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Direito Civil I - aulas

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Direito Civil 1 – Transcrição das aulas do Prof. Marcos acrescidas de comentários meus e resumos do livro. Ou seja: podem haver erros, afinal, é material de aluno!
 Aluna: Priscila Pereira, UCAM - Niterói
Gonçalves, C. R. (2014). Direito Civil Brasileiro - Parte Geral Volume 1. São Paulo: Saraiva.
Aula 1 
Negócio Jurídico
- Validade
- Existência
- Vícios
 “Todo ato jurídico implica em um fato jurídico, mas nem todo fato jurídico decorre de um ato jurídico”.
Ato, fato e negócio jurídico
- Fato jurídico é qualquer fato que produza efeito jurídico.
- Ato jurídico é todo ato humano voluntário ou involuntário que produza efeito jurídico.
- Ato humano: art. 1.263 CC, (Da Ocupação) -> Ato involuntário, pescar um peixe. Se tornar dono de algo que não é de ninguém.
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
- Negócio jurídico é o ato humano praticado com o objetivo de produzir efeito jurídico.
Todo ato é negócio e todo negócio é ato, porque existem fatos jurídicos que decorrem da força da natureza e não apenas da ação humana.
Requisitos de validade
- Negócios jurídicos
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
Lícito é o objeto que não contraria a lei, a moral ou a ordem bíblica. Assim, o conceito de ilicitude abrange não apenas o que contraria a lei.
Possível - A possibilidade do objeto se refere à possibilidade do seu cumprimento, sendo possibilidade física e possibilidade jurídica. A impossibilidade jurídica se refere à impossibilidade de realização por impedimento legal.
Objeto determinado é o objeto específico, ou seja, com suas características.
Determinável é um objeto existente porém que ainda não foi determinado ou escolhido como, por exemplo, a obrigação de entregar 10 cabeças de gado quando devedor possui 100.
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Formal -> Quanto à forma, a regra geral é a de que os negócios podem ser realizados livremente, ou seja, sem qualquer formalidade ou solenidade, salvo se a lei assim o exigir como, por exemplo, na compra e venda de imóveis com valor acima de 30 salários mínimos, cuja lei exige o registro de RGI (art. 108 CC).
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Ilícito X Juridicamente possível
Aula 2 - Requisitos de validade X Requisitos de existência
Requisitos de validade Art.104 CC X Requisitos de existência
Requisitos de existência
Declaração de vontade: é um dos requisitos de existência do negocio jurídico independentemente do meio utilizado pelo declarante.
Obs.: Se um indivíduo através de coação física tem a sua impressão digital colocada no contrato com o objetivo de firmar um negocio jurídico o mesmo é inexistente e não valido, uma vez que não houve declaração de vontade
Silêncio como declaração de vontade: nos negócios jurídicos não vale o dito popular de que "quem cala consente", uma vez que quem cala não emite declaração de vontade. Previsão Art. 111CC
O artigo 111 do CC dispõe que o silencio somente será considerado como declaração de vontade se houver previsão nesse sentido.
1.2. Reserva mental: Art. 110 CC - Consiste na intenção intima do contratante diversa daquela declarada no negocio jurídico estabelecendo o Art. 110 do CC que valida é a declaração realizada, salvo se o seu destinatário tinha conhecimento da reserva mental. A parte final do Art. 110 do CC tem por objetivo invalidar o negocio simulado, pois se o destinatário da declaração tem conhecimento da reserva mental é porque esta participando do mesmo para lesar terceiros ou fraudar a lei.
O Art. 112 do CC pode trazer certa duvida em relação à validade da reserva mental, porém, o referido dispositivo dispõe sobre a intenção da vontade declarada, ou seja, se refere a sua interpretação.
Finalidade negocial: Consiste no ato praticado com o objetivo de adquirir, conservar, modificar ou extinguir direitos.
3. Idoneidade do objeto: Significa que o mesmo deve possuir os requisitos exigidos em lei para produzir efeitos. Assim, por exemplo, o comodato que é o empréstimo de coisa infungível não pode ser realizado com bem fungível. Assim como hipoteca não pode ser realizada com bem móvel.
Classificação dos negócios jurídicos
O negocio jurídico pode ser classificado de diversas formas levando-se em conta os diferentes critérios de classificação. Quanto ao numero de partes o negocio jurídico pode ser unilateral, bilateral ou plurilateral.
Unilateral: é aquele realizado por uma única parte, mesmo que esta possua vários indivíduos.
Não receptício: é o negocio unilateral onde não é necessária a ciência do destinatário para produzir efeito jurídico, como por exemplo, na procuração.
(O cliente REVOGA os poderes que outorgou para aquele advogado. O advogado RENUNCÍA).
Receptício: é o negocio jurídico que exige a ciência do destinatário para produzir efeitos jurídicos, como por exemplo, a renúncia aos poderes recebidos por procuração. Não se confunde ciência com concordância, pois se o negocio exigir a concordância ele será bilateral.
Bilateral: negócio jurídico realizado por duas partes, podendo ser Bilateral Simples ou Bilateral Sinalagmático.
2.1: Simples: é o negocio jurídico onde apenas uma das partes possui ônus enquanto a outra se beneficia, exemplo, comodato e doação.
A doação é bilateral porque quem está recebendo tem que aceitar.
2.2: Sinalagmático (sinalágma = recibo): é o negocio jurídico onde existe reciprocidade de prestações, como no aluguel, compra e venda, etc.
Plurilateral é o negocio jurídico realizado por mais de duas partes. Exemplo, seguro de vida empresarial.
O negocio jurídico pode ser classificado também quanto à forma, podendo ser solene (formal) e não solene (informal).
1. Solene é o negocio jurídico que exige certa formalidade prevista em lei, como por exemplo, a compra e venda de imóvel acima de 30 salários mínimos que a lei exige o registro no RGI.
2. Não solene é o negocio jurídico onde não é exigida qualquer formalidade.
Outra classificação leva em consideração o momento em que produz efeito jurídico. Assim, o negocio jurídico pode ser classificado como intervivos ou mortis causa.
Intervivos é o negocio jurídico que produz efeito em vida em relação aos contratantes.
Mortis causa é o negocio jurídico que necessita da morte para produzir efeito. Exemplo: testamento, fundação.
PROVA: Por que pode ser não receptício se é unilateral?
Aula 3
Representação
Art. 115 C.C.: Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
É ato pelo qual uma terceira pessoa declara a vontade em nome do representado e segundo o Art. 115 do CC duas são as espécies de representação:
1. Representação legal
2. Representação convencional
Representantes:
Legal (só são possíveis porque a lei permite) -> Pais
PÁTRIO PODER tornou-se PODER FAMILIAR, porque o poder é de pai e mãe e não apenas do pai, como era antes do C.C. 2002.
2. Judicial -> inventariante (Representante do espólio; espólio – patrimônio do morto),curador, tutor, sindico da massa falida (para empresas) - A lei escolhe
3. Convencional -> Advogados. A pessoa escolhe seu representante
Passíveis de interdição:
- ébrio
- pródigo
- pessoas de idade avançada que perderam a capacidade de discernimento.
INVENTARIANTE: representante do espólio.
ESPÓLIO: patrimônio do morto
PATRIMÔNIO (créditos e débitos) da empresa falida, responsável por cobrar os créditos e quitar os débitos.
INVENTÁRIO: se há apenas dívidas, os herdeiros não se tornam responsáveis por essas dívidas.
No inventário sem bens, que foi feito uma promessa de compra e venda, abre-se um inventário negativo pra que o inventariante assine essa escritura.
A representaçãolegal e a judicial só existem porque são determinados pelo juiz
AUTOCONTRATAÇÃO OU NEGÓCIO CONSIGO MESMO
O representante aproveita sua posição em benefício próprio. Ex.: poderes para vender imóveis mais poderes para negociar o valor da compra. O procurador aproveita e compra ele mesmo o imóvel pelo valor que lhe for mais conveniente, aproveitando-se dos poderes que tem para vender e para negociar.
Obs.: É permitido por lei se previsto na procuração.
Também denominado negocio consigo mesmo é o ato pela qual o representante atua em nome do representado e ao mesmo tempo em interesse próprio ou ainda por interesse de outra pessoa. O Art. 117 do CC permite a autocontratação desde que haja permissão legal ou do representado.
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos.
Substabelecimento (subis) é ato pelo qual o representante transfere os poderes no todo ou em parte para uma terceira pessoa. O parágrafo único considera autocontratação o substabelecimento feito pelo representante com o objetivo de se beneficiar.
Substabelecimento sem reservas: transferência total para outro advogado.
Substabelecimento com reservas: é parcial, quem substabelece continua no processo.
PROCURAÇÃO:
- Outorgante
- Outorgado
- Poderes
Elementos acidentais do negócio jurídico
Recebem essa denominação porque o negocio jurídico existe e é valido mesmo sem esses elementos. Seu objetivo é atribuir um efeito modificativo ao negócio. São: a CONDIÇÃO, o TERMO e o ENCARGO.
PROVA
 1. Condição - Art. 121 CC: É clausula do negocio jurídico que subordina seu efeito a um evento futuro e incerto. Exemplo: O dono da empresa promete uma gratificação aos empregados se naquele mês a empresa atingir certa margem de lucro.
 1.1. Voluntariedade: Para ser considerada condição a clausula deve ser estabelecida por ato de vontade de ambas as partes ou de pelo menos uma delas. Se a condição para determinado efeito jurídico for estabelecida por lei não estamos diante de um elemento acidental e sim de um CONDITIO IURES (condição legal/imposta por lei)
 1.2 Futuridade: O efeito do negocio jurídico deve estar subordinado a um evento futuro sem o qual não será condição podendo ser negocio jurídico simples.
 1.3. Incerteza: Além dos dois elementos anteriores os efeitos do negocio jurídico devem estar subordinados a um evento incerto.
 Obs.: Se o efeito do negocio jurídico estiver subordinado a que certo indivíduo venha a falecer não ha condição porque não ha incerteza, já que a morte é certa embora não possamos precisar o seu momento exato. Se a proposta estiver condicionada a que venha a falecer antes de outro indivíduo estaremos diante da condição.
 2. Classificação
 2.1. Quanto à licitude
 Será aquela cujo efeito do negocio jurídico estiver subordinado a algo em conformidade com a lei, a ordem publica e os bons costumes e do contrario a condição será ilícita.
 2.2. Quanto à possibilidade
 Conforme já tratado em relação ao objeto do negocio jurídico a condição deve ser fisicamente possível, ou seja, realizável por pessoa comum e também juridicamente possível, ou seja, que não haja impedimento legal para a sua realização.
Condição Fisicamente possível - pode ser alcançada por pessoa comum
Condição Juridicamente possível - porque a lei permite o alcance daquele implemento
 2.3. Quanto à participação da vontade das partes
 2.3.1. Condição casual - trata-se de condição onde os efeitos do negocio jurídico estão subordinados exclusivamente a eventos exteriores ao homem e sua vontade. Exemplo: O professor promete gratificar os alunos com um ponto se chover no dia da prova.
 2.3.2. Condição potestativa - Leva em consideração a vontade da parte ou das partes sendo dividida em puramente potestativa quando seus efeitos estiverem subordinados exclusivamente a vontade da parte sendo, por esse motivo, condição proibida por lei. Exemplo: o professor se compromete a gratificar os alunos com um ponto se no dia da prova entrar na sala de aula com o braço direito erguido.
 A condição pode ser simplesmente potestativa quando além da vontade da parte ou das partes exigir um elemento externo alheio a sua vontade.
Obs.: A condição puramente potestativa será convertida em condição promiscua se algum fato imprevisível retirar a certeza do contratante.
Aula 4
Elementos acidentais do negocio jurídico
Continuação
A condição mista é a que depende da vontade da parte e também da vontade de uma terceira pessoa. Exemplo: O pai promete um imóvel à filha se a mesma se casar com pessoa determinada considerada de boa índole
2.4. Quanto ao modo de atuação
2.4.1. Condição suspensiva (Eficácia) - A eficácia do negocio jurídico esta subordinada a um evento futuro e incerto.
2.4.2. Condição resolutiva (Ineficácia) - É a ineficácia do negocio jurídico que esta subordinado a um evento futuro.
OBS: Na condição suspensiva o contratante não possui direito adquirido enquanto esta não for executada como prevê o artigo 125 do CC, porém, poderá praticar atos de conservação da coisa.
Importante esclarecer os efeitos da impossibilidade na condição suspensiva e na condição resolutiva, pois na primeira a impossibilidade física ou jurídica inválida todo o negócio jurídico.
Já na condição resolutiva tal impossibilidade é considerada cláusula não escrita permanecendo válido o negócio jurídico conforme previsão no artigo 124 do CC.
O código civil estabelece determinada regra quanto à frustração do implemento da condição e de sua realização por meios ilícitos ou imorais. O artigo 129 do CC dispõe que considera-se atingida a condição quando o contratante é de alguma forma impedido por pessoa que seria beneficiada. Por outro lado considera-se não atingida a condição quando a mesma é atingida através de meios ilícitos ou imorais.
4. Termo
4.1. Termo inicial (Dies a Quo) - Marca o início dos efeitos do negócio jurídico (Art. 131).
4.2. Termo final (Dies ad Quem) - Marca o final dos efeitos do negócio jurídico.
4.3. Termo certo - É o termo inicial ou final estipulado por um momento determinado, que pode ser uma data ou um evento qualquer, desde que seja certo.
4.4. Termo incerto - É o termo inicial ou final marcado por um evento que irá acontecer, mas que não se pode apontar o momento exato. Exemplo: Morte.
Não se confunde termo com prazo, pois prazo é tudo aquilo que medeia o termo estabelecendo o código civil em seu artigo 132 que salvo disposição em contrário na contagem do prazo exclui-se o Dies a Quo e inclui-se o Dies ad Quem.
O parágrafo primeiro do artigo 132 do CC dispõe que se o Dies ad Quem cair em domingo ou feriado prorrogasse o termo final até o próximo dia útil. Dependendo do negócio jurídico será considerado para esse efeito o sábado.
O código civil estabelece no parágrafo segundo do artigo 132 que meado será o 15 dia independente do mês.
Quando os prazos forem estipulados em meses ou anos o seu termino se dará na data de igual número do mês ou ano correspondente e se faltar o dia exato seu termino se dará no dia subsequente, previsto no parágrafo terceiro do artigo 132 do CC.
Se o DIES AD QUEM cair em feriado, considera-se o próximo dia útil; prorroga-se até o próximo dia útil.
Em tese o sábado é dia útil porque a semana de trabalho tem 44 horas, mas o dia apenas 8; então no sábado deveria-se trabalhar 4 horas.
Questão de prova:
- Meado é sempre o 15º dia, independente do mês e da quantidade de dias que ele teve.
Art. 132, § 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
Questão de prova:
	- Contrato que começa em 1º Janeiro de 2014 e dura um ano, quando é o DIESAD QUEM? R.: 1º Janeiro de 2015.
5. Encargo
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
É o ônus estabelecido ao beneficiário de determinada liberalidade (doação, testamento). Previsto no artigo 136 do CC.[1: Liberalidade: toda disposição ou ato de caráter espontâneo e a título gratuito (doação, legado etc.) que venha a favorecer ou beneficiar economicamente outrem.]
O encargo não impede o exercício nem a aquisição do direito, salvo se o encargo for estabelecido como condição suspensiva. Não se confunde o encargo estabelecido como condição suspensiva com a condição suspensiva já estudada, pois nesta a característica é sua incerteza não podendo ser obrigada judicialmente a executa-la. Já no referido encargo o contratante pode ser obrigado judicialmente a executa-lo.
Encargo como condição suspensiva - obrigado judicialmente
Condição suspensiva - não é obrigatório judicialmente
Aula 5
Encargo – Continuação – p. 396
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
O Art. 137 do C.C. estabelece que o encargo ilícito ou impossível será considerado não escrito, salvo se for a causa determinante da liberalidade, o que causará a invalidade de todo o negócio jurídico.
Exemplo: a doação de um imóvel com o encargo de que nele seja construído um prostíbulo. Esse encargo anula todo o processo jurídico. A doação é inválida. No entanto, se a doação do imóvel possuir como encargo que o beneficiário vá a lua, o encargo impossível é considerado cláusula não escrita, permanecendo válida a doação.
Encargo ilícito: invalida a doação.
Encargo impossível: não invalida a doação
Vícios ou defeitos do negócio jurídico – p. 399
Os vícios ou defeitos maculam de alguma forma a declaração de vontade, fazendo com que o negócio jurídico seja passível de anulação. Importante esclarecer que os vícios ou defeitos tornam o negócio anulável, cabendo o pedido de anulação apenas ao interessado ou seu representante, não podendo o juiz fazê-lo de ofício.
PROVA: Qual não é vício de consentimento: R.: Fraude contra credor.
Exemplo: venda ou doação de patrimônio para que credor não execute.
De todos os vícios ou defeitos, apenas a fraude contra credores não é vício de consentimento, pois nela o declarante tem real certeza e vontade quando realiza o negócio jurídico, que consiste em seu desfalque patrimonial com o objetivo de lesar os seus credores, sendo por isso considerado vício social.
Erro – p.400
Erro é a falsa noção ou noção equivocada da realidade que leva à realização do negócio jurídico. Para anular o negócio jurídico, no entanto, o erro deve ser substancial e real.
	(p. 401) Substancial – é o erro que recai sobre circunstância relevante do negócio jurídico.
	(p. 410) Real – é o erro causador de efetivo prejuízo.
Do contrário o erro será considerado acidental, não ensejador da anulação do negócio jurídico.
Exemplo: um indivíduo adquire um automóvel na cor cinza chumbo, acreditando estar adquirindo na cor preta. Em geral tal erro será considerado acidental, porém se o indivíduo deseja compra-lo para agrega-lo em uma empresa que somente aceita carros na cor preta, o erro para a ser considerado substancial e real.
Erro substancial
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Erro sobre a natureza do negócio
Exemplo: uma das partes está emprestando o bem enquanto a outra acredita estar recebendo em doação.
Erro sobre o objeto
Exemplo: um indivíduo aluga determinado imóvel no centro da cidade, quando acredita estar alugando um imóvel no campo, com endereço semelhante.
Erro sobre qualidades essenciais do objeto
Exemplo: um indivíduo adquire determinado quadro acreditando ser de um pintor famoso.
Erro quanto à identidade da pessoa
Exemplo: a mulher se casa com pessoa acreditando ser de boa índole, quando não é.
Erro de Direito – introduzido pelo C.C. de 2.002.
Exemplo: o indivíduo adquire um imóvel para realizar um loteamento e vende-lo em partes, desconhecendo a legislação local que proíbe tal prática.
Falso motivo – p. 411
O Falso motivo é um impulso psíquico que leva alguém a determinado ato, dispondo o artigo 140 do C.C. que o falso motivo não anula o negócio jurídico, salvo se for expresso como razão determinante de sua realização.
Exemplo: um náufrago doa um imóvel para a pessoa que acreditava ser sua salvadora, quando na verdade era outro indivíduo. A doação somente pode ser anulada pelo próprio doador e se nela estiver expressamente o motivo da doação.
Erro na transmissão da vontade – art. 141
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
A declaração de vontade, muitas vezes é distorcida pelo meio utilizado, como por exemplo telefone, mensageiro etc. Configurado o erro na transmissão da vontade, o negócio jurídico pode ser anulado, nos termos do art. 141 do C.C.
Convalescimento do erro – Art. 144
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
O negócio jurídico, atendendo ao princípio de conservação dos negócios, não será anulado por erro se o destinatário da declaração se propuser a realizar o negócio de acordo com a real intenção do declarante, conforme artigo 144 do C.C.
Trata-se da aplicação do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos, segundo o qual não há nulidade sem prejuízo (pas de nullité sans grief).
Aula 06
Dolo
O dolo não se confunde com o erro pois neste a noção equivocada da realidade é causada pelo próprio declarante e sempre que houver comparação do dolo com qualquer outro vício, a principal diferença é que, no dolo, a falas noção da realidade é criada por quem se beneficia, salvo no dolo de terceiro.
Espécies
Dolo Principal (art. 145) e Dolo Acidental (art. 146, não anula o negócio jurídico)
O Dolo Principal consiste na atitude ensejadora da realização do negócio jurídico enquanto que o dolo acidental, embora torne a prestação mais onerosa, não é causadora da realização do negócio jurídico e por esse motivo não é causa de anulação, sendo resolvido o mesmo em perdas e danos, como prevê o artigo 146 do Código Civil.
Exemplo de Dolo Principal: um vendedor informa ao comprador que o celular que está à venda é original quando na verdade se trata de uma falsificação.
Exemplo de Dolo Acidental: o vendedor de um telefone original, na hora de calcular o parcelamento da compra, inclui valores inexistentes.
DOLUS BONUS e DOLUS MALUS
Dolus Bonis consiste no dolo tolerável, ou seja, exageros típicos do comércio, que não induzem à realização do negócio jurídico. É o típico caso do feirante que informa serem as suas verduras as melhores do Brasil.
Dolus Malus é a conduta dolosa condenável, que pode levar à realização do negócio jurídico, ou tornar a prestação excessivamente onerosa (dolo principal e dolo acidental).
Exemplo: faculdade alega 100% de aprovação na prova da OAB mas omite que foram apenas 2 inscritos. É propaganda enganosa, é dolus malus e é dolo principal.
DOLO POSITIVO e DOLO NEGATIVO
Dolo Positivo, também denominado Comissivo, é o dolo causado por ação, enquanto o Dolo Negativo é o dolo causado por omissão, como por exemplo, omitir moléstia grave na contratação do seguro de vida.
DOLO DE TERCEIRO
O Dolo de terceiro é o dolo causado por pessoa alheia ao negócio jurídico,porém o mesmo somente será anulado se o beneficiado tinha conhecimento da atitude dolosa, pois do contrário, o lesado deverá buscar reparação diretamente do terceiro, permanecendo válido o negócio jurídico como prevê o artigo 148 do Código Civil.
DOLO DO REPRESENTANTE – art. 149
O Dolo do Representante teoricamente beneficia o representado, pois os atos praticados não são em nome próprio e sim do representado. A responsabilidade do representado dependerá da espécie de representação. Se for convencional o representado responde solidariamente ao representante devido à sua culpa IN ELIGENDO e culpa IN VIGILANDO, uma vez que escolheu o seu representante e possui o dever de fiscalizá-lo. Embora tenha responsabilidade solidária, o representado pode, posteriormente, ingressar com ação de regresso contra o representante.
Na representação legal, o representado responde, apenas, por aquilo que foi beneficiado.
DOLO BILATERAL
O Dolo Bilateral é o dolo causado por ambos os contratantes, dispondo o artigo 150 do CC que nenhum deles poderá requerer a anulação ou indenização por perdas e danos.
Aula 07
Invalidade do Negócio Jurídico - Nulidades
Art. 166, 167 CC
Nulidades
p. 474
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Nulidade Relativa
Anulabilidade (anulável)
Negócio realizado pelo relativamente incapaz.
Negócio realizado com um dos vícios de defeito
A nulidade relativa é denominada anulabilidade e atinge negócios que se acham inquinados de vício capaz de lhes determinar a invalidade, mas que pode ser afastado ou sanado.
Nulidade Absoluta
Nulidade (nulo)
Violação do art. 104 CC
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Quando a lei assim determinar
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
Simulação
Declaração enganosa da vontade com o objetivo de produzir efeito jurídico diverso do efetivamente indicado. A simulação se apresenta de inúmeras formas, porém possui sempre o objetivo de fraudar a lei ou lesar terceiros.
Na definição de Clóvis, “é uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado”.
A simulação é produto de um conluio entre os contratantes, visando obter efeito diverso daquele que o negócio aparenta conferir. Não é vício do consentimento, pois não atinge a vontade em sua formação. É uma desconformidade consciente da declaração, realizada de comum acordo com a pessoa a quem se destina, com o objetivo de enganar terceiros ou fraudar a lei. Trata-se, em realidade, de vício social.
Ora visa burlar a lei, especialmente a de ordem pública, ora fraudar o Fisco, ora prejudicar a credores, ora até guardar em reserva determinado negócio. A multifária gama de situações que pode abranger e os seus nefastos efeitos levaram o legislador a deslocar a simulação do capítulo concernente aos defeitos do negócio jurídico para o da invalidade, como causa de nulidade.
O efeito jurídico da mencionada transferência é que sendo anulável o negócio simulado, apenas a parte ou seu representante poderia requerer a anulabilidade do negócio. Como na legislação atual a simulação torna o negócio nulo, qualquer pessoa pode requerer sua nulidade, podendo, inclusive, o juiz declará-la de ofício.
Características
- É, em regra, negócio jurídico bilateral
Os contratos são seu campo natural. Resulta do acordo entre duas partes, para lesar terceiro ou fraudar a lei. Todavia, pode ocorrer também, embora a hipótese seja rara, nos negócios unilaterais, desde que se verifique ajuste simulatório entre o declarante e a pessoa que suporta os efeitos do negócio, como destinatária da declaração. De modo geral, podem ser objeto de simulação todos os negócios jurídicos bilaterais e unilaterais em que exista declaração receptícia de vontade, isto é, a que se dirige a determinadas pessoas, produzindo efeitos a partir de sua ciência.
- É sempre acordada com a outra parte ou com as pessoas a quem ela se destina.
Difere do dolo, porque neste a vítima participa da avença, sendo, porém, induzida em erro. Na simulação, a vítima lhe é estranha. É chamada de vício social, como foi dito, porque objetiva iludir terceiros ou violar a lei.
- É uma declaração deliberadamente desconforme com a intenção
As partes maliciosamente disfarçam seu pensamento, apresentado sob aparência irreal ou fictícia.
- É realizada com o intuito de enganar terceiros ou fraudar a lei.
Espécies de simulação
a) absoluta e a relativa, havendo quem mencione uma terceira modalidade, a ad personam;
b) inocente e fraudulenta.
Simulação absoluta
O indivíduo não realiza qualquer negócio jurídico, apenas finge realiza-lo para fraudar a lei ou lesar terceiros.
Exemplo: Com o objetivo de não partilhar o seu automóvel com a sua esposa por ocasião de um futuro divórcio, o indivíduo finge vende-lo a um amigo.
Se após a simulação realizada o destinatário da declaração de vontade se recusar a desfazer o negócio, o próprio declarante poderá requerer sua invalidade. Na simulação não se pode dar o mesmo tratamento dado, por exemplo, ao dolo bilateral, no qual nenhuma das partes pode requerer indenização ou anulação do negócio.
A simulação torna o negócio nulo podendo ser declarado de ofício pelo juiz. Da mesma forma, pode ser requerida pelo próprio declarante.
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Na simulação absoluta, as partes, na realidade, não realizam nenhum negócio. Apenas fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa, sem que na verdade desejem a realização do ato (colorem habens, substantiam vero nullam - Tem aparência, mas não possui substância.). Diz-se absoluta porque a declaração de vontade se destina a não produzir resultado, ou seja, deveria ela produzir um, mas essa não é a intenção do agente. Em geral, essa modalidade destina-se a prejudicar terceiro, subtraindo os bens do devedor à execução ou partilha. Exemplos: a emissão de títulos de crédito em favor de amigos e posterior dação em pagamento de bens, em pagamento desses títulos, por marido que pretende se separar da esposa e subtrair da partilha tais bens; e a falsa confissão de dívida perante amigo, com concessão de garantia real, para esquivar-se da execução de credores quirografários. Nos dois exemplos, o simulador não realizou nenhum negócio verdadeiro com os amigos, mas, antes, fingiu, simulou.
Simulação relativa
O indivíduo finge realizar determinado negócio com o objetivo de ocultar outro negócio jurídico efetivamente realizado. Podemos dizer que existe um negócio simulado (aparente) e um outro negócio dissimulado (oculto).
Exemplo: com o objetivo de doar um imóvel para sua amante, o marido finge vende-lo a um amigo, para que ele faça a transferência do bem.
O art. 167 dispõe que o juiz poderá declarar a invalidade do negócio simulado, atribuindo validade ao negócio dissimulado se o mesmo for válido quanto à forma e substância.
Exemplo: O indivíduo compra um imóvel por um milhão (negócio dissimulado) fazendo constar, porém, que a compra foi realizada por 500 mil (negócio simulado). Nesta hipótese, como foram respeitados todos os procedimentos da compra e venda, aplica-se o disposto no art. 167 CC, passando a constar que a compra foraefetivada por 1 milhão.
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Na simulação relativa, as partes pretendem realizar determinado negócio, prejudicial a terceiro ou em fraude à lei. Para escondê-lo ou dar-lhe aparência diversa, realizam outro negócio (negotium colorem habet, substantiam vero alteram). Compõe-se, pois, de dois negócios: um deles é o simulado, aparente, destinado a enganar; o outro é o dissimulado, oculto, mas verdadeiramente desejado. O negócio aparente, simulado, serve apenas para ocultar a efetiva intenção dos contratantes, ou seja, o negócio real.
Exemplo: Quando o homem casado, para contornar a proibição legal de fazer doação à concubina, simula a venda a um terceiro, que transferirá o bem àquela; ou quando, para pagar imposto menor e burlar o Fisco, as partes passam a escritura por preço inferior ao real.
Simulação ad personam
Tal simulação se refere ao próprio contratante, pois o negócio jurídico está sendo realizado com pessoa diversa da efetivamente indicada. Muitas vezes é realizada com o objetivo de fraudar a lei, sendo utilizada também para lesar direitos trabalhistas e fiscais, ficando conhecida popularmente como “laranja” ou “testa de ferro”.
Diz-se que a simulação é ad personam ou por interposição de pessoa quando o negócio é real, mas a parte é aparente, denominada testa de ferro, homem de palha ou presta-nome.
Aula 08
Prescrição e Decadência
O fator tempo é de grande importância para o direito, pois algumas vezes consolida certas relações jurídicas, como é o caso, por exemplo, da união estável e do usucapião. Outras vezes o fator tempo extingue certas relações jurídicas e certos direitos, como no caso da prescrição e da decadência.
O Código Civil atual corrigiu um equívoco na redação do CC de 1926 que estabelecia ser a prescrição a perda do direito de ação. No Código atual, o Art. 189 estabelece que prescrição é a perda da pretensão jurídica, ou seja, a perda do direito de exigir algo de alguém.
Não pode ser considerada a perda do direito de ação, porque tal direito é garantia constitucional, além do fato de o Código de Processo Civil, em seu art. 269, IV, prever que o juiz extingue o processo julgando no mérito, quando declara a prescrição ou a decadência, e se julga no mérito o decreto da ação que foi devidamente exercido.
- Prescrição
Perda da pretensão (do sujeito)
- Decadência
Perda do direito (direito potestativo)
Características da Prescrição
Possibilidade de renúncia
A prescrição pode ser renunciada de forma expressa ou tácita, porém somente caberá a renúncia após a sua consumação, como prevê o art. 191 CC
Não admite alteração dos prazos (art. 192 CC)
Admite em qualquer grau de jurisdição
Possibilidade de declarar de ofício
OBS.: A prescrição pode ser declarada de ofício pelo juiz, porém, antes de fazê-lo deve ouvir ambas as partes, pois o autor por exemplo pode ter a seu favor um fato suspensivo ou interruptivo do prazo prescricional, e o réu, por outro lado, pode estar sendo cobrado por dívida já paga, o que lhe dá direito a requerer a petição em dobro (art. 940 CC)
Os prazos são interrompidos ou suspensos.
Os prazos prescricionais podem ser suspensos ou interrompidos. Sendo suspenso, cessando a causa da suspensão o prazo prescricional volta a fluir de onde parou. Se for interrompido, cessando a sua causa, o prazo voltará a fluir do início. Todos os casos suspensivos são não judiciais e as interruptivas são judiciais com duas exceções: o protesto cambial e a confissão de dívida.
Art. 197 a 201 – causas suspensivas
Art. 202/204 – causas interruptivas
O professor paraibano Agnelo Amorim Filho estabeleceu duas formas de identificar se um direito decai, se uma pretensão prescreve ou, ainda, se ambos são imprescritíveis, devendo ser esclarecido de imediato que as nulidades e os bens públicos de qualquer natureza não são afetados pela prescrição. Trata-se do denominado critério científico, que é estabelecido de duas formas:
DIFERENTES TIPOS DE DIREITOS (direito material)
Direito Subjetivo	X	Direito Potestativo
Direito Subjetivo é a faculdade de exigir algo de alguém, conferido ao seu titular. Direito Potestático é aquele que para produzir efeito jurídico depende exclusivamente do seu titular. Dessa forma, segundo o critério científico, todos os direitos subjetivos patrimoniais relativos prescrevem e todos os direitos potestativos com prazo em lei decaem.
Subjetivo Patrimonial é o direito que possui característica econômica, financeira. O Extrapatrimonial é o direito subjetivo que não se pode medir economicamente, como por exemplo, o direito do filho ter reconhecida a sua paternidade. Se o Direito Subjetivo Patrimonial for exercido contra pessoa certa, trata-se de Direito Relativo.
(Divórcio é Direito Potestativo: depende só do titular)
Nem todos os direitos Potestativos decaem, apenas aqueles com prazo em lei, como por exemplo as anulações previstas no artigo 178 CC.
Obs.: a súmula do STF 494 dispõe a respeito de um prazo prescricional para a anulação de venda de ascendente a descendente sem o conhecimento dos demais herdeiros. Porém, não pode ser prescrição, tendo em vista não ser direito subjetivo sendo decadência por se tratar de direito potestativo previsto no artigo 179 C.C. Importante ressaltar que o prazo prescricional e decadencial começam a fluir a partir do conhecimento da violação do direito (ACTIO NATA).
DIFERENTES TIPOS DE AÇÕES (direito processual)
AÇÃO CONDENATÓRIA
AÇÃO CONSTITUTIVA (ou DESCONSTITUTIVA)
AÇÃO DECLARATÓRIA
Ação Condenatória
É aquela cuja sentença obriga a outra parte a determinada prestação. Todas as ações condenatórias se referem a prescrição.
Ex.: ação de cobrança de aluguel.
Ação Constitutiva ou Desconstitutiva
É aquela cuja sentença busca a criação ou extinção de uma relação jurídica. Todas dessa espécie com prazo em lei para serem exercidas decaem, e as que não possuírem prazo são imprescritíveis.
Ex.: as ações anulatórias dos negócios jurídicos realizados por vícios ou defeitos possuem prazo previsto no art. 178 C.C. – Se tem prazo é decadencial.
Ex.: divórcio.
Ação Declaratória
É aquela na qual a sentença declara uma relação jurídica já existente, como, por exemplo, na ação de reconhecimento de paternidade.
Todas as ações declaratórias são imprescritíveis.
Obs.: O art. 745 C.C. estabelece um prazo decadencial se referindo a indenização. Ocorre que o pedido de indenização é direito subjetivo patrimonial relativo, além do fato de que o tipo de ação é condenatória, pois a sentença condena a parte à determinada prestação, o que demonstra o equívoco na redação, que deveria constar que o referido prazo é prescricional e não decadencial.
Aula 09
Prescrição e Decadência
O ordenamento jurídico brasileiro admite, no artigo 211 CC, a denominada decadência convencional, que consiste em um prazo decadencial convencionado pelas partes. Exemplo: garantia estendida.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
PROVA: O artigo 190 CC estabelece que a exceção prescreva no mesmo prazo que a pretensão, sendo exceção, no caso, meio indireto de defesa. Como por exemplo, a compensação. Exemplo: Se um indivíduo cobra ao outro judicialmente sendo seu devedor, o mesmo terá, em sua defesa, a alegação de compensação.
A compensação é a extinção das dívidas entre credores ou devedores recíprocos. O teor do referido dispositivo é de que, se o indivíduo não pode cobrar a dívida porque está prescrito, também não poderá alega-la em sua defesa, requerendo a sua compensação.
Direito das Obrigações – p.57 (2)
É o ramo do Direito Civil que regula as relações entre credor e devedor.
Modalidades
Obrigação de Dar
Obrigação de Fazer
Obrigação de Não Fazer
Obrigação de Dar
- Coisa Certa (restituir)
- Coisa Incerta
Tradição – entrega (móvel), RGI – Imóvel
A Obrigação de Dar Coisa Certa consiste na obrigação de entregar dinheiro ou coisa específica, ou seja, determinada (artigos 233 e 237).
Art.233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
Na obrigação de dar coisa certa, até a tradição o bem pertence ao devedor, porém seus acessórios pertencem ao credor, embora não mencionados, salvo estipulação em contrário. Até a tradição, porém, os frutos percebidos pertencerão ao devedor, podendo ser exigido aumento no preço caso o credor tenha a intenção de adquiri-los.
Devedor = vendedor
Diante do perecimento do bem antes da tradição, o CC prevê duas hipóteses. Uma delas é a de que o bem se perde sem culpa do devedor. E a outra é a de que o bem se perde por culpa do devedor. Ambas previstas no artigo 234 CC.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Se antes da entrega o bem se perde sem culpa do devedor, a obrigação se resolve. Ou seja, se o devedor recebeu pelo valor do bem, terá por obrigação devolvê-lo sem pagar perdas e danos e RES PERIT DOMINO (a coisa perece para o dono).
Se o bem perece por culpa do devedor, pode o credor exigir o valor do bem mais perdas e danos (art. 234 CC).
Se a coisa se deteriora sem culpa do devedor, poderá o credor resolver a obrigação (desfazer o negócio, sem perdas e danos) ou aceitar a coisa com abatimento no preço, como prevê o artigo 235 CC.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Se o bem se deteriora por culpa do devedor, poderá o credor aceita-lo no estado em que se encontra ou se recusar a recebê-lo. Mas em ambos os casos poderá pedir perdas e danos.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
Em ambos os casos pode o credor pedir perdas e danos em decorrência do inadimplemento culposo do devedor. Se optar pelo não recebimento do bem, poderá, ainda, exigir o valor do mesmo, que será somado às perdas e danos.
Aula 10
Direito das Obrigações
Obrigação de Dar Coisa Incerta – p.59 (2)
A Obrigação de Dar Coisa Incerta é aquela determinada pela quantidade e pelo gênero. Ou seja, trata-se de obrigação cujo objeto é determinável, como dispõe o artigo 243 CC.
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Se no contrato não houver previsão de quem promoverá a escolha, esta caberá ao devedor, que não será obrigado a dar o que tem de melhor, também não podendo dar o que tem de pior, como prevê o artigo 244 CC.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
OBSERVAÇÃO: a regra do artigo 244 CC se aplica quando não houver previsão de quem irá escolher, uma vez que se os contratantes convencionarem que a escolha caberá ao devedor, este estará livre para escolher, inclusive, o que tem de pior.
Outra regra estipulada pelo Código Civil é a de perecimento ou deterioração do bem antes da escolha. Estabelece o artigo 246 CC que se o bem se perde ou deteriora por caso fortuito ou força maior, permanece o devedor com a obrigação em sua integralidade.
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
Obrigação de Fazer – p. 84 (2)
É aquela na qual o devedor tem por obrigação executar um ato ou executar determinado serviço.
Espécies:
Obrigação de Fazer Infungível (Intuitu Personae)
A obrigação de fazer infungível consiste na obrigação somente executável pelo devedor. Se o mesmo se torna inadimplente por sua culpa, terá obrigação de indenizar por perdas e danos, como prevê o artigo 247 CC. Se o não cumprimento ocorrer sem culpa do devedor, a obrigação se resolve sem o pagamento das perdas e danos conforme dispõe o artigo 248 CC.
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
Obrigação de fazer fungível
É aquela que pode ser executada por qualquer pessoa e diante do inadimplemento do devedor, poderá o credor exigir a prestação judicialmente. Se diante da ação judicial o devedor não cumprir com a prestação, poderá o credor pedir autorização para ele mesmo fazer ou mandar alguém fazer às custas do devedor, além das perdas e danos, como prevê o art. 249 CC.
O Código Civil, no PU do art. 249, prevê a denominada autoexecutoriedade das obrigações de fazer, que corresponde ao fato de que, diante da urgência, o próprio credor executa o ato ou manda alguém executar, independentemente de autorização judicial. Sendo cobrado posteriormente o devedor da obrigação.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
Obrigação de Não Fazer p. 94 (2)
É aquela na qual o devedor se obriga a se abster de determinada prática. Se torna inadimplente a partir do momento em que executa o que era obrigado a não fazer, como dispõe o art. 250 CC. Se a inadimplência se der por fato que não possa ser atribuído ao devedor, a obrigação se resolve sem perdas e danos.
Diante do inadimplemento poderá o devedor ser obrigado a desfazer aquilo que fez, podendo o credor requerer autorização judicial para ele mesmo fazer ou mandar alguém fazer, às custas do devedor, sem prejuízo das perdas e danos. Diante da urgência, também é cabível a autoexecutoriedade, ou seja, que o credor desfaça ou mande alguém desfazer, independentemente de ordem judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido, conforme PU do artigo 251 CC.
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
Aula 11
Classificação das Obrigações
p. 98 a 110, Direito Civil Brasileiro 2, Carlos Roberto Gonçalves
Quanto ao Objeto
Obrigação Cumulativa
Obrigação Facultativa
Obrigação Alternativa
Obrigação Cumulativa – É aquela que possui mais de um objeto, porém devendo ser adimplida de uma única vez. Nessa espécie de obrigação é comum a utilização da partícula “E”. Se no momento do pagamento estiver faltando um único objeto a obrigação é considerada totalmente inadimplente, pois o credor não é obrigado a receber em parte se assim não foi convencionado.
Obrigação Facultativa – Existe apenas um único objeto, sendo facultado, porém, ao devedor, substituí-lo por outro previamente estabelecido em contrato. É comum a utilização da partícula “SENÃO”.
Nessa espécie de obrigação existem 2 objetos, devendo ser adimplida com um deles ou com outro.
Não se confunde a obrigaçãofacultativa om a alternativa, pois na facultativa existe apenas um objeto, sendo facultado ao devedor substituí-lo por outro previamente estabelecido em contrato. Dessa forma, havendo perecimento do bem, a obrigação se extingue, uma vez que a existência do objeto substituto está condicionada à existência do objeto principal.
Exemplo: Os antigos consórcios de carro, em que o credor escolhia o modelo, mas só descobria a cor na entrega do carro. A escolha era do devedor.
Já na Obrigação Alternativa, se um dos objetos se perde, a obrigação se concentra no outro.
A obrigação alternativa possui uma série de regras estabelecidas pelo Código Civil. Não havendo previsão contratual a respeito de quem irá escolher, caberá ao devedor fazê-lo, por força do que dispõe o art. 252 do cc. 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção à terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Outra regra diz respeito ao fato de que o devedor não pode obrigar ao credor o recebimento de parte de uma prestação e parte de outra, como dispõe o §1º do artigo 252 do cc.
Outras regras estabelecidas pelo cc se referem a perda da prestação por culpa ou sem culpa do devedor. Se uma delas e perde sem culpa do devedor, a obrigação se concentra na prestação remanescente, conforme define o artigo 253.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.
Se ambas as prestações se perdem sem culpa do devedor, a obrigação se extingue sem o pagamento de perdas e danos, como estabelece o artigo 256 do CC.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Se ambas as prestações se perderem por culpa do devedor, cabendo à ele a escolha, será obrigado a pagar o valor da que por último pereceu mais perdas e danos, como prevê o artigo 254 do CC.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Se ambas as prestações se perderem por culpa do devedor, cabendo a escolha ao credor este poderá exigir o valor de uma delas mais perdas e danos. Se apenas uma das prestações se perder por culpa do devedor, cabendo a escolha ao credor, este poderá receber a prestação remanescente ou exigir o valor da que se perdeu, mas em ambos os casos terá direito a exigir perdas e danos, como prescreve o artigo 255 do CC.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
Glossário
Termos Jurídicos e expressões em latim
Caso Fortuito
Eventos de máquinas ou humanos. Exemplo: não conseguir pagar dívida por greve.
Resolver a obrigação
Desfazer o Negócio jurídico, sem perdas e danos.

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