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Internacionalização das políticas Públicas

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTERNACIONALIZAÇÃO DAS 
POLÍTICAS PÚBLICAS ÀS 
POLÍTICAS PÚBLICAS GLOBAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Antonio Osmar Krelling Neto 
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TEMA 1 – INTRODUÇÃO 
A nossa percepção, como sociedade, a respeito das fronteiras tem se 
alterado: tradições e valores são afetados por essa globalização da informação, 
alterando noções nacionais ou locais a respeito de determinado assunto. Isso 
influencia consequentemente a própria dinâmica de políticas públicas, a qual 
possui um novo desenho de comunidade, de modo que as dificuldades 
econômicas e sociais demandam soluções eficientes e eficazes. 
Como ideia, a política pública está abarcada pelas pesquisas da ciência 
política, mas quando da análise do ato governamental, estamos dentro do 
universo do direito. Seja como for, ambas esferas de pesquisa e análise merecem 
atenção e aprofundamento. A primeira será tratada desde já, ao passo que a 
segunda será mais bem elucidada mais adiante, em que pese esta estar sempre 
permeando as discussões até ao final do curso. 
Apenas para fins introdutórios, vale dizer que um conceito básico de política 
pública, sem qualquer presunção de exaurir a ideia, é equivaler-se a uma 
confluência de ações, e/ou omissões, que irão interferir na sociedade civil. Poderá 
ser diretamente proposta ou realizada pelo Estado e por seus agentes, de acordo 
com os interesses e mobilizações de determinada comunidade e irá afetar o 
contexto social. 
Políticas públicas, como teremos oportunidade de analisar, são 
provenientes de ciclos. Em que pese elas variem de acordo com a metodologia, 
bem como com o caso prático, as principais etapas desse ciclo de política pública 
são formulação, implementação e controle/avaliação. 
Dessa maneira, esses ciclos serão propostos e processados por agentes, 
ou verdadeiros empreendedores de políticas públicas, que igualmente estão 
sujeitos a darem prestígio a fatores externos. Assim, é uma realidade crescente a 
influência internacional, mormente em razão da famigerada globalização. 
No outro lado da moeda, atravessamos um momento em que diversos 
países estão com movimentos ultranacionalistas voltando a ter forças, inclusive o 
nosso. Há desconfiança em muitos lugares, e algumas nações se mostram 
relutantes em agir com solidariedade e abertura para com outros povos e cidadãos 
de outros países. 
Exemplificando, a despeito de alguns Estados-Nações estarem 
institucionalmente integrando a Organização das Nações Unidas, muitos não 
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aderem aos seus princípios e diretrizes para transformação geral da sociedade e 
do globo. Ainda nesse sentido, países como Estados Unidos se mostram 
relutantes com movimentos pró meio-ambiente, e o próprio Reino Unido, por meio 
de um plebiscito, desejou abandonar a União Europeia, e, consequentemente, o 
projeto de integração social e econômica. 
No Brasil, a internacionalização das políticas públicas não está na 
velocidade similar em relação ao resto do globo, sobretudo porque os 
empreendedores de políticas públicas ainda não possuem apreço por essas 
variáveis. Igualmente, falta uma maior coordenação de diversos ramos 
interdisciplinares, que pretendemos trabalhar ao longo das aulas, de modo que a 
comunicação entre as diversas áreas sujeitas a políticas públicas sejam de fato 
integradas para auxiliar nos diversos processos e fluxos. 
Seja como for, a internacionalização de políticas públicas é fruto de 
diversos empreendedores políticos em cenário nacional e internacional. Nesse 
sentido, será imperioso que se faça uma análise cuidadosa dos temas que serão 
inseridos na agenda de políticas públicas, pois, como suas origens serão as mais 
diversas, o cuidado com as políticas públicas irá assegurar não só sua eficiência 
e eficácia, mas também sua legitimidade ante o Estado democrático de direito. 
Desse modo, sobretudo sob um viés da administração pública, porquanto 
as políticas públicas prestadas pelo Estado têm uma maior atenção, ainda que 
não consigam esgotar o tema, o estudo auxilia a aprimorar técnicas e processos 
de decisão. 
Portanto, quando estamos falando de internacionalização de políticas 
públicas, é necessário o exame de todo o conglomerado de assuntos científicos, 
econômicos, sociais, políticos para depurar o conteúdo de políticas públicas. 
TEMA 2 – CONCEITO DE POLÍTICA PÚBLICA 
Em verdade, política pública poderia ser conceituada como um amplo 
espectro de definições que ao final convergem a um só termo. Explicando: seu 
conceito variado depende de múltiplas conexões temáticas, bem como de ações 
que fazem dele o centro de atenção de diversas esferas sociais. 
E, a despeito de o Estado e suas instituições já serem alvo de estudo na 
Europa, seu surgimento acadêmico, contudo, tem berço nos Estados Unidos. Os 
americanos concentraram suas atenções sobre a ação dos governos para 
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solucionar problemas públicos, de modo vertical, sem se debruçar 
demasiadamente sobre o Estado em si. 
Buscando um tratamento a respeito da palavra política, temos que é 
diretamente ligada à questão da própria atividade e competição do mundo político. 
Todavia, também é relacionada ao mundo de decisões e ações, porquanto 
podemos perceber em diversas instituições públicas ou privadas que condiz com 
o método de organização e trabalho que se realiza. 
No momento em que estamos tentando invadir a seara de discussão da 
política pública, temos uma maior relação com esse plano de tangível, em que 
realmente as coisas transparecem aos olhos da comunidade. Políticas 
educacionais, de infraestrutura, saúde, segurança, meio ambiente todas são de 
alguma forma percebidas pela população. 
Então, em relação à acepção da palavra política, podemos perceber que 
esta seja como o governo decide agir ou se omitir sobre os conflitos e problemas. 
Por outro lado, o termo pública é responsável por denotar que as ações deverão 
ser condizentes com o povo, ou seja, relacionado diretamente à coletividade. 
A política pública deverá então enfrentar algum problema público. Existirá 
então uma atenção para responder a um problema da população. O Estado agirá 
com intenção de resolver essa situação que foi considerada como relevante e 
recebeu atenção suficiente para tanto. 
Assim, realizando uma leitura conjugada dessas ideias, as políticas 
públicas poderiam ser sintetizadas como uma soma de atividades propostas pelos 
governos, que poderão não só agir diretamente como delegar essas atividades a 
terceiros. Desse modo, essa ação governamental deverá condizer com os anseios 
da comunidade em que está inserida. 
TEMA 3 – BASE TEÓRICA DA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
Em um primeiro momento, devemos saber sobre como uma questão ou 
problema são sobrelevados a uma relevância tamanha que receba a atenção do 
governo. Em outras palavras, como essa preocupação instigada pela população, 
ou parte de alguma comunidade, ganha conjunto e relevância a fim de se 
transformar em política pública? 
Estudos expoentes na área, e aqui levaremos em conta sobretudo o 
elaborado por Kingdon (2011), levantam quatro processos como precursores de 
uma política pública: estabelecimento de uma agenda de política pública, 
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ponderar caminhos para formular essa política pública, escolher uma opção 
dominante e, por fim, programar e executar a ideia eleita. 
Assim sendo, poderíamos conceituar agenda governamental como 
qualquer tema ou uma soma de diversos pontos para os quais o governo e suas 
ramificações concedem algum tipo de atenção. Com efeito, se existe um interesse 
de empreendedores de políticas públicas, haveráuma agenda governamental de 
políticas públicas. 
Noutro ponto, mas ainda nessa linha de pensamento, será considerado já 
como uma agenda decisional, se houver alguns tópicos que já estiverem 
preparados pelos formuladores de políticas públicas e só demandem uma ação 
para ser dado início às tratativas. 
Num primeiro momento, o fluxo que se observa é a própria existência de 
situações que foram identificadas como problemas. Assim, haverá uma atenção 
governamental que irá incidir na pauta da agenda, o que demonstra cabalmente 
a importância da criação de mecanismos que permitam avaliar com precisão a 
real situação: monitoramento de programas governamentais, relatórios de 
desempenho e principalmente de grandes eventos, como desastres e acidentes. 
Adiante, no que se denomina um segundo fluxo, percebemos algumas 
hipóteses levantadas pelos especialistas para enfrentar o problema levantado. 
Entre esses, estão pesquisadores científicos de diversas áreas, funcionários 
públicos, acadêmicos, apenas para citar três bons exemplos. Desse brainstorm, 
algumas ideias se destacam e podem acabar sendo utilizadas em determinada 
política pública. 
Já o terceiro fluxo é composto pela opinião pública, dos grupos de interesse 
e do Estado em si. Desse modo, a percepção da população, o posicionamento 
das forças organizadas e mobilizadas politicamente e a própria estrutura 
governamental irão convergir em suas discussões e alterar de maneira mais ou 
menos consubstancial as políticas públicas e a maneira de ver o problema. 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 1 – O modelo dos múltiplos fluxos de Kingdon 
 
Fonte: adaptado de Capella, 2002, p. 98; Zahariadis, 2007, p. 71. 
Enfim, vale mencionar que os momentos para interligar esses debates 
podem ser extremamente propícios, como alguma situação extraordinária, ou o 
início de um novo governo, razão pela qual o empreendedor deverá sempre estar 
atento às oportunidades. Apesar de não controlarem as mudanças, eles poderão 
ser protagonistas na mudança de agendas políticas se souberem aproveitar o 
momento adequado e propício para tanto, utilizando-se da própria estrutura ou 
dos eventos respectivos. 
Não obstante, fato é que o empreendedor de políticas públicas será 
diretamente responsável pela agenda governamental, cuja manutenção ou 
mudança dependerá de inúmeras situações, principalmente se levarmos em conta 
a visão que se tem da dimensão do problema e a opinião pública a respeito. 
 
 
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TEMA 4 – EMPREENDEDORES DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
A importância de tratar sobre esses agentes, ainda que de maneira 
introdutória, é em razão de terem relevante parcela da responsabilidade sobre 
uma determinada política pública. Podem ser conceituados como indivíduos, ou 
pequenos grupos, que defendem alguma política pública, ou seu ideal, bem como 
percebem momento oportuno para pugnarem por soluções para problemas e 
situações. 
Esses agentes de políticas públicas podem ter três interesses principais. 
Os ganhos futuros almejados podem ser definidos por: 
• Concretos e pessoais: os empreendedores buscam incentivos materiais 
com determinada política pública. Assim, exemplificando, aventa-se 
manutenção ou expansão de financiamento; mais funcionários e 
burocratas; benefícios eleitorais para políticas; proteção de interesses para 
lobistas; 
• Valores: determinados indivíduos atuam para promover ideias em que 
acreditam e se sentem recompensados ao verem suas ideias serem 
propagadas, seja em relação ao Estado na economia; modelo de atuação 
estatal; negócios e valores morais e sociais; 
• Solidários: um tipo de empreendedor levantado pelos estudos de ciência 
política que apenas gostam de fazer parte. Em outras palavras, 
experimentam satisfação ao advogar por alguma causa; apreciam fazer 
parte das ações e estarem sob os holofotes do “jogo político”. 
Noutro vértice, Kingdon ainda levanta três características inerentes e 
necessárias aos empreendedores. 
Primeiro, eles possuem legitimidade em seu discurso e terem a confiança 
de seus ouvintes e/ou seguidores. Para tanto, deverão ser especialistas em sua 
área de atuação, ou ao menos estarem formalmente em posição de influência, do 
mesmo modo que precisam ter habilidade comunicativa e didática ao 
expressarem suas ideias. 
Em segundo lugar, conexões políticas e habilidades de negociação. Ora, o 
meio em que estarão inseridos no momento de advogarem por alguma causa, 
imperiosamente demandará que estejam preparados para o principal meio de 
efetivação de políticas públicas. 
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Derradeiramente, um terceiro ponto é indispensável ao empreendedor de 
políticas públicas: a resiliência. O indivíduo deverá ser persistente, despendendo 
tempo e recursos financeiros para lograr êxito em sua empreitada. Afinal, deverão 
se fazer presentes em congressos, darem palestras, elaborando relatórios, 
conversando pessoalmente, ou por intermédio da tecnologia, com pessoas que 
eventualmente possam auxiliar a consolidar os ideais defendidos. 
Seja qual for a razão que levará esse empreendedor a despender seus 
recursos, a realidade é que suas ações irão impactar as comunidades de políticas 
públicas. E, como natural do ser humano, somos resistentes às mudanças, então, 
caso o indivíduo tenha por escopo alterações nas bases dessas comunidades, ele 
precisará de muito estudo e poder de persuasão. 
Não obstante, serão necessárias a reflexão e a conversa entre diversos 
especialistas com a comunidade. As argumentações e ideias propagadas pelos 
empreendedores, discutidas nesse meio, poderão ser percebidas de uma maneira 
menos defensiva e, então, ser implementadas. 
Os empreendedores deverão apresentar seu trabalho das maneiras mais 
diversas para conseguir a atenção necessária. Aventa-se que lançar um projeto 
de lei bem como requisitar audiências públicas sobre o tema são boas opções 
para tanto. 
TEMA 5 – DIVERSAS DIMENSÕES E CATEGORIAS DAS POLÍTICAS 
Dando seguimento à ideia dos esforços propagados pelos 
empreendedores de políticas públicas para consolidar seus ideais, temos que eles 
estarão imersos a diversas dimensões que perpassam as políticas públicas. E 
dentro da própria política, alguns estudiosos levantaram três dimensões distintas. 
• Política constitucional: a própria natureza do Estado será norteadora dessa 
dimensão. Afinal, o próprio ordenamento jurídico e os direitos e garantias 
fundamentais elencados irão nortear a agenda governamental. Do mesmo 
modo, isso irá afetar a população e sua participação política no Estado. 
Resumindo, os sistemas político-administrativo e jurídico irão estruturar 
essa dimensão da política. 
• Política competitiva: tem por base os conflitos inerentes ao nosso processo 
político. Qualquer tipo de movimento, explícito ou tácito, que leve aos 
principais atores desse processo (representantes do povo ou não) e que 
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cause conflito, consenso, coalização ou cisão estará aqui englobado e, 
sobretudo, percebido em governos democráticos, em que há uma 
verdadeira competição para garantir que os objetivos e interesses de 
determinados grupos se sobressaiam. 
• Política pública: como temos trabalho, isso diz respeito à atividade política 
do Estado, ou seja, um resultado produzido com base em seu regular 
funcionamento. Evidentemente, as políticas públicas serão o fruto das 
políticas competitivas e constitucionais. Somente os conteúdos legítimos 
para o direito e que tenham sido assegurados como ganhadores da 
competição política poderão surgir em um desfecho que crie a política 
pública. 
Com base nessa noção de integração das políticas para gerar a política 
pública,precisamos nos debruçar sobre três categorias que irão reger esse 
diálogo entre os empreendedores de políticas públicas: rede de política, arena de 
política e ciclo de política. 
• Rede de política: Será a junção de instituições públicas ou privadas, 
cidadãos, grupos organizados por cidadãos e quaisquer grupos formados 
pelos Poderes e pela sociedade que versem sobre alguma política de 
interesse público. Dada sua natureza abrangente, conceitua-se em aberta, 
quando há um diálogo aberto com novos membros e outros grupos e 
instituições; fechada, no caso de ser procurada para novas inscrições e não 
se comunicar com facilidade com outros grupos; inclusiva, no caso de o 
grupo não ter muitas exigências para novos membros; e excludente quando 
são diversos pré-requisitos para novos membros. Partidos políticos ou 
movimentos sociais podem construir redes de política. 
• Arena de política: no topo da pirâmide, temos os partidos políticos, 
membros do Legislativo e titulares do Poder Executivo como ocupantes do 
centro dessa arena formal em que ocorrem debates sobre ganhos e perdas 
nos processos de políticas públicas. Em segundo momento, temos equipes 
do governo, burocracia e o Poder Judiciário. Por fim, sindicatos, meios de 
comunicação, empresas permeiam a última categoria em que também 
ocorrem arenas de políticas e também se debate sobre políticas públicas e 
interesses de cada parte da comunidade. 
• Ciclo de política: merecem um tema de estudo à parte, mas já adiantando 
um pouco da ideia, representarão a ligação entre o interesse público e 
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relevância da temática no plano das ideais, a ação do governo, efetiva 
realização no plano concreto até a sua percepção pela comunidade. São 
diversas etapas que permitem analisar e processar tempo, recursos e até 
pessoas no plano de execução da política pública, nos mais variados 
momentos em que as políticas públicas são trabalhadas. 
Saiba mais 
SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos 
práticos 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017. p. 1-39 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
BUCCI, M. P. D. O conceito de política pública em direito. In: BUCCI, 
_____. (Org.). Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: 
Saraiva, 2006. 
CAPELLA, A. C. N. Um estudo sobre o conceito de empreendedor de políticas 
públicas: ideias, interesses e mudanças. Caderno EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 
14, n. especial, p. 486-505, jul. 2016. Disponível em 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
39512016000700486&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 jul. 2019. 
_____. Perspectivas teóricas sobre o processo de formulação de políticas 
públicas. In: HOCHMAN, G.; ARRETCHE, M.; MARQUES, E. Políticas públicas 
no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007. 
_____. Perspectivas teóricas sobre o processo de formulação de políticas 
públicas. BIB: Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências 
Sociais, n. 41, São Paulo, Anpocs, 1996. Disponível em: 
<http://www.anpocs.org.br/portal/images/bib61.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2019. 
FARIA, C. A. P. de (Org.). Implementação de políticas públicas: teoria e prática. 
Belo Horizonte: Ed. da PUC Minas, 2012. 
_____. (Org.) Políticas públicas e relações internacionais. Brasília: Enap, 
2018. 
KINGDON, J. W. Agendas, alternatives, and public policies. Illinois: Pearson, 
2011. 
LIMA, M. L. O. F. de; MEDEIROS, J. J. Empreendedores de políticas públicas na 
implementação de programas governamentais. Revista de Administração 
Pública, Rio de Janeiro, v. 46, n. 5, p. 1251-1270, out. 2012. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
76122012000500004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 jul. 2019. 
SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos 
2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017. 
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ZAHARIADIS, N. The multiple streams framework: structure, limitations, 
prospects. In: SABATIER, P. A. (Ed.). Theories of the policy process. Boulder: 
Westview, 2007. p. 65-92. 
 
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TEMA 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS SOB VIÉS POLÍTICO 
Onde houver governo, haverá políticas públicas. Independentemente do 
modelo estatal, o governo deverá compreender que seu papel precípuo será agir 
para atender a interesses da população. Não é determinante se o regime é 
democrático ou busca o bem-estar da maioria. 
A política pública tem seu viés sobretudo na ciência política. Como também 
se trata da intenção de agir de um governo, essa criação política estará ligada 
intimamente com as artes de governar e mediar interesses. Nesse sentido, cada 
governo irá elucubrar modelos possíveis de políticas públicas que respeitem a 
própria estrutura estatal e as relações institucionais estabelecidas. Então, os 
conjuntos de ideais e objetivos de cada gestão deverá estar condizente com o 
estilo do governo. Para exemplificar, Osborne e Gaber (1994) identificaram alguns 
tipos de governo: 
 catalisador: para o qual é melhor usar o timão do que remar; 
 de propriedade da comunidade: para o qual é melhor facultar do que servir 
diretamente; 
 competitivo: o que imprime competitividade na prestação de serviços; 
 inspirado em objetivos: aquele que pressupõe a transformação das 
organizações, regida por regras; 
 dirigido por resultados: o que busca financiar o produto, não os dados; 
 inspirado no cliente: aquele que deseja satisfazer as necessidades do 
cliente e não da burocracia; 
 empresarial: governo que quer ganhar, ao invés de gastar; 
 previsor: para o qual mais vale prevenir do que remediar; 
 descentralizado: que vai da hierarquia ao incentivo à participação e ao 
trabalho em equipe; 
 orientado para o mercado: o que quer provocar a mudança por intermédio 
do mercado. 
Como atos políticos, sobretudo, as políticas públicas precisam almejar o 
bem-estar do cidadão, o que já engloba diversos pontos específicos. Não 
obstante, é imprescindível que se prestem serviços a fim de proteger a ordem 
pública, que se aloquem recursos que viabilizem todos os direitos sociais do 
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indivíduo, por exemplo mediante efetivação de política agrária, gestão urbana, 
defesa do consumidor. 
A estratégia a ser aplicada a cada política pública depende dos elementos 
que a permeiam, da relação entre a necessidade a possibilidade de realização de 
dada política. Assim, algumas políticas são projetadas para um futuro de curto 
prazo e, com isso, mais se assemelham a políticas de governo, que estão 
vinculadas a outros ideais maiores; ao passo que políticas de Estado são as 
pensadas e discutidas em décadas de aprimoramento. 
Entretanto, o que se vê na prática é que as decisões políticas passam muito 
mais pela politicagem em si do que propriamente pelo atendimento do interesse 
público. Nosso cenário atual ratifica essa percepção de que muitos tratamentos 
concedidos a temas polêmicos passam mais pela via política e cultural que 
propriamente pelo debate sobre o que é melhor para a população. 
Com atenção detida aos nossos Congresso e Senado Federais, podemos 
perceber a forte presença de bancadas que correspondem à representação de 
interesses específicos: dos evangélicos, dos ruralistas, dos seguros de saúde 
privada etc. Essas bancadas nem sempre votarão no sentido de atender aos 
anseios da população; os grupos de interesse que exercem forte influência em 
nosso país (como em boa parte do globo) irão ditar a regra geral das decisõestomadas, que nem sempre estarão alinhadas com o interesse público. 
Noutro vértice, mas ainda nessa linha de raciocínio, a própria politicagem 
faz com que muitos votem de acordo com a barganha feita entre partidos e grupos 
de interesse. Então, ainda há hipótese de o representante do povo sequer votar 
de acordo com seus ideais, se afastando ainda mais do propósito de representar 
seu eleitorado. 
Por tanto, subsistem desafios, no contexto brasileiro. A interpretação é de 
que o processo de políticas públicas está cada vez mais político, de sorte que os 
empreendedores e atores desse meio precisam, cada vez mais, se dedicar para 
pugnar por seus objetivos e participar dos debates inerentes às propostas que 
surgem. 
TEMA 2 – O CONCEITO DE POLÍTICA PÚBLICA PARA O DIREITO 
Políticas públicas fazem parte do estudo jurídico. Afinal, tanto os juristas 
quanto os cientistas políticos precisam compreender que o direito pertence ao 
campo da interdisciplinaridade inerente ao assunto. 
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Um desafio muito claro para consolidar esse ideal é que o direito tem 
algumas complicações em relação à objetividade e à cientificidade de seus 
debates. Entretanto, isso não impede que os direitos sociais sejam construídos 
juridicamente. 
Implementar e consolidar esses direitos sociais por meio de políticas 
públicas têm alguns obstáculos a serem superados pela teoria do direito. A 
despeito da nossa Constituição Federal assegurar direitos que contemplam um 
verdadeiro Estado social (Brasil, 1988), nossas instituições ainda possuem uma 
postura abstencionista. 
Não obstante, temos direitos individuais, sociais e, mais recentemente 
debatidos, os difusos, que estão previstos no ordenamento jurídico, e todo esse 
conteúdo jurídico vai no sentido de atender à dignidade humana em sua plenitude. 
Dessa feita, ante esse processo de ampliação de direitos, que englobam desde a 
liberdade individual até a proteção da ordem econômica e do meio ambiente, o 
Estado precisa compreender sua posição de seu garantidor, com seus poderes 
econômicos e políticos, perante nossas leis e refletir sobre como deverá se 
adaptar para atender àquelas diretrizes. 
Em outras palavras, nosso ordenamento jurídico positivou esses direitos 
sociais que foram amplamente debatidos ao longo dos anos, ao redor do mundo. 
Existem diversos suportes legislativos que atestam esses direitos: textos 
constitucionais, leis e até mesmo regras infralegais. Eles traçam objetivos, 
diretrizes, instrumentos, toda uma base de sustentação daqueles direitos. 
É certo que nós temos diversos problemas socioeconômicos, porquanto 
sermos um país em desenvolvimento, mas isso não exime o Estado de sua função 
de proteger seus cidadãos. A democracia brasileira é recente e a ela cumpre a 
missão de promover direitos, reduzindo desigualdades e ampliando a 
infraestrutura que atenda aos anseios da população. 
 Seja como for, a falta de padrão jurídico para expressar políticas públicas 
atrapalha o trabalho. Vincular outros instrumentos e disciplinas a governos e 
condições políticas atestam a dificuldade de existir controle judicial dessas 
políticas públicas. Se não fosse suficiente, atualmente há um verdadeiro 
movimento de judicialização da política e da Administração Pública. Nosso 
Supremo Tribunal Federal (STF) e nosso Judiciário, como um tudo, têm decidido 
no sentido de efetivar alguns direitos sociais que influenciam diretamente nas 
políticas públicas. 
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TEMA 3 – CONTROLE JUDICIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
Admite-se que algumas políticas públicas são traçadas por intervenção do 
Poder Judiciário. Isso ocorre porque, muitas vezes, as decisões jurídicas afetam 
a atividade político-administrativa. Entretanto, todo cuidado é pouco. Aceitar que 
juízes governem seria equivocado, porquanto não sejam membros legítimos para 
representar o povo. Dessa forma, não devem tomar decisões de gestão na 
Administração Pública. 
Aventemos, no entanto, a hipótese de que o Judiciário possa assegurar que 
comunidades que não possuam organização nem empreendedores de políticas 
públicas tenham seus direitos assegurados e um canal de comunicação com o 
governo. Porém, precisa existir, para isso, discernimento ao se aplicar a 
discricionariedade política para se examinar, caso a caso, e se identificar aqueles 
em que há omissões estatais em assegurar os direitos e garantias dos cidadãos. 
Fato é que, apesar de os estudos não serem integrados, as políticas 
públicas precisam ser relacionadas com o mundo do direito. Uma decomposição 
realizada permite deixar essa ideia mais clara: programa, ação de coordenação e 
processo. Esses três termos são utilizados para tentar fornecer maior solidez ao 
complexo processo de políticas públicas, sob a ótica judicial. Cria-se, assim, uma 
terminologia que, apesar das discussões e debates, mostra-se necessária para 
delimitar o conteúdo de determinada política pública. 
O programa consiste em individualizar o plano de ação do Estado. Desse 
modo, um programa administrativo, que representa diversas regulamentações 
jurídicas e governamentais sobre determinada política pública, irá determinar e 
ser determinado por diversos planos de ação. Importante consignar que esses 
programas deverão respeitar o princípio da legalidade, ou seja, todo o nosso 
ordenamento jurídico, na hora de dispor sobre densidade regulamentar, 
concentração institucional e níveis de intervenção e coerência com recursos e 
modalidades. 
Formalmente, são diversos os documentos programáticos redigidos: leis, 
diretrizes, normas; materialmente, qualquer normativa que almeje resolver um 
problema, de maneira que oferte meios para que a Administração Pública realize 
atos para atender às finalidades de uma política pública. 
O programa deverá, também, conter informações extrajurídicas que 
permitam identificar os objetivos a serem atingidos e os meios utilizados, a fim de 
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se permitir sua avaliação posterior. Contudo, os instrumentos para formalizá-lo 
deverão ser jurídicos, para receberem efetivação. 
A ação de coordenação complementa a ideia do programa. Ora, mesmo 
que existam os ideais, nas políticas públicas, conforme percebidos pelo direito, 
elas não se esgotam na sua validade formal. Isso porque, apesar de eficácia 
jurídica e cumprimento estrito das regras legais, as políticas públicas devem 
almejar seus resultados no plano mensurável, ou seja, atingir os objetivos 
elencados no programa e atender à perspectiva da população. 
Validade e eficácia não se excluem mutuamente, porém também não 
pertencem sempre ao mesmo contexto fático. Deve-se adequar e ajustar o 
sistema jurídico-institucional às necessidades de forma a permitir que se realizem 
os objetivos traçados, o que é uma tarefa árdua e que precisa do diálogo entre as 
teorias do direito, da Administração Pública e da ciência política, para que elas 
não se deteriorem entre si. 
Nesse sentido, os Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo também 
precisam de melhor coordenação e interação; bem como os níveis federativos da 
União e os municípios e as diversas pastas governamentais. A gestão pública, 
então, demanda consentimento para gerir todas as figuras que comportam a 
abordagem das políticas públicas. 
Nessa linha de raciocínio, o processo se queda como a sequência de atos 
para agregar elementos. E, na ideia do nosso curso, isso representa envolver 
diversos personagens para participação nos processos políticos. O processo 
permite que o interesse público sobressaia de um diálogo multidisciplinar e com 
pluralidade de interesses em jogo. Noutro ponto, temos também que o processo 
irá impor uma regra de tempo para implementação das políticas públicas, assim 
como paraa verificação de seus resultados. Vale lembrar que, em nosso contexto, 
esse processo tem forte influência do calendário eleitoral. 
TEMA 4 – DIREITOS E GARANTIAS SOB PROTEÇÃO DO ESTADO 
Fundamentalmente, o Estado liberal clássico garante a liberdade do 
indivíduo ao se abster de algumas ações contra ele, ou seja, ao deixar de agir 
para não invadir a esfera de garantias do cidadão. Porém, como o outro lado da 
moeda, o Estado precisa tomar decisões e executar atos que promovam outras 
tantas garantias asseguradas à sociedade, como trabalho, moradia, assistência 
social, saúde, infraestrutura. 
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Pois bem: como há diversas dificuldades conceituais, devemos tentar 
simplificar o diálogo com a ciência do direito e compreender que direitos positivos 
e negativos irão permear as discussões de políticas públicas. Tomando o meio 
ambiente como exemplo: ora o Estado deverá se abster de algumas ações, para 
mantê-lo incólume; ora, imperiosamente, irá estruturar normais penais e criar 
instituições que fiscalizem e protejam esse direito fundamental de todos a um meio 
ambiente saudável. 
Essa lógica irá seguir toda a questão de prestação de direitos que 
possuímos em nossa Constituição Federal. Afinal, nossa Carta Magna previu, em 
seus artigos, a implementação de um Estado de bem-estar social, com diversos 
direitos assegurados aos cidadãos, que contariam com a máquina pública para 
promovê-los (Brasil, 1988). 
E é importante que haja essa previsão legal, pois, se por um lado, quando 
estamos falando de ação negativa do Estado, basta que ele não aja, nas ações 
positivas precisamos de objetivos bem determinados. Os direitos, constitucionais 
ou não, deverão ser apreciados por todos que estejam ligados com políticas 
públicas, seja a comunidade organizada, para exigi-los, sejam os poderes da 
Administração Pública que estejam de alguma forma vinculados a eles. 
Substancialmente, devemos nos questionar sempre sobre o que deve ser 
protegido e de que forma. Compreender esse ponto, às vezes, nos afasta mais da 
noção do direito em si e transpassa pesquisa e estudo da tarefa dogmática. 
Assim, a realidade fática nos apresenta que, em algumas questões, o 
Estado terá força suficiente para atuar de acordo com as diretrizes criadas pela 
legislação e pelos anseios da população. Todavia, frequentemente grupos de 
interesse se formam na esfera privada com o objetivo de pleitear a proteção de 
seus direitos. 
Afinal, pode-se aventar a existência de uma verdadeira discricionariedade 
estrutural, que irá analisar e levantar dados que permitam compreender questões 
e problemas, bem como a efetividade de decisões tomadas pelo governo. De um 
lado, há a parte cognitiva dessa discricionariedade, que é como se sopesam essas 
questões; e, do outro, no caso a respeito da efetividade, de que forma se avaliam 
e percebem as situações. 
Dessa forma é que surgem então os direitos à organização e 
procedimentos para demandar garantias constitucionais. O próprio direito à 
proteção jurídica está ligado a essa ideia de salvaguardar outros direitos. 
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Destarte, o Estado democrático de direito, ao permitir revisão das leis e 
atos governamentais, seja por meio do Judiciário, seja por qualquer outro tipo de 
garantia à revisão concedido pela estrutura estatal, proporciona a depuração das 
políticas públicas. As argumentações jurídicas, que, muitas vezes, também 
importam conceitos de outros países, estabelecem metas e finalidades do 
coletivo. 
O juízo de validade das políticas públicas, de suas normas e objetivos, bem 
como de sua eficácia, tem contribuído para a consolidação de direitos sociais de 
todas as ordens. 
TEMA 5 – EXEMPLOS DE DIREITOS POSITIVADOS QUE SÃO OBJETIVOS DE 
POLÍTICAS PÚBLICAS 
Após um denso aporte teórico sobre as questões da relação do 
ordenamento jurídico com as ações governamentais e políticas públicas, seguem 
alguns exemplos que permitem uma melhor compreensão do tema. 
De plano, vejamos os caputs dos art. 5º e 6º da Constituição Federal: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
[...] 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o 
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. (Brasil, 1988) 
Isso posto, vejamos como se aprofunda o texto constitucional acerca de 
alguns desses direitos: 
 Seguridade social: protegida pelos art. 194: 
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar 
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar 
a seguridade social [...] (Brasil, 1988); e 204 da Constituição Federal 
(Brasil, 1988). 
 Saúde: garantida pelo art. 6º da Constituição Federal e Leis n. 8.212/1991 
(que “Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de 
Custeio, e dá outras providências”) e 8.142/1990 (que “Dispõe sobre a 
participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) 
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e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na 
área da saúde e dá outras providências”) (Brasil, 1988, 1990b, 1991a). 
 Previdência social: direito assegurado pelas Leis n. 8.212/1991 e n. 
8.213/1991, que tratam sobre custos e benefícios previdenciários (Brasil, 
1991a, 1991b). 
 Educação: assistida pelos art. 205 (“A educação, direito de todos e dever 
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração 
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”) a 214 da 
Constituição Federal (Brasil, 1988). 
 Cultura: tema dos art. 215 (“O Estado garantirá a todos o pleno exercício 
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e 
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”) e 216 
(“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e 
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de 
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos 
formadores da sociedade brasileira [...]”) da Constituição Federal e da Lei 
n. 8.313/1991 (que “Restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de julho 
de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) e dá 
outras providências”) (Brasil, 1988, 1991c). 
 Desporto: assunto do art. 217 (“É dever do Estado fomentar práticas 
desportivas formais e não formais, como direito de cada um [...]”) da 
Constituição Federal e da Lei n. 9.615/1998 (que “Institui normas gerais 
sobre desporto e dá outras providências”) (Brasil, 1988, 1998c). 
 Ciência e tecnologia: pauta dos art. 218 (“O Estado promoverá e incentivará 
o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e 
tecnológica e a inovação”) e 219 (“O mercado interno integra o patrimônio 
nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural 
e socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do 
País, nos termos de lei federal”) da Constituição Federal (Brasil, 1988). 
 Comunicação social: direito garantido pelos art. 220 (“A manifestação do 
pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, 
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição [...]”) e 224 da 
Constituição Federal e Leis n. 9.472/1997 (que“Dispõe sobre a 
organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento 
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de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da 
Emenda Constitucional nº 8, de 1995”) e n. 9.612/1998 (esta “Institui o 
Serviço de Radiodifusão Comunitária e dá outras providências”) (Brasil, 
1988, 1997, 1998b). 
 Meio ambiente: assistido pelos art. 225 (“Todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações”) da Constituição Federal e pela Lei n. 9.605/1998 (Brasil, 
1988, 1998a). 
 Proteção da família, criança, adolescente e idoso: garantida pelos art. 226 
(“A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”); art. 227: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (Brasil, 
1988) 
a 230 (“A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as 
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, 
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”) 
da Constituição Federal e pelas Leis n. 8.069/1990 (o Estatuto da Criança 
e do Adolescente – ECA) e n. 8.842/1994 (que “Dispõe sobre a política 
nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras 
providências”) (Brasil, 1988, 1990a, 1994). 
Importante perceber como nossa Constituição Federal de 1988 de fato 
implementa, com seu texto, diversos direitos sociais de maneira pormenorizada e 
os coloca como missão do Estado (Brasil, 1988). Igualmente, a maior parte das 
leis supracitadas foi implementada logo após a promulgação da nossa Carta 
Magna, a fim de descrever com maior detalhamento todos os pontos necessários 
para que se permita o processo de efetivação de políticas públicas com respeito 
ao ordenamento jurídico. 
 
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LEITURA OBRIGATÓRIA 
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Acesso em: 12 ago. 2019. 
BUCCI, M. P. D. O conceito de política pública em direito. In: BUCCI, M. P. D. 
(Org.). Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: 
Saraiva, 2006. 
 
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REFERÊNCIAS 
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TEMA 1 – CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
Para conceituar ciclo de políticas públicas, é necessário compreender que 
se trata de todo o processo de sua elaboração, desde a identificação de um 
problema até sua avaliação. Esse complexo trajeto demanda uma 
esquematização para que fique mais claro compreender as fases que ela possui, 
tentando ao máximo delimitá-las, em que se pese terem seu grau de interação. 
Desde já, cumpre destacar que essas etapas são conhecidas por: 
1) Identificação do problema 
2) Formação da agenda 
3) Formulação de Alternativas 
4) Tomada de Decisão 
5) Implementação 
6) Avaliação 
Com a ilustraçãoa seguir, fica mais compreensível entender como se 
relacionam e o significado de ciclo: 
Figura 1 — Ciclo de políticas públicas 
 
Posto isso, é importante destacar uma vez mais que, na prática, esse ciclo 
é bem mais heterogêneo do que comporta sua definição teórica. O dinamismo da 
vida política faz com que sequer seja possível garantir uma sequência ordinal 
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entre elas, mas, para fins didáticos, essa delimitação se mostra bastante 
proveitosa para compreender o funcionamento de um processo de política pública. 
Ainda nessa linha de ideias, é difícil atestar os marcos temporais de cada 
política pública, ou seja, determinar um ponto de partida e chegada das políticas 
públicas. Seus processos e demarcações podem ser imperceptíveis a um olhar 
descuidado. 
Ante a essa dificuldade de enxergar os principais pontos e conceitos de 
uma política pública, organizar seu processo em ciclos é a lupa necessária para 
possibilitar a análise de um caso concreto. Com efeito, esse estudo conceitual 
permite que políticos, pesquisadores e membros da sociedade civil possam ter 
um conceito representativo que permita comparações e análises de situações 
multifacetadas. 
TEMA 2 – IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA 
Como problema, entende-se que é a distinção entre o que deveria ser e o 
que é a realidade. Em outras palavras, para uma política pública, problema é 
exatamente a disparidade entre o que a sociedade gostaria que fosse, mas que a 
verdade nos mostra uma situação muito diferente da pretendida. 
Para exemplificar um problema público global, que tem recebido atenção 
nos últimos anos em nosso país, citamos a crise ecológica. Alguns 
empreendedores de políticas públicas têm exigido soluções para frear o desgaste 
do planeta. 
Assim, esses grupos têm se baseado em pesquisas que apresentam 
problemas ecológicos em razão do mau uso da tecnologia e do crescimento 
demográfico, que estão afetando as condições naturais do planeta. Noutro ponto, 
mas ainda nesse raciocínio, igualmente trazem soluções possíveis para esse 
problema, ou seja, que é possível uma realidade diferente da atual que não mais 
teria esse problema. 
Nessa toada, já podemos notar que a percepção do problema público está 
no campo do subjetivismo. Ora, o aumento da população, da poluição, do 
desmatamento, do uso não racional de recursos ambientais, tudo isso já vinha 
afetando nosso planeta há décadas, mas foi somente com movimentos sociais 
que essa questão tomou proporções de interesse político global. 
Em outro vértice, também se faz imprescindível definir e delimitar o 
problema público. Desse modo, levantar quais são os principais elementos que 
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compõem determinado problema e tentar sintetizá-lo em poucas palavras é um 
dos desafios dos empreendedores de políticas públicas. Afinal, eles precisam não 
só apresentar o problema, como também tentar de imediato propor soluções e 
aventar quais são os culpados e os obstáculos a serem superados. 
Por oportuno, destaca-se que o problema pode sofrer mutações ao longo 
do processo. Claramente, esse problema, com o transcurso do tempo – 
lembrando que os ciclos de políticas públicas podem representar diversos anos –
, apresentará novos desafios e obstáculos, bem como poderá ser redefinido e 
adaptado. Razão não é outra para a importância de se explicar e delimitar bem 
qual o problema público a ser debatido, sob chance de seu ideal precípuo se 
perder em meio ao debate. 
Enfim, como já aventado, é importante que, junto com a problematização 
de determinada situação real, os atores de políticas públicas também elenquem 
possíveis soluções. No fim das contas, se socialmente não há resposta para 
determinada questão, não há o que ser debatido e conceitualmente não é um 
problema. 
A responsabilidade de identificar (e propor soluções para) esses problemas 
públicos serão de todos os empreendedores de políticas públicas, por exemplo, 
agentes políticos e organizações não governamentais. Caso ganhe atenção 
suficiente, passará a integrar a lista de prioridades denominada agenda de 
políticas públicas. 
TEMA 3 – FORMAÇÃO DA AGENDA E ALTERNATIVAS DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS 
Conforme exposto no Tema 2, a agenda compõe diversos problemas e 
temas que foram tratados como relevantes para a sociedade. Nesse ponto, é 
importante destacar dois tipos de agenda: 
• Agenda Política: Representa quais temas a comunidade identificou como 
importantes para que haja uma intervenção pública que altere essa 
realidade; 
• Agenda Formal: Elenca quais os problemas que o poder público já acatou 
da agenda política e integra um planejamento ou programa 
governamental. 
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Pois bem, há diversas agendas políticas possíveis em uma sociedade; elas 
são afetadas obviamente pela globalização e informações trazidas em escala 
mundial pela mídia. Na mesma linha, também podemos identificar alguns temas 
recebendo diferentes enfoques; em outras palavras, um problema relacionado ao 
tema trabalho será identificado e tratado de maneiras bem distintas, caso seja 
abordado por um Sindicato de Trabalhadores, pela Federação de Indústria, ou 
ainda por uma Organização Internacional do Trabalho — OIT. 
No que comporta políticas públicas globais, então temos que não 
necessariamente esses grupos irão buscar introduzir metas mundiais em seu 
meio, caso não seja de seu agrado, como podemos pensar sobre os diferentes 
grupos citados anteriormente. 
E esse mesmo problema poderá também receber diferentes tratamentos 
da própria agenda. Tentando explicar de outra forma, dentro da própria agenda 
política ou formal, determinado tema poderá ganhar mais ou menos relevância, 
também estando sujeita a perder sua importância com o passar dos anos. 
Dentro da formação da agenda, também é um ciclo inerente que diz 
respeito a essa atenção e relevância de determinado problema: 
1) Fase anterior ao problema; 
2) Fase de descoberta e entusiasmo; 
3) Fase de percepção dos custos necessários para as soluções; 
4) Fase da redução da atenção para o problema; 
5) Fase pós-problema. 
Assim, a maior dificuldade se queda não em estabelecer quais serão as 
prioridades de uma agenda, mas sim sistematizar de maneira ordinal. 
Consequentemente, é de vital importância que, sobretudo os políticos, saibam 
compreender quais problemas são graduais, cíclicos ou intempestivos, para que 
possam receber a devida atenção de maneira eficiente. 
Genericamente, há quatro mecanismos possíveis para induzir determinado 
comportamento: 
• Premiação: São estímulos positivos, caso alguma pessoa aja de acordo; 
• Coerção: Estímulos negativos, com punições e sanções aos eventuais 
transgressores; 
• Conscientização: Construção de uma ideia de um dever moral para com a 
sociedade; 
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• Soluções técnicas: Almeja solucionar problemas e influenciar 
comportamentos de maneira indireta. 
Esses são alguns instrumentos possíveis a serem utilizados por políticas 
públicas, de modo que o debate deverá estar mais ou menos dentro dessas ideias, 
levantando custos e possibilidade de solução. Destarte, o prognóstico deverá ser 
baseado nessas preposições, do mesmo modo que deverá tentar refletir sobre 
qual será a eficiência econômica dessa política pública, pois os recursos para 
interagir com esses problemas são sempre limitados. 
Seja como for, construída a agenda, será necessário que sejam formuladas 
alternativas para lidar com determinado problema. Definir alternativas também se 
desenvolverá com base na escolha de conflitos, situações formais ou não sobre o 
problema, bem como potenciais custos e benefícios de cada alternativa possível. 
No momentoque são estabelecidos objetivos para uma política pública, 
imediatamente criam-se expectativas quanto aos seus resultados. Desse modo, 
deve-se almejar sempre objetivos concretos, com dados mais objetivos e lapso 
de tempo determinado. 
Tentando ilustrar o parágrafo anterior, há uma grande diferença entre uma 
política pública que tenha por objetivo tão somente reduzir os danos contra o meio 
ambiente, contra outra que se propõe a reduzir em 10% o desmatamento em um 
ano. E é desejável que os objetivos sejam mais concretos, porquanto permite uma 
avaliação mais acurada de sua eficiência e eficácia. 
Assim, para facilitar a última etapa do ciclo, faz-se necessário que no 
momento da sua formulação haja objetivos técnicos e concretos para balizar as 
consequências de uma política pública na realidade. Afinal, não necessariamente 
o caminho escolhido será o mais efetivo, razão pela qual não devemos nos olvidar 
de quais foram as diretrizes traçadas nesse momento para que seja possível 
repensar e adaptar de maneira oportuna os programas, métodos, ações ou 
estratégias que almejam solucionar determinado problema. 
TEMA 4 – TOMADA DE DECISÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS 
Após serem levantadas alternativas para solucionar determinado problema 
público, os responsáveis diretos terão de escolher e enfrentar a situação com 
alguma das opções levantadas. O já trabalhado, na aula inaugural, fluxo de 
políticas públicas, ajuda a compreender melhor esse momento. 
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Ora, nem sempre a decisão será tomada de maneira racional ou técnica. É 
verificável que os fatores políticos influenciam muito mais os detentores de poder 
para tanto; diante de uma sociedade globalizada, claro que as influências 
internacionais também afetarão diretamente esse percalço. 
Assim, ciente de que esse processo é complexo, bem como os problemas 
e soluções estudados, a tomada de decisão não fugirá desse círculo. Os 
empreendedores de políticas públicas vão agir da maneira que for possível, bem 
como os principais atores responderão de acordo com a situação concreta. 
No que toca à implementação de políticas públicas, pode-se dizer que seu 
resumo é transformação da intenção em ação. A importância de seu estudo 
consiste em perceber quais são os obstáculos que permeiam esse processo nos 
mais diversos temas. De igual modo, permite que seja possível entender quais 
foram os erros e equívocos de outras políticas públicas que também pretendiam 
resolver o mesmo fim. 
Não obstante, é importante também perceber que será nesse momento que 
os atores, sobretudo a administração pública, irão realizar sua atividade principal, 
qual seja, executar as políticas públicas. Nesse sentido, em eventual análise 
desse momento do processo de política pública, deverá o pesquisador 
compreender se a falha decorreu da tomada de decisão, a qual recairá sobre o 
político; ou se da implementação, de sorte que será a administração pública 
como um todo que será responsabilizada. 
TEMA 5 – AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
Um dos momentos mais importantes para o ciclo de políticas públicas é a 
avaliação. Esse período permite que haja uma reflexão sobre os efeitos 
alcançados e pretendidos na hora da sua implementação. 
Com base em critérios indicadores e padrões, essa fase irá compreender a 
eficácia e o acerto de todas as fases antecedentes. Com efeito, realizar um 
processo de julgamento sobre determinada política pública irá demandar algum 
grau de cientificidade e clareza para que seja possível um debate claro sobre o 
tema. 
Entre os principais parâmetros, estão: 
• Economicidade: Aplicação de recursos (públicos ou não); 
• Produtividade: Resultados, ou níveis de saídas, de determinado processo; 
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• Eficiência econômica: A relação direta entre economicidade e 
produtividade; 
• Eficiência administrativa: Aqui, pretende-se analisar se os atos 
praticados seguiram os tramites e métodos preestabelecidos, ou seja, se 
desde a tomada de decisão até o momento da avaliação as pessoas 
envolvidas estão seguindo o processo conforme proposto; 
• Eficácia: Nível de sucesso nas metas e objetivos levantados nas fases 
iniciais (destacando a importância de traçar desígnios claros e objetivos 
que permitam uma análise desse ponto com clareza); 
• Equidade: Homogeneidade da distribuição dos instrumentos de políticas 
públicas entre seus objetivos ou destinatários. 
 Finalmente, depois de realizadas devidamente análises, as quais poderão 
ter conotação jurídica, técnica ou/ e política, será possível comparar como estava 
a situação quando da identificação do problema e o momento temporal da análise. 
É certo que avaliações completas possuem algumas dificuldades, em razão 
do tempo e do próprio custo de se conseguirem alguns dados estatísticos, porém, 
elas podem levar a três desfechos distintos: 
1) Continuidade e seguimento da política pública; 
2) Reforma de alguns pontos práticos da política pública, de modo a aprimorá-
la; 
3) Extinção da política pública, seja porque o problema restou resolvido, ou 
quando está se mostrando inútil em relação ao caso concreto. 
Finalmente, outra dificuldade das análises é trazer informações úteis para 
o debate. Almeja-se, portanto, que se superem os debates simplistas e 
maniqueístas para que possamos afastar a retórica da discussão e trazer ainda 
maior relevância sobre o real desempenho das políticas públicas. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. 
2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017, p. 43-70. 
 
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REFERÊNCIAS 
ALEXY, R. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Virgílio Afonso da Silva da 
5. ed alemã. São Paulo: Malheiros Editores LTDA, 2008. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Planalto, S.d. 
Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. 
Acesso em: 15 ago. 2019. 
BUCCI, M. P. D. O conceito de política pública em direito. In: BUCCI, M. P. D. (org.). 
Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006. 
CAPELLA, A. C. N. Um estudo sobre o conceito de empreendedor de políticas 
públicas: Ideias, Interesses e Mudanças. Caderno EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 
14, n. spe, p. 486-505, jul. 2016. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
39512016000700486&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 2 ago. 2019. 
CHRISPINO, A. Introdução ao estudo das políticas públicas: uma visão 
interdisciplinar e contextualizada. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2016. 
COMPARATO, F. K. Ensaio sobre o juízo de constitucionalidade de políticas 
públicas. In: Revista de informação legislativa, v. 35, n. 138, p. 39-48, abr./jun. 1998. 
Interesse público, v. 4, n. 16, p. 49-63, out./dez. 2002. Disponível em: 
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/364>. Acessado em: 02 ago. 2019. 
FARIA, C. A. P. de (org.). Implementação de políticas públicas: teoria e prática. Belo 
Horizonte: Ed. PUC Minas, 2012. 
LIMA, M. L. de O. F. de; MEDEIROS, J. J. Empreendedores de políticas públicas 
na implementação de programas governamentais. Revista de Administração 
Pública, out 2012. Rio de Janeiro, v. 46, n. 5, p. 1251-1270, Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
76122012000500004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 2 ago. 2019. 
MARQUES, E.; Faria, C.A.P. Organizadores. A política pública como campo 
multidisciplinar. São Paulo, Rio de Janeiro: Editora Unesp, Editora Fiocruz, 2013. 
SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. 2. 
ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017. 
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TEMA 1 – INSTITUIÇÕES NO PROCESSO DE POLÍTICA PÚBLICA 
Para entender como as políticas públicas se relacionam com o processo de 
globalização e políticas públicas globais, é preciso verticalizar alguns conceitos 
que traçam regras e diretrizes e definem a influência de políticas públicas globais 
em nosso ordenamento. 
As instituições presentes em políticas públicas são as dimensões espaciais 
onde elas se desenvolvem. Podem ser apontadas como qualquer um dos três 
poderes, quais sejam: 
 Executivo: reuniões entre secretarias e discussões sobre qualquer tema; 
 Legislativo: plenários da Câmara e Senado ou ainda qualquer fórum 
legislativo que possibilite a participação da comunidade; 
 Judiciário: decisões de colegiado que porventura afetem políticas públicas 
ou tomadas de decisão dos membros tanto do Executivo quanto do 
Legislativo. 
Vale mencionar ainda que o plano não governamental também pode 
representar um espaço onde haja debate de políticas públicas. A dinâmica política 
é extremamente volátil, então qualquer confluência pode determinar como critério 
espacial. 
Para compreender esse contexto político, queda-se relevante a pesquisa 
sobre onde ele acontece para compreender melhor as motivações dos 
empreendedores de políticas públicas e os efeitos quando da sua implementação. 
Seja como for, para perceber essas instituições, é preciso compreender 
que elas representam regras formais que adequam a questão comportamental 
dos cidadãos. Assim, no que toca às políticas públicas, instituições representam 
jurisdições, competências e delimitações territoriais. 
Portanto, os atores políticos e empreendedores de políticas públicas 
estarão sujeitos a essas instituições, que são construídas pelo meio social e 
jurídico. Esse conjunto de práticas disciplinadas trarão pressupostos cognitivos e 
normativos para reger todo o processo de políticas públicas. 
Com efeito, ao analisar todas as estruturas e valores políticos, os analistas 
de políticas públicas deverão estar atentos não só a critérios formais presentes 
nessa sociedade, como informais, sendo esses representados pela cultura e 
costumes inerentes à determinada comunidade. No tocante a nossos estudos de 
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globalização e integração de políticas públicas internacionais, vale perceber como 
o processo de influência internacional afeta esses aspectos em nosso país. 
TEMA 2 – GLOBALIZAÇÃO, ESTADO NACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS 
Atualmente, o termo globalização é aplicado de maneira corriqueira, quase 
vulgar. Contudo, há de se ressaltar que apesar de suas simplificações, devemos 
buscar enaltecer seus principais pontos, quais sejam, entre os positivos, 
desenvolvimento e integração, mas sem deixar de mencionar os negativos, como 
a violência do colonialismo e a desestabilização de algumas áreas. 
Esse processo de globalização representa um vetor que tem se mostrado 
imparável. Tal processo tem acarretado em nossas sociedades algumas 
benesses, entretanto também traz consigo prejuízos como veremos adiante. 
 Sendo assim, é evidente que essas influências também afetam o Estado, 
e consequentemente as políticas públicas. Não que haja necessariamente um 
vínculo exclusivo entre os serviços estatais e direitos sociais com as políticas 
públicas, mas eles denotam boa parte do que concebemos a respeito do tema e, 
portanto, têm realmente toda uma densidade que é afetada pela globalização. 
Nesse sentido, o impacto da globalização faz com que as políticas públicas 
sejam em grande parte internacionalizadas, do mesmo modo que o Estado e suas 
ramificações. Mas fato é que nem todos os países percebem essa globalização 
do mesmo modo, de sorte que suas políticas públicas também irão variar. 
Ainda nessa linha de ideias, os empreendedores de políticas públicas e 
instituições nacionais podem, ou não, agir ao influenciar agentes externos. Ou 
seja, da mesma maneira que podem sofrer influência internacional, também 
poderão receber incentivo de seu Estado nacional para atuar ao redor do mundo. 
Com efeito, os países poderão, conforme exposto, apresentar um 
movimento mais ou menos nacionalista e aderir de forma mais aberta ou não 
políticas públicas internacionais. Do mesmo modo, a depender de sua influência 
econômica, social e cultural eles também podem afetar diretrizes de outros países 
ou blocos econômicos de integração. 
Na década de 1990, a globalização impactou muito mais sobre a questão 
de capital e trabalho, como a ideologia da competitividade que se sobressaía 
sobre a solidariedade, de modo que as políticas sociais tiveram sua prioridade 
alterada. Isso afetou, portanto, muito sobre como os problemas eram percebidos, 
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bem como deixou de ser mutuamente benéfico, ou seja, uma das partes 
necessariamente sairia com uma vantagem, seja ela qual fosse. 
Para exemplificar, trataremos de como a globalização afetou de maneiras 
muito distintas a América Latina e a Europa. A primeira, após um longo período 
de lideranças e partidos neoliberais, passou a ser governada por grupos mais 
situados à esquerda que impulsionaram os investimentos sociais. Já a segunda, 
sob os reflexos da crise econômica de 2008, buscou conter os dispêndios dos 
cofres públicos e diminuiu, sob uma ideia de austeridade, os gastos sociais. 
Logo, a globalização não será determinante, mas sim o que os 
empreendedores de políticas públicas e os agentes políticos irão agir a partir dela. 
Então, o pluralismo político global, quando nos referimos a políticas sociais, será 
composto das interações desse Estado com organizações internacionais, aliando-
se às diversas conversas entre empreendedores de políticas públicas que não 
façam parte dos governos. 
TEMA 3 – GLOBALIZAÇÃO E A CRISE DO ESTADO-NAÇÃO 
Apesar de já ter sido levantada a suposta inevitabilidade do processo de 
globalização, deve-se destacar que esse necessita possuir total respaldo político 
para que haja influência sobre políticas públicas nacionais. Ora, cientes da 
importância que o avanço da tecnologia tem para o planeta, é sobretudo no âmbito 
do mercado global que se verifica uma certa crise do Estado-nação. 
Com a evolução do neoliberalismo, tem-se implementado um mercado 
internacional bem integrado que está de acordo com os tratados internacionais. 
Nesse sentido, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) auxiliou esse 
processo. A intenção desse acordo foi remover barreiras alfandegárias e 
promover o livre comercio entre divisas sem a interferência de cada país sobre 
seu respectivo território. 
Com efeito, os Estados-nação precisam dar alguns passos para trás e 
deixar de interferir no mercado econômico interno. Por consequência, sua 
legitimidade em agir com políticas públicas muitas vezes se queda tolhida em 
razão dessa adesão às regras do mercado financeiro global. 
Alguns críticos aventam, inclusive, riscos à democracia de um país em 
desenvolvimento. Isso porque várias decisões importantes que decidirão a sorte 
de uma nação ficarão sob responsabilidade desse mesmo mercado internacional. 
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Destarte, é importante deixar consignado que a despeito dos benefícios 
inerentes desse mesmo mercado globalizado, precisa-se ter em mente que a 
política nacional deve conter e intervir quando for necessário para salvaguardar 
os interesses de seus cidadãos. Os impactos negativos da globalização podem 
ser bem severos em países que não possuem instituições fortes e estrutura 
econômica, de maneira que a situação acabe se agravando. 
Assim, dentro do que este curso se propõe, impõe-se a necessidade de 
refletir sobre a implementação de qualquer política pública que venha a renunciar 
essa soberania do Estado-nação frente ao processo de globalização.Quando se 
transfere para o Direito Internacional e para as instituições globais a 
responsabilidade do processo de transformação social e econômica, há uma 
chance de refletir em uma governabilidade sem sentido, em que não se aborda as 
reais necessidades daquela sociedade. 
O Estado, enquanto empreendedor de políticas públicas, não pode perder 
de vista sua responsabilidade precípua, qual seja, a de proteger seus cidadãos. 
TEMA 4 – DIFUSÃO INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
A difusão internacional de políticas públicas será em grande parte um 
processo internacional que envolverá sobretudo as tecnologias de informação, 
porquanto propagam, com alta velocidade, as comunicações e as notícias entre 
seres humanos. Aproveitando o exemplo, é certo que esse tipo de processo 
deverá abarcar profissionais e estudiosos de todas as áreas para enriquecer e dar 
maior profundidade ao debate, sem qualquer presunção de exaurir a lista: 
cientistas políticos, economistas, internacionalistas, juristas, historiadores etc. 
Vale dizer que o Brasil por diversos anos apenas recebeu políticas públicas 
inspiradas em outros países, todavia nos últimos anos serviu de modelo com 
alguns projetos sociais. Os programas Fome Zero e Bolsa Família são estudados 
ao redor do mundo para serem avaliados e implementados em outros países em 
desenvolvimento. 
Seja como for, alguns estudiosos do tema aduzem que há dois processos 
distintos: transferência e difusão de políticas públicas. Esses dois poderão ser 
distinguidos em razão do estímulo inerente a cada um, os meios de estudo e 
conceito, os agentes sociais que irão impulsioná-los e, por fim, os resultados de 
acordo com sua abrangência. 
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Tentando resumir um pouco da transferência de políticas, fato é que elas 
não têm grande relevância, pois estão mais relacionadas a um plano menor; um 
processo de mudança mais direto, em que o conhecimento e as instituições são 
utilizadas de maneira quase que copiada, ou inspirada, em outro ambiente 
político. 
Desse modo, as transferências podem ser: voluntárias, quando são 
aprendidas com racionalidade; coercitivas, quando impostas diretamente; ou 
mistas, se há uma combinação entre fatores, como pressões internacionais, 
obrigações e condições aliadas às próprias lições racionais. Com efeito, partidos 
políticos e seus representantes bem como grupos de pressão e servidores 
públicos poderão interagir e transferir políticas, programas, ideologias tanto 
internamente quanto globalmente, seja em esfera pública ou privada. 
Enfim, é importante destacar que há algumas dificuldades em razão da 
complexidade do assunto, como problemas estruturais, divergências nos 
conteúdos, e até mesmo no momento de tradução da política pública que pode 
levar ao fracasso dessa transferência pública. Com efeito, deverá ser apurado via 
relatórios, ou até mesmo pela mídia, como foi feita essa transferência e se está 
sendo proveitosa. 
Já a difusão é cada vez mais utilizada por cientistas políticos e sociólogos, 
tentando se fazer valer de uma metodologia quantitativa de alta complexidade, 
mas também de elevada capacidade de previsibilidade dos seus efeitos. 
TEMA 5 – CONVERGÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
Trata-se de uma consequência inexorável da própria difusão de políticas 
públicas. Elas vão se alterando, evoluindo, adaptando à medida que são 
difundidas. 
Quatro fatores acabam por acelerar esse processo: 
1. As variadas naturezas que a própria difusão detém. Então, a particularidade 
de uma política pública bem como as experiências nacionais ou 
internacionais, de acordo com os países e seu relacionamento, podem ser 
mais ou menos verticalizadas em relação ao programa inicial; 
2. As especificidades do que está sendo proposto na difusão; 
3. As engrenagens específicas que prevalecem em determinada difusão; 
4. O contexto institucional do país que está adotando a política pública a ser 
difundida. 
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Deste modo, é comum que as políticas públicas acabem por se relacionar 
e apresentar avançado envolvimento, ou seja estejam convergindo em seus 
ideais. Logo, há uma verdadeira pluralidade de raciocínios que confluem, podendo 
ser dada de maneira pluriforme, com influência tanto de importadores quanto de 
exportadores de políticas públicas. 
Vale dizer ainda que não há propriamente um fluxo de convergência. Dessa 
forma, não há homogenia no sentido nem na temática, de modo que a difusão de 
políticas públicas pode se dar de maneiras bem peculiares. Entretanto, ressalva-
se que os pesquisadores denotam que vizinhos territoriais acabam por aderir de 
maneira mais direta as inovações no campo político. 
As denominadas ondas de difusão afetam países de diferentes visões 
políticas e estruturas institucionais e sociais. Então, muitas políticas públicas que 
são importadas demandam o estudo justamente da influência extranacional para 
entender as razões que levaram tal país a absorver a mentalidade que norteou a 
política pública. 
Com efeito, atualmente, a ciência política tem buscado maior diálogo com 
outras ciências sociais, para com o auxílio de demais disciplinas que também 
analisam e refletem sobre o ser humano de maneiras distintas – mas todas com 
extrema relevância – compreender melhor sobre como esses processos exercem 
sua influência em determinado contexto social. Assim, as novas políticas são 
resultado de um complexo sistema de afluência entre práticas cotidianas e junção 
de diretrizes globais. 
Em outro ponto, Ancelovici e Jenson (2013) sugeriram que deveria haver 
algum tipo de padrão mínimo que permitisse a avaliação antes da transferência 
ou difusão de políticas públicas: 
 Certificação: ocorre quando há uma autoridade que valida as práticas a 
serem adotadas pela política pública. Em outras palavras, deverá existir 
uma análise prévia, com ulterior admissão, de alguma parte com poder de 
reconhecer as benesses e apoiá-las e legitimá-las. 
 Descontextualização: importante mecanismo de verificação de uma política 
pública. Aqui, se realiza uma tentativa de retirar do quadro socioeconômico, 
histórico, cultural e político em que dado país está inserido com aquela 
política pública e tentar abstraí-la. Para tanto, também deverão se ignorar 
quais foram os empreendedores de políticas públicas que pugnaram pela 
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ação. Com esse processo, é possível tentar remontar subjetivamente o 
conceito abarcado pela política pública em outro contexto. 
 Enquadramento: trata-se de um método relevante para criar esse padrão 
das políticas públicas. Ora, ao se debater e refletir sobre situações e 
problemas, queda-se mais fácil levantar soluções que estão sendo 
demandadas pela coletividade, ou mais especificamente pelos 
empreendedores de políticas públicas. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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2008. 
ANCELOVICI, M.; JENSON, J. Standardization for Transnational Diffusion: The 
Case of Truth Commissions and Conditional Cash Transfers. International 
Political Sociology, v. 7, n. 3, p. 294-312, set. 2013. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.pl
analto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 20 
ago. 2019. 
BUCCI, M. P. D. O conceito de política pública em direito. In: BUCCI, M. P. D. 
(Org.). Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: 
Saraiva, 2006. 
CAPELLA, A. C. N. Um estudo sobre o conceito de empreendedor de políticas 
públicas: ideias, interesses e mudanças. Caderno

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