meio de troca: intermediaria no movimento das mercadorias. 2. Unidade de conta: é a expressão dos valores das mercadorias. É o que estrutura os chamados preços relativos, ou seja, a relação de preços que os diversos bens mantêm entre si. Dessa maneira, tem-se noção dos preços. 3. Reserva de valor (principal função no capitalismo): a própria moeda tem valor, o que permite alocar valores no decorrer do tempo. A diferença da moeda em relação a outros ativos financeiros, como títulos e ações, é que ela pode ser usada na hora e não precisa ser trocada por nada. Existe uma hierarquia internacional de moedas de acordo com a sua liquidez internacional. O dólar é a moeda que tem a maior liquidez internacional, a qual corresponde a um fator de aceitação. Trata-se de uma questão de poder. A questão é que só é moeda aquilo que realiza ao mesmo tempo essas três funções, afora algumas características que serãoadquiridas com o tempo. A históriada moeda começou com a moeda mercadoria, ou seja, a moeda de ouro, prata e bronze, as quais tinham o valor daquilo que efetivamente valiam. Aos poucos, começou a haver uma disparidade entre o valor da moeda e o seu material, o que começa já na idade média. É o caso, por exemplo, da carta fiduciária, pela qual se atestava, na confiança, quanto de valor havia depositado em estabelecimentoscorrespondentes a espécies de bancos primitivos. Os reis começaram a centralizar a garantia da riqueza e a emissão da moeda, a qual passa a ser aquilo que o Estado diz que é. A partir dai, passam a ser criadas as características que se incorporam á ideia atual de moeda. O papel moeda é assinado pelo ministro da fazenda, para demonstrar ao Estado que ela vale. A moeda tem que ter lastro, que à época era o chamado padrão ouro. Era equivalente. Podia-se realizar a troca da moedapor ouro. A lógica da moeda é a troca. A convertibilidade do dólar só foi extinta em 1971, quando Nixon acaba com ela, simbolizando o fim dos acordos de Breton Woods, cuja lógica era a criação de uma moeda internacional, chegando-se à solução de dar ao dólar um lastro em ouro. O Brasil abandonou a convertibilidade nos anos 30. Nesse ponto, adota-se o que se denomina de curso forçado da moeda. Este é diferente do curso legal da moeda, ou seja, a obrigação de todos a aceitarem a moeda para a realização de pagamento. A moeda tem o poder liberatório das obrigações, de tal forme que isso só se dá mediante o pagamento em moeda. Seja a moeda metálica ou o papel moeda Curso legal da moeda é diferente de curso forçado. Neste, não se troca por metal. É o exemplo da Argentina, quando inventaram o Plano Corralito (1 peso, 1 dólar). Eles acabaram com o curso forçado da moeda, pois se podia trocar 1 peso por 1 dólar. Quando se tocaram que isso era uma mentira, todos resolveram resgatar seu dinheiro no banco e descobriram que não havia dólar na Argentina. Isso surtiu repercuções tão maléficas no país, que são sentidas ate os dias de hoje. Para os mercantilistas a moeda era mercadoria, de tal sorte que quanto mais deles houvesse no país e melhor seria. Com o desenvolvimento da teoria econômica, a moeda serviria como instrumento de convertibilidade, sendo que, portanto, o outro deveria ter lastro (questão da moeda como reserva de valor (acumulação). Keynes: o capitalismo é a economia monetária da produção. Marx é o primeiro a ver a moeda como meio de valor. No capitalismo, o que mais se destaca é a moeda como reserva de valor, sendo isso aquilo que mais importa para o sistema financeiro. O papel do Estado desde a sua consolidação é criar, emitir e centralizar a moeda, a cunhagem da moeda vai sede o mutualismo, ou seja, relação de confiança em relação àquele que emite, sendo que por isso as moedas são assinadas. Art. 21, VII_ a emissão de moedas é competência da união. Art. 164_ a competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo BACEN. Os países que aderiram ao euro abriram mão do seu monopólio, ou seja, da sua soberania monetária. Hoje se arrependem amargamente, embora ninguém tenha a coragem de sair, o que é a única saída. O monopólio da emissão gera o controle estatal das reservas de metal e também motiva o curso forçado e o curso legal da moeda (ninguém pode recusar a receber a moeda, pois se trata de documento emitido pelo estado). Decreto 23501\33_ decreto do governo provisório de Getúlio Vargas, o qual acabou com a cláusula ouro dos contratos, ou seja, a cláusula pela qual o valor dos contratos de concessão era reajustado de acordo com a variação do valor do ouro, o que era um beneficio das concessionarias. Tal decreto foi em tese reproduzido no plano real, pois apesar de ser mantido o curso forçado e o curso real do Brasil, as concessionarias também passaram a ser submetidas à variação cambial. Depois, houve no Brasil um longo processo de centralização da autoridade monetária. Do império ate 1964 que fazia as vezes de autoridade monetário no Brasil era o Banco do Brasil. Em 1945 foi criada a SUMOC, superintendência da moeda e do credito, a qual era um embrião do banco central. Tinha as suas competências muito restritas, atuando muito mais na questão cambial, nunca tendo sido o que propriamente se esperava de um Banco Central, pois isso nunca foi autorizado pelo Banco do Brasil. Com o golpe de 1964 houve uma reforma do sistema financeiro, pela qual foi criado o BACEN e extinta a SUOC, sendo o BACEN a autoridade monetária central do país. tal órgão já foi criado independente. O conselho monetário nacional era mais democrático na época da ditadura do que esta sendo de 1934 pra cá. A partir do momento em que a emissão de moeda foi centralizada no banco central, a emissão desenfreada de moeda por bancos estaduais terminou. Os bancos geram na economia o que se chama de efeito multiplicador, emitindo o que se chama de moeda estrutural. Quando um sujeito deposita um direito no banco, não tem a intenção de saca-lo antes e, assim, o banco empresta o respectivo dinheiro a diversas outros indivíduos. Não há dinheiro físico suficiente nos bancos. Um dos alvos do governo era acabar com as emissões paralelas de moeda. Além de controlar a emissão da moeda, o BACEN é também o depositário oficial das reservas internacionais do país, ou seja, a moeda estrangeira, em tese, esta depositada lá ou ele sabe onde ela esta. Uma crise cambial ocorre quando a autoridade monetária não dispõe da quantidade de divisas demandadas no momento. Não há como suprir. Até 94 o Brasil tinha uma política de cambio controlado de forma indireta, o que gerou vários problemas no setor industrial. Além do controle das reservas, o BACEN é o banco dos bancos, ou seja, ele que controla os sistemas e realiza o que se chama de redesconto. Existe o chamado encaixe voluntário e compulsório, por meio do qual todo banco é obrigado a depositar ao final do dia determinada quantia para o BACEN. Isso serve de medidor para que o BACEN ateste se um determinado banco esta com dificuldade de caixa, ou seja, se os depósitos forem maior do que o limite do deposito compulsório, isso significara que o banco esta bem. Em caso de crise, o BACEN empresta dinheiro ao referido banco para que contorne os seus problemas, até que se chegue a intervenções de maior proporção. Utilidade bancaria oficial são bancos públicos ( Banco do Brasil e Caixa econômica federal).
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